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Rodrigo R. Gonçalez
Sermão: Recusar os Manjares do Mundo e Obter o Favor de Deus
Texto Base: Daniel Cap. 1
Panorama Contextual
O livro de Daniel é um exemplo perspicaz da soberana vontade de Deus – a
qual é SEMPRE boa, perfeita e agradável (Romanos 12:2), independente daquilo que
sentimos, pensamos ou imaginamos - e o cumprimento de seus desígnios e juízos ante
uma nação e reis orgulhosos, profanos, idólatras e desobedientes aos mandamentos do
Senhor. Assim foi Judá, no ano de 605 a.C.. O rei desta nação, na época, era Jeoaquim,
filho do então falecido rei Josias. Este - bisneto do rei Ezequias, temente ao Senhor e
aos seus mandamentos, restabeleceu durante o seu reinado a adoração e o serviço ao
Deus de Israel, o Senhor criador dos céus e da terra, que dantes foram profanados por
seu avô e pai, respectivamente.
(2 Reis 23:25-27) – “E antes dele [Josias] não houve rei semelhante, que se
convertesse ao SENHOR com todo o seu coração, com toda a sua alma e com todas
as suas forças, conforme toda a lei de Moisés; e depois dele nunca se levantou outro
tal. Todavia o SENHOR não se demoveu [renunciou, desviou] do ardor da sua
grande ira, com que ardia contra Judá, por todas as provocações com que
Manassés o tinha provocado. E disse o SENHOR: Também a Judá hei de tirar de
diante da minha face, como tirei a Israel, e rejeitarei esta cidade de Jerusalém que
escolhi, como também a casa de que disse: Estará ali o meu nome”.
Porém seu filho, Jeoaquim, fez o que era mal aos olhos do Senhor. Este era um
rei corrupto e perverso, matou o profeta Urias (Jeremias 26:20-23), aliou-se aos
egípcios e depois aos babilônios até o ano de 602 a.C., quando enfim se rebelou (2 Reis
22 -24).
No cenário estabelecido no capítulo 1 do livro de Daniel, Nabucodonosor, então
general dos exércitos e agora rei do forte e voraz império da Babilônia - em detrimento
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do falecimento de seu pai Nabopolassar, invade a nação de Judá e a cidade de
Jerusalém, e derrota os exércitos de Jeoaquim, destruindo-a por completo. Profanou o
templo, levando consigo os objetos pessoais de adoração estabelecidos ao Senhor dos
Exércitos. Como em qualquer guerra, Nabucodonosor e seus exércitos aniquilaram
muitas pessoas, dentre eles homens, mulheres e crianças. Levou cativos os mais fortes,
as mulheres mais belas e os sábios da então nação recém conquistada, que montam
cerca de 10 mil pessoas. Todos aqueles fracos, pobres e impossibilitados ficaram em
Jerusalém a fim de permanecerem sob o domínio do rei pagão dos caldeus.
Em uma marcha de aproximadamente 800 km, de Jerusalém até a Babilônia, o
povo de Deus suspirava de angustia e aflição. Perderam tudo. Sua cidade, seu templo de
adoração e famílias inteiras. O então “senhor” do novo reino, Nabucodonosor, um
imperador implacável e muito temido, leva cativo o povo de Deus destroçado pela
desesperança.
Para piorar toda a situação, os babilônios profanaram o Templo de Adoração dos
Judeus e levaram seus utensílios para o templo de um deus pagão babilônico, talvez o
deus Bel, ou deus Marduque, o principal deus protetor desse povo.
Como era o costume da época - aproveitar todos os recursos financeiros e
humanos da nação conquistada, para crescimento, edificação e fortalecimento do novo
império - Nabucodonosor manda a Aspenaz, o chefe dos eunucos, escolher alguns “dos
filhos de Judá” segundo características do versículo 4:
(Daniel 1:4) – “Jovens em quem não houvesse defeito algum, de boa
aparência, e instruídos em toda a sabedoria, e doutos em ciência, e entendidos no
conhecimento, e que tivessem habilidade para assistirem no palácio do rei, e que
lhes ensinassem as letras e a língua dos caldeus”.
Os eunucos eram os oficiais do rei, homens castrados (nunca se casavam),
doutos em conhecimento, considerados confiáveis para o desempenho de determinadas
tarefas, que auxiliavam na supervisão dos impérios, aos quais os reis ou os imperadores
possuíam profunda intimidade e sempre buscavam os seus conselhos. Deviam ter
conhecimentos profundos de ciências, da língua e da cultura de seus reinos. Na
Babilônia da época, tais pretendentes deviam possuir conhecimentos do aramaico e do
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idioma acadiano, disciplina, e estarem dispostos a enfrentar um intenso programa
acadêmico que incluía matemática astronomia, história, literatura, ciência e magia –
adivinhações e interpretação de sonhos utilizando métodos diversos.
Dentre os cativos da Babilônia, Aspenaz escolhe 4 jovens hebreus corajosos e
destemidos. Mesmo diante das circunstâncias terríveis de assolação, não deixaram o
Deus Todo Poderoso para servir aos ídolos da nova nação pagã. Seus nomes eram
Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Na antiguidade, o nome de uma pessoa era como
um sinal profético de sua personalidade e características pessoais. Por exemplo,
podemos citar:
- Isaque: Riso, ou “o que sorriu” – Sara, esposa de Abraão, sorriu ao receber a
promessa de que teria um filho com seu ventre já amortecido por avançada idade.
- Jacó: Calcar, pisar: Suplantar a grama, as folhas. Prostrar aos pés o vencido;
derrubar: Suplantar o adversário. Levar vantagem a, ser superior a; exceder, sobrelevar,
vencer; ou ainda AQUELE QUE LUTA E VENCE.
- Elias: Jeová é o Meu Deus, o Senhor é o Meu Deus, Apenas o Senhor é Deus.
Dentre outros.
Nesse contexto, os significados em hebraico dos nomes dos 4 jovens servos do
Senhor eram:
- Daniel: Deus é meu juiz.
- Hananias: O Senhor é gracioso; O Senhor demonstra sua graça.
- Misael: Quem é como Deus é?; Quem é o que Deus é?.
- Azarias: O Senhor me ajudou; O Senhor ajuda.
Nabucodonosor mudou o nome dos 4 jovens porque queria torná-los babilônicos
– a seus próprios olhos e aos olhos do povo caldeu. Os novos nomes também poderiam
auxiliar na assimilação da nova cultura e expressar uma forma de domínio e soberania
do novo “senhor” de suas vidas. Logo, seus respectivos nomes passaram a ser:
- Daniel -> Beltessazar: Bel proteja sua vida; a senhora proteje o rei – uma
referência à deusa Sarpanitu (esposa de Marduque).
- Hananias -> Sadraque: Sob o comando de Aku (Aco – o deus da Lua).
- Misael -> Mesaque: Quem é como Aku (Aco)?.
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- Azarias -> Abede-Nego: Servo de (deus) Nego/Nebo (ou Nabu, o deus do
aprendizado e da literatura).
Isso, de alguma forma, deveria influenciar os jovens a esquecerem seu passado,
o Deus de Israel e suas origens, a fim de servir a Nabucodonosor e seus deuses.
Além de mudar seus nomes, o rei caldeu desejava impor uma rígida
disciplina de alimentação e possível consagração, fazendo com que os jovens
aprendizes desfrutassem dos seus manjares, alimentos e bebidas – neste caso, o
vinho – consagrados aos seus deuses. Essa atitude seria como um ritual de iniciação, e
deveria durar pelo menos 3 anos. Sabemos que quando as pessoas se envolvem com
ritos ocultistas, passam a ser dominados por espíritos opressores e malignos, e a serem
escravizados por tais.
Mas Daniel e seus três amigos sabiam dessas verdades espirituais e não
desejavam abandonar o Deus de Israel, o Todo Poderoso, único Deus verdadeiro, e seus
mandamentos. O temor a Deus desses jovens fez com que decidissem ser fiéis ao
Senhor, quando Daniel propôs então ao chefe dos eunucos não se contaminar com tais
manjares, confirmando suas convicções de que o Senhor os sustentaria com alimentos
simples que englobavam apenas água, legumes e grãos.
Porém, Aspenaz, teme por sua vida - dado que se os jovens não fossem
disciplinados conforme orientação de Nabucodonosor, ele iria perecer, um costume
muito comum da época, onde a negligência e displicência eram punidas com a morte.
Então, Daniel o desafia a observar seus semblantes durante o curto período de 10 dias, o
qual ele cria ser o suficiente para provar a glória do Deus vivo sobre sua vida e a de seus
amigos, sem comprometer a integridade física de Aspenaz.
Os babilônios desejavam, assim, transformar: o modo de pensar desses jovens,
dando-lhes uma educação babilônica; a sua fidelidade, dando-lhes um novo nome; e seu
estilo de vida, através de uma rígida disciplina alimentar. Entretanto, Daniel e seus
amigos não se comprometeram a compactuar com a idolatria de uma nação pagã,
mesmo estando dentro de sua cultura corrupta e secular. O tempo todo eles foram
treinados e domesticados nessa cultura, mas não permitiram ser influenciados e a
negarem a fé no Senhor, Deus de toda a Terra.
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Vale ressaltar que Daniel e seus amigos não desejavam se exibir, demonstrando
serem super-heróis espirituais para orgulho e satisfação próprios. Aqui, eles temiam
desobedecer às leis de Deus e abdicar de sua fé e de seus princípios morais e éticos, ante
os mandamentos do Senhor. Por isso, confiaram no Senhor e em seu poder, de forma
que não seriam contaminados pela morte espiritual, e assim poderiam permanecer fiéis
ao Deus de suas vidas, o Deus de seus pais.
Passado o período de 10 dias, Aspenaz viu que o semblante dos jovens era
melhor que do que todos os jovens que comiam a porção do manjar do rei. Eles estavam
mais robustos, dispostos, alegres e aptos para aprender. Assim, os jovens ganharam sua
confiança e durante os 3 anos de ensino e disciplina pelo qual passaram não se
contaminaram com os manjares e o vinho do rei Nabucodonosor, sendo sustentados por
uma comida simples e pela força do Senhor dos Exércitos, que honrou a fé dos jovens
em Sua Palavra e os alimentou também através Dela.
(Lucas 4:4) - E Jesus lhe respondeu, dizendo: Está escrito que nem só de pão
viverá o homem, mas de toda a palavra de Deus.
Portanto, quando estes se apresentaram ao rei, nos versículos 19 e 20, viu-se que
eram 10 vezes mais doutos que os demais, dado que eram submissos a Deus e recebiam
Dele habilidade e sabedoria necessárias para aprenderem e exercerem conhecimento.
Assim como Moisés fora educado no conhecimento egípcio, Daniel e seus amigos
foram instruídos na educação dos caldeus. Além disso, Daniel também possuía a
vantagem adicional de compreender toda a visão e sonhos. No antigo Oriente, os
sonhos eram considerados fonte de revelação divina e, portanto, sua interpretação era
extremamente valorizada. O dom de Daniel, recebido de Deus, colocava-o muito além
das habilidades dos intérpretes caldeus, como vemos em Daniel 4:5-9.
O Juízo de Deus Precedido de Avisos
O capítulo primeiro deste livro nos traz diversos ensinamentos sobre as
conseqüências da constante e interminável desobediência das pessoas a Deus, trazendo
sobre si mesmos a condenação e o juízo, e também sobre Sua misericórdia em tempos
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de aflição e angústia, quando homens e mulheres decidem permanecer fiéis à Sua
Palavra.
Na época de Daniel, Deus levantou profetas com o intuito de admoestar o povo a
se arrepender urgentemente de seus pecados. No período anterior à invasão babilônica,
o Senhor levanta o profeta Jeremias como um homem que sentia dores de parto pela
nação de Judá, corrompida pela idolatria e profanação generalizada. Jeremias profetiza:
(Jeremias 2:12-13) – “Espantai-vos disto, ó céus, e horrorizai-vos! Ficai
verdadeiramente desolados, diz o SENHOR. Porque o meu povo fez duas
maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas,
cisternas rotas, que não retêm águas”.
O povo estava tão sedento pelo pecado, pela imoralidade sexual, pela idolatria,
pelo egoísmo, paganismo e pela imundícia, que profanaram a adoração no Templo de
Deus, em Jerusalém, e deixaram, abandonaram, desviaram-se de sua fé no Deus vivo
para servir aos deuses pagãos de sua época. Passaram a ser pessoas que não tinham
temor de Deus, amor a Deus, reverência a Deus, perderam a alegria em Deus, o zelo
pela Palavra de Deus, o júbilo de irem a Casa de Deus para adorá-lO de toda alma, todo
coração, toda intensidade. Este total abandono Deus considerou como maldade terrível,
passível de juízo.
Deus acusava ainda a nação de Judá de ter deixado o Senhor, o manancial de
águas vivas, da Água Viva, que cura, purifica, liberta e salva, a fim de construírem
cisternas rotas, ou seja, tão próximos ao próprio manancial de águas vivas, cavavam
buracos no solo com o objetivo de se regozijarem nas águas barrentas e enlameadas das
chuvas. Além disso, suas cisternas estavam quebradas, ou seja, não retinham nem
mesmo as águas barrentas.
Viraram as costas para Deus, Suas leis e Sua Presença. Abandonaram os justos
caminhos de Deus. Deixaram de servi-lO como o único Deus verdadeiro, e passaram a
se sujar das areias da idolatria. O desejo de Deus aos avisá-los disso é o pronto
arrependimento, que não ocorreu.
Ainda que o rei Josias houvesse se arrependido prontamente, ao ouvir as
profecias de Deus mediante os lábios de Jeremias, a nação permaneceu corrupta e
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idólatra. Não houve arrependimento genuíno por parte da nação de Judá, apenas a
obediência aos novos decretos do rei Josias, obrigatoriamente. Prova disso foi que, após
sua morte, seu filho Jeoaquim assumiu o trono e voltou a fazer coisas terríveis e
abomináveis aos olhos do Senhor.
Hoje, estamos diante de um quadro semelhante, ou até pior, que este dos tempos
de Daniel e Jeremias. O próprio povo de Deus tem profanado a adoração e o culto ao
Senhor. Diante da Verdade das Escrituras Sagradas, e do conhecimento do Senhor Jesus
Cristo, muitos têm se corrompido e se deixado levar por doutrinas de demônios. A
corrupção invadiu a Igreja de Cristo de tal forma, que hoje não confiamos mais uns nos
outros, com raras exceções, pois nosso irmão pode estar envolvido em algo ilícito, sem
que saibamos, e estar profanando a adoração ao Deus Todo Poderoso e a seu filho
Cristo Jesus, nosso Senhor.
Muitos, movidos pela avareza e pela própria concupiscência de sua carne, têm
feito do Evangelho negócio com o intuito de adquirir bens materiais e desfrutar do
melhor dessa terra. Grande parte das igrejas tem vendido suas indulgências a fim de que
o povo, muitas vezes sedentos por Deus, provem sua fé mediante elevadas quantias de
dinheiro. Sendo atraídas pelo seu próprio desejo carnal de vencer na vida a qualquer
custo, estes discursos “dê, que Deus irá lhe restituir em dobro, ou até mil vezes mais”
são como uma sinfonia aos ouvidos de seus corações e intentos egoístas.
O Espírito Santo tem sido blasfemado e o mover do poder de Deus tornou-se um
fim em si mesmo, para satisfação de desejos pessoais totalmente carnais. Esse poder
seria utilizado para influenciar pessoas e administrar essa “autoridade delegada de
Deus” a tais homens. Logo, o que eles dizem, seria a vontade inspirada de Deus,
portanto é lei. E ai daqueles que se opuserem a suas teologias, estarão indo contra a
vontade do próprio Deus, sendo condenadas a maldição ou a rebelião, apesar da própria
Palavra de Deus condenar feitos e intuitos egocêntricos dos mercadores do Evangelho.
Nós devemos ser submissos às autoridades constituídas por Deus, respeitá-las e
obedecê-las, desde que elas não infrinjam as leis e os mandamentos de Deus contidos
em Sua Palavra. Foi por isso que Pedro e João afirmaram ao Sinédrio de Jerusalém que
lhes competia obedecer a Deus e não aos homens, quando esses foram obrigados por lei
a não mais anunciarem Cristo ao povo.
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(Atos 4:19,20) – “Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é
justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; Porque não podemos
deixar de falar do que temos visto e ouvido”.
Atualmente, faz-se de tudo para conseguir atrair tais sanguessedentos por
entretenimento, alegria e felicidades urgentes. A Palavra de Deus perdeu a posição
primordial e elevada que deve possuir no culto, e os louvores, teatros e entretenimentos
assumiram destaque especial. Afinal de contas, é através da Palavra de Deus que o
Senhor fala conosco e que nossas vidas são completamente transformadas!
A Palavra de Deus, devo eu ressaltar, é espada afiada de dois gumes (Hebreus
4:12). Quando penetra profundamente na alma humana, o Verbo (João 1:1) gera dor,
lágrimas, gemidos e arrependimento amargo, mostrando ao homem o quanto este
necessita urgente da presença e da glória de Deus em sua vida, mediante única e
exclusivamente o Espírito Santo, enviado a nós após a ressurreição e ascensão de Cristo
aos céus (Atos 1).
Mas, em nossa atualidade, a Espada de Cristo têm sido utilizada para efeitos
terapêuticos, tranqüilizadores, aromatizantes e benevolentes, que massageiam o ego de
pecadores intransigentes, os quais odeiam a Deus e Sua preciosa Palavra. Não querem
conhecê-La, obedecê-La, segui-La, estudá-La ou praticar os ensinamentos do Senhor
nela contidos. Antes, com coceiras nos ouvidos, pregam e falam daquilo que agradam as
massas para que se atraia a maior quantidade de público possível para enfim medirmos
o quão grande e poderoso é esse ou aquele “ministério”.
Segundo A. W. Tozer a Igreja de Cristo está sofrendo de esquizofrenia
espiritual, e afirma que “... a Bíblia claramente diz que Jesus veio para por fim ao
ego – não para educá-lo, tolerá-lo ou dar-lhe um polimento”!
O homem está tornando-se cada vez mais intransigente, astuto e sagaz em sua
busca frenética pelo poder, fama, sucesso e riquezas materiais, assim como na época do
rei Josias. Tanto é verdade que hoje o poder de Deus dimensionado a uma determinada
instituição passou a ser a quantidade de pessoas membros dela e qual a amplitude,
capacidade e luxuosidade de seus templos suntuosos e magníficos, aliado ao poder
financeiro dessa determinada igreja. Assim como no tempo de Jeremias e de Daniel,
onde o Templo estava cheio de pessoas vazias, que diziam adorar a Deus durante o dia e
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se prostituiam em idolatrias durante a noite. Hoje, pastores, bispos e apóstolos, ou afins,
assim como o papa, padres e sacerdotes, devem ter comodidade e luxos financeiros,
carros importados, para demonstrarem sua “autoridade espiritual” como um todo.
O arrependimento de pecados tornou-se uma oração simplista de 5 minutos. O
primordial é “aceitar logo esse Jesus”, e quanto mais cedo melhor, para que comece a
contribuir financeiramente com a “obra de Deus”, mediante dízimos e ofertas. As
pessoas não sabem o que é o arrependimento, a conversão, o batismo nas águas ou
mesmo o batismo no Espírito Santo, mas mesmo assim aceitamos suas ofertas e dízimos
para que elas então mudem de vida drasticamente, saiam das ruas de amargura da
depressão e do fracasso financeiro para que Deus as abençoe e sejam grandes
empresárias, conquistem suas casas e carros próprios. Seus ídolos não estão mais
erigidos como estátuas no interior dos templos, mas estão nos estacionamentos, nas
contas bancárias, em suas casas ou onde mais se pode imaginar, dentro de cada um
dos tais sedentos.
“O pecado é a causa primordial da derrota e do fracasso financeiro. Então,
precisa-se extirpá-lo com certa urgência. O remédio é Jesus Cristo, que purifica o
homem de todo pecado. Ou seja, aceitando a Cristo como único e suficiente Salvador,
adeus problemas financeiros, de saúde, ou de qualquer outro tipo, e sejam bem vindos
os luxos e riquezas materiais e temporais desta vida! Mas, por favor, não falemos mais
em pecado, isso já passou, pois Jesus os perdoou”. – infelizmente, esse é o pensamento
e a teologia de grande parte das igrejas que dizem defender o Evangelho de Cristo nos
dias atuais.
E por quê isso tudo está acontecendo, sem que percebamos muitas vezes suas
drásticas influências? A resposta é: Por que está dando certo e está na moda! É aquilo
que funciona, que todo mundo faz, que todas as pessoas gostam. É a teologia do agradar
a todos em qualquer circunstância.
A respeito disso o Pr. Ivan Teixeira escreveu o livro “Uma Liderança Fora de
Moda”, que trata justamente do mundanismo e do pragmatismo secular que estão
invadindo as igrejas, assim como nos tempos de Daniel, como uma avalanche
devastadora da sã doutrina dos apóstolos e da Palavra de Deus. Na introdução de seu
livro, o Pr. Ivan afirma: “O desejo de muitos líderes de ganharem o mundo se
parecendo e imitando o mundo, tem feito muitos deles vítimas de suas próprias
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invencionices. Muitos estão perdidos doutrinariamente. Outros deixaram de
evidenciarem uma vida pautada no caráter de Cristo, para se parecerem mais
“bacanas” em sua liderança. Ainda outros perderam a voz, pois se tornaram reféns dos
políticos. Venderam suas lideranças. Trocaram seus direitos de primogenitura, de uma
liderança pautada nas verdades bíblias, por pratos de lentilhas do pragmatismo
popular”.
E também escreve: “Devemos sempre ter mente também que a reação da
multidão não é um parâmetro seguro para determinarmos o que é válido (Mateus
7:13,14), e a prosperidade não é uma medida para a veracidade (Jó 12:6). O
pragmatismo como uma filosofia norteadora do ministério é inerentemente defeituoso e
como uma prova para a veracidade é satânico!” Pr. Ivan Teixeira – “Uma Liderança
Fora de Moda.”
Tim Keller, pastor da igreja presbiteriana Reedemer Presbyterian Church em
Manhattan, New York, também escreveu: “Cristo vence por meio da perda, triunfa pelo
fracasso, adquire poder pela fraqueza e serviço, chega à riqueza dando tudo”.
Para Oswald Chambers, um proeminente escocês, ministro cristão e professor
do início do século XX, muito conhecido por sua obra “Meu Extremo Para Ele”, disse
também: “Muitas vezes, Deus tem que fazer desabar o alicerce de sua experiência para
que você, como santo, entre em contato com Ele. (...) Se quisermos viver como
discípulos de Jesus, teremos que nos lembrar de que todas as coisas nobres nos são
difíceis. A vida cristã é gloriosamente difícil, mas, a sua dificuldade não nos faz
desfalecer e desmoronar sem mais nem menos; ela antes nos incita a vencer. Será que
apreciamos tanto a maravilhosa salvação de Jesus Cristo que damos o máximo de nós
mesmos só pela glória de Deus?”.
Disse Charles H. Spurgeon: “O grande mentor do mundo é a moda e o seu
deus é a respeitabilidade – dois fantasmas diante dos quais os homens corajosos riem!
Quantos de vocês olham para a sociedade para saber o que fazer? Vocês observam a
tendência geral e, então, flutuam sobre ela! Estudam a brisa popular e acertam as velas
de sua embarcação de acordo com ela. Os homens verdadeiros não agem assim. Você
pergunta: “Está na moda? Se está na moda, deve ser feito”. A moda é a lei das
multidões, no entanto, não é mais do que o consenso comum dos tolos. Aquele que se
casa com a moda de hoje é o viúvo de amanhã“.
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Segundo John Macarthur, muitos pregadores usam o nome “Jesus” apenas para
“satisfazer seus críticos e enganar seus seguidores”. Ele diz: “A idéia disso tudo é que
o homem tem poder em si mesmo para mudar a sua vida”. Sobre a filosofia do
Positivismo, do Poder das Palavras e da Mentalização, ele afirma: “Isso é satânico.
Por que eu digo isso? Porque „riqueza, saúde, prosperidade, a realização de todos os
seus desejos e sonhos‟, isso é exatamente o que Satanás sempre oferece. Isso se chama
tentação, baseada no desejo da carne, no desejo dos olhos, e na vaidade da vida. Isso é
exatamente o que as pessoas caídas, que não nasceram de novo, desejam. E é por isso
que funciona tão bem, certo?”. E diz mais: “Não foi o que Satanás disse para Jesus?
„Busque satisfação, por que você está com fome? Precisa comer, precisa ser saudável,
totalmente! Por que não ser popular? Salta do Templo, e Deus, todos vão te admirar!
Você será o vencedor, você será o campeão! Você será o Messias, todos irão te
aclamar! E, a propósito, olhe os reinos deste mundo, eu te darei eles também!‟ Isso é
satânico!”.
Precisamos de um arrependimento genuíno, e precisamos chorar drasticamente
por nossos erros e pecados e nos voltarmos para Deus, antes que seja tarde demais!
Parafraseando o missionário e pregador Paul Washer em seu sermão sobre as
“Mais Valiosas Palavras das Escrituras”, ele diz: “Deus diz as montanhas: „Prostrem-
se‟! Elas se prostram. Ele ordena aos vales: „Aplainem-se‟! E os vales são aplainados.
Deus diz ao mares: „Rujam‟! Os mares prontamente o fazem. Então, Deus diz ao
homem: „Arrependa-se, pois eis que é chegado a ti o Reino de Deus‟! Este diz: „Não!
Não quero me arrepender! Não quero o Evangelho! Não desejo o Reino de Deus‟!”.
Escreveu João Calvino: “Ao vermos nossa condição miserável desde a queda
de Adão, toda a confiança e vanglória desmoronam, e nos coroamos de vergonha e nos
sentimos verdadeiramente humildes”.
Haverá solução para nós?
Deus alerta ao povo que se arrependa, em Jeremias 9:13-16:
“E disse o SENHOR: Porque deixaram a minha lei, que pus perante eles, e
não deram ouvidos à minha voz, nem andaram nela, antes andaram após o
propósito do seu próprio coração, e após os baalins, como lhes ensinaram os seus
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pais. Portanto assim diz o SENHOR dos Exércitos, Deus de Israel: Eis que darei de
comer losna a este povo, e lhe darei a beber água de fel. E os espalharei entre
gentios, que não conheceram, nem eles nem seus pais, e mandarei a espada após
eles, até que venha a consumí-los”.
Também em Jeremias 18: 11,12:
“Ora, pois, fala agora aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém,
dizendo: Assim diz o SENHOR: Eis que estou forjando mal contra vós; e projeto
um plano contra vós; convertei-vos, pois, agora cada um do seu mau caminho, e
melhorai os vossos caminhos e as vossas ações. Mas eles dizem: Não há esperança,
porque andaremos segundo as nossas imaginações; e cada um fará segundo o
propósito do seu mau coração”.
A mensagem do profeta Jeremias é básica e clara: render-se a vontade de Deus é
a única forma de escapar da calamidade.
Pedro, em sua primeira pregação aos judeus, disse em Atos 3.19:
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”.
O princípio da Palavra de Deus é gerar frutos dignos de arrependimento,
como disse o Senhor Jesus em Mateus 3:8, ou seja, mostrar ao pecador que ele errou
contra Deus e seus mandamentos, e tornou-se, portanto, inimigo íntimo Dele. Ser
inimigo de Deus implica especificamente travar uma batalha contra o Senhor, criador
dos céus e da terra e, se vier a morrer, irá padecer por toda a eternidade sem a salvação
de sua valiosa alma. Apenas o sacrifício vicário do Filho de Deus, Jesus Cristo – único
mediador entre Deus e os homens, e o único nome pelo qual devamos ser salvos,
justifica, redime e cancela essa dívida humana do pecado contra o Senhor Todo
Poderoso (Romanos 5, Colossenses 2:10-15).
Esse é um alerta para todos nós, que estamos seguindo os desígnios do nosso
próprio coração. O palco está montado e a Igreja de Cristo adaptou-se à cultura
popular. Verdade é que Nabucodonosor e o exército da Babilônia não irão invadir a
Igreja de Cristo nesses dias atuais, mas já tomaram posse de grande parte de nossa
“Jerusalém” - se é que assim podemos dizer sobre a Igreja. Pior de tudo isso é que nós
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não estamos enxergando isso e estamos permitindo que a Babilônia dissemine em nosso
meio seus desejos e prazeres mais intrínsecos, tornando a Igreja espiritual de Cristo uma
igreja carnal, fraca e apóstata. Os alimentos do rei da Pérsia têm substituído a Palavra de
Deus, e logo todos aqueles que dela se alimentam estão raquíticos e fracos
espiritualmente, causando problemas sem estimativas não apenas para a Igreja, mas para
toda a sociedade.
Se formos tomar como estatísticas o primeiro capítulo do livro de Daniel, onde
apenas 4 jovens dentre 10 mil pessoas foram selecionadas como aqueles que não se
prostraram ou se renderam aos manjares de adoração do príncipe deste século, ou seja,
Satanás, pelo menos no Brasil, há apenas um remanescente de 16 mil homens e
mulheres de Deus fiéis a Sua Palavra, dentre os 40 milhões que dizem professar a fé
evangélica. Isso não é profético, mas apenas uma comparação numérica e estatística.
Ao contrário do que muitos pensam, não vamos enfrentar o juízo de Deus por
nossa desobediência. Nós já o estamos enfrentando, e isso tende a piorar, caso não nos
arrependamos o mais brevemente possível.
Jesus Cristo é a única solução para o nosso pecado, nossa desobediência a Deus.
Se não nos arrependermos de nossas maldades, de forma alguma seremos salvos e
libertos. Daniel, Hananias, Misael e Azarias decidiram obedecer a Deus, sendo fiéis
mesmo diante de circunstâncias terríveis, que poderiam lhes gerar a morte. Eles não se
corromperam, mesmo diante de uma cultura pagã e idólatra, mas antes confiaram no
Deus ao qual serviam e não foram contaminados com os efeitos de todo um povo ímpio.
Mesmo com a mudança de seus nomes para nomes de demônios, eles não tiveram sua fé
abalada em detrimento daquilo em que confiavam.
Isso prova que é possível estar no mundo, mas não pertencer ao sistema corrupto
do mundo. Não é porque estamos no mundo, que vamos nos associar a ele. Devemos,
urgentemente, arrepender-nos de nossos pecados e voltarmos nossa face para a face do
Senhor Jesus Cristo.
O profeta Jeremias, que predisse a destruição de Judá, também o fez para
restauração e retorno do povo de Deus à Jerusalém. O profeta também anunciou a vinda
do Messias, que resgataria o povo e os ajuntaria para que em uma só voz adorem ao
Deus da nossa salvação.
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(Jeremias 33:14-16) - “Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que cumprirei a boa
palavra que falei à casa de Israel e à casa de Judá; Naqueles dias e naquele tempo
farei brotar a Davi um Renovo de justiça, e ele fará juízo e justiça na terra.
Naqueles dias Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; e este é o nome
com o qual Deus a chamará: O SENHOR é a nossa justiça”.
Essa profecia cumpriu-se em Jesus Cristo, o descendente (raiz) de Davi, o Filho
amado, o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
Nos tempos de Daniel a Verdade ainda não havia sido revelada completamente,
senão por sombras e profecias. Mas, o que é a verdade? Não “o que”, mas “quem”. Em
João 14:6, Jesus Cristo afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem
ao Pai, senão por mim”. Cristo se revelou a nós mediante Sua morte expiatória na cruz
do Calvário, e Sua ressurreição dos mortos pelo poder do Espírito Santo.
Graças a Deus por ter enviado Seu Filho, hoje podemos ter livre acesso a
presença de Deus, pois o véu está rasgado. Não existem portas ou barreiras que nos
impeçam de ter total acesso a presença maravilhosa de Deus, a assim obtermos nossa
justificação mediante a fé em Cristo Jesus, nosso Senhor!