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Fundada em 21 de janeiro de 1883
Fundador: Augusto Elias da Silva
Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Julho, 2007 / N o 2.140
ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI
Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO
CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO
NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA
Gerente: ILCIO BIANCHI
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR
TORRES E CLAUDIO CARVALHO
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA
CARVALHO
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Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523
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Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA
Capa: AGADYR TORRES
Editorial
A infância e a juventude
Entrevista: Aloísio Ghiggino
Origens e ações do Movimento Espírita do Rio de Janeiro
Presença de Chico Xavier
Carta paterna – Neio Lúcio
Esflorando o Evangelho
Coisas terrestres e celestiais – Emmanuel
A FEB e o Esperanto
A FEB no Centenário do Movimento Esperantista
Brasileiro – Affonso Soares
Voz humana / Homa Vo/o – Augusto dos Anjos
Seara Espírita
Amar a Deus e ao próximo – Juvanir Borges de Souza
Reações inconscientes – Joanna de Ângelis
Jesus voltou – Mário Frigéri
Por que te deténs? – A importância da
evangelização espírita infanto-juvenil (Capa) –
Clara Lila Gonzalez de Araújo
Onde começa a humanidade – Richard Simonetti
Usurário – Silva Ramos
Os atributos do Espírito segundo
O Livro dos Espíritos – Suely Caldas Schubert
Em dia com o Espiritismo – A educação em um
mundo de transição – Marta Antunes Moura
Homenagem aos 150 anos do Espiritismo –
Uma análise matemática do Método do Controle
Universal do Ensino dos Espíritos –
Alexandre Fontes da Fonseca
Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica
(Século I) – Parte II – Haroldo Dutra Dias
Seminário sobre “Perispírito e Mediunidade”
na FEB-Rio
5o Congresso Espírita Mundial
Biblioteca no Centro Espírita – Eurípedes Kühl
O Livro – Olavo Bilac
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PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000
PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000
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Editorial
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ecendo considerações sobre a importância da educação moral em nossas
vidas, Allan Kardec comenta em O Livro dos Espíritos (Questão 685a, Nota,
Ed. FEB):“[...] Considerando-se a aluvião de indivíduos que todos os dias são
lançados na torrente da população, sem princípios, sem freio e entregues a seus próprios
instintos, serão de espantar as conseqüências desastrosas que daí decorrem?[...]”.
A questão levantada por Kardec toca fundo nos graves problemas que a
Humanidade hoje enfrenta: violência, miséria, ignorância, uso de drogas e outros
procedimentos que geram a insegurança individual e social.
A instrução puramente intelectual, o ensino da ciência materialista, as simples
noções de Matemática e Economia, que compõem a base dos programas escolares,
não são suficientes para dar ao ser humano um real sentido à própria existência. É
necessário o conhecimento da realidade espiritual, a qual dá ao ser humano obje-
tivos que vão além dos limites da existência física, acompanhado do conhecimento
das Leis Morais que regem a vida, emanadas do Criador.
Essas Leis Morais – apresentadas pela Doutrina Espírita com extrema clareza, e
que orientam o ser humano para a prática do amor fraternal, do trabalho constru-
tivo, do progresso moral, do respeito à Natureza –, proporcionam um lógico senti-
do à vida, formando homens de bem que cumprem a lei de justiça, de amor e de
caridade na sua maior pureza, e vivem em paz com a própria consciência.
É com este objetivo que as instituições espíritas, voltadas à difusão do Espiri-
tismo e à construção de um mundo melhor, vêm promovendo e realizando o ensino
do Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita para a criança e o jovem, ofere-
cendo aos Espíritos recém-reencarnados os esclarecimentos e as orientações indis-
pensáveis à edificação de hábitos bons, que lhes permitam conhecer e alcançar o
objetivo espiritual da sua existência: o progresso moral e intelectual.
Conforme ainda destaca Allan Kardec na questão citada, faz-se necessária a edu-
cação moral, que consiste na arte de formar caracteres, que incute hábitos, “[...]
porquanto a educação é o conjunto de hábitos adquiridos. [...] A desordem e a
imprevidência são duas chagas que só uma educação bem entendida pode curar. Esse
o ponto de partida, o elemento real do bem-estar, o penhor da segurança de todos”.
TA infância e a juventude
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anto no Velho Testamento(Deuteronômio, 6:4-5; eLevítico, 19:18), quanto
nos Evangelhos (Mateus, 22:36--40; Marcos, 12:28-31; e Lucas,10:25-29, 37) o amor a Deus so-bre todas as coisas e o amor aopróximo como a si mesmo sãomandamentos supremos queprecisam estar no coração de to-dos que desejam entender e pra-ticar as leis divinas.
Nos ensinos de Jesus e doConsolador por Ele enviado es-ses mandamentos estão no ápicedos entendimentos e dos senti-mentos, para que as criaturaspossam evoluir e alcançar a feli-cidade, já que eles constituem asíntese de todas as leis divinas.
Não importa que, no estágioem que nos encontramos, nãopossamos ver a Deus, o Criadorde todas as coisas, a InteligênciaSuprema, nem compreender suanatureza íntima.
Nossa inferioridade para apercepção de muitas coisas supe-riores não nos permite a com-preensão da essência do Criadore de toda a sua criação.
Basta que meditemos sobre oinfinito do Universo, sobre os bi-lhões de mundos existentes, masdesconhecidos por nós, para en-tendermos que não temos condi-ções da percepção do que trans-cende os limites de nossa inteli-gência.
No nosso próprio mundo, on-de o homem vive há milhares deanos, somente nos últimos sécu-los foi possível conhecer a formada Terra e seus movimentos emtorno do Sol. Antes do séculoXVI, as hipóteses sobre nossomundo, aceitas pelos seus habi-tantes, eram errôneas e absurdas.
Torna-se necessário que cadaum de nós compreenda que a in-teligência humana, por mais sá-bio se considere o homem, ésempre limitada, que o nossomundo é inferior e atrasado,apropriado às condições de seushabitantes, mas, como toda acriação de Deus, subordinado àlei divina do progresso e da evo-lução, como nos revela a Doutri-na Consoladora.
Somos seres destinados à vidaeterna e, no decorrer dela, aqui e
em outros mundos, nosso desti-no é a evolução, o progresso,através do esforço, do trabalho,com a aquisição de novos conhe-cimentos e o aperfeiçoamentodo Amor e de seus derivados.
Precisamos todos conscienti-zar-nos da necessidade de desen-volver o senso moral, que se ini-cia com a humildade de reco-nhecer que somos seres imper-feitos, mas que todos estamossubordinados às leis divinas quenos levarão à perfeição, sob asregras nelas estabelecidas, entreas quais sobressai o nosso pró-prio esforço na direção correta.
Para isso, não há limites detempo, já que a vida é eterna, re-petidas as experiências enquan-to necessárias, em vidas sucessi-vas em mundos materiais, comoo nosso.
Assim, embora não possamosainda compreender a naturezade Deus, podemos ter idéia dealgumas de suas perfeições, atra-vés do pensamento bem orienta-do e da observação de muitas desuas obras, no nosso mundo eem parte do Universo.
Amar a Deuse ao próximo
TJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A
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Quando já temos certeza deque Deus é eterno, infinito, imu-tável, imaterial, onipotente, úni-co, soberanamente justo e bom,como nos revela a Doutrina dosEspíritos, precisamos lembrar queesses atributos do Criador são osque já podemos compreender,mas que há coisas que estão aci-ma do nosso entendimento e queDeus deve possuir perfeições ou-tras que transcendem nossa ca-pacidade intelectual.
Amar a Deus e ao próximo é oimperativo para que o homempossa elevar e desen-volver sua inte-
ligência e, ao mesmo tempo, am-pliar seus sentimentos derivadosdo amor, combatendo, desse mo-do, a ignorância e aproximando--se da onisciência, que é o obje-tivo do Espírito eterno.
Antes dos ensinos do Cristo, doConsolador por Ele enviado, e darevelação vinda através de Moisés,a Humanidade acreditou em fór-mulas imaginárias para explicar avida e seus desdobramentos.
A multiplicidade dos deuses,regendo os fatos e os aconteci-mentos que não tinham explica-
ção, ao lado das ocorrênciasda vida comum,prevaleceram nas
crenças da Hu-
manidade por séculos e milêniosincontáveis.
Ainda nos dias atuais subsis-tem crenças que identificam Deusora como sendo o Universo, oracomo a Natureza, confundindo oCriador com tudo o que existe.
Filósofos panteístas chegarama formas particularistas para aexplicação do que sua imagina-ção sugeria, como o fez o filóso-fo alemão Krause (1781-1832),criando o panenteísmo.
Para o panteísmo, de formageral, o princípio inteligente in-depende da matéria e é extraídodo todo universal e a ele volta aomorrer o ser.
Cada corrente panteísta admi-te a individualidade do ser atéque chegue à perfeição, quandoentão é absorvido pelo todo uni-versal.
As conseqüências do panteís-mo são as mesmas do materialis-mo, ambas refutadas com clarezae total procedência pela Doutri-na Espírita.
Já o materialismo, essa grandechaga que leva à pseudo-sabedo-ria, tantos os ignorantes quantoos homens cultos, a acreditaremsomente no que percebem seussentidos físicos, faz de cada ma-terialista um descrente de toda arealidade espiritual.
Por isso não aceitam a existên-cia de Deus, nem a do próprioEspírito que todos somos, atri-buindo a vida de todos os seres,na complexidade dos reinos danatureza, a simples combinaçãoda matéria.
É o materialismo profunda-
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mente contraditório porque, ne-gando a existência do principalelemento do Universo – o espírito– não consegue preencher o vaziodo abismo que se apresenta dian-te da negação de sua existência.
Nos seres orgânicos, o mate-rialista só vê a ação da matéria.No corpo humano, só percebe ofuncionamento dos órgãos, sus-tentando a vida. O pensamento,os sentimentos, a inteligênciasão, para ele, efeitos das combi-nações da matéria.
Esse quadro inqualificável, in-compreensível para qualquer es-piritualista, já que todas as reli-giões ensinam que a alma, ou Es-pírito, é uma realidade hoje de-monstrada experimental e cien-tificamente, faz do materialistaum ser sofredor e contraditório,que só as reencarnações conse-guem corrigir, retificando con-vicções enganosas e profunda-mente prejudiciais.
Dentre as missões do Espiri-tismo consta a de esclarecer osenganos em que incorrem osmaterialistas e os panteístas, mastambém a de retificar os desviosdas religiões, com suas interpre-tações inexatas, transformadasem crenças pela tradição.
A realidade da vida do Espíri-to, seja no corpo físico, seja noalém-túmulo, após a morte docorpo, permite-nos tomar co-nhecimento de todas as peripé-cias pelas quais ele passa nasEsferas espirituais e materiais.
A Doutrina Espírita é, assim, ocaminho para o encontro com arealidade e a verdade, que as reli-
giões, as filosofias e o niilismoprocuram há milênios. É o outroConsolador, permitido por Deus,a pedido do Governador desteorbe, que o enviou no tempocerto, para que a Humanidadeconheça uma nova fase de pro-gresso, na senda do bem.
Amar a Deus é o reconheci-mento e a homenagem espontâ-nea que a criatura presta ao seuCriador e à causa da vida. Dianteda onipotência, da bondade e dajustiça infinitas que recebe per-manentemente do Poder Supre-mo, para sua própria ascensão, oamor ao Criador deve superar atudo e a todas as coisas, como es-tá expresso no primeiro manda-mento.
Amar a Deus significa tam-bém a máxima gratidão, o res-peito e a submissão ao Pai, comoreferia Jesus, porquanto é o amoro laço ligando o Criador e a cria-tura para sempre.
Para cumprir esse dever natu-ral deve a criatura procurar com-preendê-lo, preparando seus sen-timentos mais elevados, eximindo--se de todas as máculas e imper-feições com todo o esforço quelhe seja possível.
O amor a Deus deve, assim,constituir-se em permanente in-centivo na marcha ascensional doEspírito, compreendendo o pro-gresso moral e intelectual paradepurar-se continuamente.
O amor a Deus induz o ho-mem ao trabalho digno, ao esfor-ço permanente para elevar e apri-
morar sua inteligência, com a di-latação de seus conhecimentos.
Nesse amor supremo ao Cria-dor, dilata-se e absorve-se a fra-ternidade a todos os semelhantes,já que os Espíritos bons e os infe-riores provêm do mesmo princí-pio e tendem para o mesmo fim,embora cursando caminhos dife-rentes, de conformidade com osesforços, a dedicação e o aprovei-tamento das oportunidades, di-versas em cada individualidade.
O amor ao Criador inspira acriatura à submissão, ao respeitoe à gratidão, porque sabe ela quese dirige a uma luz que ilumina oUniverso infinito por Ele criado,por ação de sua vontade, que semanifesta nas pequenas comonas grandes coisas.
O Deus que nos mostra a Re-velação Espírita é o Criador in-criado, a Inteligência Suprema.
Precisamos ter a humildade dereconhecer que estamos longe deentender todo o poder de Deus,sua natureza íntima e a extensão evariedade infinitas de sua criação.
“Amar ao próximo como a simesmo” está ligado ao primeiromandamento do Amor a Deus eé conseqüência dele.
Jesus ensinou que “toda a lei eos profetas se contêm nesses doismandamentos”.
Todas as leis morais, ou natu-rais, que O Livro dos Espíritoscontém e explica, na sua ParteTerceira, são desdobramentosnaturais das leis supremas do“Amar a Deus sobre todas as coi-sas” e do “Amar ao próximo co-mo a si mesmo”.
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ão são poucos aquelesque se interessam pelaDoutrina Espírita e bus-
cam informar-se a respeito dosseus incomparáveis conceitos li-bertadores da ignorância e dasuperstição.
Nada obstante, desacostuma-dos ao raciocínio lógico em tor-no das questões superiores daVida, defrontam-se com inco-muns dificuldades para entenderos postulados claros e profundosdo Espiritismo.
Anteriormente informados, demaneira errônea, a respeito doque seriam as propostas da Codi-ficação, mais centradas nas mani-festações de natureza mediúnica,sem qualquer contribuição filo-sófica e suporte científico, nãoconseguem raciocinar fora desseschavões mentais a que se mantêmapegados, enfrentando dificulda-des para romper o círculo dosequívocos mentais.
Quando convidados à reflexãoe ao discernimento divagam, aban-donando a lógica para fixar-se emtorno do poder que atribuem aosEspíritos, que tudo saberiam, atodos problemas resolveriam, al-
terando as estruturas universais,desde que disso resultem benefí-cios pessoais imediatos.
A sua lógica encontra-se cen-trada no maravilhoso, no extraor-dinário, em cujo comportamentoincluem as manifestações espiri-tuais, recusando-se, mesmo queinconscientemente, a aceitar o fe-nômeno como de natureza orgâ-nica, em perfeita sintonia com aparanormalidade que caracterizao médium.
Em uma ingenuidade inco-mum, preferem transferir aosmédiuns a carga dos seus proble-mas, a uns endeusando e a ou-tros desconsiderando conformeos resultados obtidos ao seu la-do, distantes do bom senso e doesforço pessoal.
Ouvem as orientações doutri-nárias, às vezes, lêem-nas mal,certamente porque preferem ou-vir somente as comunicações es-pirituais que os fascinam, nãodispondo de qualquer alicerceracional para os enfrentamentosnaturais do processo evolutivo.
Toda vez que se encontramdiante de um desafio perfeita-mente normal, em face do pro-
cesso de crescimento interior edesenvolvimento intelecto-mo-ral, recorrem aos médiuns bus-cando soluções apressadas, ane-lando que o problema seja pos-tergado, mesmo que mais tarderetornando com maior comple-xidade.
Acomodam-se aos interessesegoísticos e podem tornar-se coo-peradores de boa vontade nasinstituições espíritas, mas o seugrande problema diz respeito àauto-iluminação que adiam, cir-culando em torno das conveniên-cias imediatas, sem maior alcancepara a própria imortalidade.
Distraem-se com as referên-cias doutrinárias, preservando ashabilidades e condutas anterio-res sem o esforço pela renovaçãomoral ou pela interiorização dosconhecimentos espíritas.
Lamentavelmente, não adqui-rem convicção em torno dos pa-radigmas doutrinários, que lhesparecem difíceis de assimilação,em face da preguiça mental, sem-pre solicitando esclarecimentos eparasitariamente dependendo doesforço e da dedicação daquelesaos quais se afeiçoam.
Reaçõesinconscientes
N
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O Espiritismo é doutrina degrave responsabilidade para to-dos que se lhe acercam em buscado seu conhecimento. Não secompadece com a ignorância, quemantém os seus profitentes nodesconhecimento dos própriosdeveres. Pelo contrário, trabalha--lhes a reforma de natureza mo-ral, convidando sempre ao cres-cimento interior e ao autodesco-brimento, a fim de tornar-se ca-da dia novo melhor do que navéspera.
Graças às facilidades da comu-nicação virtual, alguns dessescompanheiros de jornada utili-zam-se da Internet para o inter-câmbio com outras pessoas, igual-mente procurando, por seu in-termédio, aprender o Espiritismoatravés de e-mails, nos quais assuas dúvidas são apresentadas,normalmente, aos médiuns dosquais tomam conhecimento dasua existência, não se convencen-do com as respostas que rece-bem. Ato contínuo, apresentamas mesmas questões a diversasoutras pessoas, a fim de compa-rar as respostas que, no entanto,já se encontram exaradas nasObras fundamentais que consti-tuem a Codificação do Espiritis-mo, que é uma fonte inexaurívelde conhecimentos capazes defelicitar todas as mentes e todosos corações.
Com essa conduta, geram con-flitos de opiniões, sustentam po-lêmicas vazias de conteúdos ele-vados, desconfiam das informa-
ções recebidas, mantendo-se pro-positalmente distantes da ilumi-nação íntima.
Freqüentam, vez que outra, al-guma instituição espírita, mas nãose fixam em lugar algum, transi-tando com leviandade em tornodos médiuns e não do Espiritis-mo, entretecendo consideraçõesa respeito do que desconhecem,como se houvessem aprofunda-do reflexões.
Gostariam que o Espiritismotivesse um lado místico, maravi-lhoso, sobrenatural, para os aten-der, limando suas arestas mo-rais, facilitando os seusempreendimentos,auxiliando suasambições...
O mágicofascina-os, des-
de que lhes premie com futilida-des e enganos, formando gruposde insensatos que sempre bus-cam novidades.
O Espiritismo, porém, é umaciência que estuda a origem, a na-tureza, o destino dos Espíritos e asrelações que existem entre o mun-do corporal e o mundo espiritual,conforme o definiu Allan Kardec,e não uma ocorrência chã, semestruturas de segurança.
Observando os fenômenos, ex-plica-lhes o mecanismo, a com-plexidade e apresenta a finalida-
de básica de demonstrar aimortalidade da alma e
a sua comunicabili-dade, do que resul-
tam efeitos mo-rais e a gran-
de filosofiaque explica
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O estudo dasobras básicas queconstituema Codificaçãoé o melhorcaminho para oconhecimentodo Espiritismo
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a justiça divina, as razões dos so-frimentos humanos e a finalida-de superior da própria existênciana Terra.
Revivescendo os ensinamentosde Jesus, convoca os seus adeptosao estudo e ao aprimoramentomoral, de forma que se lhe ope-rem transformações contínuasno processo de ascensão espiri-tual, de maneira a libertar-se daspaixões grosseiras para alcançara faixa da intuição onde se ope-ram as comunicações transcen-dentes da Vida.
Chegou, à Terra, no momentopróprio, quando a amplitude doconhecimento pode explicar osfenômenos que opera e que, aotempo de Jesus, não poderiamser compreendidos.
Graças às ciências contempo-râneas, os seus fundamentos têmsido confirmados de modo a sus-tentar as propostas filosóficasotimistas e clarificadoras de to-dos os enigmas que envolvem oser humano e sua existência,constituindo-se um manancialde consolo e de esperança.
Não apliques o teu tempo pre-cioso com esses transeuntes dosfenômenos mediúnicos que nãofirmam propósitos de auto-apri-moramento, de iluminação inte-rior, de esforços em favor da re-novação moral.
Encaminha-os ao estudo sé-rio da Doutrina e orienta-os aoesforço pessoal em favor de simesmos, libertando-se das suasarmadilhas e libertando-os da
dependência emocional da tuapessoa.
Não interessados pela vincula-ção com o pensamento doutri-nário, podem tornar-se parasitasespirituais, exaurindo-te as ener-gias que poderão ser aplicadas demaneira melhor em favor dosobjetivos relevantes da tua cami-nhada espiritual.
Há muito solo humano a sercultivado, que se encontra aguar-
dando carinho e adubo adequa-do para que nele seja semeado oconhecimento espírita e que tecumpre fazê-lo.
Joanna de Ângelis
(Página psicografada pelo médium Di-
valdo Pereira Franco, no dia 12 de mar-
ço de 2007, na residência do engenhei-
ro Vítor Mora Féria, em Loulé, Algarve,
Portugal.)
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As mesas giram pelo mundo afora,
Dançam, estalam, fazem rir a França.
Kardec, entanto, observando a “dança”,
Intui princípios que o mundo ignora.
Ele é um sábio cuja mente avança
De estudo a estudo, e do fenômeno, agora,
Pesquisa o mundo invisível, que aflora
Pleno de vida e ciência e esperança.
E o velho Druida evoca a Eternidade
– Laboratório em que penetra a fundo,
Tendo por guia O Espírito Verdade.
Do Além responde o Infinito profundo:
Eis que Jesus retorna à Humanidade
– É o Espiritismo iluminando o Mundo!
Jesus voltouNão vos deixarei órfãos; eu voltarei para vós.
Jesus. (João, 14:18.)
Mário Frigéri
reformador julho 2007 - a.qxp 17/7/2007 09:40 Page 10
Reformador: Qual foi a origemdo Espiritismo no Estado do Rio deJaneiro?Aloísio: Para responder a estaquestão, vamos considerar o Esta-do do Rio de Janeiro em sua con-figuração geopolítica atual, ape-nas lembrando que, à época daimplantação do Espiritismo emnosso Estado, tínhamos a cidadedo Rio de Janeiro como a Capitaldo Império, depois transformadaem Distrito Federal, posterior-mente em Estado da Guanabara e,finalmente, surgindo o Estado doRio de Janeiro propriamente dito.Essas sucessivas mudanças testa-ram, em todos os campos, inclu-sive no Movimento Espírita es-tadual, a capacidade de adap-tação às situações novas e oconvite à superação de iné-ditos desafios.
Com essa compreen-são, podemos tratar doassunto com a visãoque, hoje, temos doMovimento Espíritano Estado, levantan-
do a histórica fundação do pri-meiro Centro Espírita, Socieda-de de Estudos Espiríticos – GrupoConfúcio –, instituição espíritaque surgiu na cidade do Rio deJaneiro ao final do Brasil Império.Considerado o primeiro CentroEspírita da então Capital do Im-pério, foi fundado a 2 de agosto de
1873. Tendo recebido, na ocasião,mensagens de Ismael, o qual serevelou o diretor espiritual doBrasil, o Grupo tinha como lema“Sem a Caridade não há salvação,sem a Caridade não há verdadeiroEspiritista”. Esse Grupo foi res-ponsável pelas primeiras tradu-ções para a língua portuguesa dasobras básicas da Codificação Kar-dequiana, o que demonstra suaimportância, não apenas para oEstado, mas também para o Es-piritismo no Brasil, proporcio-nando a necessária divulgação daDoutrina. Em seu lugar surgiram
a Sociedade de Estudos Espíri-tas “Deus, Cristo e Carida-
de”, em 23 de março de1876, e o Grupo Espírita
Fraternidade, em 2 demarço de 1880. Du-rante esse períododo final do Impé-rio e início da Re-
pública, que seinstalava, váriosforam os gru-pos que se or-
Origens e ações do MovimentoEspírita do Rio de Janeiro
Aloísio Ghiggino, diretor do Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro (CEERJ), comentaas origens do Espiritismo neste Estado e destaca desde a importância do estabelecimentode um Movimento organizado no Rio de Janeiro à atualidade das ferramentas modernas
para a difusão do Espiritismo. Considera a atuação do Conselho Federativo Nacional da FEB, consciente, transparente, realista e objetiva
ALO Í S I O GH I G G I N OEntrevista
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reformador julho 2007 - a.qxp 17/7/2007 09:40 Page 11
ganizaram, constituindo razoávelquantidade de centros espíritas,que funcionavam de forma indivi-dualizada.
Reformador: Qual o número decentros e entidades assistenciais noEstado do Rio de Janeiro?Aloísio: Considerando que a ati-vidade assistencial é proposta datotalidade dos centros espíritas eque as atribuições do Conselho Es-pírita do Estado do Rio de Janeiro(CEERJ) são voltadas para as ins-tituições espíritas em geral, alcan-çamos um número próximo de800 em nosso Estado (estimativamínima). É importante mencio-nar que, deste total, relacionamos650 instituições que são oficial-mente associadas ao CEERJ, sen-do que, das demais, cerca de 50%participam direta ou indireta-mente do Movimento Espíritaorganizado, sem contudo estaremformalmente adesas a ele. Nos úl-timos dois a três anos, vem cres-cendo o número de instituiçõesque buscam se integrar oficial-mente ao CEERJ.
Reformador: Como se desenvolveagora a Unificação no Estado do Riode Janeiro?Aloísio: O processo de Unificaçãono Rio de Janeiro é um tema quetraz grande alegria para os espí-ritas de nosso Estado, pois apre-senta o resultado de sonhadasconquistas, que, por sua impor-tância para todos nós, merece serconhecida. Nosso Estado foi pal-co das transformações geopolíti-cas do país. No lugar do antigo
Distrito Federal, surgiu o Estadoda Guanabara. Em 15 de marçode 1975, os dois Estados fundi-ram-se, tomando a única deno-minação de Estado do Rio de Ja-neiro. Tal medida ocasionou, pa-ra o Movimento Espírita, a reali-dade da presença de duas fede-rativas. Essa situação necessitoumais de trinta anos para ultrapas-sar os obstáculos surgidos, emuma incessante busca da união eda unificação estadual. É impor-tante ressaltar que essas citadasdificuldades referiam-se à conci-liação de duas importantes histó-rias, sem divergência de metas oude orientações doutrinárias.
Em 26 de março de 2006, nasinstalações da FEB, na Av. Passos,30, realizou-se uma AssembléiaGeral, onde estiveram presentescerca de 450 representantes deinstituições espíritas de todo o Es-tado, finalizando um processo deUnião entre a União das Socieda-des Espíritas do Estado do Rio deJaneiro (USEERJ) e a FederaçãoEspírita do Estado do Rio de Ja-neiro (FEERJ). Dessa união sur-giu o Conselho Espírita do Estadodo Rio de Janeiro (CEERJ) comoúnica Federativa Estadual.
Esse evento, fruto de trabalhode muitos companheiros desde osidos de 1975, é por todos nós, flu-minenses, considerado como umgrande momento da jornada deUnificação no Rio de Janeiro,marcado pela maciça participaçãodos espíritas e pelas inequívocasdemonstrações da vontade de,juntos, podermos manter e pros-seguir no trabalho de todos aque-
les que nos precederam na lutapela união dos espíritas. O CEERJnasceu como continuador dostrabalhos realizados pela centená-ria FEERJ e pela USEERJ. O resul-tado alcançado foi conseqüênciada ação conjunta na busca de me-ta comum e, em sua implementa-ção, determinou a total reestrutu-ração do Movimento Espíritaestadual, que contou com a com-preensão e vontade de todos.
Ainda sobre essas colocaçõessobre a Unificação no Rio de Ja-neiro, dentro das orientações edeliberações do Conselho Fede-rativo Nacional da FEB, ressalta--se o trabalho contínuo que vemsendo desenvolvido em todo oEstado por atividades voltadas àcapacitação de dirigentes e de tra-balhadores espíritas. Essas ativi-dades, programadas e desenvolvi-das nas várias regiões do Estado,de acordo com demanda localdiferenciada, são vistas como im-portante fator de unificação, porproporem, de modo uniforme, atão procurada unidade no de-sempenho de nossas atividadesespíritas.
Reformador: Como ocorre a difu-são do Espiritismo no Estado do Riode Janeiro?Aloísio: Nosso Estado pode ser con-siderado como privilegiado nessaproposta de difusão do Espiritis-mo, por contar com a presença devários meios que trabalham nessesentido. Com o risco de deixar-mos de citar alguns dos grandescolaboradores nesta tarefa de di-fusão, não podemos, por justiça,
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deixar de apontar a Rádio Rio deJaneiro como veículo fundamentalde divulgação da Doutrina e doseventos pertinentes, através deuma cobertura significativa doque ocorre no Estado e até foradele.
Outro fator de relevante im-portância é a adoção, por conside-rável número de centros espíritas,de boletins noticiosos, jornaisinformativos impressos, páginasna Internet e outros mais que, in-tegrando-se através do trabalhodesenvolvido pelos Conselhos Es-píritas de Unificação (CEU), emharmonia, formam verdadeira re-de na proposta de divulgação.
De relevância, também, para adifusão do Espiritismo, é a pre-sença do Departamento Editoriale Gráfico da FEB, no Rio de Ja-neiro, que, sobremaneira, facilitao acesso às obras da Codificação eoutras de real importância para adifusão da Doutrina.
A Internet vem sendo imple-mentada pelo CEERJ, pelos Con-selhos Espíritas de Unificação (emnúmero de 71) e pelas própriasinstituições espíritas individual-mente, envolvendo, a cada dia, maise mais núcleos espíritas do Esta-do, criando uma rede que alcança,com rapidez e segurança, os maisdistantes rincões do Rio de Janei-ro. Por tudo isso, podemos dizerque, em nosso Estado, temos embom funcionamento as ferramen-tas necessárias à difusão do Espi-ritismo.
Reformador: Como o Estado doRio de Janeiro tem comemorado o
Sesquicentenário da Doutrina Espírita?Aloísio: O Rio de Janeiro desen-volveu e continua implementan-do o trabalho voltado para ascomemorações dos 150 anos daDoutrina dos Espíritos. Foi criadauma Comissão Organizadora, que,juntamente com o CEERJ, plane-jou, produziu e disponibilizoumaterial para os eventos a seremrealizados, dentro das possibilida-des dos centros espíritas interes-sados e também trabalhou nadivulgação dos festejos para a áreaexterna ao Movimento Espírita.
A par das atividades nos cen-tros espíritas e grupos afins, foiincentivada a realização de ativi-dades que alcançassem repercus-são em nível municipal e esta-dual, como Sessões Solenes emCâmaras de Vereadores de váriosmunicípios e/ou em instalaçõespúblicas. Ainda dentro dessa co-locação, citamos vários Atos Le-gislativos que, em nível munici-pal, marcaram no calendário dascidades a data de 18 de abril co-mo “Dia do Livro Espírita”, emuns, e “Dia dos Espíritas” em ou-tros. A quase totalidade dos En-contros Regionais Espíritas deUnificação (EREU) estão tendocomo tema central os 150 anos doEspiritismo, com seus trabalhosdesenvolvidos nos vários setoresde atividade voltados ao tema.
Durante o restante do ano, con-tinuarão a se suceder encontrosnesses moldes, estando prevista,como grande evento, a realizaçãoda XVIII Confraternização Espíri-ta do Estado do Rio de Janeiro, em
26, 27 e 28 de outubro, no HotelQuitandinha, em Petrópolis.
Reformador: Que mensagem passapara os espíritas brasileiros?Aloísio: Nossa mensagem é de oti-mismo e confiança nos dias atuaise naqueles que nos aguardam emfuturo próximo. Os espíritas, acada dia, mais conscientes setornam de suas responsabilida-des perante a Doutrina que assu-mimos como caminho para a pazindividual e coletiva. Temos a cer-teza de que o rumo adotado peloMovimento Espírita, em âmbitoNacional, através do Conselho Fe-derativo Nacional da FEB, cujaparticipação cada vez mais cons-ciente, transparente, realista e ob-jetiva, voltada para as necessida-des e anseios dos espíritas brasi-leiros, com repercussões externas,está contribuindo de forma mar-cante para a implantação de umacultura espírita. Essa cultura, obri-gatoriamente, passa pelo traba-lho, pela compreensão, pelo diálo-go, pela responsabilidade, pelafraternidade, pela capacitação dotarefeiro e pelo desapego do di-rigente. Que todos nós, que te-mos responsabilidades junto a es-sa proposta de renovação pela Dou-trina, consigamos, juntos, mantera mente voltada para o alto, com-preendendo cada vez mais e me-lhor a mensagem espírita, o cora-ção imerso em sentimentos de res-peito e amor ao próximo e ospés na Terra, trabalhando comgrande vontade em busca de nos-sas metas de prática e difusão doEspiritismo.
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passagem citada, de Atos,22:12-16, leva-nos a refle-tir sobre o título do pre-
sente artigo na pergunta feita porAnanias a Saulo, após impor suasmãos nos olhos do beligerantecombatente do Cristianismo, res-tituindo-lhe a visão.1
Um momento de extrema gran-deza para Saulo que passa a ou-vir, do emissário e piedoso ami-go, as notícias sobre Jesus, fazen-do-o conhecer seus ensinamen-tos e convidando-o a seguir, semdemora, ao encontro de uma no-va vida!
Paulo se tornou um arauto daBoa Nova e, por sua fé, testemu-nhou os mais acerbos confrontos, le-gando ao mundo os ilustres exem-plos de perseverança e caridade!
Ao analisarmos esses períodoshistóricos, das lutas travadas paradivulgação e implantação da men-
sagem do Cristo à Humanida-de, guardadas as devidas
proporções, perce-bemos a distân-
cia que existeentre as expec-tativas que pos-suímos de bem
servir, sem es-
morecer, à causa da evangeliza-ção em nome de Jesus e da Dou-trina dos Espíritos, e as condi-ções que amealhamos para con-cretização de tarefa tão nobre.
Os conhecimentos exigidos naatividade a realizar são necessá-rios e precisamos estudá-los comprofundidade para que não nosdescuidemos, invalidando os es-forços que porventura venhamosa despender na prática evangeli-zadora. Da mesma forma, nãopodemos deixar de nos prepararadequadamente para lidar, deforma fraterna e caridosa, com ascrianças e jovens que acolhemos,ajudando-os na busca de seu pro-gresso maior, aplicando a nóspróprios os ensinamentos quetransmitimos, para nossa efetivapreparação como tarefeiros noposto de serviço em que nos si-tuamos.
Mas, por que nos detemos? Porque não conseguimos compreen-der a extensão e importância dotrabalho a executar, especialmen-te nos dias em que vivemos cru-cial indiferença moral, intensifi-cando a ansiedade, a solidão e omedo daqueles que não desperta-ram para as luzes do Evangelho?
Por que te deténs?
A
A importância da evangelização espírita infanto-juvenil
CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O
Capa
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Ao refletir sobre isso,sentimos o peso da nossanegligência em não quererreconhecer o valor signifi-cativo da evangelizaçãoespírita da criança e do jo-vem como portadora deimprescindível contribui-ção ética e espiritual nodesenvolvimento do cará-ter e na afirmação da per-sonalidade do ser.
O Espiritismo, expli-cando a anterioridade doEspírito ao corpo, a suasobrevivência à morte fí-sica, a pluralidade das exis-tências, destaca, sempre, que aslutas pelas mais nobres aspira-ções são ideais para a vida de ca-da ser, e ninguém progride semas enfrentar, aceitando com re-signação e coragem os insuces-sos que surgem em função dasprovas necessárias ao seu apren-dizado e superando-as, quantopossível. Eis por que, e de acor-do com a benfeitora Joanna deÂngelis (1997), “a religião espí-rita dinamiza o interesse huma-no pelo seu auto-aprimoramen-to, trabalhando-lhe o mundo ín-timo, para que, consciente de si,eleve-se aos patamares superio-res da existência, sem abandonaro mundo no qual se encontra emprocesso de renovação”,2 permi-tindo-lhe assumir, finalmente,as suas convicções de se refor-mar moralmente.
Afirmam alguns psicólogos: “ascrenças religiosas do adolescentetambém tendem a refletir seu ace-lerado desenvolvimento cogniti-
vo, que se torna mais abstrato emenos literal entre as idades de 12e 18 anos. [...] As perspectivas re-ligiosas também tornam-se maistolerantes e menos dogmáticas,declinando a crença na impor-tância da religião, pelo menos noseu sentido formal. [...] Os ado-lescentes de hoje em dia parecemenfatizar, mais do que as gera-ções anteriores, a religião pessoalao invés das institucionalizadas.Isto é, consistente com sua maiorênfase geral sobre valores e rela-ções pessoais e sobre padrões mo-rais individuais [...]”.3
Tais considerações ressaltamum aspecto a ser refletido poraqueles que estão engajados nessatarefa singular: até que ponto ascrianças e os jovens encontram,nas escolas de evangelização dascasas espíritas, as condições ne-cessárias para sua formação reli-giosa e a estruturação de suaidentidade com a crença espírita?
Alguns pais, preocupados com
a formação religiosa de seus fi-lhos e defendendo a idéia de que“religião nunca faz mal”, matri-culam-nos em instituições esco-lares que oferecem educação des-sa natureza, ignorando que taisensinamentos procuram conso-lidar os alicerces teóricos de ou-tras religiões, esquecendo que osconteúdos ministrados não sãomeros detalhes, mas pressupos-tos fundamentais que norteiam aprática dessas religiões. Estarãoos evangelizadores preparadospara avaliar, em sala de aula, asdiversidades e pluralidades reli-giosas que porventura surjamdesses ensinamentos e que tantoconfundem os evangelizandos?
Muitos evangelizadores, infe-lizmente, não se preparam ade-quadamente para o exercício do-cente da evangelização e se des-cuidam da verdadeira condutaespírita-cristã, aderindo aos ró-tulos e artifícios verbais sem extravasar um sentimento real e
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Os evangelizadores têm papel fundamental na formação religiosa das crianças
Capa
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sincero no discurso religioso queveiculam em sala de aula.
Allan Kardec interpretou esseproblema de maneira lúcida, aose referir aos espíritas imperfei-tos: “[...] Esses são os espíritasimperfeitos, alguns dos quais fi-cam a meio caminho ou se afas-tam de seus irmãos em crença,porque recuam ante a obrigaçãode se reformarem, ou então guar-dam as suas simpatias para osque lhes compartilham das fra-quezas ou das prevenções. [...]
[...] Aquele que pode ser, comrazão, qualificado de espírita ver-dadeiro e sincero, se acha em grausuperior de adiantamento moral.[...] Em suma: é tocado no cora-ção, pelo que inabalável se lhetorna a fé. [...] Reconhece-se o ver-dadeiro espírita pela sua transfor-mação moral e pelos esforços queemprega para domar suas inclina-ções más [...].4
Na busca dessa identidade,pois, o desafio consiste, para nósevangelizadores, em bem inter-
pretar e ministrar os conteúdospelo Currículo para as Escolas deEvangelização Espírita Infanto-Ju-venil, elaborado pela FederaçãoEspírita Brasileira, que constitui ocerne da relação entre a propostaeducativa de evangelizar e os fun-damentos da Doutrina Espírita.
Em razão disso, estudemos comempenho, disciplina e constânciaas bases filosóficas, científicas ereligiosas do Espiritismo! Caso con-trário, não estaremos aptos paradespertar na criança e no jovem ointeresse pela doutrina consolado-ra, estimulando-os para que seidentifiquem com a sua proposta epara que se libertem dos atavismose das paixões, que ainda os desajus-tam emocionalmente, e do caráterpragmático de muitas doutrinas dopassado, às quais se vincularam.
Aproxima-se a data do V En-contro Nacional de Diretores deDIJ das federativas estaduais, a serrealizado pela Federação EspíritaBrasileira, em Brasília, nos dias27, 28 e 29 de julho, com o obje-tivo precípuo de estabelecer no-vas metas para implementaçãode projetos, anteriormente dis-cutidos e implantados. Na oca-sião, serão avaliadas e revis-tas as metas estabelecidas em2002, de acordo com os resul-tados obtidos, nesse período,em nível nacional.
Há, dessa forma, a preocu-pação de se organizar açõesprioritárias para melhoria daevangelização espírita infan-
to-juvenil, no Brasil e no mundo, e,entre elas, a de capacitar evange-lizadores.
É tempo, portanto, de pensar-mos seriamente na melhoria dodesempenho da tarefa a realizar,não nos detendo frente aos gravís-simos problemas que surgem dasociedade atual, envidando todosos esforços para bem servir à cau-sa de amor que abraçamos, emnome de Jesus!
Referências:1Atos, 9:17-18.2FRANCO, Divaldo Pereira. Adolescência
e vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis.
4. ed. Salvador (BA): LEAL, 1997. p. 106.3MUSSEN, CONGER, KAGAN, Desenvolvi-
mento e personalidade da criança. 4.
ed. São Paulo, 1977. Cap. 13, p. 504.4KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. XVII, item 4.
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Capa do livro Currículo paraas Escolas de Evangelização
Espírita Infanto-Juvenil
Cartaz do V Encontro Nacional
de Diretores de DIJ
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Presença de Chico Xavier
eu filho, não tinhas razão em favor da cólera.Vi, perfeitamente, quando o velhinho se
aproximou para servir-te.Trazia um coração amoroso e atento que não sou-
beste compreender.Deste uma ordem que o pobrezinho não ouviu
tão bem, quanto desejavas. Repetiste-a e, porque no-vamente te perguntasse qualquer coisa, proferistepalavras feias, que lhe feriram as fibras mais íntimas.
Como foste injusto!...Quando nasceste, o antigo servidor já vencera
muitos invernos e servira a muita gente.Enfraqueceram-se-lhe os ouvidos, ante as impe-
riosas determinações alheias.Nunca refletiste na neblina que lhe enevoa o olhar?
Adquiriu-a trabalhando à noite, enquanto dormias,despreocupado.
Sabes porque traz ele as pernas trêmulas? Devo-rou muitas léguas a pé, solucionando problemas dosoutros.
Irritas-te, quando se demora a movimentar-se ateu mando. Contudo, exiges o automóvel para a via-gem de dois quilômetros.
Em muitas ocasiões, queixas-te contra ele. É rela-xado aos teus olhos, tem as mãos descuidadas e aroupa não muito limpa. Entretanto, nunca imagi-naste que o apagado servidor jamais encontrouoportunidades iguais às que recebeste. Além disto,não lhe ofereces o ensinamento amigo e nem tempopara cogitar das próprias necessidades espirituais.
Reclamas longos dias para examinar pequeninaquestão, referente ao teu bem-estar; todavia, não lheconsagras nem mesmo uma hora por semana, aju-dando-o a refletir...
Respondes, enfadado, quando o velho compa-nheiro te pede alguns níqueis, mas não vacilas em
despender pequenas fortunas com amigos ociosos,em noitadas alegres, nas quais te mergulhas em fan-tasioso contentamento.
Interrogas, ingrato: – que fizeste do dinheiro quete dei?
Esqueces que o servidor de fronte enrugada nãodispôs de tempo e recurso para calcular, com exati-dão, os processos de ganhar além do necessário e nãoconseguiu ensejo de ilustrar o raciocínio com o refi-namento que caracteriza o teu.
Ah! meu filho, quando a impaciência te visita oespírito, recorda que o monstro da ira indesejável tebate à porta do coração. E quando a ele te entregas,imprevidente, tuas conquistas mais elevadas trememnos alicerces. Chego a desconhecer-te, porque a fúriados elementos interiores te alteram a individualida-de aos meus olhos e eu não sei se passas à condiçãode criança ou de demônio!...
Se não podes conter, ainda, os movimentos im-pulsivos de sentimentos perturbadores, chegado oinstante do testemunho, cala-te e espera.
A cólera nada edifica e nada restaura... Apenassemeia desconfiança e temor, ao redor de teus passos.
Não ameaces com a voz, nem te insurjas contraninguém.
É provável que guardes alguma reclamação contramim, teu pai, porque eu também sou ainda humano.No entanto, filho, acima de nós ambos permanece oPai Supremo, e que seria de ti e de mim, se Deus, umdia, se encolerizasse contra nós?
Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. Diversos Espíritos. 10. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 25, p. 64-66.
Carta paternaM
Pelo Espírito Neio Lúcio
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obre raça humana, cujoegoísmo corrompeu todasas sendas, toma novamen-
te coragem, apesar de tudo. Em suamisericórdia infinita, Deus te enviapoderoso remédio para os teus ma-les, um inesperado socorro à tuamiséria. Abre os olhos à luz: aquiestão as almas dos que já não vi-vem na Terra e que te vêm chamarao cumprimento dos deveres reais.Eles te dirão, com a autoridadeda experiência, quanto as vai-dades e as grandezas da vossapassageira existência são mes-quinhas a par da eternidade.
Dir-te-ão que, lá, o maior é aqueleque haja sido o mais humilde entreos pequenos deste mundo; queaquele que mais amou os seus ir-mãos será também o mais amadono céu; que os poderosos da Terra,se abusaram da sua autoridade,ver-se-ão reduzidos a obedecer aosseus servos [...].
Estas incisivas afirmações es-tão no capítulo VII, item
12 de O Evangelhosegundo o Espiritismo,
em manifestação assinada porAdolfo, bispo de Argel, recebidaem Marmande, pequena cidadefrancesa, em 1862.
Destaque para a enfática con-denação do egoísmo, que corrom-peu todas as sendas.
De fato, no fundo de todas asdissensões, de todos os confli-tos entre os homens, está a ten-dência de cada qual cuidar de simesmo.
O resto, que se dane!Ontem, como hoje e sempre, a
desonestidade, o vício, a agressi-vidade, a violência, a corrupção,a mentira, são filhos do egoísmo.O indivíduo toma determinadainiciativa, sem considerar os pre-juízos que causa ao semelhante ea si mesmo.
O assaltante que entra numacasa e apavora os moradores, nãoraro cometendo assassinato...
O seqüestrador que exige mui-to dinheiro para libertar sua ator-mentada vítima...
O político que exercita comtranqüilidade a corrupção, cau-sando grandes prejuízos aos co-fres públicos...
O marido que se envolve em
Onde começa a
humanidade
PRI C H A R D SI M O N E T T I
A ambição é exemplode egoísmo contra asociedade
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aventura extraconjugal e deixa olar, esposa e filhos pequenos...
A mulher que o seduziu, aten-dendo a mero capricho...
A gestante que se submete aoaborto, a fim de livrar-se do queconsidera um problema...
O industrial que numa pena-da demite dezenas de operários,a fim de conter as despesas e au-mentar os lucros...
O filho que coloca a mãe idosanum asilo, negligenciando os de-veres filiais...
O maledicente que se realizadenegrindo reputações, a veicu-lar boatos e fofocas...
Inspiram-se todos, exclusiva-mente, em seu bem-estar, na satis-fação de seus desejos, incapazes deolhar além do próprio umbigo.
Para conter o egoísmo há aadvertência de que pagaremospor todos os prejuízos causadosao próximo.
Acontecerá nesta vida, por im-posição da justiça humana, ouna vida espiritual, atendendo àssanções da justiça divina.
A dificuldade está no fato deque poucos estão convictos disso.
Quanto à justiça humana,aquele que exercita uma má açãosente-se acima da lei. Julga-se su-ficientemente esperto para nãoser apanhado em suas malhas.
Quanto à justiça divina, étudo nebuloso, fantasioso, combase em especulações teológicas.
Concebem os infratores quejamais alguém veio de lá paramostrar como é.
Esse é o grande diferencial doEspiritismo, que traz muita gen-te de lá, para mostrar o que nosespera.
O bispo situa o intercâmbiocom o Além, o contato com omundo espiritual, como uma ma-nifestação da Misericórdia Divi-na. Graças a ele podemos avaliardevidamente as conseqüências docomportamento humano.
E temos notícias esclarecedoras,alertando-nos quanto à necessida-de de mudarmos o nosso compor-tamento, a fim de que a morte nãonos imponha penosas surpresas.
Todos aqueles que, movidospelo egoísmo, prejudicaram o pró-ximo, apresentam-se, nas reuniõesmediúnicas, invariavelmente doen-tes, mutilados, atormentados…
Estagiam em regiões de sofri-mentos onde, literalmente, segun-do a expressão evangélica, há cho-ro e ranger de dentes.
É como se nos dissessem, naeloqüência de sua miséria moral:
– Cuidado, somos espelhos deseu futuro! Você poderá estar,amanhã, na nossa situação, se nãomudar o comportamento!
O que era pálida idéia, veicula-da pelas religiões tradicionais,torna-se realidade palpável e atéassustadora.
Para nós, espíritas, habituadosao intercâmbio com o Além, há otestemunho de confrades desen-carnados que se constituem, tam-bém, numa advertência, já que, in-variavelmente, todos lastimam nãoterem aproveitado o tempo dejornada para os esforços maiores,em favor da própria renovação.
Alertados quanto às conse-qüências das ações humanas, ten-demos a ser comedidos, conscien-tes de nossas responsabilidades,aprendendo a nos questionar:
– O que eu pretendo fazer éjusto? Trará proveito para mim,sem prejudicar a ninguém?
O conhecimento das realida-des espirituais ajuda-nos a tomardecisões que podem contrariar opensamento da maioria, as ten-dências da sociedade, mas estãoperfeitamente harmonizadas como que Deus espera de nós.
Tal, por exemplo, o problema aque estão sujeitas as gestantes, como desenvolvimento de exames so-fisticados, como o ultra-som, que
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Há necessidadede mudarmos
o nossocomportamento,
a fim de quea morte nãonos imponha
penosassurpresas
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permitem detectar possíveis ano-malias no filho que asilam no seio.
Concebe-se a eugenia. Se háproblemas, que seja providencia-do o aborto.
Há casos extremamente gravesnesse particular, como a anence-falia, em que a criança não temconsiderável parcela do cérebro, oque poderá determinar sua mortetão logo ocorra o nascimento.
Na ótica materialista seria re-comendado o aborto, livrandoos pais de tensões e angústias du-rante o restante da gestação.
Na ótica espírita é diferente.Espírito nessa situação está em
reencarnação emergencial. Trazgraves problemas perispirituais,fruto de seus desatinos no passado.O contato breve com a vida físicafuncionará como válvula de escoa-mento de seus desajustes, propor-cionando-lhe abençoado lenitivo.
Aos pais compete ajudá-lo comseu carinho, com suas orações, emambiente espiritualizado no lar.
Certamente ele lhes será ex-
tremamente grato por suadisposição em levar adiantea sofrida gestação, que lheterá garantido um retorno àEspiritualidade em melho-res condições.
Em qualquer situação, opensar no outro é a melhorinspiração, ajudando-nos acumprir o que Deus espera denós, perfeitamente expressona inesquecível recomenda-ção de Jesus (Mateus, 7:12):
[...] tudo o que vós quereis queos homens vos façam, fazei-oassim também a eles. [...]
A propósito, leitor amigo, me-rece nossa reflexão uma obser-vação de Henri-Fréderic Amiel(1821-1881), poeta e filósofo suí-ço, contemporâneo de Kardec:
O interesse individual é acontinuação de nossa animali-dade.
A humanidade começa no altruísmo.
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�
Rico, vivia a sós, desde longínqua data.Afagava o metal resplandecente e louro...Nem um pão a ninguém. Somente ouro e mais ouro,Entre pedras faiscando e baixelas de prata.
Conservava o vintém com a devoção de um mouro.Surge, porém, a dor que o despreza e maltrata E, depois, vem a morte erguendo a foice ingrata,Que o lança em desespero a fundo sorvedouro...
Sem o corpo de carne é um louco que esbraveja,Quer governar, ainda, a migalha e a bandeja;Enjaulado na sombra, excita-se e reage.
E conquanto pranteie e se lamente embora,O infeliz Harpagão possui somente, agora,Uma cama de terra e um cobertor de laje.
Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. 4. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2002. p. 292-293.
Silva Ramos
Usurário
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21Ju lho 2007 • Reformador 226677
Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel
“Se vos tenho falado de coisas terrestres, e não me credes,
como crereis se vos falar das celestiais?”
JESUS – (JOÃO, 3:12.)
Coisas terrestres e celestiais
o intercâmbio com o mundo espiritual, é freqüente a reclamação de certos
estudiosos, relativamente à ausência de informações das entidades comuni-
cantes, no que se refere às particularidades alusivas às atividades em que se
movimentam.
Por que não se fazem mais explícitos os desencarnados quanto ao novo gênero
de vida a que foram chamados? como serão suas cidades, suas casas, seus processos
de relações comuns? através de que meios se organizam hierarquicamente? terão
governos nos moldes terrestres?
Indagam outros, relativamente às razões pelas quais os cientistas libertos do
plano físico não voltam aos antigos centros de pesquisas e realizações, vulgarizan-
do métodos de cura para as chamadas moléstias incuráveis ou revelando invenções
novas que acelerem o progresso mundial.
São esses os argumentos apressados da preguiça humana.
Se os Espíritos comunicantes têm tratado quase que somente do material exis-
tente em torno das próprias criaturas terrenas, num curso metódico de introdução
a tarefas mais altas e ainda não puderam ser integralmente ouvidos, que viria a
acontecer se olvidassem compromissos graves, dando-se ao gosto de comentários
prematuros?
É necessário compreenda o homem que Deus concede os auxílios; entretanto,
cada Espírito é obrigado a talhar a própria glória.
A grande tarefa do mundo espiritual, em seu mecanismo de relações com os
homens encarnados, não é a de trazer conhecimentos sensacionais e extemporâ-
neos, mas a de ensinar os homens a ler os sinais divinos que a vida terrestre contém
em si mesma, iluminando-lhes a marcha para a espiritualidade superior.
N
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Edição Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.Cap. 136, p. 287-288.
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saga evolutiva do ser hu-mano, analisada à luz doEspiritismo, é grandiosa e
fascinante, desvendando os sagra-dos arcanos do Espírito e, ao mes-mo tempo, dando-nos uma idéia,ainda que limitada à nossa condi-ção espiritual, dos magnificentesmecanismos da justiça divina areger todo o Universo.
De início, é oportuno citarmoso que dizem alguns autores acercada evolução do Espírito.
O eminente escritor Dr. Gusta-ve Geley, em seu livro Del Incons-ciente al Consciente, demonstra atrajetória evolutiva do ser e es-clarece que o passo decisivo do in-consciente para o consciente nãopode deixar de ser sofrido; que ocaos, as lutas, os sofrimentos sãoconseqüência da ignorância pri-mitiva e do esforço para superá--la. E conclui, de forma primorosa,que “se tem, todavia, a sua base na
inconsciência, na ignorância e nomal, tem o seu ápice na luz, na sa-bedoria e na felicidade”.2
André Luiz, no prefácio do li-vro Evolução em Dois Mundos, in-titulado “Nota ao Leitor”, faz umconvite irrecusável àqueles quetêm ânsia de saber:
“[...] Estudemos a rotade nossa multimilenária ro-magem no tempo para sen-tirmos o calor da flama denosso próprio espírito a pal-pitar imorredouro na Eterni-dade e, acendendo o lume daesperança, perceberemos, jun-tos, em exaltação de alegria, queDeus, o Pai de Infinita Bondade,nos traçou a divina destinaçãopara além das estrelas”.3
Não nos esqueçamos que bemantes dos autores citados, há doismilênios, o Mestre dos mestresabriu para todas as criaturas umhorizonte promissor de infinitas
conquistas quando, citando as Es-crituras, declarou: “Vós sois deu-ses”. (João, 10:34.)
Emmanuel, comentando esseversículo do Cristo, ressalta:
“– Em todo homem repousa apartícula da divindade do Cria-
Os atributos doEspírito segundo
O Livro dos Espíritos
A
“No Universo, tudo evolve e tende para um estado superior. Tudo se transforma e se aperfeiçoa. Do seio dos abismos a vida eleva-se, a princípio confusa,
indecisa, animando formas inumeráveis cada vez mais perfeitas, depois desabrocha no ser humano, adquire então consciência, razão, vontade, e
constitui a alma ou Espírito.” – Léon Denis1
SU E LY CA L DA S SC H U B E RT
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dor, com a qual pode a criaturaterrestre participar dos poderessagrados da Criação.
O Espírito encarnado aindanão ponderou devidamente oconjunto de possibilidades divi-nas guardadas em suas mãos,dons sagrados tantas vezes con-vertidos em elementos de ruína edestruição.
Entretanto, os poucos que sa-bem crescer na sua divindade, pe-la exemplificação e pelo ensina-mento, são cognominados na Ter-ra santos e heróis, por afirmarema sua condição espiritual, sendojusto que todas as criaturas pro-
curem alcançar esses valores, de-senvolvendo para o bem e para aluz a sua natureza divina”.4
Mas para que o Espírito realizecom êxito a sua trajetória evoluti-va, caminhando do inconscientepara o consciente, das trevas daignorância para a luz do saber, do“abismo para as estrelas”, foi dota-do por Deus de vários atributosque lhe garantissem a possibilida-de de alcançar a meta final, aperfeição.
Em O Livro dos Espíritos estãorelacionados esses atributos, quenada mais são do que as potencia-lidades latentes em cada criatura.No meu livro Os Poderes da Men-te, menciono:
“Assim, o ser humano estrean-do em sua caminhada, não a ini-ciou destituído de condições, dequalidades, de potencialidades.Ao contrário, embora com a inex-periência de um nascituro em ter-mos evolutivos, trazia em si osatributos imprescindíveis paravencer as adversidades inerentes aum planeta primitivo”.5
Entretanto, o desejo de saber umpouco mais nos leva a pensar nomomento da criação do Espírito, oque, segundo Kardec, ainda nãonos é permitido conhecer em razãoda nossa pouca evolução. Em A Gê-nese, cap. VI, item 19, porém, en-contramos trecho mais elucidativoa esse respeito. Entretanto, o Espíri-to Galileu ao ditá-lo, através de Ca-mille Flammarion, faz antes umaadvertência, como se vê a seguir:
“Aos que desejem religiosamen-te conhecer e se mostrem humil-des perante Deus, direi, rogando--lhes, todavia, que nenhum siste-ma prematuro baseiem nas mi-nhas palavras, o seguinte: O Espí-rito não chega a receber a ilumi-nação divina, que lhe dá, simulta-neamente com o livre-arbítrio e aconsciência, a noção de seus altosdestinos, sem haver passado pela
série divinamente fatal dos seresinferiores, entre os quais se
elabora lentamente a obrada sua individualiza-ção. Unicamente a da-tar do dia em que oSenhor lhe imprimena fronte o seu tipo
augusto, o Espírito to-ma lugar no seio das
humanidades”.6
O homem utiliza sua inteligência, para o bem daHumanidade, buscando a cura de novas doenças
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Interessante combinar esse tex-to com a questão 621 (para mimuma das mais importantes de to-da a Codificação), bastante co-nhecida e citada:
“Onde está escrita a lei de Deus?Na consciência”.7
A partir do momento gloriosode sua individualização, o Espíritoestá apto a iniciar a sua escaladaevolutiva, trazendo nos recessosda consciência a lei divina e osatributos imprescindíveis parasua marcha ascensional.
Relacionamos a seguir essesatributos registrando o númerocorrespondente entre parênteses,compreendendo que pode havervárias perguntas referentes a ummesmo atributo; em alguns dessescitamos mais de uma:
Inteligência (24), pensamento(89-a), consciência de si mesmo
(600), livre-arbítrio (122, 843),percepções (249-a, 257).7
Modernamente poder-se-ia acres-centar a mente, englobando a in-teligência, a capacidade de racio-cinar e de produzir pensamentos,a memória, enquanto que no atri-buto consciência estariam com-preendidos a consciência de simesmo, o senso moral (754) e ode justiça (873). Além de todo es-se conjunto de atributos, o Espí-rito é perfectível, isto é, traz em si,inerente, a perfectibilidade (776).
Deus deu ao homem o desejoincessante do melhor,8 ou seja, oimpulso evolutivo, que o propelea buscar constantemente os meiospara uma qualidade de vida sem-pre mais aprimorada. Do homemprimitivo ao homem modernoobservamos o mesmo esforço, amesma necessidade de aperfei-
çoamento das próprias condiçõesem que vive.
Sabemos que essa procura é umanseio a ser alcançado a cada pas-so. As conquistas das ciências, datecnologia, das artes e das própriasleis humanas aí estão atestandoque o ser humano tem usado posi-tivamente, no âmbito das necessi-dades físicas, os seus atributos, es-ses recursos fantásticos de que ca-da um é dotado. As limitações edeficiências que um número gran-de de pessoas apresenta são, comoé de nosso conhecimento, fatoreseducativos imprescindíveis ao Es-pírito em seu processo evolutivo enão têm duração permanente.
O progresso, sendo uma dasleis naturais, conforme a Doutri-na Espírita revela, compreende,para ser completo, as conquistasintelectuais e as de ordem moral.
INTELIGÊNCIA – Sabemos “[...] que os Espíritossão os seres inteligentes da criação. [...]” (76), e que “ainteligência é um atributo essencial do espírito. [...]”(24).
PENSAMENTO – Kardec indaga se “o pensamentonão é a própria alma que se transporta” e a resposta foi:“Quando o pensamento está em alguma parte, a almatambém aí está, pois que é a alma quem pensa. O pen-samento é um atributo” (89-a). (Destaque da autora.)
Na Revista Espírita, dezembro de 1868, cap. “SessãoAnual Comemorativa dos Mortos”: “O pensamento éo atributo característico do ser espiritual; é ele quedistingue o espírito da matéria; sem o pensamento oespírito não seria espírito”.
CONSCIÊNCIA DE SI MESMO – Referindo-se àalma do animal (600), o Codificador quer saber se estafica num estado de erraticidade, como a do homem. Aresposta dos Espíritos Superiores esclarece que a almado animal “fica numa espécie de erraticidade, pois não
mais se acha unida ao corpo, mas não é um Espírito er-rante, pois este “[...] é um ser que pensa e obra por sualivre vontade [...]”, o que não ocorre com os animais. Eacrescentam “[...] a consciência de si mesmo é o queconstitui o principal atributo do Espírito [...]”.
LIVRE-ARBÍTRIO – Kardec pergunta: “Tem ohomem o livre-arbítrio de seus atos?”, obtendo aseguinte resposta:
“Pois que tem a liberdade de pensar, tem igual-mente a de obrar. Sem o livre-arbítrio o homem seriamáquina” (843). Os esclarecimentos quanto ao livre--arbítrio se iniciam, de maneira mais explícita, naquestão 121, seguida da 122 e 127; mais adiante noitem “Escolha das provas”, a partir da questão 258 até a273. O assunto é abordado com mais detalhes na ParteTerceira que trata “Das leis morais”, especificamenteem “Da lei de liberdade” (843 a 850), e no comentáriode Kardec, intitulado “Resumo teórico do móvel dasações humanas” (872).
Atributos do Espírito, conforme O Livro dos Espíritos
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O progresso intelectual ante-cede as conquistas de naturezamoral, o que explica a disparidadeque impera na Terra. O despertarda consciência para os valoreseternos é mais demorado, pois oser humano está condicionado àbusca incessante do melhor comvistas apenas à parte material.Entretanto, as conquistas intelec-tuais favorecem, gradativamente,as de ordem moral, visto que, sa-tisfeitas as necessidades do corpo,surgem os apelos íntimos por algotranscendente que o satisfaça ple-namente, atendendo assim ao Es-pírito imortal.
As leis divinas, ínsitas na cons-ciência de cada filho de Deus, tor-nam compreensíveis o bem e omal. “[...] O desenvolvimento dolivre-arbítrio acompanha o da in-teligência e aumenta a responsa-bilidade dos atos”,7 registra Kar-dec (780-a).
Joanna de Ângelis, elucidandoacerca do despertar da consciên-cia, ensina:
“O despertar da consciência fa-culta a responsabilidade a respeitodos atos, face ao desabrochar doscódigos divinos que jazem emgerme no ser.
Criado simples e ignorante, oespírito tem como fatalidade aperfeição que lhe está desti-nada. Alcançá-la com rapi-
dez ou demorar-se por consegui--la depende da sua vontade, doseu livre-arbítrio. [...]
Desse modo, torna-se respon-sável pelo seu destino, que está aconstruir, modificar, por meio dasdecisões e atitudes que se permita.
Lentamente, em razão da pró-pria consciência, descobre os te-souros preciosos que lhe estão àdisposição e dos quais pode uti-lizar-se com infinitos benefícios”.9
No momento da comemoraçãodo Sesquicentenário de O Livrodos Espíritos é oportuno ressaltar-mos a grandiosa tarefa realizadapelo Codificador.
O trabalho de Allan Kardec nãofoi somente o de codificar os ensi-nos dos Espíritos; é preciso ressal-tar a sua condição de co-autor daDoutrina Espírita. A elaboraçãodessa obra expressa o pensamentode Kardec e da falange do Espíritode Verdade. Sabemos que os Espí-ritos Superiores têm uma sintoniae interação tão perfeitas que po-dem falar uns pelos outros.
Assim, quando inicia as pesqui-sas com rigor e método científico,partindo dos fatos para elaborar ateoria, o Prof. Rivail caminha aoencontro de seu rico acervo de vi-vências pretéritas edificantes do
qual extrai igualmente as suasconcepções, tanto de nature-za filosófica, quanto de umareligiosidade fundamenta-
da na razão.O tempo, esse ouri-
ves paciente e perseve-rante, aformoseou osatributos, ou, em ou-tras palavras, as poten-
cialidades que eram próprias doEspírito Allan Kardec, que o fize-ram ser escolhido por Jesus paraconcretizar no plano terreno oConsolador por Ele prometido.
Que dentre as homenagens ecomemorações que fizermos, amaior seja a nossa vivência dosprincípios luminosos da TerceiraRevelação.
Ave, Allan Kardec! Os que va-mos viver para sempre abençoa-mos o teu nome e te agradece-mos!
Referências:1DENIS, Léon. Depois da morte. 25. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2005. “Resumo”,
item III.2GELEY, Gustave. Del inconsciente al
consciente. Buenos Aires: Editorial
“Constancia”, 1947.3XAVIER, Francisco C. Evolução em dois
mundos. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2007. “Nota ao Lei-
tor”.4______. O consolador. 27. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Questão 302.5SCHUBERT, Suely C. Os poderes da men-
te. Santo André (SP): EBM, 2004.6KARDEC, Allan. A gênese. 51. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2007. Cap. VI, item 19.7______. O livro dos espíritos. 90. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2007.8______. O evangelho segundo o
espiritismo. 24. ed. de bolso. Rio
de Janeiro: FEB, 2007.
Cap. XXV, item 2.9FRANCO, Divaldo P.
Momentos de consciên-
cia. Pelo Espírito
Joanna de Ânge-
lis. Salvador (BA):
LEAL, 1991.
O pensamento é oatributo
característico do Espírito
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s Espíritos esclarecidosalertam continuamente arespeito da fase de transi-
ção que ora vivemos no Planeta.Mensagens recebidas por diferen-tes médiuns trazem incisivas exor-tações sobre a necessidade de prio-rizarmos a nossa melhoria moral,tendo como referência a mensa-
gem cristã. Nos grupos mediúni-cos tornaram-se comuns os rela-tos de Espíritos, inclusive de espí-ritas desencarnados, sobre sofri-mentos, desenganos e dificulda-des enfrentados no Além, motiva-dos por atos, comportamentos eatitudes irrefletidos que, durantea reencarnação, foram considera-dos banais ou de menor gravida-de. Ponderando sobre o assunto,verificamos que o espírita possuitodas as condições para chegar vi-torioso ao plano espiritual, desdeque se submeta ao processo edu-cativo de combate às imperfeiçõese do desenvolvimento de virtudes.
Para tanto, deve definir um planode educação moral, nele perseve-rando conforme orienta o Espiri-tismo: “[...] Não nos referimos,porém, à educação moral pelos li-vros e sim à que
A educação em ummundo de transição
OMA RTA AN T U N E S MO U R A
Em dia com o Espiritismo
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.
Jesus (Mateus, 5:16.)
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consiste na arte de formar oscaracteres, à que incute hábitos,porquanto a educação é o conjuntodos hábitos adquiridos. [...]”.1
A época atual se caracterizapor céleres mudanças, vistas pe-los estudiosos como “crises damudança de paradigma”. O certoé que nos encontramos diantede grandes desafios que atingema intimidade do ser, gerando so-frimento de todo tipo “e impon-do uma nova forma de concebere representar o mundo. Os pro-cessos de criação, interpretaçãoe aprendizagem são capturadospor um mundo telecomunica-cional cada vez mais avançado.A subjetividade humana trans-forma-se completamente com asmediações sociais”,2 analisa o tu-nisiano Pierre Lévy, respeitávelfilósofo da informática.
Partindo do princípio de quesomente pela educação pode oser humano atingir o seu plenodesenvolvimento, transforman-do-se em pessoa de bem, com-preende-se porque os conflitossociais têm entrado em rota decolisão com o modelo educacio-nal vigente. Os inúmeros deba-tes conduzidos por profissionaisda área e as sucessivas reuniõesentre pais, alunos e mestres re-fletem, apenas, alguns sintomasque caracterizam o período detransição. As discussões leigas etécnicas, coletivas e individuais,entre governantes, educadores erepresentantes da sociedade cir-culam em torno de várias ques-tões, deixando de fora o essen-cial, infelizmente.
A melhoria moral do Espírito,que é a questão essencial, nemsempre é considerada com a se-riedade que merece, sendo rele-gada à Filosofia ou à Religião. Aformação moral do indivíduocontinua sendo estrategicamen-te abafada pelos recursos tecno-lógicos ou por métodos e pro-
cessos pedagógicos, teóricos ereducionistas, que camuflam arealidade porque não querem ounão sabem enxergar o indivíduocomo um ser integral, que ante-cede e sobrevive à morte do cor-po físico.
Para nós, espíritas, a questão ébem mais abrangente, uma vezque, ao considerarmos as dimen-
sões físico-espirituais do Espíri-to, entendemos também a im-portância do livre-arbítrio e dalei de causa e efeito no processo,das experiências adquiridas emvidas pregressas, do aprendizadodesenvolvido no plano extrafísi-co e das oportunidades de cres-cimento espiritual favorecidaspela reencarnação. Neste senti-do, Kardec analisa:
[...] Considerando-se o aluvião
de indivíduos que todos os
dias são lançados na torrente
da população, sem princípios,
sem freio e entregues a seus
próprios instintos, serão de
espantar as conseqüências de-
sastrosas que daí decorrem?
Quando essa arte [educação mo-
ral] for conhecida, compreen-
dida e praticada, o homem te-
rá no mundo hábitos de ordem
e de previdência para consigo
mesmo e para com os seus, de
respeito a tudo o que é respeitá-
vel, hábitos que lhe permitirão
atravessar menos penosamente
os maus dias inevitáveis.[...]1
O início do século atualaponta para profundas mudan-ças no antigo modelo de educa-ção, familiar e escolar, em razãodos caracteres apresentados pe-los Espíritos que renascem noPlaneta, somados às conjuntu-ras inerentes ao mundo moder-no. “A ciência educacional clás-sica privilegiava a ordem, a esta-bilidade, ao passo que em todosos níveis de observação reconhe-cemos, agora, o papel primordial
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O início doséculo atualaponta paraprofundasmudançasno antigomodelo deeducação,familiar e
escolar
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das flutuações e da instabilida-de”,3 afirma o cientista russo IlyaPrigogine, Prêmio Nobel de Quí-mica de 1977.
Todas essas considerações nosfazem ver que os conflitos naeducação foram, de certa forma,esperados, sobretudo quando seolha para o passado. O sistemaeducacional vigente tem origemna racionalidade científica dasciências naturais, concebida noséculo XVI. Transformou-se pos-teriormente, no século XIX, nummodelo global de educação,quando absorveu determi-nadas idéias do positivis-mo, filosofia desenvol-vida pelo filósofo fran-cês Auguste Comte(1798-1857). Nas-ceu, assim, a eraem que se deveriapriorizar o cogniti-vo, acima de qual-quer proposta edu-cativa corrente, eignorar os demaisaspectos que integrama complexa personali-dade humana. Neste con-texto, a cartilha educacionalexistente passou a considerarirrelevante tudo o que contra-riasse a regra máxima do positi-vismo, que preconizava o “verpara prever, a fim de prover”. Co-mo conseqüência, a educaçãorevela-se, no século vinte, subs-tancialmente intelectualizada,tecnicista e descompromissadacom valores morais e éticos, pa-drões que devem reger a condutahumana.
As provações e os testemu-nhos, próprios de um mundo detransição, trazem o benefíciode conduzir a Humanidade parauma ampla retomada dos valo-res morais: no lar, na escola e nasociedade. Recentes publicações,seriamente consideradas no meiocientífico, revelam essa tendên-cia, de consciência e de compro-metimento moral com os fins emeios da educação.
Afirma o Espírito Emmanuel:Reparamos, assim, a necessidade
imprescritível da educação para
todos os seres. Lembremo-nos
de que o Eterno Benfeitor, em
sua lição verbal, fixou na forma
imperativa a advertência a que
nos referimos: “Brilhe vossa luz”.
Isso quer dizer que o potencial
de luz do nosso espírito deve
fulgir em sua grandeza plena.
E semelhante feito somente po-
derá ser atingido pela educa-
ção que nos propicie o justo
burilamento.
Mas a educação, com o cultivo
da inteligência e com o aperfei-
çoamento do campo íntimo, em
exaltação de conhecimento e
bondade, saber e virtude, não
será conseguida tão-só à força
de instrução, que se imponha de
fora para dentro, mas sim com
a consciente adesão da vontade
que, em se consagrando ao bem
por si própria, sem constran-
gimento de qualquer na-
tureza, pode libertar e po-
lir o coração, nele plas-
mando a face cristalina
da alma, capaz de re-
fletir a Vida Gloriosa
e transformar, conse-
qüentemente, o cére-
bro em preciosa usina
de energia superior, pro-
jetando reflexos de bele-
za e sublimação.4
Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
90. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Comen-
tário de Kardec à questão 685-a.2LÉVI, P. As tecnologias da inteligência:
o futuro do pensamento na era da in-
formática. Rio de Janeiro: Editora 34,
1993.3PRIGOGINE, I. O fim das certezas: tem-
po, caos e as leis da natureza. São Pau-
lo: Editora da UNESP, 1996. p. 12.4XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento
e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 16. ed.
Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 5, p.29-30.
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1. Introdução
Kardec sempre deixou claro quea Doutrina é dos Espíritos. Masque garantia podemos ter de que aDoutrina é mesmo deles? Comoassegurar-se cientificamente deque os ensinos não são oriundosda mente dos médiuns ou do Co-dificador? Kardec tratou disso aopropor o Método do ControleUniversal do Ensino dos Espíritos(CUEE), que pode ser encontradono 9o parágrafo do item II da“Introdução” de O Evangelho se-gundo o Espiritismo (ESE),1 e naNota do item XXVIII, cap. XXXIde O Livro dos Médiuns (LM).2
Transcrevemos abaixo:“Uma só garantia séria existe
para o ensino dos Espíritos: aconcordância que haja entre as re-velações que eles façam esponta-neamente, servindo-se de grandenúmero de médiuns estranhosuns aos outros e em vários luga-res”. (Definição contida no ESE.)
“A melhor garantia de que umprincípio é a expressão da verdadese encontra em ser ensinado e reve-lado por diferentes Espíritos, com o
concurso de médiuns diversos, des-conhecidos uns dos outros e em lu-gares vários, e em ser, ao demais,confirmado pela razão e sanciona-do pela adesão do maior núme-ro.[...]” (Definição contida no LM.)
Xavier Jr.3 analisou o métodoCUEE comparando-o com o de-senvolvimento histórico das reli-giões e da Ciência, destacandoduas grandes razões de Kardec pa-ra sua existência: i) “garantia paraa unidade futura do Espiritismo [eanulação de] todas as teorias con-traditórias”; e ii) “garantia contraas alterações que poderiam sujei-tar o Espiritismo às seitas que sepropusessem apoderar-se dele emproveito próprio ou acomodá-lo àvontade”. (Parágrafos 14 e 16, itemII, da “Introdução” do ESE.)
Em vista da importância do as-sunto e aproveitando o ensejo dacomemoração do Sesquicentenáriode O Livro dos Espíritos (LE),4 de-senvolvemos uma análise mate-mática do método do CUEE parademonstrar cientificamente o graude certeza nos Espíritos Superio-res na elaboração do LE. Utiliza-mos a Teoria da Probabilidade5 pa-
ra mostrar que o método CUEEgarante que o conteúdo das men-sagens em comum, ou em consen-so, são dos Espíritos e não fruto damente dos médiuns.
2. Análise matemáticado método do CUEE
Nossa análise se baseia na Teo-ria da Probabilidade5 e na influên-cia dos médiuns sobre as mensa-gens mediúnicas. (Vide 7a questãodo item 223, cap. XIX do LM.)
Não se pode, em princípio, de-terminar com precisão o grau deinfluência de um médium sobresuas comunicações mediúnicas.Podemos, porém, fazer estimati-vas. Assumiremos, então, valoresprobabilísticos para essa influên-cia. Assim, quando dissermos, porexemplo, que um médium é “de50% de influência”, estamos que-rendo dizer que a mensagem rece-bida por ele(a) contém 50% deidéias de sua própria mente, e 50%de idéias do Espírito comunicante.Os “50% de influência” incluemtodas as causas possíveis como oestado emocional do médium; sua
Homenagem aosdo Espiritismo150 anos
Uma análise matemática do Método do Controle Universaldo Ensino dos Espíritos
AL E X A N D R E FO N T E S DA FO N S E C A
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afinidade com o Espírito comuni-cante; discordância da idéia do Es-pírito, etc. (Vide cap. XIX do LM.)
Suponhamos que temos, à nos-sa disposição, um médium de 50%de influência e formulamos umaquestão aos Espíritos. A mensagemque recebermos desse médium terá50% de idéias próprias e 50% deidéias do Espírito. Suponhamosque temos, agora, DOIS médiunsde 50% de influência e que formu-lamos a MESMA questão para osEspíritos responderem por inter-médio dos DOIS médiuns, semque um saiba do outro (médiunsdiferentes, de lugares diferentes).Suponhamos que, mesmo haven-do diferenças no estilo e na formadas duas mensagens, identificamosuma idéia em comum. Essa idéiaem comum é o que chamamos deconsenso. Qual a chance da idéiaem comum ser dos Espíritos e nãoo resultado de uma coincidênciana influência de cada um dosmédiuns?
Para responder essa questão uti-lizaremos a Teoria da Probabilida-de.5 Ela diz que a probabilidade deocorrência de dois eventos inde-pendentes entre si (isto é, onde um
não é condição para ocorrência dooutro) é o produto das probabilida-des isoladas de cada uma das ocor-rências. Como estamos analisandoum caso em que houve um consen-so nas mensagens dos Espíritos, en-tão, os únicos eventos independen-tes entre si são a influência indivi-dual de cada médium sobre a men-sagem que recebeu. Se escolhemosmédiuns diferentes, de diferenteslocalidades, garantimos que nãohá nenhuma ligação entre eles e,conseqüentemente, a influência deum médium sobre a sua comunica-ção será totalmente independente dainfluência do outro. Assim, pode-mos dizer que a probabilidade daidéia em comum ser o resultado deuma coincidência nas influênciasdos médiuns é o produto das pro-babilidades isoladas de influênciade cada médium. Assim, em nossoexemplo, onde cada médium é de50% de influência, a probabilidadeda idéia em comum ser dos médiunsé o produto 1/2 x 1/2 = 1/4 ou 25%(50% é igual a 50 dividido por 100que é igual à fração 1/2). Portanto,a probabilidade da idéia em comumnão ser influência dos médiuns e,conseqüentemente, ser dos Espíri-
tos é o que falta para completar os100%, ou seja, 1 - 1/4 = 3/4 ou 75%.
Se usarmos três médiuns de in-fluência de 50%, e obtivermos umconsenso nas mensagens, teremoso produto das três probabilidadesindividuais de cada médium, ouseja, 1/2 x 1/2 x 1/2 = 1/8 = 12,5%,para que essa idéia seja dos mé-diuns, e 1 - 1/8 = 3/8 ou 87,5%da idéia ser dos Espíritos.
Essa análise pode ser generali-zada para os casos de médiuns quepossuem outros valores de proba-bilidades de influência. Se repre-sentarmos por PM a probabilida-de individual de cada médium in-fluenciar uma mensagem, e porPE a probabilidade da idéia em co-mum, obtida por todos os mé-diuns, ser dos Espíritos, então, apli-cando-se a Teoria da Probabilida-de, obtemos a seguinte expressão:
PE = 1 - (PM)N, (1) onde N é onúmero de médiuns utilizados.
Entretanto, como não sabemoso valor preciso de PM de cada mé-dium, que utilidade teria a análiseacima? Conforme veremos a se-guir, ela permite estimar o grau deconfiança no ensino dos Espíritosno processo de codificação.
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Analisemos, agora, a seguintesituação. Suponhamos que temosà nossa disposição médiuns de in-fluência grande, algo em torno de80% (bem pior do que o caso an-terior de 50%). Queremos saber oseguinte: quantos médiuns de in-fluência de 80% são necessários nométodo do CUEE para que eu te-nha uma garantia de 90% de que aIDÉIA EM COMUM é dos Espíri-tos e não dos médiuns? Para res-ponder a essa pergunta, nós preci-samos de uma outra equação quepode ser obtida a partir da equa-ção (1), de modo a obtermos ovalor de N:
N = Log(1 - PE) / Log(PM), (2)onde “Log” é a função logaritmosimples. O leitor não precisa sepreocupar com os detalhes mate-máticos referentes à obtenção daequação (2), mas apenas acompa-nhar o raciocínio. Substituindo osvalores PM = 0,8 (= 80%) e PE =0,9 (= 90%), obtemos N = 10,3.Isto é, se usarmos N = 11 médiunsde influência de até 80%, pode-mos garantir com MAIS DE 90%DE CERTEZA, que uma idéia emcomum presente nas 11 mensa-gens (uma de cada médium) é dosEspíritos.
3. A elaboração de O Livro dos Espíritos4
A utilização do método doCUEE é mencionada por Kardecem diversos lugares, porém, semmuitos detalhes sobre o númerode médiuns utilizados. Kardec falada aplicação do CUEE após apublicação do LE (parágrafos 13 e
14, item II do ESE). Mas, acercado que ocorreu durante o proces-so de elaboração do LE, na RevistaEspírita,6 Kardec diz: “[...] Tudofoi obtido pela escrita, por inter-médio de DIVERSOS MÉDIUNSpsicógrafos. [...]”. (Grifos emmaiúsculas, nossos.) Essa coloca-ção mostra que Kardec usou vá-rios médiuns, mas ainda não in-forma a quantidade utilizada.
Porém, no capítulo “A minhaprimeira iniciação no Espiritis-mo” de Obras Póstumas,7 Kardecdiz: “[...]sempre que se apresenta-va ocasião eu a aproveitava parapropor algumas das questões queme pareciam mais espinhosas. Foiassim que MAIS DE DEZ MÉ-DIUNS PRESTARAM CONCUR-SO a esse trabalho. Da compara-ção e da fusão de todas as respos-tas, coordenadas, classificadas emuitas vezes retocadas no silêncioda meditação, foi que elaborei aprimeira edição de O Livro dos Es-píritos, entregue à publicidade em18 de abril de 1857”. (Grifos emmaiúsculas, nossos.)
Se Kardec usou mais de dez mé-diuns e se mostramos que 11 mé-diuns relativamente ruins (de in-fluência de 80%) são suficientespara dar 90% de certeza de que osensinos são dos Espíritos, podemosafirmar com segurança que o con-teúdo do LE tem mais do que 90%de garantia. Se adicionarmos ànossa análise o elevado nível decoerência, consistência e sabedoriapresentes no conjunto da obra, so-mos forçados a admitir que o LE éa expressão mais fidedigna do pen-samento dos Espíritos Superiores.
4. Conclusão
Neste artigo, demonstramosmatematicamente o grau de con-fiança do LE como fruto do ensi-namento dos Espíritos Superiores.Empregamos a Teoria da Probabi-lidade para estimar a influênciados médiuns sobre as comunica-ções mediúnicas nos casos de con-senso. Obtemos uma expressãoque permite avaliar o grau deconfiança de que o conteúdo dasidéias em comum são dos Espíritose não da mente dos médiuns.
Diante das comemorações doSesquicentenário da publicaçãodo LE, acreditamos estar prestan-do justa homenagem, apresentandouma análise científica legítima dométodo do CUEE.
Referências:1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o es-
piritismo. 126. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. 2______. O livro dos médiuns. 79. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2007.3XAVIER A. L. Jr. Considerações sobre as
idéias de verdade e controvérsias em tor-
no dos ensinos dos Espíritos. Boletim do
GEAE, n. 367, 1999. Disponível em: http://
www.geae.inf.br/pt/boletins/geae367.html 4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 90.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.5http://en.wikipedia.org/wiki/Probability
_theory (Escolhemos o link em inglês por
estar muito mais completo que a versão
em português.)6KARDEC, Allan. Revista espírita, Jornal
de estudos psicológicos, Ano I. Janeiro de
1858, “O Livro dos Espíritos”, p. 31. Edicel.7______. Obras póstumas. 39. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. p. 301.
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ealiza-se no Rio de Janeiro, de 8 a 13 do cor-rente mês, o 42o Congresso Brasileiro de Es-peranto, em que se comemoram os 100 anos
de existência da Liga Brasileira de Esperanto.Nascida do esforço pioneiro dos membros do
Brazila Klubo de Esperanto(Clube de Esperanto do Bra-sil), criado em 29 de junhode 1906, a fundação da Ligaresultou de decisão do 1o
Congresso Brasileiro de Es-peranto, ocorrido no Rio deJaneiro em julho de 1907,tendo, como primeiros dire-tores, Everardo Backeuser(presidente), Reynaldo Geyer(secretário) e Manuel PaivaAraújo (tesoureiro).
Enfrentando com valor eperseverança todos os áspe-ros obstáculos que semprese levantam contra os ideaisde progresso, a Liga temcumprido o objetivo princi-pal de coordenar o Movi-mento do Esperanto no Bra-sil, dedicando-se, sem quais-quer desvios, ao ensino, divulgação e uso do es-peranto por meio de cursos, edição de livros, pro-paganda na imprensa, no rádio, televisão e In-ternet.
Nela serviram, entre tantos eminentes valoresdo esperantismo, as ilustres figuras de J. B. de
Mello e Souza, Daltro Santos, Carlos Domingues,Jozefo Joels, Porto Carreiro Neto e Ismael GomesBraga.
O 42o Congresso Brasileiro de Esperanto temcomo tema justamente os 100 anos de existência
do Movimento conduzidopela Liga e suas estratégiascom vistas ao futuro. De suarica programação constam,entre outras atividades, pa-lestras sobre Meditação,Religião, Lingüística, Vege-tarianismo, Música, Litera-tura, Informática, Espiritis-mo, Biologia, Ecumenismo,Psicologia e o Sesquicente-nário do Espiritismo.
A FEB participará concre-tamente desse Jubileu, pro-movendo, no dia 10 de julhoàs 17 horas, juntamente coma Sociedade Editora EspíritaF. V. Lorenz, um encontro dosparticipantes – espíritas enão espíritas – no Salão deConferências de sua SedeHistórica, na Av. Passos no 30,
cujo ponto alto será a preleção do presidente NestorJoão Masotti sobre o tema “Evangelho, Espiritismo,Esperanto – FEB e Lorenz de mãos dadas”.
Comporão a Mesa de trabalhos o diretor AffonsoSoares, o Cel. César Reis, presidente da Capemi, o Cel.Danilo Villela, presidente do Lar Fabiano de Cristo, e
A FEB no Centenário do Movimento Esperantista Brasileiro
RAF F O N S O SOA R E S
Cartaz de divulgação do 42º CongressoBrasileiro de Esperanto
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A FEB e o Esperanto
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o Cel. Robinson Mattos, presi-dente da Sociedade Lorenz.
Durante a solenidade, serálida mensagem de Renato Cor-setti, presidente da AssociaçãoUniversal de Esperanto (Rotter-dam, Holanda), dirigida espe-cialmente ao presidente Masotti,extensiva aos congressistas pre-sentes. Em próximo númeroapresentaremos a fraterna men-sagem em sua íntegra, mas delajá antecipamos o seguinte e bemsignificativo trecho:
“[...] em verdade, semprecultivo – e não apenas faço di-vulgar – um grande respeito
por homens e movimentos es-pirituais como o vosso, que in-vestigam outras dimensões damente humana e ajudam as cria-turas em outras áreas além docampo lingüístico.
[...] Na comunidade do Espe-ranto, o Espiritismo é conheci-do e respeitado, constituindo-seem parte integrante de nossacultura”.
O evento na Av. Passos seráfranqueado ao público em ge-ral, sem necessidade de convitenem de adesão formal ao 42o
Congresso Brasileiro de Espe-ranto.
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Uma voz. Duas Vozes. Outras vozes.Milhões de vozes. Cosmopolitismos.Gritos de feras em paroxismos,Uivando subjugadas e ferozes.
É a voz humana em intérminas nevroses,Seja nas concepções dos ateísmos,Ou mesmo vinculada a gnosticismosNos singultos preagônicos, atrozes.
É nessa eterna súplica angustiadaQue eu vejo a dor em gozos, insaciada,Nutrir-se de famélicos prazeres.
A dor, que gargalhando em nossas dores,É a obreira que tece os esplendoresDa evolução onímoda dos seres.
Eksonas vo/’; du, tri, da vo/oj centojkaj milionoj. Kosmopolitismoj.Sova1bestar’ sub jug’, en paroksismoj,ululas dum la furioz-momentoj.
La homa vo/’ estas ne9roz-lamentoj,jen en konceptoj de la ateismoj,jen e/ ligite al la gnostikismojen la singultaj agoni-turmentoj.
Mi en peteg’ eterna tiu vidaske la doloro /iam pli avidas,nesatigebla de l’ plezur’ per 1uo.
Sed la dolor’, en nia 1em’ ridante,laboras kaj teksadas, tre konstante,la brilon de la kosma evoluo.
Voz humana Homa Vo/o
Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 128. EdiçãoComemorativa – 70 anos. Tradução para o esperanto de Francisco Valdomiro Lorenz em Vo/oj de poetoj el la spirita mondo. 2. ed.Rio de Janeiro: FEB, 1987. p. 13o.
Augusto dos Anjos
Cartaz alusivo ao evento na FEB-Rio
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História da Era Apostólica(Século I) – Parte II
Cristianismo Redivivo
rosseguindo em nossa jor-nada pelas estradas do Cris-tianismo do primeiro sécu-
lo, torna-se necessário esclarecer oestado atual da pesquisa acadêmi-ca, fazendo um balanço dos seusavanços e retrocessos nos últimostrês séculos, antes de relacioná-la
com as revelações da Espirituali-dade Superior.
Duas razões justificam esseprocedimento. De um lado, aconstatação de que foram propos-tas, ao longo do tempo, as maioresextravagâncias com relação à pes-quisa da vida de Jesus, “com oserros do passado sendo repetidos
por novos escritores afoi-tos”, na feliz expres-
são de John Meier,exigindo do leitor alta
dose de senso crítico,antes de defender essa
ou aquela idéia. De ou-tro lado, o reconheci-
mento de que as obras mediúni-cas, igualmente, reclamam exameacurado, para que não se adotepostura mística incompatível coma fé raciocinada.
Corroborando nossas asserti-vas, a advertência de Emmanuel éprovidencial.
Além do túmulo, o Espírito
desencarnado não encontra
os milagres da sabedoria, e as
novas realidades do plano
imortalista transcendem aos
quadros do conhecimento con-
temporâneo, conservando-se nu-
ma esfera quase inacessível às
cogitações humanas, escapan-
do, pois, às nossas possibili-
dades de exposição, em face
da ausência de comparações
analógicas, único meio de
impressão na tábua de valores
P
“Do Jesus revolucionário e violento ao Jesus mago e folgazão, do fanático apocalíptico ao mestre de sabedoria ou filósofo cínico e indiferente à escatologia,qualquer situação que se possa conceber, qualquer teoria extrema que se possaimaginar já foram há muito propostas, com as posições antagônicas anulando-se
mutuamente e com os erros do passado sendo repetidos por novos escritoresafoitos. Num certo sentido, existem tantos ‘livros sobre Jesus’ que dariam paratrês vidas, e um budista pecador poderia muito bem ser condenado a passar as
próximas três encarnações lendo-os todos.”1
HA RO L D O DU T R A DI A S
1MEIER, John P. Um judeumarginal: repensando o Jesushistórico. 3. ed. Rio de Janei-ro: Imago, 1993. p. 13.
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restritos da mente humana.2
(Destaque do autor)
Assim, ao combinar revelaçãomediúnica e pesquisa histórica, tor-na-se essencial definir quais autoresserão consultados, tanto no planofísico quanto no plano espiritual.
Do ponto de vista espiritual, pri-vilegiamos a Codificação e a produ-ção mediúnica de Francisco Cân-dido Xavier, sem que isso represen-te qualquer menosprezo de nossaparte a outros médiuns confiáveise honrados. O motivo da escolhase deve à especificidade do temaem estudo, mais amplamente de-senvolvido neste conjunto de obras.
Com relação aos trabalhos aca-dêmicos, a questão se torna maistormentosa. A investigação histó-rica sobre Jesus e sobre o Cristia-nismo do primeiro século, comotodo trabalho científico, apresentafases de desenvolvimento, refle-tindo o progresso da pesquisa.Nesse sentido, é imperioso saber aque fase pertence determinadoautor, sob pena de se tomar comoverdade conclusões que já foramamplamente rechaçadas pela ge-ração posterior de estudiosos.
Vê-se que o desafio será, a cadapasso, conjugar revelação espiri-tual segura com pesquisa históri-ca atualizada, séria, embasada.
Feitas essas considerações, fare-mos um breve resumo das fasesda pesquisa sobre o CristianismoPrimitivo, apontando os autores
mais representativos de cada eta-pa, suas propostas, conclusões, er-ros e acertos. Mãos a obra!
Primeira Fase:Nos domínios daOralidade
Nos três primeiros séculos doCristianismo, a busca pelo “Jesushistórico” era realizada junto àstestemunhas oculares, que ha-viam presenciado seus feitos, suasprédicas, seu sacrifício extremo.Todos queriam beber na fonte datradição apostólica. O material deconsulta disponível era fruto danarrativa dos apóstolos e dosdemais seguidores do Mestre,bem como do testemunho dos be-neficiários das curas, dos mila-gres, enfim, das confidências detodas as pessoas simples e anôni-mas que tiveram o privilégio docontato direto com o Cristo.
Nessa época, a história do Cris-tianismo Primitivo estava sendoconstruída, ao preço do sacrifício
e da renúncia. Muitas vidas foramceifadas para que a luz da Boa No-va pudesse atravessar os séculos.Com o sangue do martírio foramtraçadas as mais belas páginasdesta epopéia.
Neste quadro de perseguição, écompreensível o pouco interessepela sistematização da história doCristianismo. Coube a Lucas, soba orientação de Paulo de Tarso,dar os primeiros passos, compon-do dois livros: O Evangelho e Atosdos Apóstolos. Todavia, o objetivodeste autor, com a redação destasobras, é mais de um evangelizadordo que de um historiador. Nempoderia ser diferente.
Com a conversão do imperadorConstantino (ano 312 d.C.), oCristianismo se torna a religiãooficial do Império Romano. Noentanto, as autoridades da épocaenfrentam um problema crucialpara a sobrevivência dessa aliança.Como conciliar a simplicidade epureza daquele movimento, cujofundador fora um galileu humilde,
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2XAVIER, Francisco C. O consolador. PeloEspírito Emmanuel. 27. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2007. “Definição”, p. 20.
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que vivera nas margens do Tibe-ríades, com a pompa do Império?Como harmonizar os aspectos es-sencialmente judaicos da Boa No-va, resultado de mais de dois milanos de história do povo hebreu,com a cultura greco-romana?
Por fim, como estabelecer o mo-noteísmo onde vigorava o culto aosdeuses tutelares da família, da agri-cultura, da raça? A Igreja Romanafoi a resposta, historicamente bem--sucedida, para essas indagações.
A institucionalização das igre-jas, o estabelecimento do papado, apompa emprestada ao culto, a pro-liferação de imagens e rituais apla-cou a sede greco-romana dos cida-dãos do Império, convertidos aomovimento do Profeta de Nazaré,não obstante sua doutrina tenhasido completamente descaracteri-
zada, sobretudo em razão do rom-pimento total com as suas origens.
No período compreendido en-tre o ano 400-1700 d.C., o profetagalileu, simples e austero, bondo-so e justo, considerado pelos seuscontemporâneos como o Messiasde Israel, foi transformado emuma das pessoas da Trindade, aomesmo tempo Filho e Pai, feito damesma substância do Criador. Umverdadeiro Deus, à moda dos deu-ses gregos Zeus, Apolo, Hermes.
Esse “endeusamento” da figurado Cristo estancou a busca pelassuas origens, sua cultura, seus en-sinos. Nessa época, vigorava amais absoluta confusão entre o“Jesus histórico” e o “Jesus da fé”.Adorado como o Deus encarna-do, nenhum estudioso tinha ta-manha autonomia intelectual pa-
ra transformar esse personagemem objeto de pesquisa histórica,nem coragem para enfrentar asfogueiras da Inquisição.
Num mundo de escassos perga-minhos e reduzidos leitores, de he-gemonia da tradição oral, de con-fusão entre Religião e Estado, nãoseria de se admirar que a aborda-gem objetiva, imparcial, criteriosada vida de Jesus fosse uma utopia.
Essa primeira fase, cuja dura-ção atingiu a marca dos dezes-sete séculos, pode muito bem sercompreendida como a etapa daabordagem puramente religiosae teológica. Não havia Ciência, talcomo é hoje compreendida, ra-zão pela qual crença e precon-ceito, opinião e certeza, freqüen-temente, se misturam, exigindoprudência.
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Dando continuidade à feliz e pro-dutiva parceria entre a FederaçãoEspírita Brasileira (FEB) e o Con-selho Espírita do Estado do Rio deJaneiro (CEERJ), aconteceu o semi-nário “Perispírito e Mediunidade”,no dia 19 de maio, na Sede Históricada FEB, no Rio de Janeiro.
O seminário, das 9 às 16 horas,foi apresentado por Zalmino Zim-mermann, presidente da Associa-ção Brasileira dos Magistrados Es-píritas (Abrame); além dele, com-puseram a mesa-diretora JuvanirBorges de Souza, ex-presidente daFEB, que conduziu o evento, eAloísio Ghiggino, diretor de Unifi-cação do CEERJ.
Durante o trabalho, importantespontos doutrinários foram tratados,
relativos a Perispírito: definição,estrutura, provas de sua existência,suas propriedades, suas funções, en-tre outros. A seguir, foi enfocada aMediunidade em seus diversos as-pectos: conceito, tipos, o transe eseus diversos níveis, sonambulismo,a educação mediúnica, o processomediúnico nos vários tipos de co-municação, a obsessão e a desobses-são. Tudo entremeado de relatos defatos ocorridos, que enriqueceram aexposição e motivaram sobremanei-ra o público presente.
Esse interesse ficou demonstra-do pelo grande número de pes-
soas que lotaram o auditórioda FEB – cerca de quinhen-
tas – tornando patente a impor-tância do evento e a boa receptivi-dade por parte dos espíritas doEstado do Rio de Janeiro.
Numerosas perguntas foramendereçadas ao expositor, com seufoco principal sobre a natureza doperispírito e sua ação, e tambémacerca de conceitos e atitudes du-rante a tarefa mediúnica,o que trou-xe a possibilidade de muitos escla-recimentos.
Cada vez mais se verifica o valordesses seminários, que estão sendorealizados mensalmente pela FEB,em parceria com o CEERJ, dianteda confraternização entre os espí-ritas locais, e dos esclarecimentosseguros que ali são recolhidos, diri-mindo possíveis dúvidas e cada vezmais clareando o caminho para avivência da Doutrina Espírita.
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Aspecto parcial do público na Sede Seccional da FEB no Rio de Janeiro
ZalminoZimmermann expõe seu tema
Seminário sobre“Perispírito e Mediunidade”
na FEB-RIO
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A comemoração mundial pelos150 anos de publicação de O Livrodos Espíritos – o Sesquicentenárioda Doutrina Espírita – será o 5o
Congresso Espírita Mundial, pro-movido pelo Conselho EspíritaInternacional e realizado pelaConfederação Espírita Colom-biana, com o apoio da Federa-ção Espírita da Costa Atlântica.O evento ocorrerá em Cartagenade Índias (Colômbia), de 10 a 13de outubro de 2007 e terá comotema central “Doutrina Espírita:150 Anos de Luz e Paz”. O Con-gresso realiza-se no Centro deConvenções de Cartagena de Ín-dias, junto ao Centro Históricoda tradicional cidade, costumei-ramente sede dos mais impor-tantes eventos nacionais e inter-nacionais da Colômbia.
O Congresso será somentepara jovens e adultos. Não have-rá programação para crianças. Émuito importante que a inscri-ção e a reserva de hotel sejamfeitas o mais breve possível a fimde garantir sua hospedagem. Nãodeixe para a última hora.
A inscrição pode ser realiza-da em qualquer lugar do mun-do por meio da página eletrônica:
www.consejoespirita.com/portal,e também pagar a inscrição pormeio de transferência bancária oucartão de crédito.
No Brasil: o interessado poderáfazer sua inscrição enviando via
e-mail sua solicitação e pagamen-to à Secretaria Geral do CEI (a/cZildete Rodrigues), pelo e-mail:spiritist@spiritist.org
Somente a agência de viagens
oficial do Congresso (Gematours),fará as reservas de hotéis, poisCartagena é a cidade onde se rea-liza a maioria dos congressos naColômbia. Por meio da agênciade viagens é possível conseguir-se
tarifa especial para os congres-sistas e vagas mais seguras econfirmadas. A Avianca é acompanhia aérea oficial para oCongresso, oferecendo descon-to especial através do códigoGN001. No entanto, há liberda-de de escolher qualquer outromeio de transporte. A pessoaencarregada em Gematours pa-ra essa coordenação é: IvonneCarleo (ivonnecarleo@gema-tours.com – telefone: (57-5)660-2499 / 660-1625; celular:(57) 315 733 3681; FAX: (57-5)660-1624/ 660 2501).
Para os residentes no Brasil aagência RW Turismo foi desig-nada como agência oficial deviagens, cuja página eletrônicaé: www.rwturismo.com.brMais informações podem ser
obtidas na página:www.consejoespirita.comPelo correio eletrônico:5congreso@consejoespir i-
ta.com
5o CongressoEspírita Mundial
Cartaz do Congresso que ocorreráem Cartagena de Índias, Colômbia
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entre as várias finalidadesdo Centro Espírita (C. E.),duas pontificam: pronto-
-socorro e escola, para Espíritosencarnados e desencarnados.
No primeiro caso, balsamizan-do angústias, desfazendo aflições,desatando nós morais – ofertan-do amparo e ensinando a per-doar e a amar.
No segundo, proporcionandodoutrinariamente vários cursos,seminários, encontros, palestrase orientações cristãs.
Num e noutro caso, mostran-do novos caminhos, sugerindoreformulação comportamental,demonstrando o valor do apren-dizado e prática das lições deJesus.
É-nos lícito crer que, por re-verberação, tanto a estruturaquanto o alcance desses laboresse desdobram entre os dois pla-nos: o espiritual e o material.
Mas, a par dessa abençoadagama de atividades do C. E., ou-tra há que se constitui em incom-parável disponibilização de ferra-mentas evolutivas: a biblioteca!
Com efeito, a biblioteca do eno C. E. tem por destinação ofer-
tar gratuitamente aos interessa-dos fontes documentais (livro,prioritariamente), para consulta,estudo e pesquisa.
Naturalmente, no acervo lite-rário devem prevalecer “as cha-madas obras básicas do Espiritis-mo (todos os livros de Allan Kar-dec e a Revista Espírita) e os con-siderados clássicos, escritos nofinal do século passado [XIX] eprincípio deste [XX], que conti-nuam sendo publicados pela edi-tora da FEB [...].”2
Indispensáveis, também, as
D
1VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. PeloEspírito André Luiz. 30. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2006. Cap. 41, p. 139.
2SOBRINHO, Geraldo C. Biblioteca espíri-ta. Rio de Janeiro: FEB, 1996. Cap. 4, p. 17.
Biblioteca noCentro Espírita
“A biblioteca espírita é viveiro de luz.”1
EU R Í P E D E S KÜ H L
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obras mediúnicas (como as psi-cografadas por Francisco C. Xa-vier, Divaldo P. Franco, YvonneA. Pereira, além de outros mé-diuns) e não mediúnicas – todascomplementares, desde que em-basadas nas obras que trouxerama Doutrina dos Espíritos ao nos-so planeta – a Codificação do Espiritismo.
Uma biblioteca espírita, parase constituir, na ausência de re-cursos financeiros, poderá ini-ciar-se através das campanhas dedoação de livros junto aos fre-qüentadores e os amigos e co-nhecidos destes. Muitos são osbons livros espíritas (e não só es-píritas) que depois de lidos “dor-
mem” nas estantes das casas... Porque não doá-los ao C. E.?
Outra fonte para angariar li-vros pode ser por troca, desdeque haja exemplares em excesso.
Tive o prazer de organizar einformatizar bibliotecas em vá-rios centros espíritas. A valia queme restou disso é incalculável,pois me senti privilegiado, porviver e conviver em meio a tan-tos livros, de muitos dos quaisjamais suspeitara a sublimidadedo conteúdo. Reunindo minha re-gular experiência em bibliotecasespíritas, resolvi elaborar um “Ma-nual da Biblioteca”, o qual está naInternet, à disposição dos inte-ressados, no site da Editora PETIT:www. petit.com.br Informo ain-da que também a Editora Aliança(www.alianca.org.br) tem materialgrátis para os C. E. interessados,para formação, ou para amplia-ção da biblioteca espírita.
Apenas como simples suges-
tão, eis alguns detalhes que apre-sento à biblioteca do C. E.:
– afixar no quadro de aviso doC. E. os horários de funciona-mento da biblioteca;
– distribuir aos freqüentado-res do C. E. folhetos com divul-gação do acervo e as normas pa-ra utilização, empréstimo e de-volução de livros;
– para encapar livros (se for ocaso) usar apenas plástico trans-parente, pois é fundamental queo leitor veja a obra; poucas pes-soas desconhecem que a capa dolivro é uma das etapas mais difí-ceis da sua edição e por vezesdemanda incontáveis sugestõesde especialistas, até que uma sejaaprovada...
– não encapsular o livro noplástico transparente pois isso im-pedirá que o leitor possa folheá--lo; geralmente, é quando abertoao acaso e lido um único parágra-fo que o livro “fisga” o leitor...
– com exceção das obras de es-tudo, não há necessidade de maisde dois ou três exemplares de ca-da título, pois do contrário pode-rá faltar espaço nas estantes;
– as chamadas obras raras,3 asde estudo, CDs ou DVDs, cole-ções em geral, não devem sair dabiblioteca ou do C. E. – ideal éque sejam consultadas na pró-pria biblioteca ou em outra de-pendência do C. E.; assim, não
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É fundamental que todos oslivros estejam catalogadose etiquetados
3Obras raras: material bibliográfico devalor inestimável, pela antigüidade, pri-meira edições, esgotamento de edições,exemplares autografados pelo autor, obrasde tiragem reduzida além de outros crité-rios de raridade.
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deverá haver empréstimo domi-ciliar desse material;
– o C. E. deverá elaborar pro-grama de divulgação e comentá-rios permanentes sobre o acervoliterário disponível, com isso in-centivando a leitura de boasobras;
– o selecionador dos livros queirão constituir o acervo deveráser pessoa de razoável conheci-mento do Espiritismo; aliás, oideal é que haja uma comissãopara essa delicada tarefa...
– deverá ser designado(a) vo-luntário(a) para administrar oregistro (catalogação), o emprés-timo e a devolução de obras doacervo literário; poderá ser umdos selecionadores;
– o mercado editorial espíritaestá muito dinâmico atualmentee assim o responsável pela biblio-teca deverá acompanhar os novoslançamentos e se possível conhe-cer o que a mídia espírita informasobre eles; muitos são os periódi-cos que trazem comentários indi-viduais de livros espíritas;
– é fundamental que todos oslivros estejam devidamente cata-logados, registrados e etiqueta-dos; hoje em dia a informáticafacilita bastante essa tarefa;
– os livros devem estar à vistae em ordem alfabética de título,começando do alto da estantepara baixo, e sempre da esquerdapara a direita;
– é aconselhável que cadaexemplar seja carimbado, identi-ficando-o como propriedade dabiblioteca do C. E.; vários são oscritérios para carimbação; cada
C. E. deverá optar por um, quepode ser logo na primeira pági-na, na primeira e na última, ousempre na página 20, ou na 30,etc.; carimbar, porém, sempre nocanto inferior direito da páginaescolhida;
– havendo disponibilidade emespaço e pessoal, o C. E. poderáorganizar biblioteca infantil, pa-ralela ou inserida na própria bi-blioteca geral;
– periodicamente (a cada seismeses, por exemplo) os livros de-verão ser retirados das estantes elimpos com uma flanela umede-cida com álcool: eliminação depoeira, ácaros, traça, etc.
Encerro, louvando os livrosespíritas que, decisivamente, são
autênticas bússolas para roteirosde renovação moral. E como seestá comemorando o Sesquicen-tenário do livro espírita númeroum – O Livro dos Espíritos –,meu pensamento volve a 18 deabril de 1857, data do seu lança-mento, qual autêntica “Certidãode Nascimento” do Espiritismo.Tamanha e tanta é a luz que ema-na dessa obra, que dela reveren-cio seu autor fundamental: oMestre Jesus, que incumbiu seusprepostos de repassarem a AllanKardec as respostas que ilumina-riam a dúvida humana, consubs-tanciada nas reflexões filosóficasde todos os tempos: de ondevim, a que estou, para onde ecomo irei?
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O LivroEi-lo! Facho de amor que, redivivo, assomaDesde a taba feroz em folhas de granito,Da Índia misteriosa e dos louros do EgitoAo fausto senhoril de Cartago e de Roma!
Vaso revelador retendo o excelso aromaDo pensamento a erguer-se esplêndido e bendito,O Livro é o coração do tempo no Infinito,Em que a idéia imortal se renova e retoma.
Companheiro fiel da virtude e da História,Guia das gerações na vida transitória,É o nume apostolar que governa o destino;
Com Hermes e Moisés, com Zoroastro e Buda,Pensa, corrige, ensina, experimenta, estuda,E brilha com Jesus no Evangelho Divino.
Fonte: XAVIER, Francisco C. Parnaso de além-túmulo. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. p. 411. Edição Comemorativa – 70 anos.
Olavo Bilac
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São Paulo: 60 anos de USEA União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE) comemorou os 60 anos de fundação emreunião do Conselho Deliberativo Estadual, em SãoPaulo, no dia 10 de junho de 2007. Foram homena-geados no evento os cinco ex-presidentes NestorJoão Masotti, Antonio Schilliró, Nedyr Mendes daRocha, Antonio Cesar Perri de Carvalho e AttílioCampanini. Ainda foram tratadas programaçõessobre o Sesquicentenário e a implementação do“Plano de Trabalho para o Movimento Espírita Bra-sileiro (2007-2012)”.
Colômbia: Congresso de DirigentesA Confederação Espírita Colombiana (CONFECOL)promoveu o VIII Congresso Colombiano de Diri-gentes Espíritas, em Bogotá, nos dias 19 e 20 de maiode 2007, tendo como tema central “Pureza Doutriná-ria no Movimento Espírita”. Este foi subdividido nosseminários: “Pureza Doutrinária e Difusão Espírita”,por Antonio Cesar Perri de Carvalho e Marco Leite(Brasil); “Pureza Doutrinária na Educação Mediúni-ca”, por Jorge Berrio Bustillo e Carmem Cardona(Colômbia); “Pureza Doutrinária na Assistência Es-piritual”, por Emiro Navarro e Ubaldo Rodriguez(Colômbia). O Congresso foi coordenado pelo presi-dente da CONFECOL Germán Téllez Espinosa, econtou com saudação de Cesar Perri, como diretorda FEB e representante do secretário-geral do Con-selho Espírita Internacional.
Amazonas: Confraternização dos EspíritasNos dias 7 e 8 de junho, a Federação Espírita Amazo-nense promoveu a CONEAM 2007 – Confraterni-zação dos Espíritas do Amazonas –, nas dependên-cias do Instituto Denizard Rivail, em Manaus. ACONEAM teve como tema principal “Força Sexualda Alma”.
Distrito Federal: Seminário e CinedebateNo dia 16 de junho, a Federação Espírita do Distrito
Federal (FEDF) promoveu o seminário “A arte deeducar a adolescência”, destinado a trabalhadores doDepartamento de Infância e Juventude e a pais, coor-denado por Alberto Almeida.
A Comunhão Espírita de Brasília realizou o Ci-nedebate do filme “Quem Somos Nós?” no dia 25de maio. O documentário trata de uma viagemcuriosa através da própria mente.
Congresso Médico-EspíritaNos dias 7, 8 e 9 de junho ocorreu em São Paulo (SP)o MEDINESP 2007 – Congresso da AssociaçãoMédico-Espírita do Brasil e da AME-Internacional.O evento teve como tema “150 anos em busca daintegração corpo–mente–espírito” e contou com aparticipação de mais de 40 expositores nacionais ecinco expositores internacionais, provenientes daEuropa, Estados Unidos e América Latina. Informa-ções: www.amebrasil.org.br
Inglaterra: Congresso de Medicina eEspiritualidade
A British Union of Spiritist Societies (BUSS), com oapoio da Associação Médico-Espírita Internacional,e do Conselho Espírita Internacional, realizou o 1o
Congresso Britânico de Medicina e Espiritualidade,em Londres, nos dias 30 de junho e 1o de julho, coma participação de especialistas de diferentes áreas daMedicina e da pesquisa. “Espiritualidade, religiosida-de na avaliação médica”, “Corpo vital e corpo astral”,“150 anos do Espiritismo” e “Vida e trabalho literá-rio de Chico Xavier” foram alguns dos temas trata-dos durante o Congresso.
Cataguases (MG): Amostra EspíritaA Aliança Municipal Espírita de Cataguases pro-move, de 20 a 22 de julho corrente, a Feira deAmostra Espírita de Cataguases (FAECA), em ho-menagem aos 150 anos da Doutrina Espírita. O even-to visa a divulgação da Doutrina e a Unificação dosespíritas da região.
Seara Espírita
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