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Relação de trabalhos apresentados na forma de cartaz
TÍTULO DO TRABALHO Número
EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL PRÉ-TESTE DE MT2, UM
AGONISTA M1, SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA INIBITÓRIA.R01
EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE MT3, ANTAGONOSTA
COLINÉRGICO MUSCARÍNICO SELETIVO PARA O RECEPTOR M4, INFUNDIDA EM
DIFENTES MOMENTOS DA CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA.
R02
INIBIÇÃO DO METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL CAUSADA PELO ÁCIDO 3-
HIDROXI-ANTRANÍLICO.
R03
PAPEL DO HIPOCAMPO E DO SISTEMA CANABINÓIDE ENDÓGENO SOBRE A
RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS
R04
MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE NEURÔNIOS DE CÓRTEX CEREBRAL E
CULTIVADOS COM CÉLULAS-TRONCO MESENQUIMAIS
R05
INVESTIGAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO MAPK/ERK NO
EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA SOBRE A LINHAGEM DE GLIOMA U138-
MG.
R06
ESTUDO COM CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS EM UM MODELO IN VITRO DE
MORTE CELULAR UTILIZANDO EXPOSIÇÃO DE CULTURAS ORGANOTÍPICAS DE
HIPOCAMPO DE RATOS À PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO E GLICOSE.
R07
EFEITO DAS VARIAÇÕES NO ESTADO REPRODUTIVO DAS RATAS FÊMEAS SOBRE O
COMPORTAMENTO MATERNAL E A ESTIMULAÇÃO RECEBIDA PELOS NEONATOS
R08
EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE OCITOCINA SOBRE OS NÍVEIS
CIRCULANTES DE GLICOCORTICÓIDES E SUA RELAÇÃO COM A EVOCAÇÃO DA
MEMÓRIA NA ESQUIVA INIBITÓRIA
R09
ANÁLISE FUNCIONAL DA LOCOMOÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS AO EXERCÍCIO NA
CIÁTICO
R10
2
TREINAMENTO AERÓBICO ACELERA A REGENERAÇÃO DO NERVO CIÁTICO EM
RATOS
R11
ZINCO REVERTE A NEUROTOXICIDADE INDUZIDA POR MALATHION EM RATOS R12
EFEITO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES NANOENCAPSULADOS EM
LINHAGENS CELULARES DE GLIOMAS HUMANO E DE RATO E EM CULTURA
ORGANOTÍPICA
R13
SEPARAÇÃO MATERNA COMO UM POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO – EFEITOS
SEXO-ESPECÍFICOS E DE LONGA DURAÇAO SOBRE O COMPORTAMENTO E OS
NÍVEIS DE S100B
R14
AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA SINALIZAÇÃO MEDIADA PELA PI3K/AKT NA
AÇÃO NEUROPROTETORA DO RESVERATROL EM CULTURA ORGANOTÍPICA DE
HIPOCAMPO DE RATO
R15
IMUNORREATIVIDADE À CHAT E À SUBSTÂNCIA P EM MEGALOBULIMUS
ABBREVIATUS
R16
EFEITO DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE CULTIVO SOBRE A ECTO-5’-
NUCLEOTIDASE EM LINHAGENS DE GLIOMAS
R17
A ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE ESCOPOLAMINA E MT3,
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS, REVERTE O EFEITO
AMNÉSICO DA OCITOCINA SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA
INIBITÓRIA.
R18
INFUSÃO DE AM251 OU ANANDAMIDA NO VENTRÍCULO LATERAL DE RATOS APÓS
O TREINO NA ESQUIVA INIBITÓRIA.
R19
EFEITO DA REPOSIÇÃO DE ESTRADIOL SOBRE A LIBERAÇÃO E CAPTAÇÃO DE
GLUTAMATO NA MEDULA ESPINHAL DE RATAS OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS
AO ESTRESSE REPETIDO
R20
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS EMOCIONAIS DE CAMUNDONGOS ALTO E BAIXO R21
3
EXPLORADORES SUBMETIDOS A UM ESTRESSE CRÔNICO VARIADO.
EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METILMERCÚRIO NO SISTEMA NERVOSO
CENTRAL
R22
ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO TIPO ANSIOGÊNICAS APÓS SITUAÇÕES
ESTRESSANTES PODEM SER LINHAGEM E ESTRESSE DEPENDENTE.
R23
ATENUAÇÃO DAS RESPOSTAS DEFENSIVAS DE RATOS FRENTE AO ODOR DE GATO
ATRAVÉS DA ADMINISTRAÇÃO DE MUSCIMOL NA SUBSTÂNCIA CINZENTA
PERIAQUEDUTAL DORSOLATERAL ROSTRAL
R24
RESPOSTAS AFETIVAS AO ALIMENTO DOCE: EFEITO DO ESTRESSE CRÔNICO E DA
REPOSIÇÃO COM ESTRADIOL.
R25
VIÉS ATENCIONAL PARA ESTÍMULOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL EM
BEBEDORES SOCIAIS.
R26
AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA, DA ANSIEDADE E DA ATIVIDADE MOTORA NA
TAREFA DE CAMPO ABERTO EM RATOS SUBMETIDOS AO CONSUMO DE DIETA
ALTAMENTE PALATÁVEL NA VIGÊNCIA DE UM MODELO DE ESTRESSE CRÔNICO
R27
EFEITO DA S100B EXÓGENA SOBRE A MEMÓRIA AVERSIVA EM RATOS: AÇÃO DA
PROTEÍNA SOBRE A SÍNTESE DE ARNm NECESSÁRIA PARA A CONSOLIDAÇÃO DE
UM NOVO APRENDIZADO.
R28
EFEITO DA INTERAÇÃO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS COM CULTURAS
ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS
R29
EFEITO DE DIFERENTES SABORES SOBRE A NOCICEPÇÃO EM RATAS
OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE CRÔNICO REPETIDO
R30
A UTILIZAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA DIMINUI O CONSUMO DE ALIMENTO DOCE
SEM AFETAR O CONSUMO DE ALIMENTO SALGADO EM RATOS MACHOS
ALIMENTADOS.
R31
EFEITOS DA DIETA HIPERLIPÍDICA COM E SEM AQUECIMENTO SOBRE O DANO R32
4
OXIDATIVO AO ADN PERIFÉRICO E EM TECIDO NEURAL.
PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE HIPOCAMPAL NA EVOCAÇÃO DE
MEMÓRIAS AVERSIVAS
R33
BACLOFEN EM DOSE SUBEFETIVA REVERTE EFEITO AMNÉSICO DE MT3 QUANDO
INFUNDIDO CONCOMITANTEMENTE NO HIPOCAMPO DORSAL APÓS O TREINO NA
TAREFA ESQUIVA INIBITÓRIA EM RATOS.
R34
INVESTIGAÇÃO DO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA NA LINHAGEM DE
GLIOMA U138-MG.
R35
AÇÃO NEUROTÓXICA E NEUROPROTETORA DE DIFENIL DISSELENETO EM
MODELO DE FATIAS HIPOCAMPAIS DE RATOS JOVENS EXPOSTAS A METAIS
R36
EFEITO NEUROPROTETOR DO DIFENIL DISSELENETO EM INSULTO COM H2O2:
POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO
R37
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA MARCHA DO RATO APÓS ESTIMULAÇÃO ELÉTRICA
DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO DESNERVADO
R38
RESTRIÇÃO SENSÓRIO-MOTORA PÓS-NATAL CAUSA DÉFICITS FUNCIONAIS EM
RATOS JOVENS
R39
ESTUDO DA DENSIDADE DE ESPINHOS DENDRÍTICOS NAS REGIÕES CA1
HIPOCAMPAL E PÓSTERO-DORSAL DA AMÍGDALA MEDIAL DURANTE A
FORMAÇÃO DA MEMÓRIA.
R40
EFEITO DA AMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA AGUDA E CRÔNICA DO ÁCIDO
GLUTÁRICO SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM CÉREBRO DE
RATOS
R41
INDUÇÃO DE ESTRESSE OXIDATIVO PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-3-METIL-GLUTÁRICO
EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS JOVENS.
R42
AGONISTAS DO RECEPTOR 5-HT1B, CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E COMPORTAMENTO
AGRESSIVO MATERNAL APÓS PROVOCAÇÃO SOCIAL.
R43
5
TERAPIA CELULAR PROMOVE MIGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE
CÉLULAS-TRONCO ADULTAS NA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL E DIMINUIÇÃO
DE CRISES CONVULSIVAS EM MODELO ANIMAL DE EPILEPSIA
R44
PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA VANILÓIDE NA CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA NA
TAREFA DE ESQUIVA INIBITÓRIA.
R45
MEMÓRIA DECLARATIVA E CORTISOL SALIVAR EM CUIDADORES IDOSOS DE
PACIENTES COM DEMÊNCIA – DADOS PRELIMINARES.
R46
AVALIAÇÃO DO EFEITO ANSIOLÍTICO DE UMA FRAÇÃO DE FLAVONÓIDES
PURIFICADA DE PASSIFLORA ALATA CURTIS (PASSIFLORACEAE)
R47
EFEITO COMPORTAMENTAL E MORFOLÓGICO DA HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL
E DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM RATOS NA ADOLESCÊNCIA E NA VIDA
ADULTA
R48
ESTUDO COMPORTAMENTAL DE RATOS ADOLESCENTES SUBMETIDOS À HIPÓXIA-
ISQUEMIA NEONATAL MANTIDOS EM AMBIENTE ENRIQUECIDO
R49
O ÁCIDO CIS-4-DECENÓICO INDUZ ESTRESSE OXIDATIVO EM CÓRTEX CEREBRAL
DE RATOS JOVENS.
R50
OS ÁCIDOS GLUTÁRICO E 3-HIDROXIGLUTÁRICO ATUAM SINERGICAMENTE
INIBINDO O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL DE RATOS JOVENS.
R51
AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO LIPÍDICO EM CÓRTEX CEREBRAL, HIPOCAMPO E
CEREBELO DE RATOS SUBMETIDOS AO MODELO EXPERIMENTAL DE
HIPERPROLINEMIA TIPO II.
R52
PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE SOBRE A CONSOLIDAÇÃO DA
MEMÓRIA E INDUÇÃO DA LTP
R53
6
SECREÇÃO DE S100B É ESTIMULADA POR FLUOXETINA VIA MECANISMO
INDEPENDENTE DE SEROTONINA.
R54
MODULAÇÃO DAS MAPKs NO SISTEMA VISUAL DE RATOS DURANTE O
DESENVOLVIMENTO
R55
7
R01 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL PRÉ-TESTE DE
MT2, UM AGONISTA M1, SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA
INIBITÓRIA.
Diehl, F.**, Oliveira, L.F.**, Camboim, C.**, Genro, B.**, Alvares, L.**, Lanziotti, V.**,
Henriques, T.P.*, Cerveñanski, C., Jerusalinsky, D. e Quillfeldt, J.A.
LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.
Objetivos: a toxina muscarínica MT2, agonista seletivo de receptores M1, extraído da
peçonha da serpente Mamba Verde Africana, tem-se mostrado uma ferramenta útil na
investigação do papel específico desse receptor na memória. Trabalhos anteriores
demonstraram um efeito facilitatório da infusão intra-hipocampal de MT2 sobre a
consolidação da memória na Esquiva Inibitória (EI). O objetivo deste trabalho é investigar o
papel dos receptores M1 na evocação da memória da EI através da infusão pré-teste de MT2.
Métodos e Resultados: 37 ratos Wistar machos foram canulados bilateralmente no
hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na tarefa de Esquiva
Inibitória, com choque de 0,5 mA (3 s). Após 24 horas, receberam uma infusão de MT2
(0,75, 1,5 ou 6,0 µg/lado) ou de seu veículo, tampão fosfato-salina (TFS, volume 0,5 �l).
Vinte minutos após a infusão, os animais foram testados na EI. Foi imposto um teto de 180 s
para a latência de descida no teste. A comparação estatística entre todos os grupos apontou,
pelo menos, uma diferença entre eles (P=0,018, teste de Kruskal-Wallis). O teste “post hoc”
de Dunn demonstrou que somente os animais que receberam a dose de 0,75 µg/lado de MT2
(49 [29,25;180], N=12, sempre mediana [IQ25;IQ75]) tiveram desempenho estatisticamente
diferente (P<0,05) dos que receberam veículo (21 [16;34], N=11).
Discussão: a administração intra-hipocampal pré-teste de MT2 teve um efeito facilitatório
sobre a evocação da memória da Esquiva Inibitória. Esse resultado indica que, assim como
ocorre com o processo de consolidação, os receptores colinégicos muscarínicos M1
hipocampais modulam positivamente o processo de evocação.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.
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R02 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE MT3,
ANTAGONOSTA COLINÉRGICO MUSCARÍNICO SELETIVO PARA O
RECEPTOR M4, INFUNDIDA EM DIFENTES MOMENTOS DA CONSOLIDAÇÃO
DA MEMÓRIA.
Teixeira, R.S.*; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Genro, B.P. **; Alvares, L.O.**; Bohn, N.R. *;
Lang L. F. *; Engelke D.S. *; Silva B.D. *; Cerveñansky, C.; Kornisiuk, E.; Jerusalinsky, D.;
Quillfeldt, J.A
(LPBNC, Departamento de Biofísica, Instituto de Biociências, UFRGS, Porto Alegre-RS).
Objetivos: o objetivo deste trabalho é investigar a modulação colinérgica muscarínica do
receptor M4 hipocampal em diferentes fases do processo de consolidação da memória da
Esquiva Inibitória.
Material e métodos: ratos Wistar machos com 3 meses de idade foram canulados
bilateralmente no hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na
tarefa de Esquiva Inibitória (EI), com choque de 0,5 mA (3 s). Imediatamente, 90 min., ou
180 min após o treino os ratos receberam uma infusão de 0,5 ul de MT3, antagonista seletivo
para receptor M4, (2 ug/lado) ou de TFS (tampão fosfato-salina, controle). Após o período de
24 horas, os animais foram testados na EI. Resultados: os animais infundidos com MT3
apresentaram desempenhos estatisticamente diferentes no teste em comparação com seus
respectivos controles nos três momentos de administração do fármaco (P=0,018, P=0,044 e
P=0,014, respectivamente – Teste de Mann-Whitney). Os dados expressos em mediana [IQ25,
IQ75] para grupos controle e droga, respectivamente, são: 180[36,5; 180] N=10 e 20[12,5;
104,5] N=13; 23[15; 37] N=15 e 72[27,5; 180] N=17; 10[5; 19,5] N=13 e 35,5[10,75; 102,75]
N=14. Em todos os grupos houve um desempenho melhor no teste do que no treino (P<0,05 –
teste de Wilcoxon), o que confirma o aprendizado da tarefa. Conclusão: A MT3 infundida
imediatamente após o treino teve um efeito amnésico, porém, quando administrada 90 ou 180
min. após o treino, apresentou-se facilitatória sobre o processo de consolidação da tarefa de
EI. Este é um indício de que os fenômenos de plasticidade sináptica, inerentes do processo de
consolidação, atuam precocemente no recrutamento da modulação do subsistema M4
muscarínico modificando, também, sua função no decorrer da formação do traço de memória
no hipocampo dorsal.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.
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R03 - INIBIÇÃO DO METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL CAUSADA
PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-ANTRANÍLICO. Ceolato, P.C*., Ferreira, G.C**., Tonin,
A*., Schuck, P.F**., Viegas, C.M.*, Wajner, M. Depto Bioquímica, ICBS, UFRGS.
Objetivo: O ácido 3-hidroxiantranílico (3HA) é um metabólito da via das quinureninas capaz
de gerar radicais livres. Alteração nos níveis de 3HA tem sido encontrada em várias doenças
neurodegenerativas. Considerando que os mecanismos fisiopatológicos das doenças
neurodegenerativas ainda são pouco conhecidos, e que freqüentemente é encontrada uma
diminuição no metabolismo energético nessas doenças, este trabalho teve por objetivo avaliar
o efeito in vitro do ácido 3-hidroxiantranílico sobre alguns parâmetros do metabolismo
energético cerebral de ratos jovens. Métodos: Os parâmetros avaliados foram a captação de
glicose, a produção de 14CO2 e a atividade da enzima Na+, K+-ATPase. Ratos Wistar de 30
dias de vida foram sacrificados por decapitação e tiveram seu córtex cerebral isolado. Para a
determinação da captação de glicose, foram incubadas fatias de córtex cerebral de
aproximadamente 400 µm de espessura por 1 h a 37 ºC em tampão Krebs-Ringer na presença
ou ausência de 3HA (0,1 - 100 µM), e a glicose presente no meio foi determinada no início e
no fim da incubação pelo método da glicose oxidase. A captação de glicose foi determinada
pela diferença entre o início e o fim da incubação. Para a avaliação da produção de 14CO2, o
córtex cerebral foi homogeneizado em tampão Krebs-Ringer e incubados por 1 h a 37 ºC na
presença de D-[U14C]glicose, ácido [1-14C]acético ou ácido [1,5-14C]cítrico. A atividade da
enzima Na+, K+-ATPase foi determinada em membranas sinápticas de córtex cerebral, na
presença ou ausência de 100 µM de 3HA. Resultados: Observou-se que o 3HA inibiu a
produção de 14CO2 a partir de glicose [F(4,25)=16,76; p<0,01], acetato [F(4,25)=4,62; p<0,01] e
citrato [F(4,25)=7,172; p<0,01]. O 3HA também aumentou a captação de glicose por fatias de
córtex cerebral [F(4,25)=5,11; p<0,01], e não exerceu efeito sobre a atividade da enzima Na+,
K+-ATPase, [t(4)=0,782; p>0,05]. Conclusões: Foi encontrada uma inibição da produção de14CO2 a partir de todos os substratos testados na presença de 3HA, o que sugere um bloqueio
do ciclo do ácido cítrico. Esse bloqueio diminuiria o metabolismo oxidativo, aumentando a
glicólise anaeróbica, ocasionando um aumento na captação de glicose pelo tecido, na tentativa
de suprir a demanda energética. Tais resultados sugerem um déficit energético causado pelo
3HA, o que poderia estar relacionado, ao menos em parte, com o dano cerebral encontrado
nas doenças neurodegenerativas. Apoio Financeiro: CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS.
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R04 - PAPEL DO HIPOCAMPO E DO SISTEMA CANABINÓIDE ENDÓGENO
SOBRE A RECONSOLIDAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS1Lang, L. F.*; 2Alvares, L. O.**; 2Genro, B. P.**; 2Diehl, F.**; 2Camboim, C.**; 1Teixeira,
R.S.*; 1Bohn, N.R.*; 1Engelke, D. S.*; 3Molina, V.; 1,2Quillfeldt, J. A.
(1) LPBNC, Depto. de Biofísica, IB/UFRGS; (2) P.P.G. Neurociências, ICBS/UFRGS; (3)
Depto. de Farmacologia, FCQ, Universidad Nacional de Cordoba, Argentina.
Objetivos: neste trabalho verificamos se o hipocampo participa do processo da
reconsolidação da memória, e se o sistema endocanabinóide está envolvido neste. Métodos:
Ratos Wistar eram colocados numa caixa de condicionamento por 3 minutos (estímulo
condicionado, EC), em seguida os animais recebiam 2 choques de 1mA ,30Seg entre eles
(estímulo incondicionado, EI) (dia 1). 24h após, os ratos eram reexpostos no mesmo contexto
por 180 ou 240seg. 15 minutos antes, os animais eram administrados bilateralmente no
hipocampo dorsal com DRB (um inibidor da trancrição gênica) na concentração de 10ug/lado,
AM251 (antagonista dos receptores canabinóides CB1) na concentração de 5.5ng/lado ou seu
veículo (DMSO8% em TFS) (dia 2). 24h após, os animais eram colocados novamente na
caixa por 5 minutos (dia 3). Respostas de medo (congelamento) eram medidas. Resultados:
estão representados com a média de congelamento do teste em segundos (dia 3) em média ±
erro padrão; Grupo 180 seg de reexposição: AM251 X DMSO 43.65 ± 3.61 e 37.77 ± 4.09
(sempre grupo tratado com droga e seu controle respectivamente), p=0.305, teste t de Student,
n=17; DRB X DMSO 26.7 ± 3.86 e 37.77 ± 4.09, p=0.048, teste t de Student, n=19. Grupo
240seg de reexposição: AM251 X DMSO 43.04 ± 2.00 e 25.07 ± 6.16, p=0.014, teste t de
Student, n=17; DRB X DMSO 26.68 ± 5.43 e 25.07 ± 6.16, p=0.874, teste t de Student,
n=18. Conclusões: os resultados mostram que: um período de reexposição no contexto
originalmente pareado com o EI, é capaz de relabilizar a memória adquirida; tal processo é
dependente de transcrição gênica (foi inibido p/DRB); o sistema canabinóide endógeno,
através do receptor CB1, exerce um papel modulador negativo, posto que sua inibição
(p/AM251) causou uma facilitação na reconsolidação da memória. Esta nova abordagem é de
grande interesse teórico e clínico, tendo em vista a possibilidade de se amenizar recordações
traumáticas, potencialmente prejudiciais, ou até mesmo de se melhorar o acesso a
determinadas informações.
Apoio financeiro: CAPES, CNPq, Fapergs.
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R05 - MORFOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DE NEURÔNIOS DE CÓRTEX
CEREBRAL E DE MEDULA ESPINHAL CO-CULTIVADOS COM CÉLULAS-
TRONCO MESENQUIMAIS
Viegas M.*, Bruno A.N., Horn A.P.**, Chagastelles P.**, Salbego C.G., Lenz G., Nardi N.B.
Lab Sinalização Celular, IB, Deptos Biofísica, UFRGS, Porto Alegre-RS
Objetivo: Células-tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e
apresentam capacidade de expansão e liberação de uma série de fatores tróficos. Representam
assim, uma promissora opção terapêutica em patologias, incluindo doenças e lesões do
sistema nervoso. Entretanto, ainda existe um escasso conhecimento sobre a interação de
CTMs com o tecido nervoso e sua influência sobre as células neuronais. Dessa forma, esse
estudo busca investigar a influência de CTMs sobre a morfologia e desenvolvimento de
neurônios obtidos por dissociação enzimática de córtex cerebral e de medula espinhal.
Métodos: Para isso, CTMs obtidas de medula óssea e de pulmão de camundongos C57BL6
adultos que expressam a proteína fluorescente verde (GFP), bem como os seus respectivos
meios condicionados, foram co-cultivados com neurônios primários de córtex cerebral e de
medula espinhal de ratos Wistar com 17 dias de vida intra-uterina e mantidas em meio
Neurobasal, suplementado com B27(Gibco) e acrescido de Glutamato(25µM) em placas pré-
preparadas com Poly-L-lysine para adesão das células. As placas foram mantidas em estufa a
37oC e 95% de CO2. A análise morfológica foi realizada com o auxílio de um microscópio
invertido e as fotografias foram obtidas nos dias 4, 7 e 10 de co-cultura para a quantificação
do tamanho do corpo celular e da extensão dos processos neuronais através do programa
Image-J. A morte celular foi verificada com iodeto de propídio 7,5 µg/mL no 10° e último dia
de co-cultura. Resultados: Os resultados demonstraram um aumento significativo no tamanho
do corpo celular (entre 122% e 207%) e na extensão dos processos (entre 120 e 342%) dos
neurônios corticais e espinhais co-cultivados com as CTMs e com os seus respectivos meios
condicionados em relação a cultura contendo exclusivamente neurônios nos 3 dias analisados.
Em adição, as co-culturas apresentaram uma pronunciada redução no processo de morte
celular em relação aos controles. Conclusão: Estes resultados demonstram uma influência
benéfica das CTMs sobre o crescimento e a sobrevivência neuronal através de um possível
efeito parácrino e enfatizam o potencial terapêutico destas células em doenças e lesões que
afetam populações neuronais. Apoio financeiro: CNPq, Propesq/UFRGS.
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R06 - INVESTIGAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO
MAPK/ERK NO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA SOBRE A
LINHAGEM DE GLIOMA U138-MG.
Gerhardt, D.**; Maier, M. R.*; Horn, A. P.**; Frozza, R.L.**; Zamin, L. L.**; Simão, F**.;
Salbego , C. G. ; Bioquímica - ICBS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Objetivo: Os gliomas são os tumores primários mais comuns do SNC, com uma incidência de
5-8/100.000 pessoas. Por serem multifocais, possuindo alto grau de invasividade e em geral
apresentando resistência aos tratamentos convencionais, os gliomas atribuem ao paciente uma
expectativa de vida média de 9-12 meses. Estudos de nosso grupo têm sugerido um efeito
antiproliferativo do alcalóide boldina (extraído do Peumus boldus) na linhagem U138-MG. O
objetivo deste trabalho foi investigar um possível mecanismo de ação deste alcalóide focando
sobre vias de sinalização celular envolvidas na sobrevivência e/ou morte da célula. Métodos:
As células da linhagem de gliomas U138-MG foram cultivadas em meio DMEM com 10% de
soro fetal bovino a 37°C em atmosfera com 5% CO2. Estas células foram semeadas em placas
e tratadas com boldina por 72h, nas concentrações de 1, 10, 50, 80, 100, 250 e 500 µM, com
trocas do meio contendo a droga uma vez ao dia. Na determinação do índice mitótico, obtido
pela análise do núcleo celular, foi possível identificar uma diminuição das células em mitose
nas doses (µM, %controle+EP, n=3, p<0,01): 10 (42,8+13,7), 50 (32,8+11,1), 80 (20,9+8,6),
100 (16,6+7,8), 250 (15,1+8,6), 500 (27,9+15,1). Com relação ao possível mecanismo
envolvido, foi avaliada a relação entre a fosforilação e o imunoconteúdo da enzima ERK pela
técnica de Western Blotting utilizando anticorpos específicos para a forma fosforilada e total
da enzima. Para tal, utilizamos a concentração de 80 µM de boldina expondo as células por
10, 30 e 60 min, uma vez que alterações nas vias de sinalização celular são disparadas
precocemente. Como resultado (% controle+EP, n=5, p<0,01) observou-se um pico de
fosforilação da ERK após 10 min de tratamento (208,4+29,7) o qual volta aos níveis do
controle em 30 (144,9+20,4) e se mantém aos 60 (113,8+16,6) min. Conclusões: A
diminuição no número de células em mitose após exposição à boldina sugere uma possível
ação citostática desse alcalóide, provavelmente agindo via inibição da proliferação nessa
linhagem. Observamos um pico de fosforilação da enzima ERK 10 min após o tratamento,
que voltou aos níveis do controle 30 e 60 min depois, sugerindo um possível envolvimento
desta via de sinalização no efeito causado pela boldina. Apoio: FAPERGS, CAPES, CNPq.
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R07 - ESTUDO COM CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS EM UM MODELO IN
VITRO DE MORTE CELULAR UTILIZANDO EXPOSIÇÃO DE CULTURAS
ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS À PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO E
GLICOSE. Horn, A.P.**, Grudzinski, P.*, Frozza, R.**, Chagastelles, P.**, Gerhardt, D.**,
Simão, F.**, Lenz, G., Nardi, N.B. e Salbego, C., UFRGS, Porto Alegre.
Objetivo: As células-tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e
representam uma grande expectativa na medicina regenerativa. Entretanto, existe um escasso
conhecimento sobre o mecanismo de ação dessas células na melhora observada em pacientes
que as receberam após uma isquemia cerebral. O objetivo desse trabalho é estudar, em um
modelo in vitro, o possível efeito neuroprotetor das CTMs de medula óssea e pulmão frente à
privação de oxigênio e glicose (POG). Métodos: As culturas organotípicas de hipocampo
foram obtidas a partir de ratos Wistar machos de 6-8 dias e mantidas em MEM com 25% de
soro eqüino por 14 dias. A seguir essas culturas foram expostas à POG por 60 min e mantidas
em meio condicionado pelas CTMs (por 24 h) durante o período de recuperação (24 h). As
CTMs foram obtidas de medula óssea e pulmão de ratos Wistar machos adultos e cultivadas
em H-DMEM 10% de soro fetal bovino, sendo sempre utilizadas entre a 10ª e a 20ª
passagens. A técnica de RT-PCR foi utilizada para a caracterização das CTMs e a marcação
com iodeto de propídeo foi usada para a avaliação da morte celular das culturas de
hipocampo. A quantificação da morte celular foi feita por análise das imagens das culturas de
hipocampo utilizando-se o programa Scion Image. Os resultados foram analisados utilizando-
se ANOVA seguida do teste de Tukey. Resultados: Os resultados da caracterização das
CTMs derivadas de medula óssea e pulmão mostram que essas células não apresentam
marcadores específicos de astrócitos. Observamos a presença do marcador de célula tronco
neural nestina, indicando que estas células permanecem no estado indiferenciado, embora
também tenha sido detectada a presença da proteína enolase neurônio específica. Quando o
meio condicionado por essas células (tanto de medula óssea como de pulmão) foi adicionado
às fatias de hipocampo durante a sua recuperação pós-POG, observamos o aumento da morte
celular em relação às fatias que foram mantidas no meio de cultivo tradicional durante a
recuperação, sugerindo a presença de algum fator tóxico no meio condicionado pelas CTMs
(Resultados em % de morte no hipocampo+EP, n=9, p<0,05: POG: 18,26+1,57; POG + CTM
14
de medula óssea: 52,74+7,18; POG + CTM de pulmão: 56,72+3,52). Por outro lado,
observamos que o meio condicionado pelas CTMs apresentou efeito tóxico às células de
hipocampo mesmo nas condições basais, i.e. culturas não expostas à POG (Controle:
0,4+0,11; Controle + meio condicionado CTM medula: 17,88+4,52; Controle + meio
condicionado CTM de pulmão: 33,5+3,17). Conclusões: Nossos resultados sugerem que, em
nosso modelo, as CTMs possivelmente secretam algum fator neurotóxico às fatias de
hipocampo mantidas em cultura, uma vez que observamos uma intensa morte celular,
particularmente nas regiões CA2 e CA3. Quando as fatias de hipocampo são expostas à POG
a morte celular é ainda maior, sugerindo que o fator tóxico presente no meio condicionado
pelas CTM soma-se ao efeito da lesão induzida pelas condições de POG. Mais estudos são
necessários para a investigação de quais fatores estão sendo secretados e para averiguar se
esse fenômeno também acontece in vivo. Apoio: CNPq, Propesq/UFRGS.
15
R08 - EFEITO DAS VARIAÇÕES NO ESTADO REPRODUTIVO DAS RATAS
FÊMEAS SOBRE O COMPORTAMENTO MATERNAL E A ESTIMULAÇÃO
RECEBIDA PELOS NEONATOS
Rosa X. F.*, Uriarte N.**, Lucion A.B.
Depto de Fisiologia. ICBS. UFRGS. Porto Alegre
Introdução: Além do período de receptividade (estro comportamental) durante o ciclo estral,
as ratas apresentam um breve período de receptividade sexual durante as primeiras 12 horas
no pós-parto. O acasalamento neste estro pós-parto permite diminuir o tempo entre ninhadas
sucessivas e aumentar o sucesso reprodutivo da fêmea. Os filhotes juvenis podem permanecer
no ninho depois da idade do desmame, originando-se um tipo diferente de composição
familiar dado pela presença da mãe, dos juvenis e dos neonatos. Objetivos: Determinar se a
variação do estado reprodutivo da fêmea e da composição familiar afetam o comportamento
maternal e a estimulação recebida pelos filhotes.
Métodos: Comparou-se o comportamento maternal de 24 ratas Wistar em três situações
reprodutivas diferentes: a) lactação normal (n=10), b) lactação+gestação e c) lactação de duas
ninhadas com idades diferentes (neonatos e juvenis) (n=14). No 21o dia pós-parto da primeira
ninhada de cada rata, os filhotes foram desmamados, restando apenas um casal de juvenis
junto a cada mãe. Também foi registrado o comportamento dos filhotes juvenis em relação
aos irmãos neonatos. A análise estatística entre os grupos a) e b) e entre b) e c) foi realizada
pelo teste pareado t de Student. O comportamento recebido pelos filhotes neonatos foi
analisado através de ANOVA de medidas repetidas seguido do teste post-hoc de Tukey.
Resultados: Observou-se que as mães com lactação+gestação diminuíram o tempo de
amamentação quando comparadas às ratas lactantes normais, sem afetar outros
comportamentos. As fêmeas com duas ninhadas de diferentes idades preferiram os neonatos,
sendo quase nulo o cuidado recebido pelos juvenis. Essas mães apresentaram uma freqüência
menor de comportamento de lamber os neonatos, porém, a estimulação recebida por esses foi
igual aos das ninhadas simples, já que o déficit de estímulo foi compensado pelo
comportamento de lamber dos juvenis. Interessantemente, o tempo que os neonatos
permaneceram sozinhos no ninho foi menor, também devido ao comportamento desenvolvido
pelos filhotes juvenis.
16
Conclusões: Variações nas condições reprodutivas ocasionadas pelo acasalamento no estro
pós-parto modificaram o comportamento maternal. A estimulação recebida pelos filhotes
neonatos também foi diferente, pois os juvenis participaram ativamente do cuidado maternal.
Apoio financeiro: CNPq e FAPERGS
17
R09 - EFEITOS DA ADMINISTRAÇÃO SISTÊMICA DE OCITOCINA SOBRE OS
NÍVEIS CIRCULANTES DE GLICOCORTICÓIDES E SUA RELAÇÃO COM A
EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA NA ESQUIVA INIBITÓRIA. Lang, L.F.*, Oliveira, L.F.,
Camboim, C.**, Diehl, F.**, Dalmaz, C., Consiglio, A.R. e Quillfeldt, J.A. Depto. Biofísica,
IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.
Objetivos: investigar a relação entre ocitocina i.p. pré-teste, os níveis de glicocorticóides
plasmáticos e a evocação da memória na esquiva inibitória (EI).
Métodos e resultados: ratos Wistar machos adultos foram treinados na EI (choque de 0,5
mA) e testados 24 horas depois. A latência para descer da plataforma no teste é o índice de
memória para a tarefa. 30 minutos antes do teste, receberam uma administração de salina,
dexametasona 0,02 ug/kg (DXM) e/ou ocitocina 0,4 ug/kg (OT). O desempenho no teste foi:
salina (N=13, 180 [20/180], sempre mediana e intervalos interquartis), DXM (N=9, 50
[12/173,5]), OT (N=11, 13 [10/23], DXM/OT (N=11, 25 [14/180]). Um dos grupos foi
diferente no teste (P=0,034, teste de Krukal-Wallis), e este grupo foi o que recebeu apenas OT
(P<0,02, teste de Dunn). Adicionalmente, animais foram treinados na EI e, 24 horas depois,
receberam OT i.p. 0,4 ug/kg ou salina. 30 minutos depois, foram sacrificados, e o sangue foi
coletado; os níveis plasmáticos de corticosterona foram medidos por um enzima-imuno-
ensaio. O grupo que recebeu salina (N=6) teve um nível médio de corticosterona igual a
235,0+/-76,3 ng/ml; já o que recebeu ocitocina (N=7) apresentou um nível médio de 149,1+/-
58,2 ng/ml. A queda nos níveis de corticosterona é estatisticamente significativa (P=0,042,
teste t de Student). Ou seja, a admistração sistêmica de ocitocina promoveu uma queda nos
níveis circulantes de glicocorticóides, e a dexametasona reverteu o efeito amnésico da
ocitocina.
Conclusões: o efeito amnésico da ocitocina i.p. sobre a evocação parece se dar por
diminuição na liberação de glicocorticóides, uma vez que a administração de OT reduziu os
níveis circulantes de glicocorticóides, e uma dose exógena de um glicocorticóide sintético
reverteu o efeito amnésico da OT sobre a evocação da EI.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Fapergs, Propesq/UFRGS, IFS.
18
R10 - ANÁLISE FUNCIONAL DA LOCOMOÇÃO EM RATOS SUBMETIDOS AO
EXERCÍCIO NA ÁGUA APÓS LESÃO DO NERVO CIÁTICO
ARAUJO, R. T.**; ILHA, J.**; MALYSZ, T.**; ACHAVAL, M.
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, Laboratório de Histofisiologia Comparada,
Depto de Ciências Morfológicas, ICBS, UFRGS, Brasil
OBJETIVO: O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do treinamento na água com ou
sem o uso de carga sobre a recuperação da locomoção em ratos após o esmagamento do nervo
ciático direito.
MÉTODOS E RESULTADOS: Ratos Wistar machos adultos (30) foram divididos em
grupo controle (CON; n=6), grupo sedentário (SED; n=8), grupo de nado livre (NL; n=8),
grupo de nado com carga (NC; n=8). Os ratos dos grupos SED, NL e NC foram anestesiados
e tiveram o nervo ciático direito esmagado por uma pinça hemostática de 1mm durante 30
segundos. Após 2 semanas os ratos dos grupos NL e NC iniciaram o treinamento de natação
em um tanque de vidro medindo 20x60x100cm, com água aquecida a 31°C (± 1°C), o qual
era realizado 5x/semana, por um período de 5 semanas de treinamento. O grupo NL iniciou
nadando 10 minutos na primeira semana, aumentando progressivamente até 60 minutos por
dia, na última semana. O grupo NC nadou com carga presa a cauda, iniciando com 2% do
peso corporal, aumentando progressivamente até alcançar 8% na última semana. Para a
análise da locomoção utilizou-se o índice de funcionalidade do ciático (IFC) verificado no dia
anterior ao começo do treino, ao longo das cinco semanas. O IFC é baseado nas marcas das
patas posteriores feitas sobre um papel colocado em uma pista. São verificados o
comprimento total da pata, a distância entre os cinco dedos e a distância entre o 2º e o 4º dedo
e comparados o lado experimental com o lado normal, cujo resultado é expresso em unidades
onde 0 indica normalidade e -100 falta total de funcionalidade. Os dados foram analisados por
ANOVA para medidas repetidas seguido pelo teste LSD (p<0,05). No dia anterior ao treino e
na avaliação após a primeira semana de treinamento, os grupos SED, NL e NC mostraram
diferença estatisticamente significante (p<0,001) do grupo CON (CON: -14,01±2,04; SED: -
117,57±7,30; NL: -107,38±4,18; NC: -102,51±5,45 e CON: -10,67±1,20; SED: -59,04±6,28;
NL: -49,24±5,6; NC: -43,91±6,25; média±epm), respectivamente. A 2ª avaliação mostra uma
melhora no grupo NL, visto que a diferença estatística significante permaneceu apenas entre
CON, SED e NC (CON: -11,34±1,92; SED: -39,77±9,44; NL: -23,79±4,87; NC: -32,73±2,66,
19
p<0,05); o que não ocorreu na terceira avaliação pós-treino,onde todos diferiram
estatisticamente do CON (CON: -8,69±2,46; SED: -25,91±2,57; NL: -27,21±2,98; NC:-
24,25±3,71, p<0,005). Na avaliação 4, novamente, houve diferença estatística significante
apenas entre o grupo CON, SED e NC(p<0,05, CON: -12,12±2,87; SED: -25,24±2,51; NL: -
20,07±2,84; NC: -23,48±2,38), demonstrando um melhora da locomoção no grupo NL, que se
manteve na avaliação 5 (CON: -7,77±1,83; SED: -18,50±2,85; NL: -14,72±2,98; NC: -
17,30±2,32 ,p<0,05).
CONCLUSÂO: Estes resultados sugerem que o uso de carga durante a natação retarda a
melhora funcional na locomoção de ratos submetidos à lesão nervosa periférica, enquanto o
nado livre acelera o processo de recuperação.
Este trabalho foi financiado pelo CNPq e CAPES.
20
R11 - TREINAMENTO AERÓBICO ACELERA A REGENERAÇÃO DO NERVO
CIÁTICO EM RATOS
Jocemar Ilha**, Rafaela Araujo**, Tais Malysz**, Paula Rigon**, Erica Hermel, Léder
Xavier, Matilde Achaval.
Programa de Pós-Graduação em Neurociências, Laboratório de Histofisiologia Comparada,
ICBS, UFRGS, Porto Alegre.
Introdução e objetivo: O exercício físico é freqüentemente usado para reabilitação de
pacientes com neuropatias periféricas, diminuindo complicações como contraturas e fraqueza
da musculatura desnervada, promovendo recuperação funcional. Estudos clínicos
experimentais têm aplicado o exercício físico na reabilitação de lesões traumáticas dos nervos
periféricos com o propósito de estimular a regeneração nervosa, promovendo a prevenção e a
reversão das alterações morfológicas da musculatura desnervada. Contudo, conflitantes
resultados têm sido obtidos. Um maior conhecimento dos efeitos do exercício físico na
regeneração dos nervos periféricos é crucial para prover uma melhor aplicação do exercício
como estratégia de terapia física na reabilitação das neuropatias periféricas. Sendo assim, o
objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do treinamento aeróbico na regeneração do nervo
ciático de ratos após esmagamento.
Materiais e Métodos: Ratos Wistar machos adultos (n=12) foram divididos grupo controle
(CON, n=4), grupo sedentário (SED, n=4) e grupo treino-aeróbico (ET, n=4). Os grupos SED
e ET foram anestesiados e tiveram seus nervos ciáticos direitos esmagados por uma pinça
hemostática durante 30 segundos. Duas semanas após a lesão, o grupo ET iniciou o
treinamento físico em esteira. Após 5 semanas de treinamento físico, os animais foram
anestesiados, sacrificados e tiveram a porção distal do nervo ciático removida cirurgicamente.
O material foi processado para a técnica de microscopia eletrônica, tendo sido obtidos cortes
semifinos (1µm) corados com azul de toluidina 1%. A estimativa da densidade de fibras
mielínicas, área média das fibras mielínicas, espessura da bainha de mielina, área total de
fibras mielínicas e área de tecido conjuntivo do coto distal do nervo lesionado foram obtidas
através do programa de análise de imagens Image Pro Plus 4.1. Os dados foram comparados
por ANOVA de uma via seguida pelo teste post-hoc LSD (p<0,05).
Resultados: A área total analisada em cada nervo foi 4082.4 µm2. Não foi encontrada
diferença estatisticamente significativa (p>0,05) entre a densidade de fibras mielínicas dos
21
grupos CON (média ± E.P.M., 15371±1478/mm2), ET e SED (21984±4245/mm2 e
20025±1055/mm2, respectivamente). A área média das fibras mielínicas no grupo CON
(45.32±7.03 µm2) foi significativamente maior do que nos grupos ET e SED (17.66±2.23
µm2 e 11.47±2.09 µm2, respectivamente, p<0.01). Os grupos CON e ET mostraram maior
espessura da bainha de mielina do que o grupo SED (1.08±0.07 µm, 0.72±0.09 µm e
0.47±0.02 µm, respectivamente, p<0.05). O grupo SED mostrou menor área total de fibras
mielínicas do que os grupos CON e ET (921.78±136.99 µm2, 2717.55±192.82 µm2 e
1480.68±160.57 µm2, respectivamente, p<0.05). A área de tecido conjuntivo foi
significativamente maior no grupo SED (3158.22±136.99 µm2) do que nos grupos CON e ET
(1362.45±192.82 µm2 e 2599.32±160.57 µm2, p<0.05).
Conclusão: Estes resultados sugerem que 5 semanas de treinamento aeróbico acelera a
regeneração do nervo ciático em ratos após lesão traumática por esmagamento.
Apoio: CNPq e CAPES.
22
R12 - ZINCO REVERTE A NEUROTOXICIDADE INDUZIDA POR MALATHION
EM RATOS
Franco, JL1,2**; Posser, T2**; Trevisan, R1*; Brocardo, PS2**; Leal, RB2; Rodrigues, ALS2;
Farina, M2; Dafre, AL1 - 1Departamento de Ciências Fisiológicas/CCB; 2Departamento de
Bioquímica/CCB – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis - SC
O malathion (Mal) é um organofosforado amplamente utilizado como pesticida, podendo
ocasionar intoxicação durante seu manuseio. O zinco é um metal endógeno relacionado com a
estrutura e função de diversas metaloenzimas e fatores de transcrição. Funções antioxidantes,
antiapoptóticas e antiinflamatórias podem ser atribuídas a este metal. O objetivo deste
trabalho é estudar os possíveis efeitos protetores do pré-tratamento com cloreto de zinco (Zn)
em ratos intoxicados com Mal. Neste trabalho foram estudados os efeitos do Zn e Mal sobre
as enzimas antioxidantes Glutationa Redutase (GR), Glutationa-S-Transferase (GST),
Glutationa Peroxidase (GPx), Catalase (CAT) e Superoxido Dismutase (SOD) no córtex e
hipocampo de ratos Wistar adultos. As concentrações utilizadas foram: 300 mg/L de Zn via
oral por 30 dias e 250 mg/kg de Mal via i.p. por 24h. Os animais foram separados em 4
grupos de 6 indivíduos: controle, tratados somente com Zn, tratados somente com Mal e
tratados com Zn e Mal. Para determinar as atividades enzimáticas, os tecidos foram
homogeneizados em tampão HEPES 20 mM, centrifugadas (20.000g, 30 minutos) e ensaiadas
espectrofotometricamente. Os resultados demonstraram que o Zn sozinho não alterou nenhum
dos parâmetros analisados no córtex e hipocampo. Por outro lado, o Mal causou uma inibição
significativa em todas as atividades enzimáticas analisadas, porém este efeito foi observado
apenas no hipocampo. O tratamento com Zn reverteu, a níveis do controle, a inibição das
enzimas causada pelo Mal. O Zn foi capaz de reverter os efeitos do Mal observados no
hipocampo dos animais tratados. Sabendo, que GR, GPx, CAT, SOD e GST, são enzimas
fundamentais na defesa celular antioxidante, o Zn aparentemente impediria o
desencadeamento de um estado pró-oxidativo. Baseados nos dados obtidos, novos
experimentos serão conduzidos para elucidar os mecanismos envolvidos neste processo.
Apoio: CAPES, CNPq, IFS, UFSC
23
R13 - EFEITO DE ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES
NANOENCAPSULADOS EM LINHAGENS CELULARES DE GLIOMAS HUMANO
E DE RATO E EM CULTURA ORGANOTÍPICA
Bernardi, A.**1; Frozza, R.L.**1; Bavaresco, L.**1; Jäger, E.**2; Salbego, C.1; Pohlmann,
A.R.2; Guterres, S.S.3; Battastini, A.M.O.1
1Departamento de Bioquímica-ICBS/UFRGS, 2Instituto de Química/UFRGS, 3Faculdade de
Farmácia/UFRGS.
Objetivos: Os gliomas são os mais freqüentes tumores primários do SNC. A terapêutica
(cirurgia e quimioterapia) apresenta eficácia limitada. Numerosos estudos têm demonstrado o
potencial efeito dos antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) como agentes farmacológicos
no tratamento de vários tipos de tumor. O controle da liberação de fármacos em sítios de ação
específicos, através da utilização de vetores tem sido uma área de intensa pesquisa. Dessa
forma, o objetivo do nosso trabalho é estudar o efeito de AINES na forma de nanocápsulas no
tratamento quimioterápico dos gliomas.
Métodos: As nanocápsulas contendo AINEs foram preparadas pelo método de
nanoprecipitação de polímeros biodegradáveis pré-formados. As linhagens celulares de
glioma humano (U138-MG) e de rato (C6) foram obtidas da ATCC e mantidas a 37°C em
incubadora contendo 5% de CO2, em meio DMEM suplementado com soro fetal bovino.
Após a semiconfluência, as células foram tratadas por 48h com a indometacina (Indo) e com o
éster deste fármaco (IndoOEt), ambos na forma livre e em nanocápsulas (NC). As
concentrações utilizadas foram 25, 50 e 100 µM. A proliferação celular foi avaliada pelo
método de contagem de células em hemocitômetro e a viabilidade celular foi avaliada pelo
método do MTT. Culturas organotípicas de hipocampo de ratos Wistar (machos, 6-8 dias)
foram utilizadas para avaliar o efeito dos AINEs nanoencapsulados em tecido não tumoral. As
culturas foram tratadas com a indometacina (50 µM), bem como com o éster deste fármaco
(50 µM) por 24h. A morte celular foi quantificada pela incorporação do Iodeto de Propídeo
(IP), um marcador de necrose celular.
Resultados: A Indo em NC foi capaz de diminuir a viabilidade celular na linhagem C6 de uma
forma muito mais significativa quando comparada ao mesmo fármaco na forma livre
(Resultados em % de viabilidade celular calculado em relação ao controle 100% ± DP, n=4,
p<0,001): Indo 25 (88,5% ± 4,3) / Indo-NC 25 (46,2% ± 6,7); Indo 50 (68,7% ± 8,4) / Indo-
24
NC 50 (37,8 % ± 6,9); Indo 100 (51,5% ± 3,6) / Indo-NC 100 (27,8% ± 1,5). Resultados
similares foram observados na linhagem de glioma U-138MG. Interessantemente, o IndoOEt
mostrou-se menos eficaz na forma nanoencapsulada sendo que o fármaco na forma livre
causou uma maior diminuição na viabilidade celular: IndoOEt 25 (34,8 ± 5,1) / IndoOEt-NC
25 (55,1 ± 7,1); IndoOEt 50 (20,3 ± 5,8) / IndoOEt-NC 50 (37,3 ± 8,4); : IndoOEt 100 (7,37
± 2,5) / IndoOEt-NC 100 (24,9 ± 4,8). Estes resultados estão de acordo com a diminuição na
proliferação celular observada em ambas as linhagens. Resultados preliminares mostram que
ambos os fármacos em NC não exercem efeitos citotóxicos em culturas organotípicas (n=6).
Conclusões: Nossos resultados mostram que a Indo em NC foi mais eficaz que na forma livre
em diminuir a viabilidade e inibir a proliferação celular em ambas as linhagens de glioma.
Considerando a ausência de citotoxicidade observada nas culturas organotípicas, sugere-se
uma possível seletividade desta formulação para células tumorais. Estudos estão sendo
realizados para avaliar o potencial uso terapêutico dos AINES nanoencapsulados em um
modelo de glioma in vivo.
Apoio financeiro: CAPES, CNPq e FAPERGS
25
R14 - SEPARAÇÃO MATERNA COMO UM POSSÍVEL FATOR DE RISCO PARA O
DESENVOLVIMENTO DO TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO –
EFEITOS SEXO-ESPECÍFICOS E DE LONGA DURAÇAO SOBRE O
COMPORTAMENTO E OS NÍVEIS DE S100B.
Luisa Amália Diehl**, Patrícia Pelufo Silveira**, Marina C. Leite**, Leonardo Machado
Crema**, Andre Krumell Portella**, Mauro Nör Billodre*, Edelvan Nunes*, Thiago Pereira
Henriques*, Linda Brenda Fidelix-da-Silva*, Martha D. Heis*, Carlos Alberto Gonçalves,
Jorge Alberto Quillfeldt, Carla Dalmaz.
Departamento de Biofísica – IB, Departamento de Bioquímica e Programa de Pós-Graduação
em Neurociências – ICBS, UFRGS, Porto Alegre.
Objetivos: Pacientes com história de adversidades precoces apresentam maior freqüência do
transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Em ratos, a separação da mãe (SM) por
períodos longos leva a uma resposta exagerada ao estresse. Nosso objetivo foi estudar se a
SM pode ser fator de risco para o TEPT, analisando seus efeitos após um estressor na idade
adulta sobre a ansiedade e sobre os níveis plasmáticos de corticosterona (CORT) e da proteína
S100B.
Métodos: Ratas Wistar prenhes foram randomicamente selecionadas. Vinte e quatro horas
após o nascimento, todas as ninhadas foram padronizadas em 8 filhotes. As ninhadas foram
então divididas em grupo controle e grupo com separação da mãe. A separação da mãe
consistia em colocar os filhotes numa incubadora a 34°C 3h/dia dos dias 1 a 10 de vida. A
mãe ficava no mesmo local onde estavam os filhotes na incubadora. Após as 3h a ninhada era
devolvida à mãe. No grupo controle os filhotes permaneciam com suas mães sem qualquer
tipo de intervenção, nem mesmo a limpeza das caixas moradia. Aos 21 dias era feito o
desmame e a sexagem. Quando adultos, foram divididos em expostos ou não a um evento
traumático (modelo de TEPT - choque inescapável de 1mA/20s) e a mais 3 recordatórios
situacionais (RS), onde o animal era colocado no mesmo aparato, mas não recebia choque e
em 2 min o tempo de imobilidade (TI) era contado (medida de medo condicionado). Um mês
após o choque, os animais foram expostos a um campo aberto por 5 min, observando-se o
número de cruzamentos (parâmetro de atividade exploratória) e o tempo nos quadrados
centrais (TQC), (parâmetro de ansiedade). Uma semana após a tarefa comportamental, os
animais foram sacrificados e CORT e S100B foram avaliadas no plasma por ELISA. Os
26
resultados foram analisados por ANOVA de três vias (choque, SM e sexo), sendo
consideradas significativas diferenças quando P<0,05.
Resultados: Em machos, o choque diminuiu o número de cruzamentos tanto nos separados
quanto nos não-separados, em relação ao grupo sem choque, o que não ocorreu nas fêmeas.
Houve efeito da separação da mãe e do choque sobre o TQC. Enquanto nos machos separados
se somou ao efeito do choque, aumentando a ansiedade, nas fêmeas não se observou
diferença; isso se reflete em interações significativas entre SM-sexo e choque-sexo no TQC.
O choque também aumentou o medo condicionado nos RS em machos (p<0,001). Houve
também efeito do sexo, porque as fêmeas não expostas ao choque apresentaram menos TI em
relação aos machos sob as mesmas condições (p<0,001). Ambas as intervenções (SM e
exposição ao choque) diminuíram a CORT (uma característica observada em pacientes com
TEPT) e aumentaram os níveis de S100B, especialmente em machos.
Conclusões: Sugerimos que, em machos, a SM funcione como um fator agravante das
alterações comportamentais induzidas pela exposição a um trauma na idade adulta. Os níveis
plasmáticos de S100B parecem estar relacionados com a gravidade desse transtorno, ao
menos em ratos.
Apoio Financeiro: CNPq.
27
R15 - AVALIAÇÃO DO ENVOLVIMENTO DA SINALIZAÇÃO MEDIADA PELA
PI3K/AKT NA AÇÃO NEUROPROTETORA DO RESVERATROL EM CULTURA
ORGANOTÍPICA DE HIPOCAMPO DE RATO
Zamin, L.L.**; Dillenburg-Pilla, P.*; Comiram, R,A.*; Frozza, R.L.**; Horn, A.P.**; Simão,
F.**; Gerhardt, D.**; Nassif, M.** e Salbego, C. Departamento de Bioquímica – ICBS –
UFRGS – Porto Alegre/RS
Objetivos: Episódios isquêmicos são caracterizados pela redução total ou parcial do fluxo
sangüíneo ao cérebro, resultando em intensa degeneração celular. Estudos demonstram que o
resveratrol, um polifenol isolado da casca da uva, apresenta atividades antioxidante,
antiinflamatória, antitumoral, anticoagulante, vasodilatadora e neuroprotetora. Considerando o
amplo espectro de ação atribuído ao resveratrol, o objetivo de nosso trabalho foi avaliar o
efeito neuroprotetor deste estilbeno, bem como seu possível mecanismo de ação, em um
modelo in vitro de Privação de Oxigênio e Glicose (POG).
Métodos: Culturas organotípicas de hipocampo de ratos Wistar, machos de 6-8 dias, foram
tratadas com resveratrol nas concentrações 10, 25 e 50 µM e expostas à POG por 60 minutos
seguidas por um período de recuperação de 24 horas. A morte celular foi quantificada pela
incorporação do corante Iodeto de Propídeo (IP), um marcador de necrose celular. A
investigação do possível mecanismo de ação do resveratrol na neuroproteção foi feita pela
análise da via de sinalização celular mediada pela cascata enzimática PI3K/AKT por Western
blotting.
Resultados: Os resultados revelaram uma redução da incorporação de IP nas culturas tratadas
com resveratrol e submetidas à POG quando comparadas às culturas controle (Resultados em
% de morte no hipocampo±EP, n=6, p<0,05: C 1,5±0,34; CR10 2,16±0,52; CR25 0,54±0,24;
C50 4,22±1,3; POG 44±3,5; POGR10 22±4,4; POGR25 13±5,1; POGR50 11,2±2,2). O uso
do LY294002, um inibidor da PI3K, preveniu esse efeito, aumentando a incorporação de IP
nas cultuas POG tratadas com resvertrol 50 µM, porém o inibidor da via MEK/ERK,
PD98059, não preveniu a neuroproteção induzida pelo resveratrol (C 5,3±2,3; CR50 2±2;
CLY 10,8±3,2; CR50LY 4,7±2,6; CPD 2,7; CRPD 5,9±3,5; POG 46±6,2; POGR 15,9±3,3;
POGLY 45,8±3,9; POGRLY 34,4±7,3; POGPD 27,7±6,4; POGRPD 9,6±2,2). Foi observado
um aumento na relação pAKT/AKT nas culturas expostas à POG e tratadas com resveratrol
50 µM, sendo esse aumento prevenido pelo uso do LY294002 (Resultados % em relação
28
controle 100%±EP, n=6, p<0,05: C 100±0; CR 107,6±10,5; CLY 76±4,5; CRLY 101,9±10,9;
POG 104,1±11,9; POGR 155,5±24,6; POGLY 50,6±10,1; POGRLY 89,7±13,3). Da mesma
forma foi observado um aumento na relação pGSK-3β/GSK-3β e conseqüente diminuição de
sua atividade apoptótica. Esse efeito também foi prevenido pelo uso do inibidor LY294002 (C
100±0; CR 109,3±11,8; CLY 92,9±12,8; CRLY 89,1±9,7; POG 82,3±9,9; POGR 166,3±17,4;
POGLY 87,5±14,2; POGRLY 104,7±14,5).
Conclusões: Os resultados mostram um efeito neuroprotetor do resveratrol contra a morte
celular induzida pela exposição de culturas organotípicas de hipocampo de rato à POG. Esse
efeito parece envolver a via de sinalização mediada pela enzima PI3K/Akt.
Apoio financeiro: CNPq, CAPES e FAPERGS
29
R16 - IMUNORREATIVIDADE À CHAT E À SUBSTÂNCIA P EM
MEGALOBULIMUS ABBREVIATUS
Marina Luisa Marchi*, Paula Rigon**, Sandro Antunes da Silva*, Matilde Achaval, Wania
Partata e Maria Cristina Faccioni Heuser. Laboratório de Histofisiologia Comparada do
Instituto de Ciências Básicas da Saúde/UFRGS - Porto Alegre.
Introdução e objetivos: A inervação da musculatura pediosa de M. abbreviatus é suprida
pelos nervos originados nos gânglios pedais, nos quais têm sido identificados neurônios
imunorreativos à Substância P e positivos à colinesterase. O objetivo desse estudo é detectar
a presença e distribuição da imunorreatividade à anti-ChAT no gânglio pedal e a
imunorreatividade à SP e à ChAT na musculatura pediosa de Megalobulimus abbreviatus,
utilizando o procedimento de anticorpo não-marcado de Stemeberger (1979). Materiais e
métodos: Foram utilizados caracóis terrestres, M. abbreviatus, adultos coletados no município
de Charqueadas, mantidos em terrários telados e alimentados com água e alface ad libitum. O
animais foram anestesiados em uma solução saturada de mentol, removidos o complexo
subesofageano e porções da musculatura pediosa. O material foi fixado em paraformaldeido 4
%, crioprotegido em sacarose 15% e 30% e seccionado em criostado (50 µm). O bloqueio da
atividade peroxidásica endógena foi feito em uma solução de metanol 10 % e H2O2 3% e
após lavado em PBS e incubado em anticorpo primário: anti-ChAT monoclonal para rato
(1:200) por 96h, ou anti-substância P policlonal pra coelho (1:100), por 24h. Após, o material
foi lavado em PBS e incubado com anticorpo secundário anti IgG de rato conjugado com
PAP (1:100) por 2 h quando o primeiro anticorpo era anti-ChAT e anti IgG de coelho (1:100)
2h seguido de PAP (1:100) por 2 h, quando o anticorpo primário era anti-SP; depois disso, o
material foi revelado com DAB (diaminobenzidino) 0,06% 5 min e H2O2 0,01% 5 min. Os
cortes foram desidratados, montados em lâminas de vidro e analisados em microscópio
óptico. Resultados: Na musculatura pediosa foi detectada imunorreatividade à SP e ChAT em
toda extensão do plexo pedioso, bem como na região associada ao epitélio (plexo subepitelial)
. As fibras SP-ir dos nervos do plexo, penetram nos gânglios, sendo que algumas delas o
atravessam, emitindo projeções que rodeiam os somas neuronais, continuando-se em outro
nervo. Axônios SP-ir emergem dos nervos, formando arranjos geométricos na região
subepidérmica. Neuronios ChAT foram observados entre as células epiteliais do epitélio
ventral da musculatura pediosa, no entanto , não foi observada imunorreatividade na região
30
próxima ao epitélio dorsal da musculatura. Nos gânglios do anel subesofageano foram
observadas fibras imunorreativas no neuropilo do gânglio pedal, sem a presença de células.
Apoio: CNPq- PIBIC, PROPESQ.
31
R17 - EFEITO DE DIFERENTES CONDIÇÕES DE CULTIVO SOBRE A ECTO-5’-
NUCLEOTIDASE EM LINHAGENS DE GLIOMAS
Bavaresco L.**, Bernardi A.**, Braganhol E.**, Battastini A.M.O**.
Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do
Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.
Objetivos: Os gliomas são os tumores primários mais comuns que afetam o sistema nervoso
central. Apesar do tratamento, os gliomas apresentam elevados índices de recorrência devido
a sua alta proliferação, invasividade e resistência à radiação. A ecto-5’-nucleotidase é uma
enzima pertencente à classe das ectonucleotidases, sendo responsável pela hidrólise do AMP
extracelular até adenosina. Além da atividade catalítica, a ecto-5’-nucleotidase tem sido
descrita como proteína envolvida na motilidade celular, na proliferação e ativação de
linfócitos e na adesão dos mesmos ao endotélio. Dados na literatura demonstram
modificações nesta atividade enzimática em diferentes estágios de confluência de células de
glioblastoma em cultura, sugerindo que esta atividade poderia estar correlacionada com a
proliferação celular. Dessa forma, o objetivo deste trabalho é estudar o efeito de diferentes
condições de cultivo sobre a ecto-5’-Nucleotidase e correlacionar com o processo de
proliferação celular em linhagens celulares de gliomas.
Métodos: As células de gliomas humanos (U138-MG e U87) e de rato (C6) foram obtidas da
ATCC e mantidas em meio de cultivo DMEM suplementado com soro fetal bovino, em
condições adequadas de temperatura e umidade. A atividade da ecto-5’-Nucleotidase foi
determinada pela liberação de fosfato inorgânico pelo método do verde de malaquita. A
determinação da proteína foi realizada pelo método do comassie blue. Para os experimentos
de proliferação celular, as células foram lavadas com PBS, dissociadas com tripsina/EDTA
0.25% e então contadas em hemocitômetro. Resultados: Os resultados demonstraram que a
atividade específica da ecto-5’-nucleotidase está aumentada com o aumento da confluência
das células. Observou-se um aumento significativo da atividade da ecto-5’-nucleotidase
quando comparado com os respectivos controles (C6: 117% ± 8,3; U-138MG: 176% ± 15,3;
U87: 165% ± 24,3; sendo n=3, p<0,05). Da mesma forma, um aumento na atividade
específica da enzima com os crescentes dias de cultivo foi observado. Além disso, quando foi
utilizou-se um inibidor da ecto-5’-nucleotidase, o α,β- metileno ADP, houve uma
32
significativa redução da proliferação celular (20% ± 4,1; n=3, p<0,01), o que está de acordo
com os dados que sugerem o possível envolvimento desta enzima na sobrevivência celular.
Conclusões: Estes dados sugerem um envolvimento da ecto-5’-nucleotidase no processo de
proliferação e sobrevivência celular dos gliomas. Experimentos de citometria de fluxo e RT-
PCR estão sendo realizados para melhor elucidar o envolvimento desta enzima na biologia
dos gliomas.
Apoio: CNPq e CAPES.
33
R18 - A ADMINISTRAÇÃO INTRA-HIPOCAMPAL DE ESCOPOLAMINA E MT3,
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS, REVERTE O EFEITO
AMNÉSICO DA OCITOCINA SOBRE A EVOCAÇÃO DA MEMÓRIA DA ESQUIVA
INIBITÓRIA.
Darski, B.S.*, Oliveira, L.F.**, Diehl, F.**, Camboim, C.**, Lanziotti, V.**, Alvares, L.**,
Genro, B.*, Henriques, T*, Consiglio, A.R. e Quillfeldt, J.A. Depto. Biofísica, IB/UFRGS,
Porto Alegre, RS.
Objetivos: verificar os efeitos da infusão intra-hipocampal de escopolamina, antagonista
muscarínico não-seletivo, e de MT3, antagonista seletivo para o receptor M4, sobre o efeito
amnésico da administração i.p. pré-teste de ocitocina na esquiva inibitória (EI).
Métodos e resultados: ratos Wistar machos adultos, treinados na EI (choque: 0,5 mA) e
testados 24 horas depois. A latência para descer da plataforma no teste é o índice de memória
para a tarefa. 30 minutos antes do teste, receberam uma infusão intra-hipocampal de
escopolamina 0,5ug/lado no experimento 1, MT3 0,5ug/lado no experimento 2 ou tampão
fosfato-salina (TFS), controle em ambos experimentos, seguida de uma infusão i.p. de salina
ou de ocitocina 0,4 ug/kg (OT). No experimento 1, o desempenho no teste foi: TFS/Salina
(N=9, 51 [31,5/121,5], sempre mediana e intervalos interquartis), Scopo/Salina (N=8, 86,5
[34,25/180], TFS/OT (N=12, 26 [15/32,25] e Scopo/OT (N=9, 62 [37,5/162,5]). No
experimento 2, o desempenho no teste foi: TFS/Salina (N=21, 31 [20/49,5]), MT3/Salina
(N=15, 47 [24/80]), TFS/OT (N=18, 16 [8,75/23]) e MT3/OT (N=17, 40 [24/70,5]). Em
ambos experimentos, um grupo diferiu dos outros no teste (P=0,005 no exp.1 e P=0,003 no
exp.2, teste de Kruskal-Wallis). Nos dois casos, este grupo foi o TFS/OT (P<0,05 em ambos,
teste de Dunn). Ou seja, nos dois experimentos, a administração intra-hipocampal de um
antagonista muscarínico, não-seletivo ou seletivo para M4, reverteu o efeito amnésico da
ocitocina i.p. na evocação da EI.
Conclusões: o efeito amnésico da ocitocina i.p. sobre a evocação parece se dar por aumento
na quantidade de acetilcolina hipocampal, especificamente, da ligação desta ao receptor M4,
já que antagonistas muscarínicos reverteram esse efeito amnésico.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Fapergs, Propesq/UFRGS, IFS.
34
R19 - INFUSÃO DE AM251 OU ANANDAMIDA NO VENTRÍCULO LATERAL DE
RATOS APÓS O TREINO NA ESQUIVA INIBITÓRIA.
Cassini, L.F.*; Genro, B.P.**; Alvares, L.**; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Bohn, N. R. *;
Teixeira, R. S. *;Engelke, D.S.*, e Quillfeldt, J.A. LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS,
Porto Alegre, RS.
Objetivos: O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da administração
intracerebroventricular (ICV) de anandamida, um agonista canabinóide, e AM251, um
antagonista seletivo dos receptores CB1, ambos sobre a consolidação da memória da Esquiva
Inibitória (EI).
Métodos: Ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de EI (com choque de 0,5 mA
durante 3 segundos) e testados 24 horas depois. O tempo de latência para descida da
plataforma foi utilizado como medida de retenção da memória. Imediatamente após o treino,
um grupo recebeu uma infusão no ventrículo lateral de anandamida na dose de 0,25µg/2,5µl
ou seu veículo (Tocrisolvent®/TFS), e outro grupo recebeu de AM251 200µM ou salina
(TFS).
Resultados: Não foi encontrada diferença (p=0741; Mann-Witney), no experimento com
anandamida (N=30), entre os desempenhos dos grupos no teste. Foi encontrada diferença
estatística (p=0,017; Mann-Witney) no experimento com o antagonista AM251, sendo a
mediana e os intervalos para o grupo controle [180 (180/180), N=16] e grupo droga [17
(6,25/180). Todos os grupos aprenderam a tarefa (p<0,005, teste de Wilcoxon).
Conclusões: O agonista anandamida, quando administrada ICV não apresentou efeitos sobre
a consolidação da memória da EI em ratos na dose de 0,25µg/2,5µl, tal resultado pode ser
devido à concentração utilizada experimentalmente, que possivelmente difere da fisiológica,
ou pelo fato de ser um agonista pouco específico, podendo exercer seus efeitos em outros
receptores. Houve um efeito facilitatório do antagonista AM251 na concentração de 200µM
quando injetado no ventrículo lateral, o que confere com dados da literatura onde a
administração de antagonistas canabinóides foi realizada de forma sistêmica. Provavelmente o
efeito facilitatório encontrado se justifique pela inespecificidade de seus alvos, permitindo que
o fármaco atue em outras estruturas associadas, já que é sabido que a administração intra-
hipocampal do mesmo antagonista prejudicou a consolidação da memória.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.
35
R20 - EFEITO DA REPOSIÇÃO DE ESTRADIOL SOBRE A LIBERAÇÃO E
CAPTAÇÃO DE GLUTAMATO NA MEDULA ESPINHAL DE RATAS
OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE REPETIDO
Leonardo Machado Crema, Ana Paula Horn, Ana Paula Aguiar, Luisa Amália Diehl,
Edelvan Nunes, Fernanda Urruth Fontella, Cristiane Salbego, Deusa Vendite e Carla
Dalmaz.
Depto de Bioquímica e Programa de Pós Graduação em Neurociências, ICBS, UFRGS
Objetivos: O glutamato (Glu) é o principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso,
estando intimamente envolvido, entre outras funções, na transmissão de estímulos
nociceptivos. Além disso, evidências na literatura demonstram mudanças induzidas pelo
estresse na liberação e captação de Glu, assim como a possível influência dos hormônios
gonadais, especificamente o estradiol (E2), na modulação da transmissão sináptica
glutamatérgica na medula espinhal, estrutura essencial na transmissão nociceptiva. Portanto, o
objetivo desse trabalho foi verificar o possível efeito da reposição de E2 sobre a liberação e
captação de Glu na medula espinhal em ratas ovariectomizadas expostas ao estresse repetido.
Métodos e Resultados: Foram utilizadas ratas Wistar ovariectomizadas, as quais foram
divididas em 2 grupos: estresse por contenção (1h/dia, 5 dias/semana durante 40 dias) ou
controle (sem contenção). Esses grupos foram subdivididos em (a) reposição com E2 (5%) ou
(b) óleo de girassol (veículo), utilizando-se cápsulas de silicone subcutâneas. Por fim, havia 4
grupos experimentais (n= 5-7 por grupo): CO (controle+óleo), CH (controle+hormônio), EO
(estresse+óleo) e CH (controle+hormônio). Vinte e quatro horas após a última sessão de
estresse os animais foram sacrificados e a medula espinhal dissecada. Para a técnica de
captação e liberação de glutamato foi utilizado o método descrito por Dunkley et al. (1988) e
para a verificação da expressão do imunoconteúdo dos transportadores de glutamato foi
realizada a técnica de Western Blott através do uso de anticorpos específicos para os
transportadores GLAST, GLT-1 e EAAC1.
Resultados: Uma ANOVA de duas vias mostrou efeito do estradiol [F(1, 1,2)= 5,39,
p=0,003], aumentando a captação de glutamato, e efeito do estresse crônico, diminuindo a
captação de glutamato [F(1,20)= 7,94, p=0,01] em sinaptossomas de medula espinhal. Houve
diferença significativa entre a liberação de glutamato basal (baixo K+ ) e após estimulação
36
(alto K+ ) [F(1,16) = 22,99, p<0,001], porém não houve diferença significativa na liberação de
glutamato entre os grupos (p>0,05) para os fatores estresse e estradiol.
Na análise do imunoconteúdo dos transportadores de glutamato em medula espinhal houve
efeito significativo da reposição de estradiol (p<0,05), aumentando a expressão dos 3
transportadores estudados. Os dados foram expressos como média + desvio padrão e
analisados em relação à porcentagem do grupo controle (CO). Ver tabela abaixo:
Grupos
Transportadores CO CH EO EH
GLAST 100 231,97 + 89,36 128,37 + 36,33 159,17 + 50,05
GLT-1 100 143,56 + 13,18 88,13 + 31,45 87,72 + 24,04
EAAC-1 100 158,45 + 37,85 85,55 + 11,18 91,27 + 37,38
Conclusões: Neste trabalho, observou-se que a exposição ao estresse crônico reduziu a
captação de glutamato em medula espinhal, curiosamente sem alterar a expressão dos
transportadores. Em contraste, a reposição com E2 aumentou a captação de glutamato,
possivelmente relacionada ao aumento na expressão dos três transportadores avaliados. Pode-
se sugerir que o estresse modula a transmissão glutamatérgica na medula, sendo que o
estradiol possivelmente tenha um papel neuroprotetor frente ao estresse crônico.
37
R21 - AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS EMOCIONAIS DE CAMUNDONGOS ALTO
E BAIXO EXPLORADORES SUBMETIDOS A UM ESTRESSE CRÔNICO
VARIADO.
Thiago Pereira Henriques*, Luisa Amália Diehl**, Taise Michele Lorenzi Ferreira**, Denis
Broock Rosemberg**, Carla Denise Bonan, Carla Dalmaz, Diogo Rizzato Lara. Depto
Bioquímica – ICBS/UFRGS, Porto Alegre.
Objetivos: Nossos estudos anteriores demonstraram que o comportamento de camundongos
avaliados no Campo Aberto (CA) apresenta variações individuais, podendo ser classificados
como Alto-Exploradores (AE), Baixo-Exploradores (BE) ou Intermediários (IE). Também
demonstramos que essas diferenças são estáveis ao longo do tempo e correlacionáveis com
outros parâmetros comportamentais. Sugerimos que os AE e os BE sejam análogos aos
temperamentos de busca de novidades e de evitação de risco, respectivamente. O objetivo
deste trabalho foi avaliar diferentes parâmetros emocionais de camundongos AE, BE e IE
submetidos a um protocolo de estresse crônico variado.
Métodos: 72 camundongos CD1 machos adultos foram submetidos a 5 min de CA, onde foi
avaliado o tempo na porção central (TPC). Os grupos AE (n=15) e BE (n=14) representam os
extremos desta população, e os IE (n=15), os intermediários. Definidos os grupos, estes foram
submetidos a um protocolo de estresse crônico variado (ECV) por 42 dias. O teste da bebida
doce (TBD) foi usado para avaliar anedonia, sendo que este foi aplicado antes do ECV e após
cada 7 dias de estresse, até totalizar 7 testes. Logo após a última semana de estresse, foi
realizado novamente o CA – modificado, a fim de evitar efeitos relativos à habituação – para
avaliar a influência do ECV sobre o comportamento dos grupos. Posteriormente foi realizado
um 8º TBD depois de uma semana sem estresse de modo a avaliar a recuperação do ECV.
Resultados: A análise estatística demonstrou que continuou havendo diferença entre os grupos
no 2º CA, sendo que os BE apresentaram uma diferença significativa em relação aos demais
(p<0,05). Quanto ao TBD, os BE consumiram menos bebida doce no 8º teste comparados aos
AE e IE, apresentando um efeito marginal (p=0,052). Contudo, os resultados são
preliminares, pois falta um grupo controle (sem ECV).
Conclusões: Nossos resultados permitiram concluir que, apesar do ECV, os AE, IE e BE
continuaram apresentando diferenças entre si no CA. O TBD, usado para avaliar um possível
comportamento anedônico causado pelo ECV, demonstrou que os BE se recuperaram menos
38
dos efeitos do ECV em relação aos demais grupos após uma semana sem estresse. Esse
resultado está de acordo com esperado para indivíduos com o temperamento do tipo evitação
de risco ou “depressivo”. No entanto, um grupo controle ainda é necessário para demonstrar
que nossos resultados são de fato devidos ao ECV ou a outro fator.
Apoio financeiro: CNPq
39
R22 - EFEITOS DA CONTAMINAÇÃO POR METILMERCÚRIO NO SISTEMA
NERVOSO CENTRAL
Natalia Figueiredo*, Póti Gavillon*, Victor Ceréser**, Sheila Trentin*, Camila Oliveira*,
Ana Corbellini*, Lindolfo Meirelles, Alcyr Oliveira; UFRGS, Porto Alegre.
Introdução: A intoxicação por metilmercúrio (MeHg) tem sido bastante estudada devido à
sua alta toxicidade, sobretudo pela sua alta capacidade de neurodegeneração. No sistema
nervoso central, o MeHg afeta principalmente células das regiões do córtex visual e do
cerebelo, resultando em disfunções como parestesia perioral, perturbações na coordenação
motora, fala, audição e pensamento, sintomas que caracterizam a síndrome de Minamata. A
liberação de resíduos das atividades industriais e vazamentos de mineração carbonífera e
aurífera são as principais fontes de contaminação do meio ambiente. A ingestão de alimentos
ou água contaminados representa a via mais comum de intoxicação humana. Embora os
mecanismos de ação do MeHg não sejam totalmente esclarecidos, estudos têm revelado sua
atividade sobre a neurotransmissão, através da obstrução dos canais de Ca++ e conseqüente
acumulo intracelular desse íon. Também é apontada a desregulação dos níveis
glutamatérgicos e estresse oxidativo, causador da ruptura e fragmentação da membrana
celular resultante da ação de radicais livres. Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar
os efeitos neurocomportamentais de duas doses de MeHg ingeridos por camundongos.
Métodos: Para isso, foram realizados dois experimentos em que camundongos adultos,
machos, CF1 receberam como única fonte de líquidos durante 14 dias, MeHg diluído em H2O
nas seguintes concentrações de 20mg/L e 40mg/L. Em ambos os experimentos, os grupos
controle receberam apenas H2O como única fonte de líquidos durante o mesmo período.
Nenhum dos grupos sofreu restrição alimentar. Para avaliação dos efeitos
neurocomportamentais, realizou-se bateria SHIRPA (Manfroi, et al. Toxicol.Sci. 81:172-8,
2004) em todos os animais. A primeira etapa dos testes foi aplicada anteriormente à exposição
ao MeHg. Passados 14 dias de tratamento, novo exame foi realizado e, após 30 dias, uma
terceira aplicação da bateria SHIRPA. Resultados: Os resultados indicam que os animais
intoxicados com 40mg/L apresentaram problemas motores significativos, assim como
acentuada perda de peso, entre outros itens, não verificados nos camundongos tratados com
20mg/L. Houve um elevado número de perda de animais do grupo de 40 mg/L. Conclusões:
40
Esses dados indicam que a dose de 40mg/L possui grau de toxicidade evidentemente maior da
dose de 20mg/L.
Apoio Financeiro: CNPQ.
41
R23 - ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS DO TIPO ANSIOGÊNICAS APÓS
SITUAÇÕES ESTRESSANTES PODEM SER LINHAGEM E ESTRESSE
DEPENDENTE.
Lach, G.**; De Lima, T.C.M. Laboratório de Neurofarmacologia, Departamento de
Farmacologia, UFSC – Florianópolis - SC
Objetivos: Tanto em homens quanto em animais, o estresse parece facilitar a emocionalidade.
Sabe-se que linhagens diferentes respondem de maneira distinta a um mesmo protocolo de
estresse demonstrando o envolvimento genotípico. O objetivo deste trabalho foi analisar o
comportamento duas linhagens isogênicas contrastante para ansiedade, Lewis (LEW), animal
com característica do tipo ansiôgenica e ratos espontaneamente hipertensos (SHR), com perfil
do tipo ansiolítico, além da linhagem não-isogênica, Wistar (WTR), roedor mais utilizado em
pesquisa animal, submetidos a protocolos de estresse com características distintas e avaliados
no modelo do labirinto em cruz elevado (LCE).
Métodos e resultados: 134 ratos machos (WTR=43; SHR=40; LEW=51) com três meses de
idade foram testados no LCE 24h após o último estímulo estressor. Os parâmetros utilizados
foram a porcentagem de tempo de permanência nos braços abertos (%TAB) e porcentagem do
número de entradas nestes mesmos braços (%AB) para verificar alterações do estado de
ansiedade do animal. O número de entradas nos braços fechados (FE) foi utilizado como
parâmetro indicativo de um possível prejuízo locomotor. O experimento dividiu-se em três
protocolos de acordo com o tipo de estressor utilizado. O experimento 1 (S28) consistiu em 4
semanas de estresse moderado, sendo que todos os estressores se repetiam a cada 1 semana
(adaptado de Eur. J. Pharmacol. 296: 126-136, 1996). O experimento 2 (S10i) teve duração de
10 dias com dois estressores diferentes a cada dia. O terceiro experimento (S10p), também
com duração de 10 dias, utilizou-se o mesmo estímulo estressor durante todo o período
(adaptado de Neuropsychopharmacology 14: 443-452, 1996).
No experimento 1, o grupo estressado (str) da linhagem WTR apresentou uma diminuição da
%TAB e %AB no LCE em relação ao grupo controle (con) (%TAB – con= 32,0±5,2; str=
15,6±3,8 p<0,05 e %AB – con= 50,4±7,0; str= 26,6±3,0 p<0,05). Enquanto isso, as linhagens
isogênicas LEW e SHR não alteraram seu comportamento depois do período de estresse. No
experimento 2, observou-se uma redução do %TAB e %AB do LCE em todas as linhagens
estudadas quando comparados aos seus respectivos grupos controle (WTR - %TAB – con=
42
25,5±2,6; str= 11±3 p<0,05 e %AB – con= 43,0±3,7; str= 22,8±6,5 p<0,05) (LEW - %TAB –
con= 31,1±6,2; str= 9,1±4,6 p<0,05 e %AB – con= 41,0±6,0; str= 14,1±6,4 p<0,05) (SHR –
%TAB – con= 72,7±10,8; str= 29,4±11,3 p<0,05 e %AB – con= 71,6±7,7; str= 28,0 ±9,9
p<0,05). No terceiro experimento, os ratos LEW e WTR não apresentaram diferença em
relação ao grupo controle, enquanto que os ratos SHR tiveram uma redução significante da
%AB e uma tendência em reduzir a %TAB (%TAB – con= 72,7±10,8; str= 45,1±12,6 p<0,05
e %AB – con= 71,6±7,7; str= 41,42±9,9 p<0,1). O parâmetro FE não foi modificado
significativamente nos grupos estressados, descartando a possível influência de prejuízo
motor nas alterações comportamentais aqui estudadas.
Conclusão: Nossos dados reforçam a hipótese de que diferentes estímulos estressores podem
modular distintamente o comportamento entre linhagens. Entretanto, novos experimentos
estão em andamento para melhor elucidar tais efeitos do estresse nestas diferentes linhagens.
Apoio financeiro: CAPES
43
R24 - ATENUAÇÃO DAS RESPOSTAS DEFENSIVAS DE RATOS FRENTE AO
ODOR DE GATO ATRAVÉS DA ADMINISTRAÇÃO DE MUSCIMOL NA
SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DORSOLATERAL ROSTRAL
Souza RR**, Do Monte FHM**, Carobrez AP. Departamento de Farmacologia, Universidade
Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, SC.
Objetivos: A exposição de ratos a um predador ou ao seu odor evoca padrões de atividade
neuronal em diferentes áreas cerebrais relacionadas ao comportamento defensivo (CD), dentre
elas, a Substância Cinzenta Periaquedutal Dorsolateral (SCPdl). Estudos prévios demonstram
diferenças na expressão de proteína Fos ao longo do eixo rostrocaudal da SCPdl em ratos
expostos ao odor de gato. Além disto, a transmissão Gabaérgica tem sido implicada na
mediação do CD frente a estímulos ameaçadores. Assim sendo, o objetivo do presente estudo
foi avaliar o envolvimento dos receptores GABAA ao longo do eixo rostrocaudal da SCPdl na
expressão do CD de ratos expostos ao modelo do odor de gato.
Método e Resultados: Ratos Wistar machos (n=6-9), previamente implantados com cânulas
guias direcionadas à SCPdl rostral ou dorsal, foram submetidos ao modelo do odor de gato em
uma caixa de acrílico dividida em dois compartimentos, um aberto (40x26x36) e um fechado
(20x26x36). Durante a sessão de familiarização uma flanela neutra (sem odor) foi fixada na
extremidade distal do compartimento aberto. Uma flanela idêntica, porém previamente
impregnada com odor de gato, foi utilizada como estímulo aversivo 24 h após a
familiarização. Os animais foram subdivididos em seis grupos experimentais microinjetados
com PBS ou Muscimol (1 ou 3 nmol) nas porções rostrais ou caudais da SCPdl. ANOVA
revelou diferenças estatísticas apenas entre os animais microinjetados na SCPdl rostral. Uma
redução do CD, caracterizada por uma diminuição na porcentagem de tempo escondido
(%TE; 52,95±6,83*) e no parâmetro de avaliação de risco “head-out” (TH; 46,75±10,79*),
foi visualizada nos animais que receberam Muscimol 1 nmol na PAGdl rostral quando
comparados ao grupo controle (PBS; %TE= 84,27±2,62; TH= 123,33±29,66 (Newman Keuls
- post hoc *p<0,05, média ± e.p.m).
Conclusão: Os resultados sugerem um envolvimento da transmissão gabaérgica da SCPdl
rostral, mas não da SCPdl caudal, na mediação das respostas defensivas de ratos frente ao
odor de gato, sugerindo distintos padrões de atividade neuronal ao longo do eixo rostrocaudal
da SCPdl frente a ameaça predatória. Apoio- CNPq, CAPES, FAPESC, FAPESP, UFSC
44
R25 - RESPOSTAS AFETIVAS AO ALIMENTO DOCE: EFEITO DO ESTRESSE
CRÔNICO E DA REPOSIÇÃO COM ESTRADIOL.
Assis S.A.C.N; **Crema L.M; Diehl L.A; *Aguiar A.P.; Dalmaz C.
Depto. Bioquímica, ICBS, UFRGS, Porto Alegre -RS
Introdução: Estudos prévios do nosso laboratório demonstram que a exposição ao estresse
crônico (EC) altera o consumo de alimentos palatáveis em ratos, mas não em fêmeas. Sabe-se
que diferentes estímulos podem levar ao “gostar” e/ou ao “querer”. Gostar se reflete em
padrões positivos de reações afetivas comportamentais ao impacto hedônico imediato dos
eventos prazerosos (Berridge et al., 2003). Um protótipo de reações afetivas positivas são as
reações hedônicas ao sabor doce.
Objetivos: Neste trabalho, estudamos os efeitos do EC em ratas sobre o consumo de alimento
doce e o padrão de reações à exposição a diferentes concentrações de sacarose e a possível
interação com estradiol.
Métodos: Foram utilizadas ratas Wistar adultas (60dias). Os animais foram anestesiados com
Cetamina e Xilasina . Foi feita uma cirurgia de ovariectomia , a partir de uma incisão
abdominal abrindo-se a cavidade peitoneal . Os ovários foram expostos, efetuou-se a ligadura
na tuba uterina , o ovário foi retirado e a incisão suturada. Após um período de recuperação de
pelo menos 1 semana , os animais foram anestesiados e receberam implantes subcutâneos de
uma cápsula de silicone contendo β-estradiol a 5% ou veiculo (óleo de girassol). A seguir, os
grupos foram divididos em controle e estressados cronicamente (1h/dia , 5 dias /semana
durante 40 dias). Após esse período, foi avaliado o consumo de alimento doce quando se
oferecia aos animais rosquinhas doces (Froot Loops). Esse alimento era oferecido durante
períodos de 3 min/dia, até os animais habituarem –se ao novo alimento. O consumo foi
medido com os animais alimentados ad libitum. Posteriormente, o padrão facial de respostas
(protrusões de língua) após a administração de sacarose em diferentes doses (0,1M e 1M) foi
avaliado. Esses comportamentos foram filmados durante 1min e avaliados quadro a quadro
(freqüência e duração).
Resultados: O estradiol aumentou o consumo de alimento doce (ANOVA de 2 vias, P<0,05
para o estradiol). Houve diferença entre os grupos na freqüência e duração das respostas
faciais à sacarose 0,1M (Teste de Kruskal-Wallis, P<0,05), sendo que o estresse diminuiu a
45
freqüência e o estradiol aumentou a freqüência e a duração desses comportamentos (Teste U
de Mann-Whitney, P<0,05). Para Sacarose 1M, não houve diferença entre os grupos.
Conclusão: O EC parece diminuir o impacto hedônico ao sabor doce; o estradiol apresentou
efeito contrário e preveniu o efeito do estresse. Estes são dados preliminares, e o número de
animais por grupo está sendo aumentado para chegarmos a conclusões mais definitivas.
Apoio: CNPq.
46
R26 - VIÉS ATENCIONAL PARA ESTÍMULOS RELACIONADOS AO ÁLCOOL EM
BEBEDORES SOCIAIS.
Ana Carolina Peuker, Augusto Pires, Jeronimo Soro, Atila Jungblut, Lisiane Bizarro. PPG
Psicologia, UFRGS.
Bebedores sociais freqüentes tendem a apresentar viés na atenção para estímulos ambientais
associados ao álcool. Este viés pode favorecer a transição do uso ocasional à dependência da
droga. O processo atencional pode ser divido em dois subsistemas: orientação inicial e
manutenção da atenção. Esta última é mais influenciada por variáveis motivacionais e é
avaliada em tempos de exposição maiores (2000 ms). Já a orientação inicial é um processo
rápido, que pode ser avaliado com exposições de estímulos curtas (100-200 ms). Objetivo:
examinar o viés atencional para pistas associadas ao álcool em indivíduos com diferentes
padrões de consumo alcoólico: abstêmios (ABS), bebedores de baixo (BR) e alto risco (AR)
para desenvolver dependência. Método: participaram 53 universitários da UFRGS (dos quais,
25 eram homens; idade média 21,91 anos, dp=3,34). O padrão de consumo alcoólico foi
avaliado através do Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT): ABS (escore zero),
BR (escore <8) e AR (escore≥ 8). O viés atencional foi investigado através de uma tarefa
atencional computadorizada (Dot-probe Task). Nesta tarefa, duas imagens (uma relacionada
ao álcool e uma controle) são apresentadas, simultaneamente, em um de três tempos de
exposição (200, 500 e 2000 milissegundos). Logo após, uma delas é substituída por uma seta.
O participante deve indicar rapidamente a direção da seta (↑ou↓). Tempos de reação menores
quando a seta substitui imagens relacionadas ao álcool revelam viés na atenção para esta
classe particular de estímulos. Os participantes foram abordados ao acaso no Campus de
Saúde da UFRGS. Os procedimentos de coleta seguiram as diretrizes éticas para pesquisa
com humanos. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRGS, processo
nº. 2005417. Resultados: constatou-se que 17% (n=9) eram ABS; 41,5% (n=22)
apresentavam padrão BR e 41,5% (n=22) padrão AR. Os tempos de reação dos grupos ABS,
BR e AR foram comparados nos três tempos de exposição (200, 500 e 2000 ms), através da
ANOVA, incluindo o teste Post Hoc Tukey. Observou-se interação entre grupo e tempo de
exposição (p<0,05). O grupo AR apresentou maior viés para pistas associadas ao álcool no
tempo 200 ms. Nos demais tempos de exposição, não foi constatado efeito de grupo, tempo de
exposição nem de interação entre estes fatores. Conclusão: o resultado corrobora a literatura,
47
revelando que bebedores sociais mais freqüentes apresentam maior viés na atenção para
estímulos relacionados ao álcool. No grupo AR, o viés associou-se à orientação inicial da
atenção, avaliada no menor TE (200 ms). Este processo opera automaticamente, podendo
indicar que, com o maior uso de álcool, pistas relacionadas à droga adquirem propriedades
reforçadoras e destacam-se no ambiente em detrimento de outros estímulos. A exposição
repetida a estas pistas pode exacerbar o desejo de beber e levar à transição do consumo
ocasional à dependência de álcool.
Apoio Financeiro: Capes
48
R27 - AVALIAÇÃO DA MEMÓRIA, DA ANSIEDADE E DA ATIVIDADE MOTORA
NA TAREFA DE CAMPO ABERTO EM RATOS SUBMETIDOS AO CONSUMO DE
DIETA ALTAMENTE PALATÁVEL NA VIGÊNCIA DE UM MODELO DE
ESTRESSE CRÔNICO
Rachel Krolow Santos Silva; Cristie Grazziotin Noschang; Andrelisa Fachin; Edelvan Nunes;
Mauro Nor Billodre; Liane Tavares Bertinetti; Fabiane Bastiani; William Peres; Carla
Dalmaz. Depto Bioquímica, UFRGS
Tem sido sugerido que alimentos palatáveis sejam utilizados pela população em geral como
uma forma de reduzir o estresse, bem como aliviar angústias psicológicas. Dados anteriores
de nosso laboratório sugerem que animais repetidamente estressados apresentam maior
consumo de alimentos palatáveis quando expostos a esse tipo de alimento por curto período
de tempo. A exposição ao estresse crônico pode levar a alterações na memória e no grau de
ansiedade. Objetivo: Avaliar os efeitos do estresse crônico sobre a memória de habituação, a
ansiedade e a atividade motora na vigência de dieta altamente palatável, comparada com uma
dieta composta por ração padrão, em ratos machos. No experimento foram utilizados
dezesseis ratos Wistar machos divididos inicialmente em dois grupos diferenciados pela dieta:
grupo chocolate mais ração e grupo ração. Após cinco dias esses grupos foram subdivididos
em estressados e controles formando, quatro grupos: CHOC (chocolate-controle), CHOE
(chocolate-estresse), RC (ração-controle) e RE (ração-estresse). O procedimento de estresse
empregado foi o de imobilização por uma hora cinco dias por semana, durante sete semanas.
Após esse período, os animais foram expostos a um campo aberto durante cinco minutos
(sessão de treino) e, 24 h após, nova exposição foi realizada (teste). Foram medidos número
de respostas de orientação nas duas sessões (sendo a diminuição nessas respostas na segunda
sessão considerada um índice de memória), tempo gasto nos quadrados centrais (índice de
ansiedade) e número de cruzamentos (atividade motora). Os dados foram analisados por
ANOVA de medidas repetidas, usando como fatores entre sujeitos estresse e dieta.
Observamos que todos os grupos apresentaram memória, com redução da atividade
exploratória na segunda sessão (P<0,001). Não houve diferença significativa na ansiedade ou
no número de cruzamentos entre os grupos, porém houve uma tendência (P=0,067) a um
efeito da dieta neste último parâmetro, pois os animais que receberam chocolate apresentaram
maior atividade. Uma possível interação entre estresse x dieta x sessão também é sugerida na
49
atividade exploratória (P=0,088), embora os dados não atinjam significância estatística (houve
redução com o estresse, revertida pela dieta com chocolate). Esses dados são preliminares e
um maior número de animais deverá ser analisado. Apesar que não foram observadas
interações significativas entre os tratamentos, os resultados indicam a possibilidade de haver
uma interação de modo que a oferta de chocolate poderia modificar os efeitos do estresse
crônico sobre a atividade exploratória.
Apoio: CNPq
50
R28 - EFEITO DA S100B EXÓGENA SOBRE A MEMÓRIA AVERSIVA EM
RATOS: AÇÃO DA PROTEÍNA SOBRE A SÍNTESE DE ARNm NECESSÁRIA
PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UM NOVO APRENDIZADO.1Camboim, C.**; 1Oliveira, L. F.**; 1Draski, B.*, 1Bohn, N. R.*; 1Diehl, F.**; 1Alvares, L.
O.**; 1Genro, B. P.**, 1Teixeira, R. S.*; 1Lang, L. F.*; 2Souza, T. M.; 2Gonçalves CA;1Quillfeldt, J. A. 1Dep. Biofísica – IB/UFRGS; 2Dep. de Bioquímica – ICBS/UFRGS. Porto
Alegre/RS.
Objetivos: A proteína astrocitária S100B quando infundida em hipocampo dorsal exerce um
papel facilitatório sobre a consolidação da memória aversiva em ratos. Neste trabalho
investigaremos um dos componentes do mecanismo pelo qual a S100B estaria modulando a
consolidação da memória, em particular, saber se a síntese de ARNm tem algum papel neste
processo.
Métodos: 75 ratos Wistar machos foram submetidos a uma cirurgia esterotáxica para a
implantação bilateral de cânulas em hipocampo dorsal; após a recuperação, os animais foram
treinados na tarefa de Esquiva Inibitória (EI), com choque de 0,4 mA, durante 3s. O teste foi
realizado 24 horas depois. No Exp. 1, as drogas infundidas foram: S100B 2uM, ou seu veículo
TFS, e DRB 0,8ng/ul, ou seu veículo DMSO 20%. A dose de S100B usada é sabidamente
facilitatória e a de DRB não tem efeito próprio sobre a memória. No Experimento 1, os
animais foram divididos em quatro grupos e infundidos após o treino: TFS + DMSO (GA), ou
S100B + DMSO (GB), ou TFS + DRB (GC) ou S100B + DRB (GD). No Exp. 2, os animais
foram divididos nos mesmos quatro grupos, mas a infusão do DRB ou seu veículo foi feita 2h
após o treino.
Resultados: Exp. 1: Todos os grupos aprenderam a tarefa (teste de Wilcoxon), porém
nenhum grupo foi significativamente diferente do grupo controle (GA) no teste (teste
Kruskal-Wallis); Exp. 2: Todos os grupos aprenderam a tarefa (teste de Wilcoxon). Houve
diferença significativa apenas do grupo GB em relação ao grupo GA (teste post-hoc de Dunn),
o que indica um efeito facilitatório da S100B.
Conclusões: O efeito facilitatório da proteína S100B sobre a consolidação da memória
depende da síntese de ARNm que ocorre após a aquisição, particularmente na segunda fase de
transcrição gênica, necessária para a consolidação de um novo aprendizado.
51
R29 - EFEITO DA INTERAÇÃO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS COM
CULTURAS ORGANOTÍPICAS DE HIPOCAMPO DE RATOS Grudzinski, P.B.*,
Horn, A.P.**, Frozza, R.**, Mayer, M.R.*, Chagastelles, P.**, Gerhardt, D.**, Lenz, G.,
Nardi, N.B. e Salbego, C., UFRGS, Porto Alegre, Brasil.
Objetivo:
As células tronco mesenquimais (CTMs) podem ser obtidas de diferentes tecidos e
apresentam uma esperança na cura de várias doenças neurodegenerativas, como Alzheimer,
Parkinson e isquemia cerebral. Apesar da atual utilização na clínica, ainda existe um escasso
conhecimento sobre a interação de CTMs com o tecido nervoso e sobre a sua influência nas
células neuronais. O principal objetivo desse trabalho foi verificar o efeito do meio
condicionado pelas CTMs sobre fatias de tecido nervoso.
Métodos:
As CTMs foram obtidas de medula óssea e pulmão de ratos Wistar machos adultos e foram
cultivadas em H-DMEM 10% SFB, sendo utilizadas entre a 10ª e a 20ª passagens. As culturas
organotípicas foram obtidas a partir de hipocampos de ratos Wistar machos de 6-8 dias e
cultivadas sobre membranas específicas durante 14 dias em MEM com 25% de soro eqüino.
No 14° dia as membranas contendo o tecido foram colocadas sobre CTMs de pulmão ou
medula óssea em semi-confluência, assim como sobre outros tipos celulares (glioma U87,
carcinoma H647 e linhagem HEK293) usados como controles, ficando dessa forma em
contato com o meio condicionado, durante 24 horas, por estes tipos celulares. Foi testado
também o efeito da diluição (1:1) do meio condicionado em H-DMEM 10% e da fervura deste
meio por 30 minutos sobre a viabilidade das fatias de hipocampo. Vinte e quatro horas após o
contato, foi adicionado ao meio o corante fluorescente iodeto de propídeo (IP), um indicador
de morte celular. Esse foi incubado por 1h e a seguir as culturas foram fotografadas. Quando
necessário, a morte celular foi quantificada com o programa Scion Image e os dados
analisados por ANOVA de uma via seguida do teste de Tukey.
Resultados:
Os resultados obtidos mostraram que o contato das fatias hipocampais com o meio
condicionado pelas CTMs (medula óssea e pulmão) apresentou efeito tóxico para algumas
células do hipocampo (resultados expressos em % de morte no hipocampo: média+EP, n=3-9,
p<0,05; controle: 0,24+0,11; n=9; meio CTM medula óssea: 26,73+5,57, n=9 e meio CTM
52
pulmão: 33,68+2,96, n=9). Quando o meio condicionado pelas CTMs foi fervido (meio CTM
medula óssea: 7,31+1,93, n=6 e meio CTM pulmão: 0,79+0,31, n=3) ou diluído em H-
DMEM 10% na proporção 1:1 (meio CTM medula óssea: 5,35+2,18, n=9; meio CTM
pulmão: 9,83+2,45, n=3) observamos uma diminuição do efeito tóxico desse meio, sugerindo
que o fator tóxico secretado possa ser peptídico. O contato das fatias hipocampais com o meio
condicionado por outras linhagens celulares (glioma U87, carcinoma H647 e linhagem
Hek293) não induziu morte celular na intensidade da observada na presença de CTMs de
medula óssea e pulmão.
Conclusões:
Nossos resultados sugerem que, em nosso modelo, algum fator tóxico está sendo secretado
pelas CTMs e está induzindo morte celular nas células hipocampais. Esse fator parece ser
específico desse tipo celular e os resultados sugerem que seja de natureza peptídica, uma vez
que seu efeito é diminuído pela fervura. Sugerimos que mais estudos sobre a interação dessas
células com células nervosas sejam realizados, uma vez que as CTM de medula óssea humana
já estão sendo introduzidas em pacientes.
Apoio Financeiro: CNPq, Propesq/UFRGS.
53
R30 - EFEITO DE DIFERENTES SABORES SOBRE A NOCICEPÇÃO EM RATAS
OVARIECTOMIZADAS EXPOSTAS AO ESTRESSE CRÔNICO REPETIDO
Ana Paula Aguiar; Leonardo M. Crema; Luisa A. Diehl; Flávia Pederiva; Simone Assis;
Edelvan Nunes; Fernanda Fontella, Carla Dalmaz
Depto Bioquímica e PPG Neurociências, UFRGS
A exposição a eventos estressantes provoca alterações na resposta nociceptiva. Estudos
prévios do nosso laboratório demonstram que machos submetidos a estresse crônico repetido
apresentam hipernocicepção, não havendo efeito em fêmeas. Acredita-se que haja a
participação de hormônios gonadais nesse mecanismo. Além disso, há relatos na literatura de
que a exposição a diferentes sabores influencia a modulação de respostas nociceptivas.
Objetivos: verificar o possível efeito dos sabores doce e ácido sobre a nocicepção em ratas
ovariectomizadas com e sem reposição de estradiol. Métodos: foram utilizadas 80 ratas
Wistar adultas ovariectomizadas divididas em 2 grupos: recebendo implante subcutâneo de
estradiol ou de óleo de girassol (veículo). Posteriormente, 20 ratas de cada grupo foram
expostas ao estresse repetido por contenção durante 40 dias, 5 dias/semana, 1h/dia. Um dia
após a última sessão de estresse, as ratas foram habituadas a um novo tipo de alimento (froot-
loops) e ao aparelho de tail-flick. Um dia depois, realizou-se uma medida basal do limiar
nociceptivo no teste de latência de retirada da cauda, seguindo-se a exposição dos animais aos
sabores durante 4 min e repetiu-se o teste de latência. Resultados: uma ANOVA de medidas
repetidas mostrou efeito antinociceptivo do doce e do ácido, além de interação estradiol-doce
e ácido-estresse. Conclusão: o estradiol acentua o efeito antinociceptivo associado ao
estímulo gustativo doce, enquanto o estresse crônico repetido acentua o efeito antinociceptivo
associado ao estímulo gustativo ácido.
Apoio finaceiro: CNPq e CAPES.
54
R31 - A UTILIZAÇÃO CRÔNICA DE CAFEÍNA DIMINUI O CONSUMO DE
ALIMENTO DOCE SEM AFETAR O CONSUMO DE ALIMENTO SALGADO EM
RATOS MACHOS ALIMENTADOS.
Pettenuzzo, L.F.; Noschang, C.; Diehl, L.; Dalmaz, C.
Depto Bioquímica, UFRGS.
A cafeína é a droga psicoativa mais consumida no mundo ocidental; não é considerada uma
droga de abuso e os governos não têm imposto restrições ao seu uso. A obesidade por sua vez
está se tornando um problema de saúde pública, e a descoberta de meios eficazes para
controlar o interesse por certos alimentos, especialmente por doces, pode ajudar a diminuir
esse problema. Em animais, as metilxantinas, dependendo do estado fisiológico do animal,
podem produzir anorexia ou não apresentar efeito, além de se observar tolerância para alguns
de seus efeitos. Por outro lado, a exposição a determinados modelos de estresse crônico
aumenta o consumo de alimento doce em ratos. Portanto, o objetivo do presente estudo foi
verificar o efeito da administração crônica de cafeína sobre o comportamento alimentar de
ratos machos estressados repetidamente. Para isto os animais foram estressados por contenção
por 1 hora/dia, 5 dias/semana durante 40 dias, e/ou receberam solução de cafeína (0,3 g/L) na
água de beber durante 40 dias. Após o tratamento os animais foram submetidos às tarefas para
avaliar o comportamento alimentar. Durante a realização das tarefas os animais continuaram
sendo estressados e/ou recebendo a solução de cafeína. O presente estudo verificou que a
administração crônica de cafeína diminui o consumo de doces (Froot Loops®) , mas não afeta
o consumo de salgado (Cheetos®), tanto em ratos controles quanto em ratos estressados,
quando esses animais estavam alimentados, não alterando o padrão de consumo durante a
restrição alimentar. Além disso, o efeito encontrado parece ser mais pronunciado em ratos
estressados. Com isso concluímos que, uma vez que a cafeína não afeta o consumo de ração
padrão ou de salgado, apenas de alimento doce e apenas quando os animais encontram-se
saciados, os efeitos observados podem estar relacionados com o impacto hedônico inerente ao
consumo deste tipo de alimento. Além disso, tendo em vista o fato da cafeína apresentar
efeitos ansiogênicos na dosagem estudada, os efeitos sobre o consumo de alimento doce
provavelmente não estão relacionados a esse aspecto das ações da cafeína.
Apoio: CNPq
55
R32 - EFEITOS DA DIETA HIPERLIPÍDICA COM E SEM AQUECIMENTO SOBRE
O DANO OXIDATIVO AO ADN PERIFÉRICO E EM TECIDO NEURAL. Leticia C.
Ribeiro**, Adriano M. Assis**, Juliana K. Rocha*,Patrícia Nardin**, Ana C. Andreazza**,
Carlos-Alberto Gonçalves, Marcos L. S. Perry, Carmem Gottfried. PPGs de Neurociências e
de Bioquímica - ICBS, UFRGS, Porto Alegre, RS.
A dieta hiperlipídica apresenta um grande potencial de produção de produtos avançados de
glicação (PAGs), e quando passa por processos de aquecimento, potencializa ainda mais a
geração de PAGs. Esse processo de geração de PAGs, implica em um aumento do estresse
oxidativo. Portanto, a alimentação é um dos fatores que influenciam na taxa de estresse
oxidativo, e, conseqüentemente no dano oxidativo resultante, que pode afetar lipídeos,
proteínas e ADN. Além disso, estudos sugerem que tanto os PAGs quanto o estresse oxidativo
estão envolvidos no dano neuronal e possivelmente na geração de patologias
neurodegenerativas. Objetivo: Verificar os efeitos de uma dieta com 60% de lipídios e desta
mesma dieta quando submetida a aquecimento sobre dano oxidativo ao ADN periférico, e em
estruturas cerebrais a fim de verificar o quanto esta dieta pode levar a um dano neuronal.
Métodos: Foram utilizados 15 ratos Wistar, machos, provenientes do biotério do
Departamento de Bioquímica/UFRGS, que foram divididos em três grupos: 1, ratos controle
que recebiam a ração padrão de laboratório contendo 5% de lipídeos (Nuvilab – CR1,
proveniente de Nuvital, Curitiba, Brasil); 2, ratos que receberam a dieta hiperlipídica (59% de
banha de porco e 1% de óleo de soja); e grupo 3, que receberam a mesma dieta hiperlipídica
do grupo 2 entretanto com aquecimento (130oC/30 min). Na dieta hiperlipídica que foi
submetida ao aquecimento, a mistura vitamínica foi adicionada após o aquecimento. Os
animais foram submetidos às dietas a partir dos dois meses de idade e continuaram com a
dieta até completarem seis meses de idade. Para avaliar os danos recentes ao ADN foi
utilizado o Ensaio Cometa em sangue total e em homogenizados de hipocampo e estriado. Os
danos permanentes ao ADN foram analisados através do Teste de Micronúcleos somente em
sangue total. Resultados: Os danos periféricos (sangue total) recentes ao ADN mostraram-se
aumentados no grupo 2 (53 ± 2,6) e no grupo 3 (106 ± 4,5) quando comparados com o grupo
1 (12 ± 2,1). O mesmo perfil de dano recente ao ADN foi verificado no hipocampo (16 ±
1,98, 49 ± 2,01 e 93 ± 4,77; grupos 1, 2 e 3 respectivamente); já no estriado, os grupos 2 e 3
mostraram aumento (35 ± 2,6 e 32 ± 4,5) quando comparados com o grupo 1 ( 16 ± 2,1).
56
Quanto aos danos permanentes ao ADN somente o grupo 3 (12 ± 2,78) mostrou freqüência
de dano significativamente aumentada em relação ao grupo 1 (3 ± 1,2). Conclusões: Com
estes resultados podemos observar que a dieta hiperlipídica tanto aquecida ou não podem
elevar os danos recentes ao ADN, porém somente a dieta hiperlipídica aquecida pode deixar
danos permanentes ao ADN mostrando um provável envolvimento dos PAGs. Os resultados
obtidos sugerem o aprofundamento dos estudos sobre danos neuronais deste e de outros tipos
de dietas, decorrentes de PAGs.
CNPq, PRONEX, FAPERGS, CAPES.
57
R33 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE HIPOCAMPAL NA
EVOCAÇÃO DE MEMÓRIAS AVERSIVAS1Engelke, D. S.; 2Alvares, L. O.; 1Lang, L. F.; 2Genro, B. P.; 2Diehl, F.; 2Camboim, C.;1Teixeira, R.S.; 1Bohn, N.R.; 1,2Quillfeldt, J. A. (1) LPBNC, Depto. de Biofísica, IB/UFRGS;
(2) P.P.G. Neurociências, ICBS/UFRGS.
Os receptores CB1 estão expressos em grande quantidade em todo o encéfalo, especialmente
em regiões relacionadas com o aprendizado e memória, como o hipocampo, a amígdala e o
córtex entorrinal. Estudos anteriores realizados em nosso laboratório demonstraram um
importante papel do sistema canabinóide endógeno hipocampal na consolidação da memória,
com um efeito amnésico pós-treino. Nesse trabalho investigamos os efeitos pré-teste do
antagonista AM251 seletivo para o receptor canabinóide CB1 e do agonista endógeno
anandamida (ANA), o que avalia seu papel na evocação da memória. Ratos Wistar canulados
bilateralmente no hipocampo dorsal foram treinados na tarefa da esquiva inibitória (choque de
0,5mA por 3s) e testados 24 horas depois; 15min antes do teste recebiam 0,5ul (em cada
cânula), ou de AM251 (5,5ng/lado), ou de ANA (50µg/lado), ou de seu veículo (DMSO 8%
em TFS). O grupo que AM251 diferiu do grupo controle (P=0,019, teste de Mann-Withney),
mas não houve efeito da ANA (p=0,539, teste de Mann-Withney); todos os grupos
aprenderam a tarefa (p<0,05, teste de Wilcoxon). Assim, a administração intrahipocampal de
AM251 facilitou a evocação da memória, enquanto que a ANA não teve efeito (possivelmente
devido à sua meia-vida curta, sua inespecificidade, ou, ainda, a sua concentração muito acima
da fisiológica). O efeito da AM251 demonstra que o sistema canabinóide endógeno participa
(negativamente) do processo de evocação da memória, uma vez que sua interrupção foi
facilitatória.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, Propesq/UFRGS, IFS (Suécia).
58
R34 - BACLOFEN EM DOSE SUBEFETIVA REVERTE EFEITO AMNÉSICO DE
MT3 QUANDO INFUNDIDO CONCOMITANTEMENTE NO HIPOCAMPO
DORSAL APÓS O TREINO NA TAREFA ESQUIVA INIBITÓRIA EM RATOS.
Bohn, N.R.*; Lanziotti, V.**; Diehl, F.**; Alvares, L.**; Oliveira, L.F.**; Camboim, C.**;
Genro, B.**; Henriques, T.P.*; Quillfeldt, J.A. e Souza, T.M. - LPBNC, Depto. Biofísica,
IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.
Objetivo: Trabalhos anteriores de nosso grupo demonstraram um efeito amnésico do
antagonista colinérgico muscarínico seletivo ao receptor M4, MT3, com infusão intra-
hipocampal após o treino. O objetivo deste trabalho é investigar uma possível interação entre
o sistema GABAérgico e o sistema colinérgico muscarínico através da infusão intra-
hipocampal concomitante de MT3 e de um agonista GABA B (Baclofen).
Métodos: 61 ratos Wistar machos de 250 a 350g foram canulados bilateralmente no
hipocampo dorsal. Após a recuperação da cirurgia, foram treinados na tarefa de esquiva
inibitória, com choque de 0,5 mA (3 s). Imediatamente após o treino, receberam uma infusão
bilateral de 1 ul de Baclofen (0,125 ug/lado), MT3 (2 ug/lado), MT3+Baclofen (mesmas
doses) ou veículo (tampão fosfato salino, grupo controle). 24 horas após, os animais foram
testados. O tempo de permanência dos ratos na plataforma na sessão de teste foi tomado como
índice de memória.
Resultados: Houve diferença entre os grupos (P=0,020, ANOVA de Kruskal-Wallis), onde
apenas os animais infundidos com MT3 (9[19;60], N=19, sempre mediana [IQ25;IQ75])
tiveram pior desempenho que o grupo controle (30,75[52,5;180], N=16) (“post hoc” de Dunn,
p<0,05).
Conclusão: Portanto, a administração intra-hipocampal pós-treino de Baclofen (dose
subefetiva) reverteu o efeito amnésico da MT3, o que nos faz sugerir a existência de uma
importante interação entre os sistemas colinérgico muscarínico e GABAérgico no hipocampo,
através da modulação dos receptores M4 sobre os interneurônios GABAérgicos.
Apoio financeiro: CNPq, FAPERGS, PROPESQ/UFRGS, CAPES, IFS.
59
R35 - INVESTIGAÇÃO DO EFEITO ANTIPROLIFERATIVO DA BOLDINA NA
LINHAGEM DE GLIOMA U138-MG.
Maier, M. R*.; Gerhardt, D.**; Horn, A. P.**; Frozza, R.L.**; Zamin, L. L.**; Simão, F.**;
Salbego , C. G. ; Bioquímica - ICBS, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Objetivo: Os tumores cerebrais são a terceira causa mais freqüente de morte relacionada ao
câncer em adultos, levando a uma média de sobrevivência inferior a 12 meses. Neste estudo
utilizamos a boldina, um alcalóide do Boldo (Peumus boldus) que vem recebendo atenção
devido as suas aplicações como antioxidante além do seu uso como colerético. O objetivo
deste trabalho foi avaliar o efeito da boldina sobre a proliferação da linhagem de glioma
humano U138-MG. Métodos e Resultados: As células da linhagem de gliomas U138-MG
foram cultivadas em meio DMEM acrescido de 10% de soro fetal bovino e mantidas a 37°C
em atmosfera contendo 5% CO2. Estas células foram semeadas em placas de 24 poços e
tratadas com boldina por 72h, nas concentrações de 1, 10, 50, 80, 100, 250 e 500 µM, com
trocas do meio contendo a droga duas vezes ao dia. O número de células, analisado pela
contagem em câmara de Neubauer, foi significativamente menor nas doses (µM,
%controle+EP, n=6, p<0,01): 80 (33,5+9,7), 100 (32,4+11,1), 250 (35,8+8,7) e 500
(30,6+14,1). Observamos um resultado semelhante na análise das células aderidas pelo
método da Sulforrodamina B (µM, %controle+EP, n=6, p<0,05): 80 (39,2+3,2), 100
(61,4+11,5), 250 (60,3+8,5) e 500 (47,8+9,3). As técnicas de análise da viabilidade celular
(redução do MTT e marcação com o corante Iodeto de Propídeo) sugerem que a boldina não
induziu a morte celular em nenhuma das doses testadas. A análise morfológica das culturas
após 72h de tratamento mostra um visível aumento no núcleo das células tratadas com o
alcalóide. Conclusões: A ausência de marcação com IP assim como de alterações
significativas na redução do MTT, juntamente com o menor número de células observadas
nas doses de boldina acima de 80µM e as alterações nucleares observadas, sugerem uma
possível ação citostática desse alcalóide, provavelmente agindo via inibição da proliferação
celular nessa linhagem de gliomas humanos.
Apoio Financeiro: PROPESQ, FAPERGS ,CNPq, CAPES
60
R36 - AÇÃO NEUROTÓXICA E NEUROPROTETORA DE DIFENIL
DISSELENETO EM MODELO DE FATIAS HIPOCAMPAIS DE RATOS JOVENS
EXPOSTAS A METAIS1Posser, T**.; 1,2Franco, J.L**.; 1Santos, D.A.*; 1Rigon, A.P.**; 2Dafré, A.L.; 1Farina, M.;3Alvarez-Silva, M.; 4Rocha, J.B.; 1Leal, R.B.
Deptos 1Bioquímica, 2Ciências Fisiológicas, 3Biologia Celular, Embriologia e
Genética/CCB/UFSC – Florianópolis, SC; 4Depto Química/CCNE/UFSM – Santa Maria, RS.
Cádmio (Cd2+) e metilmercúrio (MeHg) são poluentes ambientais que representam um grave
problema de saúde pública. O zinco (Zn2+) é um metal endógeno e pode ser liberado nas
sinapses (especialmente hipocampais) em grandes concentrações podendo exercer ações
associadas a neuroplasticidade e neuroproteção, mas sendo também neurotóxico em certas
situações patológicas como isquemia. No período inicial de desenvolvimento pós-natal o
sistema nervoso central (SNC) é bastante suscetível à ação de agentes neurotóxicos que
podem alterar o desenvolvimento e causarem danos cognitivos e alterações comportamentais
irreversíveis. A utilização de agentes antioxidantes pode ser uma alternativa importante no
tratamento da intoxicação por metais, justificando a busca de novos compostos para
minimizar os danos causados pela intoxicação por metais no SNC. Neste estudo foi analisado
o efeito do composto orgânico de selênio, difenil disseleneto, sobre a viabilidade celular de
fatias hipocampais expostas a diferentes metais. Neste sentido, fatias hipocampais de ratos de
14 dias foram incubadas com MeHg (30µM), Cd2+ (100µM) ou Zn2+ (30-100µM) por 2 horas,
na presença ou ausência de difenil disseleneto (1-100µM). A viabilidade celular foi avaliada
pelo teste do MTT. O difenil disseleneto isoladamente não alterou a viabilidade celular. O
MeHg diminuiu 30% a viabilidade celular e o difenil disseleneto (100µM) reverteu totalmente
este efeito. Zn2+ e Cd2+ (100µM) diminuíram a viabilidade das fatias em 22% e 25%,
respectivamente. Entretanto, na presença de difenil disseleneto a neurotoxicidade destes
metais foi aumentada, sendo observada uma diminuição de 40% na viabilidade das fatias. O
tratamento com Zn2+ 30µM não alterou a viabilidade celular, entretanto, na presença de
difenil disseleneto (100µM) houve uma queda de 30% na viabilidade das fatias. Desta forma,
nossos resultados demonstram que o difenil disseleneto pode proteger ou potencializar a
61
toxicidade dependendo do metal, apontando para diferentes mecanismos de interação com os
metais.
Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC e ISN
62
R37 - EFEITO NEUROPROTETOR DO DIFENIL DISSELENETO EM INSULTO
COM H2O2: POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO1Posser, T.;** 1,2Franco, J.L.**; 1Santos, D.A.*; 2Dafré, A.L.; 1Farina, M.; 3Alvarez-Silva,
M.; 4Rocha, J.B.; 1Leal, R.B.1Depto Bioquímica, 2Depto Ciências Fisiológicas, 3Depto Biologia Celular, Embriologia e
Genética, CCB, UFSC – Florianópolis, SC; 4Depto Química, CCNE, UFSM – Santa Maria,
RS
O aumento na produção de H2O2 pela célula está envolvido na patogênese de doenças
neurodegenerativas. Desta forma, a pesquisa de compostos com ação antioxidante para
potencial utilização terapêutica torna-se necessária. Compostos orgânicos de selênio, entre
eles o difenil disseleneto têm sido sintetizados por serem excelentes nucleófilos e atuarem
como antioxidantes. Neste estudo foi avaliado o possível efeito protetor do difenil disseleneto
frente ao insulto com H2O2 em fatias hipocampais de ratos adultos, bem como os possíveis
mecanismos de ação envolvidos no efeito do composto. Fatias hipocampais de ratos adultos
foram incubadas por 1 hora com 2 mM de H2O2 na presença ou ausência de difenil
disseleneto (0,1-10 µM), glutationa (GSH), GSH-monoetil éster e ditiotreitol (DTT). Foram
avaliadas a viabilidade celular (através da medida de redução do MTT), lipoperoxidação
(TBARS), conteúdo de GSH, tióis protéicos (PSH) e atividade de glutationa peroxidase (GPx)
após os diferentes tratamentos. Os resultados mostraram que os níveis de GSH, PSH e
atividade GPx das fatias não sofreram alteração pelo tratamento com difenil disseleneto. O
tratamento com H2O2 diminuiu em 30% a viabilidade celular e aumentou em 50% os níveis de
TBARS, efeito este revertido pelo difenil disseleneto (10µM). Quando as fatias foram
incubadas na presença de GSH e DTT, observou-se um aumento na proteção mediada pelo
difenil disseleneto, inclusive em concentrações menores do que observado na ausência destes
tióis. Entretando, a pré-incubação com GSH-monoetil éster, que causou aumento nos níveis
intracelulares de GSH, não alterou a atividade protetora do difenil disseleneto. Este estudo
demonstra uma ação neuroprotetora do difenil disseleneto em um modelo de insulto agudo
com H2O2 em fatias hipocampais e sugere que o composto esteja atuando de forma
extracelular.
Suporte financeiro: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC e International Society fo
Neurochemistry
63
R38 - AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA MARCHA DO RATO APÓS ESTIMULAÇÃO
ELÉTRICA DO MÚSCULO GASTROCNÊMIO DESNERVADO1,2TIAGO SOUZA DOS SANTOS*, 2,3EDISON SANFELICE ANDRÉ1Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional de Blumenau - Blumenau,
SC. 2Professor do Curso de Fisioterapia da Universidade Regional de Blumenau –
orientador. 3Laboratório de Fisioterapia Neurológica Experimental – LFNE
A reconhecida reciprocidade de interações existente entre o nervo periférico e o tecido por ele
inervado fomenta a busca por modelos experimentais na tentativa de conjugar conhecimentos
sobre regeneração nervosa e o desenvolvimento de estratégias que promovam a recuperação
do segmento corporal afetado. Objetivos: neste contexto, realizamos um trabalho com intuito
de avaliar algumas das características funcionais da marcha do rato após a estimulação
elétrica (EE) do músculo gastrocnêmio desnervado. Métodos: os animais (n=30) foram
divididos aleatoriamente em três grupos de dez animais – 5 no grupo experimental e 5 no
grupo controle. Foram submetidos ao mesmo protocolo de estimulação, sendo que no GC o
aparelho estava desligado. Os três grupos diferiram entre si somente quanto ao momento em
que o protocolo foi aplicado: no grupo 1 (G1), do 1° ao 7° dia; no grupo 2 (G2), do 8° ao 14°
dia e no grupo 3 (G3), do 15° ao 21° dia. Resultados: os resultados analisados pela ANOVA
apontaram que a EE provocou efeitos deletérios à regeneração do nervo ciático do rato,
observados nas comparações feitas no G2 e no G3, sendo que nos dois casos os animais que
receberam a EE apresentaram IFC inferior aos controles. Pela avaliação isolada dos tempos de
estimulação de cada um dos grupos experimentais foi possível observar que os animais que
receberam EE mais cedo (GE1) apresentaram resultados mais satisfatórios. Conclusões: a EE
sob o protocolo adotado, retardou a regeneração do nervo ciático, provavelmente por
interferência direta sobre os mecanismos bioquímicos envolvidos com a regeneração axonal
do nervo ciático.
Palavras-chave: Lesão do nervo ciático. Estimulação elétrica. Regeneração nervosa.
Avaliação funcional.
64
R39 - RESTRIÇÃO SENSÓRIO-MOTORA PÓS-NATAL CAUSA DÉFICITS
FUNCIONAIS EM RATOS JOVENS
Simone Marcuzzo**, Jocemar Ilha**, Patrícia S. do Nascimento**, Lisiane Osório*, Pedro
Kalil-Gaspar**, Rafaela Araujo**, Matilde Achaval. PPG Neurociências, Depto. de Ciências
Morfológicas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
Introdução: A restrição sensório-motora em ratos no período pós-natal precoce é uma
estratégia de interferência no desenvolvimento motor e tem sido utilizada como um modelo de
desuso na paralisia cerebral em humanos.
Objetivo: O objetivo desse estudo foi investigar os efeitos da restrição sensório-motora pós-
natal no desempenho motor de ratos jovens.
Material e métodos: Os filhotes (ratos Wistar) tiveram seus membros posteriores contidos
em posição estendida do P2 ao P28 durante 16 h/dia (grupo restrição sensório-motora – RS; n
= 6); o grupo controle (GC) consistiu de filhotes não-manipulados (n = 6). O peso, habilidade
motora e marcha foram avaliados durante 3 semanas seguintes após a restrição sensório-
motora. Os testes funcionais consistiram em grid runway (GR; pista feita de malha de arame
contendo fendas de 1,5 cm) e análise das pegadas (footprint analysis - FA; patas posteriores
foram manchadas com tinta e os animais caminharam em uma pista de 100 cm coberta com
papel). A média do número de erros ao atravessar o GR foi comparada entre os grupos. A
análise do FA foi baseada nas medidas do comprimento da passada e na base de apoio. A
marcha foi filmada e observada qualitativamente por 2 examinadores. Os dados foram
comparadas pela ANOVA de uma via e teste post hoc LSD. O nível de significância foi
estabelecido em p < 0,05.
Resultados: O RS mostrou menor taxa de crescimento (23%, 13%, 14%) que o GC,
respectivamente, nas 3 semanas. No GR, os erros do RS (media + e.p.m.; 2,09 + 0,15; 2,05 +
0,34; 0,77 + 0,14) foram maiores que o GC (0,41 + 0,16; 0,55 + 0,16; 0,16 + 0,11;
respectivamente para a 1ª, 2ª e 3ª semanas). Diferença estatisticamente significativa foi
encontrada entre o GC e RS na 1ª e 2ª semanas (p < 0,001). No FA, as médias do
comprimento da passada do RS (8,08 + 0,21; 10,80 + 0,23) foram mais baixas que o GC (9,90
+ 0,44; 11,79 + 0,03) na 1ª e 3ª semanas, respectivamente. Diferença estatisticamente
significativa foi encontrada entre GC e RS na 1ª (p < 0,001) e na 3ª semanas (p < 0,05). Na 2ª
semana, a média do comprimento da passada no RS foi maior que no GC (11,05 + 0,16; 10,07
65
+ 0,27, respectivamente; p < 0,05). As medidas da base de apoio somente mostraram
diferença estatisticamente significativa na 2ª semana (3,65 + 0,12 e 3,15 + 0,1,
respectivamente para GC e RS; p < 0,05). Nos animais RS a análise da marcha mostrou
padrões anormais, incluindo redução da amplitude de movimento das articulações do joelho e
do tornozelo, quadris elevados e flexão compensatória da coluna vertebral caudal.
Conclusões: Esses resultados mostram que apesar de a restrição sensório-motora prejudicar o
ganho de peso e as habilidades motoras, o padrão anormal de marcha diminui durante as 3
semanas de observação, nas quais os animais não estavam sendo submetidos à restrição, no
entanto, sem atingir os valores obtidos pelo grupo controle. Isto sugere que a restrição
sensório-motora é um componente importante para o modelo de paralisia cerebral em ratos.
Esse trabalho foi financiado pelo CNPq e CAPES.
66
R40 - ESTUDO DA DENSIDADE DE ESPINHOS DENDRÍTICOS NAS REGIÕES
CA1 HIPOCAMPAL E PÓSTERO-DORSAL DA AMÍGDALA MEDIAL DURANTE A
FORMAÇÃO DA MEMÓRIA.
Janaína Brusco*, Alberto Rasia-Filho, Cyntia Alencar Fin. Departamento de Ciências
Fisiológicas, FFFCMPA, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Objetivos: Acredita-se que alterações no número de contatos sinápticos são fundamentais
para a formação da memória e que os espinhos dendríticos constituam o sítio da memória de
longa duração. Em CA1, durante o período de tardio de consolidação da memória de esquiva
inibitória (entre 3h e 6h após o treino), ocorrem picos de atividade de cascatas bioquímicas
dependentes da PKA e MAPK; aumento da fosforilação, e conseqüente ativação, das
proteínas CREB nuclear e mitocondrial; aumento da expressão de c-fos; síntese de mRNA;
síntese protéica; participação das proteínas NCAM. A amígdala medial (AMe) está envolvida
com a expressão de alguns tipos de memória e pode ter um papel modulatório na formação da
memória de esquiva inibitória. A sua região póstero-dorsal (AMePD) estabelece conexões que
podem colocá-la em condição direta para modular o circuito trissináptico hipocampal. O
objetivo deste estudo foi determinar a densidade de espinhos dendríticos nas regiões CA1
hipocampal e AMePD de ratos, 6h pós-treino na tarefa da esquiva inibitória.
Métodos: Ratos Wistar machos, entre 2 e 3 meses de idade foram divididos em 3 grupos (n=6
por grupo): treinado, submetidos à uma sessão de treino em esquiva inibitória (choque
0,6mA); choque, submetidos a um choque elétrico nas patas por 2s (0,6mA); e controle, não
submetidos a nenhum tratamento comportamental. Seis horas após o tratamento
comportamental, os animais foram anestesiados, perfundidos por via transcardíaca e tiveram
seus encéfalos removidos para a realização da técnica de impregnação de Golgi e posterior
análise histológica de 8 ramos dendríticos/animal.
Resultados: A densidade de espinhos dendríticos (número de espinhos/�m de ramo
estudado) foi submetida ao teste da análise hierárquica da variância, no qual não houve
diferença significativa entre os grupos nas duas regiões estudadas (F=0,578, p=0,573 para a
AMePD, e F= 0,718, p= 0,504 para a região CA1 hipocampal.
Conclusões: Estes resultados demonstram que no tempo de 6h pós-treino em esquiva
inibitória não houve alteração na densidade de espinhos dendríticos nas regiões estudadas.
Estudos realizados por Marcuzzo e colaboradores (2006) em ratos submetidos a diferentes
67
situações de estresse contenção, demonstraram que após 1h de estresse agudo houve uma
redução no número de espinhos dendríticos na AMePD, quando comparados aos grupos
controle, submetido a um estresse de 6h, e submetidos a um estresse crônico por 28 dias,
indicando que alterações nos espinhos dendríticos podem ser temporárias. Novos estudos
estão sendo realizados em nosso laboratório com o intuito de verificar se há alteração na
densidade de espinhos, 1h pós-treino, e se a morfologia dos espinhos é modificada durante a
formação da memória.
Apoio Financeiro: FFFCMPA e CNPq
68
R41 - EFEITO DA AMINISTRAÇÃO SUBCUTÂNEA AGUDA E CRÔNICA DO
ÁCIDO GLUTÁRICO SOBRE PARÂMETROS DE ESTRESSE OXIDATIVO EM
CÉREBRO DE RATOS
Amaral AU*, Latini A, Ferreira GC**, Schuck PF**, Scussiato K**, Leipnitz G**, Solano
A**, Wajner M.
Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica, ICBS,
Universidade Federal de Rio Grande do Sul; Hospital de Clínicas, Serviço de Genética
Médica, Porto Alegre – RS, Brasil.
OBJETIVOS A acidemia glutárica tipo I (AGI) é um erro inato do metabolismo
caracterizado bioquimicamente pela deficiência da atividade da enzima glutaril-CoA
desidrogenase, levando ao acúmulo tecidual principalmente de ácido glutárico (AG) e, em
menores concentrações, de ácido 3-hidroxiglutárico. Os pacientes afetados apresentam
sintomas neurológicos severos cuja fisiopatologia ainda não está completamente definida.
Portanto, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito da administração subcutânea
aguda e crônica do AG sobre vários parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral,
cérebro médio e cerebelo de ratos Wistar.
MÉTODOS Para o tratamento agudo, as concentrações cerebrais de AG, similares às
encontradas em pacientes AGI, foram induzidas mediante a administração de três injeções
subcutâneas de AG (5 µmol/g peso) em ratos de 22 dias de vida. Para o tratamento crônico, os
animais foram tratados do 5º ao 22º dia de vida com três injeções diárias de AG na mesma
dose utilizada no tratamento agudo. Em ambos os tratamentos, os animais controles
receberam solução salina. Os animais submetidos ao tratamento agudo foram sacrificados 1
hora após a última injeção de AG, e os submetidos ao tratamento crônico, 12 horas após a
última injeção. Os parâmetros analisados foram quimiluminescência, substâncias reativas ao
ácido tiobarbitúrico (TBA-RS), reatividade antioxidante total (TAR), níveis de glutationa
(GSH), e as atividades da catalase e glutationa peroxidase (GPx).
RESULTADOS Observamos que os valores de TAR e a atividade da GPx se encontraram
significativamente diminuídos, enquanto que as concentrações de TBA-RS aumentaram
significativamente no cérebro médio de ratos tratados cronicamente com o AG. Por outro
69
lado, as concentrações de GSH, a quimiluminescência e a atividade da catalase não foram
modificadas. Resultados similares foram observados na administração aguda de AG.
CONCLUSÃO Esses dados indicam uma alteração no equilíbrio entre as defesas
antioxidantes e o dano oxidativo, particularmente no cérebro médio, sugerindo que o estresse
oxidativo pode estar envolvido na toxicidade do AG.
Apoio financeiro: CNPq, PROPESq/UFRGS, FAPERGS/PRONEX.
70
R42 - INDUÇÃO DE ESTRESSE OXIDATIVO PELO ÁCIDO 3-HIDROXI-3-METIL-
GLUTÁRICO EM CÓRTEX CEREBRAL DE RATOS JOVENS.
Bianca Seminotti*, Guilhian Leipnitz**, Manuela Borges Dalcin*, Karina Scussiato*, Karina
Borges Dalcin**, Alexandre Solano*, Alexandra Latini**, Carolina Viegas*, Ângela T. S.
Wyse, Clóvis M. D. Wannmacher, Carlos S. Dutra-Filho, Moacir Wajner.
Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica, Instituto de
Ciências Básicas da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre – RS.
Objetivos: A acidúria 3-hidroxi-3-metilglutárica (HMGA) é uma doença hereditária
neurometabólica causada pela deficiência da atividade da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaril-
CoA liase presente na rota de degradação da leucina. Bioquimicamente a HMGA é
caracterizada pelo acúmulo predominante de ácido 3-hidroxi-3-metil-glutárico (HMG), bem
como dos ácidos 3-metilglutacônico, 3-metil-glutárico, 3-hidroxiisovalérico e 3-
metilcrotônico, nos tecidos e líquidos biológicos dos pacientes afetados. Os indivíduos
acometidos pela HMGA apresentam principalmente uma severa disfunção neurológica cuja
etiologia é desconhecida. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito
in vitro do HMG (0,1-5 mM) sobre parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral de
ratos jovens para tentar esclarecer o dano neurológico característico desta doença.
Métodos: Foram utilizados ratos Wistar machos de 30 dias, os quais foram sacrificados, o
córtex cerebral dissecado e homogeneizado em tampão fosfato de sódio 20 mM contendo 140
mM de KCl, pH 7,4. O homogeneizado foi incubado durante 1 hora na ausência (grupo
controle) ou na presença do metabólito e, após a incubação, alíquotas foram retiradas para a
avaliação dos seguintes parâmetros de estresse oxidativo: medida dos níveis de substâncias
reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS), potencial antioxidante total (TRAP), reatividade
antioxidante total (TAR), medida das concentrações de glutationa reduzida (GSH), oxidação
da diclorofluoresceína reduzida (DCFH) e formação de carbonilas. Também foi verificado o
efeito do metabólito sobre a medida de grupos tióis totais em membranas mitocondriais de
córtex cerebral de ratos.
Resultados: Nossos resultados demonstraram que o HMG aumentou significativamente os
níveis de TBA-RS, além de diminuir significativamente as concentrações de GSH, o TRAP e
a TAR. Também foi observado um aumento na formação de carbonilas pelo HMG.
71
Finalmente verificamos que o metabólito não alterou a oxidação do DCFH e a medida de
grupamentos tióis.
Conclusões: O presente trabalho demonstra que o HMG alterou as defesas antioxidantes não-
enzimáticas, além de induzir peroxidação lipídica e causar dano protéico. Esses achados
indicam que o estresse oxidativo induzido pelo HMG pode estar envolvido, ao menos em
parte, com o dano neurológico presente nos pacientes portadores da HMGA.
(Suporte financeiro: CNPq, FAPERGS, PRONEX, PROPESQ/UFRGS).
72
R43 - AGONISTAS DO RECEPTOR 5-HT1B, CÓRTEX PRÉ-FRONTAL E
COMPORTAMENTO AGRESSIVO MATERNAL APÓS PROVOCAÇÃO SOCIAL.
Veiga, C. P.1, Miczek, K. A.2, Lucion, A. B.1, Almeida, R. M. M. 3
1Laboratório de Neuroendocrinologia do Comportamento, UFRGS, Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, BR, 2Tufts University, Boston, USA,3Universidade do Vale do Rio dos Sinos,
São Leopoldo, RS, BR.
Objetivos: A serotonina (5-hidroxitriptamina, 5-HT) é um dos neurotransmissores que possui
um papel importante na neurobiologia do comportamento agressivo. Os receptores 5-HT1B
estão envolvidos em funções comportamentais e emocionais. Recentemente, no córtex pré-
frontal, mais especificamente na região orbitofrontal, foi verificada uma importante inibição
do comportamento agressivo. O objetivo do trabalho foi avaliar os efeitos de 2 agonistas dos
receptores 5-HT1B, o CP-94,253 e o CP-93,129, microinjentados no córtex pré-frontal: na
região orbitofrontal, sobre o comportamento agressivo (elementos ofensivo e defensivo) de
ratas Wistar submetidas à provocação social.
Métodos e Resultados: O agonista dos receptores 5-HT1B, o CP-94,253 foi microinjetado nas
doses de 0,56 (n=8) e 1,0 µg/0,2µl (n=8). O grupo controle consistiu de Dimetilsulfóxido
(DMSO) 5% juntamente com 5% de Tween 80 diluídos em água destilada. (n=8). O outro
agonista dos receptores 5-HT1B, o CP-93,129 foi microinjetado na dose de 1,0 µg/0,2µl (n=9)
e o grupo controle consistiu de solução salina (n=8). Os resultados mostraram que o CP-
93,129 diminuiu significativamente a freqüência dos comportamentos agressivos de: ataque
lateral, postura agressiva e dominar (2,8 ± 1,1; 0,9 ± 0,6 e 0,1 ± 0,1), quando comparado com
o grupo controle (12,0 ± 2,5; 6,1 ± 1,8 e 4,6 ± 1,2), ou seja, teve efeito somente sobre o
elemento ofensivo do comportamento agressivo das fêmeas estudadas e não alterou os
elementos motores.
Conclusão: O CP-93,129, um agonista com maior especificidade para os receptores 5-HT1B
tem um efeito inibitório sobre o comportamento ofensivo, quando microinjetado no córtex
pré-frontal, na região orbitofrontal de ratas submetidas à provocação social.
Apoio Financeiro: Financiamento: UNISINOS, TUFTS UNIVERSITY e CAPES.
73
R44 - TERAPIA CELULAR PROMOVE MIGRAÇÃO E DIFERENCIAÇÃO DE
CÉLULAS-TRONCO ADULTAS NA FORMAÇÃO HIPOCAMPAL E DIMINUIÇÃO
DE CRISES CONVULSIVAS EM MODELO ANIMAL DE EPILEPSIA
Samuel Greggio1*, Zaquer Suzana Munhoz Costa2**, Affonso Santos Vitola1*,
Fernanda de Borba Cunha1*, Christian Viezzer1*, Jeremiah Mistrello Lubianca1*,
Denise Cantarelli Machado1**, Ricardo Ribeiro dos Santos3**, Jaderson Costa da Costa1**
1Laboratório de Neurociências, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre/RS, 2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS e 3Laboratório de
Engenharia Tecidual, Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz – FIOCRUZ, Salvador/BA.
Introdução e objetivos: dos indivíduos com epilepsia do lobo temporal, 1/3 possuem
refratariedade aos fármacos anticonvulsivantes vigentes. Estudos recentes têm demonstrado
migração e diferenciação de células-tronco da medula óssea (CTMO) no tecido nervoso
central em animais e humanos, sugerindo uma alternativa terapêutica para estes pacientes.
Assim, objetivou-se verificar migração e diferenciação de CTMO na formação hipocampal de
ratos epilépticos pelo modelo lítio-pilocarpina, assim como o efeito na freqüência de crises
convulsivas recorrentes. Materiais e Métodos: 38 ratos Wistar machos (250-300g) receberam
LiCl (127mg/kg i.p.), e 24 horas depois estes foram administrados com metilescopolamina
(1mg/kg i.p.) e hidrocloreto de pilocarpina (60mg/kg i.p.). Somente os animais que
apresentaram status epilepticus e atingiram grau 5 da escala de Racine constituíram o grupo
experimental. Após terem permanecido por 1 hora neste estado de mal epiléptico, as crises
convulsivas foram abortadas com diazepam (10mg/kg i.p.). Depois da fase de latência (15
dias), os animais foram monitorados por VHS durante 1 semana, tendo o comportamento
registrado 12 horas/dia. Passado esta fase experimental, 18 animais foram transplantados com
CTMO GFP+ (107/200µL) pela veia caudal. As respectivas células foram obtidas a partir da
medula de ossos longos (úmero, fêmur e tíbia) de camundongos C57BL6/EGFP. Em
contrapartida, os animais controle receberam 200µL de salina (e.v.). Novamente, realizou-se
vídeo monitoramento por mais 14 dias nos animais xenotransplantados e controle. O método
de análise foi a contagem do número de crises epilépticas recorrentes (CER) por dois
observadores “cegos” ao sistema. Somente as manifestações epileptiformes de grau ≥ 3 foram
consideradas, conforme a escala mencionada. Os dados foram analisados pelo teste T pareado,
onde um valor de p < 0,05 indicava diferença estatisticamente significativa. Após 45 dias do
74
respectivo transplante, aplicou-se técnicas de imunofluorescência em cortes coronais
encefálicos de 8 animais epilépticos. As secções (10µm) foram analisadas com anticorpos
específicos para células GFP+ (GFP), núcleos celular (DAPI) e neuronal (NeuN), células
precursoras neurais (Nestina), migração e diferenciação neuronal (DCX), astrócitos (GFAP) e
microglia (CD11b). As imagens foram obtidas em microscopia óptica e confocal, e analisadas
no programa Image-Pro Plus versão 6.0. Resultados: houve redução significativa do número
médio de CER diárias nos animais epilépticos e transplantados (p < 0,0001). Células
provenientes do doador (GFP+) foram identificadas na formação hipocampal dos animais
epilépticos e xenotransplantados. Além disto, tais células expressaram também fenótipo
neuronal (imaturas e maduras), glial e de células precursoras neurais. Conclusão: os dados
indicam que CTMO possuem potencial terapêutico para o tratamento das epilepsias de difícil
controle. Apoio: CAPES, CNPq, FUNPAR, PUCRS e UFRGS.
75
R45 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA VANILÓIDE NA CONSOLIDAÇÃO DA
MEMÓRIA NA TAREFA DE ESQUIVA INIBITÓRIA.
Genro, B.P.**; Alvares, L.**; Diehl, F.**; Camboim, C.**; Bohn, N. R. *; Teixeira, R. S.*;Engelke, D.S.*, e Quillfeldt, J.A. LPBNC, Depto. Biofísica, IB/UFRGS, Porto Alegre, RS.
Objetivos: Os receptores vanilóides (TRPV1 ou VR1), clonados em 1997, são canais
catiônicos permeáveis a Na+ e principalmente a Ca2+, podendo ser ativado por capsaicina (o
componente que confere a ardência característica das pimentas), baixo pH, altas temperaturas
e alguns ligantes endógenos, que podem ativar tanto os receptores canabinóides CB1, como os
receptores vanilóides VR1. Embora a maioria da atenção tenha sido, ao longo dos anos,
direcionada para os neurônios sensoriais das vias da dor como os principais sítios de ação da
capsaicina, há um número crescente de evidências que apontam que essa substância atua
diretamente também em diversas regiões encefálicas, inclusive relacionadas com aprendizado
e memória. O objetivo deste trabalho é verificar os efeitos da administração
intracerebroventricular (ICV) e no hipocampo (HPC) de capsaicina e capsazepina
(respectivamente, agonista e antagonista dos receptores VR1), ambos sobre a consolidação da
memória na Esquiva Inibitória (EI).
Métodos: Quatro grupos de ratos Wistar machos foram treinados na tarefa de EI (com choque
de 0,5 ou 0,6 mA durante 3 segundos) e testados 24 horas depois. O tempo de latência para
descida da plataforma foi utilizado como medida de retenção da memória. Imediatamente
após o treino, (1) um grupo recebeu uma infusão ICV de capsazepina na dose de 200 ou
2000µM ou seu veículo (DMSO/TFS), e (2) outro grupo recebeu 20, 200 ou 2000µM no HPC
ou DMSO. Ou ainda, (3) capsaicina 100 µM ICV ou DMSO e (4) outro grupo 10, 100 e 1000
µM no HPC ou seu veículo.
Resultados: Não foi encontrada diferença significativa entre as latências dos testes entre
nenhuma das doses, tanto de capsaicina quanto de capsazepina, injetados no hipocampo ou
ventrículo lateral.
Conclusões: Os resultados encontrados até agora não demonstraram nenhum efeito dos
agentes vanilóides sobre a consolidação da memória da tarefa de esquiva inibitória. Tanto
com a capsazepina (antagonista vanilóide) testada em 3 diferentes doses no HPC e 2 em ICV ,
quanto com a capsaicina (agonista vanilóide) , também testada em 3 doses no HPC e em uma
dose em ICV não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos controle e
76
tratado. Os experimentos estão em uma primeira fase não se mostrando ainda conclusivos. Os
fármacos testados podem não apresentar efeitos devido às concentrações testadas, já que não
há experimentos de comportamento realizado com nenhum destes administrados diretamente
no encéfalo.
Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERGS, Propesq/UFRGS, IFS.
77
R46 - MEMÓRIA DECLARATIVA E CORTISOL SALIVAR EM CUIDADORES
IDOSOS DE PACIENTES COM DEMÊNCIA – DADOS PRELIMINARES.1**Palma, K.A.X.A., 1**Balardin, J. B., 1* Vedana, G., 1Argimon, I.I.L., 1Schröder, N.,1Bromberg, E. 1Laboratório de Biologia e Desenvolvimento do Sistema Nervoso, Biociências,
PUCRS, ** PPG em Gerontologia Biomédica, PUCRS, 2Faculdade de Psicologia, PUCRS.
Objetivos: Verificar o efeito do estresse decorrente da função de cuidar sobre a memória
declarativa e sobre o ritmo circadiano de cortisol de idosos cuidadores de pacientes com
demência. Métodos e Resultados: Idosos cuidadores de pacientes com demência (grupo I,
n=7) e idosos não cuidadores (controles, grupoII, n=11), com mais de 60 anos, foram
submetidos ao teste de vocabulário da Escala Wechsler de Inteligência para Adultos, à Escala
de Depressão Geriátrica (GDS) e ao Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Critérios de
exclusão: déficits sensoriais, alterações neurológicas e medicação que comprometessem os
resultados dos testes de memória, quadros demenciais e depressão. A memória declarativa foi
avaliada usando-se uma história neutra, composta de 11 slides com uma narração. Na fase de
treino, os sujeitos assistiram à história. No teste, 24 horas após o treino, os sujeitos
responderam um questionário de múltipla escolha sobre a história. Amostras de cortisol
salivar, coletadas pelos próprios sujeitos às 8hs, 16hs e 22hs do dia do treino foram analisadas
por radioimunoensaio. O projeto foi aprovado pelo CEP-PUCRS (n°877-04). Os resultados
foram submetidos aoTeste T para amostras independentes e dependentes (no caso da
avaliação circadiana do cortisol). P≤0,05 indicou diferença significativa. Os resultados são
expressos como média + EP. A média de respostas corretas no teste de memória declarativa
do grupo I foi estatisticamente menor (44,72+5,34) do que a do grupo II (57,25+3,06). Foram
observados decréscimos nos níveis de cortisol ao longo do dia em ambos os grupos, sendo as
concentrações médias (nMol/L) do grupo I 17, 64+1,53 às 8hs, 8,85+0,75 às 16hs e 7,13+0,91
às 22hs; e do grupo II 20,47+ 1,38 às 8hs, 11,14+0,99 às 16hs e 6,85+1,14 às 22hs.
Entretanto, as médias das 16hs (8,85+0,75) e das 22h (7,13+0,91) do grupo I não diferiram
estatisticamente. Conclusões: Observamos que os idosos cuidadores apresentaram déficit de
memória declarativa e alterações no ritmo circadiano de cortisol, um hormônio secretado em
resposta ao estresse e capaz de modular negativamente diversos aspectos cognitivos quando
em níveis cronicamente elevados. Apoio Financeiro: PUCRS, FAPERGS, CAPES.
78
R47 - AVALIAÇÃO DO EFEITO ANSIOLÍTICO DE UMA FRAÇÃO DE
FLAVONÓIDES PURIFICADA DE PASSIFLORA ALATA CURTIS
(PASSIFLORACEAE)
Gustavo Provensi1**, Raquel Fenner1**, Fernanda Costa1*, Everton Morais1*, Cristina
Wasowski2, Grace Gosman1, Mariel Marder2, Stela M. K. Rates1. 1Programa de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Porto
Alegre - Brasil). 2Insituto de Química y Fisicoquimica Biológicas, Facultad de Farmacia y
Bioquimica, Universidad de Buenos Aires (Buenos Aires - Argentina).
Introdução e Objetivo: Espécies do gênero Passiflora são utilizadas, tradicionalmente, como
calmante. Diversos estudos demonstraram atividade central para espécies deste gênero.
Extratos hidroetanólicos e aquosos de P. alata, espécie oficial da Farmacopéia Brasileira,
apresentam efeito ansiolítico, em ratos (Reginato et al. Phytoter. Res. 20 (5): 348 - 51).
Contudo, a identidade dos constituintes ativos no gênero ainda é controversa. Nesse trabalho,
avaliamos o perfil psicofarmacológico de uma fração enriquecida em flavonóides (FLA)
purificada do extrato aquoso de P. alata. Também foi realizada uma avaliação inicial da
ligação de FLA sobre o complexo receptor GABAA-benzodiazepínico.
Métodos: As folhas de P. alata foram extraídas por refluxo (1:10 m/v, 1h) e FLA foi
purificada do extrato usando-se cromatografia de exclusão molecular. FLA (300 mg/kg) foi
administrada oralmente a camundongos (CF1, machos), por gavagem, e avaliada em modelos
animais clássicos de ansiedade e sedação (labirinto em cruz elevado, hole board, tempo de
sono barbitúrico e open field). No intuito de estudar o mecanismo de ação desta fração foram
realizados ensaios de deslocamento de radioligação em membranas sinaptossomais de córtex
cerebral murino, usando os radioligantes [3H]-flunitrazepam 0.6 nM (FLA 100, 300, 450
µg/mL e vitexina e isovitexina 100 e 300 µg/mL) ou [3H]-TBOB 0.8 nM, em presença de
GABA 0.3 µM (FLA 10 – 500 µg/mL).
Resultados: O tratamento com FLA aumentou os percentuais de entradas (SAL=20±10,
n=12; FLA=35±9, n=7; p<0,001) e de tempo de permanência (SAL=24±12, n=12;
FLA=40±13, n=7; p<0,001) nos braços abertos e diminuiu os percentuais de entradas
79
(SAL=79,6±10,4, n=12; FLA=64,7±9,3, n=7; p<0,001) e de tempo de permanência nos
braços fechados (SAL=75±12, n=12; FLA=60±13,4, n=7; p<0,001) do labirinto em cruz
elevado e também aumentou a duração do sono barbitúrico (SAL=30±16, n=12;
FLA=105±66, n=12; p<0,001). Não houve mudanças na atividade locomotora e no
comportamento dos animais no teste de hole board. FLA e os flavonóides vitexina e
isovitexina, presentes nessa fração, não foram capazes de deslocar a ligação de [3H]-
flunitrazepam em membranas sinaptossomais de córtex de ratos em concentrações até 300
�M. Porém, FLA deslocou a ligação de [3H]-TBOB (CI50=181,65 �g/mL) de forma análoga
ao diazepam (CI50=278,8 �M).
Conclusões: A fração de flavonóides (FLA) de P.alata apresentou efeito ansiolítico e
hipnótico, mas não efeito sedativo, na dose testada. Os dados obtidos nos ensaios in vitro
sugerem que os flavonóides são moduladores alostéricos do canal GABAA, através de ligação
a sítios não benzodiazepínicos no complexo receptor.
80
R48 - EFEITO COMPORTAMENTAL E MORFOLÓGICO DA HIPÓXIA-
ISQUEMIA NEONATAL E DO ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL EM RATOS NA
ADOLESCÊNCIA E NA VIDA ADULTA1Atahualpa Cauê Paim Strapasson*, 1Lenir Orlandi Pereira**, 2Patrícia Machado Nabinger
*, 1Anderson Padilha da Rocha*, 1Carlos Alexandre Netto1Departamento de Bioquímica – UFRGS; 2Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas
de Porto Alegre.
Objetivo: O modelo de hipóxia-isquemia (HI) neonatal vem, freqüentemente, sido estudado
enfocando-se os prejuízos cognitivos na vida adulta. Resultados prévios do nosso grupo de
pesquisa corroboram este resultado e ainda, relacionam o déficit de memória com a atrofia do
hipocampo, também resultante do evento hipóxico-isquêmico. O objetivo deste trabalho é
investigar a memória de trabalho no período da adolescência e avaliar a morfologia do
estriado, na vida adulta, em animais submetidos à HI neonatal e ao enriquecimento ambiental
(EA).
Métodos: Foram utilizados ratos Wistar, machos e fêmeas, divididos nos grupos: Controle,
ambiente padrão (CTAP, n=20); Controle, ambiente enriquecido (CTEA, n=21); HIAP (n=17)
e HIEA (n=19). N menor foi utilizado para a análise morfológica (dados ainda em análise).
Aos sete dias de vida, os neonatos foram submetidos à cirurgia de isquemia, com oclusão
permanente da artéria carótida comum direita. Após 150 min, sofreram exposição a ambiente
hipóxico (8%-O2; 92%-N2) por 90 min. Do 8º ao 30º dia pós-natal, as ninhadas foram
mantidas em gaiolas com diferentes níveis contendo brinquedos e objetos utilizados na
experiência enriquecedora. Após este período de estimulação, os animais foram testados no
labirinto aquático de Morris - LAM (4 sessões/dia por 4 dias consecutivos para a memória de
trabalho). Aos 3 meses de idade, os animais foram sacrificados e os encéfalos foram
preparados para a avaliação da extensão da lesão estriatal. Cortes ao nível de Bregma 1.2mm
(figura 13, Atlas Paxinos) foram utilizados, nos quais a área do estriado foi mensurada.
Resultados: A ANOVA de duas vias seguida do teste de Duncan demonstrou a presença de
maiores latências nos grupos HIAP (46.5±3.2; 44±3.2 e 42.6±3.2) e HIAE (40.4±3.2; 40.9±4
e 37.5±3.4) em relação aos grupos CTAP (18.5±2.4; 14.3±2.3 e 12±2) e CTAE (23.8±2.3;
18.7±2.1 e 19±2.5) na segunda, terceira e quarta sessão do LAM no período da adolescência,
respectivamente. O enriquecimento ambiental não resultou em diferenças significativas na
81
memória dos animais neste período. A análise estatística também indicou efeito da HI sobre a
morfologia do estriado. O grupo HIAP (2.2±0.4mm2) apresentou atrofia desta estrutura,
ipsilateral à oclusão arterial, quando comparado com o grupo CTAP (10.7±0.6 mm2). O EA,
por sua vez, resultou em reversão desta atrofia, sendo a média das áreas dos estriados do
grupo HIAE (8.1±0.9 mm2) significativamente maior que aquela encontrada no grupo HIAP e
de dimensões semelhantes às dos grupos CT.
Conclusões: A HI resultou em déficit na memória de trabalho em ratos adolescentes e atrofia
estriatal; o EA, por sua vez, foi neuroprotetor sobre a extensão da lesão tecidual no estriado,
sem causar efeito sobre a memória.
Apoio Financeiro: CNPq.
82
R49 - ESTUDO COMPORTAMENTAL DE RATOS ADOLESCENTES
SUBMETIDOS À HIPÓXIA-ISQUEMIA NEONATAL MANTIDOS EM AMBIENTE
ENRIQUECIDO2Patrícia Machado Nabinger*, 1Lenir Orlandi Pereira**, 1Atahualpa Cauê Paim
Strapasson*, 1Anderson Padilha da Rocha*, 1Carlos Alexandre Netto1Departamento de Bioquímica – UFRGS; 2Fundação Faculdade Federal de Ciências Médicas
de Porto Alegre.
Objetivo: Estudos prévios indicam que a hipóxia-isquemia (HI) neonatal resulta em déficits
de memória na idade adulta e que a estimulação por enriquecimento ambiental (EA) reverte
este quadro. O presente estudo objetiva investigar as conseqüências da HI encefálica neonatal
sobre a memória de reconhecimento de objetos e espacial de ratos adolescentes e verificar se
estas conseqüências são modificadas pelo EA.
Métodos: Foram utilizados ratos Wistar, machos e fêmeas, divididos nos grupos: Controle,
ambiente padrão (CTAP, n=20); Controle, ambiente enriquecido (CTAE, n=21); HIAP (n=17)
e HIAE (n=19). Aos sete dias de vida, os neonatos foram submetidos à cirurgia de isquemia,
com oclusão permanente da artéria carótida comum direita. Após 150 min, sofreram
exposição a ambiente hipóxico (8%-O2; 92%-N2) por 90 min. Do 8º ao 30º dia pós-natal, as
ninhadas foram mantidas em gaiolas com diferentes níveis contendo brinquedos e objetos
utilizados na experiência enriquecedora. No dia seguinte, foi realizada a avaliação
comportamental através de teste de reconhecimento de objetos. Neste, os animais foram
expostos à livre exploração de dois objetos de diferentes tamanhos e texturas por 5 min,
seguido por um intervalo de mesmo período, depois do qual um dos objetos foi trocado; os
animais foram então expostos a eles por mais 5 min. Para avaliar a memória de
reconhecimento, na 2ª exposição foi calculada a porcentagem de tempo de exploração do
objeto novo sobre o tempo total de exploração. Na sequência, os animais foram submetidos ao
protocolo de avaliação da memória de referência no labirinto aquático de Morris (LAM): 10
dias de treino com 4 tentativas/dia. A memória de referência é apresentada como médias das
latências para encontrar uma plataforma submersa no LAM em blocos de dois dias. Uma
ANOVA de duas vias seguida do teste de Duncan foi utilizada na análise estatística.
Resultados: A HI causou prejuízo na memória de reconhecimento de objetos, tendo o grupo
HIAP menor índice de exploração do objeto novo (49,6±8,6), em comparação com o grupo
83
CTAP (79,7±6,8). Observou-se também um aumento do tempo de exploração do objeto novo
no grupo HIAE (83,7±6,8), em comparação com o grupo HIAP. O grupo HIAE foi
estatisticamente igual ao grupo CTAP. Na avaliação da memória de referência, encontrou-se
prejuízo pela HI nos blocos 1, 2, 3, 4 e 5, tendo os grupos HIAP e HIAE médias
estatisticamente maiores que os grupos CTAP e CTAE. O fator enriquecimento ambiental não
resultou em diferenças significativas no LAM. Diferença significativa para p<0,05.
Conclusões: A HI resultou em prejuízo na memória de reconhecimento de objetos e na
memória espacial de referência no período da adolescência. A estimulação pelo ambiente
enriquecido, por sua vez, reverteu o déficit cognitivo apenas na memória de reconhecimento
de objetos.
Apoio Financeiro: CNPq.
84
R50 - O ÁCIDO CIS-4-DECENÓICO INDUZ ESTRESSE OXIDATIVO EM CÓRTEX
CEREBRAL DE RATOS JOVENS.
Schuck, P.F.**, Ferreira, G.C.**, Ceolato, P.C.*, Tonin, A.*, Leipnitz, G.**, Latini, A.,
Wajner, M. Laboratório de Erros Inatos do Metabolismo, Departamento de Bioquímica,
ICBS, UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Objetivos: A deficiência da desigrogenase de acil-CoA de cadeia média (MCAD) é um
defeito da oxidação de ácidos graxos em que há acúmulo de ácidos graxos de cadeia média,
principlamente dos ácidos octanóico, decanóico e cis-4-decenóico (cDA) no sangue e em
outros tecidos dos pacientes afetados. Clinicamente, caracteriza-se por episódios de vômitos e
letargia após jejum, disfunção hepática, paralisia cerebral e retardo no crescimento e no
desenvolvimento psicomotor. O objetivo do presente trabalho foi investigar o efeito do ácido
cis-4-decenóico, que é o metabólito patognomônico na deficiência da MCAD, sobre alguns
parâmetros de estresse oxidativo em córtex cerebral de ratos jovens, na tentativa de um
melhor entendimento da fisiopatologia da doença.
Métodos e Resultados: Foi utilizado córtex cerebral de ratos Wistar machos de 30 dias de
vida. Os parâmetros avaliados foram substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBA-RS),
glutationa reduzida (GSH) e reatividade antioxidante total do tecido (TAR) na presença do
cDA em concentrações variando de 0,1 a 1 mM. Observou-se que o cDA aumentou o TBA-
RS (66%), e diminui as defesas antioxidantes avaliadas pelo TAR (45%) e GSH (30%). Na
tentativa de reverter o efeito do cDA sobre o TBA, co-incubou-se o cDA com alguns
antioxidantes, tais como GSH (200 µM), L-NAME(500 µM), vitamina E (10µM) ou catalase
e superoxido dismutase (50 um . mL-1). Verificou-se que nenhum dos antioxidantes foi capaz
de prevenir o efeito do ácido.
Conclusão: O presente trabalhou demonstrou que o ácido cis-4-decenóico foi capaz de
induzir estresse oxidativo, aumentando a lipoperoxidação e diminuindo as defesas
antioxidantes não-enzimáticas em córtex cerebral de ratos. Tais achados podem estar
relacionados, ao menos em parte, ao dano neurológico apresentado pelos portadores da
deficiência da MCAD.
Apoio Financeiro: CNPq, PROPESQ/UFRGS, FAPERGS, PRONEX II.
85
R51 - OS ÁCIDOS GLUTÁRICO E 3-HIDROXIGLUTÁRICO ATUAM
SINERGICAMENTE INIBINDO O METABOLISMO ENERGÉTICO CEREBRAL
DE RATOS JOVENS.
Ferreira,G.C.**, Tonin, A..*, Ceolato,P.C.*, Schuck,P.F.**, Viegas, C.M.*, Wajner, M.
Departamento de Bioquímica,ICBS,UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
Objetivo: A acidemia glutárica tipo I (AG I) é uma doença causada pela deficiência da
enzima glutaril-CoA desidrogenase, em que há um aumento das concentrações de ácido
glutárico (AG), 3-hidróxiglutárico (3HG) e possivelmente do ácido quinolínico (AQ) nos
tecidos e fluidos biológicos dos pacientes. Os achados clínicos mais comuns nesses pacientes
são distonia e discinesia secundárias à degeneração estriatal, hipotonia e macrocefalia.
Considerando a possibilidade de uma ação conjunta desses metabólitos, o objetivo do presente
trabalho foi investigar um possível efeito sinérgico dos ácidos AQ, 3HG e AG nas
concentrações de 100 µM, 1mM e 5mM, respectivamente, sobre importantes parâmetros do
metabolismo energético em córtex cerebral de ratos Wistar de 30 dias de vida.
Métodos e Resultados: Foram investigadas a produção de 14CO2 a partir de D-[U-14C]
glicose, ácido [1-14C] acético ou ácido [1,5-14C] cítrico, as atividades dos complexos da
cadeia respiratória (I-IV) e das enzimas creatina quinase e sucinato desidrogenase. Quando
AG e 3HG foram testados simultaneamente, houve uma diminuição da produção de 14CO2 a
partir de glicose e inibição das atividades dos complexos I-III e II-III da cadeia respiratória e
da enzima creatina quinase. Porém, quando testados AG, 3HG e AQ isoladamente ou uma
combinação de AG e AQ ou 3HG e AQ, nenhuma alteração nestes parâmetros foi observada.
Conclusões: Esses resultados sugerem que AG e 3HG possam interferir de uma maneira
sinérgica sobre alguns parâmetros de metabolismo energético. Caso esses achados possam ser
extrapolados para a condição humana, tais resultados poderiam explicar, ao menos em parte, a
fisiopatologia do dano cerebral dos pacientes afetados pela AG I.
Apoio finaceiro: CNPq, PROPESq/UFRGS, FAPERGS, PRONEX.
86
R52 - AVALIAÇÃO DO CONTEÚDO LIPÍDICO EM CÓRTEX CEREBRAL,
HIPOCAMPO E CEREBELO DE RATOS SUBMETIDOS AO MODELO
EXPERIMENTAL DE HIPERPROLINEMIA TIPO II.
**Luciene P. Vianna, *Tatiana Dourado Hoffmann, **Daniela Delwing, *Fábria Chiarani,
Angela T. S. Wyse, Vera M. T. Trindade (Dep. Bioquímica - ICBS - UFRGS, Porto Alegre)
A hiperprolinemia tipo II é um erro inato do metabolismo de aminoácidos causado pela
deficiência hepática da enzima �1–pirrolino-5-carboxilato-desidrogenase, que gera níveis
plasmáticos elevados de prolina, causando disfunções neurológicas. A doença caracteriza-se
por epilepsia e um grau variável de retardo mental. Gangliosídios, fosfolipídios e colesterol
são lipídios presentes em alta concentração na membrana plasmática das células neurais cuja
composição e integridade são essenciais para as atividades normais do Sistema Nervoso
Central (SNC). Objetivos: Este trabalho avaliou o efeito de um modelo experimental de
hiperprolinemia tipo II sobre o conteúdo de colesterol, gangliosídios e fosfolipídios em córtex
cerebral, hipocampo e cerebelo de ratos. Métodos: Ratos Wistar receberam uma injeção
subcutânea diária de prolina do sexto ao vigésimo oitavo dia de vida pós-natal com doses
variáveis conforme a idade e a massa corporal. Os ratos controle receberam volumes iguais de
salina. Os animais foram sacrificados 12 horas após o término do tratamento, as estruturas
cerebrais foram dissecadas, pesadas e homogeneizadas com clorofórmio-metanol. Alíquotas
dos extratos lipídicos foram usadas para a dosagem dos conteúdos de colesterol (Trinder),
gangliosídios (Resorcinol) e fosfolipídios (Fiske-Subbarow). Os dados foram avaliados
estatisticamente por teste t de Student. Resultados: Não foram detectadas diferenças no
conteúdo de colesterol em nenhuma das estruturas estudadas. Entretanto, o conteúdo de
gangliosídios foi maior em córtex e hipocampo nos ratos hiperprolinêmicos em relação aos
respectivos controles. O tratamento crônico também causou um aumento significativo de
fosfolipídios em hipocampo. Conclusões: Nossos resultados indicaram que o tratamento
crônico com prolina atua de forma distinta sobre os componentes de membrana de estruturas
diferentes do SNC. Os dados de córtex e hipocampo foram compatíveis com os da literatura,
que sugere um envolvimento dos gangliosídios na neurotransmissão excitatória, aumentada na
hiperprolinemia tipo II.
(BIC/PROPESQ-UFRGS, FAPERGS, CNPQ
87
R53 - PARTICIPAÇÃO DO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE SOBRE A
CONSOLIDAÇÃO DA MEMÓRIA E INDUÇÃO DA LTP
Alvares, L.O.1,2, Genro, B.P.1,2, Da Costa, J.C.3, Quillfeldt, J.A1,2
1 LPBNC, Depto. de Biofísica, UFRGS; 2 Programa de Pós-Graduação em Neurociências,
ICBS, UFRGS; 3 Neurolab, IPB, PUCRS
Objetivo: a potenciação de longa duração (LTP) é um modelo clássico eletrofisiológico para
estudar a memória. Os receptores canabinóides CB1 estao presentes em altas concentraçoes
no encéfalo, especialmente no hipocampo, estrutura chave para a formação da memória e
extensivamente estudada sobre a LTP. Neste trabalho estudamos os efeitos da administração
intahipocampal do antagonista seletivo dos receptores CB1 AM251 e o agonista canabinóide
endógeno anandamida sobre a consolidação da memória (na tarefa da esquiva inibitória (IA))
e na indução da LTP em ratos.
Métodos: nos registros eletrofisiológicos registrava-se a amplitude (potencial de campo) das
respostas na regiao CA1 do hipocampo após uma estimulação tetânica (100Hz) sob o efeito
do AM251 (0.2uM) ou anandamida (28.8uM), ou de seu veículo (DMSO 8% em TFS). Na
IA, imediatamente após o treino, os animais eram infundidos bilateralmente no hipocampo
dorsal com AM251 (0.55 or 5.5 ng/side), anandamida (0.05, 0.5 or 1µg/side) ou seus veículos,
e testados 24h depois.
Resultados: nossos resultados comportamentais mostraram que o antagonista CB1 prejudicou
a formação da memória, enquanto o agonista anandamida nao diferiu dos animais controle. Os
estudos eletrofisiológicos mostraram o mesmo padrao de resultados, inibindo a indução da
LTP com o AM251 e a anandamida sendo inefetiva.
Conclusoes: esse trabalho demonstra a importância dos canabinóides endógenos (liberados
fisiologicamentes) sobre a formação da memória e indução da LTP. Pensamos que a
anandamida administrada exogenamente fique fora de uma “janela de concentração efetiva”,
daí, a ausência de efeito.
Apoio financeiro: CAPES, CNPq, FAPERGS.
88
R54 - SECREÇÃO DE S100B É ESTIMULADA POR FLUOXETINA VIA
MECANISMO INDEPENDENTE DE SEROTONINA.
Francine Tramontina**, Ana Carolina Tramontina*, Daniela F Souza**, Marina C Leite**,
Lucia M V de Almeida**, Maria Cristina Barea Guerra*, Carmem Gottfried, Carlos-Alberto
Gonçalves. Departamento de Bioquímica, Instituto de Ciências Básicas da Saúde,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brazil.
Objetivos: S100B é uma proteína ligante de cálcio, produzida e secretada por astrócitos, que
possui uma atividade parácrina neurotrófica. Estudos clínicos sugerem que sua elevação
sérica é positivamente correlacionada com a resposta terapêutica antidepressiva observada
com o uso de inibidores seletivos da recaptação de serotonina, por um mecanismo ainda
desconhecido. Neste trabalho nós medimos a secreção de S100B em culturas de astrócitos
hipocampais expostos a fluoxetina.
Métodos: Foram utilizadas culturas primárias de astrócitos hipocampais de ratos wistar
neonatos cultivadas com DMEM contendo 10% SFB em 5% CO2/95% ar a 37oC por 21 dias.
O meio celular foi substituído por DMEM sem soro com ou sem fluoxetina, NAN-190 e/ou
H89. O meio extracellular foi coletado em 1, 6 ou 24 h e a quantificação da secreção de
S100B foi realizada pela técnica de ELISA.
Resultados: Fluoxetina induziu um aumento transitório da S100B extracelular em 1 e 6
horas, nenhum efeito foi observado em 24h. Os efeitos da fluoxetina foram bloqueados por
H89 (inibidor de PKA) indicando que essa via está envolvida. Inexplicavelmente, serotonina
(50uM) induziu uma diminuição na secreção de S100B em 6 e 24h, NAN-190 (antagonista
específico de 5HT1A) bloqueou esse efeito. Nenhum efeito no conteúdo intracelular de S100B
ou GFAP foi observado.
Conclusões: Embora os efeitos da fluoxetina aparentemente dependam de AMPc, pode-se
especular que a serotonina possa agir através de ligação ao receptor acoplado negativamente a
adenilato ciclase. Apesar dessa hipótese ser compatível com o mecanismo de transdução de
sinal pelos receptores serotoninérgicos (particularmente 5HT-1), ela não está de acordo com
os dados atuais que consideram ser a secreção de S100B induzida por 5HT1A. Utilizamos,
pela primeira vez, de nosso conhecimento, serotonina para investigar secreção de S100B ao
invés de agonistas de serotonina. Porém, estudos adicionais são necessários para caracterizar
os receptores de serotonina em nossas condições de cultura. Os presentes dados são
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pertinentes com os efeitos da fluoxetina na liberação de S100B, que poderiam contribuir para
o aumento da neurogênese hipocampal, proposto como tendo um efeito antidepressivo.
Apoio Financeiro: CAPES, CNPq e FAPERGS.
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R55 - MODULAÇÃO DAS MAPKs NO SISTEMA VISUAL DE RATOS DURANTE O
DESENVOLVIMENTO
C.S. Oliveira**, A.P. Rigon**, R.B. Leal, F.M. Rossi
Laboratório de Neuroquímica-3, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências
Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil
O sistema visual é um excelente modelo para estudar processos plásticos e de
desenvolvimento no Sistema Nervoso Central. Muitos fatores têm sido apontados como
importantes participantes da maturação do sistema visual, porém, as vias de sinalização
intracelular envolvidas permanecem pouco conhecidas. De particular interesse são as
proteínas quinases ativadas por mitógenos (MAPKs: ERK1/2, p38MAPK), uma família de
quinases implicadas em várias funções celulares, como proliferação, diferenciação, morte, e
processos plásticos associados ao desenvolvimento e memória. No sistema visual, foi
recentemente demonstrado que ERK1/2 tem um papel fundamental na plasticidade do córtex
visual e das projeções retino-talâmicas. No entanto, pouco se sabe sobre o papel de outras
MAPKs, como a p38MAPK. Além disso, a expressão e modulação de ambas MAPKs durante o
desenvolvimento não está bem caracterizada. O objetivo desse estudo é analisar a expressão
das formas ativadas de ERK1/2 e p38MAPK nas áreas visuais de ratos (retina; colículo superior;
córtex visual), durante diferentes pontos do desenvolvimento, do dia pós natal 0 ao 45 (P0-
P45), usando a técnica de western blot. Nossos resultados preliminares mostram que: 1) na
retina tem um pico da forma fosforilada de p38MAPK em P4, coincidindo com um pico de
morte programada das células ganglionares; 2) no colículo superior, a fosforilação de ambas
MAPKs aumenta entre p4 e P15, o que corresponde com o período de plasticidade retino-
colicular; 3) no córtex visual, a fosforilação de ERK1/2 aumenta de p15 (dia da abertura dos
olhos, sugerindo uma modulação pela atividade visual) até P45, em coincidência com o
período de plasticidade cortical. A correlação entre o tempo da ativação das MAPKs e os
períodos críticos para correta maturação do sistema visual sugerem um papel direto dessas
quinases em tais processos fisiológicos.
Apoio: CNPq, CAPES, FAPESC, UFSC and International Society for Neurochemistry.