Post on 04-Jan-2016
description
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL – CAMPUS CAMPO MOURÃO
ENGENHARIA CIVIL
WAGNER ALEXANDRO CIBOTTO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO
Relatório de Estágio Curricular Obrigatório apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Campo Mourão.
Orientador: Prof. Msc. Paula Cristina de Souza
Autorizo o encaminhamento para avaliação,
Assinatura do prof. Orientador
CAMPO MOURÃO
2013
RESUMO
O estágio curricular obrigatório realizou-se na empresa Pronenge Construtora e
Imobiliária LTDA, em canteiros de obras de edifícios residenciais, na cidade de
Campo Mourão - PR. Ao longo de quatro meses, foi possível o acompanhamento e
desenvolvimento de atividades que melhoraram o aspecto de segurança e qualidade
dos canteiros. Dentre as atividades desenvolvidas neste período, destacam-se: a
melhoria da sinalização da obra e execução dos serviços de forma orientada e
organizada, acompanhamento da execução de infraestrutura e superestrutura,
execução de ferragens, confecção de argamassas de assentamento e concreto,
além da leitura, conferência e acompanhamento da execução de projetos, que foram
um dos objetivos propostos para o estágio. Como resultado do aprendizado,
destaca-se uma visão mais crítica dos projetos, além da criação de uma rede de
contatos e aplicação dos conhecimentos adquiridos em sala na prática.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................4 1.1 DESCRIÇÃO DA UCE (UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO ...................4
1.2 OBJETIVOS DO ESTÁGIO E RESUMO DAS ATIVIDADES ............................7
2 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO ..................................................................8 2.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS .......................................8
2.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS ..................................................16
2.3 RELAÇÃO DO ESTÁGIO COM AS DISCIPLINAS DO CURSO .......................17
3 CONCLUSÕES ....................................................................................................18
3.1 APRENDIZADO PRÁTICO ................................................................................18
3.2 RELACIONAMENTO PROFISSIONAL .............................................................18
3.3 SUGESTÕES PARA A UNIVERSIDADE ..........................................................19
3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................19
4 REFERÊNCIAS ....................................................................................................21
4
1 INTRODUÇÃO
O relatório de estágio tem por objetivo a apresentação dos trabalhos
realizados pelo acadêmico Wagner Alexandro Cibotto, durante o seu estágio
curricular obrigatório.
Inicialmente procurou-se uma empresa que vinha atuando na cidade de
Campo Mourão, no ramo de construção de edifícios residenciais de médio porte. O
objetivo principal era complementar os conceitos de construção civil neste tipo de
edificação. Tal escolha foi consequência de um estágio profissional, realizado no
Parque Industrial da Coamo, entre dezembro de 2009 e março de 2011, que
englobou obras de terra e grandes obras industriais da construtora SPM Mezzomo.
De abril a setembro de 2011, o acadêmico também realizou estágio extra-curricular
na Pronenge Construtora e Imobiliária LTDA, que o motivou para dar continuidade
dos trabalhos em seu estágio curricular obrigatório na mesma empresa.
Durante o período compreendido entre março e junho de 2012, foram
retomadas e desenvolvidas atividades em dois canteiros de edifícios residenciais, na
empresa Pronenge, no município de Campo Mourão. Dentre as atividades
desenvolvidas, estão a leitura e acompanhamento da execução de projetos,
recebimento e conferência de materiais, conferência de projetos, acompanhamento
de execução de infraestrutura e superestrutura, acompanhamento de execução de
ferragens e confecção de argamassas de assentamento e concreto, além de um
plano de melhoria da qualidade e segurança do trabalho.
1.1 DESCRIÇÃO DA UCE (UNIDADE CONCEDENTE DE ESTÁGIO)
A empresa Pronenge Construtora e Imobiliária LTDA foi registrada no dia
05/03/2007 no município de Campo Mourão. A sede administrativa encontra-se
atualmente localizada na Rua São Paulo, Centro, Campo Mourão – PR, próximo ao
Banco do Brasil. Conta como responsável técnico e administrativo a Engenheira
Paula Cristina de Souza e um técnico administrativo, a Economista Fabiana
5
Biondaro. Desde então, atua no ramo da construção de edifícios residenciais
multifamiliares em sistema de condomínio.
O estágio realizado deu-se em duas obras da empresa, descritas a seguir.
- Edifício Dom Antonio, Avenida José Custódio de Oliveira, 1074,
Centro, Campo Mourão – PR.
Empreendimento residencial e comercial no sistema de condomínio;
Pavimento térreo, pavimento de garagens e 5 pavimentos tipo;
Área do terreno: 950 m2;
Área do pavimento térreo: 654,5 m2;
Área do 2º pavimento, referente à garagem: 730,10 m2;
Área do pavimento tipo: 594.41m2;
Área total dos pavimentos tipo (5 pavimentos): 2972.05 m2;
Área construída total: 4387.77 m2;
Taxa de ocupação: 68.92%.
Figura 1 – Edifício Dom Antonio.
Fonte: o Autor.
6
A figura 1 apresenta a fachada frontal do Edifício Dom Antonio. A obra
encontra-se em fase de acabamento, com a superestrutura quase 100% concluída,
restando apenas: execução da casa de máquina, reservatório de água e cobertura.
- Edifício Residencial Phyladelphya, Rua São Paulo, Centro, Campo
Mourão – PR.
Empreendimento residencial no sistema de condomínio;
Térreo mais três pavimentos tipo;
Área do terreno: 1000 m2;
Área do pavimento térreo: 642m2;
Área do pavimento tipo: 485.8 m2;
Área total dos pavimentos tipo (3 pavimentos): 1457.40 m2;
Área construída total: 2099.76 m2;
Taxa de ocupação: 64.23 %.
Figura 2 – Edifício Phyladelphya.
Fonte: o Autor.
7
A figura 2, apresenta a fachada frontal do Edifício Phyladelphya que
encontra-se em fase de acabamento. Nota-se a colocação de tela protetora contra
queda de materiais, para início dos trabalhos de chapisco e emboço. Na fachada
lateral direita, estão sendo finalizados os serviços de chapisco e emboço.
1.2 OBJETIVOS DO ESTÁGIO E RESUMO DAS ATIVIDADES
O objetivo principal do estágio curricular foi aplicar os conhecimentos obtidos
ao longo das diversas disciplinas de construção civil, no canteiro de obras. Além do
objetivo principal, outra meta a ser alcançada era o acompanhamento do trabalho de
toda a equipe e desenvolvimento dentro da obra, de atividades que trouxessem
alguma melhoria no andamento dos trabalhos. O estágio foi realizado em dois
canteiros de edifícios, um residencial e outro residencial-comercial, de múltiplos
pavimentos, padrão normal, respectivamente com três e seis andares.
As atividades propostas a serem desenvolvidas inicialmente, foram:
Leitura de projetos;
Acompanhamento da execução de projetos;
Conferência e recebimento de materiais;
Conferência dos serviços executados.
8
2 DESENVOLVIMENTO DO ESTÁGIO
2.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Inicialmente, realizou-se uma reunião junto ao responsável técnico da obra,
a Engenheira Civil e Mestre Paula Cristina de Souza, e um dos proprietários da
empresa, Senhor Maciel “in memoriam”, sobre as atividades a serem desenvolvidas
e o fornecimento de equipamentos de segurança. A primeira atividade realizada, foi
a visita ao ambiente de trabalho do Edifício Dom Antonio e do Edifício Phyladelphya,
seguida da apresentação do estagiário junto ao grupo de colaboradores da
Construtora e Imobiliária Pronenge. Neste primeiro contato, discutiu-se a respeito
dos trabalhos desenvolvidos anteriormente nas obras, as dificuldades, os problemas
que apresentavam o Edifício Dom Antonio e as perspectivas futuras para o Edifício
Phyladelphya. Todos os projetos foram apresentados e ficaram disponíveis em
pastas nos canteiros de obras para consulta, e posteriormente, para o
acompanhamento dos serviços.
Após a leitura dos projetos e o primeiro contato com a equipe, no decorrer
dos dias, através de conversas informais com os diversos colaboradores, procurou-
se entender as dificuldades encontrados por eles na execução de projetos na
construção civil. Em especial, discutiu-se sobre a obra Dom Antonio que estava em
andamento com sua segunda laje já executada. Estas conversas possibilitaram
detectar pontos críticos dentro do canteiro de obra e o comprometimento ou descaso
da equipe com a execução de alguns serviços.
O primeiro ponto a ser atacado, foi a conscientização de alguns
trabalhadores a respeito de segurança no trabalho e os benefícios dos trabalhos
executados uma única vez, com qualidade. Mesmo a empresa fornecendo cursos
especiais de segurança no trabalho, fiscalização do responsável técnico e presença
de mestre de obra, detectou-se certo desconhecimento e/ou falta de motivação da
9
equipe para trabalhar com segurança e organização. Depois de muita conversa e
apresentação da experiência1 vivida pelo estagiário dentro do Parque Industrial da
Coamo Cooperativa Agroindustrial os trabalhadores mais resistentes, começaram a
colaborar com toda a equipe para a segurança no canteiro. Com o apoio total da
Engenheira Paula Cristina de Souza, desenvolveu-se um trabalho de limpeza, e
firmemente, buscou-se a política de manter o local limpo sempre, com passagens
livres e locais para descarte de materiais. A figura 3 a seguir, mostra a área
destinada à carpintaria do canteiro de obras do Edifício Dom Antonio, localizado no
pavimento da garagem, antes e depois do movimento de conscientização.
Figura 3 – Antes e depois do plano de limpeza.
Fonte: o Autor.
1 Durante 16 meses o estagiário participou na readequação de obras no Parque Industrial da Coamo e aplicação do Programa de O-OLHO, baseado no 5S, em canteiro de obras da SPM Mezzomo Ltda.
10
Nota-se pela figura 3, o descarte desordenado de material pós desenforma
da estrutura e escoramento da laje. Não havia um controle ou um ponto específico,
onde a madeira era descartada, apenas pilhas e pilhas espalhadas por todos os
pontos, sem seleção de material que poderia ser reutilizado. Madeira com pregos
ofereciam perigo aos próprios trabalhadores. Chegou-se a conclusão, que o
caminho mais fácil para os carpinteiros, era o caminho das pilhas de chapas de
madeira e compensado que não tinham sido utilizadas e com aspecto visual mais
atrativo. O consumo de madeira para caixaria de vigas e pilares era muito grande,
porque não se tinha o cuidado na hora da retirada das formas, nem a preocupação
em separá-las e classificá-las em pilhas de fácil movimentação e acesso. Com o
apoio da equipe, a empresa conseguiu um melhor aproveitamento do material, e o
resultado foi significativamente positivo, tanto para economia, quanto para a
segurança e movimentação de pessoas e materiais dentro do canteiro.
O passo seguinte para consolidação da política de segurança e melhoria na
qualidade dos serviços foi a realização de um relatório baseado na NR-18 –
“Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção” e livros sobre
a produtividade e qualidade dentro de canteiros de obras. Este relatório foi
elaborado tendo em vista as situações mais comuns dentro do canteiro, direcionado
para a sinalização, proteção de partes perigosas e utilização de equipamentos de
proteção individual e coletivo. Realizado todo o levantamento das necessidades dos
canteiros, o relatório foi entregue a orientadora e responsável técnica da obra, que
tomou todas as providências necessárias, para que os problemas fossem
solucionados.
Buscou-se neste diagnóstico destacar os pontos que ofereciam certos riscos
a integridade física dos trabalhadores. Outro objetivo foi a melhoria da sinalização
dentro do canteiro de obra, com a aplicação de mensagens indicativas, restritivas,
de alerta e motivacionais. Além das mensagens, realizou-se a instalação de
sensores para iluminação das escadas, fechamento dos vãos e fossos, guarda-
corpos das escadas e periferia da edificação, compra de extintores, pintura dos
guarda-corpos e isolamento da área onde se encontra instalado o elevador de carga.
11
Figura 4 – Sinalização do canteiro de obras.
Fonte: o Autor.
A figura 4, mostra algumas das placas que foram distribuídas pelo canteiro de
obras. Além da indicação dos pavimentos, escadarias, extintores, ao longo do
acesso dos elevadores foram locadas barreiras e placas indicativas com a seguinte
mensagem: “Elevador para uso exclusivo de carga”. Na serra circular, placa
indicativa sobre os equipamentos de proteção individual, necessários para sua
utilização.
Os modelos de placas confeccionadas, foram baseados em boas práticas de
empresas que aplicavam os conceitos do 5S em seu canteiros de obras, além de
disciplinas de qualidade e segurança do trabalho na construção civil. Outras boas
práticas foram executadas em ambos os edifícios, visando zelar principalmente pela
segurança e que fossem visualmente claras a todas as pessoas que no canteiro
tivessem acesso.
12
Figura 5 – Proteção contra quedas instaladas nos fossos e elevador.
Fonte: o Autor.
A figura 5 apresenta o isolamento do acesso aos fossos do elevador do
edifício Dom Antonio e a barreira de proteção ao elevador de cargas. Estas medidas
foram tomadas para evitar acidentes como queda de pessoal e proteção aos
trabalhadores no transporte vertical de cargas. O elevador instalado na obra também
é normatizado, aprovado pelos órgãos fiscalizadores, sendo um investimento da
empresa, que busca modernidade e segurança para seus empreendimentos. O
elevador conta com sistema de freio automático e dispositivo de segurança. A
operação é realizada por um trabalhador treinado e certificado para este serviço.
Para o Edifício Phyladelphya, a estratégia adotada foi a mesma: motivar a
equipe e melhorar a movimentação no canteiro de obras. O resultado não poderia
ter sido melhor. Todos os trabalhadores abraçaram a causa e desempenharam
papel fundamental para elevação da qualidade do canteiro de obra. Todo serviço
que gerasse resíduos, ao final, eram retirados e destinados ao local de descarte.
13
Esta postura possibilitou o andamento dos trabalhos sem dificuldades e durante todo
o período de estágio, não foi observado qualquer acidente na obra.
Os benefícios não demoraram a aparecer. Devido ao empreendimento ser no
sistema de condomínio, visitas frequentes dos proprietários eram detectadas. No
início, simplesmente questionavam sobre alguns serviços. Após este plano de
melhoria, elogios começaram a surgir. Mesmo tratando-se de pessoas de áreas
distintas da construção civil, a percepção de segurança por eles, foi o ponto
fundamental que motivou ainda mais a continuidade dos trabalhos. A seguir, a figura
6 apresenta alguns pontos de movimentação de cargas no canteiro de obras.
(A) (B) (C)
Figura 6 – Desobstrução de passagens e limpeza do canteiro. Fonte: o Autor.
Na imagem (A) Edifício Phyladelphya e (B) Edifício Dom Antonio, observa-se
um ambiente limpo, de fácil acesso e sem problemas para a movimentação de
materiais. Na imagem (C), o trabalhador realizando limpeza das vias de acesso aos
diversos pontos do edifício Dom Antonio.
A continuidade dos trabalhos foi fundamental. A figura 7 apresenta algumas
imagens da situação dos dois canteiros de obras durante os trabalhos diários.
14
.
(A) (B)
(C) (D)
Figura 7 – Vias de acesso aos elevadores e locais de descarte. Fonte: o Autor.
Em ambas as imagens, (A) e (B), respectivamente Edifício Phyladelphya e
Dom Antonio, percebe-se acesso livre aos elevadores de carga. Destaca-se também
a limpeza geral e a organização dos materiais a serem utilizados. Já a imagem (C),
observa-se a classificação em pilhas, de madeiras já utilizadas, em um local que não
interfere no tráfego de pessoas e execução dos serviços. A imagem (D) demonstra
os fundos do canteiro do Edifício Phyladelphya, com local para descarte de resíduos.
Outra atividade desenvolvida ao longo do estágio, foi o acompanhamento de
execução de diversos projetos. O auxílio do mestre de obra foi fundamental para
compreensão de alguns sistemas construtivos e práticas adotadas. Nos dois
edifícios, pode presenciar-se atividades como:
execução da infraestrutura;
locação de pilares;
execução de caixaria;
paredes de vedação;
montagem de lajes pré-fabricadas;
cimbramento de lajes e vigas;
lançamento de mangueiras do projeto elétrico;
15
armação e execução de ferragens;
concretagem de lajes, pilares, vigas e escadas;
instalação de equipamentos, como elevador de cargas.
A seguir, imagens de algumas etapas da execução de uma laje pré-fabricada.
(A) (B)
(C) (D)
Figura 8 – Etapas de execução da laje. Fonte: o Autor.
Na figura 8, apresenta-se as diversas fases executivas de uma laje pré-
fabricada. No primeiro momento, imagem (A), ocorre a execução de formas e
armação de vigas. Em seguida, há o cimbramento de toda a estrutura, para suportar
inicialmente ao peso próprio e as cargas acidentais de concretagem. A imagem (B),
demonstra a laje já montada, com as vigotas treliçadas amarradas à estrutura e o
fechamento com placas de EPS. O lançamento das mangueiras, constituinte do
projeto elétrico, é executado sobre as placas de EPS. Na mesma imagem, há as
esperas para prosseguimento dos pilares para o pavimento superior. Já a imagem
(C), há a execução de uma laje maciça de concreto, referentes às sacadas dos
apartamentos. Observa-se a armação da laje e a passagem de barras de aço sobre
a laje pré-fabricada, responsáveis pela ancoragem. Este fato ocorre, uma vez que,
16
esta estrutura encontra-se em balanço. Finalmente, na imagem (D), tem-se a laje
concretada e já marcada para o levantamento das paredes e pilares do pavimento
seguinte.
Ao longo do período de estágios na Pronenge, foi possível a realização de
uma pesquisa sobre as características físicas dos canteiros de obras verticais em
Campo Mourão. A pesquisa englobou um check-list sobre as características físicas
dos canteiros de obras, baseado nas diversas normas de segurança do trabalho.
Como resultado, há a produção de um artigo técnico que está sendo finalizado e
será remetido a alguma revista ou evento para avaliação e publicação.
2.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS ENCONTRADOS
No primeiro instante, a resistência de alguns trabalhadores foi a maior
barreira a ser quebrada. Mesmo tendo conhecimento de algumas normas e
processos construtivos, alguns operários preferiam executar os serviços da sua
maneira, que nem sempre, eram adequados e seguros aquela situação. A utilização
de EPI´s e a racionalização de movimentação de cargas no canteiro também foi uma
tarefa difícil de compreensão por todos.
Com o andamento dos trabalhos, percebeu-se que o detalhamento e as
características de certos projetos, nem sempre facilitam a vida dos operários. O
papel aceita muita coisa, mas na hora da execução, a história pode mudar. Estes
acontecimentos despertaram um alerta sobre a compatibilização de projetos na fase
de planejamento, e de projetos que visem uma melhor produção por parte dos
trabalhadores no canteiro de obras.
A falta de mão-de-obra qualificada também foi sentida neste período. Com a
explosão da construção civil, é difícil encontrar bons mestres de obras, contra
mestres e oficiais. A empresa realizou várias contratações e a terceirização de
alguns serviços foi a solução. Detectou-se que são poucos os operários que
participam de cursos de atualização ou, até mesmo de treinamentos para exercer a
profissão. Em sua maioria, são profissionais que herdaram o ofício dos familiares, ou
17
que ao longo do tempo, de forma autônoma, foram adquirindo certa experiência na
execução de pequenas obras.
O cumprimento de todas as normas e boas práticas dentro dos canteiros, se
não for trabalhada com toda a equipe, planejada e bem executada, pode ser muito
onerosa e aumentar o valor final da obra, sem um ganho que justifique este
investimento.
2.3 RELAÇÃO DO ESTÁGIO COM AS DISCIPLINAS DO CURSO
O canteiro de obra e a vivência com os diversos projetos, arquitetônico,
estrutural, hidráulico, elétrico, propiciou uma visão mais ampla do que é abordada
dentro da universidade. Quanto se está frente aos projetos no papel, e vê-los
funcionando na prática, o conhecimento absorvido é maior. As dificuldades
aumentam com o número de etapas e projetos, e, a partir dos conceitos de algumas
disciplinas de raciocínio lógico, de planejamento e construção civil, é possível fazer
uma inter-relação de todas as etapas, e colocá-las em andamento.
Disciplinas que muitas vezes, pelo seu grau de dificuldade ficaram em
segundo plano no decorrer do curso de Engenharia Civil, foram fundamentais fora
das salas de aula. Entre elas, Tecnologias da Construção Civil e Materiais da
Construção Civil. Resume-se ao entendimento da produção dos materiais
necessários e das técnicas simples e adequadas de execução.
Algumas disciplinas que englobavam em sua grade projetos, também foram
fundamentais para dar uma noção básica do que acontece no mercado de trabalho.
18
3 CONCLUSÕES
3.1 APRENDIZADO PRÁTICO
Com toda certeza o estágio é fundamental para aplicação dos
conhecimentos fora da universidade. Esta oportunidade propicia ao aluno, mesmo
que em um período curto de tempo, estar frente a frente aos problemas encontrados
nas empresas. Este choque fora da sala de aula obriga o estudante a procurar em
varias vezes, uma solução rápida e eficaz para determinados problemas cotidianos,
que possa ser executada naquele momento. Problemas estes, que sem dúvida,
farão parte da sua vida profissional fora da universidade.
A convivência com novos materiais e técnicas construtivas, também
aumenta o leque de opções apresentados dentro do curso. A partir do momento que
o estudante depara-se com os diversos problemas e soluções, estas situações vêm
na cabeça e criam um banco de dados para a sua vida profissional - fazer igual,
melhorar, adaptar ou evitar?!
3.2 RELACIONAMENTO PROFISSIONAL
O dia-a-dia com profissionais experientes, que passaram por diversas
etapas da profissão, também contribuem para o crescimento dentro do curso e uma
visão mais crítica do que é visto em sala de aula. Os questionamentos dos diversos
trabalhadores de algumas situações e projetos ao longo do estágio foram
fundamentais. Quando questiona-se sobre as diferentes atividades dentro de um
projeto e o por que estão sendo executadas de tal forma, o aproveitamento e
aprendizado dentro da sala de aula, passa a ser maior.
O vínculo de amizade e de confiança criado com todos dentro da obra, foi
importante para o crescimento pessoal e profissional. O bom ambiente de trabalho
19
proporcionou um melhor aproveitamento dos objetivos proposto pelo orientador de
estágio e pela própria empresa.
3.3 SUGESTÕES PARA A UNIVERSIDADE
É de extrema importância a abordagem de temas atuais e técnicas
construtivas que estejam de acordo com a nossa realidade regional. Às vezes a
sensação em algumas disciplinas, é a falta de aplicação na prática de diversos
conceitos. Em alguns casos, a atualização de alguns docentes já seria um grande
passo para o crescimento do curso.
Visitas técnicas e aulas de campo são raras na Universidade. Não há uma
abordagem prática de muitas disciplinas ministradas no curso de Engenharia Civil do
Campus Campo Mourão. Muitas vezes, as aulas ficam presas a conceitos
acadêmicos e não tem andamento desejável, prejudicando o futuro engenheiro civil
atuando em campo. Poucos são os programas em que os alunos têm a
oportunidade de exercer os conhecimentos de sala ao longo do curso. Destaca-se
em nossa universidade o Programa PET e algumas iniciações científicas, mas que
ainda são insuficientes. Quando realizamos aulas em laboratório, nos deparamos
com falta de materiais e espaço físico.
É necessário e indispensável a oferta dentro da universidade de cursos
extracurriculares e de atualização, ligados a construção civil.
3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estágio foi fundamental para o crescimento profissional e pessoal, também
para a criação de uma rede de contatos. A amizade criada com todos os operários é
sensacional. Ao longo deste tempo, pode perceber-se a dificuldade em elaborar e
executar diversos projetos, e, ao mesmo tempo, gerenciá-los. A ampla rede de
20
projetos, técnicas e pessoas que formam um processo de construção, só é notada
quando se materializa as ideias. Esta materialização dá-se por meio de estágios e
visitas técnicas, orientadas por pessoas capacitadas e com vontade.
Toda esta experiência positiva, só foi possível pelo apoio de todos os
funcionários da empresa Pronenge Construtora e Imobiliária LTDA, à orientadora
Paula Cristina de Souza e aos professores, que ao longo do curso, não mediram
esforços para que as dúvidas fossem resolvidas. A estas pessoas deve-se todo o
reconhecimento e mérito pela formação de verdadeiros profissionais.
21
4 REFERÊNCIAS
ROCHA, Carlos Alberto G.S. de C.;SAURIN, Tarcísio Abreu;FORMOSO, Carlos Torres. Avaliação da Nr-18 em canteiro de obras. Disponível em: http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/arquivos/E0013_00.pdf.
SOUZA, Ubiraci E. Lemes de. Projeto e implantação do canteiro. São Paulo: O nome da rosa, 2000. 96 p.
VIEIRA, Helio Flavio. Logística aplicada à construção civil: como melhorar o fluxo de produção nas obras. São Paulo, SP: Pini, 2006. 178 p.