Post on 13-Mar-2018
Uma turma muito entrosada, heterogênea e cheia de particularidades que se
completam. Ajudam-se uns aos outros, opinam, e gostam muito de realizar
atividades em grupo. Encontrando dificuldades no que diz respeito à divisão ou
uso comum de materiais e brinquedos, pois estão saindo de uma fase
egocêntrica e iniciando o hábito de partilha e convivência social.
Relatório de grupo – 1º semestre/2017
Turma: Maternal B Professora: Elizabeth Fontes Professora auxiliar: Rita Terrazan Coordenadora: Lucy Ramos Torres
“É no movimento de troca, ação, interação que as relações se
estabelecem e que cada um cresce a partir das experiências que vivem.
Para uma socialização saudável a criança necessita de espaço,
segurança e pessoas capazes de dar-lhes suporte para que acredite nas
suas capacidade e nas suas potencialidades.” (Adriana Friedmann,
1966)
São bastante participativos e realizam com prazer as tarefas rotineiras,
acostumando-se a seguir regras preestabelecidas. Um grupo que gosta muito
de ouvir histórias, passando com facilidade a imitar as personagens, através do
jogo simbólico. Exercícios como contar e recontar histórias, cantar músicas,
contar em voz alta e dialogar vem sendo muito utilizado. Atividades diversas e
jogos lúdicos têm sido muito importantes para melhorar esta socialização.
“Criança precisa de outras crianças por perto para aprender a trocar, a
dividir, a esperar a sua vez, a compartilhar ideias e espaços. Isto não
dispensa de forma alguma a presença atenta dos adultos, fazendo as
intervenções necessárias, auxiliando nos momentos apropriados, dando
suporte para que enfrentem com segurança os desafios que por vezes
surgem, e que enriquecem as trocas de experiências.” (Adriana
Friedmann, 1966)
Neste primeiro semestre, nossas atividades foram voltadas para as rodas de
conversas, leitura de livros e contação de histórias, rodas cantadas,
brincadeiras livres e dirigidas, tudo com o intuito de desenvolver a criatividade e
assim poder colaborar com a imaginação das crianças.
Diversas atividades foram desenvolvidas para criar um ambiente seguro e
saudável para que pudessem ser desenvolvidas habilidades e competências
necessárias para esta faixa etária. Todos apresentam concentração em
atividades de percepção auditiva, visual e oral. Todos gostam de ouvir
histórias, assistir filmes, participar de teatro de fantoches, gostam muito de
dançar, cantar e representar diversos papeis nas dramatizações lúdicas.
“Sendo a educação infantil a base da formação sócio educacional de
todo cidadão, o lúdico se constitui num recurso pedagógico eficaz que
envolve o aluno nas atividades, permitindo a criança se desenvolver
cognitivamente.” (Angela da Conceição Pena1)
As nossas atividades lúdicas têm diversos objetivos, desde a diversão,
socialização, até a promoção da união do grupo, servindo como um recurso
para a transmissão de conhecimentos, influenciando sutilmente no processo de
aprendizagem.
Negrine (1994, p.19) afirma que as contribuições das atividades lúdicas no desenvolvimento integral indicam que elas contribuem poderosamente no desenvolvimento global da criança e que todas as dimensões estão intrinsecamente vinculadas: a inteligência, a afetividade, a motricidade e a sociabilidade são inseparáveis, sendo a afetividade a que constitui a energia necessária para a progressão psíquica, moral, intelectual e motriz da criança.
As atividades lúdicas são muito importantes para a construção do desenvolvimento infantil, propiciando espaços que as façam pensar, estimulando o raciocínio, fazendo com que as crianças compreendam o meio, estabelecendo contatos sociais, favorecendo a superação do egocentrismo, desenvolvendo habilidades e a solidariedade. Fazendo também com que se tornem capazes de solucionar problemas que as rodeiam, produzindo assim seu próprio conhecimento.
Estimulamos as crianças a adquirirem autonomia, incentivando-as a
aprenderem a forma correta de se alimentarem sozinhas, de descartarem
corretamente o lixo em recipientes próprios, a manterem hábitos higiênicos
como escovar os dentes, lavar as mãos, e o uso correto do banheiro, entre
outros.
“...a construção de uma autoimagem positiva requer que, na escola, as
crianças tenham experiências em situações que lhes permitam ganhar
confiança em suas capacidades e que sejam vistas como crianças com
possibilidades. Isso dá segurança, que é um elemento básico para
atrever-se a explorar novas situações, novas experiências. É importante
observar que não se trata de renunciar a exigência e ao controle, e sim,
de endereça-la a um contexto comunicativo, afetuoso e respeitoso”
(Wood Peter, 1999)
A música e o movimento são fatores importantes para o desenvolvimento da
coordenação dentro da psicomotricidade desta faixa etária.
As crianças têm a necessidade de se movimentar e de explorar as
possibilidades e limitações do próprio corpo. Atividades como subir numa
árvore, pular de uma calçada, utilizar os brinquedos do parque se transformam
em meios para a construção da consciência corporal e do desenvolvimento
psicomotor. Realizamos diversas atividades que visam promover
conhecimentos por meio de experiências sensoriais, corporais e expressivas
que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito
pelos ritmos e desejos das crianças.
Todos têm uma ótima percepção da linguagem visual, como forma, cor, volume
e textura, através de conceitos que vêm sendo construídos. A linguagem oral
apresenta ótimos desenvolvimentos tanto na dicção como da superação de
dificuldades para expressarem suas necessidades.
São todos gentis, criativos e se desenvolvem muito bem dentro da sua
maturação.
A rotina na Escola do Sítio é bem flexível, porém é feita todos os dias, e
dependendo do interesse comum da turma e da peculiaridade do dia, podemos
negociar alterações na ordem e na prática das atividades propostas.
É muito importante trabalhar com uma rotina para o desenvolvimento
psicológico de cada criança, onde ela vai aprender a se planejar na execução
das atividades, colaborando para superar a ansiedade em relação ao
inesperado.
Essa turma se apropriou muito rapidamente da rotina, que é feita diariamente
nas rodas da conversa, onde mostramos visualmente esta rotina, fazemos a
chamada e conversamos sobre diversos assuntos, fazendo com eles
desenvolvam o hábito de escutar, falar, discutir sobre coisas importantes para o
grupo.
A nossa roda de histórias também é uma prática muito comum em sala ou fora
dela. Realizamos diversos tipos de contagem de histórias, utilizando diversos
recursos e suportes.
Uns dos recursos importantes junto à turma é o Projeto de Leitura na Biblioteca
da escola, onde uma vez por semana visitamos este espaço acontecendo a
escolha de livros para levar para casa. Temos a intenção de que as crianças
entendam a importância daquele momento de concentração e silêncio, fazendo
da Biblioteca um ambiente prazeroso. Posso dizer que o interesse do grupo
pelos livros e revistas é notável.
“O contato com o livro possibilita o desenvolvimento da linguagem,
cultural e cognitivo nas crianças, pois estabelece novos padrões de
raciocínio abrindo novos espaços através dos quais as crianças possam
se expressar exercitando a criatividade. Nesse sentido, viabiliza a
produção do conhecimento a partir do crescimento do seu repertório
cultural tendo acesso a outras visões de mundo que possibilitem
estabelecer novas relações com o mundo que o cerca. É importante
estimular a leitura na criança como uma experiência valiosa e prazerosa.
Isso será uma grande fonte de satisfação tanto para as crianças quanto
para os adultos que as acompanharem nesta aventura.” (Araci Isaltina
de Andrade, 2005)
As atividades propostas em sala foram muito importantes para o
desenvolvimento motor de cada um do grupo, proporcionando desenhos com
lápis de cor, giz de cera, canetas hidrográficas, entre outros, realizando essas
produções em papeis e materiais de diversas formas e texturas.
As nossas produções com tintas foram bastante exploradas, fazendo com que
a turma entrasse em contato com diversos tipos de materiais, como pincéis,
rolos, escovas de dente, esponjas, mãos e pés, e também explorando
momentos sensoriais, fazendo com que elas se expressassem artisticamente,
criando e recriando. Com isso proporcionamos habilidades com relações de
quantidade, medidas e formas, orientações espaciais. Também pudemos
incentivar os cuidados com seus pertences e suas roupas, mostrando a
necessidade em usar a camiseta de pintura para proteção, assim como fazer a
mediação sobre a melhor forma de explorar os suportes oferecidos, sempre
possibilitando abertura para que elas construam esse contato.
Essas atividades que impulsionam o desenvolvimento da criança em diversos
aspectos, como no campo da linguagem verbal, da confiança, da autonomia,
da atenção, da vontade, do pensamento lógico, da participação e da decisão,
contribuíram para a construção de uma identidade de grupo.
A criação da identidade do grupo são momentos que geram muita ansiedade
tanto para as crianças como para as professoras, pois esta identidade
direciona todo o projeto trabalhado durante o semestre. Percebendo um
interesse comum entre o grupo e levando em consideração o tema do ano na
escola “Transformação: movimento contínuo e permanente”, trabalhamos neste
semestre com uma gota de água e as transformações que ela pode trazer para
nós e a nossa volta. Criando assim a Turma das Gotinhas, que sozinhas nada
transformam, mas juntas podem fazer chover.
Através do desenvolvimento deste tema pudemos criar situações e atividades
que proporcionaram o aprendizado e a possibilidade de adquirirem habilidades
e competências que propiciaram o crescimento saudável e feliz de cada um do
grupo.
Utilizamos diversos livros relacionados ao tema como:
Assistimos a vários vídeos e filmes, aprendemos músicas que colaboraram
para o nosso aprendizado como:
De Gotinha Em Gotinha
Palavra Cantada
Água é uma gota de chuva
É uma gota de nuvem
É uma gota de água pra viver
Água é uma gota de chuva
É uma gota de nuvem
É uma gota de água pra viver
De gotinha em gotinha
Brilha no orvalho da manhã
De gotinha em gotinha
Limpa o oceano de amanhã
Água é uma gota de chuva
É uma gota de nuvem
É uma gota de água pra viver
"Era uma vez uma gotinha de água
Redondinha e bonitinha
Um dia ela tava tomando banho de sol
E a coitadinha que era pequenininha
Foi encolhendo, encolhendo até que puf! sumiu"
CHUVA CHOVE
(Mundo Bita)
Uma gotinha tão miudinha
Pinga que pinga nas nossas cabeças
Junto com outras gotas marotas
Molhando a telha das casas da vila
Fez uma poça na calçada, o Sol secou
Feito vapor de chaleira, subiu pro céu
Numa ciranda de nuvens de algodão doce
Toca o tambor trovoada e nos banha
Chuva chove sereno fininho
Molha aquela planta onde mora o passarinho
Chove chuva forte tempestade
Sobre os guarda-chuvas que se abrem na cidade.
Estabelecemos assim a confiança entre cada um e seus colegas e também
com as professoras, criando um ambiente onde cada criança se sente
respeitada e segura, podendo assim interagir de forma autêntica, sem pressão
ou condução direta dos adultos. Assim tentamos criar um clima de intimidade,
solicitude e respeito para as crianças, respeitando sempre a proximidade que
elas estabeleceram com as professoras e interagindo de acordo com a
preferência de cada uma.
“É o meio circundante que possibilita a cada criança crescer, e sem
adequada confiabilidade ambiental, o crescimento pessoal de uma
criança não pode acontecer, ou será um crescimento distorcido”
(WINNICOTT, 1993, p. 103)
Foram muitos processos, muitos caminhos e muitas conquistas que podemos
ver e proporcionar a cada um. Podendo dizer que foi muito prazeroso o
trabalho até este momento, no qual pudemos ver alegrias, satisfação,
experimentações, brincadeiras, desafios, faz-de-conta, vendo em cada rosto as
novas sensações e aprendendo uns com os outros.
Bibliografia
(DRIVER, Rosalind; SQUIRES, Ann; PETER, Wood – Dando sentido para a
ciência: pesquisando as ideias das crianças. (Visor. Madrid, 1999)
ANDRADE, Araci Isaltina de, BLATTMANN, Ursula. Atividades de incentivo à leitura
em bibliotecas escolares: relato de um projeto. Disponível em: Acesso em: 24 abr.
2005.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar, Crescer e Aprender: O Resgate do Jogo Infantil.
São Paulo: Moderna, 1996.
ALMEIDA, Paulo N. Educação lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. 10. ed. São Paulo: Loyola, 2000.
BARBOSA, Ângela; GUIMARÃES, Elizabete; LIMA, Hellen. Gestão escolar: Mudanças nas relações em busca de novos desafios para uma gestão democrática. Belém: UVA, 2004.
BROUGÉRE, Gilles. Brinquedo e Cultura. V. 43. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
FERREIRA, Nilda T. O jogo infantil e o imaginário da criança. [PPGEFUGF 535 (Lires – Rio)]. Rio de Janeiro: UFRJ, 2003.
¹Especialista em Psicopedagogia, Graduada em Pedagogia, Coordenadora
Pedagógica da SEDUC, Professora da Escola Superior Madre Celeste – ESMAC
WINNICOTT, Donald Woods. Conversando com os pais. São Paulo: M. Fontes,
1993.