Post on 15-Feb-2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
GUILHERME FREITAS CAMPOS
GOVERNANÇA CORPORATIVA
VITÓRIA 2013
GUILHERME FREITAS CAMPOS
RESENHA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
Resenha sobre o documentário Enron: The Smartest Guys in the Room para entrega ao Professor Rodrigo Scalzer da disciplina de Governança Corporativa e como requisito para obtenção do complemento de nota da matéria do período do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Espírito Santo.
VITÓRIA
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ENRON
The Smartest Guys In The Room
Ficha Técnica
Título original: The Smartest Guys in the Room
Gênero: Documentário
Ano de lançamento: 2005
Direção: Alex Gibney
Roteiro: Alex Gibney, baseado em livro de Bethany Mclean e Peter Elking
Produção: Alex Gibney, Jason Kliot e Susan Motamed
Enron: The Smartest Guys in the Room (filme) é um documentário produzido no ano
de 2005, dirigido por Alex Gibney, que narra e estuda o caso de um dos maiores
escândalos financeiros dos Estados Unidos envolvendo a empresa Enron.
Com duração de 1 hora e 49 minutos, o documentário percorre por meio de
entrevistas, depoimentos e relatos investigativos, o processo que a Enron passou,
da empresa do milênio até sua falência. O documentário expõe como foram feitas as
fraudes por contadores e pelos chefes-executivos para maquiar um fenômeno de
crescimento, uma organização que só beneficiou quem esteve envolvido no
esquema. O título do documentário Enron - The Smartest Guys In The Room da
Sala (Os Mais Espertos da Sala, tradução) faz alusão aos mais poderosos que
existiam na empresa, considerados profissionais inteligentes e bem sucedidos.
As filmagens consultam analistas econômicos e ex-empregados. O documentário
inicia filmando o prédio onde sediava a Enron, com o narrador fazendo
questionamentos em um tom perturbador, de forma sensacionalista.
Segundo o documentário, nas palavras de uma entrevistada, o erro fatal da Enron,
se tivesse que escolher apenas um, foi o orgulho, em posterior a arrogância, a
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intolerância, a avareza. Outro faz comparativa a um castelo de baralho, alusão à
quebra fragilizada que a Enron sofreu.
Na sequência, há uma simulação do suicídio cometido por um ex-funcionário da
empresa, John C. Baxter, provavelmente motivado pelas perdas provocadas pela
quebra da Enron.
Como informado no documentário, a Enron Corporation era uma companhia
estadunidense, localizada em Houston, Texas. Empregava cerca de 21.000
pessoas, tendo sido uma das companhias líderes no mundo em distribuição de
energia e comunicações. Seu faturamento atingia U$$ 101 bilhões de dólares até o
ano de 2000, pouco antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência.
A Enron divulgou, em 2 de dezembro de 2001, seu pedido de concordata e, dez dias
após, o Congresso Americano começou a analisar a falência do grupo, sendo
exibidos trechos no documentário, o qual possuía uma dívida aproximada de 22
bilhões de dólares.
De acordo com o documentário, o sucesso da Enron vislumbrava aos olhos, todos
queriam investir em suas ações, o que fazia com que os acionistas investissem às
cegas. Funcionários eram incentivados a aplicar suas poupanças em ações da casa.
Acontece que ninguém questionava o porquê do sucesso da Enron, enfatizado no
documentário pelos entrevistados repetindo diversas vezes “Why?” - Por quê? em
inglês (“Por que não questionamos isso?”), sendo que o slogan da própria empresa
era "Ask Why", Pergunte Por quê.
O filme mostra também o envolvimento da empresa com a crise energética da
Califórnia, decorrente da desregulamentação do seu sistema elétrico. O segredo da
desregulamentação da indústria é que o Estado não interfere no livre-comércio. No
caso da Califórnia, por exemplo, revendedores de energia, como a Enron, poderiam
elevar o preço como quisessem, enquanto as distribuidoras, aquelas que lidam
direto com o consumidor, sofriam o limite de tarifas imposto pelo governo estadual.
O ápice desse desequilíbrio de regulamentação foi o famoso blecaute de 2001.
Além dos problemas financeiros, também é colocado em xeque uma possível
conspiração política, pois a Enron tinha sido a maior contribuinte da primeira
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campanha presidencial de George W. Bush, que também recebeu compensações e
possuía ações da empresa em cerca de 300 milhões de dólares.
No documentário são reservados trechos individuais para tracejar o perfil de cada
um dos ícones ligados ao fomento e ruína que a Enron passou, sendo eles:
Kenneth Lay (apelidado de “Kenny Boy”): fundador e CEO da Enron, é mostrado
sua origem, formação, seus ideais de desregulamentação de empresas de energia e
gás e sim determinadas pelas tendências do mercado, o que o impulsionou a criar a
Enron em 1985, também é falado de sua relação com o, até então, governador do
Texas, George W. Bush, e a família Bush.
Jeffrey Skilling ("Jeff" Skilling): O homem das ideias brilhantes. Skilling
impressionou Kenneth Lay com a sua capacidade de consultor, de tal forma que foi
contratado por Lay em 1990, como responsável e CEO da Enron. Utilizando-se da
contabilidade conhecida como “reajuste a preço de mercado”, permitiu que a Enron
registrasse potenciais lucros futuros no mesmo dia que um acordo era fechado,
independente de quanto dinheiro entrava. Para o exterior, a Enron tinha os lucros
que afirmava ter. É mostrado em uma simulação em forma de paródia de como isso
era feito. Após isso, é comentado sobre sua vida pessoal e formação profissional.
Andrew Stuart Fastow: Chefe do departamento financeiro da empresa norte-
americana Enron até ter sua conduta investigada no ano de 2001. Fastow foi uma
das figuras-chave por trás do complexo esquema de fraude corporativa que levou a
empresa à falência. Andrew Fastow estava familiarizado com o mercado de energia
e tinha conhecimento em como colocá-lo a favor da Enron. Rapidamente chamou a
atenção do então executivo-chefe da Enron, Jeffrey Skilling. Skilling, juntamente com
o fundandor, Kenneth Lay, visava constantemente as várias maneiras em que ele
poderia manter o preço das ações da empresa de forma positiva, apesar da
verdadeira condição financeira da empresa. Fastow projetou uma complexa rede de
empresas que só faziam negócios com a Enron, com o duplo objetivo de angariar
dinheiro para a empresa, e também esconder suas enormes perdas em seus
balanços trimestrais. Isso efetivamente permitia a folha patrimonial auditada da
Enron aparecer livre de dívidas, enquanto, na realidade, devia mais de 30 bilhões de
dólares, no auge de sua dívida.
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São mencionadas outras figuras-chave e suas participações na fraude da Enron
como Lou Pai, Kenneth "Ken" Rice, J. Clifford Baxter, entre outros.
A empresa que a auditava era de Arthur Andersen, um dos principais executivos da
empresa, o que contribuiu para o encobrimento da farsa. Desde que foi envolvida
com o colapso da Enron, a Andersen perdeu diversos clientes de prestígio. O
documentário mostra bem como foi feita toda a manipulação contábil, financeira e
até mesmo como apresentavam a Enron como uma empresa sólida e confiável de
ser investida, mencionando suas várias premiações e honras pela incrível ascensão
que aparentava ter, o que elevava ainda mais os valores das ações da empresa.
Também como se utilizaram de informações privilegiadas para se beneficiarem, em
que os diretores executivos venderam suas ações do colapso iminente.
Ao fim são evidenciadas as consequências da solvência da Enron como as
acusações e processos que os responsáveis pela fraude sofreram e indenizações
contra a empresa. O colapso deixou saldo de mais de 20 mil desempregados e junto
levou um dos escritórios contábeis mais antigos do país, Arthur Andersen, com sua
reputação de honestidade destruída, além de manchar nomes de instituições
bancárias, que eram coniventes.
Resenha acadêmica realizada por Guilherme Freitas Campos, acadêmico do
curso de Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES).