Post on 27-Jul-2015
RESENHA TEMPOS MODERNOS (Modern Times, EUA 1936)
Um filme hilariante que estimula e emociona criação do diretor e
cineasta Charles Chaplin, conta com a assistência de Carter De Haven e Henry
Bergman, a cenografia é de Charles D. Hall e Russel Spencer, fotografia de
Rollie Totheroh e Ira Morgan e música composta pelo próprio Charles Chaplin,
sob arranjo de Alfred Newman, Edward Powell e David Raksin. Tem como
atores principais Charles Chaplin (um operário) e Paullete Goddard (a jovem) e
coadjuvantes, Henry Bergman (o dono do café), Chester Conklin (o mecânico),
Allan Garcia (o diretor da fábrica), Stanley Sanford (outro operário), Hank Mann
(um prisioneiro), Lloyd Ingraham (o diretor da prisão), Louis Natheaux, Wilfred
Lucas, Heinie Conklin, Edward Kimball, John Rand, Murdock McQuarrie, Dick
Alexander, Cecil Reynolds, Myra McKinney, Ed le Sainte, Fred Malatesta, Sam
Stein, Juana Sutton, Stanley Blystone e Ted Oliver.
INTRODUÇÃO
Tempos Modernos é o último filme mudo de Charles Chaplin, o qual
focaliza a vida urbana nos Estados Unidos nos anos 30, logo após a crise de
1929, quando a produção industrial reduziu-se a menos da metade e a
depressão atingiu grande parte da população norte americana, levando a
enormes taxas de desemprego, a miséria e a fome. A figura central do filme é
Carlitos, personagem interpretado pelo próprio Chaplin, trabalhador de uma
grande indústria e que ao longo do filme se vê envolvido em diferentes eventos
que o aproximam de uma jovem, por quem acaba se apaixonando.
DESCRIÇÃO DO ASSUNTO
O filme focaliza a vida do na sociedade industrial caracterizada pela
produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do
trabalho. É uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo representado pelo
modelo de industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e
perseguido por suas ideias "subversivas".
É uma exemplificação das grandes indústrias da época, exigindo cada
vez mais produtividade, reduzindo os períodos de folga e descanso da equipe
de trabalho e submetendo os mesmos a jornadas exaustivas, o que levou
nosso personagem a um estado de total debilidade psicológica, causada pelo
estresse inerente dessas condições de trabalho. Pode ser observada também a
especialização do trabalho, onde cada trabalhador só consegue realizar
determinado tipo de atividade, isso pode ser observado na cena na qual
Carlitos aperta porcas enquanto outros operários realizam outras funções as
quais dependem da atividade do colega antecessor.
Numa outra cena Carlitos se ausenta da linha de produção para ir ao
banheiro, durante o percurso pode se apreciar os resquícios dos movimentos
repetitivos inerentes á atividade. Esses movimentos refletem em abalos
involuntários, já no banheiro, Carlitos tentando descansar por um momento
ascende um cigarro e dispõe se a desfrutar o momento de folga quando este é
interrompido pelo patrão que o observa por meio de um circuito fechado de
vigilância e imediatamente ordena-o para retornar ao trabalho.
Pode se perceber ainda a visão critica e sarcástica que é característica
marcante do diretor e se apresenta na cena que retrata o dono da grande
indústria, representado por Allan Garcia, analisando uma possível aquisição de
um equipamento para retirar completamente o intervalo para alimentação de
sua equipe de trabalho. Essa aquisição resultaria a empresa uma maior
produtividade, sem a necessidade ou sequer a possibilidade de qualquer
reajuste salarial.
Carlitos termina por ser encaminhado para o hospital onde é
diagnosticado com um colapso nervoso, porem este não é associado ao
ambiente ou condições laborais nas que Carlitos desempenhava suas funções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tempos Modernos, é uma obra que retrata as condições nas que os
trabalhadores da época estavam inseridos, essas formas de trabalho eram na
sua maioria inseridas ou adotadas a partir das ideias de Taylor, a
racionalização do trabalho assim como a especialização do mesmo podem ser
evidenciadas em algumas cenas do filme. As empresas preocupadas com o
lucro utilizam a força laboral humana como parte da própria maquina,
ignorando as necessidades dos trabalhadores, ou seja, o operário era tratado
como uma engrenagem do sistema produtivo. Podemos observar isso quando
o operário não consegue se controlar e começa a apertar parafusos sem parar,
mesmo sem estar desenvolvendo a atividade.
A monotonia prevalece no trabalho que acaba afetando o psicológico do
operário. Além disso, o modelo de Taylor também foi criticado por tratar o
indivíduo como um só grupo. não considerando outros aspectos que poderiam
influenciar no desempenho dos trabalhadores. Esse filme marcou a história do
cinema em todas as épocas, evidenciada pela atual utilização como base para
reflexões sobre as condições de trabalho da época, marcando as lutas das
classes trabalhistas para a obtenção de cada melhoria aplicada as categorias
profissionais dos tempos atuais.
Ivan Ornelas
Itabuna 2015