Post on 06-Apr-2016
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Reconfigurações narrativas em contexto midiatizado
Neste resumo, sintetizamos o trabalho do grupo de pesquisa “Jornalismo e Literatura:
Narrativas Reconfiguradas”, estabelecido entre o curso de Comunicação Social –
Jornalismo e o Programa de Pós-Graduação em Letras, da Universidade de Santa Cruz
do Sul (Unisc). Iniciada em janeiro de 2013, essa trajetória busca compreender os
sentidos que emergem das reconfigurações narrativas percebidas a partir de uma
imbricação entre Jornalismo e Literatura em um contexto midiatizado. Na primeira
etapa de pesquisa, nosso recorte recaiu sobre os livros-reportagem de Fernando Morais
e, em seguida, para as biografias de Olga Benário, Assis Chateaubriand e Paulo Coelho,
também assinadas pelo jornalista brasileiro. Esse caminho foi percorrido com
referências de quatro teorias: do Jornalismo, dos Sistemas, da Narrativa e da
Midiatização. Inicialmente, identificamos, nas obras não-biográficas de Morais, a
presença das cinco categorias jornalísticas apontadas por José Marques de Melo:
Informativa, Opinativa, Interpretativa, Diversional e Utilitária. Ou seja, apenas uma
categoria não dava conta de ajudar na compreensão da obra. Nossa hipótese de que essa
diversidade de gêneros seria indexador de uma complexa estrutura narrativa passou a
ser confirmada quando nosso olhar percebeu a existência de jogos de poder entre três
narradores com vozes distintas: editor, jornalista e fonte. Reconfigurando o modelo
inicial proposto por Luiz Gonzaga Motta, a partir de Genette, encontramos exemplos de
elementos utilizados pelo segundo narrador, o jornalista, para estabelecer sua influência
sobre o primeiro e o terceiro narradores. Os resultados dessa primeira fase de pesquisa
foram apresentados em encontros locais, promovidos pela Unisc, regionais e nacionais
como o Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom). Entre os dias 6, 7
e 8 de agosto deste ano, tivemos a oportunidade de estender esse debate até Lima (PE)
para os integrantes do Grupo de Trabalho do congresso da Associação Latino-
Americana de Investigadores de Comunicação (Alaic). A investigação, agora, ganha
novo fôlego com a percepção do sistema midiático-jornalístico como um quarto e
poderoso narrador nessa estrutura. Nesta segunda etapa, nossa proposta de análise é a
obra de Eliane Brum, utilizando como ferramenta o conceito de narrativa transmidiática,
de Henry Jenkins. Conscientes de que a proximidade entre Literatura e Jornalismo
ocorre desde o início deste segundo, nossa proposta é compreender quais são os sentidos
emergentes desse diálogo que ocorre no contexto midiatizado, ou seja, marcado por
profunda imersão tecnológica.