Post on 17-Apr-2015
Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto
1a edição |2008|
Gestão do Conhecimento em Organizações
• Rivadávia Correa Drummond de Alvarenga Neto é doutor e Mestre em Ciência da Informação pela UFMG, especialista em Negócios Internacionais pela PUC Minas e bacharel em Administração pela UFMG. É professor Titular do curso de Mestrado Profissionalizante em Administração pela FEAD Minas, Professor e Pesquisador convidado da Fundação Dom Cabral e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFMG. Autor de vários artigos, ministra regularmente palestras nas área de Gestão do Conhecimento, Gestão Estratégica da Informação, Aprendizagem Organizacional, Comunidades de Prática e Gestão Educacional.
Gestão do Conhecimento em Organizações
Sobre o Autor
• Gestão do Conhecimento em Organizações: uma proposta de mapeamento iterativo – Este livro investiga a temática denominada Gestão do Conhecimento (GC) no contexto organizacional brasileiro, procurando discutir seu conceito, elementos constituintes, áreas fronteiriças e interfaces, bem como origens, cenários e perspectivas, práticas, abordagens gerenciais e ferramentas, dinâmica e demais aspectos, paralelamente ao distanciamento da discussão puramente terminológica, de viés ingênuo, ensimesmado e inócuo.
Resenha da Obra
Gestão do Conhecimento em Organizações
Capítulo 1
Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A gestão da informação e do conhecimento é um elemento-chave para a competitividade organizacional dos tempos atuais.
• As definições de dado, informação e conhecimento são os marcos teóricos iniciais e primordiais para tal gestão. Não há, porém, consenso na literatura a esses conceitos.
• Os recortes teóricos existentes seguem duas vertentes:
discutem cada um dos termos isoladamente;
analisam pelo delineamento de processos conjugados e/ou seqüências entre dado-informação-conhecimento.
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• Davenport (1998) reconhece a dificuldade de definir, por exemplo, o termo “informação” isoladamente, e analisa o tripé dado-informação-conhecimento como um processo.
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
Dados Informação Conhecimento
Simples observações sobre o estado do mundo:
Dados dotados de alguma relevância e propósito:
Informação valiosa da mente humana. Inclui reflexão, síntese, contexto:
facilmente estruturados requer unidade de análise
de difícil estruturação
facilmente obtidos por máquinas
exige consenso em relação ao significado
de difícil captura em máquinas
freqüentemente quantificados
exige necessariamente a mediação humana
freqüentemente tácito
facilmente transferíveis de difícil transferência
Fonte: Davenport (1998a, p.18)
• Há dificuldades em se traçar linhas divisórias nítidas, distintas e precisas entre dado, informação e conhecimento.
• Choo (2002) entende que esses três elementos devem ser analisados da perspectiva de um continuum de valores fundamentalmente marcados pela contribuição humana crescente.
• O continuum é retroalimentado, uma vez que as ações e os resultados geram novos sinais e mensagens, repetidos ciclos de processamento de informações, e a criação de conhecimento que propicia aprendizagem e adaptação organizacional ao longo do tempo.
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
O Continuum dado-informação-conhecimento-sabedoria-ação-resultado
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
Processamento de Dados
Gestão da Informação
Gestão do Conhecimento
Ações/Resultados
Atividades • captura • definição• armazena-mento
• necessidade• aquisição• organização• distribuição
• criação• compartilha-mento• uso
• estratégias, alianças e iniciativas• produtos e serviços• processos, sistemas, estruturas
Valores • precisão• eficiência
• acesso• relevância
• possibilita a ação• geração de valores
• inovação• aprendizagem
“uma vez que temos os dados, podemos analisá-los”
“levando a informação certa para a pessoa certa”
“se somente soubéssemos aquilo que sabemos”
“a capacidade de aprender é a única vantagem sustentável”
Fonte: Adapatdo de Choo (2002, p.258)
• O pós-industrialismo é marcado com a emergência de um novo paradigma tecnoeconômico (PTE), baseado em inovação, informação e conhecimento.
• De acordo com Stewart (1998), o ano 1 da Era da Informação é 1991, quando os dispêndios de capital na Era Industrial se igualam ao da Era da Informação.
• O potencial científico-tecnológico da Era da Informação baseia-se, segundo Lemos (1999), em três aspectos: microeletrônica, telecomunicações e na convergência entre ambas, possibilitando o desenvolvimento dos sistemas e redes de comunicação eletrônica mundiais.
A nova dinâmica tecnoeconômica: breve análise da transição da Era Industrial – Era da Informação
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A ascensão de um novo PTE, segundo Lastres e Albagli (1999), resulta de avanços da ciência e de pressões competitivas e sociais persistentes, objetivando, respectivamente:
superar os limites ao crescimento dados pelo padrão estabelecido;
inaugurar nova frentes de expansão e sustentar a lucratividade e a produtividade.
A nova dinâmica tecnoeconômica: breve análise da transição da Era Industrial – Era da Informação
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
1770/1780 a 1830/1840
1830/1840 a 1880/1890
1880/1890 a 1920/1930
1920/1930 a 1970/1980
1970/1980 a ?
Mecanização Força a vapor e ferrovia
Energia elétrica e
engenharia pesada
Produção em massa,
“fordismo”
Tecnologias da informação
Fonte: Lastres e Albagli (1999, p.34)
• Lastres e Albagli (1999) enumeram as características mais importantes da tecnologia da informação e os efeitos da difusão das tecnologias de informação e comunicação por meio da economia. Destacam-se:
a crescente complexidade dos novos conhecimentos e tecnologias utilizadas pela sociedade;
a aceleração do processo de geração dos novos conhecimentos;
a crescente capacidade de codificação dos conhecimentos;
as mudanças fundamentais nas formas de gestão e organização empresarial;
as mudanças no perfil dos diferentes agentes econômicos.
A nova dinâmica tecnoeconômica: breve análise da transição da Era Industrial – Era da Informação
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A informação e o conhecimento são elementos centrais, cruciais e fundamentais da nova ordem mundial.
• De acordo com Davenport e Beck (2001), o New York Times de domingo contém mais informações numa única edição que todo o material escrito de que dispunham os leitores do século XV.
• Castells (2000) caracteriza a mudança contemporânea de paradigma como uma mudança de uma tecnologia baseada em insumos baratos de energia para outra de insumos baratos de informação, derivada do avanço da tecnologia em microeletrônica e telecomunicações.
A nova dinâmica tecnoeconômica: breve análise da transição da Era Industrial – Era da Informação
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• As organizações do conhecimento são, de acordo com Choo (2003), organizações que possuem informações e conhecimentos que as tornam capazes de ter percepção e discernimento.
• Os benefícios da administração dos recursos e processos de informação para as organizações do conhecimento são enumerados por Choo (2003):
tornam-se capazes de uma adaptação oportuna e eficaz;
empenham-se na aprendizagem constante;
geram inovação e criatividade.
Os princípios da organização do conhecimento
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
Os princípios da organização do conhecimento
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
Ação organizacional
Tomada de decisões
Construção do conhecimento
Criação de significado
Processamento da informação
Conversão da informação
Interpretação da informação
A organização do conhecimento
Fonte: Choo (2003, p.31)
• As organizações do conhecimento possuem profissionais altamente qualificados e têm, como seu mais representativo valor, os ativos intangíveis (e não seu patrimônio visível).
• Os produtos da organização do conhecimento são intensivos em conhecimento e, via de regra, experimentam custos de desenvolvimento muito altos, porém, com custos de produção relativamente baixos, com custos marginais decrescentes.
• As mais recentes drogas da indústria farmacêutica possuem pouca matéria-prima e muito conhecimento implícito.
Os princípios da organização do conhecimento
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A gestão do conhecimento não se limita à gestão de informações.
• A gestão do conhecimento vai além, por se preocupar com uma miríade de outros temas, tais como:
a criação e o uso do conhecimento;
a gestão da inovação e da criatividade;
o compartilhamento das informações;
a mensuração e consolidação do capital intelectual encontrado nos capitais humano, estrutural e do cliente;
a criação de condições favoráveis que devem ser propiciadas pela organização.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelação
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• Parte-se da premissa de que a Gestão do Conhecimento (GC) tem suas origens na Gestão de Recursos Informacionais (GRI).
• A GRI surge como uma estratégia aperfeiçoada para o gerenciamento eficaz da informação.
• Barbosa e Paim (2003) sugerem que a GRI é um campo interdisciplinar de conhecimento e que, em seus primórdios, eram três os seus campos constituintes: administração, ciência da computação e ciência da informação.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• As definições de GRI são dadas pela sobreposição de dois pontos de vista: a perspectiva da tecnologia da informação e a perspectiva integrativa.
• A perspectiva da tecnologia da informação enfatiza o aspecto técnico da GRI, e seu foco reside em informações baseadas em computadores e produzidas internamente como o único provedor de informação organizacional.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• As atividades previstas da GRI sob a perspectiva da tecnologia da informação são:
planejamento de dados, de capacidade e de aplicação;
planejamento e desenvolvimento de sistemas de informação;
gerenciamento de projetos;
aquisição de hardware e software;
integração sistema-tecnologia e administração dos dados.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• À medida que a economia industrial se expandia, a problemática do registro e da transmissão de quantidades cada vez maiores de informação ganha vulto e pertinência.
• As organizações partem de buscas frenéticas por tecnologias para o processamento e a organização de informações.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• Disso resulta uma limitação da perspectiva tecnológica, pois é restrita apenas às fontes de informação baseadas em computadores, além de lidar somente com informações internas.
• As informações internas são necessárias, mas não suficientes. É necessário o escaneamento ambiental sistemático para dar suporte ao processo decisório.
• Há indícios de que, pelo menos teórica e conceitualmente, a perspectiva tecnológica esteja caminhando para a perspectiva integrativa.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A perspectiva integrativa vê a GRI como uma aproximação gerencial que procura harmonizar as fontes, os serviços e os sistemas de informações corporativos, bem como criar uma sinergia entre fontes internas e externas de informação organizacional.
• Essa perspectiva é ainda duplamente importante porque coloca a GRI no contexto do processamento de informações organizacionais e no contexto das necessidades de informação.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• As crenças da perspectiva integrativa são:
reconhecimento da informação como recurso;
GRI é um caminho para a gestão integrativa;
é necessário gerenciar o ciclo de vida da informação;
a informação deve apoiar os objetivos organizacionais e estar intimamente ligada ao planejamento estratégico;
é necessário um “agente vinculador”, que atuará como intermediário de valor entre necessidades e fontes de informação.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA gênese – Gestão de Recursos Informacionais (GRI)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A gestão do conhecimento tem suas origens na GRI, e esta, integrada a outras contribuições de diversas áreas e campos de conhecimento, constitui os fundamentos ou pilares nos quais se estrutura o que hoje se denomina gestão do conhecimento.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA evolução – da Gestão de Recursos Informacionais (GRI) à Gestão do Conhecimento (GC)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
Gestão do Conhecimento Computadores pessoais
Ciência da Informação
Administração Tecnologia da Informação
Cultura organizacional
Aprendizagem organizacional
Redes
Desenvolvimento de software
Base de dadosDesenvolvimento organizacional
Gestão de pessoas
Estudos de usuários
Organização e tratamento da informação
Fonte: Barbosa e Paim (2003, p.16)
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA evolução – da Gestão de Recursos Informacionais (GRI) à Gestão do Conhecimento (GC)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A GC consolidou-se como uma grande área, metaforicamente denominada “área guarda-chuva”, que incorpora várias abordagens gerenciais, observadas as interfaces, comunicações, relacionamentos e imbricações.
• A criação de um contexto favorável pela organização é condição sine qua non para as atividades de gestão do conhecimento.
• Há a necessidade de trabalhar não só a gestão da informação, mas também, e principalmente, a gestão das pessoas e dos talentos humanos.
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA evolução – da Gestão de Recursos Informacionais (GRI) à Gestão do Conhecimento (GC)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• Davenport e Cronin (2000) sugerem que, embora muita atenção acadêmica e profissional tenha sido devotada à GC na última década, o conceito ainda não é estável.
• Os autores propuseram a exploração do conceito de GC no contexto de três domínios interessados na área:
biblioteconomia e ciência da informação (GC-1);
engenharia de processos (GC-2);
teoria organizacional (GC-3).
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA evolução – da Gestão de Recursos Informacionais (GRI) à Gestão do Conhecimento (GC)
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A novidade da proposta de Davenport e Cronin (2000) é a compreensão da natureza mutável do complexo ambiente no conhecimento no qual vivemos e trabalhamos.
• Outras contribuições fundamentais para o objetivo deste livro são:
a necessidade de um marco teórico para a GC;
a gestão da informação e a tecnologia da informação são elementos constituintes da gestão do conhecimento;
a mudança parte da gestão da informação (GC-1), passa pela informatização (GC-2) e aporta nas “ecologias” informacionais (GC-3).
Da gestão da Informação à Gestão do Conhecimento – da gênese à revelaçãoA revelação – práticas organizacionais, garantias literárias e o fenômeno social
Capítulo 1Aspectos teóricos, conjunturais e organizacionais
• A gestão do conhecimento não é um “modismo gerencial” e tem se estabelecido como um consistente paradigma gerencial do século.
• Souza e Alvarenga (2003) comprovaram a revelação, a consolidação e a perenidade da GC por meio de três estratégias distintas:
análise da prática empresarial ou análise das práticas organizacionais;
análise de publicações no assunto ou das garantias literárias;
análise de eventos relacionados ou do fenômeno social.