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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA
CURSO DE AGRONOMIA
Danos causados pela broca-da-cana, Diatraea
saccharalis (Fabr.) (Lepidoptera: Crambidae), em
cinco variedades de cana-de-açúcar
ATHOS ANDRADE LEMOS GOMES
Ribeirão Preto, SP
2009
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA
CURSO DE AGRONOMIA
Danos causados pela broca-da-cana, Diatraea
saccharalis (Fabr.) (Lepidoptera: Crambidae), em
cinco variedades de cana-de-açúcar
ATHOS ANDRADE LEMOS GOMES
Orientador: Prof. Dr. Alexandre de Sene Pinto
Trabalho apresentado ao Centro
Universitário Moura Lacerda, como
exigência para obtenção do título de
Engenheiro Agrônomo.
Ribeirão Preto, SP
2009
ii
Agradeço as pessoas que eu
mais amo meu pai Evaristo e minha mãe Elizabeth e meus
irmãos Caio e Igor que sempre me apoiaram e me deram
suporte para todo meu esforço e dedicação.
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente ao meu orientador pela paciência e
dedicação que tem com seus alunos.
Ao Attilio Balbo Neto e Waldemar Balbo Junior, que abriram as portas da
Usina Santo Antonio para que eu pudesse realizar este trabalho, ao Marco Antonio
Siena, João Valdir Sverzut Junior, ao Josué Rangel Turma e Marcio Pereira, junto a
toda equipe que me apoiou e me ajudou na condução deste trabalho.
À Usina Santo Antonio, que deixou a disposição toda a sua equipe para que
esse trabalho fosse realizado.
Agradeço aos meus amigos que me ajudaram com tanto esforço nos trabalhos
de campo e pela amizade que construímos durante todos esses anos.
Ao grupo G.bio, que foi o que realmente contou para que meu trabalho fosse
bem realizado, como todos que realizamos juntos.
iv
SUMÁRIO
PÁGINA
RESUMO ........................................................................................................ v
SUMMARY ..................................................................................................... vi
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 3
2.1 Biologia da broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis) ................ 3
2.2 Danos causados pela broca-da-cana na cultura da cana-de-açúcar ......... 7
3 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................... 10
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 17
5 CONCLUSÕES .............................................................................................. 28
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 29
v
RESUMO
A broca-da-cana-de-açúcar, Diatraea saccharalis, é a principal praga da cana-de-açúcar
no Brasil. Sabe-se que ela causa perdas consideráveis para as antigas variedades
plantadas no Brasil e pouco se sabe para as variedades atuais. Dessa forma, esse
trabalho teve por objetivo avaliar os danos causados pela broca-da-cana, D. saccharalis,
a cinco variedades plantadas no Estado de São Paulo e determinar o nível de dano da
praga nesses genótipos. Foram coletados 20 colmos por hectare (amostra) de todo o
talhão plantado com as variedades SP91-3011, SP80-1816, CTC-1, CTC-5 e CTC-6,
tendo esses ao redor de 20 ha (20 amostras). Os colmos foram pesados e o número de
internódios e de internódios danificados pela broca-da-cana foi quantificado, para o
cálculo do índice de intensidade de infestação (I.I.I.) da praga. De cada amostra, 10
colmos foram enviados para o laboratório para a determinação do ATR, fibras, ºBrix,
peso do bolo úmido, pureza e Pol. A variedade CTC-1 foi a mais rica em açúcares e
mais produtiva. As variedades CTC-5 e SP91-3011 foram as menos resistentes à broca-
da-cana, a SP80-1816 tem resistência intermediária e CTC-6 e CTC-1 são as mais
resistentes. Houve uma relação quadrática negativa significativa (5%) entre I.I.I. e ATR
(R2 = 0,2269) e linear negativa significativa entre I.I.I. e ºBrix (R
2 = 0,3234). Com isso,
pôde-se se estabelecer o nível de dano da broca-da-cana apenas para a variedade CTC-5,
que foi de 2,12% de I.I.I., devendo o controle ser feito antes de atingir esse nível.
Palavras-chave: praga agrícola, manejo integrado de pragas, variedades.
vi
SUMMARY
Damage caused by the sugarcane borer Diatraea saccharalis (Fabr.) (Lepidoptera:
Crambidae) on five varieties of sugarcane.
The sugarcane borer, Diatraea saccharalis, is the most important pest of sugarcane in
Brazil. It is known that it causes considerable losses to the old varieties planted in Brazil
and little is known to today's varieties. Thus, this study was to assess the damage caused
by the sugarcane borer, D. saccharalis, to five varieties planted in the São Paulo State
and determine the damage threshold level of this pest in these genotypes. There were
collected 20 stalks per hectare (sample) of any plot planted with the varieties SP91-
3011, SP80-1816, CTC-1, CTC-5 and CTC-6, and those around 20 ha (20 samples).
The stems were weighed and the number of internodes and damaged internodes by the
borer was quantified to calculate the infestation intensity index (III) of the pest. From
each sample, 10 stalks were sent to the laboratory to determine the ATR, fibers, solids
(ºBrix), weight of wet cake, purity and Pol. The CTC-1 was the richest in sugars and
more productive. CTC-5 and SP91-3011 varieties were less resistant to the borer cane,
SP80-1816 has intermediate resistance and CTC-6 and CTC-1 are the most resistant.
There was a significant negative quadratic relationship (5%) between III and ATR (R2 =
0.2269) and negative linear correlation between III and °Brix (R2 = 0.3234). Thus, we
could establish the damage threshold level from sugarcane borer just for variety CTC-5,
which was 2.12% for III and the control to be done before reaching that level.
Keywords: crop pest, integrated pest management, varieties.
1 INTRODUÇÃO
A cana-de-açúcar é um agroecossistema que abriga numerosas espécies de
insetos, sendo que algumas delas, dependendo da época do ano e da região, podem
ocasionar sérios prejuízos econômicos. A mais importante e temida entre elas é a
Diatraea saccharalis (Fabr., 1794) (Lepidoptera: Crambidae), popularmente chamada
broca-da-cana-de-açúcar (MACEDO; BOTELHO, 1988) ou simplesmente broca-da-
cana.
A broca-da-cana, D. saccharalis, é a principal praga da cultura da cana-de-
açúcar no Brasil e no continente americano. É responsável pela morte da gema apical,
sintoma conhecido como “coração morto”, em plantas novas e, na planta adulta, origina
perfurações e galerias no colmo, ao se alimentar, acarretando o aparecimento de
brotações laterais, enraizamento aéreo, perda de peso, afinamento do colmo, atrofia de
entrenós e morte da planta, sendo responsável pela queda na produção. Através das
galerias feitas pelas brocas, penetram os fungos Fusarium moniliforme Sheldon e
Colletotrichum falcatum Went, causadores da podridão vermelha, que provoca a
inversão da sacarose, a diminuição da pureza do caldo e contaminações no processo de
fermentação alcoólica (PLANALSUCAR, 1982; PINTO et al., 2006).
As perdas na produção agrícola e industrial foram muito estudadas em todo o
continente americano e segundo vários autores citados em Planalsucar (1973), a cada
1% de índice de intensidade de infestação (I.I.I.) da broca, as perdas variam de 0,18%,
no Brasil, a 1,6%, nos EUA. O extinto IAA/Planalsucar considerava que para cada 1%
de I.I.I. ocorre uma perda de açúcar recuperável igual a 0,48% em quilos de açúcar,
1,4% em litros de álcool e 0,1385% em perda de peso no campo por tonelada de cana,
2
considerando como fator de conversão 0,094 toneladas de açúcar por tonelada de cana
(MACEDO; BOTELHO, 1988).
Entretanto, esses valores foram obtidos para as antigas variedades NA, CB etc.,
que estão em desuso na maioria das regiões produtoras de cana-de-açúcar do país. Com
a extinção do Planalsucar, na década de 1990, e a criação da Rede Interinstitucional para
o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro (Ridesa), uma grande quantidade de
genótipos de cana-de-açúcar passou a ser utilizada em áreas comerciais, alterando
significativamente os riscos fitossanitários (LANDELL et al., 2006). Atualmente, as
maiores produtividades têm sido obtidas com as variedades SP, RB e IAC (LANDELL
et al., 2005; CTC, 2006), e pouco se sabe sobre as perdas causadas pela broca-da-cana
nesses genótipos, que provavelmente são bem diferentes daquelas observadas nas
décadas de 1970 e 1980, pois são mais ricas em açúcar, mais produtivas e mais
suscetíveis à broca (BOTELHO; MACEDO, 2002).
Recentemente, uma nova estimativa surgiu para as variedades atuais, onde para
cada 1% de I.I.I. tem-se uma perda de 1,14% na produção, 0,42% em açúcar e 0,21%
em álcool (CTC, 2007ab), mas trabalhos científicos investigando as variedades ainda
precisam ser conduzidos. Entretanto, nada se sabe sobre os níveis de controle e de dano
da broca-da-cana para as variedades atuais, sendo que ainda hoje o nível de controle
adotado é de 2 a 3% de I.I.I. para todas as variedades (GALLO et al., 2002).
Dessa forma, este trabalho teve por objetivo avaliar os danos causados pela
broca-da-cana, D. saccharalis, a algumas variedades de cana-de-açúcar plantadas no
Estado de São Paulo e determinar o nível de controle e de dano da praga nesses
genótipos estudados.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Bioecologia da broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis)
A broca-da-cana-de-açúcar, D. saccharalis, ocorre em todo o hemisfério oeste
onde ocorre a cana-de-açúcar. Entretanto, existem outras plantas hospedeiras, como o
milho, o sorgo e o arroz, de importância econômica, e em plantas selvagens com caules
mais grossos (ROE et al., 1981).
Segundo Zucchi et al. (1993) a broca-da-cana-de-açúcar ataca gramíneas,
principalmente a cana-de-açúcar, arroz, trigo, milho, sorgo, capins e aveia. Esta praga
pode ser encontrada o ano todo, sendo o auge em setembro e pico populacional em
janeiro. No Estado de São Paulo ocorrem, em média, quatro gerações e sua distribuição
é no continente americano. É a principal praga da cana-de-açúcar, onde broqueia o
colmo, causando prejuízos diretos e indiretos, reduzindo o rendimento em açúcar e
álcool. Causa danos também acentuados em arroz, trigo e milho em diversos países.
D. saccharalis tem seus ovos de coloração amarela, colocados em grupos de
50, em média, sobre as folhas. A lagarta possui 25 mm de comprimento, cor amarelada,
com pontuações marrons (pináculas) e cápsula cefálica marrom escura. A pupa é de cor
marrom com um processo arredondado na cabeça e se forma no interior da galeria
aberta pela lagarta. O adulto tem 25 mm de envergadura e cor amarelo palha. A asa tem
aspecto estriado, com pequenos pontos marrons formando uma linha em diagonal em
forma de “V” invertido no terço apical. A asa posterior é de mesma coloração da
anterior, o palpo labial é desenvolvido. A fêmea é maior que o macho, sendo que a
caracterização específica depende do exame da genitália, principalmente do macho. O
4
ciclo biológico varia de 55 a 63 dias (ovo: 6 - 9 dias; lagarta: 40 dias e pupa: 9 -14 dias)
(ZUCCHI et al.; 1993; GALLO et al., 2002; PINTO et al., 2009).
As fêmeas ovipositam tanto na face inferior quanto na superior do limbo foliar
e, ocasionalmente, na bainha das folhas. A postura é feita em massas, com disposição
imbricada, onde um ovo de formato oval e achatado cobre 2/3 ou a metade do que vem
logo a seguir (LIMA FILHO; LIMA, 2001). Em condições naturais, Caminha Filho
(1935) fez referência a grupos de 20 a 40 ovos por massa, Lima Filho e Lima (2001)
relatam uma média de 12 ovos por massa, com variação de 2 a 37 ovos e Haayward
(1943) de 10 a 20 e, raramente, 50 ovos por massa.
A lagarta ao eclodir dirige-se para a região do cartucho da planta a procura de
abrigo e alimenta-se através da raspagem da folha ou da casca do entrenó em formação
permanecendo ali por uma a duas semanas, sofrendo uma ou duas ecdises, quando inicia
a perfuração do colmo. Orifício de entrada da broca geralmente localiza-se próxima a
base do entrenó, porção mais mole, perfurando a galeria no sentido ascendente na região
do palmito da planta. Ocasionalmente, as lagartas podem construir galerias circulares,
no sentido transversal, enfraquecendo o colmo e tornando o mais suscetível a quebra ou
ao acamamento (BOTELHO; MACEDO, 2002; PINTO et al., 2009)
Durante o período larval, o inseto sofre de cinco a seis ecdises ao atingirem o
completo desenvolvimento larval, em média aos 40 dias, medem de 22 a 25 mm de
comprimento com coloração amarela pálida e cabeça marrom, possuem três pares de
pernas torácicas, quatro pares de falsas pernas abdominais e um par de pernas anais.
Antes de se transformarem em pupas, as lagartas abrem um orifício para o exterior do
colmo da cana-de-açúcar, fechando-o com fios de seda e serragem. As pupas medem
cerca de 1,7 cm de comprimento e 0,4 cm de largura. Inicialmente, possuem coloração
marrom clara, mas com o desenvolvimento vão adquirindo coloração mais escura,
sendo que este estágio dura de 9 a 14 dias. O adulto emerge pelo orifício anteriormente
feito pela lagarta. O ciclo biológico completo leva de 53 a 60 dias (GALLO et al.,
2002).
Por meio de modelos matemáticos, Sgrillo (1979) concluiu que são necessários
954 graus-dia para que essa praga complete uma geração, sugerindo a existência de 3, 8
gerações ao ano na região de Piracicaba, SP, variando em funções das regiões
5
climáticas. Pinto et al. (2009) destacam que atualmente essa praga pode atingir até cinco
gerações anuais em algumas regiões brasileiras.
Os adultos possuem hábito noturno e apresentam comportamento fototrópico
positivo, por isso as armadilhas luminosas tornaram-se bastante utilizadas em estudos
populacionais. Gallo et al. (1969) realizaram coletas do inseto em Ribeirão Preto, SP,
verificando que o pico populacional de D. saccharalis ocorreu em outubro – novembro
e um pico secundário em abril, não sendo coletados adultos entre junho e agosto.
Silveira Neto (1972) estudou a flutuação de várias espécies de Lepidoptera com
armadilhas luminosas em diversos locais do Estado de São Paulo, encontrando adultos
de D. saccharalis de agosto a abril, com o pico em setembro.
As fêmeas da broca-da-cana começam a emitir o feromônio sexual logo após a
emergência, sendo mais atrativas durante os três primeiros dias da fase adulta,
decrescendo posteriormente com a idade e interrompendo a atração dos machos após
serem copuladas, depositando cerca de 300 ovos (PEREZ; LONG, 1964).
Perez e Long (1964) dissecaram 137 fêmeas de D. saccharalis criadas em
laboratório e acasaladas em gaiolas para estudar a frequência de cópula. Dessas, 68%
copularam uma única vez, 15% duas vezes, 1% três vezes e 16% não copularam. Em
experimentos de campo capturando fêmeas, 93% copularam uma única vez, 2% duas
vezes e 5% não copularam. Resultados distintos foram encontrados por Campo Guevara
(1976) que analisou o número de espermatóforos de fêmeas coletadas no campo e
obteve os seguintes números: 54% copularam uma única vez, 21,2% duas vezes, 5,8 %
três vezes, 2,5 % quatro vezes e 16,2% não copularam.
De acordo com Walker e Alemañy (1965) citado por Botelho (1985), a
longevidade dos adultos machos em condições de laboratório varia de 1 a 8 dias, sendo
em média de 3,5 dias e das fêmeas de 1 a 11 dias, com média de 5,2 dias.
A influência da temperatura no armazenamento de ovos de D. saccharalis foi
verificada por Salmeron et al. (1986), que concluíram como melhores condições de
armazenamento 5ºC por 5 dias.
O efeito da temperatura na biologia de D. saccharalis foi estudado por Mélo e
Parra (1988), em laboratório e dieta artificial. A duração do período de incubação, do
período larval e do período pupal decresceu com o aumento da temperatura. O número
6
de ínstares larvais foi afetado pela temperatura (6 ínstares a 20 e 22ºC e 5 ou 6 a 25, 30
e 32ºC). O peso pupal foi menor a 32ºC. A longevidade de adultos decresceu com o
aumento da temperatura, assim como o número de ovos colocados, que foi melhor a
20ºC e maior do primeiro ao quarto dias após a emergência.
Mélo e Parra (1988) estudaram, em laboratório, a biologia de D. saccharalis
em quatro temperaturas constantes (20, 22, 25 e 30ºC) e fotofase de 14 horas, e
determinaram as exigências térmicas das diferentes fases do desenvolvimento da broca.
Desta forma, as constantes térmicas para as fases de ovo, lagarta e pupa foram,
respectivamente, 67,5, 517,0 e 126,1 GD. As temperaturas bases das três fases,
calculadas pelo método do coeficiente de variação, foram de 11,2 , 7,3 e 10,6ºC,
respectivamente.
O efeito de altas temperaturas sobre D. saccharalis foi estudado por Parra et al.
(1989), em laboratório. Todos os ínstares larvais da broca sofreram 100% de
mortalidade em exposição por dois minutos a 52ºC e as pupas conseguiram 3,3 e 6,6%
de emergência de adultos a 52 e 56ºC, respectivamente, não ocorrendo emergência
alguma a 60ºC.
O atraso na metamorfose de D. saccharalis induzido pelo fotoperíodo foi
estudado por Roe et al. (1984), em laboratório. O fotoperíodo de 14:10 causou uma
redução na duração do último ínstar larval, quando comparado com 12:12. As lagartas
de último ínstar a 14:10 puparam, enquanto que as de 12:12 continuaram a se alimentar,
crescer e trocar de pele, eventualmente, dobrando o peso em relação a anterior. O
fotoperíodo afetou a metamorfose de D. saccharalis, como estudado por Roe et al.
(1985), em laboratório, que determinaram um atraso na mesma quando as lagartas
foram expostas a uma fotofase de 12h à 21ºC, que suprimiu a pupação.
Walker (1965) estudou o comportamento de cópula D. saccharalis em
laboratório e verificou que a fêmea inicia a atração sexual após o por do sol. Tanto o
macho como a fêmea pode acasalar mais de uma vez na vida, mas apenas uma vez por
noite. O horário de maior atividade ocorreu entre as 21h00 e 22h00 e a postura foi feita
antes do amanhecer.
7
Uma fêmea pode colocar até 300 ovos e a longevidade do adulto pode ser de
até sete dias. A lagarta pode entrar em diapausa por um período de 100 a 150 dias
(ZUCCHI et al., 1993).
2.2 Danos causados pela broca-da-cana na cultura da cana-de-açúcar
As perdas causadas pelo ataque da broca-da-cana têm chegado a 17,5% no
processo industrial, quando a população de adultos chega a 0,7 indivíduos/colmo
(MARQUES et al., 1981).
Os prejuízos causados podem ser diretos, pela redução de peso da cana, pela
morte das gemas, pelo enfraquecimento e consequente tombamento do colmo e pela
morte da cana-de-açúcar. Fernandes (1984) também observou prejuízos indiretos, pois
pelo orifício de penetração da broca, adentram fungos e bactérias que causam diversas
doenças.
Foi verificada por Sosa Jr. (1990) a preferência de oviposição de D.
saccharalis que coloca significativamente mais ovos em cana-de-açúcar (78%), do que
em milho, sorgo e arroz (22%). Ainda segundo esse autor, um clone de cana-de-açúcar
comercial pubescente pode ser mais resistente à broca da cana-de-açúcar do que clones
glabros que são plantados normalmente. Os clones glabros sofreram 2,8 vezes mais o
ataque da broca, do que os clones pubescentes.
A cultura da cana sofre ataque de inúmeros insetos-praga, o que é muitas vezes
um fator limitante a produção sucroalcooleira. A broca-da-cana-de-açúcar, D.
saccharalis, é a praga mais importante da cultura da cana-de-açúcar. É uma praga de
difícil controle devido ao seu hábito críptico. As fêmeas depositam seus ovos na face
abaxial das folhas. As lagartas, logo após a eclosão, alimentam-se do parênquima,
convergindo a seguir para a bainha das folhas, penetram nas gemas laterais e abrem
galerias dentro do colmo, onde completam o desenvolvimento larval (VENDRAMIN et
al., 1989). O ciclo evolutivo completo é de 53 a 60 dias e podem ter ate cinco gerações
anuais, dependendo das condições climáticas (GALLO et al., 2002).
8
Os prejuízos diretos são causados pela abertura de galerias, que ocasionam
perda de peso da cana e provocam a morte das gemas. Nas canas novas, a broca produz
o secamento dos ponteiros, conhecido como “coração morto”. Os prejuízos indiretos são
os mais consideráveis, uma vez que através dos orifícios e galerias penetram fungos
quem causam a podridão vermelha (C. falcatum e F. verticillioides) (GALLO et al.,
2002). Em canaviais do Estado de São Paulo, um nível de ataque de broca de 10%
representa perda de produção no valor de US$ 100 milhões por ano, devido somente aos
danos indiretos causados pelo complexo de fungos da podridão vermelha (CRUZ et al.,
2005). Os fungos invertem sacarose armazenada na planta, diminuindo a pureza do
caldo, e causando perdas pelo consumo de energia no metabolismo de inversão,
diminuindo o rendimento em açúcar e álcool. Além desta, o ataque da broca-da-cana
aumenta a suscetibilidade da planta e patógenos, permitindo a invasão de micro-
organismos através do orifício aberto pela lagarta. No Brasil, os relatos sobre os danos
destas doenças fúngicas estão sempre associados aos estudos sobre danos da broca-da-
cana (GALLO et al., 2002).
A inversão de sacarose diminui a pureza do caldo e os micro-organismos
contaminantes competem com as leveduras no processo de fermentação alcoólica,
reduzindo o rendimento industrial do processamento da cana (BOTELHO; MACEDO,
2002).
Box (1947) citado por Contreras Durán (1980) indica que além da penetração
de micro-organismos oportunistas, há também a ação secundária de coleobrocas como
Metamasius hemipterus, Xyleborus spp. e Sphenophorus spp., que contribuem para
aumentar o dano.
Os prejuízos provocados pela broca-da-cana variam em função de vários
fatores, principalmente em função da estação do ano, variedade, estádio fenológico da
cultura atacada.
No Brasil, um dos métodos de quantificação de dano é por meio da
determinação da intensidade de infestação. É avaliada por meio da amostragem de
colmos que são abertos longitudinalmente e feita a contagem do número total de
internódios broqueados. A cada 1 % de intensidade de infestação (I.I.I.) da praga
ocorrem prejuízos de 0,25 % de açúcar, 0,20 % de álcool e 0,77 % de peso, sendo que
9
os prejuízos são ainda maiores em cana planta (dados da Copersucar citados por
GALLO et al., 2002). Lopes et al. (1983) estimaram que ocorrem uma perda média de
62 litros de álcool por hectare a cada 1 % de internódios broqueados.
As perdas na produção agrícola e industrial foram muito estudadas em todo o
continente americano e segundo vários autores citados em Planalsucar (1973), a cada
1% de índice de intensidade de infestação (I.I.I.) da broca, as perdas variam de 0,18%,
no Brasil, a 1,6%, nos EUA. O extinto IAA–Planalsucar considerava que para cada 1%
de I.I.I. ocorre uma perda de açúcar recuperável igual a 0,48% em quilos de açúcar,
1,4% em litros de álcool e 0,1385% em perda de peso no campo por tonelada de cana,
considerando como fator de conversão 0,094 toneladas de açúcar por tonelada de cana
(MACEDO; BOTELHO, 1988).
Boiça Jr. et al. (1997), em experimentos de laboratório, onde as plantas de duas
variedades da cana-de-açúcar foram incorporadas à dieta artificial de D. saccharalis,
verificaram que a variedade SP71-1081 foi menos adequada ao desenvolvimento do
lepidóptero que SP71-3146.
Segundo Wentz et al. (2009), em Augusto Pestana, RS, a variedade RB 855156
é mais suscetível ao ataque da broca-da-cana que as variedades SP71-1406 e SP71-799,
o que talvez seja explicado pelo maior percentual de sacarose e números de internódios
do primeiro genótipo.
Em Presidente Prudente, SP, Gomes et al. (2009) verificaram que a variedade
RB 845210 foi a mais infestada pela broca-da-cana e RB 855536 a menos infestada. Em
Murici, AL, Demetrio et al. (2008) avaliaram diversos clones RB de cana-de-açúcar
quanto à resistência a broca-da-cana e verificaram que os clones RB 975311 e RB
9755286 apresentaram boa resistência, sendo superiores às variedades comerciais RB
72454 e RB 835486.
Souza et al. (2008) comentam que as variedades SP88-817 e SP76-112 têm
incidência reduzida da broca-da-cana e da cigarrinha-das-raízes, Mahanarva fimbriolata
Stal (Hemiptera: Cercopidae), na região de Ribeirão Preto, SP.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Usina Santo Antônio, em Sertãozinho, SP, em
áreas comerciais de cana-de-açúcar de diferentes variedades. As variedades foram
escolhidas de acordo com a disponibilidade das mesmas no momento da colheita,
realizadas em 2008, sendo elas: SP91-3011, SP80-1816, CTC-1, CTC-5 e CTC-6. Essas
variedades têm as características descritas a seguir.
SP91-3011: produz em solos de média a alta fertilidade, devendo ser colhida
de maio a julho. Rica em sacarose, brotação de soqueira, colheita mecanizada (crua),
despalha fácil. Precoce, fechamento entre linhas regular (folha fina), teor de fibra
médio. Resistência a pragas intermediária e boa resistência a doenças. Não floresce,
apresenta pouco tombamento, responde a adubação. A principal característica é a
brotação inicial boa e a cana-soca tem rebrotação ótima (Informação Pessoal, Marcio
Pereira1, 2009)
SP80-1816: destaca-se pela brotação de soqueira, rápido desenvolvimento
vegetativo e porte ereto, sendo excelente opção para o corte mecanizado de cana crua;
apresenta boa resposta na aplicação de maturadores químicos; o perfilhamento é
excelente, assim como o fechamento de entrelinhas; não floresce, o teor de fibra é alto,
não apresenta tombamento e a exigência em fertilidade do solo é média; possui
sensibilidade média a herbicidas; a maturação é semi-precoce na cana-planta e um
pouco mais precoce na soca, atingindo altos teores de sacarose; tem resistência
intermediária à broca-da-cana e boa sanidade às outras principais doenças; não tem
mostrado os sintomas de amarelecimento (SOCICANA, 2009).
1 Usina Santo Antonio, Sertãozinho, SP.
11
CTC-1: desenvolvimento e fechamento de entrelinhas médios, hábito final
com tombamento médio, colmos de diâmetro médio, com despalha fácil, de cor
amarelado-esverdeada, entrenós de comprimento médio, com pouca cera e gema
pentagonal média; zona radicular de largura média; palmito médio, com pouca cera, de
cor verde e com joçal regular; aurícula unilateral lanceolada e de tamanho médio.
Produtividade média (cana-planta) a alta (cana-soca), média exigência em fertilidade do
solo, média brotação de soqueira, médio perfilhamento, floresce bastante e sofre pouca
isoporização. O teor máximo de Pol atingido é muito alto, sendo o Pol% da cana em
abril alto, com baixo teor de fibras e não sensível a herbicidas. Apresenta
suscetibilidade intermediária a ferrugem e ao carvão, mas é suscetível ao mosaico e
resistente a escaldadura. Tem uma reação intermediária à broca-da-cana. Tem alta
precocidade e alto teor de sacarose. Deve ser plantado em ambientes de bom a médio
potencial e colhido no início da safra (CTC, 2009).
CTC-5: desenvolvimento vigoroso e aberto, hábito final com médio
tombamento, colmos médios de diâmetro médio a grosso, com despalha fácil e
perfilhamento médio a alto, de cor amarelo-esverdeada, com muita cera e sem canaletas;
gema média pentagonal; palmito curto, com regular quantidade de cera, de cor verde-
arroxeada e com joçal regular; aurícula lanceolada unilateral grande. Alta produtividade
(cana-planta) a boa (cana-soca), alta exigência em fertilidade do solo, boa brotação da
soqueira, ótimo fechamento nas entrelinhas, tem florescimento raro e raramente sofre
isoporização. O teor máximo de Pol é muito alto, atingindo Pol% da cana alto em abril,
tem médio teor de fibras e não é sensível a herbicidas. É resistente à ferrugem e ao
mosaico, tem resistência intermediária ao carvão e à escaldadura. Tem reação
intermediária à broca-da-cana. É uma cultivar de alta precocidade e alto teor de
sacarose. Deve ser plantada em ambientes de bom potencial e colhida no início da safra
(CTC, 2009).
CTC-6: desenvolvimento e fechamento de entrelinhas muito bom, hábito final
com tombamento médio, colmos de diâmetro médio a grosso, com despalha fácil, de cor
roxo-amarelada, entrenós de comprimento médio, com muita cera e gema redonda
pequena; zona radicular de largura média; palmito médio, com pouca cera, de cor verde-
arroxeada e com joçal regular; aurículas assimétricas, sendo uma lanceolada de tamanho
médio. Alta produtividade (cana-planta e cana-soca), média exigência em fertilidade de
12
solo, boa brotação da soqueira, bom perfilhamento, pouco florescimento e sofre pouca
isoporização. O teor máximo de Pol é alto, atingindo baixo Pol% da cana em abril, o
teor de fibras é baixo e não é sensível a herbicidas. É resistente a ferrugem, carvão,
escaldadura e mosaico. Tem reação intermediária a broca-da-cana. É uma variedade de
alta produtividade agrícola. Deve ser planta em ambientes de bom a médio potencial e
colhida no final da safra (CTC, 2009).
Todos os talhões avaliados foram conduzidos de forma convencional, sendo
realizada uma liberação de 6.000 vespinhas Cotesia flavipes (Cam.) (Hymenoptera:
Braconidae) por ano, para o controle da broca-da-cana.
Foram coletados, na época da colheita, 20 colmos de cana-de-açúcar por
hectare de cada talhão escolhido. Cada grupo de 20 colmos foi considerado uma
unidade amostral (amostra). Assim, dos talhões escolhidos foram retiradas unidades
amostrais de toda a área, ou seja, se o talhão tinha 20 ha, foram retiradas 20 unidades
amostrais de 20 colmos cada, totalizando 400 colmos/talhão.
A coleta das amostras dos colmos foi realizada com a cana em pé, próximo à
colheita, da forma esquematizada na Figura 1A, apesar da possibilidade da retirada das
amostras na frente de corte da colheita mecanizada (Figura 1B), em leiras (Figura 1C) e
no pátio da usina, na chegada dos caminhões (Figura 1D).
Os colmos coletados foram despalhados e despontados, pesados e abertos
longitudinalmente com o auxílio de um facão de corte para a quantificação do número
total de internódios e de internódios broqueados (20 colmos, constituindo uma amostra).
Dos 20 colmos de cada amostra apenas 10 foram enviados para o laboratório
da usina para a análise de vários parâmetros tecnológicos (ATR, fibras, Brix, P.B.U.,
pureza, pol caldo e pol cana), que são descritos a seguir:
Açúcar total recuperável (ATR) pode ser considerado como a diferença entre
o ART (açúcares redutores totais), indicador que representa a quantidade total de
açúcares da cana (sacarose, glicose e frutose), e as perdas industriais (na lavagem da
cana, extração pela moenda, tratamento do caldo e outras indeterminadas). Essa perda
fica ao redor de 90,5%. A ART é calculada pela hidrólise da sacarose (inversão), por via
13
ácida ou pela ação da enzima invertase, que resulta em glicose e frutose (açúcares
invertidos). Pode ser calculada pela equação:
ARC.,.PC.,ATR 05952639 (Kg de ATR por tonelada de cana)
Onde:
PC = Pol % cana;
ARC = açúcares redutores da cana.
Fibra industrial na cana-de-açúcar (%) é em função do peso, em gramas, do
material fibroso residual de prensagem (bolo úmido de bagaço) e equivalerá 0,1005
desse peso, expresso em porcentagem. Portanto, o cálculo da fibra da cana é baseado na
correlação entre resíduos fibrosos e fibra industrial, determinada experimentalmente,
segundo a equação (CRSPCTS/PB, 1997):
)b.(
)b.PBU).(PS.(Fibra
1005
100
Onde:
PS = peso do bolo seco a 1050 C;
PBU = peso do bolo úmido (resíduo fibroso);
b = Brix do caldo extraído.
Teor de sólidos solúveis (°Brix em %) é a porcentagem, em gramas, de
sólidos dissolvidos na água presente em um produto (cana-de-açúcar). A determinação
do Brix é feita a partir do caldo extraído da cana-de-açúcar efetuada em refratômetro
digital, provido de correção automática de temperatura e ajuste de campo, com saída
para impressora e/ou registro magnético, devendo o valor final ser expresso a 20°C. O
índice de refração que é proporcional ao índice de sólidos solúveis ou Brix é obtido pela
expressão: Em que:
)r(Sen
)i(SenIr
Onde:
Ir = Brix ou teor de sólidos solúveis;
14
Sen(i) = seno do ângulo de incidência;
Sen(r) = seno do ângulo de refração.
Figura 1. Esquema das coletas das amostras (20 colmos/ha) em diferentes situações
antes da colheita e após a colheita. A. Coleta de colmos com a cana em pé,
próximo à colheita. B. Coleta de colmos na frente de corte mecanizado. C.
Coleta de colmos nas leiras após a colheita de cana queimada. D. Coleta de
colmos no pátio da usina, nos caminhões.
15
Peso do bolo úmido (PBU) é o resíduo fibroso, resultante da prensagem a 250
kgf cm-2
por 1 min, de 500 g de amostra de cana desfibrada e homogeneizada, em grama
(CONSECANA, 2001).
Pureza do caldo (Pza%) é o parâmetro que mede a quantidade de açúcares
contidos no caldo, quanto mais elevado for seu valor, implicará numa menor quantidade
de impurezas do caldo, e conseqüentemente o produto terá maior valor econômico. A
pureza é calculada com a percentagem de sólidos solúveis totais no caldo extraído, após
a determinação dos valores de Pol e ºBrix do caldo (CRSPCTS/PB, 1997). A pureza é
determinada pela expressão:
caldo%
caldo%
BRIXº
POLPZA
Teor de sacarose (Pol do caldo em %) é a determinação do teor de sacarose,
realizada após a clarificação do caldo com subacetato de chumbo (sal de Horne),
utilizando-se para esta um aparelho denominado sacarímetro automático (ACATEC)
modelo DAS 2500, com peso normal igual a 26 g aferido a 20°C, provido de tubo
polarimétrico de fluxo contínuo e com saída para impressora e/ou registro magnético. A
partir da equação que exprime a lei de Biot (CALDAS, 1998), determina- se o teor de
sacarose na cana-de-açúcar:
..L
.C
t
100
Onde:
C = concentração de açúcar; α = ângulo de rotação do plano de vibração
da luz polarizada;
L = comprimento da coluna iluminada de líquido;
αt.γ = rotação específica.
É necessária a correção da leitura para ajustar a temperatura ambiente em torno
de 20°C, utilizando-se a seguinte equação:
Onde:
16
)]T(.[LLcorrigida 20102551 6
Lcorrigida = POL. do caldo extraído (%);
L = leitura no sacarímetro;
T = temperatura ambiente.
Teor de sacarose (Pol da cana em %) é a porcentagem aparente de sacarose,
em porcentagem ou peso, contida na cana.
O índice de intensidade de infestação (I.I.I.%) foi calculado da seguinte forma:
ernódiosintdedetotal.n
broqueadosernódiosintde.n..%I.I.I 100
Foram realizadas correlações entre cada parâmetro tecnológico e o índice de
intensidade de infestação (I.I.I.), sendo confeccionados gráficos e obtidos os
coeficientes de determinação (R2). As médias calculadas para cada ponto amostral (20
colmos para I.I.I. e 10 colmos para os parâmetros tecnológicos) foram submetidas à
análise de regressão, ao nível de 5%, para a verificação de correlações. As médias de
todos os parâmetros e do I.I.I. para cada variedade foram comparadas entre si pelo teste
de Tukey, ao nível de 5%. Todos os cálculos estatísticos foram realizados pelo
programa Statistica for Windows (STATSOFT, 1996).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A variedade SP80-1816 apresentou o maior valor de peso médio de bolo úmido
(PBU) e de porcentagem média de fibras dentre aquelas estudadas, não diferindo
significativamente apenas da CTC-5, que por sua vez não diferiu da CTC-1 e SP91-
3011 quanto a esses dois parâmetros (Tabela 1). A variedade CTC-6 apresentou o
menor valor de peso médio de bolo úmido e porcentagem média de fibras dentre as
variedades estudadas, diferindo estatisticamente de todas (Tabela 1).
Uma variedade se destacar por apresentar os maiores valores de PBU e fibras,
como aconteceu com a SP80-1816 e CTC-5, indica que ela também terá menores
valores de açúcares, o que é indesejável para a produção de açúcar e álcool. Os
resultados concordam com Socicana (2009), que indica a variedade SP80-1816 com alto
teor de fibras. Os resultados também concordam com CTC (2009) que caracteriza a
variedade CTC-6 como pobre em fibras e a CTC-5 com teor médio.
O teor de Brix foi significativamente maior na variedade CTC-1, não diferindo
apenas da CTC-5, apresentando as demais variedades teores menores que não diferiram
entre si (Tabela 1). O mesmo foi observado para o Pol do caldo e da cana e ATR
(Tabela 1). Os resultados para Pol concordam com CTC (2009), que indicam altos
valores desse parâmetro para as variedades CTC, exceto CTC-6 quando é colhido em
abril, que foi o ocorrido nesse experimento.
A variedade CTC-1 foi a que apresentou a maior porcentagem média de pureza
do caldo, ou seja, maior quantidade de açúcares, diferindo estatisticamente das demais.
As variedades SP91-3011, CTC-5 e CTC-6 apresentaram pureza intermediária, não
diferindo entre si, mas diferindo da SP80-1816, que apresentou o menor valor dentre
aquelas estudadas (Tabela 1).
18
O peso médio das amostras (20 colmos) foi significativamente superior nas
variedades CTC-1 e CTC-6, que não diferiram entre si, quando comparadas com as
demais (exceto CTC-5, que não foi avaliada) (Tabela 1).
Tabela 1. Média das amostras dos parâmetros tecnológicos nas cinco variedades de
cana-de-açúcar estudadas. Sertãozinho, SP, 2009.
Parâmetros
tecnológicos
Variedades
SP91-3011 SP80-1816 CTC-1 CTC-5 CTC-6
Peso do bolo
úmido (PBU) (g) 145,68 b
1 160,11 a 149,12 b 152,55 ab 127,17 c
Brix (%) 19,48 b 19,58 b 20,91 a 20,64 a 19,64 b
Fibra (%) 12,53 b 13,69 a 12,81 b 13,08 ab 11,05 c
Pol caldo (%) 17,34 b 17,00 b 19,16 a 18,46 a 17,67 b
Pureza (%) 89,02 b 86,83 c 91,60 a 89,40 b 89,98 b
Pol cana (%) 14,55 c 13,97 c 15,99 a 15,34 b 15,21 b
ATR (Kg t-1
) 143,06 c 138,02 c 156,14 a 150,44 b 149,19 b
Peso da amostra
(Kg) 7,38 b 8,41 b 11,82 a - 10,63 a
1 Médias seguidas pela mesma letra, na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%.
Dessa forma, a variedade CTC-1 apresentou as características tecnológicas e de
produção mais interessantes para o agricultor dentre as estudadas, seguida pela CTC-5 e
CTC-6. Apesar da CTC-5 apresentar tanta fibra quanto a SP80-1816, uma das menos
interessantes testadas, foi rica em açúcares.
O índice de intensidade de infestação médio da broca-da-cana, Diatraea
saccharalis, foi significativamente superior nas variedades CTC-1 e CTC-6, que
diferiram das demais, que por sua vez não diferiram entre si (Figura 2). Os resultados
concordam parcialmente com CTC (2009), que descreve todas as variedades CTC aqui
estudadas como de reação intermediária à broca-da-cana. Isso realmente foi verificado
19
para as variedades CTC-1 e CTC-6, que foram as mais infestadas, mas a variedade
CTC-5 esteve entre as menos infestadas daquelas estudadas. Socicana (2009) também
descreve a variedade SP80-1816 como de resistência intermediária a broca-da-cana,
mas nesse ensaio ficou entre as variedades menos danificadas.
Figura 2. Índice de intensidade de infestação médio (%) da broca-da-cana, Diatraea
saccharalis, nas cinco variedades de cana-de-açúcar estudadas. Sertãozinho,
SP, 2009. Colunas seguidas das mesmas letras não diferem entre si pelo teste
de Tukey a 5%.
Conhecendo as variedades de cana-de-açúcar estudadas nesse experimento, se
seguem as análises de regressão entre o índice de intensidade de infestação (I.I.I.) e cada
parâmetro tecnológico estudado, tentando conhecer as correlações entre essas duas
variáveis. Com essas correlações esperava-se determinar o nível de dano econômico da
broca-da-cana, Diatraea saccharalis, para cada uma das variedades estudadas, com o
objetivo de se estabelecer novos níveis de controle da praga, pois até o momento é
utilizado um valor fixo, de 3% de I.I.I. (GALLO et al., 2002).
0
1
2
3
4
SP91-3011 SP80-1816 CTC-1 CTC-5 CTC-6
III
(%)
b
b
a
a
a
20
O I.I.I. médio observado para a variedade SP91-3011 foi de 1,13% (Figura 2),
chegando a 1,84% em uma das amostras retiradas do talhão, ou seja, uma infestação
considerada baixa.
Houve significância de 5% na relação entre o I.I.I. médio e a porcentagem
média de fibras (R2 = 0,627) e peso médio do bolo úmido (R
2 = 0,628), que foi
quadrática e negativa em ambas (Figura 3). Ou seja, quanto maior o I.I.I., maior o teor
de fibras e o peso do bolo úmido, até certo valor, quando então é invertida essa relação
(Figura 3). O resultado obtido para fibras não era esperado, haja vista que a broca-da-
cana, ao se alimentar do colmo, reduz o teor de açúcares e, consequentemente, deveria
aumentar o teor de fibras. Entretanto, deve-se avaliar que a infestação foi muito baixa e,
apesar da significância da análise de regressão, não era de se esperar grandes resultados.
Basta observar os demais parâmetros avaliados, que não foram significativos (Figura 3),
e que são os que determinam as perdas em açúcares.
Apesar da não significância da relação entre os parâmetros avaliados, pôde-se
verificar altos valores de coeficiente de determinação (R2) para a relação entre o I.I.I. e a
ATR (R2 = 0,8124), Pol do caldo (R
2 = 0,7549) e da cana (R
2 = 0,812), tendo todos
relação quadrática negativa (Figura 3). Dessa forma, percebe-se uma tendência desses
parâmetros serem menores quanto maior for o I.I.I., o que era de se esperar. Como a
infestação média do talhão plantado com a variedade SP91-3011 foi baixa, não foi
possível determinar qual o I.I.I. que causaria perdas significativas de açúcar, mas fica
claro que esse valor não é muito alto, devendo ficar muito próximo 2%.
Para a variedade SP80-1816, o I.I.I. médio observado foi de 1,83% (Figura 2),
chegando ao valor máximo de 3,74%, uma infestação um pouco superior ao nível de
controle preconizado (GALLO et al., 2002). Não houve relação significativa (5%) entre
o I.I.I. e os parâmetros analisados e o coeficiente de determinação (R2) foi muito baixo
para todas as correlações (Figura 4). Nesse caso, o I.I.I. que causa danos à cana-de-
açúcar deve ser um pouco superior ao que deverá ser observado para a variedade SP91-
3011.
21
y = 0,4105x2 - 5,8587x + 21,832
R2 = 0,0928 ns
0
1
2
3
4
5
6 7 8 9
Peso da amostra (Kg)
III%
y = -0,0209x2 + 6,0004x - 428,31
R2 = 0,8124 ns
0
1
2
3
4
5
134 136 138 140 142 144 146 148 150 152
ATR (Kg t-1)
III%
y = -0,7209x2 + 17,594x - 105,88
R2 = 0,627 *
0
1
2
3
4
5
11 12 13 14
Fibras (%)
III%
y = -0,7911x2 + 31,018x - 302,44
R2 = 0,5556 ns
0
1
2
3
4
5
18 19 20 21
Brix (%)
III%
y = -0,0046x2 + 1,3104x - 91,297
R2 = 0,6276 *
0
1
2
3
4
5
130 140 150 160
P.B.U. (g)
III%
y = 0,1402x2 - 24,857x + 1102,4
R2 = 0,0914 ns
0
1
2
3
4
5
86 87 88 89 90 91
Pureza (%)
III%
y = -0,8549x2 + 29,863x - 259,22
R2 = 0,7549 ns
0
1
2
3
4
5
16 17 18 19
Pol caldo (%)
III%
y = -1,7616x2 + 51,373x - 372,91
R2 = 0,812 ns
0
1
2
3
4
5
13 14 15 16
Pol cana (%)
III%
Figura 3. Correlação entre parâmetros tecnológicos e o índice de intensidade de
infestação (III%) das amostras retiradas de uma área com a variedade SP91-
3011 de cana-de-açúcar (ns e * = não significativo e significativo,
respectivamente, ao nível de 5%).
22
y = 0,1077x + 0,9254
R2 = 0,0459 ns
0
1
2
3
4
5
5 6 7 8 9 10 11 12 13
Peso da amostra (Kg)
III%
y = 0,009x + 0,582
R2 = 0,0042 ns
0
1
2
3
4
5
124 127 130 133 136 139 142 145 148 151
ATR (Kg t-1)
III%
y = -0,1185x2 + 2,9594x - 16,341
R2 = 0,0914 ns
0
1
2
3
4
5
10 11 12 13 14 15 16
Fibras (%)
III%
y = -0,0555x2 + 2,0613x - 17,186
R2 = 0,0152 ns
0
1
2
3
4
5
16 17 18 19 20 21 22
Brix (%)
III%
y = -0,0008x2 + 0,2203x - 13,845
R2 = 0,0916 ns
0
1
2
3
4
5
120 130 140 150 160 170 180
P.B.U. (g)
III%
y = 0,1286x - 9,3346
R2 = 0,0397 ns
0
1
2
3
4
5
83 84 85 86 87 88 89 90
Pureza (%)
III%
y = -0,0653x2 + 2,1592x - 15,932
R2 = 0,01 ns
0
1
2
3
4
5
14 15 16 17 18 19
Pol caldo (%)
III%
y = 0,0879x + 0,6024
R2 = 0,0048 ns
0
1
2
3
4
5
12 13 14 15 16
Pol cana (%)
III%
Figura 4. Correlação entre parâmetros tecnológicos e o índice de intensidade de
infestação (III%) das amostras retiradas de uma área com a variedade SP80-
1816 de cana-de-açúcar (ns = não significativo ao nível de 5%).
23
No caso da variedade CTC-1, o I.I.I. médio observado foi de 3,34% (Figura 2),
chegando ao valor máximo de 6,61%, valor esse bem superior ao observado para as
outras variedades e considerado alto. Apesar disso, não houve relação significativa (5%)
entre o I.I.I. e os parâmetros analisados e o coeficiente de determinação (R2) foi muito
baixo para todas as correlações (Figura 5). Embora com esses resultados não
significativos, ficou evidente que o nível de dano causado pela broca-da-cana a
variedade CTC-1 é superior que os dos demais.
Uma situação diferente aconteceu para a variedade CTC-5. O I.I.I. médio
observado foi de 1,39% (Figura 2), chegando ao valor máximo de 2,34%. Houve
significância de 5% na relação entre o I.I.I. médio e o ATR médio (R2 = 0,2269) e a
porcentagem média de ºBrix (R2 = 0,3234), que foi quadrática e negativa para o
primeiro parâmetro e linear e negativa para o segundo (Figura 6). Ou seja, quanto maior
o I.I.I., menor o ATR e o ºBrix (Figura 6), o que era esperado, apesar do baixo
coeficiente de determinação (R2) para os dois parâmetros (Figura 6).
Incluindo os valores observados de I.I.I. nas diferentes amostras (n=16) em
intervalos (0 a 1, 1 a 2 e 2 a 3%), em três níveis médios diferentes (0,75, 1,17 e 2,12%),
pôde-se verificar que houve diferença significativa entre os I.I.I.s quanto à ATR média e
porcentagem média de ºBrix (Tabela 2). O I.I.I. médio de 2,12% diferiu
significativamente dos demais nos dois parâmetros avaliados (Tabela 2), indicando que
para a variedade CTC-5 o nível de dano é de 2,12%. Sendo assim, o nível de controle
para a CTC-5 deve ser inferior a 2%, para que não ocorram perdas na produção.
Tabela 2. Valores médios de ATR e °Brix para a variedade CTC-5 em diferentes
intervalos de índice de intensidade de infestação (I.I.I.), e suas médias, da
broca-da-cana, Diatraea saccharalis. Sertãozinho, SP, 2009.
Intervalo de I.I.I. (%) Média I.I.I. (%) ATR (Kg t-1
) ºBrix (%)
0,00 ├┤ 1,00 0,75 152,98 a 20,85 a
1,00 ─┤ 2,00 1,17 151,46 a 20,78 a
2,00 ─┤ 3,00 2,12 147,26 b 20,31 b
1 Médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%.
24
y = 0,1252x + 1,8578
R2 = 0,0219 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
10 11 12 13 14 15
Peso da amostra (Kg)
III%
y = 0,0254x - 0,6251
R2 = 0,0138 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
140 150 160 170
ATR (Kg t-1)
III%
y = -0,1991x + 5,8879
R2 = 0,0203 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
11 12 13 14 15
Fibras (%)
III%
y = 0,1119x + 0,998
R2 = 0,0049 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
19 20 21 22
Brix (%)
III%
y = -0,0029x2 + 0,8484x - 58,552
R2 = 0,0799 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
130 135 140 145 150 155 160 165
P.B.U. (g)
III%
y = -0,1279x2 + 23,636x - 1088,1
R2 = 0,0616 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
90 91 92 93 94 95 96
Pureza (%)
III%
y = 0,0628x + 2,1343
R2 = 0,002 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
17 18 19 20 21
Pol caldo (%)
III%
y = 0,2161x - 0,1175
R2 = 0,0119 ns
0
1
2
3
4
5
6
7
14,5 15,0 15,5 16,0 16,5 17,0 17,5
Pol cana (%)
III%
Figura 5. Correlação entre parâmetros tecnológicos e o índice de intensidade de
infestação (III%) das amostras retiradas de uma área com a variedade CTC-1
de cana-de-açúcar (ns = não significativo ao nível de 5%).
25
y = 0,0169x2 - 5,1629x + 395,76
R2 = 0,3369 *
0
1
2
3
4
5
144 146 148 150 152 154 156 158
ATR (Kg t-1)III%
y = -0,4067x2 + 10,946x - 72,096
R2 = 0,1587 ns
0
1
2
3
4
5
12 13 14 15
Fibras (%)
III%
y = -0,8537x + 19,011
R2 = 0,3234 *
0
1
2
3
4
5
20,0 20,5 21,0 21,5
Brix (%)
III%
y = -0,0026x2 + 0,8146x - 62,496
R2 = 0,1577 ns
0
1
2
3
4
5
139 142 145 148 151 154 157 160 163 166 169 172
P.B.U. (g)
III%
y = -0,2463x2 + 43,862x - 1951,2
R2 = 0,1287 ns
0
1
2
3
4
5
87 88 89 90 91
Pureza (%)
III%
y = -0,5489x + 11,517
R2 = 0,2046 ns
0
1
2
3
4
5
17,5 18,0 18,5 19,0 19,5
Pol caldo (%)
III%
y = -0,6822x + 11,85
R2 = 0,2247 ns
0
1
2
3
4
5
14,5 15,0 15,5 16,0
Pol cana (%)
III%
Figura 6. Correlação entre parâmetros tecnológicos e o índice de intensidade de
infestação (III%) das amostras retiradas de uma área com a variedade CTC-5
de cana-de-açúcar (ns e * = não significativo e significativo,
respectivamente, ao nível de 5%).
26
O I.I.I. médio observado para a variedade CTC-6 foi de 2,69% (Figura 2),
chegando ao valor máximo de 4,59%. Apesar de alto, não houve relação significativa
(5%) entre o I.I.I. e os parâmetros analisados, sendo baixos os coeficientes de
determinação (R2) para todas as correlações (Figura 7). Percebe-se que o nível de dano
para a variedade CTC-6 é superior a 3%, mas não foi possível ser determinado com as
infestações observadas nas amostras.
De uma forma geral, a variedade CTC-1 foi a mais rica em açúcares e mais
produtiva, mas apresentou o maior índice médio de intensidade de infestação da broca-
da-cana dentre aquelas estudadas. Apesar da alta infestação, não houve prejuízos na
qualidade e na produção da variedade, indicando que o nível de dano é bem superior a
3%, que foi a média observada, e provavelmente é a variedade que mais tolera a praga
dentre as estudadas. O mesmo deve ocorrer para as variedades CTC-6 e SP80-1816.
Por outro lado, a variedade SP91-3011 deve ter um nível de dano econômico
bem próximo de 2% de I.I.I., valor próximo do que ficou estabelecido para a variedade
CTC-5, que foi de 2,12%, indicando controle antes de atingir os 2%.
Com isso, ficou evidente que as variedades CTC-5 e SP91-3011 são as menos
resistentes à broca-da-cana, D. saccharalis, a SP80-1816 tem resistência intermediária e
CTC-6 e CTC-1 são as mais resistentes. Esses resultados discordam de CTC (2009), que
considera a variedade CTC-5 com resistência intermediária a broca-da-cana, mas que no
presente ensaio mostrou baixa tolerância ao ataque dessa praga.
Novos ensaios deverão ser conduzidos com as cinco variedades estudadas e
com diversas outras, em talhões com altas infestações da broca-da-cana e em diferentes
tipos de solo e em distintas formas de condução (cana-planta, cana-soca, cana-de-ano-e-
meio etc.). Entretanto, a quantidade de amostras retiradas do talhão (ao redor de 20,
representando 20 ha) foi bem adequada e deve ser mantida.
27
y = -0,2429x + 5,2671
R2 = 0,0724 ns
0
1
2
3
4
5
8 9 10 11 12 13 14
Peso da amostra (Kg)
III%
y = -0,0029x2 + 0,8513x - 59,493
R2 = 0,0119 ns
0
1
2
3
4
5
130 140 150 160
ATR (Kg t-1)
III%
y = 0,304x2 - 6,6637x + 39,086
R2 = 0,0209 ns
0
1
2
3
4
5
10 11 12 13
Fibras (%)
III%
y = -0,0756x + 4,1703
R2 = 0,0023 ns
0
1
2
3
4
5
18 19 20 21
Brix (%)
III%
y = 0,002x2 - 0,4976x + 33,956
R2 = 0,021 ns
0
1
2
3
4
5
115 120 125 130 135 140 145 150
P.B.U. (g)
III%
y = 0,0177x + 1,0985
R2 = 0,0002 ns
0
1
2
3
4
5
87 88 89 90 91 92 93
Pureza (%)
III%
y = -0,0647x + 3,8295
R2 = 0,0016 ns
0
1
2
3
4
5
16 17 18 19 20
Pol caldo (%)
III%
y = -0,1567x + 5,0698
R2 = 0,0054 ns
0
1
2
3
4
5
14 15 16 17
Pol cana (%)
III%
Figura 7. Correlação entre parâmetros tecnológicos e o índice de intensidade de
infestação (III%) das amostras retiradas de uma área com a variedade CTC-6
de cana-de-açúcar (ns = não significativo ao nível de 5%).
5 CONCLUSÕES
Baseada na metodologia que foi conduzido o experimento e nas condições
descritas, pode-se concluir que:
1. As variedades de cana-de-açúcar CTC-1 e CTC-6 são as mais infestadas
pela broca-da-cana, Diatraea saccharalis, seguidas pelas variedades SP91-
3011, SP80-1816 e CTC-5;
2. Apesar de mais infestadas, as variedades CTC-1 e CTC-6 são bem
tolerantes às infestações da broca-da-cana;
3. O nível de dano econômico da broca-da-cana para a variedade CTC-5 é de
2,12% de índice de intensidade de infestação, sendo o nível de controle
inferior a esse valor.
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