Post on 20-Jul-2015
-Apresentar o título;
-O que é um avestruz? É uma ave? É um pássaro ?
-Você já viu um avestruz? Descreva-o.
-O que o título do texto nos sugere? O que iremos encontrar nesse texto?
- Leitura do texto para confirmação de hipóteses
de leitura/ exploração dos parágrafos, dúvidas de
vocabulário, obtenção de informações.
O filho de uma grande amiga pediu, de presente pelos seus 10 anos, um avestruz. Cismou, fazer o quê? Moram em um apartamento em Higienópolis, São Paulo. E ela me mandou um e-mail dizendo que a culpa era minha. Sim, porque foi aqui ao lado de casa, em Floripa, que o menino conheceu os avestruzes. Tem uma plantação, digo, criação deles. Aquilo impressionou o garoto.
Culpado, fui até o local saber se eles vendiam filhotes de avestruz. E se entregavam em domicílio.
E fiquei a observar a ave. Se é que podemos chamar aquilo de ave. O avestruz foi um erro da natureza, minha amiga. Na hora de criar o avestruz, Deus devia estar muito cansado e cometeu alguns erros. Deve ter criado primeiro o corpo, que se assemelha, em tamanho, a um boi. Sabe quanto pesa um avestruz? Entre 100 e 160 quilos, fui logo avisando a minha amiga. E a altura pode chegar a quase 3 metros - 2,70 para ser mais exato.
Mas eu estava falando da sua criação por Deus. Colocou um pescoço que não
tem absolutamente nada a ver com o corpo. Não devia mais ter estoque de asas
no paraíso, então colocou asas atrofiadas. Talvez até sabiamente para evitar que
saíssem voando em bandos por aí, assustando as demais aves normais.
Outra coisa que faltou foram dedos para os pés. Colocou apenas dois dedos em
cada pé. Sacanagem, Senhor!
Depois olhou para sua obra e não sabia se era uma ave ou um camelo. Tanto é
que, logo depois, Adão, dando os nomes a tudo o que via pela frente, olhou para
aquele ser meio abominável e disse: Struthio camelus australis. Que é o nome
oficial da coisa. Acho que o struthio deve ser aquele pescoço fino em forma de
salsicha.
Pois um animal daquele tamanho deveria botar ovos proporcionais ao seu corpo.
Outro erro. É grande, mas nem tanto. E me explicava o criador que os avestruzes
vivem até os 70 anos e se reproduzem plenamente até os 40, entrando depois na
menopausa. Não têm, portanto, TPM. Uma fêmea de avestruz com TPM é
perigosíssima!
Podem gerar de dez a 30 crias por ano, expliquei ao garoto, filho da
minha amiga. Pois ele ficou mais animado ainda, imaginando aquele
bando de avestruzes correndo pela sala do apartamento.
Ele insiste, quer que eu leve um avestruz para ele de avião, no domingo.
Não sabia mais o que fazer.
Foi quando descobri que eles comem o que encontram pela
frente, inclusive pedaços de ferro e madeiras. Joguinhos eletrônicos, por
exemplo. Máquina digital de fotografia, times inteiros de futebol de botão
e, principalmente, chuteiras. E, se descuidar, um mouse de vez em
quando cai bem.
Parece que convenci o garoto. Me telefonou e disse que troca o avestruz
por cinco gaivotas e um urubu.
Pedi para a minha amiga levar o garoto a um psicólogo. Afinal, tenho
mais o que fazer do que ser gigolô de avestruz.
A crônica “Avestruz” é um texto narrativo . Quais são os elementos da narrativa presentes no texto?
Foco narrativo, personagens, enredo, tempo, espaço.
Pesquisa com os alunos sobre o avestruz (alimentação, peso, altura, comportamento, reprodução, expectativa de vida), confrontando as informações do texto.
Há palavras desconhecidas no texto?
O texto que você leu apresenta uma história engraçada a respeito de uma situação do cotidiano.
Você já viveu situações ou ouviu relatos em que algo incomum ou engraçado aconteceu? Compartilhe com seus colegas essas histórias.
Na sua opinião, porque o garoto desistiu de ter o avestruz como animal de estimação?
Na segunda metade do século passado, muitos escritores brasileiros publicavam suas criações literárias, inclusive romances, em jornais. Neste ambiente que misturava notícia e ficção, já que muitos desses escritores eram também jornalistas, surgiu a crônica, que não é notícia, mas em texto sobre situações corriqueiras, em geral escritas em uma linguagem coloquial, como uma anedota.
No jornal , a crônica pode fazer parte de um caderno cultural ou político, ou ainda, de cadernos especialmente voltados para o entretenimento.
Mário Prata Mario Alberto Campos de Morais Prata (Uberaba, 11 de fevereiro
de 1946) é um escritor, dramaturgo, jornalista e cronista brasileiro.
É natural de Uberaba, Minas Gerais, mas viveu boa parte da
infância e adolescência em Lins, interior de São Paulo. Em mais de
50 anos de escrita, tem no currículo 3 mil crônicas e cerca de 80
títulos, entre romances, livros de contos, roteiros e peças teatrais.
Na carreira, recebeu 18 prêmios nacionais e estrangeiros, com
obras reconhecidas no cinema, literatura, teatro e televisão.
Textos científicos;
Vídeos, reportagens sobre a espécie;
Charges;
Música: Avestruz (Dé Di Paula e Zé Henrique )
Vídeo/ letra da música
Comparação das informações referentes às características do avestruz com o texto de Mário Prata. Há semelhanças? Quais?
Tava cansado de viver lá na roçaDe andar só de carroça, resolvi então mudarVendi meu sítio, vendi vaca e galinhaE peguei tudo que eu tinha na cidade fui morarO meu dinheiro tava num banco guardadoVeio um cara engomado disse vou te dar uma luzMais que depressa peguei o meu capitalFiz um negocio legal comprei tudo em avestruzO paladar desse bicho é aguçadoTa no seu papo guardado o dinheiro que eu pus
Avestruz hoje eu to enroladoAvestruz que bichinho esfomeadoAvestruz come terra e come gadoAvestruz realmente to quebrado
Pra me ajudar a tocar este negocio
Arrumei foi muito sócio veja só no que foi dar
Cabeleireira empenhou sua tesoura
Diarista a vassoura hoje vive a reclamar
Tinha um amigo que dizia ser esperto
Teve prejuízo certo hoje ta desesperado
Foi a motoca, foi a égua e a poupança
Realmente foi lambança, só deu cheque carimbado
Até o vovô que guardava um dinheirinho
Comprou quatro filhotinhos lá se foi seu ordenado
Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado
Neste negócio de comprar este bichinho
Fiquei falando sozinho e agora o que fazer
Comeu o carro, foi também a camioneta
Só não foi a bicicleta pois não consegui vender
Era feliz e vivia controlado
Com a família do lado não devia pra ninguém
Na quebradeira que esse bicho me deixou
Minha mulher me abandonou e meus amigos tamém
To apertado igual um pinto no ovo
Este bicho é um estorvo, nem me fale nesse trem
Avestruz hoje eu to enrolado
Avestruz que bichinho esfomeado
Avestruz come terra e come gado
Avestruz realmente to quebrado
Avestruz, comeu até minha aposentadoria!!!
Conversa, debate, posicionamento crítico acerca de animais de estimação.
O desfecho da crônica acontece com o menino desistindo do avestruz e pedindo gaivotas e um urubu.O que você acha do pedido do menino?
Os pais devem atender a todos os pedidos dos filhos?
Vídeo: O ovo do avestruz- turma de PICA PAU- YouTube)
Araceli Nogueira
Marisol Ap. Ferreira Limp Pisso
Raquel F. F. Fortolan
Rubens Mafra Cataletta