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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPICAMPUS MINISTRO REIS VELLOSO
CURSO DE BIOMEDICINAGENÉTICA BÁSICA
PROF.: DR.ª RENATA CANALLE
HEMOFILIA
Parnaíba2009
SUMÁRIO: O que é hemofilia? HistóriaAspectos genéticosFatores de coagulaçãoProcesso de coagulaçãoTipos de HemofiliaHerançaQuadro clínicoDiagnóstico Clínico e Laboratorial
SUMÁRIO: Sangramentos e lesões comuns na
HemofiliaHemofilia tem Cura?TratamentoMedicamentosComplicações do TratamentoHemofilia no BrasilCuidadosQual a importância da Biomedicina Referencias
O QUE É HEMOFILIA?Característica genética que se
manifesta por um defeito na coagulação do sangue.
Doença hereditária
recessiva ligada
ao cromossomo X.
HISTÓRIAExistem registros da
hemofilia no texto judaico, o Talmud;
A hemofilia é, muitas vezes associada a história da Monarquia na Europa. A rainha Victoria passou a doença para os seus descendentes;
Tratamento foi iniciado na década de 1960.
HEREDOGRAMA DA FAMÍLIA REAL EUROPÉIA
ASPECTOS GENÉTICOSAs doenças hemorrágicas
provocadas por alteração no mecanismo da coagulação podem ser classificadas em congênitas e adquiridas.
Entre as congênitas estão as hemofilias e a doença de von Willebrand.
ASPECTOS GENÉTICOSAs hemofilias são doenças resultantes da
deficiência quantitativa dos fatores VIII ou IX da coagulação.
Podem decorrer dos fatores adquiridos ou hereditários.
As formas adquiridas, raras são resultantes do desenvolvimento de autoanticorpos associados a doenças autoimunes, câncer ou causas de origem idiopáticas.
ASPECTOS GENÉTICOS
A hemofilia hereditária resulta de alterações nos genes que codificam o fator VIII ou IX da coagulação.
É uma doença genética recessiva ligada ao cromossomo X.
Afeta quase que exclusivamente homens.Homens possuem um único alelo do fator
VIII(XY) enquanto as mulheres possuem dois alelos (XX).
ASPECTOS GENÉTICOSHomens: (XHY, hemizigose).Mulheres: (XHX, heterozigose).As mulheres (XHXH, homozigose).Há também mulheres afetadas
comprovadamente heterozigotas, o que se interpreta na base do efeito Lyon.
ASPECTOS GENÉTICOS
30% dos pacientes diagnosticados com hemofilia não possuem historia familiar da doença.
Podem ser explicados pela ocorrência de mutações espontâneas que podem acontecer em duas situações Mosaicismo Germinativo e Mosaicismo Somático.
O gene esta localizado na extremidade do braço longo do cromossomo X: porção Xq28 ( hemofilia A) e porção Xq27.1 ( hemofilia B)
ASPECTOS GENÉTICOSO mosaicismo descreve a ocorrência de
células que diferem em seu componente genético de outras células do corpo. O individuo resultante será uma mistura de células, algumas com a percentagem de mutação.
ASPECTOS GENÉTICOSMosaicismo
O mosaicismo germinativo: O mosaicismo da linhagem germinativa pode ser observado como algum padrão de herança, mais é comumente visto em disfunções ligadas ao X e autossômicas dominantes.
ASPECTOS GENÉTICOSMosaicismo
Mosaicismo Somático: Uma pessoa que é mosaica para uma mutação somática pode ou não ser afetada pela disfunção causada por uma mutação. Os indivíduos expressarão o fenótipo dependendo de quantos e quais células seriam afetadas e exibem um fenótipo médio, apenas uma parte do corpo é afetada. O câncer é um exemplo clássico de mosaicismo somático.
LOCALIZAÇÃO NO CROMOSSOMO
HemofiliaA
HemofiliaB
ASPECTOS GENÉTICOS
As hemofilias possuem bases moleculares extremamente heterogênias.
As mutações dos genes incluem deleções, inserções, inversões, mutações de ponto.
A mutação mais comum da hemofilia A é uma inversão que deleta o terminal carboxila do fator VIII.
Não foi identificada para hemofilia B nenhuma mutação F9 comum.
FATORES DE COAGULAÇÃOO sangue é feito por várias substâncias, e
cada uma tem uma função. Algumas delas são as proteínas chamadas fatores de coagulação,que ajudam a estancar as hemorragias.
Esses fatores são numerados em algarismos romanos (I a XIII) e trabalham como uma equipe, onde cada um tem seu momento de ação, passando instruções ao seguinte.
FATORES DE COAGULAÇÃO
PROCESSO DE COAGULAÇÃO Consiste em uma serie de reações bioquímicas
sequenciais envolvendo a interação de proteínas (fatores de coagulação), além de células (em particular, plaquetas) e íons.
Quando o vaso sanguíneo é danificado, o corpo inicia um processo complexo fisiológico e bioquímico que resulta na produção de um coagulo.
Em resposta o vaso machucado se contrai para reduzir o fluxo sanguíneo na área.
PROCESSO DE COAGULAÇÃO Em pessoas com hemofilia essa ação não é
suficiente para parar o fluxo de sangue.Em feridas muito severas, fatores de coagulação
encontrados no plasma são sequencialmente ativadas para formar fibrina que se mantém firme no local do ferimento.
Uma pessoa com hemofilia possui os mesmos passos do processo de coagulação: contração do vaso sanguíneo, agregação das placas de sangue para a formação de uma tampa.
PROCESSO DE COAGULAÇÃO Entretanto a rede que cobre essa tampa,
não é formada corretamente para produzir uma fibrina resistente.
Sem ela a tampa é muito fraca para estancar o sangramento e acaba se quebrando.
PROCESSO DE COAGULAÇÃO
CASCATA DE COAGULAÇÃO
TIPOS DE HEMOFILIA
Existem dois tipos de hemofilia;Hemofilia A: a mais comum e representa
80% dos casos, ocorre pela deficiência do Fator VIII (FVIII);
Hemofilia B: ocorre pela deficiência do fator IX (FIX);
TIPOS DE HEMOFILIAHemofilia C: também conhecida como
síndrome de Rosenthal, é decorrente da falta do fator XI, envolvido na via intrínseca da cascata de coagulação; acomete em ambos os sexos; é uma doença de herança autossômica dominante.
HERANÇAPor ser uma doença
hereditária relacionada ao cromossomo X , a hemofilia é transmitida por um homem hemofílico ou por uma mulher portadora do gene com essa informação, aos seus descendentes.
CCRUZAMENTOS
CRUZAMENTOS
CRUZAMENTOS
CRUZAMENTOS
CRUZAMENTOS
QUADRO CLÍNICOO quadro clínico hemorrágico depende da
quantidade do fator VIII ou IX .Os casos graves apresentam concentração
inferior a 2%.Os de gravidade média possuem
concentração do fator entre 2% a 5% .Os leves entre 6% e 20%.Em um terço das portadoras pode-se
encontrar o fator entre 25% e 30% .
QUADRO CLÍNICONas não portadoras o nível é normal (50% a
150%).A forma grave da hemofilia caracteriza-se
por hemorragias espontâneas, hemartroses, hematomas, epistaxes e sangramentos gastrointestinais .
A hemofilia moderada caracteriza-se por sangramentos após pequenos traumas, e hemorragias espontâneas com menos freqüência .
QUADRO CLÍNICO
Já na hemofilia leve os sangramentos espontâneos nunca ocorre e é preciso um traumatismo intenso ou cirurgia para hemorragia ocorrer .
NÍVEIS DE GRAVIDADE
Níveis de gravidade
Normal
Leve
Moderada
Grave
DIAGNÓSTICO CLÍNICOO diagnóstico e o tipo de hemofilia são
determinados através de exames de sangue específicos, como a dosagem de fatores da coagulação.
A história familiar e a ocorrência de episódios hemorrágicos são os principais dados para o diagnóstico da hemofilia .
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Baseia-se no tempo de sangramento, contagem de plaquetas e o tempo de protrombina normais.
O tempo de coagulação é normal nos casos leves e pouco ou muito prolongado nos casos mais graves.
SANGRAMENTOS E LESÕES COMUNS NA HEMOFILIA
1-Hematomas na pele
• 2-Hemartroses
• 3-Sinovite
SANGRAMENTOS E LESÕES COMUNS NA HEMOFILIA
• 4- Sangramento intramuscular
• 5-
• 6- Hematuria
Sangramentosna boca,olhos,
pescoço, garganta
SANGRAMENTOS E LESÕES COMUNS NA HEMOFILIA
• 7- Epistaxes 8-Hemorragia intracraniana
SANGRAMENTOS E LESÕES COMUNS NA HEMOFILIA
Sangramentos gastro- intestinais
• 10-Hematemese
• 9- Melena
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
A pessoa com hemofilia, sente formigamento e calor nas articulações quando um sangramento começa;
A junta incha,fica dolorida e com seus movimentos limitados. Se não houver tratamento, nessa fase, o sangramento só para depois do sangue encher totalmente o espaço dentro da junta;
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
As hemorragias mais comuns acontecem nos tornozelos, joelhos,e cotovelos.Também podem ocorrer em outras juntas, como os dedos dos pés,ombros, e quadris. Geralmente as juntas das mãos não são afetadas a não ser depois de um traumatismo.
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
Os sangramentos repetidos, em uma mesma junta, fazem com que a sinóvia (revestimento) fique inchada e sangre muito mais facilmente.Um resto de sangue permanece na junta após cada sangramento;
Artropatia hemofílica.
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
Os sangramentos nos músculos podem ocorrer por traumatismo ou espontaneamente;
O músculo se contrai por um mecanismo de proteção, que é chamado espamo muscular;
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
As hemorragias musculares podem ocorrer nas panturrilhas(batata da perna), nas coxas e na parte superior dos braços. As hemorragias do músculo do quadril e do antebraço são também comuns.
Depois de repetidas hemorragias, os músculos podem tornar-se enfraquecidos, com cicatrizes e encurtados (às vezes para sempre);eles passam a não mais proteger as juntas.
SANGRAMENTO ARTICULAR E HEMORRAGIA MÚSCULAR
Se os nervos forem atingidos pelo sangramento muscular, aquele músculo pode ficar fraco ou até mesmo paralisado.
HEMOFILIA TEM CURA?
Por enquanto NÃO, mas novas pesquisas podem tornar possível a cura para daqui a alguns anos.
Terapia gênica está trabalhando em uma maneira de inserir o gene responsável pela produção do F8 ou F9 dentro das células de um hemofílico para que seu próprio organismo produza um pouco de fator.
TRATAMENTOFundamenta-se na administração dos
fatores de coagulação VIII e IX, de preferência liofilizados, logo após o sangramento ou antes de uma cirurgia.
O nível terapêutico do fator desejável para manter boa hemostasia varia conforme a localização e intensidade do sangramento.
A procura pelo tratamento é feito no CTH.
TRATAMENTOA equipe multidisciplinar
reúne: médico hematologista, ortopedista, fisiatra, infectologista, enfermeiro, assistente social, fisioterapeuta, dentista e psicólogo.
TRATAMENTO DOMICILIAR: a dose domiciliar(DD).
MEDICAMENTOSPODEM SER CONSUMIDOS:Paracetamol ou Acetaminofen;Dipirona.Nunca deve ser consumido qualquer
produto que contenha aspirina ácido acetilsalisílico (AAS) e derivados;
Diclofenaco também podem interferir na coagulação;
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO
Uma das complicações mais temíveis da hemofilia é o desenvolvimento de inibidores de fator (aloanticorpos), que ocorre em 10%-30% do pacientes.
Esses anticorpos são substancias que destroem o fator aplicado, agravando os episódios hemorrágicos e diminuindo a resposta ao tratamento.
Existem formas eficazes de tratamento para esses casos.
COMPLICAÇÕES DO TRATAMENTO
São produtos que pulam o fator VIII ou IX que está sendo destruído pelo inibidor, para agir ativando a coagulação: fator VIIa recombinante e o complexo protrombínico parcialmente ativado
Podem também ocorrer reações alérgicas(raras).
HEMOFILIA NO BRASILCerca de 8.172 pessoas no Brasil tem
hemofilia onde a incidência é de 1:10000, sendo 80% dos casos hemofilia A e 20% hemofilia B.
Os portadores de hemofilia apresentaram-se afetados apenas nos aspectos socioeconômico, não alterando no que diz respeito ao casamento, procriação e o nível educacional.
A depressão e ansiedade são as alterações psicológicas mais frequentes.
HEMOFILIA NO BRASILA hemofilia é vinculada, na opinião
pública, a AIDS.Por isso os hemofílicos sofrem
preconceitos. No Piauí são registrados 102 casos de
hemofilia: 62 casos de hemofilia A e 40 casos de hemofilia B,(não a casos confirmados de hemofilia C).
Em Parnaíba são registrados 5 casos de hemofilia:3 do tipo A e 2 do tipo B (dados HEMOPI).
CUIDADOSCom pancadas, cortes, nódoas-negras e com
quedas.Estabilizar as articulações em casos de
hemorragias .Anotar incidentes hemorrágicos.Ter cuidados especiais na realização de
tricotomias, lavagens intestinais.Cuidados redobrados na higiene oral, atentando
para não machucar a gengiva.A prática regular de exercícios que fortaleçam a
musculatura, é fundamental para um hemofílico.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO BIOMÉDICO?
O Biomédico está presente na modernização dos exames para a identificação da hemofilia, assim como a sua contribuição na Terapia Gênica.
REFERÊNCIASAs Bases Moleculares da Hemofilia A: Simone
Ferreira Pio, Guilherme Corrêa de Oliveira, Suely Meireles Rezende. Trabalho realizado pela FIOCRUZ; pelo Centro de Pesquisa Renè Rachou; Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais: UFMG.
Blog de um Hemofílico. Disponível em: maxanarellidebemcomavida.blogspot.com. Acesso em 11/10/2009.
Hemofilia. Disponível em: www.drauziovarella.com.br. Acesso em 14/10/2009.
REFERÊNCIASGenética Comunitária e Hemofilia em uma
população brasileira: Vânia Caio, Roberto Silva, Luis Magna, Antonio Ramalho. Pontifícia Universidade Católica de Campinas – SP e Unicamp.
Hemofilia. Disponível em: www.drauziovarella.com.br. Acesso em 14/10/2009
Manual de Bolso: Convivendo com a Hemofilia. Federação Brasileira de Hemofilia, 2007.
O que é Hemofilia? Disponível em: hemofilia.sites.uol.com.br/hemo.htm. Acesso em 10/10/2009.
REFERÊNCIASSIMMONS, Michael; SNUSTAD, Peter.
Fundamentos de Genética, 2ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
THOMPSON & THOMPSON. Genética Médica. 6ªed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
Universidade Federal de Minas Gerais – ICB. Marisa Bianco Bonjardim: Quimerismo e Mosaicismo em seres humanos. Disponível em: http://www.icb.ufmg.br/big/genegrad/genetica/genetica/mosaicismo.htm. Acesso em 17/10/2009.
VERRASTRO, Therezinha; LORENZI, Therezinha Ferreira; NETO, Silvano Wendel. Hematologia e Hemoterapia: Fundamentos da morfologia, fisiologia, patologia e clínica.1 ed. São Paulo:Atheneu, 2005.
ACADÊMICOSCamila VieiraCaroline BrandãoErickson PabloHerlice VerasHildilaura do ValeIara GóisJuliana Saraiva Yuri BrandimPaulo Tércio