Post on 30-Jul-2015
ENSINO SUBLIMINAR: O USO DE MÉTODOS SUBLIMINARES EM SALA
DE AULA
Subliminal Teaching: The Use of Subliminal Methods in the classroom
Osvaldo Lazaro Salerno1
Orientador: Prof. Mr Lucas Felix de Oliveira2
RESUMO: O presente trabalho apresenta uma abordagem do uso de recursos subliminares em
contexto de sala de aula, com a finalidade de apresentar uma possibilidade de exploração da
mente inconsciente potencializando a capacidade de aprendizagem dos alunos inibindo possíveis
barreiras psicológicas, além de agir como agente motivacional dentro do processo. Para tal foi
realizada uma pesquisa bibliográfica com o objetivo de averiguar a viabilidade do método
subliminar bem como das tecnologias que podem ser aplicadas nesse contexto.
PALAVRAS CHAVES: Subliminar, Ensino, Inconsciente, Psicologia.
ABSTRACT: The present work presents an approach of the use of subliminal resources in the
classroom context, with the purpose of demonstrating the possibility of exploring the
subconscious mind potentializing the capacity of the students' learning, putting an end to any
psychological barriers and acting as a motivational agent inside this process. For doing this, a
bibliographical research was accomplished with the objective of discovering the viability of the
subliminal method as well as of the technologies that can be applied in that context.
KEY WORDS: Subliminal, Teaching, Subconscious, Psychology.
______________________ 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal
do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba - MG. E-mail: osvaldolazarosalerno@msn.com
*Licenciado em Química pela Universidade de Uberaba (UNIUBE).
Discente do curso de Especialização em Docência na Educação Superior pela Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM). 2 Professor Orientador: Lucas Felix de Oliveira.
** Graduado em Psicologia e Licenciatura pela Universidade de Uberaba (UNIUBE), Pós-Graduação em
Administração do Serviço de Saúde pela Universidade de Ribeirão Preto. Mestre em Ciências e Valores Humanos
pela Universidade de Uberaba.
2
INTRODUÇÃO
Este artigo é resultado de uma pesquisa bibliográfica que aborda o uso de recursos
subliminares em ambiente de sala de aula. Parte da expectativa de se criar um novo modelo
didático que explore a percepção subliminar, com intuito de trazer algumas contribuições para
melhorar a qualidade do ensino utilizando a mente inconsciente como auxiliadora do processo
ensino-aprendizagem.
Dentro dessa temática analisa o funcionamento da percepção subliminar, quais recursos
tecnológicos podem ser usados em aula e os possíveis benefícios que esse novo modelo didático
pode trazer para os alunos.
Para essa finalidade foram pesquisados livros, sites e artigos com intuito de verificar o
que outros autores já relataram sobre esse assunto. Em geral faz uma transposição de outras áreas
do saber como Psicologia, Propaganda e Publicidade que já se favorecem com teorias que usam a
mente inconsciente para finalidades distintas direcionando esses estudos para a prática educativa.
O estudo em questão se justifica pela necessidade cotidiana dentro das escolas de se
promover um ambiente que possibilite ao máximo a aprendizagem dos alunos.
É notório que o uso de mensagens subliminares desenvolvidas por especialistas em
publicidade gera uma tendência comportamental nas pessoas que acabam sendo influenciadas a
adquirir determinado produto. A inquietação que ocorre ao estudar esse tipo de tema é “Por que
não usar esses estudos para favorecer a aprendizagem?”.
Em um contexto de constantes transformações decorrentes das novas tecnologias de
informação, a educação cada vez mais se beneficia de novos recursos em um ambiente no qual
ocorre a minimização das distâncias através de novas modalidades de ensino como Ensino a
distância (EAD), teleconferências, entre outros, que remete a um fenômeno de globalização
educacional.
Nesse novo cenário cada vez mais dinâmico, os estudos focados em promover melhoras
na qualidade do ensino tendem a assumir os mais diversificados rumos diante das novas
abordagens e problemas apresentados nesse contexto. Tendências mudam de acordo com a
problemática apresentada, bem como novas pesquisas trazem avanços no processo ensino-
aprendizagem.
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Tais estudos proporcionam melhor compreensão dos paradigmas que norteiam o meio
educativo. Dentre as diversas ciências auxiliadoras da educação ressalta-se a psicologia que é o
estudo de todas as manifestações humanas compreendidas pelo intelecto ou razão. Vários foram
os pesquisadores dessa área que deram contribuições significativas e de impacto que são
utilizadas até o presente momento para se compreender os aspectos constituintes da
aprendizagem. Dentre esses destacam-se por seus trabalhos Skinner, Piaget, Rogers, Vygotsky e
Gardner.
ABORDAGEM SUBLIMINAR
O funcionamento da mente também vem sendo priorizado em outras áreas do
conhecimento. Dentre essas é possível citar a neurociência e até mesmo setores como de
publicidade e propaganda que se favorecem com pesquisas relacionadas ao comportamento
humano, tendo em vista a necessidade de atender ao mercado que gira em torno do consumo.
Para melhor compreender como a mente processa informações é preciso analisar o
mecanismo pelo qual ocorre a coleta de informações e como essas são racionalizadas pela mente.
A percepção humana é a função cerebral que atribui significado aos estímulos sensoriais
que por sua vez são interpretados por mecanismos de associação dos quais variam de acordo com
a vivência e padrões internos de cada individuo.
Day (1979) apresenta um capítulo destinado a descrever a percepção e a aprendizagem.
Demonstra que desde criança os seres humanos são dotados da capacidade de distinção das
percepções e que à medida que ocorre o amadurecimento cerebral, esses vão ficando cada vez
mais aprimorados. Assim quanto maior é a idade do indivíduo, mais real é o ambiente percebido.
Dentro de seus estudos Day (1979) fala da importância dos órgãos sensoriais nas
experiências perceptivas.
Todo conhecimento chegaria ao individuo por meio dos órgãos sensoriais. Em virtude dessa concepção, intensificaram-se o interesse pela estrutura e funcionamento dos órgãos sensoriais e a preocupação com a contribuição tanto das experiências passadas como dos processos inatos para a experiência perceptiva. (DAY, 1979, p.5)
Essa afirmativa remete a complexidade do fenômeno perceptivo no âmbito dos processos
sensoriais e sua diversificada forma de estimulação e interpretação.
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A percepção pode ser classificada como consciente ou subliminar, sendo a segunda
denominada dessa forma devido ao fato de receber estímulos sensoriais que estão em um limiar
abaixo da linha da consciência normal.
O limiar é o diferencial entre os estímulos que sensibilizam os sentido e os que não
sensibilizam.
O site http://martakatv.mvhosted.com/ traz outros conceitos de limiar como:
Limiar absoluto: nível mais baixo no qual um indivíduo pode experimentar uma sensação.
Limiar relativo: ou d.m.n. (diferença marginal notada): diferença mínima que pode ser
detectada entre dois estímulos similares. A diferença marginal notada não é um número absoluto,
mas relativo.
Malgarejo (2002, p.24) faz uma analogia do funcionamento da mente com um
computador e explica que os sentidos são fontes de entrada e saída de informações e que os
órgãos do sentido podem ser comparados a hardwares que coletam informações, que por sua vez
são analisadas por nossa mente que atua como software. Assim a codificação dessas informações
se dá pela percepção.
Quando os órgãos são sensibilizados por um estímulo esse leva a informação por meio de
sinais elétricos que percorrem o cérebro e lá são transformados em informação útil.
Segundo Puentes (1996, p.48) a mente humana funciona através de áreas cerebrais
distintas.
“A mente funciona através de áreas cerebrais distintas, que são: percepção, não-consciente
(aqui estão englobados: subconsciente, inconsciente, inconscientes coletivo etc, aos efeitos de
resumir e fazer uma divisão mais objetiva), consciente e pré-motora”. (PUENTES, 1996, p.48).
Esse modelo segmentado mostra que cada região é responsável por diferentes tarefas.
Para o estudo em questão destacam-se duas regiões importantes que são a mente
consciente e mente inconsciente.
A primeira é responsável por todas as analises lógicas, racionais. Através da mente
consciente toma-se ciência das coisas que ocorrem no decorrer da vida, é por meio dela que se
resolvem os problemas e se interpreta tudo que acontece. Em geral essa fica em prevalência
comandando o tempo todo.
Puentes (1996) caracteriza a mente consciente como:
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Se localiza na zona frontal e faz parte do córtex e sub-córtex cerebral . Sua função é a de ordenar, analisar e discernir toda a informação que recebe do subconsciente, e fazer com que se cumpram as ordens que lá chegam. O consciente é a mente objetiva, governa o sistema nervoso e tem sua base no cérebro. Governa os músculos voluntários e os sentidos (paladar, tato, audição, visão e olfato). É a parte da mente que analisa, sintetiza, deduz, raciocina, etc. A memória do consciente é imperfeita e nula, porque esquece. (PUENTES, 1996, p.49)
Nessa ótica percebe-se a prevalência dessa região no decorrer das atividades cotidianas.
A mente inconsciente é o local onde ficam retidas informações antigas como trajetória de
vida, formação moral, traumas. Também é responsável por características como a criatividade e
recordações de vidas passadas. Ela também tem a função de reservatório.
Puentes (1996) descreve a mente inconsciente como:
É uma pequena zona que estaria situada debaixo do subconsciente, na qual estão gravados todos os instintos primários do individuo (sexo, perpetuação, defesa, etc), ou seja, todos os instintos elementares que acompanham o ser humano, desde sua origem selvagem, perdido na noite dos tempos. Estas gravações nunca chegam a ser conscientes à vontade. (PUENTES, 1996, p.50).
Por essa razão muito do que se aprende ou se absorve fica retido no inconsciente e não
chega a mente consciente.
Para que não aja uma sobrecarga devido à quantidade de informações que são absorvidas
pelos órgãos do sentido, a mente faz a separação desses estímulos através de um mecanismo
semelhante a um filtro, e define o que é importante e deve ser interpretado, e o que não é
relevante.
Essa distinção ocorre o tempo todo. Uma pessoa ao conversar com outra na rua se
concentra na conversa e não escuta o som dos pássaros, dos carros e de outras pessoas. Isso
ocorre porque o foco de sua atenção está no diálogo. Esse tipo de comportamento é chamado de
atenção seletiva. Porém, mesmo não percebendo, os órgãos do sentido estão coletando o
estímulo.
No exemplo anterior a pessoa que está conversando escuta os pássaros, mas não toma
consciência disso. Esse estímulo auditivo chega à mente e é filtrado ficando retido no
inconsciente.
A todo instante estímulos sensoriais afetam os indivíduos direta ou indiretamente
influenciando-os em sua forma de agir e pensar. Por está razão os estudos envolvendo estímulos
subliminares sempre foram motivos de controvérsia, polêmica e especulação dentro do campo
cientifico e até mesmo no poder legislativo.
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Nos Estados Unidos existem legislações específicas que proíbem o uso de mensagens
subliminares em propagandas de produtos exibidos por veículos de comunicação em massa. No
Brasil tramita no senado o projeto de Lei 4068/08, do deputado Walter Brito Neto (PRB-PB) com
a mesma finalidade. Isso para se evitar excessos ou induzir determinados comportamentos
consumistas.
Por esse motivo é preciso ter cautela ao abordar um estudo sobre percepção subliminar e
uso de mensagens subliminares em sala de aula, pois este precisa estar muito bem amparado por
padrões éticos que regulamentem seu uso da maneira correta e não como simples forma de
manipulação de pessoas.
Em um ambiente escolar existem fatores internos e externos que influenciam a
aprendizagem. Dentre os fatores internos pode-se citar em primeira instância a “Motivação”, que
é definida pelo dicionário Aurélio como:
“Conjunto de fatores, os quais agem entre si, e determinam a conduta de um individuo”
(DICIONARIO AURELIO, p. 374).
O fator motivacional se estabelece à medida que ocorre a pré-disposição de um indivíduo
em “querer algo” em determinada situação. Assim a motivação consiste em um fator interno do
homem.
Vários estudos da área da educação mencionam o valor da motivação como agente que
opera a favor da aprendizagem. Tais tendências levam os professores a buscar no seu dia a dia
dentro das salas de aula os mais diversificados meios para promover a motivação dos alunos em
aprender. Contudo nem sempre conseguem êxito em seus esforços e acabam por desanimar
atribuindo o fracasso a uma serie de outros fatores.
A questão importante a se refletir é: “Como fazer essa motivação surgir?” já que ela é
interna e não depende apenas dos estímulos externos. Muitos especialistas atribuem como fator
de motivação a contextualização, pois através dela é possível criar uma aproximação do que é
estudado em forma de teoria com a vida real.
Essa ponte entre o saber teórico e o cotidiano facilita de maneira significativa a
aprendizagem.
Outro aspecto determinante no processo se estabelece a partir da experiência que é
individual e inerente a cada um. A experiência se cria e se converte em conhecimento dentro da
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realidade vivenciada pelo aluno que pode vir a ser um ponto referencial para o surgimento da
motivação.
É sabido que os seres humanos se interessam por aquilo que conhecem. Assim é mais
fácil se sentir motivado por algo que já é do conhecimento do que por um assunto novo.
Day (1979) reforça essa idéia falando do diferencial entre a aprendizagem de indivíduos
motivados e não motivados.
Hoje em dia, a relação entre aprendizagem e motivação se acha bem estabelecida, embora a natureza dessa relação ainda seja motivo de controvérsia. O individuo motivado aprende diferentemente do individuo não motivado. Assim como a aprendizagem está envolvida na percepção, assim também é de esperar que o estado motivacional do observador afete sua percepção. Em suma, o que é percebido é, em parte, uma função de seus motivos. (DAY, 1979, p.91)
Essa análise aponta como a relação motivação-percepção está sempre interligada, e se
torna determinante no desenvolvimento da aprendizagem.
Como em geral os alunos estão vendo determinado tema pela primeira vez, se não houver
uma conexão do assunto estudado com sua vida cotidiana ou em sua profissão, provavelmente
não se sentirão motivados a estudar.
Tanto experiência quanto motivação são fatores que afetam a percepção, e por isso são tão
amplamente mencionados por pesquisadores como grandes facilitadores do processo.
O uso de recursos subliminares em sala de aula poderia acarretar grandes vantagens
levando em consideração esse aspecto. Isso porque já se sabe que os estímulos subliminares bem
como as mensagens subliminares afetam nosso inconsciente induzindo determinados
comportamentos.
Malgarejo (2002) mostra a possibilidade de se utilizar esse recurso para fins construtivos:
Poderemos estar, enquanto interagimos com os meios de comunicação de massa, em contato com alguma técnicas de estimulação subliminar, que apesar de geralmente serem anti-éticas e tendenciosas os estímulos subliminares podem ser utilizados, se utilizados da forma correta, para estimular o trabalhador a desenvolver melhor sua tarefa, tornar-se mais produtivo e eficiente. (MALGAREJO, 2002, p.132)
A questão é compreender essas técnicas de estimulação subliminar e aproveitá-las como
potencializadores dentro de sala de aula.
Dessa forma se torna possível introduzir estímulos subliminares de caráter positivo
objetivando motivar os alunos a estudar.
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Em uma aula que utilizasse projeção por datashow poderia ser inserido, através de
programas específicos com função de taquicoscópios, mensagens subliminares para motivar os
alunos como:
“EU GOSTO DE ESTUDAR ESSE ASSUNTO”
“EU ME INTERESSO POR ESSE TEMA”
“É INTERESSANTE ESTUDAR ESSA MATÉRIA”.
As sugestões subliminares ao serem captadas por nossos órgãos e não sendo assimiladas a
nível consciente ficam retidas no inconsciente, lá permanecem agindo sobre os indivíduos que
acabam por interiorizar essas se sentindo motivados a estudar mais.
Puentes (1996) acredita na efetividade do uso do inconsciente para melhorar condutas
através de sugestões:
“As sugestões destinadas a capacitá-lo a alcançar metas especificas, entram na mente pré-
consciente ou inconsciente (subconsciente) e permanecem ali, ativas, exercendo influências na
conduta e nos sentimentos. (PUENTES, 1996, p.40)”.
Isso ocorre porque o inconsciente aceita a sugestão induzindo ao comportamento
esperado.
Outro fator positivo na aplicação de mensagens subliminares vem de encontro a um
problema elucidado por vários educadores, o fato de certas áreas do conhecimento, sofrerem
discriminação por possuírem uma rotulação de matéria difícil ou complicada. Dentre essas
podemos citar a Química, Física e Matemática que muitas vezes são vistas como as grandes
“vilãs” para os estudantes.
Nesse sentido em aulas dessas matérias o uso de recursos com mensagens subliminares
poderia oferecer vantagens sendo utilizadas para remover as barreiras psicológicas imposta pelo
rótulo. Mensagens como:
“A QUÍMICA FAZ PARTE DA MINHA VIDA”
“SOU CAPAZ DE APRENDER QUÍMICA”
“APRENDER QUÍMICA É PRAZEROSO”
“QUÍMICA É FÁCIL”
Tornariam essas aulas menos penosas para os alunos, que por sua vez poderiam adquirir
uma nova concepção dessas matérias anulando o rótulo já previamente criado.
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Outro ponto que poderia ser explorado no uso de mensagens subliminares é o hábito de
estudo. Em geral pesquisas apontam que a maior parte dos estudantes não tem um planejamento
de seus estudos e muitas vezes não possuem o hábito de estudar fora das escolas ou
universidades.
Essa conduta pode atrapalhar o desenvolvimento dos alunos no decorrer de suas vidas.
Esse fator poderia ser minimizado ao usar mensagens subliminares incentivando os educandos a
estudarem e criarem o hábito de estudar. Para isso poderiam ser introduzidas sugestões
subliminares melhorando esse aspecto como, por exemplo:
“DEVO ESTUDAR PARA APRENDER MELHOR”
“É PRECISO ESTUDAR CONSTANTEMENTE”
“ESTUDANDO MINHA VIDA SERÁ MELHOR”
“VOU CRIAR O HÁBITO DE ESTUDAR”
“ESTUDAR É BOM”
Ainda poderiam ser formuladas outras sugestões como forma de incentivo, para melhorar
a questão da evasão escolar como:
“ESTOU ME SAINDO BEM NOS ESTUDOS”
“VOU CONTINUAR ESTUDANDO”
“DEVO PERSISTIR SEMPRE NOS MEUS OBJETIVOS”
Os exemplos citados evidenciam apenas uma pequena parte dos recursos subliminares: as
“mensagens subliminares escritas” em forma de frases que podem ser projetadas por
equipamentos com função de taquicoscópio.
Taquicoscópios são aparelhos que projetam imagens em alta velocidade simultaneamente
a uma projeção convencional, essas imagens podem receber figuras ou mesmo mensagens
escritas, que devido a alta velocidade são incapazes de serem assimiladas a nível consciente pelo
sistema visual humano, mas são captadas e levadas ao interior da mente inconsciente.
O site http://www.musicaeadoracao.com.br/efeitos/mensagens_subliminares.htm traz um
artigo de Wilson Porto Reis no qual ele descreve uma série de aplicações de mensagens
subliminares em experimentos, bem como sua aplicação até mesmo em quadrinhos infantis.
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O desenvolvedor do programa SILENTIDEA, demonstra várias situações positivas nas
quais as mensagens subliminares podem ser atribuídas. Vão da aprendizagem de línguas
estrangeiras e aumento da capacidade de memorização, até o aumento da auto-estima e mudanças
de hábitos e atitudes autodestrutivas.
Em reportagem da revisa Mundo Estranho (ME) edição de dezembro de 2008, é descrito
um experimento realizado em meados de 1957 pelo publicitário americano Jim Vicary que
provou os efeitos das mensagens subliminares utilizando a projeção por um aparelho dessa
natureza durante a exibição do filme férias de amor, onde foi introduzida uma mensagem
subliminar incentivando o consumo de pipoca e Coca-Cola.
O resultado obtido foi um aumento significativo do consumo destes produtos, provando
assim a eficácia desse recurso.
Batista, Rodriges, Brizante et all (2008) comentam outro experimento de Cheesman e
Merrikle (1984) no qual eram utilizadas cores e nomes de cores, expostas rapidamente em tela de
projeção, mesmo não conseguindo ler o conteúdo ou ver a cor devido a alta velocidade de
exposição, ao serem questionados sobre quais nomes e cores tinham percebido, os voluntários
obtiveram 66% de acerto, o que evidencia o efetividade da percepção subliminar.
As mensagens subliminares escritas devem seguir certas regras para que sejam mais bem
aceitas pela mente inconsciente. Dentre alguns aspectos a serem revisados em sua construção
destacam-se:
• O uso de frases afirmativas ou imperativas.
• Construção em primeira pessoa do singular.
• Exclusão do termo “NÃO”.
• Evitar frases de cunho negativo ou que enfatizam perdas.
• Preferencialmente as palavras devem ser escritas em caixa alta ou negrito.
Estes pontos destacados se justificam pela forma como a informação chega até a mente. A
mente geralmente possui dificuldades de assimilar o não ou frases que denotem perda. Isso
porque os seres humanos são programados para ganhar e não para perder. Dessa forma o
inconsciente reage melhor quando as mensagens possuem caráter afirmativo ou imperativo.
O termo de negação “não” também é excluído pela mente inconsciente transformando
uma frase negativa em positiva, exemplo: não vou ser preguiçoso, com a exclusão do Não a frase
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se torna “vou ser preguiçoso” mudando toda a lógica da sugestão e por isso deve ser evitado. A
mesma frase poderia ser transcrita desta forma “vou ter disposição para fazer minhas atividades”.
As frases devem ser escritas em 1ª pessoa do singular, pois é dessa forma que se conversa
estabelecendo um diálogo interno. Devem ser escritas em caixa alta ou negrito para que tenham
ênfase o que chamará a atenção para o que está escrito mesmo que a nível inconsciente.
Existem muitas outras formas de se utilizar estímulos subliminares. Ainda mais efetivas
que as mensagens em forma de texto, o uso de imagens é um fator potencial a ser utilizado.
As imagens possuem poder de sugestão maior que o texto, isso porque a mente
inconsciente faz comparações analógicas que são processadas mais rapidamente quando se usa
esse tipo de linguagem. Alguns estudos recentes como, por exemplo, a Programação
Neurolinguística (PNL) remete a essa perspectiva elucidando que a mente inconsciente trabalha
melhor através da comunicação com imagens e metáforas.
Dentre os principais estudos nessa área destacam-se os de Richard Bandler e Milton
Erikson (1927-1977) considerado o pai da hipnose moderna e que percebeu a importância da
utilização do inconsciente como provedor de mudanças de conduta.
Outros estudos explicam de maneira diferente a efetividade das imagens, através da
atividade cerebral. Calazans (2007) descreve um estudo que fala sobre os hemisférios cerebrais,
sendo o hemisfério esquerdo responsável pela análise digital da informação e o hemisfério direito
pela assimilação Analógica.
A informação digital precisa ser racionalizada. Um exemplo de informação digital pode
ser manifestado por um pedido de informação de endereço. Ao pedir um endereço de uma
residência a uma pessoa, essa nos fala o nome da rua, bairro e número. Assim para chegar ao
destino é preciso analisar todas as informações, ler as placas das ruas até achar a rua certa, depois
verificar o número.
Essa mesma informação pode ser dada de maneira analógica, quando alguém dá as
coordenadas do endereço, como: “a segunda rua à direita. É uma casa de cor verde”.
É importante ressaltar que mesmo tendo funções diferentes, os hemisférios cerebrais não
funcionam isoladamente, e por isso não é possível desenvolver técnicas visando o impacto em
apenas um dos hemisférios.
Alguns estudos mostram que a informação é mais rapidamente assimilada quando ocorre
de maneira analógica. Isso se deve ao fato da mente realizar comparação por processos internos
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fazendo com que a sinapse ocorra mais rapidamente percorrendo um caminho distinto. Por isso
metáforas e imagens são mais efetivas, se beneficiando da associação e comparação, que remete
novamente a percepção.
O uso de imagens subliminares se mostra funcional por diversos fatores psicológicos,
entre esses nota–se algumas tendências dos seres humanos em relação à percepção visual.
Pesquisas no campo da Gestalt salientam esses fatores que são:
• Tendência a estruturação: que evidencia uma tendência de agrupar coisas semelhantes;
• Figura-fundo: tendência a se notar uma figura principal que se sobressai ao fundo, não
muito bem definido.
• Pregnância das formas: é um modo de organização visual, que se estabelece a partir da
clareza, equilíbrio e unificação dos elementos visuais.
• Constâncias perceptivas: conjunto de fatores constituintes da percepção humana e que são
formados na infância.
Os psicólogos alemães Max Wertheimer (1880-1943), Wolfgang Köhler (1887-1967) e
Kurt Koffka (1886-1940) demonstraram em suas pesquisas sobre a Gestalt, que o todo de uma
imagem é mais complexo do que uma simples somatória das partes o que facilita a introdução de
outras formas de imagens em um contexto que pode se tornar uniforme e não perceptível.
Por essa razão é possível criar imagens com outras imagens embutidas que podem ser
percebíveis ou não. Esse tipo de estudo vem sendo aperfeiçoado por publicitários e até mesmo
por artistas e pode ser aplicado também em contexto de sala de aula.
Magron, Machado e Silva (2002) citam alguns aspectos utilizados na construção de imagens
com caráter subliminar sendo:
• Inversão de figura-fundo.
• Embutir imagens dentro de imagens.
• Imagens com duplo sentido.
• Uso de projeção taquicoscópica.
• Luz de baixa intensidade.
• E luz de fundo.
Imagens como fonte de sugestões subliminares, podem ser agregadas em diversos
recursos didáticos apresentados em sala de aula. Assim é possível usar imagens subliminares na
criação de Slides que podem ser reproduzidos em datashow, em lâminas de retroprojetor, em
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painéis, vídeos educativos, aulas com utilização de computadores, apostilas e até mesmo em
instrumentos de avaliação como provas escritas.
Essas imagens podem ser projetadas por taquicosquópios semelhante às mensagens
subliminares escritas, ou inseridas em figuras como sugere a semiótica estudada por Calazans
(2006) através de iconesos ou discurso gráfico.
Através de materiais impressos é possível inserir iconesos em imagens adicionando
significados extras ao conteúdo principal, que pode reforçar ainda mais a aprendizagem ou
dependendo do caso a memorização.
O quadro demonstrado por Calazans (2006) descreve os processos pelos quais podem ser
agregadas as mensagens subliminares.
QUADRO 1: FONTES EMISSORAS DE ESTIMULOS SUBLIMINARES
ORGÃO
SESÓRIO
RECEPTOR
BASE CÓDIGO DE
COMUNICAÇÃO
TIPO DE
MENSAGEM
TÉCNICA SUBLIMINAR VÉÍCULO
PROJEÇÃO
TAQUICOSCÓPIA
CINEMA
TELEVISÃO/VIDEO
COMPUTADOR
VISÃO PERIFÉRICA
(PISCA/MOVIMENTO)
CINEMA
TELEVISÃO/VIDEO
INTERNET
VITRINE DE LOJA
PALCO DE TEATRO
PALANQUE DE POLÍTICO
NÉON
ICONESOS
FOTOGRAFIA
DESENHO/PINTURA
LOGOTIPO
OLHO
FÍSICA
VISUAL
DINÂMICA
IMPRESSOS
DISCURSO
GRÁFICO
ONOMATOPÉIA (HQ)
JORNAL
REVISTA
LIVRO
14
ESTÁTICA
AMBIENTE/URBANO PANFLETO
OUTDOOR/CARTAZ
PLACA/FACHADA DE LOJA
GRAFITE/PINCHAÇÃO
ENGENHARIA DE SOM
SUBLIMINAR
SUPERMECADO
CONSULTÓRIO/ESCRITÓRIO
CINEMA
FUNDO MUSICAL/JINGLE TELEVISÃO/VÍDEO
RÁDIO
TEATRO
PALANQUE POLÍTICO
OUVIDO
FÍSICA
AUDITIVO
SONORA
VERBAL
FIGURAS DE
LINGUAGEM
IMPERATIVOS
RIMA/REFRÃO
PERGUNTA COM
RESPOSTAEMBUTIDA
VENDA PESSOAL
BOATOS
SLOGANS
FALA
PELE FÍSICA TÁTIL - TEXTURA TIPO DE PAPEL DOS
IMPRESSOS MATRIAL DAS
EMBALAGENS
NARIZ QUÍMICA OLFATIVO - ESSENCIAS/FRAGÂNCIAS
FEROMÔNIOS
TINTA DOS IMPRESSOS
TEATRO
PALANQUE POLÍTICO
LÍNGUA QUÍMICA PALATINO - SABORES ALIMENTOS
PASTA DE DENTES
CIGARROS
FONTE: MENSAGENS SUBLIMINARES MULTIMÍDIA (QUADRO SINÓTICO) CALAZANS (2006)
O caminho realizado pelos estímulos subliminares passa pelos seguintes passos:
• 1º Recepção do estímulo por via dos órgãos do sentido
• 2º Sinal transmitido ao nervo óptico
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• 3º Envio para o córtex
• 4º Dependendo do tipo de estímulo ocorre a passagem para o Lobo Parietal ou Lobo
Temporal.
• 5º Chegada à mente inconsciente.
• 6º Saturação do conteúdo subliminar no inconsciente.
• 7º Ação ou conduta proveniente da sugestão.
Em geral existem várias fontes emissoras de estímulos ou mensagens subliminares. A
questão é conseguir desenvolver técnicas que possibilitem estabelecer conexão com a prática
educativa.
Além de estímulos subliminares visuais é possível trabalhar com estímulos auditivos,
olfativos e táteis.
Os seres humanos utilizam mais os sentidos da visão e audição por uma questão
evolutiva. Até o presente momento foram citados estímulos subliminares visuais via mensagens
de texto escritas e através de imagens.
Saindo desse enfoque e passando para a audição, existe a possibilidade de desenvolver
materiais didáticos se favorecendo da inserção de conteúdo subliminar a partir de sons ou
músicas.
É comum em aulas o uso de música fundo, ou mesmo em aulas de português a realização
de análises de letras musicais. Esses materiais pedagógicos podem receber conteúdos de
sugestões subliminares implícitas.
Hoje, as novas tecnologias proporcionam a produção de materiais didáticos com maior
facilidade e menor custo. Existem na Internet diversos programas pagos e gratuitos capazes de
produzir áudios de boa qualidade.
Malgarejo (2002, p.122) fala do uso de programas específicos como Subliminar Record
System, capaz de gerar áudios com conteúdo subliminar e em freqüências que induzem estados
alterados de consciência.
Menos específicos que esse programa, existem editores de música, como o programa
Sound Forge, que podem vir a ser utilizados na elaboração de áudios com conteúdo subliminar.
A criação de áudios subliminares parte das seguintes perspectivas:
1ª Mixagem: A interposição ou sobreposição do som é geralmente usada na construção de
mensagens subliminares dentro de sons ou músicas já existentes.
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A música principal entra como tema ficando a mensagem subliminar imperceptível
enquanto fundo.
2ª Construção: É possível utilizar três vias na construção dessas mensagens:
• A primeira e através de velocidade aumentada.
• A segunda invertendo-se a mensagem embutida de maneira que ela seja ouvida de traz
para frente.
• A terceira reduzindo o volume até uma freqüência imperceptível ao ouvido humano.
O conteúdo da sugestão deve seguir o mesmo princípio de construção das mensagens
escritas diferenciando-se apenas pelo fato de as sugestões serem feitas verbalmente e gravadas
através de microfone.
Embora não sendo percebidas conscientemente, as informações contidas nos áudios
subliminares conseguem chegar até o inconsciente e lá agem influenciando a conduta. O ouvido
humano consegue perceber freqüências na faixa de 15 Hz a 24.000 Hz, ou 24 MHz. Porém, sofre
variação de acordo com a idade do indivíduo, sendo que em pessoas com mais idade ocorre a
perda da audição de certas faixas.
Freqüências abaixo de 15 Hz não são captadas a nível consciente sendo retidas no
inconsciente.
Calazans (2006) aponta uma análise sobre a efetividade de sons com ritmo de 80 ciclos
por segundo capazes de produzir estados alterados de consciência. A explicação para esse
número se deve a comparação inconsciente com as batidas do coração de uma mãe
amamentando. Também fala da potencialidade de sons com 72 batidas por segundo que é uma
freqüência semelhante às batidas cardíacas.
Puentes (2001) comenta que em alguns seguimentos religiosos são usadas músicas com
ritmos semelhantes a esse ciclo para induzir transes sendo possível uma reprogramação
psicológica do indivíduo através de sugestões.
Ao ficar exposto a essa freqüência, o indivíduo se torna mais sensível a sugestões que
podem ser dadas de maneira inconsciente ou consciente.
Carreiro (2006) cita exemplos de transe provocados por ingestão de substâncias químicas
como o chá do Santo Daime, mediante as músicas que se baseiam nessa mesma lógica.
No seminário “Subliminares e Cognição Conduta”, Dutkevicz Reis (2001) reforça a
possibilidade de se usar recursos subliminares em aulas apoiados pela idéia de Faria.
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“A tecnologia subliminar sonora não se limita somente ao cinema, à publicidade e aos
shows, mas segundo Faria, presta-se também à aprendizagem subliminar, já que pode ser
utilizada como recurso de ensino (CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.9)”.
Essa afirmativa ressalta a possibilidade de se utilizar técnicas subliminares em contexto
educacional promovendo melhoras a partir do uso do inconsciente.
Apesar de serem menos utilizados, o tato e o olfato constituem fontes a serem explorados
de maneira inconsciente em aulas, principalmente se voltadas à questão da apatia.
Dentro dos fundamentos da PNL encontramos características relacionadas ao toque.
Segundo esses estudos é possível por meio de associações, resgatar acontecimentos ou mesmo
sensações que estão guardadas no interior da mente inconsciente através de condicionamentos
criados durante essas lembranças.
É natural alguém se lembrar de uma pessoa ou acontecimento marcante ao ouvir uma
música que tocava na ocasião do acontecimento ou mesmo quando se estava na presença da
pessoa ao qual se tem recordação.
Isso porque a música tornou-se uma extensão do acontecimento que gerou um trajeto
através da comunicação elétrica cerebral, ou seja, através de uma sinapse. Assim a música se
tornou um gatilho para resgatar a lembrança.
Em hipnose acontece o mesmo procedimento sendo denominado signo-sinal ou sinal
hipnogênico do qual acontece, por meio de reflexos condicionados, um desencadeamento
instantâneo do estado de transe do individuo que não precisa passar novamente por todas as
etapas do processo hipnótico.
Da mesma forma é possível criar esse condicionamento por meio do toque resgatando
uma sensação ou mesmo se criar um condicionamento novo.
Em seu artigo intitulado Âncoras e Estratégias, disponível no site
http://www.descubrapnl.com.br/artigos/ler_artigo.php?art_id=43234015812e0 Rodrigo Zambon,
fala sobre técnicas de PNL que visam utilizar representações internas ou externas para resgatar
reação ou estados internos, sendo essas denominadas âncoras.
Zambon (2003) define ancora como sendo:
“Uma âncora é qualquer estímulo ou representação tanto externa quanto interna, que gera
determinada reação ou estado interno. As âncoras podem ocorrer com naturalidade ou serem
criadas para fins específicos”. (ZAMBON, 2003)
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Fazendo uma transposição desses conceitos à prática educativa é possível criar condições
dentro de sala de aula para que ocorram essas associações.
É possível trazer a lembrança de uma boa aula de química experimental por meio de um
aperto de mão. Desde que esse tenha ocorrido durante o momento da aula.
Em artigo desenvolvido pelo Instituto de Neurolinguística Aplicada (INAp), sobre a
utilização da neurolinguística na educação é descrita a importância dos gestos no processo.
O tom de voz, os gestos, as frases que usamos, a expressão facial, o contato visual etc são comunicações de pressuposições subjacentes e formam um “conjunto” que determina como somos percebidos pelas pessoas a quem nos dirigimos. Essa percepção é processada principalmente pela mente inconsciente. Ë importante ficarmos atentos porque, de alguma maneira, “nós somos a mensagem! (INAP, 2008, p.4)”.
Dentro dessa perspectiva o modo como se age torna-se fundamental durante o processo e
deve ser sempre aproveitado, se favorecendo dos momentos marcantes.
Desenvolver bom relacionamento, criando condições de afinidade entre professor e aluno
e aproveitar essa relação através de técnicas de PNL, fortaleceria de maneira significativa o
trabalho docente.
O uso da percepção olfativa também pode ser considerado dentro da proposta subliminar.
Existem estudos na área de química referentes às substâncias denominadas feromônios que são
responsáveis pela comunicação inconsciente entre seres humanos e animais.
Essas substâncias são captadas por uma estrutura específica situada na cavidade nasal
chamada de Vomêronasal.
Os feromônios são substâncias de origem hormonal que são exaladas pelos corpos dos
animais como forma de comunicação. Nos insetos, como a formiga, essa comunicação é bem
perceptível através dos rastros (trajeto enfileirado de formigas). Através dos feromônios as
formigas são capazes de se guiar ou mesmo enviar informações umas às outras.
Nos seres humanos em geral os feromônios possuem características de comunicação
sexual, mas que podem ser utilizada para outros fins como melhorar a questão do relacionamento
interpessoal.
Esse recurso pode ser aplicado também na prática docente. Em lojas especializadas em
perfumes é possível adquirir perfumes à base de feromônios ou ativadores de feromônios. Assim,
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um professor que utilize esse perfume em ambiente de sala de aula pode por meio químico
estabelecer melhor relação com seus alunos.
Esse artifício pode melhorar a interação professor-aluno criando assim um elo que facilita
o processo ensino aprendizagem.
Também é possível criar associações olfativas semelhantes às táteis, utilizando cheiros
para trazer recordações de aulas e assim relembrar determinados conteúdos.
Essas associações são muito úteis até mesmo para conteúdos que exigem memorização.
Muitas instituições de ensino em especial as que enfatizam a preparação para o vestibular,
utilizam estratégias de ensino que se baseiam em técnicas de memorização como é o caso dos
conhecidos “macetes”, que em quase toda sua totalidade se baseiam em associações.
Assim, ao utilizar associações inconscientes seria possível desenvolver técnicas de
memorização ainda mais efetivas, pois essas ficariam enraizadas no inconsciente podendo ser
resgatada no momento oportuno pelo aluno.
Todos os recursos subliminares apontados podem ser trabalhados isoladamente ou mesmo
combinados entre si. O fator determinante no caso é o tempo de exposição desses estímulos, sua
aplicação dentro dos materiais didáticos desenvolvidos e o direcionamento dado pelo profissional
que os manipula.
Outro aspecto positivo é que os recursos subliminares podem ser utilizados em novas
modalidades de ensino com EAD, ou mesmo teleconferências, já que o computador e TV são as
principais vias de acesso a essa modalidade de ensino.
Ao analisar todas essas formas de abordagens subliminares percebem-se o papel da
percepção no ensino, bem como a possibilidade de utilizar esse recurso de maneira dirigida e
orientada para o desenvolvimento humano.
No contexto atual é possível perceber a aquisição dos conhecimentos de engenharia
subliminar, em geral sigilosos, inseridos principalmente na área de comunicação objetivando
desenvolver o consumo excessivo, a manipulação de pessoas via meios de comunicação e
aceitação de idéias pré-determinadas.
Conduta, Dutkevicz, Reis, et all (2001) comentam no seminário “Subliminares &
Cognição”, o ponto de vista do Prof Dr Fialho do curso de Pós Graduação em Ergonomia de
Softwares sobre a utilização dos recursos subliminares em aula.
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Ao aliarmos a pesquisa a respeito das mensagens subliminares à cognição, trazemos à tona uma proposta baseada nos conteúdos estudados em Ergonomia Cognitiva, disciplina ministrada pelo Dr. Francisco Fialho, na Pós-Graduação da EPS, UFSC, com o intuito de “chamar atenção” para o que pode ser um problema, do ponto de vista moral e legal, e, ao mesmo tempo, instrumento de aprendizado em salas de aula; onde professores conheçam, dominem e regulem, com responsabilidade, os meios, inclusive subliminares, capazes de enfocar o aluno como um ser não limitado apenas aos estímulos sonoros e conscientes, mas como ser amplamente capacitado para perceber e sentir mediante todos seus canais sensitivos de ligação com o mundo externo (CONDUTA, DUTKEVICZ, REIS, ET ALL, 2001, p.2).
Essa análise remete a reflexão da via de mão dupla que pode vir a ocorrer com o uso
desses recursos, o que reforça a necessidade de se desenvolver uma prática acompanhada e bem
orientada.
Freedman (1988) comenta que são usadas diversas técnicas com fins manipuladores, na
transmissão de filmes e propagandas, e adverte que essas possam ser usadas no futuro próximo a
partir de novos recursos tecnológicos até mesmo para hipnotizar os telespectadores.
“É possível que novos comerciais de alta tecnologia possam chegar a hipnotizar os
consumidores. Rápidas mudanças de cena, música e som pulsante, frases repetitivas e logotipos
piscantes são algumas destas técnicas (FREEDMAN, 1988, p.1)”.
Essa perspectiva futurista de cunho negativo remete a fatos concretos do uso
inconseqüente dos recursos subliminares na atualidade por meio de veículos de comunicação,
fato reforçado pela atual condição ambiental irregular referente à alta produtividade das
indústrias em função do capitalismo.
Calazans (2006) e Malgarejo (2002) também concordam que as técnicas subliminares vêm
sendo utilizadas com essas finalidades, ressaltam a preocupação com esse tipo de abordagem, até
mesmo na questão de saúde mental.
No site http://www.calazans.ppg.br/c008.htm Calazans comenta o uso de técnicas
subliminares no desenho Pokemon que provocou ataques de epilepsia em algumas crianças.
O próprio criador do programa SILENTIDEA adverte no site
http://www.codelines.com/silentidea/silentbr.htm que o programa não deve ser utilizado por
pessoas que sofram de epilepsia, pois os flashs podem afetar o sistema nervoso provocando
ataques.
Outros possíveis inconvenientes podem ocorrer ao utilizar essa metodologia, no caso do
uso de feromônios, há a possibilidade de que alguns alunos do sexo oposto que sejam mais
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sensíveis a este estímulo, se sentirem atraídos afetiva ou sexualmente pela pessoa que está
manipulando esse recurso, o que pode acarretar situações constrangedoras para ambas as partes.
Por esse motivo antes de adotar a metodologia subliminar é necessário a realização de
procedimentos experimentais dentro de instituições de ensino através de pesquisas mais
aprofundadas para que possam ser coletados dados suficientes sobre todos aspectos dessa prática.
E talvez até mesmo a criação de curso específico com código de conduta ética, para se evitar
problemas pessoais e legais, bem como uso indevido desse conhecimento.
É necessário, para adequação desse método, que o professor conheça seus alunos,
realizando uma avaliação diagnóstica coletiva e individual, com a finalidade de verificar as
características e necessidades (individuais e coletivas) dos alunos e turmas na elaboração do
material e para que não ocorram problemas provenientes dos recursos utilizados.
O enfoque principal dado neste trabalho foi a possibilidade de usar os recursos
subliminares dentro de sala de aula, como forma de facilitar o processo educativo.
A utilização dos mesmos para se obter benefícios próprios, ou manipular pessoas como
vem sendo feito por diversos meios de comunicação, desmerecem os estudos que poderiam ser
utilizados a favor do homem e da construção de uma sociedade melhor.
Segundo a lei de diretrizes e bases da educação (LDB), a educação visa o aprimoramento
do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da
autonomia intelectual e do pensamento crítico.
De maneira alguma, a proposta apresentada enfatiza a manipulação dos alunos perante a
utilização desses recursos, mas sim, parte do principio que é possível criar condições para que os
educandos consigam se auto-ajudar mediante as técnicas que possibilitem a reprogramação para
bons hábitos e elaboração de projetos de vida, que é o principio de muitas psicoterapias, e que
vão de encontro ao aprimoramento da pessoa humana como consta na constituição.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tese, a proposta de se usar recursos subliminares se mostrou aplicável e viável dentro
do contexto de sala de aula, chegando a conclusão que seria possível através dessa metodologia
promover mudanças nos hábitos e postura dos alunos com a aplicação do estudo desenvolvido.
Porém, antes de se utilizar esse modelo didático dentro de sala de aula, seria necessário
mais pesquisas que envolvessem empiricamente esse processo dentro das instituições de ensino,
para assim comprovar sua legitimidade, bem como possíveis inconvenientes que decorram desta
prática.
Também é importante ressaltar que antes de recorrer a essa proposta didática, professores
e profissionais da educação deveriam receber treinamento específico a fim de realizar avaliações
diagnósticas, evitando efeitos nocivos aos alunos durante a utilização dos estímulos subliminares.
A priori seria necessária também a criação de um código de ética que norteasse essa
prática para se evitar abusos ou uso indevido, tornando assim um modelo didático seguro e que
garantisse condições ideais de aprendizagem.
É importante frisar que o modelo proposto nesta pesquisa não é por si só via de resolução
dos problemas descritos, apenas se mostra como auxílio para educadores no decorrer de sua
prática educativa, podendo ser associado a outras estratégias de ensino.
De maneira geral é preciso ter cuidado ao manusear esse tipo de conhecimento, pois o que
se percebe é o uso do mesmo em diversos setores para influenciar, persuadir ou mesmo
convencer e criar aceitação de conduta. Esse não pode de maneira alguma ser o enfoque dado a
essa metodologia em ambiente escolar.
É dever do Estado, instituição de ensino e dos educadores e profissionais da educação,
segundo a Lei de diretrizes e bases da educação (LDB), garantir a autonomia individual dos
cidadãos.
Por esse motivo essa proposta deve gerar reflexões sobre o tema que levem a caminhos
sustentáveis e seguros que não anulem a autonomia e a personalidade dos alunos durante o
processo.
Os recursos subliminares podem ser considerados como ferramentas de auxilio a educação
a fim de melhorar questões cotidianas inerentes a professores e alunos, contribuindo e garantindo
para o desenvolvimento humano.
23
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