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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ
MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS
Simone Zappe Fernandes
2015
ii
SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS
Simone Zappe Fernandes
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Civil da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadora:
Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D.Sc.
Rio de Janeiro
Março de 2015
iii
SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS
Simone Zappe Fernandes
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.
Examinado por:
_____________________________________________
Profa. Cláudia do Rosário Vaz Morgado, D. Sc. (Orientadora)
_____________________________________________
Profa. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. Justino Sansón Wanderley da Nóbrega, M.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
MARÇO DE 2015
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FERNANDES, Simone Zappe
Sustentabilidade em Projetos de construção: Uma Matriz Multicritério Baseada em Riscos / Simone Zappe Fernandes - Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2015.
XII, 89 p.: il.; 29,7 cm.
Orientador: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Projeto de Graduação – UFRJ / POLI / Engenharia Civil,
2015.
Referências Bibliográficas: p. 85-89
1. Sustentabilidade. 2. Matriz Multicritério 3. Saúde e
Segurança. 4. Construção Civil
I. Morgado, Cláudia do Rosário Vaz. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, UFRJ, Escola Politécnica, Engenharia
Civil. III. Título.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter me dado forças e saúde para viver esse momento.
A minha família que sempre me apoiou e acreditou em mim.
Ao meu namorado Diego, pelo amor, companheirismo e amizade.
A todos os meus amigos quase irmãos, que sempre estiveram presentes nos
momentos alegres e me ajudaram nos momentos mais difíceis.
As minhas amigas de faculdade e agora para toda a vida, Mariana Miranda, Vanessa
Coutinho e Vivian Quito, por todo incentivo, amizade e paciência.
A todos meus companheiros de faculdade, pelo companheirismo nessa incrível
jornada.
A professora Cláudia Morgado pela transferência de conhecimento, pela orientação na
conclusão do curso, paciência e disponibilidade em me ajudar.
A todos os professores que passaram pela minha vida, transmitindo conhecimentos e
valores.
A todas as pessoas que contribuíram direta ou indiretamente para a conclusão de
mais essa etapa da minha vida.
Obrigada a todos.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO: UMA MATRIZ
MULTICRITÉRIO BASEADA EM RISCOS
Simone Zappe Fernandes
Março / 2015
Orientadora: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Curso: Engenharia Civil
A indústria da construção civil tem papel fundamental para a economia brasileira e
também é uma das mais complexas, sendo uns dos segmentos com maior número de
acidentes de trabalho no Brasil. O aumento da demanda por projetos de construção
aumenta a exposição aos riscos na sua execução, tanto ambientais quanto
relacionados com a saúde e segurança no trabalho. A necessidade de melhorar o
desempenho dos projetos e as crescentes obrigações contratuais exigem a
implantação de um sistema de gestão sustentável que resulte em maior produtividade
com menores perdas. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de desenvolver
um método de classificação de riscos multicritério eficaz e de alta aplicabilidade, que
possa ser adequado às especificidades da construção civil, que contemple os
aspectos de saúde e segurança, aspectos ambientais e responsabilidade social para
ser utilizado como ferramenta de auxílio à tomada de decisão do gestor do projeto de
construção. O método proposto integra e relaciona os diversos requisitos de
sustentabilidade, ao mesmo tempo em que identifica as áreas de gestão como
mecanismo de prevenção de riscos, proporcionando um cenário mais seguro e com
menor variabilidade para os trabalhadores.
Palavras-chave: Sustentabilidade, Construção civil, Matriz Multicritério, Saúde e
segurança do trabalho.
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
SUSTAINABILITY IN CONSTRUCTION PROJECTS: A MULTICRITERIA MATRIX BASED ON RISKS
Simone Zappe Fernandes
March / 2015
Advisor: Cláudia do Rosário Vaz Morgado
Course: Civil Engineering
The construction industry has a fundamental role for the Brazilian economy and is also
one of the most complex, with each of the segments with the highest number of
occupational accidents in Brazil. The increased demand for construction projects
increases the risk exposure in its execution, both environmental and related health and
safety at work. The need to improve project performance and increasing contractual
obligations require the implementation of a sustainable management system that
results in higher productivity with lower losses. This work was developed with the
objective of developing a method of classification effective multicriteria risk and high
applicability, which can be tailored to the specific construction, covering aspects of
health and safety, environmental and social responsibility to be used as a tool to aid
decision-making of the construction project manager. The proposed method integrates
and relates the various sustainability requirements, while identifying the areas of
management and risk prevention mechanism, providing a more secure setting and with
less variability for workers.
Keywords: Sustainability, Civil Construction, Muticriteria Matrix, Health and safety.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................1
1.1 OBJETIVO ..........................................................................................................1
1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO.......................................................................2
1.3 METODOLOGIA .................................................................................................2
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...........................................................................3
2. SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO ..................................4
2.1 HISTÓRICO ........................................................................................................6
2.2 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................9
2.3 GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL .......................................... 14
2.3.1 CERTIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL .............................................. 15
2.3.1.1 MODELOS DE CERTIFICAÇÕES NO BRASIL ........................................ 16
3. MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO EM SST ....................................................... 24
3.1 MÉTODO 3P + I ................................................................................................ 25
3.2 MÉTODO DELPHI ............................................................................................ 28
3.3 MODELO TRIPLO-ÍNDICE ............................................................................... 31
3.4 MODELO RAM.................................................................................................. 33
3.5 MÉTODO DO ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL (ORI) .............................. 34
3.6 MÉTODO QUANTITATIVO .............................................................................. 35
3.7 MÉTODO FUZZY AHP ..................................................................................... 37
3.8 MODELO INTEGRADO ISO 14004 E OHSAS 18001 ..................................... 42
3.9 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO ......... 47
4. MATRIZES MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE ..................................... 50
4.1 EXEMPLOS DE APLICAÇAO DE MATRIZ MULTICRITERIO DE
SUSTENTABILIDADE ................................................................................................. 50
4.1.1 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE BASEADA NA
CAPTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CO2 ......................................................................... 50
4.1.2 MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO DE SMS .......................................................... 57
4.1.3 MATRIZ MULTICRITÉRIO PARA ANÁLISE DE MULTIPLOS USOS PARA
UMA BARRAGEM ....................................................................................................... 64
5. METODOLOGIA PROPOSTA ................................................................................. 69
5.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .............................................................. 70
5.2 SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO ................................ 72
5.3 RISCO SOCIAL CORPORATIVO .................................................................... 76
5.4 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE .................................... 77
ix
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 83
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 85
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line. ....................................................... 5
Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção. ........................................ 10
Figura 3: Certificação AQUA. ..................................................................................... 18
Figura 4: Logomarcas dos selos LEED. ................................................................... 20
Figura 5: Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) Geral. .......... 21
Figura 6: Logomarcas do Selo Casa Azul da Caixa Federal. ............................... 22
Figura 7: Logotipo Qualiverde.................................................................................... 22
Figura 8: Quadro 3P+I................................................................................................. 28
Figura 9: Princípio do modelo RAM. ......................................................................... 33
Figura 10: Estrutura da hierarquia de Riscos.......................................................... 40
Figura 11: Resultado da Aplicação da metodologia de priorização. ................... 63
Figura 12: Estrutura hierárquica do modelo. ........................................................... 65
Figura 13: Prioridades das alternativas de uso do reservatório. .......................... 66
Figura 14: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de
avaliação. ...................................................................................................................... 67
Figura 15: Prioridade das alternativas considerando os pesos dos critérios. .... 67
Figura 16: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de
avaliação. ...................................................................................................................... 68
Figura 17: Modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma ISO 14001. 70
Figura 18: Ciclo OHSAS 18001:2007. ...................................................................... 72
Figura 19: Categorias de Frequências dos cenários usadas na APR. ............... 79
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Critérios de avaliação e suas descrições. .............................................. 19
Tabela 2: Níveis de certificação e pontuação. ........................................................ 20
Tabela 3: Classificação e números de critérios necessários. ............................... 21
Tabela 4: Escala de Severidade................................................................................ 29
Tabela 5: Escala de Frequência. ............................................................................... 29
Tabela 6: Comparação dos valores de risco entre as atividades de
concretagem. ................................................................................................................ 30
Tabela 7: Avaliação de meios alternativos e métodos de construção. ............... 31
Tabela 8: Sistema de escores para probabilidade de um acidente e gravidade
das consequências. ..................................................................................................... 35
Tabela 9: Sistema de escores para a exposição a um risco. ............................... 36
Tabela 10: Avaliação do desempenho relacionado à segurança de projetar um
telhado de ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e janelas para
ventilação ou um telhado trafegáveis com paredes de contorno. ........................ 37
Tabela 11: Termos linguísticos, seu significado e seu número fuzzy
correspondente. ........................................................................................................... 38
Tabela 12: Termos linguísticos do exemplo, seu significado e seu número fuzzy
correspondente. ........................................................................................................... 40
Tabela 13: Comparação de RD e números fuzzy agregados. ............................. 41
Tabela 14: Valores Finais do modelo. ...................................................................... 42
Tabela 15: Escala de escores.................................................................................... 43
Tabela 16: Visão geral de avaliação de Meio ambiente e saúde e ..................... 46
Tabela 17: Comparação entre os modelos de análise de riscos. ........................ 49
Tabela 18: Conjunto de métricas de Sustentabilidade. ......................................... 51
Tabela 19: Mapa de cumprimento dos critérios de design verde e índice de
criticalidade do projeto verde. .................................................................................... 52
Tabela 20: Matriz Multicritério de Sustentabilidade................................................ 55
Tabela 21: Matriz Multicritério de Sustentabilidade calculada. ............................ 56
Tabela 22: Classificação das Práticas de gestão. .................................................. 57
Tabela 23: Modelo de tabela de comparação paritária. ........................................ 58
Tabela 24: Matriz de severidade. .............................................................................. 58
Tabela 25: Gradação de multa. ................................................................................. 59
Tabela 26: Modelo de Matriz de priorização de SMS. ........................................... 60
Tabela 27: Classificação das Práticas de gestão. .................................................. 61
Tabela 28: Matriz de priorização de SMS................................................................ 63
Tabela 29: Critérios para avaliação das alternativas de uso de reservatórios. . 64
Tabela 30: Estrutura hierárquica do modelo. .......................................................... 65
Tabela 31: Contribuição dos critérios para a avaliação global das alternativas.66
Tabela 32: Itens da ISO 14001:2004........................................................................ 71
Tabela 33: Itens da norma OHSAS 18001:2007. ................................................... 73
xii
Tabela 34: Itens da norma BS8800: 2004 ............................................................... 74
Tabela 35: Lista de itens de não conformidade adotados para o SST e
comparativo entre as normas. ................................................................................... 75
Tabela 36: Itens da ISO 26000:2010........................................................................ 77
Tabela 37: Resumo da classificação do Grau de Atendimento dos itens de não
conformidade (G). ........................................................................................................ 78
Tabela 38: Classificação do índice G x TF .............................................................. 79
Tabela 39: Matriz de classificação de TG. ............................................................... 80
Tabela 40: Matriz multicritério de sustentabilidade. ............................................... 81
Tabela 41: Matriz de classificação de Riscos. ........................................................ 82
1
1. INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil tem papel fundamental para a economia brasileira, pois
é responsável por aproximadamente 5 (cinco)% do Produto Interno Bruto (PIB) e
emprega mais de dois milhões de trabalhadores, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE, 2013 apud DA COSTA, 2014).
Esta é tida como uma das mais conservadoras e inerte a mudanças devido a fatores
como: demora na absorção de novas tecnologias, resistência na alteração dos seus
processos e baixa retroalimentação de informações e conhecimentos adquiridos em
obras e experiências anteriores (YIN, TSERNG et al., 2008 apud GEHLEN, 2008).
Entretanto a necessidade de adaptação à nova realidade no mundo, mudanças
climáticas, necessidades de minimizar e controlar impactos ambientais, crises sociais,
minimizar e eliminar os acidentes e doenças de trabalho, valorização de eco produtos
e escassez de recursos naturais, requer a busca por ferramentas que possibilitem a
melhoria e auxiliem a mudança de comportamento que vem sendo observada no
setor.
A importância dos impactos econômicos, sociais e ambientais das construções pode
ser notada tanto pela economia que movimentam por meio do estímulo à produção de
bens e renda dos trabalhadores, quanto pela quantidade de empregos de profissionais
(ROVERS, 2001 apud GEHLEN, 2008).
Considerando o tamanho e a importância dos seus impactos, a indústria da construção
pode e deve contribuir com a busca de um desenvolvimento sustentável. Onde tem
sido considerado tradicionalmente apenas o tripé tempo, custo e qualidade, deve-se
passar a considerar também os aspectos ambientais, de saúde e segurança e sociais
como importantes.
O uso de sistemas de gestão integrada, que envolvem todos os aspectos de
sustentabilidade e métodos de análises de riscos são ferramentas que devem ser
incluídas na estratégia de gestão de uma organização, contribuindo para melhorar seu
desempenho, diminuindo e eliminando riscos para os trabalhadores, diminuindo os
impactos ambientais, melhorando a imagem da empresa e a qualidade do produto
final.
1.1 OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo desenvolver um método de classificação e análise de
riscos multicritério eficaz e de alta aplicabilidade, que possa ser adequado às
2
especificidades atuais da construção civil, que contemple os aspectos de saúde e
segurança, aspectos ambientais e responsabilidade social, envolvendo toda a
sustentabilidade do sistema, para ser utilizado como ferramenta de auxílio à tomada
de decisão do gestor do projeto de construção e sua equipe.
1.2 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
A escolha da área do tema do projeto explica-se pela grande expansão do setor da
construção civil nos últimos anos, pelo alto índice de acidentes e mortalidades e pela
problemática que envolve o setor em relação a grande quantidade de materiais
consumidos e resíduos gerados, poluição e a alta utilização de energia e água.
Em função desses problemas surge a crescente demanda por certificações no Brasil,
tanto ambientais, quanto de qualidade e de saúde e segurança ocupacional (SSO),
que buscam utilizar de uma forma consciente os recursos naturais, trazendo
benefícios que serão aproveitados no futuro, pensando na sustentabilidade.
Os sistemas de gestão se apresentam como garantia de operacionalização dos
requisitos de segurança e saúde do trabalho, de qualidade ambiental e de
responsabilidade social que permitem analisar todos os riscos e impactos das
atividades, determinando de que modo estas devem ser executadas para que não
gerem eventos indesejados. Portanto, se faz necessário desenvolver uma ferramenta
que seja eficiente para a identificação desses riscos e oriente os gestores para a
diminuição e eliminação dos impactos gerados.
1.3 METODOLOGIA
O primeiro passo foi realizar uma revisão bibliográfica dos métodos de análise de
riscos aplicados à projetos de construção. Essas pesquisas abordaram sistemas de
gestão de análise de risco em saúde e segurança na indústria da construção civil.
Após isso, foi realizada uma segunda pesquisa que abordava sustentabilidade na
indústria e também sistemas de gestão integrada. A terceira pesquisa procurou
abordar matrizes multicritérios de sustentabilidade.
Ao término da etapa de pesquisas, foi desenvolvido um quadro comparativo de
modelos para se observar os pontos negativos e positivos de cada modelo.
Logo após a análise dos modelos através do quadro comparativo foi desenvolvido um
método de análise de riscos através de uma matriz de sustentabilidade multicritério
3
baseada em riscos e referenciada às etapas de cronograma de projetos de construção
como ferramenta de auxílio à tomada de decisão.
Por fim foi realizada uma conclusão sobre o trabalho exposto, apresentando a
viabilidade de aplicação da matriz e sugestões para trabalhos futuros.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
No Capítulo 1 é feita uma introdução ao trabalho, com a apresentação do tema e a sua
importância no contexto atual, apresentação do objetivo, justificativa e apresenta a
metodologia adotada para o desenvolvimento do trabalho.
No Capítulo 2 são apresentados os referenciais teóricos, que contém uma
contextualização sobre a sustentabilidade, conceito e histórico, bem como seu
desenvolvimento no mundo. A sustentabilidade e a gestão ambiental na construção
civil são apresentadas através da importância das certificações e dos modelos
empregados no Brasil.
O Capítulo 3 apresenta oito modelos de análise de risco em saúde e segurança na
construção civil selecionados, analisando suas aplicações e limitações, seus pontos
positivos e negativos, e a análise comparativa entre eles.
O Capítulo 4 mostra as três aplicações de matrizes multicritérios de sustentabilidade
selecionadas, apresentando sua elaboração, seus critérios e exemplos de aplicação.
O Capítulo 5 apresenta a metodologia de desenvolvimento do método e a construção
da matriz multicritério de sustentabilidade, objeto deste estudo, critérios e requisitos
utilizados e o cálculo dos fatores de risco das etapas do projeto de construção.
O Capítulo 6 apresenta a conclusão do trabalho exposto, dos resultados encontrados,
bem como sugestões para trabalhos futuros.
4
2. SUSTENTABILIDADE EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO
O termo sustentabilidade teve sua própria evolução se associando a diversos campos
do conhecimento e sendo adotado com diferentes interpretações nos diferentes
setores da sociedade. Sustentabilidade pode ser definida como a capacidade do ser
humano interagir com o mundo, preservando o meio ambiente sem comprometer os
recursos naturais das gerações futuras.
A palavra sustentabilidade correlaciona e integra de forma organizada os aspectos
econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade, a palavra-chave é
continuidade. Sustentabilidade é tida como a qualidade de tornar as coisas
permanentes ou duráveis. Etimologicamente a palavra sustentar vem do latim
sustentare e quer dizer subsistir, manter-se, conservar, lutar em favor ou em defesa de
algo ou alguém (FERREIRA, 1999 apud MOTTA e AGUILAR, 2009).
No debate científico, o conceito de sustentabilidade aparece com um sentido bastante
amplo e relacionado a uma pluralidade de aspectos, e no entendimento de alguns
autores com a falta de precisão e consenso a seu respeito. Segundo GIBBERD (2003,
p.49 apud ISOLDI, 2007) os diferentes entendimentos de sustentabilidade tem em
comum dois aspectos. O primeiro aspecto é a preocupação e crença de que o
desenvolvimento, o meio ambiente e os sistemas devem ser planejados e mantidos
para prover a existência humana atual e futura, e o segundo aspecto é que,
simultaneamente, deve integrar a área social, econômica e ambiental, envolvendo
interconexões entre outros sistemas: ecológicos, sociais e econômicos.
Sustentabilidade pode, portanto, ser compreendida como a arte e a ciência do
entendimento, desenvolvimento e implementação de sistemas que permitam ao
homem e a futuras gerações viver de acordo com a capacidade de sustentação da
terra (GIBBERD, 2003, p.72 apud ISOLDI, 2007).
As estratégias de busca do desenvolvimento sustentável devem atuar em três
dimensões da sustentabilidade: ambiental, sociocultural e econômica. O objetivo deve
ser o equilíbrio entre as três dimensões, sendo definidas como metas as ações
“ambientalmente responsáveis, socialmente justas, economicamente viáveis” - Triple
Bottom Line, representado na Figura 1.
5
Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line.
Fonte: MOTTA e AGUILAR, 2009.
Atualmente, existe uma assimetria entre as três dimensões, colocando em risco a
sobrevivência das gerações futuras. A dimensão que apresenta maior
desenvolvimento é a econômica, sendo em segundo plano a dimensão social, e em
último o desenvolvimento ao nível da dimensão ambiental.
A exploração e a extração de recursos naturais com mais eficiência e com a garantia
da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a
sustentabilidade seja uma prática com muito êxito e aplicada com muito mais
frequência nas construções de grandes empreendimentos. Na construção, o conceito
de sustentabilidade aparece com diversos nomes como edifícios verdes (green
building), construção sustentável e construção de baixo impacto ambiental, mas todos
seguem a mesma motivação: buscar o bem estar com o equilíbrio sociocultural,
econômico e ambiental.
A interligação da indústria da construção com as três dimensões da sustentabilidade é
particularmente importante, pois além desta indústria apresentar uma considerável
participação no PIB – dimensão econômica – e de ser responsável por uma expressiva
parcela na geração de postos de trabalho – dimensão social –, utiliza recursos naturais
e a sua atividade está intimamente relacionada com o meio ambiente – dimensão
ambiental –, na medida em que modifica o ambiente natural através das suas
intervenções – redes viárias, barragens, edifícios, etc. (MATEUS, 2004).
6
2.1 HISTÓRICO
Os homens, através da história, têm utilizado uma grande variedade de recursos e
técnicas em meios muito diversos. Esse conjunto de conhecimentos e de
comportamentos constitui um patrimônio cultural que é transmitido de geração em
geração e que merece a devida atenção nos programas de gestão ambiental e na
definição de estratégias para o desenvolvimento sustentável (LAGES, 1999, p.71 apud
ISOLDI, 2007).
As razões econômicas e as intenções de cada projeto irão determinar os elementos
técnicos de projeto, os materiais, os métodos construtivos e os sistemas a serem
utilizados. A inovação na indústria da construção civil se caracterizou, principalmente
após a Revolução Industrial, pela utilização de novos materiais, em detrimento de
materiais tradicionais e locais e pela industrialização da construção, com a modulação,
pré-fabricação e padronização de elementos e materiais. A Revolução industrial abriu
caminho para o que se convencionou chamar progresso tecnológico, que, em parte,
representou o desejo de liberação das limitações impostas pela natureza, sendo
orientado pela busca da diminuição de custos financeiros da construção, pela busca
da diminuição do tempo de execução, pela necessidade de suprir a carência crescente
e o déficit de edificações e pela busca de uma maior racionalização e perfeição na
construção de edifícios (BEHLING, 2002, p.21; TEDESCHI, 1978, p.108-109 apud
ISOLDI, 2007).
A Revolução Industrial imprimiu uma importante transformação na história universal.
Muitos países, até então agrícolas, se converteram em sociedades industriais. A
razão, baseada na ciência objetiva, proporcionou uma nova lógica para o projeto da
era moderna, e a separação da religião e da ciência possibilitou novas formas de
organizações sociais racionais que justificaram o domínio científico da natureza. Logo
após a mecanização houve a cientifização dos processos produtivos mediante a
produção e aplicação integrada de diferentes áreas do conhecimento técnico e
científico. Esta aliança do conhecimento com a produção industrial deu um impulso
significativo ao desenvolvimento das ciências e as inovações do conhecimento
responderam à necessidade da acumulação de capital (LEFF, 2001, p.30 apud
ISOLDI, 2007). O motivo preconizado era a máxima felicidade e conforto para a maior
quantidade possível de seres humanos (BEHLING, 1996, p.128 apud ISOLDI, 2007).
A partir daí as aplicações práticas da ciência foram orientadas pelas demandas da
racionalidade econômica dominante (LEFF, 2001, p.88 apud ISOLDI, 2007). Isso
estabeleceu uma mentalidade e levou a ideia de que a evolução da humanidade
7
estaria subordinada ao avanço técnico que visasse unicamente o lucro e que servisse
aos propósitos do crescimento econômico. A inovação tornou-se a religião do setor
industrial nos séculos XIX e XX, e as empresas consideraram a inovação e o
progresso tecnológico como a chave para elevar lucros e a participação no mercado.
Nessa perspectiva, o desenvolvimento tecnológico ou o melhoramento buscado pela
inovação se agrega, unicamente, a valores econômicos e puramente técnicos
(PEREIRA; DRESDNER, 1992, p.64 apud ISOLDI, 2007). O afastamento com os
valores tradicionais ficou cada vez mais evidente (BEHLING, 1996, p.194 apud
ISOLDI, 2007).
O projeto de modernidade, acelerado pelo progresso tecnológico e industrial, começou
a decair no final dos anos sessenta. Durante muito tempo se acreditou que todas as
dificuldades podiam ser superadas através das inovações orientadas nesta lógica,
crescimento e progresso (BEHLING, 1996, p.194 apud ISOLDI, 2007). E, raramente,
de acordo com PEREIRA e DRESDNER (1992, p.64 apud ISOLDI, 2007), os
praticantes da inovação pararam para examinar o que faziam, como a faziam e por
que faziam.
As novas tecnologias ofereceram a possibilidade a arquitetos e engenheiros de
superar os limites impostos pelo padrão humano. A arquitetura, a construção e o
urbanismo perseguiram o objetivo de simbolizar essa nova época de inovação e
crescimento (BEHLING, 1996, p.128 apud ISOLDI, 2007). Essa foi à orientação dos
projetos usados por muito tempo ao redor do mundo. E segundo dados de EDWARDS
(2004, p.1 apud ISOLDI, 2007), a indústria da construção absorve 50% dos recursos
mundiais. Isso revela o quão pouco sustentável é, ainda, esta atividade para o planeta.
No entanto, toda a discussão que se instalou sobre as questões ambientais e a
consciência da esgotabilidade dos recursos na terra levaram a repensar e buscar
novas alternativas tecnológicas para a construção (STRONG, 1999, p.89 apud
ISOLDI, 2007).
O clube de Roma, reunião de intelectuais que procuravam fazer projeções para o
futuro, publica em 1968 The limits of growth (Os limites do crescimento), este estudo
concluiu que se a população mundial continuasse a consumir como na época, por
consequência da industrialização, sofreria consequências desastrosas (THE CLUB OF
ROME, acessado em 11/03/2015).
De acordo com o PORTAL BRASIL (acessado em 26/01/2015), em 1972, a ONU
realiza a Conference on the Human Environment (Conferência sobre o meio ambiente
humano) em Estocolmo. Na conferência discutiram-se as responsabilidades na
8
situação ambiental dos países ricos, com o consumismo exagerado, e dos países
pobres, com a explosão demográfica. Foi produzida uma declaração da conferência
que estabeleceu princípios para as questões ambientais, com o objetivo de
conscientizar a sociedade a melhorar a relação com o meio ambiente e assim atender
as necessidades da população presente sem comprometer as gerações futuras.
Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento
(WCED), que tinha como objetivo propor estratégias de longo prazo para alcançar um
desenvolvimento sustentável por volta do ano 2000. Em 1987, o WCED publica um
relatório Our common future (Nosso futuro comum) também conhecido como relatório
Brundtland. O relatório, que pela primeira vez definiu o conceito de desenvolvimento
sustentável, não sugeriu a estagnação do crescimento econômico, mas sua
conciliação com as questões ambientais e sociais. O documento concluiu que o uso
excessivo dos recursos naturais é um processo que vai provocar o colapso dos
ecossistemas, e propõe que a busca de soluções seja tarefa comum a toda
humanidade (PORTAL BRASIL, acessado em 26/01/2015).
Em 1992 é realizada a Cúpula da Terra, segunda conferência ambiental realizada pela
ONU. Ela acontece no Rio de Janeiro e fica conhecida como Eco - 92 ou Rio - 92,
reunindo líderes mundiais e entidades ambientais para analisar a evolução das
políticas de proteção ambiental (PORTAL BRASIL, acessado em 26/01/2015).
Na conferência foram discutidos planos de ações para preservar os recursos do
planeta e maneiras de eliminar o abismo entre os países desenvolvidos, que
defendiam o direito a um ambiente saudável, e os em desenvolvimento, que
destacavam a necessidades destes se desenvolverem (PORTAL BRASIL, acessado
em 26/01/2015).
A Rio - 92 produziu cinco documentos que alertavam a necessidade de uma urgente
mudança de comportamento, com o objetivo de preservar a vida no planeta. Entre
esses documentos tem-se a Agenda 21, com 40 capítulos com recomendações de
estratégias de conservação do planeta e metas de exploração sustentável dos
recursos naturais que não impeçam o desenvolvimento de nenhum país (Portal do
Ministério do Meio Ambiente, acessado em 26/01/2015).
De acordo com o portal do Ministério do Meio Ambiente (acessado em 26/01/2015) a
Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção
de sociedades sustentáveis e estabelecendo assim, a importância de cada país se
comprometer, global e localmente, na reflexão sobre a forma pela qual todos os
governos e setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para um
9
desenvolvimento sustentável. Cada país desenvolveu a sua própria Agenda 21, que é
um plano de ação para ser adotado por governos e pela sociedade civil, em todas as
áreas em que a ação humana impacta o meio ambiente. No Brasil as discussões
foram coordenadas pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
(CPDS).
Em 1997, foi assinado o tratado ambiental mais ambicioso da história, o Protocolo de
Kyoto. Para que o protocolo pudesse começar a valer, seria necessária a ratificação
de pelo menos 55 países, que juntos deveriam corresponder por pelo menos 55% das
emissões globais de gases do efeito estufa (Portal do Ministério do Meio Ambiente,
acessado em 26/01/2015).
Em 2007, o Painel de Mudanças Climáticas da ONU, IPCC, juntamente com o ex-vice-
presidente norte-americano Al Gore ganham o Nobel da Paz, devido ao esforço
conjunto no estudo, na criação e disseminação de um maior conhecimento acerca da
influência humana nas mudanças climáticas. A partir deste momento, a
sustentabilidade entra em nova dimensão de percepção e aceitação pela sociedade
(PORTAL DA BBC, acessado em 11/03/2015).
Em 2012, o Rio de Janeiro sediou a Rio + 20, que ficou assim conhecida porque
marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92) e contribuiu para definir a agenda do
desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi
a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da
avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas
principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes
(PORTAL RIO+20, acessado em 26/01/2015).
Os impasses, principalmente entre os interesses dos países desenvolvidos e em
desenvolvimento, acabaram por frustrar as expectativas para o desenvolvimento
sustentável do planeta. O documento produzido apresentou várias intensões e a
definição de medidas práticas para garantir a proteção do meio ambiente foi
transferida para os próximos anos (PORTAL RIO+20, acessado em 26/01/2015).
2.2 SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL
O termo “construção sustentável” foi proposto pela primeira vez pelo professor
KIBERT (1994 apud MATEUS, 2004) para descrever as responsabilidades da indústria
da construção no que se refere ao conceito e aos objetivos da sustentabilidade. De
10
acordo com KIBERT (1994 apud MATEUS, 2004), o conhecimento existente e o
diagnóstico à indústria da construção em termos de impactos ambientais revelam que,
existe a necessidade de uma mudança para se atingirem os objetivos de
sustentabilidade. Inicialmente deve-se observar a necessidade de se analisarem as
características da construção tradicional e compará-la com o novo critério sustentável
para a construção (Figura 2), os produtos e os processos de construção, alterando
assim os fatores tradicionalmente considerados competitivos na indústria da
construção: a qualidade, o tempo e o custo.
Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção.
Fonte: http://www.diegomacedo.com.br/gerenciamento-da-integracao-pmbok-5a-ed/, acessado
em 11/03/2015.
Tradicionalmente, uma construção só era competitiva se tivesse o nível de qualidade
exigido pelo projeto, se utilizasse sistemas construtivos que otimizassem a
produtividade durante a fase de construção e que, por conseguinte, conduzisse à
diminuição do período de construção, permitindo uma maior rapidez na recuperação
de investimento e sem alterar significativamente os custos da construção.
No Brasil, a cadeia produtiva da construção civil é um dos setores econômicos mais
importantes e também um dos que possui maior efeito sobre o meio ambiente, pois
além de utilizar mão-de-obra não qualificada, continua a se basear nos sistemas
construtivos convencionais, utilizando excessivamente recursos naturais, consumindo
recursos energéticos e produzindo muitos resíduos.
No Brasil, aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como destino
a indústria da construção. Fora isso, 50% da energia gerada é para abastecer o
11
funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vem das
construções e de demolições (BUSSOLOTI, 2007 apud VALOTO et al., 2011). Estes
dados aumentam a discussão dos problemas ambientais causados pela construção
civil, o uso excessivo de recursos naturais e de energia também são levados em
pauta.
O uso de energias menos poluentes ou produtos menos agressivos ao meio ambiente
são algumas das alternativas que podem ser adotadas na indústria da construção civil.
Uma construção mais sustentável pode trazer uma maior economia e um bom
aumento de publicidade, sendo favorável não só ao meio ambiente como também aos
aspectos sociais e econômicos.
A incorporação dessas práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência
crescente no mercado, pois diferentes agentes – tais como governos, consumidores e
investidores – alertam, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar
essas práticas em suas atividades. As empresas devem mudar sua forma de produzir
e gerir suas obras, introduzindo a sustentabilidade e buscando soluções que sejam
economicamente relevantes e viáveis para o empreendimento.
De acordo com a MOTTA e AGUILAR (2009) o Conselho Brasileiro de Construção
Sustentável – CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios básicos da
construção sustentável, dentre os quais:
- Aproveitamento de condições naturais locais;
- Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
- Implantação e análise do entorno;
- Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e
concentração de calor, sensação de bem-estar;
- Qualidade ambiental interna e externa;
- Gestão sustentável da implantação da obra;
- Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
- Uso de matérias-primas que contribuam com a eco eficiência do processo;
- Redução do consumo energético;
- Redução do consumo de água;
- Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
12
- Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
- Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
O Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção (CIB) define a
construção sustentável como “o processo holístico para restabelecer e manter a
harmonia entre os ambientes natural e construído e criar estabelecimentos que
confirmem a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica” (CÂMARA DA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, 2008).
A definição remete aos processos que privilegiavam o aproveitamento passivo de
fatores naturais, como luz, calor, ventilação, entre outros, que foram abandonados
com o advento da energia elétrica. Ao resgatar essas antigas tecnologias e processos
aumenta-se a sustentabilidade das construções, estas pequenas mudanças já podem
trazer grandes benefícios sem causar grandes impactos no custo final do
empreendimento.
No Guia de Sustentabilidade da Construção, organizado pela Câmara da Indústria da
Construção – CIC/ FIEMG, encontramos três pré-condições fundamentais para a
construção de bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis:
- Pré-condição 1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade
A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e
disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade, especialmente a
busca por melhoria contínua, é um pré-requisito para a sustentabilidade porque
estimula a melhoria constante dos processos empresariais, que estão ligados ao
consumo de recursos naturais, produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.
- Pré-condição 2 – Sustentabilidade não combina com informalidade
É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços, assim como a
equipe da mão-de-obra. As empresas que trabalham com fornecedores informais
também se tornam informais, alimentando este ciclo nocivo. É preciso garantir a
legalidade de toda a empresa e de todos os seus processos. Além de garantir a
legitimidade da empresa, a seleção de fornecedores formais estimula o aumento da
profissionalização na cadeia produtiva e consequente eliminação de empresas com
baixa produtividade que só se mantêm no mercado por economias advindas de
atividades ilícitas.
- Pré-condição 3 – Busca constante pela inovação
13
Utilizar novas tecnologias, quando possível e adequado. Casos inviáveis, buscar
soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as empresas tenham
relações estreitas com agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na
oferta de novos materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão-de-obra. A
base para a sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com
os econômicos, daí a necessidade e importância de inovações.
As estratégias de sustentabilidade na construção civil são ações pontuais, mas o
pensamento da sustentabilidade deve ser global, deve-se considerar seu papel junto
com os demais presentes no modelo de desenvolvimento.
A análise da questão ambiental exigiu, deste modo, uma visão sistêmica e um
pensamento holístico para a reconstituição da realidade e iniciou-se, a partir deste
momento, a busca por um método capaz de reintegrar esses conhecimentos dispersos
em um campo unificado do saber (LEFF, 2001, p.58 apud ISOLDI, 2007).
Ainda que o fenômeno da sustentabilidade seja muito recente no Brasil é incontestável
a expansão da introdução de modelos de gestão ambiental e de responsabilidade
social nas empresas brasileiras como forma de consolidação de suas políticas de
desenvolvimento sustentável. Hoje, cada vez mais, o desempenho das organizações
tem sido medido a partir da perspectiva de sua relação com a sociedade, dos seus
impactos no meio ambiente e da sua capacidade de continuar operando eficazmente
no longo prazo (ARRUDA et al., 2012).
DAFT (1999, p. 88 apud CÔRTES et al., 2011) conceitua Responsabilidade Social
como “a obrigação da administração de tomar decisões e ações que irão contribuir
para o bem-estar e os interesses da organização e da sociedade”. Esta acontece
dentro das organizações, quando gestores e funcionários acreditam que o sucesso na
condução dos negócios e das relações de trabalho depende principalmente de uma
conduta ética e do atendimento às leis. Os códigos de conduta das empresas são
instrumentos de gestão importantes, pois são promessas onde às empresas assumem
a responsabilidade pelas consequências sociais de suas atividades.
Portanto, a sustentabilidade deve estar relacionada a aspectos de estratégia de um
empreendimento, o planejamento e gestão deste devem estar coerentes com esta
estratégia pela sustentabilidade, podendo incluir, mas indo além de cumprimento de
requisitos impostos e evitando metas delimitadas por aspectos de planejamento. As
atividades da empresa devem contribuir para a construção de uma sociedade melhor.
14
2.3 GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Atualmente, com a incorporação de questões ambientais entre os objetivos das
organizações, os gestores têm introduzido em suas empresas programas preventivos
e medidas para a redução do consumo de energia e água, e a produção de resíduos,
graças às inovações tecnológicas. As empresas têm demonstrado que é possível
proteger o ambiente e ao mesmo tempo ganhar dinheiro e melhorar a imagem da
empresa, transformando ameaças ambientais em oportunidades de negócios.
A avaliação do impacto ambiental é considerada um instrumento de política ambiental
preventivo, pois pretende identificar, quantificar e minimizar as consequências
negativas sobre o meio ambiente antes que o empreendimento inicie suas atividades
(CÔRTES et al.,2011).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), através de resoluções e outros
documentos legais, estabelece diretrizes para a gestão ambiental no Brasil. No caso
específico da Construção Civil, por exemplo, a Resolução nº. 307/2002 visa disciplinar
a gestão de resíduos do setor, o que pode proporcionar benefícios de ordem
econômica, com a sua reutilização ou reciclagem; de ordem social, como fonte de
renda; de ordem educativa, com a diminuição da geração de resíduos; e de ordem
ambiental, através da redução dos impactos ambientais por eles provocados (MMA,
acessado em 11/03/2015).
Diversas iniciativas foram criadas, nos últimos anos, visando à gestão ambiental, e
com o objetivo de orientar as empresas no desenvolvimento de seus negócios:
- Selo PROCEL – O Selo PROCEL de economia de energia é um certificado
desenvolvido e concedido pelo Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica – Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia – MME, com sua
Secretaria Executiva mantida pelas Centrais Elétricas Brasileiras S.A – Eletrobrás. Seu
principal objetivo é mostrar ao consumidor, no ato da compra, que produtos
apresentam os melhores índices de eficiência energética, dando oportunidade de
escolha baseada na economia de sua conta de energia elétrica. Além disso, também
estimula a produção e comercialização de produtos que apresentem esta maior
eficiência, acelerando nosso desenvolvimento tecnológico e a preservação dos
recursos naturais (PROCEL INFO, acessado em 28/01/2015).
- Construção Sustentável – Destaque para o Programa Minha Casa Minha Vida, que
apoia a instalação de equipamentos de aquecimento solar de água nas casas do
programa de habitação para populações de baixa renda e a utilização de medidores
15
individualizados de água e gás e redutores de consumo de água (PORTAL CAIXA
FEDERAL, acessado em 28/01/2015).
- Resíduos Sólidos – A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela
Lei nº 12.305/2010, é fruto da articulação dos setores público, produtivo e da
sociedade civil, e estabelece a responsabilidade compartilhada entre todos estes
atores para a redução da geração e correta destinação dos resíduos sólidos. A PNRS
é ainda um novo marco para a produção, pois prevê a logística reversa e tem como
um de seus objetivos o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção de
bens e serviços (MMA, acessado em 28/01/2015).
2.3.1 CERTIFICAÇÕES NA CONSTRUÇÃO CIVIL
As exigências do mercado têm levado cada vez mais empresas a buscarem se
certificar, quanto à qualidade, segurança e saúde no trabalho, gestão ambiental e
responsabilidade social. Estas certificações tanto nacionais quanto internacionais
proporcionam benefícios não só as empresas como à sociedade como um todo, além
de incentivar a competitividade entre às organizações.
A implantação de um Sistema de Gestão da Qualidade, como o da ABNT NBR ISO
9001: 2008, busca a otimização de diversos processos dentro da organização por
meio da melhoria contínua de produtos e serviços, além do ganho de visibilidade
frente ao mercado. A norma de Segurança e Saúde Ocupacional mais difundida é a
OHSAS 18001: 2007 (Occupational Health and Safety Management Systems), que
tem por objetivo assegurar o bom cumprimento de procedimentos e cuidados quanto à
saúde e segurança do trabalhador (CÔRTES et al.,2011).
A norma ISO 14000: 2004 especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão
ambiental, de modo a permitir que a organização formule políticas e objetivos que
levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos
ambientais significativos. Ela é destinada à proteção do meio ambiente através da
redução da carga de poluição porque envolve a revisão do processo produtivo visando
à melhoria contínua do desempenho, controlando insumos e matérias-primas evitando,
assim, desperdícios de recursos naturais.
A norma ISO 26000: 2010, com relação à responsabilidade social, estabelece um
padrão internacional para elaboração de um sistema de gestão e apresenta a
importância do engajamento da empresa com as suas partes interessadas.
16
No Brasil foi elaborado a NBR 16001: 2007, lançada pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (CÔRTES et al., 2011), o que tem destacado o país
internacionalmente nesse campo, sendo um dos poucos países a elaborar uma norma
nacional sobre o tema da responsabilidade social.
2.3.1.1 MODELOS DE CERTIFICAÇÕES NO BRASIL
De acordo com Pinheiro (2006 apud CÔRTES et al., 2011), várias iniciativas têm
surgido para promover à construção sustentável no sentido de preservar o meio
ambiente. Uma destas iniciativas é o desenvolvimento de sistemas de certificação
ambiental para edificações sustentáveis.
Existem alguns passos que são utilizados em diretrizes dos principais certificadores
mundiais dos chamados selos verdes e são imprescindíveis para se alcançar a
construção de uma edificação sustentável e saudável para atendimento das
necessidades humanas. Os nove passos são:
1. Planejamento Sustentável da obra;
2. Aproveitamento passivo dos recursos naturais;
3. Eficiência energética;
4. Gestão e economia da água;
5. Gestão dos resíduos na edificação;
6. Qualidade do ar e do ambiente interior;
7. Conforto termo acústico;
8. Uso racional de materiais;
9. Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis.
No Brasil vem crescendo o número de empresas que querem se destacar de uma
forma positiva no meio da indústria e que procuram assim as certificações. No mundo
o número de certificações é muito grande comparada ao Brasil, porém várias
certificações começaram a despontar no país e as que se difundiram mais estão
listadas a seguir.
17
AQUA (Alta Qualidade Ambiental), realizada pela Fundação Vanzolini, entidade
de referência em certificação de sistemas de gestão e produtos da construção civil, em
parceria com a Cerqual, integrante do Grupo Qualitel (organismo francês de
certificação de empreendimentos habitacionais sustentáveis na França) (PORTAL DA
FUNDAÇÂO VANZOLINI, acessado em 28/01/2015).
A certificação requer implantação de um sistema de gestão do empreendimento (SGE)
e também o atendimento das 14 categorias de qualidade ambiental do
empreendimento (QAE), que podem se reunir em 4 grupos:
- Sítio e Construção
1) Relação do edifício com o seu entorno;
2) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos;
3) Canteiro de obras com baixo impacto ambiental;
- Gestão
4) Gestão da energia;
5) Gestão da água;
6) Gestão dos resíduos de uso e operação do edifício;
7) Manutenção - Permanência do desempenho ambiental;
- Conforto
8) Conforto higrotérmico;
9) Conforto acústico;
10) Conforto visual;
11) Conforto olfativo;
- Saúde
12) Qualidade sanitária dos ambientes;
13) Qualidade sanitária do ar;
14) Qualidade sanitária da água.
18
Cada uma das 14 categorias do AQUA pode ser classificada no nível Base, Boas
Práticas ou Melhores Práticas, e cabe ao empreendedor definir quais categorias
atingirão a classificação máxima, intermediária ou mínima, dependendo do contexto e
de sua estratégia de sustentabilidade. Para um empreendimento ser certificado AQUA,
Figura 3, o empreendedor deve ter um perfil mínimo de desempenho com 3 categorias
no nível Melhores Práticas, 4 categorias no nível Boas Práticas e 7 categorias no nível
Base.
Figura 3: Certificação AQUA.
Fonte: PORTAL DA EMPRESA DAMHA, acessado em 04/02/2015.
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), realizada pela Green
Building Council Brasil, é um sistema internacional de certificação e orientação
ambiental para edificações, utilizado em 143 países, e possui o intuito de incentivar a
transformação dos projetos, obra e operação das edificações, sempre com foco na
sustentabilidade de suas atuações.
Os empreendimentos são avaliados quanto aos seus desempenhos em termos de
espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera, matérias e
recursos, qualidade ambiental interna, inovação e processos e créditos de prioridade
regional. Podemos ver a descrição de cada critério de avaliação na Tabela 1.
Dependendo da categoria da certificação é necessário atender alguns pré-requisitos,
para obter a pontuação. Cada categoria de desempenho agrega uma pontuação que
definirá o tipo de certificação que será adequada ao empreendimento. As
classificações são baseadas no sistema de comparação de desempenho ambiental
entre um empreendimento e outro dentro da mesma categoria. Os quatro níveis de
certificação e pontuação correspondente são mostrados na
19
Tabela 2 e as logomarcas dos selos na Figura 4.
Tabela 1: Critérios de avaliação e suas descrições.
Critério de Avaliação Descrição
Sustainable sites
(Espaço Sustentável)
Encoraja estratégias que minimizam o impacto no ecossistema
durante a implantação da edificação e aborda questões fundamentais
de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das
ilhas de calor.
Water efficiency
(Eficiência do uso da
água)
Promove inovações para o uso racional da água, com foco na
redução do consumo de água potável e alternativas de tratamento e
reuso dos recursos.
Energy & atmosphere
(Energia e Atmosfera)
Promove eficiência energética nas edificações por meio de
estratégias simples e inovadoras, como por exemplo, simulações
energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de
equipamentos e sistemas eficientes.
Materials & resources
(Materiais e
Recursos)
Encoraja o uso de materiais de baixo impacto ambiental (reciclados,
regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a geração de resíduos,
além de promover o descarte consciente, desviando o volume de
resíduos gerados dos aterros sanitários.
Indoor environmental
quality (Qualidade
ambiental interna)
Promove a qualidade ambiental interna do ar, essencial para
ambientes com alta permanência de pessoas, com foco na escolha
de materiais com baixa emissão de compostos orgânicos voláteis,
controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de
espaços com vista externa e luz natural.
Innovation in design
or innovation in
operations (Inovação
e Processos)
Incentiva a busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim
como, a criação de medidas projetuais não descritas nas categorias
do LEED. Pontos de desempenho exemplar estão habilitados para
esta categoria.
Regional priority
credits (Créditos de
Prioridade Regional)
Incentiva os créditos definidos como prioridade regional para cada
país, de acordo com as diferenças ambientais, sociais e econômicas
existentes em cada local. Quatro pontos estão disponíveis para esta
categoria.
Fonte: Adaptado pela autora do Site GBCBrasil, acessado em 28/01/2015.
20
Tabela 2: Níveis de certificação e pontuação.
Certificação Pontuação necessária
Platinum 80 + pontos
Gold 60 - 79 pontos
Silver 50 - 59 pontos
Certified 40 - 49 pontos
Fonte: Adaptado pela autora do site GBCBrasil, acessado em 28/01/2015..
Figura 4: Logomarcas dos selos LEED.
Fonte: PORTAL DA VERA ZAFARRI, acessado em 04/01/2015.
O sistema pode ser implantado em qualquer tipo de construção e em qualquer fase do
ciclo de vida de um empreendimento.
SELO PROCEL EDIFICAÇÕES, estabelecido em novembro de 2014, é um
instrumento de adesão voluntária e que tem por objetivo identificar as edificações que
apresentam as melhores classificações de eficiência energética em uma dada
categoria, motivando o mercado consumidor a adquirir e utilizar imóveis mais
eficientes e sustentáveis. A área de edificações está presente em todos os setores da
atividade econômica do país e isto gera a articulação entre diversas entidades das
áreas governamental, tecnológica, econômica e de construção civil, fazendo com que
essa redução de gasto energético, reduza o uso de materiais e diminua os impactos
sobre o meio ambiente.
Para obter o selo, a edificação deve ser concebida de forma eficiente desde a etapa
de projeto, ocasião em que é possível obter melhores resultados com menores
investimentos.A etiqueta é concedida em dois momentos: na fase de projeto e após a
construção do edifício.
Nos edifícios comerciais, de serviços e públicos são avaliados três sistemas:
envoltória, iluminação e condicionamento de ar. Nas Unidades Habitacionais são
21
avaliados: a envoltória e o sistema de aquecimento de água. Os Selos, como
mostrado na Figura 5, são emitidos pela Eletrobrás Procel após a avaliação realizada
por um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA) pelo Inmetro, com escopo de
Eficiência Energética em Edificações - OIA-EEE.
Figura 5: Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) Geral.
Fonte: PROCEL INFO, acessado em 28/01/2015.
SELO CASA AZUL DA CAIXA, selo de sustentabilidade proposto pela Caixa
Federal, destinado a empreendimentos imobiliários. É uma classificação
socioambiental dos projetos habitacionais financiados pela CAIXA, com a missão de
reconhecer projetos de empreendimentos que adotem soluções eficientes na
construção, uso, ocupação e manutenção dos edifícios, incentivando o uso racional de
recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno.
O selo exige que a construção seja aprovada a partir da análise de 53 critérios, entre
obrigatórios e de livre escolha, divididos em seis categorias: qualidade urbana, projeto
e conforto, eficiência energética, conservação de recursos materiais, gestão da água e
práticas sociais. A verificação dos critérios acontece durante o acompanhamento da
obra e as classificações variam de acordo com o número de critérios atendidos, como
mostrado na Tabela 3.
Tabela 3: Classificação e números de critérios necessários.
Classificação Critérios Necessários
Ouro 19 critérios obrigatórios + 12 livre escolha
Prata 19 critérios obrigatórios + 6 livre escolha
Bronze 19 critérios obrigatórios
Fonte: Adaptado pela autora de SELO CASA AZUL, acessado em 28/01/2015.
22
Na Figura 6 encontra-se as logomarcas atribuídas a casa classificação do Selo Casa
Azul da Caixa Federal.
Figura 6: Logomarcas do Selo Casa Azul da Caixa Federal.
Fonte: Guia Caixa – Sustentabilidade Ambiental, 2010.
QUALIVERDE, legislação de incentivo às construções sustentáveis, criado
pela Secretaria Municipal de Urbanismo junto à Prefeitura do Rio de Janeiro. Tem o
objetivo de incentivar a adoção de práticas de sustentabilidade nas construções de
edificações do Município, reduzindo os impactos ambientais, estimulando práticas de
consumo sustentável e concedendo benefícios fiscais (Figura 7).
Figura 7: Logotipo Qualiverde.
Fonte: Portal da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, acessado em 04/02/2015.
Para obter o carimbo Qualiverde, a construção precisa ter características específicas
relacionadas à gestão da água, eficiência energética, desempenho térmico e projeto.
Para conseguir a qualificação é preciso preencher um formulário da Prefeitura e
aguardar a análise da comissão da Secretaria Municipal de Urbanismo e de Meio
Ambiente, composta por seus representantes, que irão avaliar o empreendimento após
a execução da obra.
Cada item da lista de critérios a atender possui uma pontuação exclusiva, a soma
desses pontos classifica o empreendimento em dois níveis diferentes: atingindo no
mínimo 70 pontos é classificado como Qualiverde e atingindo no mínimo 100 pontos
se torna Qualiverde Total. Os benefícios fiscais obtidos ao atingir a pontuação são:
desconto do ISS (Imposto sobre serviços) na obra, isenção ou desconto de IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano) durante a obra, isenção ou desconto no ITBI
(Imposto Sobre Transmissão de Bens Imóveis) e desconto de IPTU no prédio.
23
A preocupação com a sustentabilidade tem levado a Indústria da Construção Civil,
mesmo que com certo atraso em relação a outros setores produtivos, a grandes
transformações e a absorção de novos conceitos gerenciais em razão do
aperfeiçoamento profissional de seus administradores, da pressão exercida pela
concorrência a nível internacional e pelo maior grau de conhecimento e exigência do
consumidor, que valoriza cada vez mais empresas e produtos certificados em
qualidade, ética e responsabilidade ambiental (CÔRTES et al., 2011).
As adequações necessárias à obtenção das certificações em média podem encarecer
o custo da obra, o que pode parecer algo desinteressante para as construtoras em um
primeiro momento. Porém em longo prazo, a redução dos custos operacionais e a
redução dos impactos ambientais representam uma grande vantagem.
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável reconhece a certificação como meio
de contribuição para o desenvolvimento sustentável no setor da construção civil. O
gestor precisa ter para ele quais os perigos em casa etapa do projeto da construção
para reduzir ou eliminar os riscos tanto ambientais, de saúde e segurança e
socioculturais de modo eficiente e aumentando a qualidade do produto final. Todas as
certificações sustentáveis se mostram eficientes procedimentos para se medir o quão
segura e saudável é uma construção, ajudando o gestor na gestão da obra e na
entrega de um produto com qualidade e vantagem no mercado.
24
3. MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO EM SST
A saúde e segurança do trabalho (SST) englobam o bem-estar social, mental e físico
dos trabalhadores. O objetivo essencial da SST é a gestão de riscos, prevenir os
acidentes e as doenças profissionais, e ao mesmo tempo reconhecer a ligação entre a
saúde e a segurança do trabalhador, o local de trabalho e o meio externo.
De acordo com a OIT (2009), programas eficazes de saúde e segurança no local de
trabalho podem ajudar a salvar as vidas dos trabalhadores, através da eliminação ou
redução dos riscos e das suas consequências. Os programas de saúde e segurança
têm igualmente efeitos positivos, quer no estado de espírito, quer na produtividade do
trabalhador, constituindo benefícios importantes. Ao mesmo tempo, um programa
eficaz poderá poupar imenso dinheiro aos empregadores.
Nesse sentido foi feita uma pesquisa bibliográfica, para se identificar os métodos mais
relevantes de análise de riscos, para compará-los entre si e identificar seus pontos
positivos e negativos, de modo a identificar quais eram mais aplicáveis que outros no
contexto atual da indústria da construção civil.
Durante a pesquisa bibliográfica foram realizadas consultas ao banco de dados
disponibilizados na base de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES), de artigos relacionados à área de gestão de SST
na construção e que foram publicados no período de 2004 a 2014.
Após uma extensa análise dos artigos encontrados, que se propõem a auxiliar os
gestores na tomada de decisão perante problemas de risco envolvendo saúde e
segurança no trabalho, os artigos que apresentaram duplicidade ou eram produtos
relacionados a jornais ou apresentações, bem como aqueles que não tinham
alinhamento com o tema desta pesquisa, após a leitura de seus títulos e resumos,
foram eliminados. Os artigos restantes foram divididos por tipo de modelo exposto no
trabalho e foram analisados, chegando-se a um grupo de 8 (oito) artigos com os
modelos mais relevantes para este estudo.
Os modelos de análise de risco selecionados e que serão apresentados a seguir são o
Método 3P+I, que tem o objetivo de construir um quadro de gestão de segurança para
auxiliar os gestores na análise de riscos, o segundo modelo é o método DELPHI, que
consiste na definição de riscos associadas às atividades, através do consenso de um
grupo de especialistas, depois será apresentado o método TRIPLO-ÍNDICE que foi
desenvolvido para prever riscos de acidentes em projetos, o quarto modelo é o Modelo
RAM que consiste na avaliação quantitativa dos riscos, a seguir será apresentado o
método do ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL que é um indicador para alimentar
25
ferramentas de análise de decisão multicritério. O sexto modelo a ser apresentado
será o método QUANTITATIVO que mede o nível de segurança em projetos de
construção, o sétimo é o método FUZZY AHP que faz a avaliação de riscos baseada
na Teoria de conjuntos Fuzzy e no Processo de Análise Hierárquica (AHP). O último
modelo que será apresentado é o MODELO INTEGRADO ISO 14004 e OHSAS 18001
que foi desenvolvido para melhorar a identificação, avaliação e controle operacional de
impactos ambientais e riscos à saúde e segurança.
3.1 MÉTODO 3P + I
De acordo com TEO et al. (2005) o método consiste na construção de um quadro de
gestão da segurança, onde os fatores potenciais de influência da segurança são
agrupados em quatro grandes designações: política, de processo, de pessoal e de
incentivo, formando o quadro 3P+I. Política, Pessoal e Incentivo são fatores
organizacionais, já o Processo é um fator técnico.
Em relação aos fatores de política, pode-se mencionar que a legislação e as políticas
de segurança têm um grande impacto sobre o nível de segurança de um canteiro de
obras. Todos os gerentes de projeto têm que seguir as regras e regulamentos
devidamente e em casos de desrespeito, punições devem ser aplicadas a eles.
A legislação e sua aplicação afetam a segurança de construção em grande escala.
Como tal, a legislação de segurança tem de ser levada a sério quando se planeja as
atividades de trabalho e criação de políticas da empresa. Outro fator induzido por
política é a promoção do reconhecimento de segurança das empresas de construção
através da certificação do Sistema de Gestão de Saúde e Segurança no Trabalho
(SGSST). Isto é conseguido através da garantia de que as empresas preenchem os
requisitos da OHSAS 18001:2000.
Fatores de processo referem-se ao processo de realização de obras pelo pessoal da
construção que pode, eventualmente, ser prejudicial para o seu bem-estar e
segurança.
Uma das principais preocupações para o gerenciamento de fatores de processo é a
eficácia de controle sobre o grande número de subcontratados em canteiros de obras,
devido à diversificação de atividades. Assim, com maior número de subcontratação, as
chances de ocorrência de acidentes serão mais frequentes. Além disso, os principais
contratantes podem transferir todas as responsabilidades de segurança para
26
empresas subcontratadas e não podem garantir assim que os subcontratados são
capazes de proporcionar um ambiente de trabalho seguro.
Diferentes métodos de construção precisam atender diferentes padrões e expectativas
de segurança. Os acidentes em canteiros de obras são causados por: condições
inseguras de trabalho em altura, pisando ou tropeçando em objetos, más condições de
iluminação, o enterro por colapso de terra durante a escavação, colapso de andaimes
e plataformas, perigo de fogo, falta de acesso adequado, educação e formação
inadequada. Além disso, o envolvimento de ferramentas e equipamentos de má
qualidade, velhos ou sem manutenção também podem causar acidentes.
Transferência de informação e comunicação eficaz entre a administração e os
funcionários trará melhores padrões de segurança e melhorará a obtenção de uma
política de segurança. O compromisso da segurança da gestão é um fator
determinante para os diversos meios de comunicação e transferência de informações
para todos os níveis do projeto de construção.
Fatores de pessoal referem-se a questões relacionadas com o aspecto humano das
atividades de construção. Os fatores se referem ao comportamento de segurança e
atitudes da administração e os trabalhadores dentro de uma organização. O
comportamento e as atitudes de segurança representam sua cultura de segurança,
que é um subconjunto da cultura organizacional, onde as crenças e os valores
referem-se especificamente a questões de saúde e segurança.
A cultura de segurança em uma organização dependerá do compromisso de
segurança da gestão e dos trabalhadores em relação a seu incentivo e campanhas de
segurança. O fornecimento de treinamento de segurança para os funcionários é outro
aspecto importante para a consideração dos fatores de pessoal.
Os acidentes podem ocorrer por causa de atitudes incorretas e maus comportamentos
dos trabalhadores, que são difíceis de acompanhar e controlar. Existe uma relação
positiva entre o desempenho de segurança e a atitude dos trabalhadores. Neste
sentido, os trabalhadores precisam possuir as habilidades e conhecimentos corretos
para a natureza do trabalho e ser motivados a se comportar seguramente.
Tudo isso só funcionará se a gestão da empresa reforçar a cultura de segurança.
Verifica-se que as empresas de construção de grande escala geralmente têm melhor
desempenho em segurança, devido ao alto nível de suporte de segurança e empenho
demonstrado a partir dos gerentes.
De acordo com TEO et al.(2005), estudos anteriores demonstraram as vantagens e
desvantagens da introdução de incentivos para melhorar a segurança do local. Alguns
27
estudos em favor do regime provaram que uma redução em acidentes e lesões no
local de construção tenha sido alcançada e outros estudos mostraram que os índices
de segurança não melhoraram apesar da introdução de incentivos de segurança. Isto
levou à dedução de que apenas alguns tipos de incentivos vai melhorar a segurança
no local.
Os incentivos podem ser eficazes na redução de acidentes de trabalho, mas isso pode
depender da forma como os incentivos estão sendo alocados. Pelo menos, não todos
os contratantes concordam que os incentivos são vitais para melhorar o desempenho
de segurança. Os incentivos de segurança não necessariamente irão produzir o
resultado desejado; isto dependerá das diferentes relações dos grupos e das
expectativas e reações dos indivíduos diante incentivos de segurança.
Para a elaboração do quadro são utilizados questionários para analisar o potencial de
influência de cada um dos fatores encontrados na segurança do projeto, foram
encontrados 50 variáveis que afetam a segurança no local do projeto. Os
questionários são enviados para profissionais experientes da construção civil para
análise.
Os entrevistados foram solicitados a classificar como cada uma das 50 variáveis
influenciou o desempenho da segurança local do projeto, em uma escala de Likert de
cinco pontos, onde 1 = não é importante no geral e 5 = muito importante. O
questionário também convidou os especialistas a indicar quaisquer outros fatores que
afetam a segurança da construção, e avaliar esses fatores.
Neste estudo, dos 420 questionários enviados para o estudo, dos 61 respondidos no
prazo de dois meses elaborado, 60 foram aceitos para o estudo. A partir da análise
dos questionários respondidos foi traçado o perfil dos especialistas e foi observado
que a maioria deles eram gerentes pleno e sênior e possuíam uma vasta experiência
na indústria da construção.
Após isto é feita uma análise estatística dos fatores e uma análise fatorial, pois as
correlações entre os fatores podem ser reconstruídas em conjuntos menores de
parâmetros, o que pode representar uma estrutura subjacente de forma concisa e
interpretável.
A análise estatística das 50 variáveis é feita através do software Statistical Package for
Social Sciences (SPSS). O teste t de média estatística é utilizado para verificar a
população de profissionais que responderam as questões levantadas nos
questionários, com base na amostra de classificação.
28
A hipótese nula H0: μ = μ0 e a hipótese alternativa H1: μ> μ0 foram estabelecidas,
onde μ é a média da população. μ0 é a avaliação crítica, acima da qual a variável
desempenha um papel muito importante em influenciar a segurança do local do
projeto. Neste estudo, μ0 foi fixada em 3 (três) porque pelas definições dadas na
escala de classificação, classificações acima de 3 representam “importante” ou “muito
importante”. O nível de significância para o teste unilateral foi de 0,05.
Dentro de cada uma das quatro designações são analisados os fatores relacionados a
eles, de acordo com o resultado do teste t e da análise fatorial, e os fatores são então
classificados e correlacionados, construindo-se o quadro 3P+I, Figura 8.
O quadro 3P+I para o gerenciamento de segurança de construção é proposto para ser
usado por gerentes de projeto, este quadro mostra os quatro fatores principais
(política, processo, pessoal e incentivo) e seus subfatores.
Figura 8: Quadro 3P+I.
Fonte: Adaptado de TEO et al., 2005.
O quadro proposto pelo método é diferente de outros estudos relacionados à
segurança, porque ele fornece uma visão holística de gestão de segurança, e os
gerentes de projeto podem usá-lo para reduzir o número de acidentes. No entanto, o
quadro depende da quantidade de respostas recebidas dos questionários para ser
criado.
3.2 MÉTODO DELPHI
Este método foi utilizado para definir os riscos associados às atividades de trabalho
necessárias para a construção de formas de concretagem. O método Delphi é definido
como uma técnica de pesquisa sistemática e interativa destinada a obter consenso no
julgamento de um painel de especialistas.
29
Inicialmente é feita uma lista de atividades que ocorrem durante a etapa analisada.
Esta lista então é enviada para o painel de especialistas que respondem aos
questionários. Com o uso do método Delphi, os especialistas atribuem uma nota de
segurança para cada atividade selecionada, utilizando escalas de frequência e
severidade (Tabela 4 e Tabela 5).
Assim eles quantificam individualmente a frequência e a severidade associada a cada
risco, após algumas rodadas de julgamento um consenso é obtido. As classificações
de frequência são convertidas a partir de uma gama de valores com unidades de
trabalhador-hora por incidente em um valor de ponto único e os valores de severidade
encontrados não são alterados.
Tabela 4: Escala de Severidade.
Nível de gravidade subjetiva Escore de gravidade
Desprezível 1
Desconforto Temporário 2
Desconforto Persistente 4
Dor temporária 8
Dor persistente 16
Primeiros Socorros menores 32
Primeiros Socorros maiores 64
Caso médico 128
Tempo de trabalho perdido 256
Invalidez permanente 1024
Fatalidade 26214
Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.
Tabela 5: Escala de Frequência.
Trabalhadores-hora por incidente
Escore de frequência
>100 milhões 1
10-100 milhões 2
1-10 milhões 3
100.000-1 milhão 4
10.000- 100.000 5
1.000-10.000 6
100-1.000 7
10-100 8
1-10 9
0.1-1 10 Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.
A multiplicação das classificações de frequência e de severidade finais representa o
risco unitário para as atividades, como mostrado na Tabela 19.
30
Tabela 6: Comparação dos valores de risco entre as atividades de concretagem.
Atividade de concretagem Escore de risco de segurança
(G/h-h)
Lubrificação / preparação 18,67
Escada ascendente e descendente 1,86
Materiais de guindaste 0,51
Transporte motorizado 0,48
Materiais de martelo 0,25
Levantar/descer materiais 0,19
Escavação 0,11
Prumo/ nível formas 0,11
Materiais de corte 0,05
Transporte manual 0,04
Prego / parafuso / broca 0,03
Erguer em equilíbrio 0,03
Inspecionar / plano 0,01
Total 22,63 Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.
Os valores de risco obtidos através deste método estão limitados devido a instruções
dadas para os entrevistados:
Os valores representam a média para todas as empresas da indústria
independentemente do tamanho, localização geográfica, registro de segurança,
etc.
Os valores de risco representam níveis médios de risco que ocorreriam se não
houver a implantação de programas de segurança.
Os valores representem a opinião dos especialistas de segurança e não são
dados empíricos.
Os valores são genéricos e não se utilizam para casos extremos ou condições
de projeto incomuns.
O método é bastante aplicável quando se deseja focar em inspeções, palestras e
treinamento em tarefas de alto risco e reduzir a ênfase em tarefas de baixo risco, e
pode ser utilizado para avaliar o impacto de risco a segurança de meios e métodos
alternativos de construção, como mostrado na Tabela 7, pois foca a análise de risco
nas tarefas. Porém, o método possui uma limitação, pois os riscos definidos para as
atividades descritas são aplicáveis apenas quando elas são realizadas como descrito.
31
Tabela 7: Avaliação de meios alternativos e métodos de construção.
Atividade de concretagem
Unidade de Risco (G/h-
h)
Concretagem tradicional
Painéis de concretagem
Forma Deslizante
h-h Risco
(G) h-h
Risco (G)
h-h Risco
(G)
Lubrificação /
preparação 18,67 18 336 36 672 45 840
Escada ascendente e descendente 1,86 180 335 180 335 180 335
Materiais de guindaste 0,51 90 46 720 367 900 459
Transporte motorizado 0,48 540 259 180 86 180 86
Materiais de martelo 0,25 360 90 180 45 180 45
Levantar/descer materiais 0,19 720 137 540 103 540 103
Escavação 0,11 360 40 360 40 360 40
Prumo/ nível formas 0,11 270 30 450 50 450 50
Materiais de corte 0,05 540 27 90 5 90 5
Transporte manual 0,04 540 22 90 4 180 7
Prego / parafuso / broca 0,03 900 27 540 16 540 16
Erguer em equilibrio 0,03 360 11 540 16 450 14
Inspecionar / plano 0,01 720 7 540 5 540 5
Total 22,63 5.598 1.366 4.446 1.743 4.635 2.004
Fonte: Adaptado de HALLOWELL AND GAMBATESE, 2009.
3.3 MODELO TRIPLO-ÍNDICE
KAMARDEEN (2009) explica que o modelo triplo-índice foi formulado para prever
riscos de acidentes em projetos de construção e a estimativa de riscos de acidente em
um projeto de construção de edifício envolve três fases principais: estimativa de um
índice de risco de projeto (PHI) com base em um quadro de riscos, onde este índice
avalia o grau de risco do projeto, estimativa de um índice de segurança do projeto
(PSI) explorando um quadro de riscos atribuído a ele, onde este quadro avalia o grau
de preparação de segurança, analisando fatores de segurança com seus respectivos
subfatores, e a estimativa de um índice de acidente de projeto (PAI) por uma análise
de troca entre o PHI e PSI.
Os dois primeiros índices possuem um processo de estudo, identificação e cálculo de
risco para determinar os índices. Para a estimativa do PHI deve-se primeiramente
identificar os perigos dos locais das construções, após isso se identifica os atributos de
classificação de risco a partir do quadro de riscos para cada perigo relevante
identificado. Com isso faz-se uma agregação das classificações dos perigos
atribuídos, normalizando as classificações e computando os índices de riscos do local.
Assim, um peso de 1/m é sugerido para cada local para normalizar os índices de
32
perigo do local, onde m é o numero de atividades perigosas que são aplicáveis ao
projeto. Finalmente adicionam-se os índices do local de perigo normalizado e deriva-
se o PHI.
Já a estimativa do PSI inicia-se com a identificação dos fatores e subfatores de
segurança no projeto no quadro de riscos deste e também dos atributos de segurança
para cada subfator no quadro de riscos. Com isso agregam-se os índices de
segurança para cada subfator e normalizam-se as classificações para calcular-se o
índice de segurança, entre zero e um. Então, agregando o valor dos subfatores aos
normalizados aos índices dos fatores e normalizando-os, calcula-se o índice de
segurança fatorial para cada fator identificado no quadro. Um peso de 1/n é sugerido
para normalizar cada índice de segurança, onde n é o numero de fatores de
segurança que são aplicáveis ao projeto. Finalmente adicionam-se os índices de
segurança normalizados e deriva-se o PSI.
Para o cálculo do PSI utiliza-se o Sistema de apoio à decisão (SAD), software
proposto também, que automatiza o modelo triplo-índice. O SAD consiste em dois
componentes principais: interface gráfica do usuário e unidade de processamento. A
interface gráfica é composta por três interfaces principais: a interface de alimentação
dos valores de risco de projeto para calcular o PHI, a interface de alimentação para
atribuir os valores de segurança de projeto para calcular o PSI e a interface de saída
final PAI.
Os índices PHI e PSI são então alimentados no SAD e este calcula o PAI, através da
formulação a seguir:
If PSI< PHI Eq. 1
then PAI = 1 - (PSI/PHI) else PAI = 0 Eq. 2
Endif Eq. 3
O software mostra uma ótima correlação com os valores calculados e o número de
acidentes, quanto maior o valor de PAI, maior o número de acidentes. O modelo revela
os índices de acidentes em potencial no projeto, ajudando os gestores a melhorar a
segurança da obra. O método, entretanto, exige o desenvolvimento dos atributos para
cada projeto de construção, o que dificulta a comparação dos diversos projetos de
construção na organização e proporciona pouca visibilidade das causas e
consequências dos impactos.
33
3.4 MODELO RAM
FUNG et al. (2010) descreve o modelo de avaliação de risco (RAM). Este foi
desenvolvido para auxiliar o trabalho de avaliação de risco por parte dos profissionais
de segurança e ajudar os trabalhadores a compreender os riscos existentes em seu
trabalho. O modelo pode fornecer uma avaliação quantitativa dos riscos, com base em
dados históricos sobre os níveis de risco de diferentes tarefas nas obras, na Figura 9:
Princípio do modelo RAM. pode-se observar o princípio do RAM.
Figura 9: Princípio do modelo RAM.
Fonte: Adaptado de FUNG et al., 2010.
O RAM é desenvolvido como um software no Excel que considera o número dos
acidentes e custos dos danos coletados a partir de registros de históricos de
acidentes. O RAM possui três partes principais: a seção de entrada de dados, seção
de análise de dados e a seção de resultados. Há 8 planilhas em RAM: Folha de
entrada, DA1, DA2, DA3, DA4, DA5, DA6 e folha de resultados.
São recolhidos, a partir da análise dos registros de históricos de acidentes, os
números de acidentes e custos dos danos causados por eles. Após isso, o nível
relativo de cada atividade e possíveis tipos de acidentes são avaliados e classificados
no RAM.
A taxa de frequência e a de severidade são então calculadas através dos dados
coletados e das fórmulas atribuídas a cada uma. Finalmente, calcula-se a taxa de risco
que é igual a multiplicação da taxa de frequência com a taxa de severidade.
O modelo ajuda a identificar e prever os níveis de risco existentes nas tarefas nas
obras e também ajuda a melhorar o desempenho de segurança por implementação de
medidas para as tarefas de alto risco identificadas. No entanto, para diferentes
projetos com diferentes condições, os níveis de aceitação de risco são diferentes, os
diferentes profissionais de segurança que avaliam risco possuem diferentes critérios
34
de aceitação, portanto devem ser observados que os níveis de risco avaliados pelo
RAM são valores relativos, não absolutos.
3.5 MÉTODO DO ÍNDICE DE RISCO OCUPACIONAL (ORI)
O Método é utilizado como um indicador para alimentar ferramentas de análise de
decisão multicritério. O ORI é uma medida do risco envolvido em um determinado
projeto de construção que depende do volume e tipo de atividades realizadas. É
calculado como a quantidade total de trabalho a ser dedicado a cada atividade de risco
(i), ponderada pela importância do risco associado (W i) (CASANOVAS et al., 2014).
- Eq.4
∑ Eq.5
São realizadas análises qualitativas para determinar a consequência (C) e a
probabilidade (P) de um acidente em cada atividade. A avaliação da probabilidade e
as consequências de cada risco foram calculadas como a média das avaliações feitas
por especialistas em saúde e segurança no trabalho que se qualificaram de acordo
com os critérios estabelecidos. Uma série de rodadas de avaliações é realizada até
um consenso em relação ao desvio padrão ser alcançado. A importância de cada tipo
de risco é obtida multiplicando as consequências do acidente pela sua probabilidade.
Após isso se faz o cálculo do peso normalizado, que consiste em dividir o peso de
cada risco pelo maior peso possível. Ao final chega-se a um quadro com as atividades
e seus valores ORIs normalizados. A alternativa com menor ORI vai ser a alternativa
mais segura, enquanto que a alternativa com maior ORI deverá ser a mais
preocupante em relação à segurança.
O método é utilizado na fase de projeto, o que torna possível a comparação de
diferentes alternativas de projeto ou métodos construtivos, como utilizado no estudo de
caso do projeto, decisão de uso de pré-moldado ou moldado in situ para três drenos
que seriam usados como pequenas passagens para uma rua residencial. O método in
situ obteve maior ORI que o método de uso de pré-moldado, tornando o uso de pré-
moldado a opção mais segura.
O uso do ORI como um indicador para avaliar as alternativas de um projeto permite a
consideração da segurança no trabalho desde o início do projeto, garantindo assim
que a preocupação com a segurança dos trabalhadores seja componente ativo de
design e gestão do projeto. No entanto, vale lembrar que as avaliações de
35
consequências e probabilidades feitas pelos especialistas variam de acordo com as
regiões e tecnologias empregadas em cada obra.
3.6 MÉTODO QUANTITATIVO
O método quantitativo proposto é uma ferramenta de avaliação para medir o nível de
risco de segurança em projetos de construção e também irá fornecer uma base
consistente para as comparações, entre diferentes empresas de construção e locais
de construção.
A primeira etapa começa com a identificação dos riscos nos processos que envolvem
a construção, com isso faz-se uma identificação de todos os processos envolvidos na
atividade e depois é feito um inventário com todos os acidentes, para determinar os
riscos de segurança. Nesta etapa ainda, utiliza-se um grupo de especialistas para
avaliar os níveis de segurança em cada processo definido anteriormente, onde eles
avaliam a probabilidade (P) e a gravidade das consequências (S).
Os especialistas utilizam de uma escala (Tabela 8) para definir os níveis de riscos,
sendo que a probabilidade de ocorrência varia de baixa probabilidade (improvável) a
probabilidade relativamente elevada (muito provável ou frequente) e a gravidade das
consequências é avaliada tomando em conta a extensão do dano resultante do
incidente, deste modo a probabilidade e a consequência de um processo são
convertidos em uma escala numérica.
Tabela 8: Sistema de escores para probabilidade de um acidente e gravidade das
consequências.
Probabilidade de Ocorrência (P i) Gravidade das consequências (Si) Escore
Improvável Nenhum 0
Não muito provável Pequena 1
Provável Grande 2
Muito provável Catastrófico 3
Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2010.
A classificação de significância de um risco é definida como a multiplicação da
probabilidade de ocorrência com a gravidade das consequências. Com esta
classificação, um risco é considerado significativo quando seu valor é maior ou igual a
três.
Eq.6
36
Onde SGi denota a significância de um risco em uma fase especifica i da construção,
Pi representa a sua probabilidade de ocorrência e S i corresponde à sua gravidade das
consequências.
Na segunda etapa juntamente com os especialistas são desenvolvidos os indicadores
específicos para avaliar a exposição ao risco na construção, sendo estes baseados
em informações observadas ou contidas no projeto de construção. De modo a incluir
critérios detalhados para ajudar os especialistas a determinar se a exposição a um
risco de construção particular é significativa, uma escala de quatro intervalos foi
desenvolvida,
Tabela 9. Se os documentos de um projeto de construção não apresentarem todas as
informações necessárias para fazer uma avaliação satisfatória, uma elevada
exposição deve ser automaticamente assumida (EXj = 5), e se, após a realização da
avaliação, qualquer risco de segurança de construção for encontrado para ser
inaceitável (EXj = 9), ações para eliminar ou reduzir esse risco devem ser planejadas.
Tabela 9: Sistema de escores para a exposição a um risco.
Exposição do Risco (EXj) Escore
Nenhuma exposição 0
Baixa exposição 1
Exposição significativa 2
Alta exposição 3
Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2010.
O nível de risco global de um projeto é então definido como o somatório das
exposições dos riscos de segurança de uma construção.
∑ Eq.7
Onde R é o nível de risco global de segurança de um projeto de construção e EXj é a
exposição correspondente a um risco de segurança de uma construção específica j.
O projeto de construção com a maior soma é o que possui o menor nível de
segurança. Um exemplo do estudo de caso é apresentado na Tabela 10, comparando
dois métodos de construção.
37
Tabela 10: Avaliação do desempenho relacionado à segurança de projetar um telhado de
ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e janelas para ventilação ou um telhado
trafegáveis com paredes de contorno.
Risco de segurança da construção
Telhado de ardósia de duas águas com uma inclinação de 45% e
janelas para ventilação
Telhado trafegáveis
com paredes
de contorno.
P EX P EX
FH-2 Quedas entre diferentes níveis durante o trabalho estrutural
0.3318 3 0.2313 3
FH-3 Quedas entre diferentes níveis durante o trabalho no telhado
0.1787 1 0.0000 0
FS-3 Quedas nos mesmos níveis durante o trabalho no telhado
630.000 5 541.920 3
OF-4 Lesões causadas por queda de objetos a partir de cima durante o trabalho no telhado
0.1787 1 0.0000 0
CS-3 Lesões causadas por cortes ou golpes de objetos e ferramentas durante acabamento em telhados
630.000 5 541.920 3
Nível de risco de segurança 15
9
Fonte: Adaptado de Apêndice B - GANGOLELLS et al., 2010.
O método classifica a importância dos riscos de segurança envolvidos em um projeto
de construção e compara o nível geral de risco para a segurança de projetos.
O método permite a escolha entre diferentes métodos de construção, pois consegue
analisar os níveis de risco de todas as opções e calcular o nível de risco global das
diferentes opções de projeto. Ele avalia o risco antes da fase de construção e também
compara a importância absoluta de um determinado risco para a segurança em vários
projetos de construção que está sendo avaliado.
Porém mais pesquisas são necessárias para enriquecer os dados de causas de
acidentes do método e a utilização de um sistema de ponderação também é sugerida
para avaliar melhor o nível de risco global.
3.7 MÉTODO FUZZY AHP
MOROTE e VILA (2011) explicam que este método de avaliação de risco é baseado
na Teoria de conjuntos fuzzy, que é uma ferramenta eficaz para lidar com o
julgamento subjetivo, e sobre o Processo de Análise Hierárquica (AHP), que é utilizado
para estruturar um grande número de riscos. O modelo consiste em três etapas: etapa
38
preliminar, definição da função de fator de risco e medição de variáveis e a etapa de
inferência fuzzy.
Na etapa preliminar, selecionam-se os membros do grupo de avaliação, que serão
desde peritos na área até usuários do produto final. Estes avaliadores selecionados
realizam a medição dos parâmetros da função de riscos, classificando-os em níveis.
Durante a segunda etapa o fator de risco é calculado através de três parâmetros:
impacto do risco (RI), probabilidade do risco (RP) e discriminação do risco (RD). O
parâmetro de impacto de riscos investiga o efeito potencial de um risco em um objetivo
de projeto e o parâmetro de probabilidade de risco investiga a probabilidade de que
ocorrerá cada risco específico. E o parâmetro de discriminação de risco mede o
impacto do risco global, ao invés de olhar para cada risco como uma variável
independente dentro do projeto, os outros dois parâmetros não levam isso em
consideração.
Assim, MOROTE e VILA (2011) explicam que com cada risco avaliado nos três
parâmetros, um valor pode ser atribuído a cada risco através da seguinte fórmula:
Eq.8
Quando os especialistas possuem informações imprecisas sobre os riscos associados
ao projeto, estes expressos em termos linguísticos são então transformados em
números fuzzy por meio de uma escala de conversão adequada, Tabela 11.
Tabela 11: Termos linguísticos, seu significado e seu número fuzzy correspondente.
Descrição do RI Interpretação geral Número fuzzy
Crítico (C ) Envolve impacto muito alto (0.8, 0.9, 1, 1)
Sério (S) Envolve impacto alto (0.6, 0.75, 0.75, 0.9)
Moderado (Mo) Envolve impacto moderado (0.3, 0.5, 0.5, 0.7)
Pequeno (Mi) Envolve somente impacto pequeno (0.1, 0.25, 0.25, 0.4)
Desprezível (N) Envolve nenhum impacto permanente (0, 0, 0.1, 0.2)
Descrição do RI Interpretação geral Número fuzzy
Alto (H) Muito provável de ocorrer (0.7,0.9,1,1)
Médio (M) Provável de ocorrer (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
Baixo (L) Ocorrência é improvável (0, 0, 0.1, 0.2)
Descrição do RDC Interpretação geral Número fuzzy
Muito mais Muito mais impacto no quadro geral do projeto (0, 0, 0, 0.3)
Mais Mais impacto no quadro geral do projeto (0, 0.25, 0.25, 0.5)
Invariável Invariável o impacto no quadro geral do projeto (0.3, 0.5, 0.5, 0.7)
Pouco Pouco impacto no quadro geral do projeto (0.5, 0.75, 0.75,1)
Muito pouco Muito pouco impacto no quadro geral do projeto (0.7, 1, 1, 1)
Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.
39
Após isso, agregam-se os números fuzzy em grupos de números fuzzy por aplicação
da média aritmética fuzzy como mostrada a seguir:
∑
Eq.9
∑
Eq.10
Onde i é cada um dos riscos, m o número de especialistas do grupo, multiplicação
escalar e é a adição fuzzy.
No caso de RD, os membros do grupo de avaliação de risco são obrigados a fornecer
o seu julgamento comparativo sobre o impacto global para cada par de riscos
identificados no mesmo nível e grupo na estrutura hierárquica. Para cada membro é
gerada uma matriz de comparação para cada grupo e nível na hierarquia. Os valores
das relações difusas de preferência sobre os riscos obtidas diretamente com os
especialistas, RDCij, e os valores das relações de preferências difusas ideais sobre os
riscos, que são consistentes, RDC’ij, são números fuzzy trapezoidais. Calcula-se o RD
para cada risco através de fórmulas fuzzy.
Na etapa de inferência fuzzy, analistas de risco convertem o número fuzzy de RI, RP e
RD em um número fuzzy que representa o fator de risco global de cada risco ri. Uma
vez que os parâmetros RI, RP e RD são expressos por números fuzzy trapezoidais o
fator de risco global é calculado por:
Eq.11
Onde i é cada um dos riscos no nível inferior da hierarquia e e representam a
multiplicação e a divisão fuzzy.
A etapa final do método é a defuzificação dos números fuzzy, esta operação é a
operação de produzir um número não fuzzy, um único valor que representa
adequadamente o número fuzzy ORF. O método proposto para esta operação é o
centroide que é proposto de acordo com os requisitos para refletir a real situação e o
ponto de vista do grupo de avaliação.
∫
∫
Eq.12
Onde i é cada um dos riscos no nível inferior da hierarquia.
A saída desse método é uma classificação de risco final. Este método apresenta uma
metodologia capaz de lidar com os riscos associados a projetos em situações
complicadas em que as informações para avaliar os riscos estão incompletas ou não
podem ser quantificáveis.
40
O exemplo de caso de avaliação de risco foi o projeto de reabilitação de um edifício na
Universidade de Cartagena, Espanha. Este foi apresentado para demonstrar a
aplicabilidade da metodologia de avaliação de risco proposta. A estrutura da hierarquia
dos riscos do exemplo é mostrada na Figura 10.
Figura 10: Estrutura da hierarquia de Riscos.
Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.
Os números fuzzy correspondentes à medição linguística de RI e RP dos riscos no
âmbito do grupo de gerenciamento de projetos e seus valores de grupo são
apresentados na Tabela 12.
Tabela 12: Termos linguísticos do exemplo, seu significado e seu número fuzzy
correspondente.
Riscos Medidas de RI Medidas de RP
Falta de processo adequado E1 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0, 0, 0.1, 0.2)
E2 (0, 0, 0.1, 0.2) (0, 0, 0.1, 0.2)
E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
Ag. (0.2500, 0.3750, 0.4000, 0.5000) (0.1000, 0.2500, 0.3000, 0.5000)
Falta de recursos E1 (0, 0, 0.1, 0.2) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
E2 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0, 0, 0.1, 0.2)
E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.7,0.9,1,1)
E4 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
Ag. (0.1750, 0.3125, 0.3375, 0.5000) (0.2750, 0.4750, 0.5250, 0.7000)
41
Riscos Medidas de RI Medidas de RP
Inexperiência dos
membros da equipe E1 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
E2 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0, 0, 0.1, 0.2)
E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
Ag. (0.4500, 0.6250, 0.6250, 0.8000)
(0.1500, 0.3750,
0.4000, 0.6500)
Falta de atitudes
motivadoras E1 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.2, 0.5, 0.5, 0.8)
E2 (0.1, 0.25, 0.25, 0.4) (0.7,0.9,1,1)
E3 (0.3, 0.5, 0.5, 0.7) (0.7,0.9,1,1)
E4 (0.6, 0.75, 0.75, 0.9) (0.7,0.9,1,1)
Ag. (0.3250, 0.5000, 0.5000, 0.6750) (0.5750, 0.8000, 0.8750, 0.9500)
Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.
Os números fuzzy correspondentes ao comparar o julgamento de cada um dos pares
de riscos no grupo de gerenciamento de projetos e seu grupo de números fuzzy
correspondente são mostrados na Tabela 13.
Tabela 13: Comparação de RD e números fuzzy agregados.
Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.
Os valores finais de RD e os resultados da etapa final de defuzificação dos números
fuzzy são apresentados na Tabela 14. Conclui-se com o quadro de resultados que as
ações de resposta aos riscos devem ser fundamentalmente focadas em “falta de
processo adequado”, “inexperientes membros da equipe”, “erro de projeto” e “atraso
no abastecimento”.
42
Tabela 14: Valores Finais do modelo.
Fonte: Adaptado de MOROTE e VILA, 2011.
O método permite que os especialistas avaliem os riscos por meio de termos
linguísticos em vez de números reais, os termos serão associados com um número
fuzzy, que depois será transformado em um número real por meio de operações fuzzy.
A desvantagem do modelo é a complexidade e a grande quantidade de operações que
são necessárias para se chegar ao risco final, tomando muito tempo.
3.8 MODELO INTEGRADO ISO 14004 E OHSAS 18001
Este modelo foi desenvolvido para melhorar a identificação, avaliação e controle
operacional de impactos ambientais e riscos à saúde e segurança nos locais de
construção e projetos de construção residenciais.
A primeira etapa do modelo consta com a identificação dos principais processos,
impactos ambientais e riscos à saúde e segurança que envolvem as atividades de
trabalho em um banco de dados e dividi-las em pequenas etapas de processos.
Durante a primeira etapa, os aspectos genéricos ambientais que foram inicialmente
considerados são então avaliados em termos de escala (Si), duração (Di) e
probabilidade de ocorrência (Pi) para cada fase de construção i (GANGOLELLS et al.,
2009 apud GANGOLELLS et al., 2013) por meio do cálculo do grau de impacto
ambiental (IDEI).
Os riscos de saúde e segurança genéricos que foram inicialmente considerados foram
avaliados em termos de probabilidade de ocorrência (P i) e gravidade das
consequências (Ci) para cada fase de construção i (GANGOLELLS et al., 2010) por
43
meio do cálculo do grau de risco de segurança (RDSI). Para reduzir a subjetividade
durante a identificação dos aspectos ambientais e riscos à saúde e segurança
relacionados com o processo de construção, foi desenvolvida uma escala de quatro
pontos, Tabela 15, e deram-se pontuações numéricas correspondentes para cada
componente do significado.
Tabela 15: Escala de escores.
Fonte: Adaptado de GANGOLELLS et al., 2013.
Durante a avaliação inicial, um impacto ambiental será considerado como significativo
em uma fase de construção específica, se o seu grau for superior a 4, e um risco para
a saúde e segurança será considerada significativa em uma fase de construção
específica, quando o seu grau foi maior de 3.
Utilizou-se os componentes restantes do significado, que foram aqueles que
dependiam de cada projeto de construção, para avaliar os aspectos ambientais e de
riscos de saúde e de segurança na fase de pré-construção. O parâmetro de gravidade
(SV) estima a magnitude (ou relevância) de cada aspecto ambiental em termos
quantitativos (GANGOLELLS et al., 2009 apud GANGOLELLS et al., 2013). O
parâmetro de preocupações (CO) inclui as preocupações das comunidades vizinhas
que seriam diretamente afetadas por um projeto proposto e os da sociedade como um
todo (GANGOLELLS et al., 2011 apud GANGOLELLS et al., 2013). O parâmetro de
exposição (EX) é uma estimativa quantitativa ou semi-quantitativa de situações
potencialmente perigosas a que estão expostos os trabalhadores durante a construção
no local (GANGOLELLS et al., 2010).
Uma escala de quatro pontos, que inclui critérios detalhados foi desenvolvida para
ajudar a determinar se esses parâmetros são significativos (GANGOLELLS et al.,
2009, 2010, 2011 apud GANGOLELLS et al., 2013), e limites numéricos foram
estabelecidos entre as quatro categorias.
Os indicadores foram desenvolvidos para avaliar a importância dos impactos
ambientais e os riscos de saúde e segurança em termos de gravidade, preocupações,
e exposição. Estes indicadores foram baseados em observações específicas ou
44
características mensuráveis de um projeto de construção e representados pela
variável que era medida em todos os casos.
Este modelo foi concebido para avaliar objetivamente e com antecedência os impactos
ambientais e riscos de segurança da construção e os indicadores foram baseados em
informações disponíveis nos documentos do projeto de construção. Embora os
indicadores quantitativos sejam mais desejáveis, a avaliação qualitativa de indicadores
teve de ser utilizada quando os dados numéricos não eram disponíveis nos
documentos de construção do projeto.
Para estabelecer limites de significância para cada um dos indicadores, foi necessário
caracterizar os níveis atuais de desempenho em projetos de construção. Como ponto
de partida, foi considerado que uma alta proporção de projetos de construção
envolveu um moderado significativo de impacto ambiental e risco de segurança. Para
estabelecer os limites superiores e inferiores para o ambiente moderadamente
significativo de impactos e riscos de segurança, foi calculado um intervalo de
confiança de 68% [μ - σ, μ þ σ] para cada indicador. Acima deste limite, aspectos
ambientais / riscos de saúde e segurança foram consideradas extremamente
significativos. Abaixo deles, foram considerados não significativos (GANGOLELLS et
al., 2009 e 2010 apud GANGOLELLS et al., 2013).
Os limiares foram definidos por meios de uma análise estatística dos indicadores
quantitativos de 55 novos projetos de construção residencial. A principal técnica de
coleta de dados envolveu a revisão de documentos de projeto de construção. Em
primeiro lugar, várias planilhas do Microsoft Excel foram projetadas para calcular os
indicadores para cada um dos 55 projetos de construção, usando os dados
quantitativos disponíveis nos documentos.
Em seguida, para calcular os correspondentes limites de significância, os valores
numéricos obtidos durante a avaliação dos 55 projetos de construção foram agrupados
para cada indicador específico em uma planilha do Microsoft Excel em separado.
Depois os riscos de segurança de cada processo são identificados e os critérios de
significância de cada processo são nomeados através da norma OHSAS 18001:2007
e da norma ISO 14004: 2004.
Os limites de significância para indicadores expressos em termos qualitativos são
obtidos a partir de experiências anteriores, e as escalas de avaliação são descritas
com grande cuidado e precisão. O significado de um impacto específico é obtido
através da multiplicação da gravidade do impacto pelo parâmetro de preocupação e o
significado de um impacto particular de risco é igual ao parâmetro de exposição.
45
Eq.13
Eq.14
Onde SGEj = o significado de um impacto ambiental específico j em um projeto de
construção específico; SVj = a gravidade do impacto; EXj = os parâmetros de
preocupações; SGSj = o significado de um particular risco de segurança j em um
projeto de construção específico e EXj = o parâmetro de exposição.
O modelo avalia por fim o impacto ambiental global e o nível de risco de segurança de
um projeto de construção.
∑ ∑
Eq.15
Onde RE denota o nível geral de impacto ambiental de um projeto de construção; e RS
representa o nível geral de risco de segurança de um projeto de construção.
O projeto de construção com a maior soma tem o impacto ambiental mais significativo
e o menor nível de segurança. Se a importância de qualquer risco de impacto ou a
segurança ambiental é verificada como superior a nove, devem ser tomadas medidas
para eliminar ou reduzir esse impacto ou risco.
O modelo foi implementado em uma pequena empresa de construção que não têm um
sistema de gestão certificado, mas estava interessado em um. O modelo foi aplicado a
um novo projeto de construção residencial e duas abordagens diferentes foram
examinadas. A primeira abordagem forneceu a base para a tomada de decisões de
projeto e a segunda abordagem forneceu uma avaliação objetiva dos potenciais
impactos ambientais e riscos à saúde e segurança após o processo de design.
Em seguida, o modelo forneceu conselhos úteis para a fase de construção, permitindo
que a empresa de construção civil aperfeiçoa-se seu desempenho ambiental e de
segurança no local. Neste caso, os requisitos iniciais incluíram a concepção de um
edifício separado de quatro andares com 19 habitações e um parque de
estacionamento subterrâneo com uma área total de 2.241 m2. Localizado em uma área
rural não protegido com um leito natural do rio nas proximidades, o centro da cidade
mais próxima vizinha é inferior a 1.000 m de distância.
Como parte da primeira abordagem e durante a fase de design, várias alternativas de
design relacionadas com a estrutura de concreto do prédio e suas fachadas foram
avaliadas, Tabela 16. Os dados foram coletados através da revisão dos documentos
de construção em projetos.
46
Tabela 16: Visão geral de avaliação de Meio ambiente e saúde e
segurança relacionados com a segurança de projeto de construção.
Alternativas de projeto
Nível de risco
de segurança global
Nível global
de impacto ambiental
Estrutura de concreto in situ 108 41
Estrutura de concreto pré-moldado
36 28
Tijolo 133 48
Paredes de alvenaria com
pedra natural 116 24
Paredes de alvenaria com revestimento de argamassa de camada única
75 33
Fachadas concreto pré-moldado
49 8
Fonte: GANGOLELLS et al., 2013.
O modelo permitiu-nos concluir que, neste caso, que a estrutura de concreto pré-
moldado obteve melhor desempenho no local do meio ambiente e saúde e segurança
do que a estrutura de concreto em situ. Fachadas de concreto pré-moldado também
tiveram melhor desempenho. Como parte da segunda abordagem e após a avaliação,
quatro riscos de construção em termos de segurança e 10 impactos ambientais foram
encontrados como significativos.
Este sistema estabelece a base e os critérios necessários para identificar, avaliar e
controlar operacionalmente impactos ambientais e riscos à saúde e segurança ao nível
de projeto, o que contribui para reduzir o atual nível de incerteza relacionada com a
integração do planejamento e controle dos instrumentos, que é amplamente
reconhecido na literatura existente como uma importante barreira de aplicação.
Este método integra os sistemas de gestão de saúde e segurança com o sistema de
gestão ambiental, fornece uma visão abrangente do ambiente esperado no projeto de
construção, pois analisa a pré-construção e destaca os impactos ambientais
significativos e os riscos de saúde e segurança durante esta fase. Além de orientar os
gestores na eliminação e redução dos impactos e riscos a um nível aceitável.
47
3.9 ANÁLISE COMPARATIVA DOS MÉTODOS DE ANÁLISE DE RISCO
Em muitas circunstâncias, a aplicação de metodologias de avaliação de riscos podem
não dar resultados satisfatórios devido a dados incompletos ou o elevado nível de
subjetividade e incerteza nos dados disponíveis.
Após a análise dos modelos apresentados, elaborou-se um quadro comparativo,
Tabela 17 , onde pode-se notar as características mais relevantes que os modelos
analisados apresentam, tornando alguns mais ou menos aplicáveis que os outros.
Comparando os modelos entre si, podemos notar algumas limitações que dificultam a
introdução de determinados métodos na indústria da construção civil atualmente.
Podemos notar que no modelo 3P+I a limitação observada em relação à quantidade
recebida de respostas dos questionários atrapalha todo o desenvolvimento do método,
pois com uma pequena quantidade o modelo não se torna muito confiável e não
representa a totalidade de riscos que acontecem nas obras. A questão de aplicação de
incentivos também é muito complexa, prejudicando o aprendizado em relação as
questões de segurança e impactos gerados.
No modelo Delphi representa também a opinião de especialistas da área e pode ser
utilizado para avaliar o impacto de risco em métodos alternativos de construção,
porém os riscos calculados representam a média para todas as empresas da indústria,
independente do tamanho, localização geográfica e registro de segurança. Os valores
também representam a opinião de especialistas e não dados são dados empíricos.
Com relação ao modelo Triplo-Índice, este exige o desenvolvimento dos atributos para
cada projeto de construção, o que dificulta a comparação dos diversos projetos de
construção na organização e proporciona pouca visibilidade das causas e
consequências dos impactos.
No modelo RAM nota-se a questão dos diferentes níveis de aceitação de riscos dos
diferentes profissionais de segurança, tornando os valores dos riscos relativos e não
absolutos. O modelo ajuda a prever e identificar os níveis de risco existentes nas
tarefas (funções dos trabalhadores) nas obras, melhorando o desempenho de
segurança por implementação de medidas para as tarefas com alto risco.
O ORI também trata desta questão de avaliação feita por especialistas de acordo com
a região de estudo, esta questão de consequências diferentes para diferentes regiões
dificulta a comparação dos diversos projetos de construção de uma organização.
O método quantitativo é um método que permite a escolha entre diferentes métodos
de construção, pois ele analise o nível de risco de todas as opções para então calcular
48
o risco global delas. Porém este método necessita de mais pesquisas para enriquecer
os dados de causas de acidentes e não possui um sistema de ponderação para avaliar
o nível de risco global, além disso, a análise de cada projeto demanda muito tempo, o
que não é um fator positivo para a implantação do método, como já foi dito em relação
a outros métodos com o mesmo problema.
O método FUZZY AHP permite que riscos associados a termos linguísticos sejam
avaliados, por meio da transformação destes termos em número fuzzy e depois em
números reais, o que é um ponto muito positivo para o método, porém a quantidade de
operações que são necessárias e a complexidade delas para se chegar ao risco final,
toma muito tempo dos gestores, tornando-se um ponto negativo. Ele não avalia dados
de acidentes e impactos ao sistema.
E o método ISO 14004 e OHSAS 18001 contribui para reduzir o nível de incerteza
relacionada com a integração do planejamento e controle de instrumentos, o que é
uma grande barreira hoje em dia. O método integra os sistemas de saúde e segurança
com o sistema de gestão ambiental, fornecendo uma visão abrangente do ambiente
esperado no projeto de construção, outro ponto positivo para o modelo.
Observando todos os modelos podemos destacar alguns pontos positivos que devem
ser observados como a utilização de um histórico de acidentes adequado para que se
possa calcular a taxa de frequência de acidentes e a taxa de gravidade corretamente e
sem falhas e a integração de sistemas diferentes de gestão como o sistema de saúde
e segurança e o de gestão ambiental, fornecendo uma visão abrangente do ambiente
esperado no projeto de construção, além de determinar em que etapa e em qual tipo
de sistema de gestão o risco atuará mais fortemente.
Em relação aos pontos negativos nota-se que os modelos não devem ser complexos
(muitas fórmulas, matrizes, muitas etapas) e nem consumir muito tempo do gestor e
da sua equipe de gestão, o que atualmente as empresas não possuem muito, com
prazos apertados e o custo desse tempo que se torna um impedimento para qualquer
contratação no mercado atual. A utilização de questionários também deve ser
cuidadosamente observada, pois números reduzidos de respostas e respostas
subjetivas não tornaram o modelo confiável.
49
Tabela
17:
Com
para
ção entr
e o
s m
odelo
s d
e a
nális
e d
e r
iscos.
Fonte
: E
labora
da p
ela
auto
ra.
50
4. MATRIZES MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE
O processo de decisão em um ambiente complexo normalmente envolve informações
imprecisas e/ou incompletas, múltiplos critérios de escolha e vários agentes de
decisão (GOMES e MOREIRA, 1998 apud VILAS BOAS, 2006). Além disso, os
problemas de decisão envolvem múltiplos objetivos que, geralmente, são conflitantes
entre si (HAHN, 2003; HUIZINGH e VROLIJK, 1997 apud VILAS BOAS, 2006). Deste
modo, a escolha por um deles implica em prejuízo do outro.
As abordagens multicritérios são formas de modelar os processos de decisão que
englobam: uma decisão a ser tomada, os eventos desconhecidos que podem afetar os
resultados, os possíveis cursos de ação e os próprios resultados. Estes modelos
refletem, de maneira suficientemente estável, o juízo de valores dos decisores. Desta
forma, os métodos multicritérios funcionam como uma base para discussão,
principalmente nos casos onde há conflitos entre os decisores, ou ainda, quando a
percepção do problema pelos vários atores envolvidos ainda não está totalmente
consolidada (NORONHA, 1998 apud VILAS BOAS, 2006).
A análise multicritério é uma técnica conveniente para a avaliação dos problemas
ambientais, uma vez que integra diferentes tipos de atributos e critérios, permitindo a
comparação entre aspectos ambientais, econômicos, sociais, institucionais etc. na
busca de melhoria do cenário em questão (CARVALHO et al., 2011).
Nos últimos anos as técnicas e ferramentas utilizadas evoluíram significativamente, de
simples modelos gráficos para matrizes que apesar de serem elaboradas com dados
advindos de diversos setores dentro de uma organização são de fácil compreensão e
podem apresentar resultados mais refinados (COELHO, 2014).
Há na literatura algumas técnicas e métodos de análise multicritério que auxiliam os
gestores nas tomadas de decisões e planejamento dentro de um sistema de gestão. A
seguir será apresentada uma breve descrição de três dessas técnicas, utilizando
matrizes multicritérios de sustentabilidade para tomada de decisão.
4.1 EXEMPLOS DE APLICAÇAO DE MATRIZ MULTICRITERIO DE
SUSTENTABILIDADE
4.1.1 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE BASEADA NA
CAPTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE CO2
51
A análise multicritério proposta é baseada na captação e utilização de CO2 emitido por
microalgas para a produção de energia, reduzindo a geração de poluição na fonte e os
riscos para a saúde humana e o meio ambiente. A análise é baseada em uma
combinação de princípios verdes, qualitativos e dependentes de julgamento de
especialistas, e métricas simples. Ela consiste em: a) pontuação das alternativas de
projetos baseadas em princípios de design verde – Critérios de projeto verde (CGD),
b) pontuação de métricas quantitativas, e c) cálculo da matriz multicritério de
sustentabilidade.
Um conjunto reduzido de Métricas de Sustentabilidade (ambiental e econômico)
aplicáveis ao apoio à decisão foi utilizado, Tabela 18. É interessante notar que os
indicadores são definidos de uma forma que quanto menor o valor, mais “verde” será a
alternativa.
Tabela 18: Conjunto de métricas de Sustentabilidade.
Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014.
52
* Custo LCC = ciclo de vida; CP = Custo de aquisição (CAPEX); COP = Custo de Operação;
CSM = Custo de serviço e manutenção (OPEX = COP + CBM); CEOL = Custo de gestão de fim
de vida, t = operação de tempo de vida (assumida como de 20 anos), AP = produção anual
(ton)
** IO - Investimento, a taxa de r = taxa de desconto, CFi = fluxo de caixa no período futuro.
A alternativa denominada Captura de CO2 e Utilização (Biorefinaria) é avaliada em três
cenários de gás de síntese reciclado para o ciclo de gás natural combinado (NGCC)
para combustão de: (I) 0%, (II) e 25% (III) de 50%. Captura e Armazenamento de CO2
é tomado como um Processo de Referência.
Um mapa do cumprimento dos critérios de design verde (MCGDC) é apresentado na
Tabela 19, as pontuações são atribuídas de acordo com o julgamento dos autores e
pode ser aperfeiçoada através do recolhimento de um conjunto maior de opiniões de
especialistas. As pontuações possuem uma escala de três níveis: 1 = alta adesão à
CGD, 3 = cumprimento médio a CGD, e 9 = baixa adesão à CGD.
As métricas calculados para as alternativas de processo avaliados são calculadas e a
normalização das métricas é realizada de acordo com :
i
ji
jiM
MNM
,
, Eq.16
onde NMij é a i-ésima métrica normalizada para o processo j e iM é o valor médio
de Mi entre os processos NJ, e NJ é o número de alternativas de processo sob
avaliação. Pontuações são atribuídas como: 1 = se NMi, j <1; 3 = se NMi, j 1-3; 9 = se
NMi, j> 3.
Os índices de criticalidade do grau verde (GDCI) calculados a partir do mapa de
cumprimento dos critérios de design verde (MCGDC) são utilizados junto com as
métricas de desempenho (ambientais e econômicos) para a construção da Matriz
Multicritérios de Sustentabilidade (MCSM), Tabela 20. A matriz de sustentabilidade
calculada para os processos avaliados se encontra na Tabela 21.
Quanto maior o grau de sustentabilidade mais sustentável será a alternativa. Com
base no procedimento, a Captura de CO2 e Utilização (Biorefinação) sem reciclagem
de gás de síntese para combustor é o processo mais verde para a utilização de CO2
em uma configuração de biorefinação de microalga de um produto. A matriz permite
que o gestor identifique quais métricas são mais influentes para o índice de gravidade.
Tabela 19: Mapa de cumprimento dos critérios de design verde e índice de criticalidade do
projeto verde.
53
Critérios para Projeto Verde
Captação do CO2 e utilização
(Biorefinação) Captação do CO2
e
Armazenamento
0% Gás
de
síntese
reciclado
25% Gás
de
síntese
reciclado
50% Gás
de
síntese
reciclado
1. Prevenir em vez de tratar os
resíduos é a melhor estratégia de
proteção ambiental.
1 1 1 9
2. A incorporação de todos os
materiais utilizados no processo para
o produto final, concepção para
satisfazer as necessidades com a
máxima eficiência.
3 3 3 9
3. Usar e gerar substâncias que
possuem pouca ou nenhuma
toxicidade para a saúde humana e ao
meio ambiente, preservando a eficácia
do uso.
1 1 1 9
4. Reconhecer os impactos ambientais
e econômicos das exigências de
energia e minimizá-lo.
1 1 1 9
5. Usar matérias-primas renováveis,
em vez de esgotar os materiais. 3 1 1 9
6. Evitar derivação desnecessária e
minimizar a complexidade dos
produtos.
1 3 3 1
7. Evitar subprodutos utilizando
reagentes catalíticos tão seletivos
quanto possível.
1 1 1 1
8. O produto não deve persistir no
ambiente após a função. Durabilidade
alvejada, não imortalidade, deve ser
um objetivo do projeto.
1 1 1 9
54
Critérios para Projeto Verde
Captação do CO2 e utilização
(Biorefinação) Captação do CO2
e
Armazenamento
0% Gás
de
síntese
reciclado
25% Gás
de
síntese
reciclado
50% Gás
de
síntese
reciclado
9. Em tempo real, em processo de
monitoramento e controle para
minimizar a poluição e libertação de
substâncias perigosas.
1 1 1 3
10. Constituir uma abordagem
holística, sistemas para redução de
riscos.
1 1 1 3
11. Complexidade deve ser visto como
um investimento ao fazer escolhas de
design em reciclagem, reutilização ou
disposição benéfica.
3 3 3 3
12. Diversidade de materiais em
produtos com múltiplos componentes
devem ser minimizados para
promover a desmontagem e retenção
de valor.
1 3 3 1
13. Projeto para o desempenho em
um comercial de "vida após a morte."
Projeto para a desmontagem.
1 1 1 9
14. Projeto holístico com soluções
inovadoras, respeitando as
especificidades geográficas e culturais.
1 1 1 9
Índice de Criticalidade do Projeto
Verde* 1.43 1.57 1.57 6
Fonte: Adaptado de ARAUJO et al., 2014.
* Calculado com base na média dos 14 critérios de graduação verdes.
55
Tabela
20:
Matr
iz M
ultic
rité
rio d
e S
uste
nta
bili
dade
.
Fonte
: A
dapta
do d
e A
RA
UJO
et
al.,
2014.
56
Tabela
21:
Matr
iz M
ultic
rité
rio d
e S
uste
nta
bili
dade
calc
ula
da.
Fonte
: A
dapta
do d
e A
RA
UJO
et
al.,
2014.
57
4.1.2 MATRIZ DE PRIORIZAÇÃO DE SMS
A matriz de priorização de SMS é desenvolvida através de uma metodologia de
priorização baseada em riscos a partir das não conformidades oriundas de auditoria de
SMS, foi aplicada no setor petrolífero e aplicada com dados coletados mediante uma
auditoria realizada em uma plataforma offshore em operação. A matriz será composta
pela ordem de grandeza das não conformidades, índice de criticalidade e pela matriz
de severidade.
A metodologia de priorização de não conformidades se baseia em uma ordem de
grandeza que é atribuída de acordo com a distribuição percentual das não
conformidades encontradas na auditoria da Resolução ANP43: 2007, que estabelece o
Sistema de Gestão de Segurança Operacional (SGSO) através das 17 práticas de
gestão que devem ser adotadas pelas empresas que desenvolvem operações em
águas sob Jurisdição Nacional. Esta ordem de grandeza teve como base a
metodologia de julgamento sugerida por SAATY (1996/1997 apud COELHO, 2014)
estabelecendo por meio de uma síntese das ordens de grandeza, o julgamento das
não conformidades de acordo com o seu grau de importância dentro da hierarquia
admitida. A classificação se deu da seguinte forma:
Tabela 22: Classificação das Práticas de gestão.
% Não
conformidade
Ordem
de grandeza
Nenhuma NC 0
Abaixo de 5% 1
Entre 5 a 15% 3
Acima de 15% 9
Fonte: Coelho, 2014.
Foi realizada então uma comparação paritária entre as não conformidades das
praticas de gestão da ANP43: 2007 e as não conformidades encontradas na auditoria
de SMS, um modelo da tabela que pode ser utilizada é demonstrado na Tabela 23.
Cada não conformidade foi atribuída uma ordem de grandeza que também teve como
base a metodologia de julgamento sugerida por SAATY (1996/1997), na qual “0”
significa que a não conformidade não tem correlação com a prática de gestão, “1” que
a correlação é extremamente remota, “3” que a correlação é remota e “9” a correlação
é provável. (HADDAD, GALANTE, CALDAS, MORGADO, 2012 apud COELHO,
2014).
58
Tabela 23: Modelo de tabela de comparação paritária.
Fonte: Coelho, 2014.
O índice de criticalidade é uma formulação matemática entre a classificação da não
conformidade e as práticas de gestão da ANP43. O índice de criticalidade para a
primeira não conformidade analisada (NC1) é calculado como:
Eq.17
Onde o número de não conformidades irá variar de 1 até n.
A matriz de severidade, Tabela 24 Tabela 23: Modelo de tabela de comparação
paritária., será utilizada como base para a priorização das não conformidades
relacionadas à auditoria de SMS e consequentemente na implementação de ações
que eliminem as suas causas de forma a evitar a sua repetição.
Tabela 24: Matriz de severidade.
Fonte: Coelho, 2014.
Índice de criticalidade
59
A classificação de não conformidade será dividida em 4 (quatro) categorias: 9, 3, 1 e 0,
esta ordem de grandeza é utilizada individualmente de acordo com o impacto ao qual
a não conformidade está ligada. A atribuição da ordem de grandeza para os impactos
de SST e ambientais teve como base o Manual de orientação para a elaboração de
estudos de análise de riscos da Companhia estadual de tecnologia de saneamento
básico e controle de poluição das águas (CETESB-SP apud COELHO, 2014).
Os valores estipuladas de multas para cada categoria de classificação de não
conformidade seguem a gradação e a classificação estipuladas pela NR28, porém
para aplicar a metodologia de priorização foi necessário adaptar os dados, sendo a
gradação da multa dividida em cores de acordo com os intervalos de multa em função
da severidade da não conformidade, cinza pra severidade “Insignificante”, amarelo
para severidade “Baixa”, laranja para severidade “Média” e vermelho para severidade
“Muito séria”.
Tabela 25: Gradação de multa.
Fonte: Adaptação NR28.
O último impacto incluído na matriz de severidade é o impacto a imagem corporativa,
que teve como base o entendimento de OUÉDRAOGO (2011 apud COELHO, 2014),
que esclarece a importância de avaliar o impacto da imagem corporativa em relação
aos riscos e perigos, pois em algumas situações será o único a ocorrer. A
classificação de OUÉDRAOGO para o impacto a imagem da marca foi utilizada para
atribuir os impactos a imagem corporativa na matriz.
60
Para COELHO (2014) a matriz de priorização de SMS deve ser considerada um
instrumento dinâmico, que poderá ser elaborada de maneira a assegurar que as não
conformidades sejam comparadas em função ao índice de criticalidade e de
severidade para que os objetivos de SMS sejam alcançados e as ações corretivas
sejam realizadas de acordo com o seu real grau de importância. Na Tabela 26 é
demonstrado o modelo da matriz. O cálculo das possíveis multas são feitos em UFIR
sendo seu valor fixado em R$ 1,0641 e a infração dependerá do número de
funcionários da empresa e o número da infração relacionada na NR 28.
Tabela 26: Modelo de Matriz de priorização de SMS.
Fonte: COELHO, 2014.
A priorização de ação da não conformidade considera os aspectos causais
representados pelo índice de criticalidade e combina com a diversidade de
consequência, ponderando os impactos de SMS atribuído a cada não conformidade. A
metodologia de atribuição da ordem de grandeza será a mesma utilizada no índice de
criticalidade, no qual “0” significa que a não conformidade não tem correlação com o
impacto de SMS, “1” que a correlação é extremamente remota, “3” que a correlação é
remota e “9” a correlação é provável (COELHO, 2014).
O cálculo para a primeira não conformidade é realizado como demostrado abaixo e é
calculado desta maneira até a enésima conformidade.
∑ Eq.18
Para identificar a não conformidade mais relevante no processo de gerenciamento de
priorização de ações corretivas decorrentes de auditoria de SMS foi utilizado o
diagrama de Pareto, que é uma ferramenta estatística que permite determinar a
importância relativa de problemas ou causas e identificando assim, as mais relevantes.
A metodologia foi aplicada com dados coletados de uma auditoria realizada em uma
plataforma offshore. Na primeira etapa foi elaborado um quadro resumindo as não
conformidades encontradas em relação a cada pratica da gestão da ANP43, na qual
61
foi utilizada a matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência) para a classificação das
não conformidades.
Tabela 27: Classificação das Práticas de gestão.
Grupo # Práticas gerenciais de segurança
operacional
N0 de
Não
confor
midade
% Não
confor
midade
Ordem de
grandeza
Liderança,
Pessoal e
Gestão
1 Segurança, comprometimento e
cultura de responsabilidade gerencial 1 3,4% 1
2 Envolvimento pessoal 0 0,0% 0
3 Qualificação, treinamento e
desempenho pessoal 1 3,4% 1
4 Ambiente de trabalho e fatores
humanos 6 20,7% 9
5 Seleção, controle e gerenciamento
de contratadas 0 0,0% 0
6 Monitoramento de desempenho e
melhoria continua 3 10,3% 3
7 Auditoria 0 0,0% 0
8 Gerenciamento de informação e
documentação 0 0,0% 0
9 Investigação de incidentes 0 0,0% 0
Instalação
e
Tecnologia
1
0
Projeto, construção, instalação e
desativação 0 0,0% 0
1
1
Elementos críticos de segurança
operacional 1 3,4% 1
1
2 Análise e identificação de riscos 1 3,4% 1
1
3 Integridade Mecânica 11 37,9% 9
1
4
Planejamento e gerenciamento de
grandes emergências 2 6,9% 3
Práticas
Operacion
ais
1
5 Procedimentos Operacionais 0 0,0% 0
1
6 Gerenciamento de Mudanças 2 6,9% 3
1
7
Práticas seguras de trabalho e
controle de procedimentos de
atividades especiais
1 3,4% 1
Fonte: COELHO, 2014.
62
A matriz GUT aplica-se sempre que precisamos priorizar ações dentro de um leque de
alternativas. O objetivo desta ferramenta é ordenar a importância das ações pela sua
GRAVIDADE, pela sua URGÊNCIA e pela sua TENDÊNCIA de forma racional,
permitindo escolher a tomada de ação menos prejudicial. Essa ferramenta auxilia na
formação de estratégias, projetos e também na coleta de dados. O cálculo matemático
realizado para determinar a prioridade da não conformidade através da matriz GUT é:
G x U x T. Em seguida foi atribuída uma ordem de grandeza de acordo com a
distribuição percentual das não conformidades, como explicado anteriormente.
A partir destes resultados, foi feita uma comparação paritária entre as não
conformidades das práticas de gestão da ANP43 e as das normas regulamentadoras
do MTE.
Na Tabela 28 encontra-se a matriz de priorização de SMS, que apresenta 13(treze)
não conformidades e sua classificação segundo as ordens de grandezas descritas
anteriormente.
Com os resultados alcançados foi elaborado o gráfico de Pareto, Figura 11, onde se
identificou que o grupo de não conformidades que efetivamente impactam no sistema
de gestão do caso são 9, 7, 8, 13, 10, 11 e 12, pois podem causar um impacto
significativo dentro do sistema de gestão.
Concluiu-se que, as ações corretivas relacionadas a elas deverão ter prioridade
durante o processo de implementação. O outro grupo de não conformidades apesar de
não terem obtido um índice de criticalidade significativo, precisam ter suas respectivas
ações corretivas como parte do plano de ação.
Esta matriz é de grande valia para as empresas na elaboração do plano de ação e
tomada de decisões, pois assim é possível priorizar as não conformidades de acordo
com o seu índice individual de criticalidade e ajudando as empresas que não possuem
recursos para eliminar as não conformidades encontradas simultaneamente.
63
Tabela 28: Matriz de priorização de SMS.
Fonte: COELHO, 2014.
Figura 11: Resultado da Aplicação da metodologia de priorização.
Fonte: COELHO, 2014.
64
4.1.3 MATRIZ MULTICRITÉRIO PARA ANÁLISE DE MULTIPLOS USOS
PARA UMA BARRAGEM
Utilização da análise multicritério para análise das múltiplas possíveis utilidades para o
lago formado pela barragem do ribeirão João Leite. Definiu-se como objetivo que a
barragem teria uso múltiplo e assim 4 engenheiros receberam questionários para
definição dos usos que a barragem teria. Foram indicadas as opções: irrigação,
geração de energia hidrelétrica, recreação e aquicultura.
Para avaliação das consequências geradas pelas opções de uso múltiplo do
reservatório foi necessária a definição de um conjunto de critérios que foram
estabelecidos, também, pelos entrevistados. Foram definidos seis critérios de
avaliação, apresentados na Tabela 29.
Tabela 29: Critérios para avaliação das alternativas de uso de reservatórios.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
Com base nas alternativas e critérios previamente definidos por meio de entrevistas,
foram elaborados questionários, estes foram estruturados em conformidade com o
método de processo de análise hierárquica (AHP), com o intuito de identificar as
preferências dos decisores em relação às alternativas e critérios de avaliação.
Os decisores tiveram ampla liberdade para acrescentar os critérios que julgassem
necessários e, consequentemente, proceder às respectivas avaliações das
alternativas de uso múltiplo do reservatório. Para responder aos questionários foi
apresentada uma escala numérica de 1 a 9 (Escala Fundamental de Saaty) e seus
recíprocos de 1 a 1/9, associada a uma escala verbal, ambas adotadas pelo AHP. Dos
45 membros do comitê de analise somente 2 responderam ao questionário. A
estrutura hierárquica do modelo proposto encontra-se na Figura 12.
65
Figura 12: Estrutura hierárquica do modelo.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
Depois da estruturação do modelo, iniciou-se a fase de avaliação, com a comparação
de todos os elementos da hierarquia, é através da multiplicidade de comparações que
se analisa o desempenho de cada par de alternativas em relação aos critérios
estabelecidos. Nesta etapa foi utilizado o software Criterium Decision Plus 3.0, para
analisar as alternativas de uso do reservatório. Foram atribuídos um peso para cada
critério e sub-critério e a escala Fundamental de Saaty foi utilizada para associar uma
escala numérica a uma escala verbal. As avaliações dos decisores foram inseridas no
programa e para cada conjunto de comparações inerentes a um critério, o programa
forneceu um valor para a Razão de Consistência, esta tenta medir o quanto o conjunto
de comparações aos pares está inconsistente. Os julgamentos foram considerados
inconsistentes e somente um dos decisores se dispôs a rever suas avaliações (Tabela
30).
Tabela 30: Estrutura hierárquica do modelo.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
O programa fornece um escore de decisão para cada alternativa. As melhores opções
são aquelas que apresentam os maiores escores de decisão, a Figura 13 mostra o
resultado do modelo.
66
Figura 13: Prioridades das alternativas de uso do reservatório.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
A geração de energia foi a opção que apresentou a maior ordem de prioridade,
enquanto aquicultura recebeu a menor prioridade. Analisando a síntese dos resultados
observa-se que a ordenação das alternativas está coerente com os resultados de uma
avaliação potencial de uso múltiplo do reservatório João Leite, realizada em 2002.
O programa possui algumas opções para auxilio no exame dos resultados, como a
apresentação das contribuições de cada critério de avaliação para a determinação dos
escores de decisão das alternativas, todos os critérios receberam peso 1. O cálculo de
cada escore de decisão de cada alternativa é feito pelas expressões que aparecem na
última linha do quadro.
Tabela 31: Contribuição dos critérios para a avaliação global das alternativas.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
As contribuições de cada critério de avaliação para a determinação dos escores de
decisão das alternativas foram representadas graficamente na Figura 14.
67
Figura 14: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de avaliação.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
Observa-se que, para a opção de geração de energia hidrelétrica, o critério “qualidade
da água” teve maior peso, seguido do critério “repercussões políticas”. Estes
resultados são coerentes com a intuição sobre a melhor alternativa e sobre os critérios
que exerceriam maior influência sobre o resultado. Já a alternativa de menor
prioridade (aquicultura) recebeu maior peso do critério custo global (VILAS BOAS,
2006).
Em seguida foi feita uma análise de sensibilidade do modelo utilizando o programa
Criterium Decision Plus. As análises de sensibilidade são efetuadas alterando os
valores dos pesos dos critérios ou das preferências das alternativas. Essas mudanças
podem mudar a ordem das prioridades, fazendo com que alterativas atualmente
preferidas sejam trocadas por outra. Com os pesos resultantes das novas análises o
programa foi rodado novamente e gerou a nova ordenação de prioridades (Figura 15).
Figura 15: Prioridade das alternativas considerando os pesos dos critérios.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
Pode-se notar que a inclusão dos pesos dos critérios de decisão não provocou
alteração na ordem das prioridades das alternativas, somente os escores de decisão
68
sofreram pequenas variações. A Figura 16 mostra a representação gráfica das
contribuições de cada critério de avaliação.
Figura 16: Preferências de uso do reservatório de acordo com os critérios de avaliação.
Fonte: VILAS BOAS, 2006.
Comparando as duas figuras com os gráficos de preferências percebe-se que houve
uma grande alteração na influência de cada critério na determinação das preferências
das alternativas. Conclui-se que o método implementado permite a análise dos
aspectos econômicos, sociais, políticos, ambientais e de engenharia inerentes ao uso
múltiplo do lago formado pela barragem do ribeirão João Leite.
69
5. METODOLOGIA PROPOSTA
Este capítulo apresenta a metodologia da matriz multicritério de sustentabilidade
baseada em riscos para análise de um projeto de construção. A tomada de decisão faz
parte do dia a dia da obra, os gestores a todo o momento estão tomando decisões. É
neste âmbito que a análise multicritério pode ser utilizada como uma ferramenta
importante no auxílio desta questão.
O setor escolhido para a aplicação desta metodologia foi a construção civil. No Brasil
com a publicação das normas série ISO 9000:2005, ISO14001:2004, ISO 26000:2010,
BS8800:2004 e OHSAS 18001:2007, e com a crescente conscientização da
sociedade, as empresas estão descobrindo que os seus sistemas de gestão podem
incorporar questões relativas ao Meio Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho e a
Imagem Corporativa da empresa. As empresas percebem o efeito positivo que elas
podem ter sobre o seu desempenho quando elas implantam sistemas de gestão
integrados. Atualmente, possuir as certificações ISO é um diferencial e uma exigência
por parte de grandes empresas. Por conta destas questões a utilização de normas
para compor os requisitos de não conformidade do modelo será uma ótima opção.
O planejamento pode ser considerado o caminho para prevenção, evitando ou
reduzindo a ocorrência dos acidentes e dos impactos em outros sistemas. Um
eficiente sistema de gestão deve ser completo e aplicável facilmente a todos os
aspectos do trabalho. Todas as etapas da construção devem ser incluídas no sistema
de gestão e aplicados para todo o pessoal da organização.
Para o desenvolvimento desde modelo foi analisado no capítulo 3 os 8 (oito) métodos
de análise de risco em sistemas de segurança e saúde do trabalho e assim
encontraram-se características que serão incorporados no método proposto e outras
serão contornados, para se construir um método que seja eficiente e de fácil
aplicação.
Em relação às características positivas observados destaca-se a utilização de um
histórico de frequência de acidentes adequado para que se possa calcular a taxa de
frequência de acidentes e a taxa de gravidade corretamente e sem falhas. A utilização
integrada de diversos sistemas de gestão, fornecendo uma visão abrangente do
ambiente esperado no projeto de construção, será utilizada e a classificação de risco
por etapas ou atividades em diferentes sistemas de gestão será incorporada no
modelo proposto.
O modelo não deve ser complexo (fórmulas, matrizes, muitas etapas) e nem consumir
muito tempo do gestor e sua equipe. A utilização de questionários com respostas
70
subjetivas também não é recomendado, pois os riscos não seriam baseados em dados
empíricos e sim na opinião de especialistas.
Assim a matriz será composta por três critérios: saúde e segurança no trabalho,
gestão ambiental e risco corporativo social. Esta matriz irá calcular o risco envolvido
em cada etapa da obra de um projeto para cada um dos três critérios, permitindo que
os gestores foquem em etapas com riscos mais significativos que outras com riscos
menores.
5.1 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
Em relação aos aspectos ambientais utilizaremos a norma ISO 14001:2004, que
especifica os requisitos para a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental
(SGA), para determinar os itens que serão analisados em cada etapa da obra.
A ISO 14001:2004 é uma ferramenta gerencial estruturada, criada para auxiliar as
empresas a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos, e tem como finalidade
equilibrar a proteção ambiental e a prevenção da poluição com as necessidades
socioeconômicas (LAGO, 2006).
A sequência de etapas de implantação de um SGA em uma organização tem como
base o modelo conhecido como PDCA – Planejar, Implementar, Verificar e
Corrigir/Atuar, conforme a Figura 17. Trata-se de um processo de equilíbrio dinâmico
retroalimentado. O modelo tem a forma de espiral porque, após a séria de etapas
relacionadas, a retroalimentação do sistema faz com que cada ciclo desenvolva-se em
um plano superior de qualidade. O objetivo do SGA é assegurar a melhoria contínua
do desempenho ambiental da organização (LAGO, 2006).
Figura 17: Modelo de sistema de gestão ambiental para a Norma ISO 14001.
Fonte: NBR ISO 14001:2004.
71
Uma das maneiras das empresas demonstrarem e alcançarem o desempenho
ambiental eficaz é controlando os impactos ambientais de suas atividades, produto
e/ou serviços. Na Tabela 32 estão representados os itens de não conformidade da ISO
14000 que serão utilizados na formulação da matriz multicritério para a análise de
riscos.
Tabela 32: Itens da ISO 14001:2004.
Seção ISO 14001:2004
1 Objetivo e campo de aplicação
2 Referências normativas
3 Termos e definições
4 Requisitos do Sistema de gestão ambiental
4.1 Requisitos gerais
4.2 Política ambiental
4.3 Planejamento
4.3.1 Aspectos ambientais
4.3.2 Requisitos legais e outros
4.3.3 Objetivos, metas e programas
4.4 Implementação e operação
4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades e
autoridades
4.4.2 Competência, treinamento e conscientização
4.4.3 Comunicação
4.4.4 Documentação
4.4.5 Controle de documentos
4.4.6 Controle operacional
4.4.7 Preparação e resposta à emergências
4.5 Verificação
4.5.1 Monitoração e medição
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 Não conformidade, ação corretiva e preventiva
4.5.4 Controle de registros
4.5.5 Auditoria interna
4.6 Análise pela administração
Fonte: Adaptado da ISO 14001:2004.
Esta tabela será utilizada para se calcular o grau de atendimento dos requisitos para o
sistema de gestão ambiental da empresa.
72
5.2 SISTEMA DE SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO
Para determinar os itens de não conformidade que serão avaliados no sistema de
gestão de saúde e segurança do trabalho (SST) no projeto de construção utilizaremos
as normas OHSAS 18001:2007 e a BS 8800:2004.
A norma OHSAS 18001:2007 apresenta uma abordagem prática e sistemática para
identificar os riscos e foi desenvolvida com base no ciclo PDCA que é definido através
de seus elementos na ISO 9001: 2008 como sendo:
PLAN – Planejar – estabelecer os objetivos e processos necessários para fornecer
resultados de acordo com os requisitos e políticas da organização;
DO – Fazer – implementar os processos;
CHECK - Avaliar – monitorar os processos e produtos em relação as políticas e
requisitos para o produto e relatar os resultados;
ACT- Ação – executar ações para promover continuamente a melhoria do
desempenho.
O ciclo da norma OHSAS 18001 encontra-se na Figura 18.
Figura 18: Ciclo OHSAS 18001:2007.
Fonte: LAGO, 2006.
A OHSAS 18001:2007 pode ser implementada em qualquer organização que deseje
estabelecer um sistema de gestão para eliminar ou minimizar perigos, associados a
suas atividades, que possam estar expostos os colaboradores e outras partes
interessadas, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão,
assegurar-se de sua conformidade com sua política de segurança e saúde
ocupacional e demonstrar tal conformidade a terceiros.
Os itens da norma OHSAS 18001:2007 encontram-se na Tabela 33, estes serão
utilizados para montar a tabela de itens de não conformidades do sistema de saúde e
segurança juntamente com itens da BS 8800:2004.
73
Tabela 33: Itens da norma OHSAS 18001:2007.
Seção OHSAS 18001:2007
1 Objetivo e campo de aplicação
2 Referências normativas
3 Termos e definições
4 Requisitos do Sistema de gestão da SST
4.1 Requisitos gerais
4.2 Política de SST
4.3 Planejamento
4.3.1 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de
medidas de controle
4.3.2 Requisitos legais e outros requisitos
4.3.3 Objetivos e programas
4.4 Implementação e operação
4.4.1 Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade
4.4.2 Competência, formação e sensibilização
4.4.3 Consulta, participação e
comunicação
4.4.4 Documentação
4.4.5 Controle de documentos
4.4.6 Controle operacional
4.4.7 Preparação e resposta a emergências
4.5 Verificação
4.5.1 Monitoração e medição do desempenho
4.5.2 Avaliação da conformidade
4.5.3
Investigação de incidentes, não
conformidades, ações corretivas e ações preventivas
4.5.3.1 Investigação de incidentes
4.5.3.2 Não conformidades, ações
corretivas e ações preventivas
4.5.4 Controle dos registros
4.5.5 Auditoria interna
4.6 Revisão pela Gestão
Fonte: Adaptado da OHSAS 18001:2007.
74
A BS 8800:2004 não é uma norma certificadora e sim um guia de diretrizes para a
Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho. Este guia propõe-se a desenvolver uma
metodologia capaz de universalizar os conceitos de segurança e saúde no trabalho
nas atividades industriais, traduzindo-os com o caráter da qualidade.
As diretrizes da BS 8800:2004 estão fundamentadas nos princípios gerais de boa
administração, as quais foram projetadas para melhorarem o desempenho de medidas
de segurança e saúde no trabalho na organização, com o fornecimento de orientações
que viabilizem a integração da gestão da SST ao seu sistema global de gestão.
Na Tabela 34 se encontram os itens da norma BS 8800:2004. Foi realizada uma
análise comparativa entre as duas normas para determinar quais itens eram iguais ou
semelhantes entre elas.
Tabela 34: Itens da norma BS8800: 2004
Seção BS 8800:2004
3.1 Generalidades
3.2 Levantamento da situação inicial
3.3 Politica de SST
3.4 Organização
3.4.1 Generalidades
3.4.2 Responsabilidades
3.4.3 Arranjos organizacionais
3.5 Planejamento e implementação
3.5.1 Generalidades
3.5.2 Definição de objetivo
3.5.3 Avaliação e controle de riscos
3.5.4 Requisitos legais e outros
3.5.5 Modalidades de gestão de SST
3.5.6 Implementação e documentação
3.6 Medição do desempenho
3.7 Investigação e resposta
3.8 Auditoria
3.9 Revisão de desempenho
Fonte: Adaptado da BS 8800:2004.
75
Na Tabela 35 encontra-se a lista de itens de não conformidade que foi adotada para o
modelo proposto, e o comparativo entre as normas.
Tabela 35: Lista de itens de não conformidade adotados para o SST e comparativo entre as
normas.
Seção Lista de itens de não conformidade para SST BS
8800:2004 OHSAS
18001:2007
1 Generalidades 3.1
1.1 Levantamento da situação inicial 3.2
1.2 Objetivo e campo de aplicação 1
2 Referências normativas 2
3 Termos e definições 3
4 Requisitos do Sistema de gestão da SST 4
4.1 Requisitos gerais 4.1
4.2 Política de SST 3.3 4.2
4.3 Planejamento 3.4 e 3.5 4.3
4.3.1 Generalidades 3.4.1
4.3.2 Responsabilidades 3.4.2
4.3.3 Arranjos organizacionais 3.4.3
4.3.4 Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de medidas de controle 4.3.1
4.3.5 Requisitos legais e outros requisitos 3.5.4 4.3.2
4.3.6 Objetivos e programas 4.3.3
4.4 Implementação e operação 3.4, 3.5,
3.5.6 4.4
4.4.1.1 Generalidades 3.5.1
4.4.1.2 Definição de objetivo 3.5.2
4.4.1.3 Avaliação e controle de riscos 3.5.3
4.4.1.4 Modalidades de gestão de SST 3.5.5
4.4.2 Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade 4.4.1
4.4.3 Competência, formação e sensibilização 4.4.2
4.4.4 Consulta, participação e comunicação 4.4.3
4.4.5 Documentação 4.4.4.
4.4.6 Controle de documentos 4.4.5
4.4.7 Controle operacional 4.4.6
4.4.8 Preparação e resposta a emergências 4.4.7
4.5 Verificação 4.4.8
4.5.1 Monitoração e medição do desempenho 3.6 e 3.7 4.5.1
4.5.2 Avaliação da conformidade 4.5.2
4.5.3 Investigação de incidentes, não conformidades, ações corretivas e preventivas 4.5.3
4.5.3.1 Investigação de incidentes 4.5.3.1
4.5.3.2 Não conformidades, ações corretivas e preventivas 4.5.3.2
4.5.4 Controle dos registros 4.5.4
4.5.5 Auditoria interna 3.8 4.5.5
4.6 Revisão pela Gestão 3.9 4.6
Fonte: Elaborado pela autora.
76
As duas primeiras colunas da tabela são utilizadas para se calcular o grau de
atendimento dos requisitos do sistema de segurança e saúde do trabalho da empresa.
5.3 RISCO SOCIAL CORPORATIVO
O último impacto incluído na matriz é o impacto relacionado ao risco social corporativo
(RSC), pois em algumas situações será o único impacto a ocorrer. Utilizaremos a
norma ISO 26000:2010 combinada com a imagem atual da empresa para determinar
esse impacto.
As empresas estão se tornando cada vez mais cientes da necessidade e dos
benefícios do comportamento socialmente responsável. O objetivo da
responsabilidade social é contribuir para o desenvolvimento sustentável.
De acordo com a NBR ISO 26000:2010 a percepção e a realidade do desempenho em
responsabilidade social da organização podem influenciar, além de outros, os
seguintes fatores:
Vantagem Competitiva;
Reputação;
Capacidade de atrair e manter trabalhadores e manter trabalhadores e/ou
conselheiros, sócios e acionistas, clientes ou usuários;
Manutenção da moral, do compromisso e da produtividade dos empregados;
A percepção de investidores, proprietários, doadores, patrocinadores e da
comunidade financeira; e
Sua relação com empresas, governos, mídia, fornecedores, organizações
pares, clientes e a comunidade em que opera.
A norma fornece orientações sobre os princípios à responsabilidade social,
reconhecendo a responsabilidade social e o engajamento das partes interessadas. Os
itens da norma ISO 26000:2010 são encontrados na Tabela 36, e estes serão
utilizados para o cálculo do grau de atendimento do sistema de risco social corporativo
da empresa.
77
Tabela 36: Itens da ISO 26000:2010.
Seção ISO 26000:2010
5.2 Reconhecimento da responsabilidade social
5.3 Identificação e engajamento das partes interessadas
6.2 Governança organizacional
6.3 Direitos humanos
6.4 Práticas de trabalho
6.5 Meio ambiente
6.6 Práticas leais de operação
6.7 Questões relativas ao consumidor
6.8 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade
7.2 Relação das características da organização com a
responsabilidade social
7.3 Compreensão da responsabilidade social da organização
7.4 Práticas para integrar a responsabilidade social em toda a organização
7.5 Comunicação sobre responsabilidade social
7.6 Fortalecimento da credibilidade em relação à responsabilidade social
7.7 Análise e aprimoramento das ações e práticas da organização relativas à responsabilidade social
Fonte: Adaptado da ISO 26000:2010.
5.4 MATRIZ MULTICRITÉRIO DE SUSTENTABILIDADE
O método proposto neste estudo possui quatro etapas:
Definição das etapas da obra e análise dos itens de não conformidade em cada
sistema de gestão, atribuindo o grau de atendimento dos itens de não
conformidade(G) em porcentagem;
Cálculo da taxa de frequência de acidentes (TF) e da taxa de gravidade (TG);
Classificação do índice GxTF e do índice de TG;
Cálculo do risco em cada etapa e em cada sistema de gestão.
O cronograma de etapas da obra é definido e juntamente a isso se analise os
requisitos de sustentabilidade que devem ser atendidos pelas empresas em relação a
cada um dos sistemas de gestão. Após isso se deve analisar para o projeto o grau de
atendimento (G) dos requisitos de não conformidade das normas listados
anteriormente.
78
Foi atribuída uma classificação para o grau de atendimento dos itens de não
conformidade em porcentagem de acordo com a distribuição percentual das não
conformidades encontradas baseada em COELHO (2014): abaixo de 5%; entre 5 a
15%, entre 15% e 20% e acima de 20%.
Tabela 37: Resumo da classificação do Grau de Atendimento dos itens de não conformidade
(G).
% Não
conformidade
Abaixo de 5%
Entre 5 a 15%
Entre 15% e 20%
Acima de 20%
Fonte: Modificado de COELHO, 2014.
A matriz multicritério é uma ferramenta desenvolvida para priorizar uma etapa com alto
risco dentro de um sistema de gestão. É um método simples que, segundo uma ordem
de grandeza, permitirá identificar os impactos dos sistemas ao qual a etapa está
relacionada, o que auxiliará de maneira significativa na tomada de decisões dentro de
um sistema organizacional.
Nesse sentido, a Matriz Multicritério de Sustentabilidade deve ser considerada um
instrumento dinâmico, que poderá ser elaborada de maneira a assegurar que as
etapas sejam analisadas de acordo com a sua taxa de frequência de acidentes e taxa
de severidade para que os objetivos dos sistemas de gestão sejam alcançados e as
ações corretivas sejam realizadas de acordo com o seu real grau de importância.
Após a coleta de dados históricos de acidentes é feito o calculo das taxas de
frequência de acidentes e taxa de gravidade por etapas. O valor da taxa de frequência
de acidentes será composto pela taxa de frequência de acidentes com afastamento e
da taxa de frequência de acidentes sem afastamento da etapa a ser analisada:
Eq.19
A taxa de gravidade será calculada pela fórmula:
Eq.20
79
Sendo:
Dias Perdidos: Dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal,
excetuados o dia do acidente e o dia da volta ao trabalho.
Dias debitados: Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o
cálculo do tempo computado.
Após isto podemos classificar os índices G x TF e TG.
O índice TF será classificado baseado nas categorias de Frequências dos Cenários
Usadas na Análise Preliminar de Riscos (APR).
Figura 19: Categorias de Frequências dos cenários usadas na APR.
Fonte: Adaptado de PEREIRA, 2009.
Na Tabela 38 encontramos a classificação da multiplicação de G por TF e o índice terá
5 (cinco) níveis variando de 1 a 5, sendo 1 desprezível e 5 o mais catastrófico:
Tabela 38: Classificação do índice G x TF
CLASSIFICAÇÃO G x TF
G (%) Abaixo de 5%
Entre 5% e 15%
Entre 15% e 20%
Acima de 20%
TF
A TF < 10 -̂4 1 1 1 2
B 10 -̂4 <= TF < 10 -̂3 1 1 2 3
C 10 -̂3 <= TF < 10 -̂2 1 2 3 4
D 10 -̂2 <= TF < 10 -̂1 2 3 4 5
E TF > 10 -̂1 3 4 5 5
Fonte: Elaborado pela autora.
O índice TG, que representa a severidade dos impactos, será classificado como
demostrado na
80
Tabela 39, de acordo com o impacto que irá causar em cada critério analisado no
modelo, o índice terá os seguintes valores 1, 3 ou 9.
A Tabela 40, apresenta o modelo desenvolvido da matriz multicritério de
sustentabilidade para a análise de riscos, aonde os índices e taxas são classificados
segundo as ordens de grandezas descritas anteriormente.
Tabela 39: Matriz de classificação de TG.
IMPACTO
TGSST TGSGA TGRSC
CL
AS
SIF
ICA
ÇÃ
O D
O T
G
9 Muito sério
Morte
Lesão com afastamento
(incapacidade
laboral permanente)
Catastrófica Impactos ambientais devido
a liberações de substâncias químicas, tóxicas ou
inflamáveis, atingindo áreas
externas às instalações. Provoca mortes ou lesões
graves na populção externa
ou impactos ao meio ambiente com tempo de
recuperação elevado.
Direitos Humanos,
Percepção de investidores, Relação
com empresas,
governos, mídia e fornecedores.
3 Médio
Lesão com afastamento
(incapacidade laboral
temporária)
Crítica Possíveis danos ao meio
ambiente devido a
liberações de substâncias químicas tóxicas ou
inflamáveis, alcançando
áreas externas à instalação. Pode provocar lesões de gravidade moderada na
população externa ou impactos ambientais com
reduzido tempo de
recuperação.
Práticas de trabalho, Reputação, Práticas
para integrar a
responsabilidade social em toda a organização, Meio ambiente, Práticas
leais de operação.
1 Baixo Lesão sem
afastamento
Marginal Danos irrelevantes ao meio ambiente e à comunidade
Reconhecimento da
responsabilidade social, Vantagem
competitiva,
Capacidade de atrair e manter trabalhadores,
Governança
organizacional Fonte: Adaptado de COELHO, 2014.
82
Onde i representa cada etapa da obra, E = etapa da obra, G = Grau de atendimento
das não conformidades do sistema de gestão, TF = taxa de frequência de acidentes,
TG = taxa de gravidade e R = Risco.
O risco de cada sistema de gestão associado a cada etapa i da obra é calculado como
demostrado a seguir:
Eq.21
Eq.22
Eq.23
O risco então será classificado de acordo com a multiplicação dos índices, demostrado
na Tabela 41. Esta ordem de grandeza será utilizada individualmente de acordo com o
impacto ao qual o risco está ligado, pois um risco de SST pode ser classificado como
“6” quando associado ao aspecto de SST e ao mesmo tempo receber uma
classificação “1” quando associado ao aspecto ambiental.
Tabela 41: Matriz de classificação de Riscos.
CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS
G x TF TG
1 3 9
1 1 3 9
2 2 6 18
3 3 9 27
4 4 12 36
5 5 15 45
Fonte: Elaborado pela autora.
83
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
É crescente a preocupação das empresas em todos os segmentos quanto às questões
de sustentabilidade. As empresas da indústria da construção civil necessitam de um
maior controle quanto aos seus sistemas de gestão, pois as suas atividades impactam
o meio ambiente e trazem muito risco não só aos trabalhadores como também a toda
a sociedade que é afetada. Devido a este cenário, muitas normas e certificações
regulamentam a indústria.
As empresas necessitam de sistemas de gestão que auxiliem no desempenho delas
quanto a influências externas e internas. A organização deve possuir uma sistemática
capaz de auxiliar na tomada de decisões, quanto à análise dos riscos causados por
estas influências.
Os métodos de análise de riscos são ferramentas que auxiliam os gestores nestas
situações, porém em muitas circunstâncias, a aplicação destas metodologias de
avaliação de riscos podem fornecer resultados insatisfatórios devido a dados
incompletos ou o elevado nível de subjetividade e incerteza nos dados disponíveis.
Com base nas informações sobre os modelos, apresentados nos Capítulo 3 e 4, foi
apresentada a matriz multicritério de sustentabilidade no Capítulo 5. A matriz propõe a
integração dos três sistemas de gestão: ambiental, saúde e segurança e risco
coorporativo social, procurando sempre a sustentabilidade no projeto, As taxas de
frequência de acidentes e taxa de gravidade devem ser cuidadosamente calculadas
em cada etapa da obra, para que os índices da matriz possam ser calculados
corretamente em cada sistema de gestão e em cada etapa do cronograma. A etapa
envolvendo a análise dos itens de não conformidade na empresa deve ser analisada
cuidadosamente através de auditorias, para que se possa obter o grau de atendimento
correto de cada sistema.
A utilização da metodologia proposta neste estudo pode proporcionar ao gestor a
implantação de um sistema de análise de risco integrado e ao atribuir um valor de fator
de risco em cada etapa, fornece a equipe um roteiro para mitigar o risco do projeto
através do desenvolvimento de planos de contingência para as etapas que têm o
maior fator de risco dentro de cada sistema de gestão.
Procurou-se evitar que a matriz proposta fosse muito complexa, reduzindo ao máximo
o número de etapas e a as fórmulas apresentadas foram formuladas para que fossem
o mais simples possível, evitando assim de consumir muito tempo do gestor e da sua
equipe de gestão. Este fator é importante, pois atualmente as empresas não possuem
84
muito tempo, com prazos apertados e o custo desse tempo se torna um impedimento
para qualquer contratação no mercado atual e é um fator definitivo em licitações.
Concluiu-se que o modelo é de fácil aplicação, pode diminuir o custo do projeto ao
determinar em que etapas os impactos serão maiores, possibilitando uma
compreensão mais clara das áreas de atuação de cada um dos riscos, permitindo seu
controle de maneira mais eficaz, proporcionando assim, um cenário mais seguro e
com menor variabilidade para se trabalhar.
A Matriz de sustentabilidade apresentada: Integra e relaciona os diversos requisitos de
sustentabilidade; identifica as áreas de gestão corporativa que precisam ser
aperfeiçoadas e se torna um PDCA da sustentabilidade.
Uma dificuldade de aplicação do modelo observado em empresas que apresentam
suas taxas é o fato das taxas de acidentes não estarem separadas por etapas da obra
e sim mensais.
Espera-se que este trabalho sirva de inspiração para aplicação de matrizes
multicritérios de sustentabilidade baseada em análise de risco para outros trabalhos
acadêmicos e gerenciamento de projetos, para determinação de riscos e priorização
de ações não só na indústria da construção civil, mas em outros setores.
Para próximos trabalhos acadêmicos, é recomendável se realizar o estudo de caso em
uma organização, realizando inclusões e alterações no modelo, sempre que
necessário, além do uso da matriz como base para o gerenciamento e controle do
projeto e da obra ao longo de seu ciclo de vida.
85
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