Post on 08-Aug-2020
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
CLEYDSON MEDEIROS LOPES
DAYANY STÉFANI DE OLIVEIRA
QUALIDADE DE VIDA E RELAÇÃO COM OS HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA DE FREQUENTADORES DO SERVIÇO DE
ORIENTAÇÃO AO EXERCÍCIO (SOE)
VITÓRIA
2017
CLEYDSON MEDEIROS LOPES
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DAYANY STÉFANI DE OLIVEIRA
QUALIDADE DE VIDA E RELAÇÃO COM OS HÁBITOS DE ATIVIDADE
FÍSICA DE FREQUENTADORES DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO AO
EXERCÍCIO (SOE)
Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Bacharelado em Educação Física, Centro de Educação Física de Desportos, Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito para aprovação na disciplina Seminário de Projetos. Orientadora: Prof. Luciana Carletti.
VITÓRIA
2017
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CLEYDSON MEDEIROS LOPES
DAYANY STÉFANI DE OLIVEIRA
QUALIDADE DE VIDA E RELAÇÃO COM OS HÁBITOS DE ATIVIDADE FÍSICA DE FREQUENTADORES DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO AO EXERCÍCIO (SOE) Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Curso de Educação Física - Bacharelado do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Educação Física. Aprovado em 19/12/2017 BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Orientador Prof. Dr. Luciana Carletti ________________________________________ Membro da banca Morghana Ferreira Ambrosim ________________________________________ Membro da banca
Me. Victor Hugo Gasparini Neto
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Resumo
Evidências recentes comprovam que a prática regular de exercício físico é um fator
indispensável para a manutenção da saúde e qualidade de vida, sendo fundamental
em todas as faixas etárias. A atividade física como objeto de políticas públicas é
entendida como direito social do indivíduo, o fácil acesso possibilitaria a
democratização da atividade física fazendo com que indivíduos de grupos sociais
menos favorecidos tenham acesso à prática esportiva e de lazer, para a prevenção e
promoção da saúde. Este trabalho é um estudo aplicado com abordagem
quantitativa, propõe-se investigar e apresentar o total de atividade física de
frequentadores do Serviço de Orientação ao Exercício (SOE) nos domínios do
trabalho, atividades domésticas, deslocamento e lazer; bem como o total de tempo
sentado e relacionar o nível de atividade física com a qualidade de vida.
Participaram deste estudo 15 mulheres e 01 homem, participantes do SOE, com
idades entre 50 e 69 anos, submetidos aos questionários de nível de atividade física
(IPAQ) e de qualidade de vida Whoqol-8. Os resultados demonstraram que há uma
relação regular e significativa entre qualidade de vida e atividade física de
deslocamento (r = 0,54; p = 0,03). Conclusão: Achados deste estudo ressaltam a
relação positiva entre a prática de atividade física de deslocamento e melhor
qualidade de vida. Contudo os resultados são inconclusivos a respeito da relação
entre atividade física total e de lazer com a qualidade de vida.
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Abstract
Recent evidence confirms that a regular practice of physical exercise is an
indispensable factor for the maintenance of health and the quality of life, being
fundamental in all the age groups. Physical activity as an object of public politics is
understood as the social right of the individual. The easy access would enable the
democratization of physical activity, making individuals from the less favored social
group have access to sports and leisure, for the life prevention and promotion of
health. This work is an applied study with quantitative approach to investigate and
present the total physical activity attendees of the service of orientation to exercise
(SOE) in the domains of work, domestic activities, travel and leisure; as well as the
total time of sitting and to relate the level of physical activity with the quality of life.
Fifteen women and one man, participants of the SOE, aged between 50 and 69
years, submitted to the questionnaires of the level of physical activity (IPAQ) and
quality of life Whoqol-8 participated in this study. The results showed that there is a
regular and significant relationship between QoL and displacement AF (r = 0.54, p =
0.03). Conclusion: Findings from this study highlight the positive relationship between
the practice of physical activity of displacement and better quality of life. However,
the results are inconclusive regarding the relationship between total physical activity
and leisure time with quality of life.
Key-words: Physical activity, quality of life, health promotion, physical exercise.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO............................................................................................ 7
2. OBJETIVOS............................................................................................... 10
2.1 OBJETIVO
GERAL............................................................................................. 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................ 10
3. METODOLOGIA.......................................................................................... 11
4. RESULTADOS............................................................................................ 13
5. DISCUSSÃO............................................................................................... 19
6. CONCLUSÃO............................................................................................. 21
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 22
Palavras-chave: Atividade física, qualidade de vida, promoção à saúde, exercício
físico.
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1 INTRODUÇÃO
Segundo ao que foi apresentado na Primeira Conferência Internacional sobre
Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, (Canadá), em 1986, para se atingir um
estado de completo bem-estar físico, mental e social indivíduos e grupos devem,
além de outros fatores, alterar beneficamente o ambiente que vivem. Assim, a saúde
deve ser observada como um recurso para a vida e não como objetivo de viver.
Nessa perspectiva, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais,
pessoais, bem como as capacidades físicas (OMS, 1986). Na V Conferência
internacional sobre promoção da saúde, realizada na Cidade do México, os ministros
da saúde concluíram que a promoção da saúde deve ser um componente
fundamental das políticas e programas públicos em todos os países na busca de
equidade e melhor saúde para todos. (OMS, 2000).
Por meio desse entendimento, a saúde torna-se produto de amplos fatores
relacionados com a qualidade de vida, que inclui, além da oferta e da possibilidade
de atividades de lazer e uso equilibrado do tempo, um padrão adequado de
alimentação nutrição, de habitação e saneamento, boas condições de trabalho,
oportunidades de educação ao longo de toda a vida, ambiente físico limpo, apoio
social para famílias e indivíduos, estilo de vida responsável e cuidados básicos de
saúde. (BUSS, 2000). À medida que promovem saúde, essas atividades estão mais
voltadas ao coletivo de sujeitos e ao ambiente como um todo, compreendendo
aspectos físicos, sociais, políticos, econômicos e culturais, por meio de políticas
públicas e de condições favoráveis ao desenvolvimento da saúde. (MORETTII et al.,
2009).
Um dos objetivos da política de promoção da saúde apontado pelo Ministério da
Saúde no Brasil é contribuir para reduzir as desigualdades sociais quanto ao acesso
às oportunidades para o desenvolvimento máximo do potencial de saúde. (BRASIL,
2012).
A prática de atividade física é veementemente apontada como fator indispensável
para a manutenção da saúde e qualidade de vida, no entanto o que se pode
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observar, é que 46% (67,2 milhões) dos adultos do país são sedentários. (IBGE,
2013). Um dos principais fatores responsáveis por este percentual tão elevado de
pessoas sedentárias é a falta de oportunidade e incentivo a prática de atividades
físicas. Contudo, a última pesquisa do Ministério da Saúde - VIGITEL (Vigilância de
Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico)
identificou que houve um crescimento na prática de atividade física no tempo livre,
em 2009 o indicador era 30,3%, e em 2016, 37,6% (BRASIL, 2016).
A atividade física como objeto de políticas públicas é entendida como direito social
do indivíduo, o fácil acesso possibilitaria a democratização da atividade física
fazendo com que indivíduos de grupos sociais menos favorecidos tenham acesso á
prática esportiva e de lazer, para a prevenção e promoção da saúde. (LINS, 2007).
A prática regular de atividades físicas é tida como hábito fundamental para que se
possa ter um estilo de vida saudável. Atividades tanto laborais, como de locomoção,
lazer e domésticas são correlacionadas a um bom nível de saúde e qualidade de
vida (ARAÚJO; ARAÚJO, 2000). A atividade física é indispensável em todas as
faixas etárias, ao iniciar a vida adulta tende-se a um crescimento do nível de
sedentarismo, e esses jovens adultos são em sua maioria supostamente saudáveis
pelo fato de não haver sintomas aparentes, mesmo havendo a tendência de esses
indivíduos apresentarem fatores de riscos, aumentando as chances de desenvolver
doenças hipocinéticas (Doenças causadas por falta de movimento corporal, ou seja,
por falta de exercício físico. São elas: Obesidade, Hipertensão Arterial, Cardiopatias,
Diabetes tipo II, Sarcopenia e Osteoporose). (TOSCANO; OLIVEIRA, 2009).
Os benefícios da atividade física não se restringem apenas à prevenção primária,
alcançando também a secundária. Em uma série de estudos citados por Araújo e
Araújo (2000), indivíduos que estavam sedentários e elevaram o seu nível de
atividade física apresentaram diminuição considerável do risco de doenças
cardiovasculares, comparando aos que continuaram sedentários, foi apresentado
que, em 73 mil enfermeiras de meia-idade pesquisadas, o nível de atividade física se
mostrou inversamente proporcional ao risco de eventos cardiovasculares, observou-
se que havia uma relação inversa entre níveis de prática regular de atividades físicas
e a mortalidade, seja ela por qualquer causa, e também foi encontrada por meio de
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uma meta-análise, a relação inversa entre o nível de atividade física e a mortalidade
de cardiopatas. (ARAÚJO e ARAÚJO, 2000).
Políticas públicas de promoção a saúde por meio de atividades físicas além de
reduzir os riscos de doenças e prolongar a vida, tem como objetivo melhorar a
condição de saúde e criar meios e situações que melhorem a qualidade de vida.
(CAMPOS; NETO, 2008).
A qualidade de vida por conta da sua complexidade, aplicação em várias áreas de
estudo e subjetividade como características importantes, tem como resultado uma
notável falta de consenso conceitual. Indicar o nível de qualidade vida tem sido a
maneira usada para mensurar as circunstâncias de vida de um indivíduo. A
qualidade de vida é entendida como o resultado da soma dos aspectos que
promovem o bem espiritual, físico, psicológico, cultural e social de um ser humano. É
apontada como entendimento do indivíduo de sua posição na vida em conformidade
com o seu contexto cultural e sistema de valores nos quais vive, em relação aos
seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. (WHOQOL, 1995; TANI,
2002; LIMONGI-FRANÇA, 2003; MELO et al 2015).
Visando promover a qualidade de vida e reduzir os riscos à saúde, em 1990 foi
criado em Vitória o Serviço de Orientação ao Exercício (SOE), que atualmente conta
com 16 módulos fixos instalados em parques, praças e outros espaços públicos, que
se articulam com as unidades básicas de saúde e uma unidade móvel que dá
suporte aos eventos periódicos do serviço. Cada módulo procura se adaptar à
realidade do local, atualmente existem diversas opções de atividades, tais como
ginástica aeróbica e localizada; alongamento; hidroginástica; yoga; circuitos;
capoeira e orientação à caminhada/corrida. O serviço tem como objetivo orientar e
incentivar a prática regular e correta de exercícios; combater o sedentarismo e
auxiliar na prevenção e tratamento de doenças crônico-degenerativas não
transmissíveis. (VITÓRIA, 2017).
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Investigar a relação entre os domínios da atividade física e qualidade de vida em
frequentadores do Serviço de Orientação ao Exercício (Vitória - ES).
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A) Apresentar o total de atividade física de frequentadores do SOE nos domínios do
trabalho, atividades domésticas, deslocamento e lazer; bem como o total de tempo
sentado;
B) Descrever os escores de qualidade de vida encontrados nos frequentadores do
SOE;
C) Relacionar o nível de atividade física (em seus domínios) e sedentarismo (tempo
sentado) com a qualidade de vida.
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3 METODOLOGIA
Este é um estudo transversal e descritivo, de natureza aplicada, com abordagem
quantitativa.
Este projeto é um estudo suplementar ao projeto de mestrado intitulado “EFEITOS
DAS PRÁTICAS CORPORAIS DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO DE
ORIENTAÇÃO AO EXERCÍCIO NA SAÚDE CARDIOVASCULAR E NA QUALIDADE
DE VIDA DE ADULTOS EM PROCESSO DE ENVELHECIMENTO”, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do
Espírito Santo (CAAE 6707791760005542).
Amostra
A amostra foi composta por 16 indivíduos com idades entre 50 e 69 anos
cadastrados programa SOE, com idade de 61 ± 6 anos (Tabela 1).
Não foram incluídos no estudo participantes com doenças que incapacitam a prática
de exercícios tais como limitações locomotoras, doenças cardiovasculares, doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e complicações cardiorrespiratórias.
Inicialmente foi feito um contato com os frequentadores do Serviço de orientação ao
exercício (SOE), para explicar os objetivos e benefícios do estudo. Os interessados
em participar da pesquisa responderam a ficha de perfil sociodemográfico, que
contém itens para verificar os critérios de inclusão, os integrantes que se encaixaram
no estudo foram agendados para uma avaliação, que foi realizada em um único dia,
os participantes da pesquisa passaram pelos questionários de nível de atividade
física (IPAQ) e qualidade de vida Whoqol-8.
Questionários:
Para descrição do nível de atividade física foi empregado o Questionário
Internacional de Atividade Física (International Physical Activity Questionnaire)
(IPAQ), versão longa, que é empregado extensivamente em estudos populacionais,
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e em inquéritos da Vigilância Epidemiológica no Brasil e já foi previamente validado
para a população brasileira (MATSUDO et al., 2001).
A versão longa do IPAQ apresenta 27 questões relacionadas com as atividades
físicas, realizadas em uma semana normal, com intensidade vigorosa, moderada e
leve, com a duração mínima de 10 minutos contínuos, distribuídas em quatro
dimensões de atividade física (trabalho, transporte, atividades domésticas e lazer) e
do tempo despendido por semana na posição sentada.
Qualidade de vida
A qualidade de vida dos participantes da pesquisa foi avaliada através da escala de
Whoqol-8, que tem por objetivo identifica-la de forma quantitativa. A escala é
composta por oito itens registrados em uma escala de Likert (de 1 a 5) e distribuídos
em facetas, relacionadas à qualidade de vida geral e percepção geral de saúde,
energia e fadiga e atividade de vida cotidiana, espiritualidade/religião/ crenças
pessoais, relações pessoais e recursos financeiros ambiente do lar. O cálculo é feito
a partir de uma soma de todas as questões que compõem a escala, resultando em
uma pontuação que varia de 8 (mínimo) a 40 (máximo), indicando menor ou maior
qualidade de vida, respectivamente (PEDROSO et al., 2014).
O instrumento de avaliação da qualidade de vida foi realizado pelo próprio
participante que pode responder as questões sem ajuda, ou pelo entrevistador, caso
a pessoa necessitasse de algum auxílio, de forma que o mesmo não pôde interferir
na compreensão dos itens, reformulando as palavras utilizadas na escala, a fim, de
manter suas características originais.
Procedimentos estatísticos e análise dos dados:
Foi aplicada estatística descritiva para caracterizar a amostragem. A correlação de
Pearson foi aplicada para revelar a relação entre o nível de atividade física (NAF),
tempo de adesão ao SOE e qualidade de vida.
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4 RESULTADOS
Os 16 voluntários do estudo participavam do projeto SOE dentro de um período de 3
a 288 meses, com frequência semanal de 3 a 5 dias (Tabela 1).
Tabela 1 – Características antropométricas e nível de atividade física.
MÉDIA DESVIO
PADRAO MIN – MÁX
Idade (anos) 61 6 50 – 69
Peso (kg) 64,1 9,3 50,4 - 80,8
IMC (kg.m-²) 24,4 2,7 20,5 – 31,2
Percentual de gordura(%) 27,8 5,5 18,5 – 37,6
Tempo de SOE (meses) 80 68 3 – 288
Frequência semanal (dias) 5 1 3 – 5
Atividade física total (min) 1173 839 290 - 11951
As modalidades praticadas eram yoga, ginástica localizada, caminhada e
alongamento, de forma que 62,5% praticavam 2 modalidades e 37,5% praticavam 3
modalidades. Quanto aos problemas de saúde, 75% apresentaram algum problema
de saúde sendo que 18,7% apresentaram hipertensão arterial sistêmica (HAS), e
25% não relataram problemas de saúde. Grande parte fazia uso de algum tipo
medicamento 81,2% enquanto apenas 18,7 não utilizavam medicamentos. 6,25%
Eram fumantes enquanto 75% eram de não fumantes e 18,7% de ex-fumantes
(Tabela 2).
Tabela 2 – Perfil de hábitos e condições de saúde/doença e características
sócio educacionais.
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n = 16 Perfil Valor abs.(%)
Estado civil
Casado (a) (7) 43,7
Solteiro (a) (1) 6,3
Viúvo (a) (4) 25
Separado (a) (4) 25
Fundamental completo (2) 12,5
Médio completo (3) 18,7
Superior completo (4) 25
pós graduação (7) 43,7
Estado ocupacional
Estudante (1)6,2
Trabalhando (8) 50
Aposentado (5) 31,2
Serviços domésticos (2) 12,5
Problemas de saúde (%)
HAS (3) 18,7
Diabetes (1) 6,2
Doença Cardíaca (1) 6,2
Doença Respiratória (2) 12,5
Doenças Vestibulares (1) 6,2
Hipotensão Postural (1) 6,2
Osteoporose (1) 6,2
Depressão (1) 6,2
Doenças Reumatológicas (2) 12,5
Lesão Traumato-Ortopédica (1) 6,2
Outros (3) 18,7
Não (4) 25
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Tabagismo (%)
Sim (1) 6,2
Não (12) 75
Ex fumante (3) 18,7
Medicamentos
Sim* (13) 81,2
Não (3) 18,7
Modalidades de exercício 03 modalidades** (6) 37,5
02 modalidades (10) 62,5
*medicamentos: Losartana, Hormônio T4 e outros.
**modalidades: yoga, ginástica localizada, caminhada e alongamento.
Na Figura 1 observa-se o total de atividade física dos usuários do SOE, distribuídos
nos domínios do trabalho, casa, lazer e deslocamento; e total de tempo sentado.
Nota-se que o maior tempo de atividade física é realizado em casa seguida por
atividade física no lazer, no deslocamento e no trabalho, respectivamente.
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Figura 1 - Tempo total de atividade física e seus domínios no trabalho, casa, lazer e
deslocamento; e total de tempo sentado.
A correlação entre qualidade de vida e domínios da atividade física, em que se
observa uma relação Regular e estatisticamente significante entre qualidade de vida
e atividade física de deslocamento (r = 0,54; p = 0,03). Para a atividade física total e
os demais domínios não se observou uma relação estatisticamente significante.
(Tabela 3).
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Tabela 3 – Correlação dos escores de qualidade de vida com os domínios da
atividade física e tempo sentado
Correlação de Pearson
Valor r Valor p
AF total 0,26 0,33
AF trabalho 0,08 0,76
AF casa 0,06 0,82
AF deslocamento 0,54* 0,03
AF lazer 0,30 0,25
Tempo sentado 0,19 0,47
AF total/tempo sentado -0,02 0,92
*(p<0,05)
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Figura 2 – Análise de regressão entre atividade física de deslocamento e
qualidade de vida.
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5 DISCUSSÃO
No presente estudo não foi encontrada relação significante entre qualidade de vida e
atividade física total, essa não associação também foi encontrada em um estudo
semelhante realizado por Alencar et al. (2010) em que 30 idosas (15 ativas e 15
sedentárias) submetidas ao Questionário Baecke modificado para idosos para a
análise do nível de atividade física e o questionário WHOQOL-OLD para a qualidade
de vida, resultados também encontrados por Vale et al. (2006) que utilizou o
questionário WHOQOL-100 para aferir a qualidade de vida em indivíduos ativos e
sedentários.
Em contrapartida a maior parte dos estudos encontrados apontam que a associação
entre atividade física e qualidade de vida é positiva, PUCCI et al. (2012) em uma
revisão sistemática selecionou 38 estudos que realizaram a comparação entre nível
de atividade física e qualidade de vida, foi observado que quanto mais elevado o
nível de atividade física maior é a auto percepção de qualidade de vida em grupos
de pessoas com diferentes condições de saúde. Dados corroborados por Da SILVA
et al. (2012) que verificou através do Questionário Internacional de Atividade Física
(IPAQ) e Perfil de Saúde de Nottingham (PSN) em que o nível de atividade física foi
associado à qualidade de vida. Em uma comparação entre nível de qualidade de
vida entre participantes de programas formais de Atividade Física e não
participantes, feita por MOTA et al. (2006) foi constatada que a participação em
programas de Atividade Física revela maiores índices de qualidade de vida
relacionada com a saúde.
Os resultados do presente estudo foram significativos apenas para a atividade física
de deslocamento (r = 0,54), mas não para a atividade física total. Embora pareça
contraditório com a maioria dos estudos supracitados (MOTA et al., 2006; PUCCI et
al., 2012; Da SILVA et al., 2012), observa-se que por se tratar de um estudo
suplementar não foi atingido até o momento da conclusão deste relatório o número
total de participantes necessários para encontrar significância estatística para o
coeficiente de correlação encontrado para atividade física total e atividade física de
lazer (r = 0,26 e r = 0,30; respectivamente). O cálculo para esses valores de
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correlação seria de um número amostral de 85 a 114 participantes (HULLEY et al.,
2013).
Quanto a atividade física de deslocamento Madeira et al. (2013) em um estudo
realizado em 100 municípios de 23 estados brasileiros que entrevistou 12.116
adultos e 6.506 idosos, observou que 66,6% dos adultos e 73,9% dos idosos foram
considerados insuficientemente ativos segundo a classificação do ACMS de 150
minutos/semana de atividade física, levando em consideração o tempo de atividade
física no deslocamento, isto indica que apenas a atividade física no deslocamento na
maioria das vezes não é suficiente para tornar o indivíduo ativo fisicamente,
salientando a importância da prática regular da atividade física (aeróbica ou de
fortalecimento muscular), aliado a um estilo de vida ativo no dia á dia (HASKELL,
2007; MATSUDO, 2006).
Deste modo pressupõe que a qualidade de vida provavelmente seja o domínio da
atividade física que tenha uma maior importância significativa como indicativo de
qualidade de vida, pois os estudos que relacionaram atividade física e qualidade de
vida também observaram que há relação com a função física (MOTTA et al., 2006).
Dessa forma, o fato de optar pelo deslocamento ativo pode por si só ser um
indicador de melhor condição física (aptidão).
Portanto, deve-se levar em consideração que o grupo que praticava mais atividade
física de deslocamento pode ter apresentado melhor índice de qualidade de vida não
apenas pelo deslocamento em si, mas por outros fatores que podem estar atrelados
a esse comportamento, tais como: infraestrutura e segurança no entorno da
moradia, nível socioeconômico do grupo, disponibilidade de tempo, ou condições
físicas favoráveis para executar esta tarefa. Contudo, neste estudo não foi
investigado estas relações, o que nos impede de ter uma posição conclusiva.
21
6 CONCLUSÃO
Os achados deste estudo demonstram a relação positiva entre a prática de atividade
física de deslocamento e melhor qualidade de vida. Contudo os resultados são
inconclusivos a respeito da relação entre atividade física total e de lazer com a
qualidade de vida. Recomenda-se um novo estudo que investigue a relação da
qualidade de vida com os diferentes domínios da atividade física, casa, trabalho,
deslocamento e lazer e que contemple maior número de indivíduos na pesquisa.
22
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