Post on 14-Aug-2015
UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
CRIA OU RECRIA/ENGORDA: qual a melhor opção para o produtor?
Eduardo Mariano Almeida de Paula
Fernandópolis, SP
2011
Eduardo Mariano Almeida de Paula
CRIA OU RECRIA/ENGORDA: qual a melhor opção para o produtor?
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como parte das exigências
da grade do curso de graduação em
Medicina Veterinária da Universidade
Camilo Castelo Branco, UNICASTELO,
Campus Fernandópolis, SP
Orientador: Ariangelo G. Nunes da
Fonseca
Fernandópolis 2011
DEDICATÓRIA
A minha Mamãe Irene Gadir Almeida de Paula, que sempre esteve do meu lado cuidando de mim com muito amor e carinho. A meu pai Gilson Divino de Paula, que me ensinou que os princípios para o sucesso são: trabalhar com empenho e zelar pelo nosso nome.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus, por
me iluminar no caminho percorrido até agora, me ajudar a manter a calma em momentos difíceis e sempre com alegria, mesmo que não fosse possível de todos notarem.
A minha irmã querida, Mariana, com a qual sempre tive um excelente relacionamento e uma amizade sem igual.
A Fernanda, pessoa que conheci a pouco tempo,mas o suficiente para se tornar uma pessoa essencial na minha vida.
A meus grandes amigo (a)s que estão por esse Brasil a fora, por sempre estarem juntos nos momentos difíceis e nos alegres, tomando uma e contando mentiras. Mesmo estando longe seremos sempre irmãos.
Ao restante de minha família que contribuiu de qualquer forma a minha formação acadêmica
A meu orientador Ariangelo e demais professores de faculdade que contribuíram para meu aprendizado.
RESUMO
A pecuária de corte brasileira vem se tornando cada vez mais importante para
geração de riquezas para o país, tanto no mercado interno como no mercado
externo. Entretanto, alguns aspectos precisam ser mudados para tornar o segmento
mais atrativo aos olhos do pecuarista e para ter uma melhor eficiência produtiva,
como por exemplo, a falta de coordenação entre os elos que compõe a cadeia da
carne bovina e os índices zootécnicos. No mercado de carne, os preços de todas as
categorias animais sofrem com sazonalidade e ciclos plurianuais, alterando a
rentabilidade da atividade de acordo com os preços de mercado. Utilizando o
método de estudo de caso, com dados secundários, pode-se concluir que no ano de
2010 a fase de recria/engorda foi mais rentável que a cria.
Palavras chave: pecuária de corte brasileira, cadeia da carne, rentabilidade
ABSTRACT
Beef cattle production in Brazil is becoming increasingly important for the generation
of wealth for the country, both domestically and in foreign markets. However, some
aspects need to be changed to make the segment more attractive in the eyes of
cattle and have a better production efficiency, such as the lack of coordination
between the links that make up the beef chain and production indices. In the meat
market, prices of all categories animals suffer from seasonal and multiannual cycles,
changing the profitability of the activity in accordance with market prices. Using the
case study method, with secondary data, it can be concluded that in the year 2010 to
phase growing / fattening was more profitable than create.
Keywords: Brazilian beef cattle, meat chain, profitability
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1
1.1. Objetivo ................................................................................................................................. 1
1.2. Justificativa ............................................................................................................................ 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................................... 3
2.1. A pecuária de corte brasileira ................................................................................................ 3
2.1.1. Rebanho ............................................................................................................................. 3
2.1.2. Fases da pecuária de corte ................................................................................................. 4
2.1.2.1. Cria ................................................................................................................................. 5
2.1.2.2. Recria/engorda .............................................................................................................. 5
2.2. Análise do mercado ............................................................................................................... 6
2.3. Cadeia de produção ..............................................................................................................10
2.4. Frigoríficos ............................................................................................................................11
3. ANÁLISE DE DADOS ..................................................................................................................13
3.1. Método .................................................................................................................................13
3.2. Dados ....................................................................................................................................13
4. CONCLUSÃO .............................................................................................................................21
4.1. Tabela 5 ................................................................................................................................21
4.2. Tabela 6 – Funcionários, tabela 7 – Folha de pagamento aos funcionários e tabelas 8 –
Encargos sociais................................................................................................................................21
4.3. Tabela 9 – Custos com insumos ............................................................................................21
4.4. Tabela 10 – Custos com pastagens ........................................................................................22
4.5. Tabela 11 – Custos com cercas e benfeitorias .......................................................................22
4.6. Tabela 12– Custos com tratores e veículos ...........................................................................22
4.7. Tabela 13 - Custos com administração ..................................................................................23
4.8. Tabela 14 – Custos com compra de gado ..............................................................................23
4.9. Tabela 15– Diversos ..............................................................................................................23
4.10. Tabela 16 – Custos ............................................................................................................23
4.11. Tabela 17 – Venda de animais e tabelo 18 - receitas .........................................................23
4.12. Margem sobre vendas.......................................................................................................24
4.13. Tabela 20 - Valor do patrimônio e Tabela 21 – Rentabilidade ...........................................24
4.14. Tabela 23 – Lucro ..............................................................................................................24
4.15. Taxa de desfrute ...............................................................................................................24
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................26
1
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, lembrando que a Índia
possui o maior rebanho bovino do mundo, mas devido a questões religiosas, não
são destinados ao comércio. Com um aumento significativo na produção de carne
entre o período de 1990 a 2008, passando de 4,1 para 9,3 milhões de toneladas, o
Brasil se tornou a partir do ano de 2004 o maior exportador de carne, superando a
Austrália (SCHLESINGER, 2010). Entretanto, os índices zootécnicos e econômicos
da pecuária de corte no país, não são bons o suficiente para manter o segmento
competitivo e como uma atividade atraente economicamente (EUCLIDES FILHO,
2000a).
A cadeia de carne bovina ocupa posição de destaque no contexto da
economia rural brasileira, ocupando vasta área do território nacional
e respondendo pela geração de emprego e renda de milhões de
brasileiros. O conjunto de agentes que a compõe apresenta grande
heterogeneidade: de pecuaristas altamente capitalizados a pequenos
produtores empobrecidos, de frigoríficos com alto padrão
tecnológico, capazes de atender a uma exigente demanda externa, a
abatedouros que dificilmente preenchem requisitos mínimos da
legislação sanitária.
(BUAINAN; BATALHA, 2007 P. 19)
Com a compra de plantas frigoríficas em países onde há barreiras a carne
brasileira, os frigoríficos brasileiros conseguem transpor estas dificuldades e ainda
podem aumentar sua comercialização, aproveitando dos acordos internacionais
firmados por esses países (SCHLESINGER, 2010).
1.1. Objetivo
2
O objetivo do presente trabalho é comparar a fase de cria com
recria/engorda, dando um enfoque na taxa de desfrute dos rebanhos, além de
comparar a capacidade suporte e lucro por hectare, uma vez que a quantidade de
UA, forrageira e região, eram as mesmas, mudando apenas o tamanho da área,
dando as mesmas condições para uma melhor comparação entre sistemas
diferentes.
1.2. Justificativa
Na pecuária de corte, para se obter um produto final no ponto de
comercialização, um longo período é decorrido, não permitindo ao produtor fazer
escolhas erradas, como o sistema adotado em sua propriedade, a tecnologia
aplicada e o manejo. O pecuarista também esta sujeito a variações no clima, que
pode influenciar negativamente em sua produção, podendo comprometer todo seu
planejamento. Por esses motivos, quando é feita uma opção errada em alguma
dessas medidas, pode não haver tempo suficiente para corrigir o deslize, restando
ao produtor arcar com os prejuízos.
Por esse motivo é de fundamental importância conhecer qual etapa é mais
atrativa, para o pecuarista ter em mente em qual fase ele obterá uma margem maior,
dando mais segurança ao seu negócio.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. A pecuária de corte brasileira
A pecuária de corte no Brasil, economicamente é uma atividade de suma
importância e tende a se fortalecer cada vez mais, nos próximos anos. Além de ser
importante na geração de receitas para o país, através da comercialização da carne
bovina no exterior; no mercado interno vem se tornando uma importante produtora
de alimento nobre. Entretanto, os índices zootécnicos e econômicos da pecuária de
corte, não são bons o suficiente para manter o segmento competitivo e como uma
atividade atraente economicamente (EUCLIDES FILHO, 2000b).
Outros problemas também interferem nesse cenário atual, como a limitação
de natureza sanitária, concentração dos abates em poucas plantas processadoras e
a falta organização da cadeia produtiva (BARCELLOS et al., s.d.).
As soluções destes problemas serão cobradas pelo aumento do consumo da
carne bovina, que esta diretamente ligada com o poder aquisitivo do consumidor,
com previsão de mais de 80% da população vivendo em áreas urbanas no ano de
2020 (EUCLIDES FILHO, 2000b).
2.1.1. Rebanho
A tabela 1 mostra que o rebanho bovino brasileiro, depois de um aumento
discreto do número de animais em 1,63% entre os anos de 2002 a 2005, passou por
um curto, porém considerável período de retração, de 2005 a 2007 tendo uma queda
de 3,84%. Do ano de 2007 em diante, ocorreu uma retomada no seu
desenvolvimento, devendo atingir no ano de 2011 um total estimado em
180.040.323 cabeças (ANUALPEC 2011), sendo assim, crescendo 6,5% até 2011.
4
Tabela 1 - Evolução do rebanho bovino brasileiro
Ano
Número de cabeças
2002 172.192.156
2003 174.999.462
2004 176.114.432
2005 175.055.670
2006 170.522.697
2007 168.330.347
2008 169.896.954
2009 173.268.726
2010 174.090.818
2011 180.040.323
Adaptado ANUALPEC (2011)
Segundo o censo realizado em 2006 pelo IBGE, o rebanho brasileiro era
distribuído entre os pecuaristas da seguinte forma: 33,99% dos pecuaristas possuem
até 9 animais, 53,97% possui de 10 a 99, 9,60% de 100 até 499 e 2,42% possui
acima de 500 animais (GOLONI, 2009).
2.1.2. Fases da pecuária de corte
Conforme o seu produto final, a produção do gado de corte pode ser dividida
em três fases, cria, recria e engorda; que podem ou não estar integradas na mesma
propriedade rural (ALENCAR, 2003).
Historicamente, estas fases são realizadas por diferentes pecuaristas. Há
uma relação de dependência entre os pecuaristas das diferentes fases, os
5
produtores de bezerros precisam dos recriadores/terminadores para a compra de
seu produto, e estes precisam dos produtores de bezerros para dar início a sua
atividade de recria. Por isso, os produtores de bezerros devem receber suporte em
relação a informações técnicas e recursos financeiros, para poder oferecer um
produto de qualidade superior e quantidade suficiente para fortalecer o mercado
(PIRES, 2011).
2.1.2.1. Cria
A atividade de cria é a fase na qual o bezerro é produzido. O rebanho é
formado por touros, matrizes, novilhas de reposição e bezerros. Seus índices
produtivos são: taxa de desmama de 70%, primeiro acasalamento aos 2 anos de
idade, média de 1 touro para 20 vacas e reposição das fêmeas em 30% (OIAGEN,
2008). Ainda existem rebanhos com uso de inseminação artificial e que não
possuem touros para cobertura das vacas.
As propriedades destinadas a essa fase, geralmente são pequenas e de
terras fracas. Os investimentos em melhorias no manejo dessa fase é extremamente
baixo, produzindo bezerros de qualidade inferior, com peso em torno de 120 a 150
kg quando desmamados, e tendo uma baixa taxa de bezerros nascidos por ano
(PIRES, 2011).
Com o uso do creep-feeding, o produtor consegue desmamar bezerros mais
pesados, agregando um maior valor de venda sobre eles, além de potencializar a
eficiência reprodutiva das fêmeas. Vale lembrar que para essa pratica ser viável, os
animais quando desmamados devem ser colocados em sistemas de engorda mais
intensivo, pulando a fase de recria (ARARIP, 2011).
2.1.2.2. Recria/engorda
A recria se inicia com o desmame e vai até a idade de acasalamento das
fêmeas ou engorda dos machos, podendo durar de 2 a 4 anos, conforme o nível
6
tecnológico adotado. A engorda por final, dura em média 12 meses, podendo ser
realizada tanto a pasto quanto em confinamento (ALENCAR, 2003). As fases de
recria e engorda, geralmente estão localizadas em propriedades de fertilidade média
a alta e de tamanho maior (PIRES, s.d.).
A engorda pode ser feita três formas diferentes. A mais básica que é a
engorda extensiva, onde se alimenta do capim e recebe apenas suplementação
mineral. Qualidade do solo, formas e animais influenciam no resultado final. A
engorda mista, onde há elementos associados da engorda extensiva com intensiva.
Por último, existe a engorda intensiva, na qual os animais são em espaço restrito,
divididos em lotes e recebem uma dieta balanceada a base de volumosos e
concentrado, visando encurtar a idade do abate e produzir uma carcaça com maior
qualidade (THOMÉ, et.al.).
2.2. Análise do mercado
Um ciclo na pecuária de corte, de uma forma geral, ocorre quando a oferta de
carne está elevada em relação à demanda efetiva. Com isso há uma queda do preço
da carne no varejo e no atacado, além do preço do boi gordo, vaca gorda e dos
bezerros, que geralmente é a categoria mais afetada. Com esse novo cenário
desfavorável, o produtor de bezerros é induzido a abater suas matrizes, numa
tentativa de minimizar os prejuízos, piorando o desequilíbrio do mercado, que
derruba ainda mais os preços. Caso essa situação se prolongue, haverá uma falta
de bezerros de reposição no mercado, elevando seu valor e diminuindo o valor dos
animais gordos. Para suprir essa escassez de animais de reposição, demora algum
tempo, pois devido ao período de gestação das fêmeas de 9 meses, não há uma
renovação rápida do rebanho e para um boi chegar ao ponto de abate demora entre
3 e 4 anos. Quando o preço dos animais gordos se recupera, a demanda pela
reposição aumenta como há falta dessa categoria no mercado, os preços dos
bezerros, que estava em queda voltam a subir, dando inicio a um novo ciclo
(MARTINS, 2011).
7
Outros fatores que podem gerar um comprometimento da cadeia, levando ao
abate de matrizes pelo produtor para aumentar sua receita, além dos preços baixos,
são os custos elevados de insumos, exigência de adaptação tecnológica e as
praticas gerenciais inadequadas (BUAINAIN, 2007).
Conforme mostra a figura 1, nos anos correspondentes a 1954 até 2008, a
pecuária de corte passou por dez ciclos completos. O primeiro teve inicio em
setembro de 1957, durando até abril de 1965. O segundo durou 53 meses, o terceiro
85 meses, o quarto 64 meses, quinto 35 meses e o sexto 31 meses. Os próximos
três ciclos que se seguiram foram inferiores a um ano. Depois veio um ciclo de 60
meses, o próximo de 124 meses e por fim em julho de 2006, iniciou um novo ciclo
que estava ascendente até o final de 2008 (MARTINS, s.d.).
Figura 1 - Evolução dos preços do bezerro e do boi gordo em São Paulo, 1954 a 2008.
Os preços dos animais vivos, além dos ciclos plurianuais, sofrem
sazonalidade no decorrer do ano, relativa à oferta de animais em ponto de abate,
que sofrem influência da disponibilidade das pastagens ao longo do ano (SACHS,
2007).
8
Para não haver um comprometimento do rebanho do país ou mesmo da
propriedade, em nível de todas as categorias, a taxa de descarte máxima não deve
superar os 30% (BORGES, 2008).
Na tabela 2 temos a taxa de abate de fêmeas, pode-se notar que desde o ano
de 2002 até a taxa estimada para 2011, sempre os valores estão acima dos 30%, ou
seja, esta havendo um comprometimento do rebanho bovino brasileiro. Fato este
que deve se agravar a partir de 2011, onde o abate de fêmeas deve atingir o maior
índice dentre os valores registrados na tabela.
Tabela 2 - Taxa de abate de fêmeas nos últimos anos, para o ano de 2011 foi
feito uma projeção:
Ano Taxa de abate de fêmeas
2002 45,2
2003 45,1
2004 45,4
2005 46,8
2006 48,5
2007 48,1
2008 45,4
2009 45,3
2010 45,3
2011 52,8
Adaptado ANUALPEC (2011)
Com a venda de um boi gordo de 16,5 arrobas, o pecuarista espera adquirir
2,2 bezerros para reposição e 1,5 boi magro (BORGES, 2008).
A tabela 3 mostra a relação de troca boi gordo x bezerro. No ano de 2001 até
2002 está relação esteve favorável aos recriadores/terminadores, pois conseguiam o
valor de troca estava abaixo dos 2,2. De 2003 a 2006, a situação se inverteu, e os
produtores de bezerro conseguiram vender seu produto por um preço melhor. Em
seguida nos anos de 2007 a 2010, os recriadores/terminadores voltaram a ter a seu
favor, animais de reposição há um bom valor.
9
Tabela 3 - Relação troca boi gordo x bezerro nos últimos 10 anos:
Ano Relação de troca
2001 2,0
2002 2,1
2003 2,4
2004 2,6
2005 2,5
2006 2,4
2007 2,1
2008 2,0
2009 2,0
2010 1,9
Adaptado ANUALPEC (2011)
Na tabela 4 esta a relação de troca boi gordo x boi magro nos últimos 10
anos, nota-se com clareza que os pecuaristas responsáveis pela engorda, sempre
tiveram uma relação de troca a seu favor, tendo sempre valores menores ou igual a
1,5.
Tabela 4 - Relação troca boi gordo x boi magro nos últimos 10 anos:
Ano Relação de troca
2001 1,4
2002 1,5
2003 1,5
2004 1,5
2005 1,4
2006 1,3
2007 1,3
2008 1,5
2009 1,4
2010 1,4
Adaptado ANUALPEC (2011)
10
2.3. Cadeia de produção
A cadeia de carne bovina no Brasil vem passando por um processo de
transformação, apesar disso, ainda é desorganizada, devido à carência de
coordenação e falta de definição de rumos e de estratégias de ação (EUCLIDES
FILHO, 2000a).
A falta de integração e coordenação dos elos prejudica a cadeia, a falta de
contratos que regulam a comercialização, anula os investimentos em melhorias
tecnológicas, diminuindo em um nível internacional, a competitividade da pecuária
de corte brasileira (ALENCAR, 2003).
A cadeia de bovino de corte (figura 2) é constituída da indústria de insumos,
fornecedora de vacinas, suplementação (sal e ração) e equipamentos. Depois, os
produtores rurais, responsáveis por produzir bezerros, recriar bois magros e
obtenção do boi gordo no ponto de abate. Em seguida temos os frigoríficos que
compram o produto final dos produtores, fazem o abate, processamento e
distribuição da carne para a rede de varejistas dos supermercados e açougues, que
vendem a carne ao consumidor final. Por ultimo se tem a indústria de transformação,
que transforma as mais variadas partes do animal em diversos produtos (GOLONI,
2009).
11
Figura 2 - Cadeia produtiva da carne bovina
Fonte: ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne).
Nessa cadeia, alguns fatos merecem ser citados. Os produtores resistem à
adoção de novas práticas, mantendo aquele velho padrão de pecuária extensiva e
extrativista, que é considerada de baixo custo. Os frigoríficos, que vêm operando em
capacidade ociosa. Todo processo que envolve o transporte tem seu custo elevado
devido às péssimas condições das rodovias e ferrovias brasileiras (ALENCAR,
2003).
2.4. Frigoríficos
Os frigoríficos adquirem o animal gordo, negociando diretamente com o
produtor ou por meio de corretores que intermedeiam as negociações (GOLONI,
2009).
O poder de barganha dos frigoríficos sobre o produtor está cada vez mais
forte. Com os produtores há a formação de um oligopsônio, porém quando o
frigorifico vende seu produto à rede de varejistas há a formação de oligopólio
(RODOVALHO, 2010).
12
Devido à localização geográfica e estratégica dos frigoríficos, eles conseguem
ter total domínio sobre as negociações realizadas na região, dessa forma passa a
prevalecer um poder monopsônio (RODOVALHO, 2010).
Para se ter uma idéia do poder dos frigoríficos, no ano de 2005 na cidade de
São José do Rio Preto, foi realizada uma reunião por parte da maioria dos
frigoríficos com o intuito de reduzir o preço pago à arroba do boi na época, que
estava em R$62,00. Os frigoríficos alegaram câmbio desfavorável, sendo assim, não
era viável pagar o referente valor aos pecuaristas. Com o término da reunião, o
preço da arroba caiu para R$55,00. Devido a esse fato, o Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (CADE) abriu um processo de defesa aos pecuaristas
brasileiros (BORGES, 2008). O caso foi julgado em 28 de novembro de 2008, os
frigoríficos Marfrig, Estrela D`Oeste e Frigol, tiveram suas denuncias arquivadas. O
Bertin, Minerva, Franco Fabril Alimentos e Mata Boi foram condenados a pagar
multa relativa de 5% do faturamento bruto da empresa no ano antecedente ao de
instauração de inquérito. Outros sete frigoríficos foram excluídos da denuncia, como
por exemplo, o Friboi que fez um acordo com o CADE (RURAL..., 2008).
No mercado internacional de carnes bovinas, principalmente a União
Européia e Estados Unidos, há algum tempo, foram impostas várias restrições a
carne brasileira. Como por exemplo, a sobreposição de tarifas, quotas e barreiras
sanitárias. A saída encontrada pelos frigoríficos brasileiros foi à compra de plantas
no interior destes países, podendo assim ultrapassar estas barreiras impostas. Além
do acesso ao mercado consumidor interno, com estas aquisições, há também uma
maior facilidade para exportar seus produtos, graças à expansão de acordos
comerciais da União Européia e Estados Unidos com o restante do mundo
(SCHLESINGER, 2010). Como exemplo do fato citado, no ano de 2009, houve
grandes aquisições por parte dos frigoríficos. O MARFRIG adquiriu a SEARA, da
americana CARGILL. O JBS-friboi fez a aquisição da americana PILGRIMS PRIME,
e com a incorporação do BERTIN, passou a ser o maior grupo de proteínas animais
do mundo (BORGES, 2008).
13
3. ANÁLISE DE DADOS
3.1. Método
O presente trabalho utilizou-se do método de estudo de caso, por meio de
pesquisa de dados secundários.
Tendo em conta as posições dos autores apresentados, o estudo de caso
como modalidade de pesquisa é entendido como uma metodologia ou como
uma escolha de um objeto de estudo definido pelo interesse em casos
individuais. Visa à investigação de um caso especifico bem delimitado,
contextualizado em tempo e lugar para que se possa realizar uma busca
circunstanciada de informações.
(VENTURA; 2007, P.384)
Portanto é um método adequado ao objetivo proposto pelo trabalho.
Os dados que seguem, são dados secundários, e foram retirados do
ANUALPEC (2011), e se referem ao sistema de cria e recria/engorda extensiva,
referentes ao ano de 2010, no município de Campo Grande – MS, com o mesmo
tipo de pastagem (Brachiaria) e com uma escala de produção de 500 e 5000 UA.
3.2. Dados
Na tabela 5 temos os indicadores técnicos que incluem as informações
básicas da propriedade, como tamanho, número de animais, taxa de lotação, e
índices zootécnicos.
14
Indicadores técnicos
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Rebanho (cabeças)
Pastagens (ha)
Cap. Suporte (UA/ha/ano)
Produção (kg/PV/UA/ano)
Taxa de desmame
Vacas/touro
Reposição de vacas
Prenhez
606
657
0,70
146
66%
25
15%
Monta
6.191
6.763
0,68
138
65%
25
15%
Monta
726
594
0,84
169
-
-
-
-
7.553
6.126
0,82
184
-
-
-
-
Tabela 5 – indicadores técnicos
Adaptado ANUALPEC 2011
A tabela 6 contém os funcionários presentes em uma atividade de cria,
recria/engorda. Nas fazendas com suporte para 500 UA, devido a seu tamanho não
foi necessário administrador, auxiliar de escritório, cozinheira e como não foi usada
inseminação artificial na cria, não foi necessário inseminador.
Funcionários
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Administrador
Capataz(es)
Vaqueiro(os)
Inseminador(es)
Tratorista(as)
Auxiliar escritório
Cozinheira(s)
Serviços gerais
Total
Cabeças/funcionário
-
1
2
1
-
4
151
1
2
11
1
1
1
2
19
329
-
1
1
-
1
-
-
3
250
1
2
6
1
2
1
2
15
503
Tabela 6 – Funcionários
Adaptado ANUALPEC 2011
Os valores da soma dos salários recebidos pelos funcionários em cada
propriedade estão na tabela 7.
15
Folha de pagamento (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
37.210,00 179.227,00 26.017,00 140.638,00
Tabela 7 – Folha de pagamento aos funcionários Adaptado ANUALPEC 2011
Na tabela 8, é mostrada a soma dos valores referentes aos encargos sociais
dos funcionários.
Encargos sociais (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
8.748,00 44.243,00 5.811,00 34.717,00
Tabelas 8 – Encargos sociais Adaptado ANUALPEC 2011
Os custos com os insumos necessários para manter qualidade e sanidade do
rebanho, estão na tabela 9.
Insumos (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Sal mineralizado
Sal com uréia
Ração
Vacinas
Vermífugos
Sêmen
Outros
12.680,00
7.473,00
-
1.355,00
583,00
6.884,00
105.495,00
99.488,00
-
20.134,00
5.766,00
69.777,00
7.981,00
10.813,00
961,00
662,00
5.806,00
79.805,00
162.201,00
11.054,00
7.317,00
64.044,00
Tabela 9 – Custos com insumos Adaptado ANUALPEC 2011
A tabela 10 mostra os gastos com formas novas, correção do solo e limpeza
das pastagens.
16
Tabela 10 – Custos com pastagens
Pastagens (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Limpeza
Calcário/fertilizante
Sementes
2.504,00
2.268,00
212,00
34.022,00
25.684,00
2.403,00
1.630,00
2.462,00
230,00
22.187,00
30.708,00
2.177,00
Adaptado ANUALPEC 2011
Por se tratarem de fazendas montadas, os custos com cercas e benfeitorias,
são apenas de suas manutenções, conforme mostra a tabela 11.
Tabela 11 – Custos com cercas e benfeitorias
Cercas e benfeitorias (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Manutenção 18.725,00 127.08,00 14.335,00 129.914,00
Adaptado ANUALPEC 2011
Os gastos com o maquinário usados para reforma e limpeza de pastagens e
demais atividades necessárias nas propriedades estão na tabela 12.
Tabela 12– Custos com tratores e veículos
Tratores e veículos (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Combustíveis
Peças e serviços
Depreciação
12.602,00
3.953,00
6.249.00
17.668.00
5.558,00
9.126,00
11.229,00
3.541,00
5.974,00
31.263,00
9.637,00
11.845,00
Adaptado ANUALPEC 2011
A tabela 13 mostra os valores gastos com para administração do capital, nas
propriedades de 500 UA, não foi necessário gastos com escritório e o ITR é
calculado de acordo com o valor da propriedade sem as benfeitorias.
17
Tabela 13 - Custos com administração
Administração (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Viagens
ITR
Contabilidade
Escritório
Energia e fone
Sede
Assessorias
1.394,00
2.234,00
510,00
1.046,00
951,00
4.183,00
34.491,00
5.100,00
1.046,00
2.092,00
2.852,00
1.394,00
2.778,00
510,00
-
1.255,00
951,00
4.183,00
42.955,00
5.100,00
1.046,00
2.092,00
2.852,00
Adaptado ANUALPEC 2011
Na tabela 14, são mostrados os valores gastos para aquisição de gado,
obviamente nas propriedades de recria/engorda foram maiores, pois não são
produtoras de bezerros, então precisam adquiri-los para dar inicio a atividade.
Tabela 14 – Custos com compra de gado
Compra de gado (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
6.881,00 70.565,00 180.449,00 1.666.534,00
Adaptado ANUALPEC 2011
Como no agronegócio não há gastos fixos, diversos tipos de imprevistos
podem ocorrer, e os referentes a estes custos estão na tabela 15.
Tabela 15– Diversos
Diversos (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
7.655,00 55.677,00 5.217,00 47.744,00
Adaptado ANUALPEC 2011
Os custos das tabelas anteriores somados estão na tabela 16.
18
Tabela 16 – Custos
Custos (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA
142.118,00
5000 UA
921.623,00
500 UA
290.006,00
5000 UA
2.510.012,00
A categoria e quantidade de animais comercializados estão contidas na tabela
17, devido aos sistemas diferentes, na fase de cria foram comercializados vacas,
bezerros e bezerras. Na recria/engorda foram comercializados somente animais
gordos.
Tabela 17 – Venda de animais
Vendas (cabeças)
Cria
500 UA 5000 UA
Vacas
Bezerras
Bezerros
82
94
157
844
942
1.587
Recria / engorda
500 UA 5000 UA
Bois gordos 2 a 3 anos
Bois gordos 3 a 4 anos
Bois gordos + 4 anos
131
161
1.362
1.665
Adaptado ANUALPEC 2011
Os valore arrecadados com a venda dos animais estão na tabela 18.
Tabela 18 - Receitas
RECEITAS (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
203.277,00 1.900.346,00 377.910,00 3.880.610,00
Adaptado ANUALPEC 2011
A tabela 19 mostra a margem sobre a venda dos animais.
19
Tabela 19 – Margem sobre vendas
Margem sobre vendas
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
30% 52% 23% 35%
Adaptado ANUALPEC 2011
Na tabela 20 temos o valor de cada propriedade, com todo o maquinário,
animais e benfeitoria contidos nele.
Tabela 20 - Valor do patrimônio
Patrimônio (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Total 3.606.673,00 36.957.851,00 3.687.649,00 37.821.505,00
Adaptado ANUALPEC 2011
A rentabilidade obtida sobre o capital esta na tabela 21.
Tabela 21 – Rentabilidade
Rentabilidade
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
1,7% 2,6% 2,4% 3,6%
Adaptado ANUALPEC 2011
A tabela 22 mostra os custos de produção de cada atividade, que tende a
diminuir conforme o aumento da escala de produção.
Tabela 22 - Custos
Custos (R$)
Total
Cria Recria / engorda
500 UA
142.118,00
5000 UA
921.623,00
500 UA
290.006,00
5000 UA
2.510.012,00
Em @/UA/ano
Em cabeça/ano
Em @ produzida
4,40
234,30
65,40
2,70
148,90
45,00
3,6,00
209,60
52,30
3,00
165,40
39,30
Adaptado ANUALPEC 2011
Conforme mostra a tabela 23, o lucro aumenta conforme aumenta a escala de
produção, devido a uma queda nos custos e melhor poder de venda dos animais.
20
Tabela 23 - Lucro
Lucro (R$)
Cria Recria / engorda
500 UA 5000 UA 500 UA 5000 UA
Por cabeça rebanho
Por hectare
Total
100,80
93,10
61.159,00
158,10
144,70
978.723,00
121,00
147,90
87.904,00
181,50
223,80
1.370.598,00
Adaptado ANUALPEC 2011
21
4. CONCLUSÃO
Primeiramente vamos analisar os dados contidos nas tabelas anteriores.
4.1. Tabela 5
Quando comparamos o tamanho das propriedades e possível perceber na
recria/engorda é necessário uma área menor para suportar as mesmas quantidades
de UA, devido ao fato desses animais consumirem menos forrageira que vacas
parideiras e possivelmente estarem em terras de maior fertilidade. Como o destino
desses animais é o abate, a produção de kg/PV/UA/ano também foi maior.
4.2. Tabela 6 – Funcionários, tabela 7 – Folha de pagamento aos
funcionários e tabelas 8 – Encargos sociais
O numero de funcionários utilizados na recria/engorda foi menor, devido ao
manejo dessa fase ser mais simplificado (vacinação, desvermifugação, castração e
poucas apartações) que o da cria (onde necessitam de cuidados extras com
bezerros, vacas gestantes, touros, desmame, vacinação, etc.), tendo uma relação
maior de números de animais/funcionário.
Devido ao menor número de funcionários, o custo com folha salarial e encargos
também é menor.
4.3. Tabela 9 – Custos com insumos
O gasto com sal mineralizado foi maior na cria devido ao fato de as matrizes
necessitarem de um sal mineral mais elaborado para atender suas necessidades
fisiológicas e reprodutivas, elevando os custos do produto. Já na época da seca,
como não é vantajoso que os animais destinados a recria/engorda percam peso,
teve um maior gasto com sal com uréia.
22
O custo com vacinas foi menor na recria/engorda apesar de se ter mais animais,
por serem animais que serão abatidos em breve, não há necessidade de uma
grande variedade de vacinas, como por exemplos aquelas que protegem contra
doenças reprodutivas.
Nos vermífugos, se tem um maior cuidado com os animais destinados a recria e
engorda uma vez que os endo e ectoparasitas diminuem o ganho de peso.
Na soma de todos os gastos com insumos, a cria se mostrou mais vantajosa.
4.4. Tabela 10 – Custos com pastagens
Como os animais de recria e engorda necessitam de terras mais férteis para um
melhor ganho de peso, essa fato justifica o maior gasto com reforma de pastagens.
Mas na cria, se tem um elevado gasto para limpeza das pastagens, o que torna os
custos com pastagens superiores ao da recria/engorda.
4.5. Tabela 11 – Custos com cercas e benfeitorias
Quando se trata de cercas e benfeitorias, a recria/engorda tem um menor custo,
pois se evita ao máximo realizar algum manejo com estes animais (evitando gastos
desnecessários de energia), para que não se locomovam excessivamente e fiquem
pastando. Fato que leva uma melhor conservação das benfeitorias por exemplo.
4.6. Tabela 12– Custos com tratores e veículos
Quando comparamos as propriedades com 500 UA, o custo com maquinário foi
menor na recria/engorda, mas quando comparado as propriedades de 5000 UA,
ocorre uma inversão, como a reforma de pastagens é bem maior, os gastos da
recria/engorda se tornam superiores ao da cria.
23
4.7. Tabela 13 - Custos com administração
A principal diferença fica por conta do ITR, imposto que é cobrado sobre o valor
da propriedade, sem contar o valor das benfeitorias. Como se tratam de terras mais
baratas devido à fertilidade inferior do solo, mesmo com um tamanho maior, este
imposto saiu mais barato para as fazendas de cria.
4.8. Tabela 14 – Custos com compra de gado
Como dito anteriormente, para dar inicio a recria o recriador precisa adquirir
animais de reposição, então os gastos com compra de animais na fase de
recria/engorda são bem maiores que os de cria.
4.9. Tabela 15– Diversos
Os gastos que não eram esperados, foi maior na cria.
4.10. Tabela 16 – Custos
Quando são somados todos os custos, dos itens descritos anteriormente, os
custos da cria se mostraram inferiores ao da recria. Vale observar que com o
aumento da escala de produção eles tendem a diminuir, devido a um melhor poder
de compra por parte dos produtores.
4.11. Tabela 17 – Venda de animais e tabelo 18 - receitas
Quando é comparada a venda de animais, fica claro que na recria/engorda teve
uma maior quantidade de UA vendidas, pois um boi enquanto um boi gordo
corresponde a 1,1 UA, um animal desmamado corresponde a 0,25 UA.
24
Como o numero de UA vendidos foi bem maior e aos valores pagos a arroba na
época dos abates, a receita da recria/engorda também acompanhou essa lógica.
4.12. Margem sobre vendas
O valor da margem operacional sobre a atividade de cria é maior, porem há um
estoque maior de animais de cria, elevando também o seu custo fixo. Após apuração
de resultado líquido, a atividade de recria/engorda apresenta números mais
favoráveis, depois da dedução dos custos fixos de cada atividade.
4.13. Tabela 20 - Valor do patrimônio e Tabela 21 – Rentabilidade
Quando analisamos a rentabilidade em relação ao patrimônio, a recria/engorda
se mostrou mais rentável, pois teve um maior giro do capital investido, com uma
maior venda de UA.
4.14. Tabela 23 – Lucro
Após pegar as receitas com a venda de animais e subtrair das despesas totais
foi encontrado o lucro. Ao pegarmos as despesas, as da fase de cria foram menores.
Quando pegamos as receitas, as da recria/engorda foram maiores. No final,
atividade que se mostrou mais lucrativa foi a recria/engorda.
4.15. Taxa de desfrute
Ao utilizar os dados secundários das tabelas anteriores, foi possível chegar à
capacidade de desfrute de UA dos sistemas de cria e recria/engorda.
Para calcular a taxa de desfrute usa-se a seguinte formula:
Onde:
25
= Taxa de Desfrute
= Numero de UA vendidas
= Numero de UA total
1 UA = 450 kg de peso corporal
1 Bezerro = 0,25 UA
1 Vaca = 1UA
1 Boi gordo = 1,1 UA
1 Boi magro = 0,75 UA
1 Touro = 1,25 UA
Na tabela 24 são apresentadas as quantidades de UA vendidas e a taxa de
desfrute. A quantidade de UA vendidas na recria/engorda são maiores, o que leva a
uma maior taxa de desfrute.
Tabela 24 - Quantidades de UA vendidas e taxa de desfrute.
500 UA 5000 UA Média
Cria
Quantidade de UA vendida
Taxa de desfrute (UA)
144,75
28,95%
1476,25
29,52%
1621
29,23%
Recria/engorda
Quantidade de UA vendida
Taxa de desfrute (UA)
321,2
64,24%
3329,7
66,59%
1825,45
65,41%
Após comparar o lucro que cada atividade obteve, a quantidade de UA
vendida e taxa de desfrute, pode-se concluir que no ano de 2010 a atividade de
recria/engorda foi mais rentável cria.
26
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