Post on 14-Apr-2017
INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA APLICADACURSO DE BACHARELADO DE FARMÁCIA
THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA E MICROBIOLÓGICADO CREME BASE ANIÔNICO E NÃO-IÔNICO FORMULADOS EM UM LABORATÓRIO
ESCOLA LOCALIZADO EM SOBRAL-CE
SOBRAL-CE2015
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THALLES YURI LOIOLA VASCONCELOS
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA E MICROBIOLÓGICA DO CREME BASE ANIÔNICO E NÃO-IÔNICO FORMULADOS EM UM LABORATÓRIO
ESCOLA LOCALIZADO EM SOBRAL-CE
Projeto submetido à Faculdade INTA,
como requisito Parcial para conclusão
da disciplina de Trabalho de Conclusão
de Curso I, do curso de Bacharelado
em Farmácia. Orientadora: Profª Esp.
Débora Patrícia Feitosa Medeiros
SOBRAL-CE2015
1
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 4
2 OBJETIVOS 7
2.1 Objetivos Gerais 7
2.2 Objetivos Específicos 7
3 REFERENCIAL TEÓRICO 8
3.1 Pele 8
3.1.1 Epiderme 8
3.1.2 Derme 10
3.1.3 Hipoderme 10
3.1.4 Absorção cutânea 11
3.2 Emulsões 12
3.3 Estabilidade de Produtos Cosméticos 16
4 METODOLOGIA 21
4.1 Tipo de estudo 21
4.2 Local de estudo 21
4.3 Preparo das amostras 21
4.4 Teste de Estabilidade Acelerado 22
4.5 Parâmetros Físico-Químicos Avaliados 22
4.5.1 Parâmetros Organolépticas 22
4.5.2 Determinação do Potencial Hidrogeniônico (pH) 23
4.5.3 Determinação da Viscosidade 23
4.5.4 Determinação da Densidade Relativa 23
4.5.5 Avaliação do Peso 24
4.6 Parâmetros Microbiológicos Avaliados 24
4.6.1 Diluições 24
4.6.2 Contagem do Número Total de Microrganismos Mesofilos 24
2
4.6.3 Pesquisa de Microrganismos Patogênicos 25
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRONOGRAMA
ORÇAMENTO
APÊNDICES
ANEXOS
3
1 INTRODUÇÃO
As emulsões são sistemas heterogêneos termodinamicamente instáveis,
constituídos de duas fases imiscíveis, ou seja, possui uma fase dispersa em outra,
na forma de pequenas gotas, finamente divididas, nas quais o diâmetro varia entre
0,1 e 10µm. A fase dispersa (ou interna) é a fase que está presente em forma de
gotas. E a fase dispersante é a que forma a matriz em que essas gotas estão
dispersas. Para ocorrer a estabilização dessas duas fases são utilizados agentes
emulsionantes. (SINKO, 2008)
Os agentes emulsionantes são moléculas que possuem uma parte polar e uma
parte apolar equilibradas. Esses agentes vão atuar na formação das emulsões
reduzindo a tensão interfacial e formando uma película rígida interfacial, que vai
proporcionar um aumento da estabilidade física e a manutenção das fases dispersa
e dispersante. (RIBEIRO, 2002; SILVA; SOARES, 1996)
A tensão interfacial é a força por unidade de comprimento existente entre duas
fases de líquidos imiscíveis. Quanto maior a miscibilidade entre duas fases, menor a
tensão. Quando dois líquidos são completamente miscíveis, não há tensão
interfacial entre eles. (SINKO, 2008)
O tipo de emulsão mais comum é a emulsão óleo em agua (O/A), nesse tipo de
formulação, a emulsão é absorvida mais rapidamente, e também é mais facilmente
removida da pele. Por esse motivo, essas emulsões são mais agradáveis em
relação ao uso tópico, isso porque não apresenta aspecto gorduroso. Nesse tipo de
emulsão, as gotas de óleo estão dispersas na fase aquosa. (AULTON, 2005)
As emulsões podem ser utilizadas como base para incorporação dos mais
variados princípios ativos, que podem ser tanto lipofílicos como hidrofílicos. Essas
formulações não podem ser irritante ao usuário, não pode se degradar em condições
estabelecidas, ou seja, apresentando uma boa estabilidade, como: ser compatível
com os componentes. (SILVA; SOARES, 1996; D’LEÓN, 2001)
A versatilidade é uma das principais vantagens das emulsões, o fármaco pode
estar dissolvido ou suspenso na fase aquosa ou na oleosa. Como vantagens as
emulsões apresentam, ainda: a possibilidade de mascarar o sabor e o odor
desagradável de certos fármacos através da solubilização da fase interna e boa
biocompatibilidade com a pele humana. Pode se destacar como desvantagens das
4
emulsões a baixa estabilidade física ou físico-química e a menor uniformidade da
dose. (LEONARDI, 2005)
Estabilidade pode ser definido como o tempo (em dias, meses, anos) durante o
qual o produto farmacêutico, ou mesmo a matéria-prima, mantém as mesmas
características que possuía no momento da produção dentro dos limites
estabelecidos, durante o período de armazenamento, transporte e uso.
(TABORIANSKI, 2003)
Os estudos de estabilidade tem como objetivo fornecer dados para prever a
estabilidade do produto, tempo de vida útil e compatibilidade da formulação com o
material de acondicionamento. (BRASIL, 2004)
A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como
temperatura, luz e umidade, e de outros fatores associado ao próprio produto como
características físico-químicas de princípios ativos e outros componentes, da forma
farmacêutica e a sua composição, do processo de fabricação, do tipo e propriedades
dos materiais de embalagem. (BRASIL, 2005)
Existem cinco categorias importantes de estabilidade: química - cada
componente ativo deve manter a sua integridade química e sua potência
estabelecida na embalagem; física – é a propriedade que os produtos apresentam
de manter de forma inalterada o aspecto que apresentam após a sua produção.
Entre as características físicas, a não separação das fases é fundamental, porque se
isso ocorrer, todas as demais propriedades de uma emulsão serão afetadas;
microbiológica - manutenção da esterilidade ou bloqueio ao crescimento microbiano;
terapêutica - o efeito terapêutico permanece sem alteração; toxicológica - não deve
ter uma alteração significante na toxicidade. Os estudos de estabilidade sugeridos
para os cremes são os de estabilidade física, microbiológica. (SANCTIS, 1999;
D’LEÓN, 2001)
A oxidação é um dos fatores que pode ocasionar a instabilidade em uma
emulsão, resultando em alterações na aparência e no odor. A oxidação pode ser
causada pelo oxigênio ou ainda pela ação de microrganismos, especialmente na
fase oleosa. Essa instabilidade pode ser evitada com a adicionando antioxidantes na
preparação, em que se destaca o BHT (butilhidroxitolueno), um antioxidante de
sistemas oleosos, muito empregado em formulações cosméticas. (SILVA; SOARES,
1996)
5
Em relação ao controle de qualidade microbiológico de cosméticos, em que
admite-se a presença de carga microbiana limitada, o objetivo é certificar a ausência
de determinados microrganismos patogênicos e definir o número de microrganismos
viáveis. O crescimento microbiano nas emulsões pode afetar algumas
características físico-químicas do produto, podendo causar: modificações na cor e
no odor, mudanças no pH, quebra da emulsão, hidrólise dos óleos. (AULTON, 2005;
BRASIL, 1999).
Os conservantes utilizados em preparações tópicas devem possuir algumas
característica, tais como: não deve ter atividade tóxica ou irritante; devem possuir
amplo espectro de atividade contra microrganismos, devem ser estável e eficaz
dentro de uma faixa de pH; devem possuir atividade bactericida; e devem ser
compatível com os elementos da formulação e a sua embalagem. (AULTON, 2005)
A adição de quantidades adequadas de conservantes nas emulsões vai impedir
o crescimento microbiano. Os conservantes mais empregados nas formulações
tópicas são os parabenos (metilparabeno, propilparabeno), os fenóis (ácido p-
hidroxibenzóico, fenol), o ácido benzóico, o ácido sórbico e a imidazolidiniluréia.
(ANSEL, 2000)
Desta forma, este estudo tem como objetivo realizar o estudo de estabilidade
acelerado de um lote do creme base aniônico (Lanette®), e um lote do creme base
não-iônico (Polawax®). E realizar avaliação microbiológica de cada um dos lotes. A
produção e os testes de estabilidade serão realizados na Farmácia Escola das
Faculdades INTA. O estudo de estabilidade acelerado segue as diretrizes do Guia
de Estabilidade de Produtos Cosméticos, elaborado pela ANVISA em 2004.
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2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Realizar um estudo de estabilidade acelerado, através da análise dos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos da base creme não iônico e aniônico,
produzidas na Farmácia Escola das Faculdades INTA.
2.2 Objetivos Específicos
Determinar os parâmetros físico-químicos, tais como características
organolépticas, pH; viscosidade e o comportamento reológico; densidade
relativa; avaliação da variação de peso das amostras nos tempos 0 (logo
apos a produção), 1 mês, 3 mês e 6 mês;
Realizar a contagem de microrganismos viáveis totais das amostras, através
da contagem microbiana em placa (pour plate), e avaliar a presença ou
ausência de microrganismos patógenos nos tempos 0 (logo apos a
produção), 1 mês, 3 mês e 6 mês.
7
3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Pele
A pele é o maior órgão do corpo humano, ocupando uma área média de 2m 2, o
que corresponde a cerca de 10 a 15% do peso total corporal. É um órgão de
revestimento complexo e heterogêneo, composto essencialmente de três grandes
camadas de tecidos: uma superior, a epiderme; uma camada intermediária, a derme;
e uma camada profunda, a hipoderme, ou tecido subcutâneo. (LEONARDI, 2005)
A pele possui diversas funções como proteção, barreira impermeável,
regulação da temperatura corporal (conservação e dissipação do calor), defesa do
organismo, excreção de sais, síntese de vitamina D, sensorial e de sinalização
sexual. (KIERSZENBAUM, 2008)
A pele pode se distinguir em pele fina e espessa, dependendo da espessura da
epiderme. A parte mais superficial é a epiderme, e em continuidade com a derme, e
na porção mais profunda se encontra a hipoderme. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008)
3.1.1 Epiderme
A epiderme é formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado. As
principais células presente são os queratinócitos, os melanócitos, as células de
Langerhans e as células de Merkel. (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)
A célula mais abundante nesse epitélio é o queratinócito, assim chamado
porque seu principal produto é a queratina, célula que confere a pele elasticidade e
impermeabilidade a água. Os melanócitos são células presentes na camada basal
cuja função é a produção de melanina, substância que proporciona cor à pele e uma
proteção natural contra os raios solares. (KIERSZENBAUM, 2008; LEONARDI,
2005)
As células de Langerhans são bastante ramificadas e se localizam em toda a
epiderme entre os queratinócitos, sendo mais frequente na camada espinhosa. São
originadas através de células precursoras da medula óssea. São capazes de captar
antígenos, processá-los e apresentá-los aos linfócitos T, participando da estimulação
dessas células, sendo importante nas reações imunitárias cutâneas. (JUNQUEIRA;
8
CARNEIRO, 2008)
As células de Merkel existem em maior número na pele espessa,
especialmente na ponta dos dedos. Em contato com a base dessas células existe
uma estrutura em forma de disco, onde se inserem fibras nervosas aferentes que
conduzem impulsos para o sistema nervoso central. As células de Merkel são
mecanorreptores participando no processo de sensibilidade tátil. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2008)
A estrutura e a espessura da epiderme variam de acordo com o local estudado,
sendo mais espessos e complexos na palma das mãos, na planta dos pés e em
algumas articulações, podendo atingir a espessura de até 1,5mm. Na pele
espessa, podem ser distinguidas cinco camadas da epiderme. Começando da mais
profunda a mais superficial há a camada basal, a camada espinhosa, a camada
granulosa, a camada lúcida e a camada córnea. (LEONARDI, 2005; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2008)
A camada basal é formada por uma camada de queratinócitos cúbicos sobre
uma membrana basal. Apresenta intensa atividade mitótica, sendo responsável junto
com a camada espinhosa pela renovação constante da epiderme.
(KIERSZENBAUM, 2008)
A camada espinhosa, formada por queratinócitos ligeiramente achatados, que
além de atuar na renovação da epiderme, tem papel importante na manutenção da
coesão entre as células da epiderme e na resistência ao atrito. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2008)
A camada granulosa, é responsável pela formação uma barreira impermeável
que impede a penetração de substâncias e de água na epiderme.
(KIERSZENBAUM, 2008)
A camada lúcida, mais evidente na pele espessa, é uma camada intermediária
entre a camada granulosa e a camada córnea. No entanto, nenhuma característica
citológica distinta é aparentemente significativa. (KIERSZENBAUM, 2008)
A camada mais superficial é a camada córnea.Essa camada possui células
ricas em queratina e não possui núcleo ou organelas. É uma eficiente barreira,
protegendo o corpo da desidratação. Os lipídios disponíveis no estrato córneo
formam membranas que retêm água, conservando a superfície da nossa pele
saudável e macia. (LEONARDI, 2005; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)
A porção menos permeável da epiderme é a mais superficial (o estrato córneo),
9
onde as células são mais queratinizadas e o teor de lipídios é mais elevado. Depois
que uma molécula atravessa o estrato córneo, não há outra barreira à difusão nas
outras camadas da pele por isso a importancia dessa barreira para impedir a entrada
de a molécula maléficas ao organismo. (LEONARDI, 2005)
3.1.2 Derme
A derme é o tecido conjuntivo no qual se apoia a epiderme e une a pele ao
tecido subcutâneo, a hipoderme. Apresenta espessura variável, atingindo um
máximo de 3mm na planta do pé. Sua superfície externa é irregular observando-se
saliências, as papilas térmicas. Essas papilas aumentam a área de contato da
derme com a epiderme, reforçando a união entre essas duas camadas, sendo mais
encontradas em zonas sujeitas a pressões e atritos. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008)
A derme é formada por duas camadas: a papilar (superficial) e a reticular
(profunda). A camada papilar contribui para prender a derme a epiderme. A camada
reticular é responsável pela elasticidade da pele, além de estar presente outras
estruturas como folículos pilosos, glândulas sebáceas e glândulas sudoríparas.
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008)
Nesta camada da pele estão presentes as raízes dos pêlos, as glândulas, as
terminações nervosas, os vasos sanguíneos e alguns tipos de células (sendo a
maioria fibroblastos) e ainda, fibras de colágeno e elastina.Estas enzimas são
produzidas em excesso quando se expõe a pele à luz solar, promovendo o
envelhecimento precoce. (LEONARDI, 2005)
3.1.3 Hipoderme
A hipoderme é constituída por tecido conjutivo frouxo, que une de maneira
pouco firme a derme aos órgãos subjacentes. É a camada responsável pelo
deslizamento da pele sobre as estruturas nas quais se apoia. (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2008)
Dependendo da região e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme
poderá ter uma camada variável de tecido adiposo que, quando desenvolvida,
constitui o panículo adiposo. O panículo adiposo modela o corpo, possuindo a
10
reserva de energia e proporciona proteção contra o frio. (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2008)
3.1.4 Absorção cutânea
Os termos penetração ou absorção cutânea são utilizados para produtos que
apresentam ação tópica, ou seja, formulações cosméticas e dermatológicas,
enquanto que os termos permeação cutânea ou absorção transcutânea têm sido
mais empregados para produtos de ação sistémica, ou seja, transdérmicos.
(LEONARDI, 2004)
A penetração de substâncias na pele depende, essencialmente, de suas
características físico-químicas, do seu comportamento quando presente em uma
forma farmacêutica apropriada e, finalmente, da pele (CHORILLI et al., 2007).
A absorção de fármacos na pele sofre influencia de vários fatores, tais como
temperatura, espessura, grau de hidratação, fluxo sanguíneo, limpeza da pele,
concentração de lipídios,função das glândulas sudoríparas, número de folículos
pilosos, raça,integridade da camada córneae pH na superfície da pele. (SILVA,
2010)
A epiderme é a camada que dá proteção a pele contra o meio externo. Em sua
superfície epitelial externa está presente o estrato córneo, que é uma camada de
células mortas, queratinosas e que atuam como uma barreira eficaz contra
microrganismos, além de controlar a penetração de substâncias pela pele. O estrato
córneo é considerado a principal barreira à penetração dos fármacos pela da pele
(CHORILLI et al., 2007; GILL et al., 2009).
É fundamental que a formulação garanta uma penetração eficiente através da
barreira do estrato córneo. A natureza do princípio ativo e o tipo de forma
farmacêutica interferem de maneira significativa na absorção percutânea. Desse
modo, algumas características devem ser consideradas, com natureza e
concentração de princípios ativos, tipo de excipientes e tipo de sistema utilizado para
transportar o fármaco, facilitando, assim, essa penetração através do estrato córneo.
(SILVA, 2009)
As características adequadas para um fármaco ter uma boa absorção
percutânea são: apresentar baixo peso molecular e uma boa solubilidade tanto em
meios hidrofílico quanto em meios hidrofóbicos. No entanto, a quantidade que
11
penetra na pele depende principalmente da forma farmacêutica utilizada. (SILVA,
2010)
Segundo o estudo de Oliveira (2008), fármacos muito hidrofílicos, quando
utilizados em formulações destinadas a absorção cutânea, terá dificuldade em
atravessar a camada córnea. Por outro lado, se o fármaco for muito lipofílico, terá
tendência a ficar retido. Por essa razão, é importante que os fármacos não
apresentem um elevado grau de lipofilia e que o seu equilíbrio hidrófilo-lipófilo (EHL)
permita a sua penetração na pele.
3.2 Emulsões
Emulsão é um sistema heterogêneo, termodinamicamente instável, constituído
por duas fases, na qual uma fase está dispersa na outra fase (denominada fase
dispersante) na forma de pequenas gotículas. (PRISTA, 1995)
A fase dispersa está presente na forma de gotículas finamente divididas, cujo
seu diamêtro vária entre aproximadamente 0,1 a 10μm. E a fase em que forma a
matriz em que se dispersam essas gotas é denominada fase dispersante. (SINKO,
2008)
A aparência da emulsão é determinada pelo tamanho dessas gotículas da fase
dispersa. As gotículas com diâmetro inferior a 120nm (1/4 do comprimento de onda
da luz visível), não refratam a luz, e assim, permanecem transparentes a vista.
(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001).
A fase dispersa das emulsões é conhecida como fase interna e a fase
dispersante, fase externa. Desta maneira, pode-se classificar como óleo/água (O/A)
quando a emulsão possuir como fase externa (dispersante) água, e como fase
interna óleo. O presente estudo visa avaliar a estabilidade desse tipo de emulsão. As
emulsões água/óleo (A/O) apresentam fase interna água e fase externa óleo. Para
determinar qual tipo de emulsão, depende de vários fatores, como: a concentração
dos componentes dos sistemas, o tipo de agente emulsificante e a técnica utilizada
na produção da emulsão. (ANSEL et al., 2000; LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG,
2001)
Em relação aos tipos de emulsões, as do tipo O/A são mais utilizadas como
para aplicação tópica de fármacos hidrofílicos e lipofílicos. Além de serem mais
rapidamente absorvidas (baixo conteúdo de óleos), são facilmente removíveis da
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pele. (SINKO, 2008)
A aceitação pelo paciente, é o motivo mais importante que justifica a
popularidade das emulsões como forma farmacêutica, seja de uso oral ou tópico.
Fármacos que possuem sabor ou texturas desagradáveis, podem se tornar mais
aceitáveis quando formulados em emulsões por mascara o sabor desagradável de
certos fármacos, através da solubilização da fase interna. E em relação ao uso
tópico, as emulsões possuem certo grau de elegância e podem ser facilmente
laváveis. As emulsões são constituídas por três componentes principais: a fase
oleosa, a fase aquosa e um sistema de agentes emulsificantes adequado.
(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001; SINKO, 2008)
A fase oleosa é formada por compostos não polares, incompatíveis com a
água. Entre esses compostos, podemos citar gorduras, óleos e ceras, ácidos graxos,
hidrocarbonetos, ésteres, glicerídeo e silicones. (ECCLESTON, 2002)
A fase aquosa é a parte da emulsão constituída pela água e pelos demais
constituintes hidrofílicos do sistema, que podem ser: umectantes (como glicerina ou
propilenoglicol), polímeros hidrossolúveis que dão espessamento, conservantes,
corantes e outros componentes, como extratos vegetais ou proteínas hidrolisadas.
(ECCLESTON, 2002)
Quando são misturados a água e o óleo e depois agitadas, várias gotículas de
tamanhos variados são produzidas. A existência de tensão interfacial ocasiona a
atração de moléculas de mesma fase e repulsa moléculas de fases diferentes. Deste
modo, o sistema tende a ficar estabilizado em duas fases distintas. (SANTORO,
2006)
Para evitar que isso não ocorra, é adicionado substâncias que reduzem essa
tensão interfacial, permitindo que o sistema se mantenha estável por um período
maior de tempo. Essas substâncias são chamadas de agentes emulsificantes. Os
emulsificantes são substâncias tensoativas utilizadas para estabilizar as emulsões.
(ANSEL et al., 2000).
Para exercer suas funções adequadamente num sistema emulsionado, os
emulsificantes devem apresentar as seguintes características: reduzir a tensão
interfacial, ser rapidamente adsorvido ao redor das gotículas que estão dispersas,
proporcionar um potencial elétrico adequado para repulsões múltiplas ocorrerem,
aumentar a viscosidade da emulsão e ser efetivo em concentrações razoáveis.
(PRISTA,1995).
13
Os agentes emulsificantes foram empiricamente classificados por Griffin (1949
e 1954) de acordo com o equilíbrio entre as partes hidrofílica e lipofílica da molécula.
Este equilíbrio é descrito com um valor numérico, denominado Equilíbrio Hidrofílico-
Lipofílico (EHL). Os emulsificantes hidrofílicos possuem o EHL maior ou igual a sete
e os lipofílico menores ou igual a sete. O agente emulsificante utilizado na
preparação dos cremes do presente estudo é o estearato de octila. (LACHMAN;
LIEBERMAN; KANIG, 2001)
Os agentes emulsionantes são tensoativos que possuem moléculas anfifílicas,
isto é, que possuem uma parte não-polar (hidrofóbica), que pode ser um
hidrocarboneto de cadeia normal ou ramificado, ligado a uma outra parte polar
(hidrofílica), como pode ser observado na Figura 1. Os hidrocarbonetos não possui
afinidade com as moléculas de água, porém o grupo polar possui elevada afinidade,
tornando solúvel em água. (SOUSA, 2005)
Figura 1. Composição de um tensoativo: parte hidrofóbica e parte hidrofílica. (ROSSI et al., 2006)
A classificação dos emulsionantes pode ser feita com base na sua natureza
química, isto é, podem ser classificados como: aniônicos, catiônicos, não iônicos e
anfóteros. (SOUSA, 2005)
14
Os tensoativos aniônicos em meio aquoso apresenta íons carregados
negativamente. Os tensoativos mais importantes desse grupo são os sabões,
compostos sulfonados e compostos sulfatados. Um exemplo de tensoativo aniônico
bastante utilizado é o lauril sulfato de sódio (Figura 2). (GUERTECHIN, 2009; SILVA,
2008)
Figura 2. Estrutura química do lauril sulfato de sódio, tensoativo aniônico muito utilizado na produção de produtos para os cabelos. (GUERTECHIN, 2009)
Na indústria cosmética, os emulsionantes aniônicos são comumente utilizados
em associações a outros surfactantes, a fim de se obter um produto menos
agressivo para a pele e cabelos, com a viscosidade adequada e com boa formação
de espuma. (GUERTECHIN, 2009)
Os catiônicos são aqueles que apresentam carga positiva quando em solução
aquosa. Os compostos quaternários de amônio são os maiores representantes
dessa classe. Os emulsionantes catiônicos apresentam propriedades condicionantes
e antibacterianas, por isso são amplamente utilizados em produtos destinados aos
cabelos. São os tensoativos que apresentam maior irritabilidade do grupo. Como
exemplo existe o cloreto de benzalcônio (Figura 3). (GUERTECHIN, 2009; SILVA,
2008).
Figura 3. Estrutura química do cloreto de benzalcônio, tensoativo catiônico que faz parte do grupo de compostos do amônio quaternário. (GUERTECHIN, 2009)
Os emulsionantes não-iônicos são aqueles não dissociam em íons em meio
15
aquoso. O monoestearato de glicerila é um exemplo de tensoativo não-iônico muito
utilizado (Figura 4). Devido à ausência de cargas, essa classe é compatível com a
classe dos catiônicos e aniônicos. Devido à baixa irritabilidade ocular e cutânea os
emulsionantes não iônicos são geralmente associados aos aniônicos e destinados
ao uso infantil e para peles sensíveis (GUERTECHIN, 2009; SILVA, 2008).
Figura 4. Estrutura química do monoestearato de glicerila, exemplo de tensoativo não iônico muito utilizado. (GUERTECHIN, 2009)
Os tensoativos anfóteros são os que apresentam, na mesma molécula, um sítio
carregado positivamente e um sítio de carga negativa. A carga vai depender do pH
do meio: em meios com o pH abaixo de 4, atuam como tensoativos catiônicos, em
pH entre 4 e 9, como tensoativos não-iônicos e quando adicionados a meios com pH
entre 9 e 10 assumem característica de tensoativos aniônicos. Um exemplo desse
grupo de tensoativos é o cocoamido propil betaína (Figura 5). (SILVA, 2008).
Figure 5. Estrutura química do cocoamido propil betaína. Um exemplo de tensoativo anfótero. (SANTORO, 2006)
3.2 Estabilidade de Produtos Cosméticos
A estabilidade é a propriedade que os produtos cosméticos apresentam em
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manter inalterada as suas características físicas, químicas e microbiológicas.
(D’LEON, 2001).
De acordo com a USP (USP XXX, 2007) estabilidade é definida como a
amplitude na qual um produto mantém dentro de limites estabelecidos, as mesmas
propriedades e características que possuía no momento de sua fabricação, durante
o seu período de armazenamento e durante o período uso.
A estabilidade de produtos farmacêuticos depende de fatores ambientais como
luz, umidade, temperatura, e de outros que são relacionados ao próprio produto
como propriedades físicas e químicas de substâncias ativas e excipientes
farmacêuticos, forma farmacêutica e sua composição, processo de produção, tipo e
propriedades dos materiais de embalagem. (BRASIL, 2005)
Após estabelecer as características do produto e as especificações que devem
ser preservadas, são realizados os testes de controle de qualidade. A estabilidade
pode ser estudada e determinada sob o ponto de vista químico, físico,
microbiológico, terapêutico e toxicológico. (ANSEL et al., 2000)
Do ponto de vista químico: cada componente ativo deve manter sua integridade
química e potência indicada na embalagem; físico: o produto deve se manter suas
características físicas, como cor, odor, textura de forma inalterada. Dentre as
características físicas é fundamental que não ocorra a separação de fases da
emulsão, pois se ocorrer, todas as demais especificações serão afetadas. No ponto
de vista microbiológico: deve manter a resistência ao crescimento microbiano; no
terapêutico: o efeito terapêutico deve permanecer inalterado; e no toxicológico: não
deve ocorrer aumento significante na toxicidade do produto. (SANCTIS, 1999).
São diversos os fatores que influenciam a estabilidade dos produtos
cosméticos, desde os componentes e o processo de produção até as formas de
armazenamento e transporte do produto. Esses fatores podem ser classificados
conforme sua origem em intrínsecos e extrínsecos. (BRASIL, 2004)
Os fatores extrínsecos referem-se aos fatores externos aos quais foi submetido
o produto, como: temperatura, tempo, luz, umidade, oxigênio, material de
acondicionamento, microrganismos, modo de transporte e as condições de
armazenamento. Já os fatores intrínsecos são aqueles relacionados a própria
natureza do produto, principalmente a interação entre seus componentes e com o
material de acondicionamento, como: incompatibilidade física, como precipitações,
cristalização, separação de fases; incompatibilidade química, alterações no pH,
17
reações de óxido-redução, hidrólise, interação entre ingredientes da formulação
(BRASIL, 2004).
Qualquer que seja a finalidade que se destine uma emulsão, esta deve se
manter estável durante um prazo determinado. Porém, apesar dos cuidados na
produção das emulsões, pode acontecer alterações durante algum tempo após a
sua produção. Entre essas alterações pode-se destacar a floculação, a
coalescência, a cremação e a sedimentação. (PRISTA, 1995).
A floculação pode ser definida como uma agregação reversível das partículas
da fase interna. A qual é influenciada por alteração nas superfícies das partículas
emulsionadas. Se uma quantidade insuficiente de emulsificante estiver presente, as
partículas da emulsão vão se agregar e coalescer rapidamente. Porém, através da
agitação a emulsão volta ao estado original. (PRISTA, 1995)
Já a coalescência é um processo de aumento do tamanho das partículas,
durante o qual, estas se juntam para formar partículas maiores, até atingirem um
ponto visível a olho nu, gerando a separação de fases da emulsão. Este processo
ocorre devido a uma diminuição da espessura e ruptura do filme existente ao redor
das partículas dispersas que se unem. (RIEGER, 1996)
A floculação difere da coalescência pelo fato do filme interfacial e as partículas
permanecerem intactas e por este, ser um fenômeno reversível. (PRISTA, 1995)
A cremeação ocorre quando as partículas sobrenadam em relação a fase
continua. As partículas tendem a migrar para a superfície da emulsão devido a
diferença de densidade das fases do sistema. É um mecanismo reversível, onde o
produto pode ser reconstituído por agitação ou mistura. (LACHMAN; LIEBERMAN;
KANIG, 2001)
A sedimentação é o processo inverso ao mecanismo da cremeação. Nesse
casso, a densidade da fase interna é superior a da fase externa. Dessa forma as
partículas tendem a sedimentar. (SANTORO, 2006)
Testes de estabilidade são experimentos conduzidos em condições pré-
estabelecidas de temperatura e umidade, que devem representar um modelo das
condições climáticas no ambiente em que os produtos serão transportados e
armazenados durante seu prazo de validade. (ORIQUI; MORI, 2013)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária criou em 2004 o Guia de
Estabilidade de Produtos Cosméticos, onde estabelece as condições de temperatura
para estudo de estabilidade acelerado. (BRASIL, 2004)
18
Em função das exigências dos órgãos governamentais de saúde, é
indispensável que sejam estabelecidos protocolos de testes específicos, com
objetivo de garantir e controlar a qualidade dos produtos cosméticos (SEIXAS, 2014)
O principal objetivo dos programas e técnicas para analisar a estabilidade das
emulsões, é determinar a vida útil dessas em condições normais de
armazenamento, sendo as técnicas de estudo de estabilidade acelerado a principal
base de estudos. (RIEGER, 1996)
Para diminuir o tempo que é exigido pelos testes de estabilidade, as amostras
são submetidas a condições extremam que força a estabilidade do produto. Por
exemplo, pode se determinar a estabilidade física e química de formulações
cosméticas submetendo-as a condições de stress, como altas temperaturas.
(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001)
O prazo de validade de medicamentos é definido como o período máximo em
que, após a sua produção, e quando mantido em condições de armazenamento
estabelecidas, não apresenta uma degradação do princípio ativo superior a 10 ou
15%. (ANSEL et al., 2000)
Os produtos cosméticos, por sua vez, além da necessidade de manter a
estabilidade, necessita preservar outras características do produto. Assim, devem
ser realizados também testes de estabilidade física, avaliando-se a textura,
aparência, uniformidade, odor, cor, entre outros. (SEIXAS, 2014)
19
4 METODOLOGIA
4.1 Tipo de Estudo
O estudo terá caráter quantitativo, devido a busca de dados números para
determinação dos parâmetros de estabilidade das emulsões. Também terá caráter
descritivo, pois terá finalidade de analisar as alterações na estabilidade durante o
experimento através de métodos validados. E terá caráter experimental, por que
será realizado um experimento visando avaliar a estabilidade acelerada das
emulsões. (GIL, 2008)
4.2 Local do Estudo
O estudo será realizado na Farmácia Escola e no Laboratório de Núcleo de
Bioprospecção e Experimentação Molecular Aplicada (NUBEM) das Faculdades
INTA.
4.3 Preparo das Amostras
As emulsões serão preparadas pelo método convencional do Formulário
Nacional da Farmacopéia Brasileira 2ª edição, 2012. A fase aquosa será aquecida a
80ºC e a fase oleosa será aquecida a 75ºC. Em seguida, a fase aquosa será vertida
lentamente sobre a oleosa sob agitação constante e continua, até que a emulsão
chegue a temperatura ambiente (25ºC).
Serão preparados mil gramas de cada lote, sendo produzido um lote de cada
tipo de emulsão, totalizando duas formulações. Os componentes e suas quantidade
(em percentual) utilizadas está presente nos Apêndices 1 e 2.
4.4 Teste de Estabilidade Acelerado (TEA)
Será produzido um lote de cada creme base e cada lote terá mil gramas. Todos
os lotes serão acondicionados em recipientes fechados e submetidos a condições
20
de temperatura e umidade pré-estabelecidas. As formulações serão submetidas as
condições citadas por um período de 180 dias e as análises serão realizadas no 1º,
30º, 90º dias. O 1º dia do teste, será correspondente ao dia da produção das
amostras. As condições segue as diretrizes do Guia de Estabilidade de Produtos
Cosméticos, e as são as seguintes: Incubar em estufa a 40ºC+/- 2ºC. (BRASIL,
2004).
4.5 Parâmetros Físico-Químicos Avaliados
4.5.1 Parâmetros Organolépticas
Aspecto – Observar visualmente as características da amostra, verificando se
há ocorrência de modificações macroscópicas, em relação ao padrão estabelecido.
A amostra poderá ser classificada como: normal ou sem alteração; levemente turvo
ou turvo. E avaliar se ocorreu a separação das fases. (BRASIL, 2004)
Cor – Comparar a cor da amostra com a cor do padrão estabelecido em frasco
da mesma especificação. A amostra poderá ser classificada como: normal, sem
alteração; levemente modificada; modificada; intensamente modificada. (BRASIL,
2004)
Odor – Comparar o odor da amostra com do padrão pré-estabelecido, através
do olfato. A amostra poderá ser classificada como: normal, sem alteração;
levemente modificada; modificada; intensamente modificada. (BRASIL, 2004)
Homogeneidade – Observar e identificar visualmente a homogeneidade da
amostra, classificando a amostra como homogênea ou heterogênea.
4.5.2 Determinação do Potencial Hidrogeniônico (pH)
Avaliação do pH das amostras através de peagâmetro previamente calibrado.
A determinação por peagâmetro é feita através de dois eletrodos imersos na
amostra. Um eletrodo é sensível a íons hidrogênio e o outro é um eletrodo de
referência, de potencial constante. Os eletrodos serão imersos em suspensão
contendo 10% da respectiva emulsão. (BRASIL, 2010)
4.5.3 Determinação da Viscosidade
21
Determinar a viscosidade das amostras através do viscosímetro de Brookfield.
O viscosímetro de Brookfield mede a viscosidade pela força necessária para girar o
spindle na amostra. (BRASIL, 2010)
Acondicionar a amostra a ser analisada em recipiente coletor do viscosímetro
de Brookfield até a marca desejada, depois programar o aparelho escolhendo um
número de spindle (3 ou 4) e uma rotação específica para amostra. Em seguida,
imergir o spindle na amostra a ser analisada e acionar o aparelho até a estabilização
do valor no aparelho, que será de próximo de 50%. Depois do procedimento verificar
os resultados, que serão dados em milipascal (mPa). Caso não ocorra a
estabilização do valor no viscosímetro, testar novamente com outro spindle ou outra
rotação. (BRASIL, 2010)
4.5.4 Determinação da Densidade Relativa
A densidade relativa de uma substância é a razão de sua massa pela massa
de mesmo volume de água, ambas a 20ºC. A densidade relativa das bases
produzidas serão determinadas através de picnômetro de vidro de 25 mL
previamente calibrado. A calibração do picnômetro consiste na determinação da
massa do picnômetro vazio e da massa de seu conteúdo preenchido com água
destilada a 20ºC. (BRASIL, 2010)
Para realizar a determinação será produzido uma suspensão a 10% contendo
cada uma das bases. Será transferido a amostra para o picnômetro em temperatura
de 20ºC, se necessário, remover o excesso da substância, e pesar. Obter o peso da
amostra pela diferença de massa entre o picnômetro preenchido com a amostra e
vazio. Calcular a densidade relativa determinando a razão entre a massa da amostra
e a massa da água, ambas a 20ºC. (BRASIL, 2010)
Formula densidade relativa
4.5.5 Avaliação do Peso
Avaliar o peso das amostras em balança analítica. Deve ser realizado em todos
os períodos de testes para identificar a variação de peso.
22
4.6 Parâmetros Microbiológicos Avaliados
A contaminação microbiana de um produto pode alterar suas propriedades
físico-químicas e ainda é risco de infecção para o usuário. Desse modo,
preparações farmacêuticas de uso oral e tópico não estéreis devem estar sujeitos ao
controle de contaminação microbiana. (BRASIL, 2010)
Para a realização dos ensaios deve-se empregar técnicas assépticas na
amostragem e execução dos ensaios. Caso a amostra tenha alguma atividade
antimicrobiana, deve ser previamente removida ou neutralizada. (BRASIL, 2010)
4.6.1 Preparo das amostras e diluições
Transferir 10g da amostra do creme em 90 mL água peptonada adicionada de
polissorbato 80 para inativação dos conservantes. Misturar cuidadosamente,
mantendo sempre a temperatura até a formação de uma emulsão. Caso necessário,
ajustar o pH para 6,5 – 7,5. Preparar diluições decimais sucessivas (1:100, 1:1000) a
partir da primeira diluição. Realizar os testes em cada lote das bases. (BRASIL,
2010)
4.6.2 Contagem do Número Total de Microrganismos Mesófilos
Esse ensaio tem como objetivo determinar o número total de bactérias
mesófilas e fungos presente em produtos e matérias-primas não estéreis e é
aplicado para determinar se o produto satisfaz as exigências microbiológicas
farmacopeicas. (BRASIL, 2010)
Os produtos cosméticos admitem a presença de carga microbiana, desde que
não ultrapasse os limites especificados pela RDC nº 481, de 23 de setembro de
1999. Os produtos cosméticos são divididos em dois tipos e cada tipo há um limite
de carga microbiana. Estão descritos no Anexo 1. (BRASIL, 1999)
Adicionar 15-20 mL de ágar caseína-soja em Placa de Petri e adicionar 15-20
mL de ágar Sabouraud-dextrose em placa de Petri e esperar solidificar. Após as
placas secarem, semear na superfície de cada meio de cultura 0,1 mL da amostra
diluída preparada anteriormente. (BRASIL, 2010)
23
Incubar as placas contendo ágar caseína-soja a 32,5 °C ± 2,5 °C por 3 - 5 dias
e as placas com ágar Sabouraud-dextrose a 22,5 °C ± 2,5 °C por 5 - 7 dias para
determinação do número total de microrganismos mesófilos. Tomar a média
aritmética das placas de cada meio e calcular o número de unidades formadoras de
colônias (UFC) por mL da amostra. (BRASIL, 2010)
Figura 6. Exemplo de cálculo da média aritmética de unidade formadoras de colônias. (BRASIL, 2010)
4.6.3 Pesquisa de Microrganismos Patogênicos
Esse ensaio permite verificar a presença ou ausência de microrganismos
patogênicos. Para pesquisa de microrganismos patogênicos será utilizado 10 mL da
diluição 1:10 e deve-se adicionar 90 mL de caldo de caseína-soja. Logo após deve
se homogeneizar e incubar a 32,5 ºC ± 2,5 ºC durante 18 a 24 horas. (BRASIL,
2010)
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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28
CRONOGRAMA
ORÇAMENTO
29
2015.2
AtividadesJUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Levantamento Bibliográfico X X X X X X X
Qualificação do Projeto de Pesquisa X
Ajuste e Correção Pós-Qualificação X
Realização dos Experimentos (T0) X
Realização dos Experimentos (T1) X
Realização dos Experimentos (T2) X
Análise dos Dados X X X X X X
Elaboração dos Resultados, Discussão e Conclusão X X
Defesa da Monografia X
Ajuste e Correção Pós-Defesa X
Entrega da Versão Final X
ANEXOS
30
Materiais de Consumo Quantidade Valor Unitário (R$)
Valor Total (R$)
Cartucho de Tinta (unid.) 1 R$30,00 R$30,00
Resma de Papel A4 (500
folhas)2 R$16,00 R$33,80
Fotocópia (unid.) 400 R$0,05 R$20,00
Caneta Esferográfica Preta
(unid.)10 R$0,75 R$7,50
Ágar Sabouraud Dextrose
500g1 R$242,25 R$242,25
Ágar Triptona de Soja 500g 2 R$ 302,96 R$605,92
Placa de Petri (unid.) 80 R$3,00 R$240,00
EDTA Sódico 100g 1 R$5,00 R$5,00
Metilparabeno 100g 1 R$7,00 R$7,00
Propilparabeno 100g 1 R$8,00 R$8,00
Glicerina 500 mL 1 R$7,50 R$7,50
BHT 100g 1 R$6,00 R$6,00
Estearato de Octila 500 mL 1 R$45,00 R$45,00
Ciclometicona 500 mL 1 R$36,00 R$36,00
Cera auto-emulsionante
aniônica 1000g1 R$68,00 R$68,00
Cera auto-emulsionante não-
iônica 1000g1 R$64,00 R$64,00
Polissorbato 80 100mL 2 R$20,00 R$40,00
- - Valor Total R$1.465,97
Anexo 1. Limites de aceitabilidade de carga microbiana em cosméticos. (BRASIL, 1999)
ÁREA DE APLICAÇÃO E FAIXA ETÁRIA
LIMITES DE ACEITABILIDADE
TIPO – I
PRODUTOS PARA
USO INFANTIL
PRODUTOS PARA
ÁREA DOS
OLHOS
PRODUTOS QUE
ENTRAM EM
CONTATO COM
MUCOSAS
a) Contagem de microrganismos mesófilos
aeróbios totais , não mais que 102 UFC/g ou ml
Limite máximo 5x 102 UFC/g ou ml
b) Ausência de Pseudomonas Aerugiosa em 1g ou
mL
c) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou
ml
d) Ausência de Coliformes totais e fecais em 1g ou
ml
e) Ausência de Clostrídios sulfito redutores em 1 g
(exclusivamente para talcos).
TIPO – II
DEMAIS
PRODUTOS
SUSCEPTÍVEIS À
CONTAMINAÇÃO
MICROBIOLÓGIC
A
a) Contagem de microrganismos mesófilos
aeróbios totais, não mais que 103 UFC/g ou ml
Limite máximo 5x 103 UFC/g ou ml
b) Ausência de Pseudomonas aeruginosa em 1g
ou ml
c) Ausência de Staphylococcus aureus em 1g ou
ml
d) Ausência de Coliformes totais e fecais em 1g ou
ml
e) Ausência de Clostrídios sulfito redutores em
1 g (exclusivamente para talcos)
APÊNDICES
31
Apêndice 1. Formulação do Creme Base Não-Iônico
Componentes Quantidade (%)FASE AQUOSAEDTA SÓDICO 0,1METILPARABENO 0,2ÁGUA PURIFICADA qsp 76,5GLICERINA 3,0
FASE OLEOSABHT 0,1PROPILPARABENO 0,1CERA AUTO-EMULSIONANTE NÃO IÔNICA 16,0ESTEARATO DE OCTILA 2,0CICLOMETICONA 2,0
Apêndice 2. Formulação do Creme Base Aniônico
Componentes Quantidade (%)FASE AQUOSAEDTA SÓDICO 0,1METILPARABENO 0,2ÁGUA PURIFICADA qsp 70,5GLICERINA 3,0
FASE OLEOSABHT 0,1PROPILPARABENO 0,1CERA AUTO-EMULSIONANTE NÃO IÔNICA 16,0ESTEARATO DE OCTILA 8,0CICLOMETICONA 2,0
32