Post on 24-Feb-2021
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Luísa Portugal
Teatro Kamishibai
DOSSIER DO PROJETO INDIVIDUAL
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Teatro Kamishibai
Dossier do Projeto Individual
Escola Secundária Dr. Serafim Leite | 2016/2017
Curso Científico-Humanístico de Artes Visuais
Disciplina de Desenho A – Professora Sónia Catarino
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Índice CAPÍTULO I
Teatro Kamishibai, o que é?
Breve história do Teatro Kamishibai
Passado
Origem
Idade de ouro
Declínio
Função e público
Presente
Uso
Influências
Pesquisa visual
Formas de apresentação
Estrutura
CAPÍTULO II
Desenvolvimento do projeto
Materiais
…para a estrutura em madeira
…para esculpir a madeira
…para a bicicleta
…para as histórias
Cronograma
Teatro e a sua elaboração
Custos
Aprendizagens realizadas
Conclusão
Webgrafia
Fotografias e Ilustrações
Conclusão final
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Introdução ste dossier surgiu no âmbito da proposta de trabalho da professora Sónia
Catarino, disciplina de Desenho A, referente ao meu projeto individual.
Pretendo recriar o tradicional Teatro Kamishibai, originário do Japão, produzindo
um de raiz e, simultaneamente, dar-lhe um toque pessoal. Tenciono, também,
mostrar de que maneira era usado nas aldeias tradicionais.
Este teatro possui três elementos: a estrutura em madeira, as placas com as histórias
e a bicicleta, que serve para transporte.
Na sua construção irei trabalhar a madeira das portas, esculpindo-as. Irei ainda
ilustrar algumas histórias, bem como utilizar uma bicicleta antiga, sem uso,
recuperando-a e dando-lhe assim utilidade.
Conheci o Teatro Kamishibai em 2012, aquando a minha participação no concurso
escolar do Geopark – Arouca “Como melhorar a qualidade ambiental da minha
comunidade?”, com o projeto “O Teatro Kamishibai na formação ambiental”.
Por esta razão, e também por admirar a cultura japonesa, as suas artes e tradições,
optei por esta ideia. Além disso, quero dar a conhecer esta prática, bem como,
desenvolver e utilizar técnicas que nunca experimentei.
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CAPÍTULO I
Teatro Kamishibai, o que é?
amishibai (japonês: 紙 芝 居, "teatro de papel") é uma forma de teatro de rua
japonês, popular durante a Depressão dos anos 1930 e no período de pós-
guerra no Japão até o advento da televisão durante o século XX.
Estes teatros eram contados por kamishibaiyas (narradores de Kamishibai) que
viajavam de um lado para o outro com conjuntos de placas ilustradas que
colocavam na pequena estrutura de madeira.
Estas placas continham ilustrações das partes mais importantes da história, que
ficavam viradas para o publico. O narrador narrava a história, baseando-se no texto
escrito na parte de trás das placas. No final da leitura de cada placa, este retirava
essa mesma placa e colocava-a atrás das outras.
Exemplificando: o texto da placa número 2 esta no verso da placa número 1.
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Texto
Ilustração
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Breve história do Teatro Kamishibai
Passado…
Origem
sta forma de contar histórias surgiu nos templos budistas do Japão, no século
VII/IX, onde os monges usavam o emakimono (rolo de pintura), para transmitir
histórias com lições de moral a uma plateia predominantemente analfabeta. Uma
combinação precoce da transmissão de uma história através de imagens e de texto.
Por meio do “Teatro de papel”, instruíam os seus discípulos e mesmo a população
dos vilarejos sobre como deveriam se comportar.
Não há registros confiáveis da evolução dessa técnica, mas sabe-se que artistas
populares copiaram a ideia e criaram variações da caixa com rodas, ou com alças
(para serem carregadas às costas), passando a apresentar-se em público, feiras, nos
feudos do Japão.
Idade de Ouro
amishibai, cartoons e comics tornaram-se substancialmente populares
durante a Grande Depressão dos anos 1930 e depois da rendição japonesa às
Forças Aliadas em agosto de 1945, no final da Segunda Guerra Mundial. Este
período é conhecido como a "Idade de Ouro" do Kamishibai no Japão. Este teatro
dá-nos uma visão de como era mentalidade das pessoas que viveram num período
da historia tao tumultuoso como este. Ao contrário do que era de esperar, em 1933,
haviam 2500 kamishibaya em Tóquio, que faziam espetáculos dez vezes por dia,
para audiências de até trinta crianças, totalizando um milhão de crianças por dia.
Estes anos de depressão foram os mais prósperos e vibrantes para o “teatro de
papel”, com 1,5 milhões de desempregados em Tóquio, este proporcionou uma
grande oportunidade de trabalho.
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Declínio
popularidade do kamishibai declinou no final da ocupação aliada e a
introdução da televisão, conhecida originalmente como denki kamishibai
("kamishibai elétrico") em 1953. Com a televisão, que trazia um maior acesso a uma
variedade de entretenimento, muitos artistas kamishibai e narradores perderam o
seu trabalho, Embora esta forma de arte japonesa tenha desaparecido em grande
parte, o seu significado e contribuições permitiram que este seja considerado a
origem do manga e do anime.
Função e público
omo já referi anteriormente, nos templos budistas, o teatro Kamishibai tinha a
função de ensinamento de lições de moral e o público era geralmente
discípulos e por vezes membros do povo.
No auge deste teatro, o público eram crianças e este tinha a função, além de
entretenimento, de ensino (do modo de se comportar, etc).
Presente…
Uso
ste teatro ainda é utilizado. Além de se usar, por vezes, para contar histórias à
camada infantil, como faziam no Japão, o mundo empresarial já o adotou.
Tomemos como exemplo a Toyota, empresa reconhecida pelo fabrico de
automóveis, que utiliza o Kamishibai para realizar auditorias.
Influências
omo já referi, o “teatro de papel” é o antecedente do manga e do anime, tao
admirados pela sociedade atual.
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Pesquisa visual
Formas de apresentação
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Estrutura
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CAPÍTULO II
Desenvolvimento do projeto
Materiais
…para a estrutura em madeira:
✓ tábuas e ripas de madeira
✓ parafusos
✓ dobradiças
✓ pega (para transporte)
✓ cordel
✓ lixa para madeira
✓ verniz
…para esculpir a madeira:
✓ formão reto
✓ goiva
✓ macetes (martelos de madeira)
…para a bicicleta:
✓ câmara de ar para os pneus
✓ lixa de ferro
✓ tintas adequadas
✓ material de limpeza
…para as histórias:
✓ papel (+/-180g)
✓ lápis de cor ou outro material
✓ fotografias
✓ cartão prensado (para colar as histórias e ilustrações)
✓ histórias imprimidas
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Bicicleta a utilizar
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Cronograma
isto que é um trabalho demorado, tive de atualizar o cronograma. Assim penso
terminar o projeto no início de junho com:
✓ Estrutura de madeira
✓ 2 historias (uma ilustrada por mim e outra com fotografia)
✓ Bicicleta recuperada e pronta a utilizar!
Devo continuar a aplicar-me já que ainda tenho muito a fazer, contudo acho que
vou conseguir cumprir o cronograma.
TAREFAS DEZEMBR0
2016 JANEIRO
2017 FEVEREIRO
2017 MARÇO
2017 ABRIL 2017
MAIO 2017
JUNHO 2017
Planificação
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Recolha de materiais
X
X
Construção do teatro
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Escolha das historias
X
X
Criação e ilustração de histórias
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Restauro de uma bicicleta antiga
X
X
Finalização do projeto
X
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O Teatro e a sua elaboração
Ponto de situação da estrutura:
✓ Estudo da estrutura (esboços)
✓ Seleção das madeiras
Ponto de situação da história:
✓ Escolha das histórias:
✓ “Kaguya Hime” – Ilustração
✓ Flor de Luz - Fotografia
✓ Esboços
História “Kaguya Hime” – Conto Japonês
Há muito, muito tempo, existia um velhinho e uma velhinha, que viviam juntos numa casa
no meio da floresta. Eles eram muito pobres e solitários, pois não tinham filhos para criar.
O velhinho era conhecido pelo nome de Cortador de Bambus, pois, todos os dias, ele saía
cedo para cortar bambus na floresta. Os dois faziam cestas e chapéus para vender e ganhar
algum dinheiro.
Um belo dia, enquanto estava na floresta, o velhinho avistou um broto de bambu, que
brilhava, com uma luz muito intensa. Ele ficou espantado, pois, em anos e anos de trabalho,
nunca tinha visto algo como aquilo. Muito curioso, ele cortou o bambu e mal pôde acreditar
no que viu. "Uma menina, uma menina! Tão pequena e tão linda, só pode ser um presente
de Deus!".
Ele levou a pequena menina na palma de uma das suas mãos para casa. Ao ver a menina,
a velhinha também ficou muito contente e eles resolveram que o nome dela seria Kaguya
Hime (Princesa Radiante).
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A partir daquele dia, o velhinho passou a encontrar outros bambus brilhantes na floresta.
Mas, ao invés de uma menina, eles continham moedas de ouro. Assim, a vida do casal
melhorou e eles não precisavam mais produzir cestas para sobreviver. Para eles, a chegada
da sua filha linda era um milagre”.
Kaguya Hime crescia muito rápido e a cada dia parecia mais bonita. Em apenas três meses,
ela já tinha o tamanho de uma criança de oito anos. Ninguém poderia acreditar que uma
pessoa tão bonita pertencesse a este mundo.
Logo os comentários sobre a beleza da Kaguya Hime se espalharam, vinham jovens de
todos os cantos do país para conhecê-la. Todos se queriam casar com Kaguya, mas ela não
se queria casar com ninguém. "Quero ficar ao vosso lado", dizia a jovem para os seus pais.
Mas cinco jovens nobres, de posições importantes, foram mais persistentes. Eles
acamparam em frente à casa de Kaguya Hime e pediram uma oportunidade a ela.
Preocupado, o velhinho chamou Kaguya e disse: "Minha filha, eu gostaria muito de a ter
sempre por perto, mas acho justo que se case. Escolha um destes cinco rapazes que estão
acampados aqui". Assim, a linda jovem decidiu. "Eu casarei-me com aquele que me trouxer
o objeto mágico que pedirei"
Um colar feito com os olhos de um dragão, um vaso feito com pedras dos deuses, que
nunca se quebra, um manto de pele de animal forrado de ouro, um galho que faz crescer
pedras preciosas, um leque que brilha como a luz do sol e uma concha que a andorinha
põe junto com seus ovos. Estes foram os objetos que Kaguya Hime pediu.
O velhinho levou os pedidos de Kaguya aos pretendentes acampados. Ele sabia que seria
muito difícil conseguirem obter tais objetos. Qual não foi sua surpresa quando, ao final de
alguns meses, todos os pretendentes trouxeram os presentes para Kaguya. Mas, quando
eles foram obrigados a entregá-los a jovem, todos admitiram que os presentes eram falsos,
pois conseguir os verdadeiros era uma missão muito difícil. E assim, nenhum deles obteve
êxito.
Quatro primaveras se passaram desde que Kaguya fora encontrada no broto de bambu.
Mas ela ficava mais triste a cada dia. Noite após noite, Kaguya Hime olhava para a lua,
suspirando. Preocupado, o velhinho um dia perguntou: "Por que estás tão triste?". "Eu
gostaria de ficar aqui para sempre, mas logo devo retornar", disse a jovem." "Retornar, mas
para onde? O seu lugar é aqui connosco, nunca te deixaremos partir", disse o pai aflito."
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"Este não é o meu reino, eu sou uma princesa de Reino da Lua e, na próxima lua cheia, eles
vêm-me buscar".
Muito assustados com a reveladora confissão de Kaguya Hime, os velhinhos decidiram
pedir ajuda ao príncipe do reino onde viviam. O príncipe ajudou e enviou muitos guardas
para vigiarem a casa do casal. Um verdadeiro exército foi formado.
No dia seguinte, a temida noite de lua cheia chegou. A casa estava tão vigiada que parecia
impossível alguém conseguir levar Kaguya Hime. De repente, uma enorme luz surgiu no
céu, como se milhares luas estivessem presentes ao mesmo tempo.
A luz era tão intensa que ninguém conseguiu ver a carruagem que descia, guiada por um
grande cavalo alado e muitas pessoas bem vestidas. Depois de algum tempo, quando a luz
diminuiu, a carruagem já estava voando, em direção à lua. Kaguya Hime não estava
presente, ela fora junto com a comitiva.
Os velhinhos ficaram muito tristes, inconformados. Voltaram ao quarto de Kaguya e
encontraram um potinho, presente da filha querida. Ela tinha deixado um pó mágico, que
garantiria a vida eterna para os dois.
Mas, sem sua filha amada, os velhinhos não queriam viver para sempre. Eles recolheram
todos os pertences de Kaguya e levaram para o monte mais alto do Japão. Lá, queimaram
tudo, junto com o pó mágico deixado pela jovem. Uma fumacinha branca subiu ao céu
naquele dia.
A montanha era o Monte Fuji. Dizem que até hoje é possível ver a fumacinha subindo e
subindo.
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História “Flor de luz” - Biblioteca Viva - Escrita Criativa | Semente de Futuro IPSS
A “flor de luz” consiste numa flor proveniente de uma planta que existe, graças à
sua preservação por uma senhora, na minha localidade. Esta flor, depois de seca
faz a função de pavio, pudendo ser acesa e iluminar. A história desta planta esta
presente no poema.
Era uma vez uma flor
Vinda d ́arbusto simplíssimo
Cultivada com amor
P ́ra alumiar ao Santíssimo
Em tempos que já lá vão
Zulmira da Várzea devota
P’ra manter a tradição
Tinha a flor na sua horta
Os tempos foram mudando
Veio até destruição
Mas com amor e cuidado
Foi salva a plantação
I’ a flor ser aterrada
Nas obras da moradia
Do campo da D. Zulmira
Que lá do céu tudo via...
E a D. Adélia vizinha
Vendo a planta ameaçada
Para salvar a florinha
Entrou lá sem pedir nada
Ela também é devota
Mas anima a prevaricar
Diz que ranquinha roubada
Dos encantos da florinha
Muitos ouviram falar
Cá em Chave sempre a usamos
Sempre a vamos preservar
E já se distribuiu
Por tantos campos e hortas
Que se uma desaparecer
Logo se bate a outras portas
Ao Santíssimo voltou
Para nós é companhia
Não mais plástico em pavio!
À vida deu alegria...
Já os meninos preparam
A Rota da Luz em Chave
Pela Capela de São Tiago
E onde chegará, quem sabe...
Na Capela encantadora
Está o solzinho a brilhar
Garante a zeladora
Que sempre o há-de cuidar
Balota Pseudodictamus
Dizer seu nome é proeza,
Bela, frágil, singular
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É a melhor para pegar
É ela que cá em Chave
A cuida e a replanta
E a trouxe p’ra Semente
Onde a todos nos encanta
Sempre a queremos à mesa
Luminosa singeleza
De noite e também de dia
Sua luz de azeite brilha
Alimentando a Alegria
Escolhi utilizar, além do conto japonês, este poema, criado no âmbito da IPSS
“Semente de Futuro”, da minha freguesia – Chave - à qual estou muito ligada,
desde a sua fundação.
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Ponto de situação da bicicleta:
✓ Limpeza
Custos
ão existem custos relevantes associados ao projeto dado que possuo todos
os materiais necessários, sendo o material da estrutura oferta do escultor,
Michael Sweeny, que estudou belas artes na faculdade de Carmathen Wales, Reino
Unido. Este escultor vai auxiliar-me na realização deste projeto.
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Aprendizagens realizadas
o final deste trabalho terei um melhor conhecimento das técnicas de
escultura, ilustração, fotografia e restauro, bem como da cultura japonesa e
local.
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Conclusão
s dificuldades mais relevantes, sentidas até ao momento, prendem-se
essencialmente com a gestão do tempo e a interligação entre todos os
intervenientes.
Até ao momento o balanço do meu trabalho é francamente positivo.
Tem sido gratificante contactar com outras culturas, estabelecer relações com
associações locais, com artistas e aprofundar técnicas de trabalho.
Referências luisapaintings.weebly.com
Semente de Futuro IPSS: sementedefuturo.weebly.com
http://contosjaponeses.blogspot.pt
Associação de Amizade Portugal – Japão: www.aapj.pt
Wikipedia
Google imagens
Execução técnica: Centro de cópias Azeméis
Consultor: Michael Sweeny
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Fotografias e Ilustrações
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Conclusão final
Meu grau de satisfação com o desenvolvimento deste projeto é muito bom,
pois o resultado final corresponde à minha ideia inicial e ao planeamento
efetuado.
Considero, portanto, que tanto o processo de desenvolvimento como o resultado
final é algo criativo e útil, tendo-me permitido melhorar algumas técnicas, como a
ilustração e aprender outras novas, como a escultura, que com certeza me serão
úteis no futuro.
Como dificuldades, posso referir a gestão do tempo, pois o meu projeto envolveu
a criação de vários elementos distintos, que se conjugam todos no final, assim como
a gestão de todos os intervenientes, como o escultor, a IPSS, a gráfica, a oficina. De
qualquer forma, consegui cumprir o cronograma.
Sinto-me muito feliz com os resultados, e considero que será algo útil, não só para
mim, como estudante de Artes, mas também para outros, como é o caso da IPSS
Semente de Futuro, que já me convidou para apresentar alguns contos na sua
instituição, onde costuma receber crianças das escolas e do Arouca Geopark, o que
me deixe muito orgulhosa.
A todos os envolvidos, e em especial à minha Professora Sónia Catarino, por todos
os conhecimentos que me tem transmitido, deixo, finalmente, os meus
agradecimentos!
O