[TEMPO LIVRE - 3] OTEMPO/TEMPO LIVRE/1 …YOUTUBE EM NÚMEROS O Brasil é o sétimo país do mundo...

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¬ RAQUEL SODRɬNa internet, funciona mais oumenos assim: em um dia, umapessoa é comum, é só mais umagravando um vídeo e dizendo pa-ra o mundo digital o que pensa so-bre assuntos variados. Tempos de-pois, essa mesma pessoa já estána lista dos cem mais influentesda internet. O mistério está em co-mo essa “mágica” acontece.

De acordo com o pesquisadorTiago Salgado, doutorando daUFMG que está em Paris pesqui-sando sobre vídeos do YouTube,a matemática que fecha essa con-ta não é das mais simples. As va-riáveis, normalmente, são umacombinação de um quê de caris-ma com uma boa escolha de te-mas e um toque de algoritmo(uma espécie de fórmula que estápor trás das redes sociais, que cal-cula o que deve ser exposto para ousuário em sua página inicial ouem sua timeline).

O carisma fica por conta dapersonalidade dos youtubersquando aparecem em seus ví-deos. “Cada youtuber procura umjeito próprio de falar. Se é maisrápido, entrecortado, quais trejei-tos ele vai usar são os elementosque irão torná-lo único no YouTu-be”, explica Salgado. No caso danorte-americana Laci Green, a“rainha” dos vídeos de educaçãosexual, o ritmo da fala é muito rá-pido, com gestos amplos e muitouso de gírias – bem de acordocom seu público-alvo, que são osadolescentes.

A escolha dos temas também émuito importante desde que oYouTube foi comprado pelo Goo-gle, em 2006, e ganhou uma di-mensão comercial de ter anun-ciantes patrocinando os vídeospostados. “Os youtubers esco-lhem assuntos polêmicos para con-quistar audiência, porque o canalprecisa ser acessado para eles ga-nharem mais dinheiro com anún-cios em seus vídeos. Há uma lógi-ca mercadológica forte por trásdisso. Muitas vezes, o tema podeser aleatório, porque eles preci-sam ofertar um cardápio cada vezmais vasto de assuntos, mas elestendem a ganhar visibilidadequando os assuntos são velados.Quanto mais velados, mais curiosi-dade incitam”, revela Salgado.

FÓRMULA. Mas todos esses temaspolêmicos temperados com o ca-risma de cada youtuber não ga-nhariam tanta projeção se não fos-se o algoritmo da rede social paraprojetar mais determinados ví-deos. Quando o usuário entra noYouTube, o site sugere, em umabarra na lateral direita, vídeosque podem ser interessantes. Es-

sa sugestão não é igual para todomundo. Quem faz essa seleção é otal algoritmo.

“A pessoa pode entrar no You-Tube depois de ter feito login emsua conta no Google, e aí ele recu-pera os dados de pesquisa e apre-senta vídeos que estejam relacio-nados a essas buscas. Além disso,o algoritmo também privilegia ví-deos com data de publicaçãomais recente, associada ao núme-ro de visualizações, curtidas, co-mentários e compartilhamentosdaquele vídeo. Todos esses aspec-tos irão somar para determinar seum assunto vai estar em evidên-cia ou não”, explica o pesquisa-dor. Isso gera um processo circu-lar, em que os temas mais comen-tados sempre serão os que esta-rão em maior evidência.

No meio desse fluxo, não é ra-ro encontrar conteúdos preconcei-tuosos, ofensivos ou até inapro-priados para a exibição livre. Porisso, o papel do usuário é muitoimportante para manter a segu-rança na rede. “O YouTube preci-sa policiar os conteúdos, porque,afinal, estão sendo exibidos emsua plataforma. E os usuários de-vem ajudar, denunciando os con-teúdos preconceituosos ou impró-prios. O que eu defendo é que aação da máquina é sempre conju-gada com a ação humana”, orien-ta o pesquisador. Para a escolhade quais canais assistir, a fórmulaque ele sugere é bem fácil: a expe-rimentação. “Teste. Não te agra-dou, deixe de ver, procure outracoisa”, diz.

Autoridadessãoquestionadastambémemoutroscampos

EDITORIA DE ARTE / O TEMPO

YOUTUBE EM NÚMEROSO Brasil é o sétimo país do mundo em número de acessos ao YouTube

A PLATAFORMA TEM, HOJE, 1 BILHÃO DE USUÁRIOS ATIVOS POR MÊS, QUE ACUMULAM UMA MÉDIA DE 6 BILHÕES DE HORAS DE VÍDEOS ASSISTIDOS.

Juntos, esses três canais somam mais de

22,7 milhões de inscritos,

assistindo a mais de 19 bilhões de vídeos.

das pessoas declaram acessar o YouTube

DUELO DE OPINIÕES

O que dizem as especialistas

O que dizem as youtubers

MAS

TURB

AÇÃO

Youtuber Laci Green

MAC

HISM

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NGIR

ORG

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OS TRÊS CANAIS MAIS ACESSADOS DO YOUTUBE NO BRASIL SÃO INFANTIS

1 Fun Toys Collector Disney Toys Review

2 Galinha Pintadinha 3rezendeevil

FONTES: SOCIAL BAKERS, PESQUISA FLUXOS COMUNICACIONAIS EM CONEXÕES INTERMÍDIA: MEDIAÇÕES SOCIOTÉCNICAS DE CONTROVÉRSIAS PELA REDE DESCE A LETRA/TIAGO SALGADO; YOUTUBE.

0 20 40 60 80 100

A PLATAFORMA TEM, HOJE, 1 BILHÃO DE USUÁRIOS ATIVOS POR MÊS, QUE

das pessoas declaram acessar o YouTube

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das pessoas deacessar

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34%

dos brasileiros assistem TV

95%

55%

21%

17%

ouvem rádio

leem jornais pelo menos uma vez

dos brasileiros acessam o YouTube

Se dar prazer com a masturbação é totalmente

normal, é algo que faz parte do desenvolvimento sexual

saudável do ser humano.

Você não precisa fazer isso, não é uma

forma muito saudável de lidar com o sexo, ou com o

seu relacionamento.

“A gente acha que pode dar algum problema,

mas não, é saudável”. (Laura Muller, no Programa Altas

Horas)

“Não prejudica só as mulheres. O machismo

prejudica também os homens”. (Regina Navarro Lins, em seu canal do YouTube)

Uma grande parte da pressão que os meninos recebem do mundo vem da expectativa de que eles não sejam como meninas. Essas

pressões específicas de gênero são um efeito

colateral do machismo. “Fingir não é legal, nem para o homem, nem

para a mulher. O bacana é a gente ser mais franco com a gente mesmo e, se estiver

difícil ‘chegar lá’, ou buscar um tratamento, ou ver como faz para sentir mais prazer”. (Laura Muller, no programa

Altas Horas)

Algoritmogaranteaudiência

Interessa

Polêmicas

7Os youtubers acabam in-fluenciando milhares de pes-

soas. Uma prova disso é que vá-rios deles constam na lista daspessoas mais influentes do mun-do da revista “Forbes”.

Algumas vezes, essa “autorida-de” adquirida por eles acaba ge-rando conflitos. Em novembro doano passado, a musa fitness Ga-briela Pugliesi causou polêmicaquando gravou um vídeo em seuSnapchat aconselhando que as se-guidoras enviassem nudes para asamigas, para serem vazados na in-ternet caso elas fugissem da dieta.A repercussão online foi enorme,e Gabriela recebeu uma chuva decríticas pelo que ela, depois, classi-ficou como “brincadeira”.

Em junho deste ano, a ONGInstituto Alana acionou o Ministé-rio Público Federal (MPF) paraproibir que marcas de materiaisescolares, roupas e brinquedosenviassem presentes aos youtu-bers mirins, pois isso incentivariao consumismo. As empresas nega-ram o envio dos presentes. Mas,em setembro, o MPF processou oGoogle por publicidade indevidapara o público infantil. (RS)

Youtubers contam com uma “forcinha” dos cálculos matemáticos por trás da rede social para conquistar inscritos e visualizaçõesREPRODUÇÃO/YOUTUBE

Didática. Em um de seus vídeos, a youtuber norte-

americana Laci Green usa um protótipo de vagina

feito de massa de modelar para explicar o Ponto G

O TEMPO Belo Horizonte3DOMINGO, 16 DE OUTUBRO DE 2016 3Tempo Livre|