Post on 24-Apr-2015
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LEONARDO era um gato, preto como
o carvão. Vivia sozinho na rua, porque
não tinha muitos amigos.
Quando o frio apertava, o
Leonardo refugiava-se na biblioteca.
Era um lugar quentinho e
confortável, cheio de bons livros
para ler.
- Se eu encontrar um bruxa para mim, talvez nunca mais sofra
nem de frio, nem de solidão – pensou o Leonardo. E assim…
Certo dia, Leonardo descobriu um
livro chamado A Enciclopédia das
Bruxas. Era mesmo interessante!
Entre outras coisas, dizia:
As bruxas usam meias às riscas e chapéus
pontiagudos.
As bruxas viajam nas suas vassouras.
As bruxas têm caldeirões para aquecer as suas
poções mágicas.
As bruxas cuidam de toda a espécie de animais de
estimação – corvos, lagartos, corujas e morcegos –
mas têm um carinho especial por gatos pretos.
Enquanto caminhava pela
rua, Leonardo viu uma menina
que usava meias às ricas, tal e
qual como as bruxas do livro.
- Desculpa …Por acaso és
uma bruxa? – perguntou-lhe.
…lá foi ele à procura de uma bruxa.
Quando a menina se virou e
viu o Leonardo, deu um pulo.
- Aaaai! Um gato preto! –
gritou. – É sinal de má sorte! – e
desatou a correr, como se
tivesse visto um fantasma.
- Sou assim tão assustador? –
pensou o Leonardo. E, depois de
um suspiro triste, continuou a sua
caminhada.
O Leonardo ouviu
um som que parecia
um sopro de um
assobio.
Alguém estava a
varrer a calçada com
uma vassoura que era
igualzinha às que tinha
visto no livro. Tinha de
ser uma bruxa!
- Desculpa … Por
acaso és uma bruxa?
– perguntou o
Leonardo.
O senhor virou-se. Era
um varredor de ruas!
Será que pareço uma
bruxa? – perguntou ele ao
Leonardo e o riso
escapava-se-lhe através
do bigode farfalhudo.
- Fiz asneira! – disse o
Leonardo.
… e continuou a descer a rua.
Eis senão quando o Leonardo avistou através de uma
janela uma senhora a cozinhar num caldeirão grande e preto.
Era muito parecido com os caldeirões da enciclopédia. A
senhora era de certeza uma bruxa!
O Leonardo aproximou-se da janela e perguntou:
- Desculpa…Por acaso és uma bruxa?
- Como te atreves a
chamar-me bruxa? – gritou
a senhora toda esganiçada.
– Some-te, gato malvado! E
nunca mais ponhas aqui os
pés!
- Eu não queria ser malcriado…
- murmurou o Leonardo,
afastando-se de mansinho.
- Quem me dera encontrar
uma bruxa, mas não estou
com sorte nenhuma –
matutava o Leonardo,
enquanto regressava à
biblioteca.
Foi buscar um livro à prateleira e começou
a lê-lo. Nem reparou em seis meninas
estranhas que estavam atrás da estante …
…mas nenhuma delas tirava os olhos do Leonardo. Assim que
puderam, foram ter com ele a correr. Agarraram-no, abraçaram-no
e encheram-no de festinhas.
- Que gatinho preto tão querido! – exclamaram todas. O
Leonardo não podia estar mais envergonhado!
Nessa altura, ouviu-se uma voz de senhora:
- Pouco barulho, minhas bruxinhas! Não se esqueçam que
estamos numa biblioteca!
- Desculpem…Por acaso são bruxas? – perguntou
o Leonardo.
- Claro – respondeu a senhora. – Estas bruxinhas
são as minhas aprendizes e eu sou a bruxa-mestra.
E eram mesmo bruxas – com vassouras, meias às
riscas e chapéus pontiagudos, tal e qual como nas
imagens da enciclopédia! E todas perguntaram se o
podiam levar para casa …
- Eu chamo-me Leonardo – disse o gato preto com firmeza – e não posso
ir para a casa de cada uma de vós.
- Tens razão – concordou a bruxa-mestra – mas, se quiseres, nós
podemos levar-te para a nossa escola.
- Claro que quero! – exclamou o Leonardo. E todas as meninas
aplaudiram com alegria a decisão do gatinho.
E agora, meninas, silêncio,
por favor. Escolham os vossos
livros e preencham a requisição
– disse a bruxa-mestra.
- Tu também, Leonardo –
acrescentou. – De seguida,
voltaremos à escola para mais
uma lição de feitiços e poções
… e eu vou mostrar-te o teu
novo lar. Vais adorar ser um
gato de uma verdadeira escola
de bruxas!
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