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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO
ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS
MESTRADO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Totalidade e emancipação na teoria social crítica de Theodor
W. Adorno
Andrea Bárbara Lopes de Azevedo
Orientador: Rúrion Soares Melo
Guarulhos
Outubro de 2012
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Sumário
I. Resumo ........................................................................................................................ 2
II. Justificativa .................................................................................................................. 3
III. Objetivos .................................................................................................................... 14
IV. Métodos ...................................................................................................................... 14
V. Referências Bibliográficas ......................................................................................... 16
I. Resumo
Produzida no exílio por Max Horkheimer e Theodor W. Adorno, os principais pensadores
da chamada primeira geração da teoria crítica, a Dialética do Esclarecimento apresentava
diagnóstico da sociedade capitalista do século XX como completamente administrada, em que
a racionalização da sociedade havia se expandido da esfera da produção para todas as esferas
da vida, constituindo o sistema capitalista como uma totalidade que impossibilitava quaisquer
resistências a seu domínio. Esse diagnóstico colocava em questionamento a orientação para a
emancipação que se daria na análise crítica da totalidade social pelo marxismo interdisciplinar
como propunha o projeto da teoria crítica da sociedade. Apesar disso, em escritos posteriores,
Adorno buscou realizar a continuidade da teoria crítica, direcionando-a para uma análise da
arte e da filosofia, em que, muitas vezes, nuances a sobre emancipação parecem surgir
articuladas com sua crítica à totalidade.
O interesse dessa pesquisa é entender como e em que medida o diagnóstico crítico à
totalidade social elaborado por Theodor W. Adorno vislumbra potenciais emancipatórios, e
assim, compreender como se articulam totalidade e emancipação em sua teoria social crítica.
Palavras-chaves: Theodor W. Adorno, emancipação, totalidade, teoria crítica da sociedade,
teoria social.
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II. Justificativa
Teoria crítica da sociedade e totalidade
Inicialmente dedicado a estudar a história do movimento proletário, o Instituto de
Pesquisas Sociais da Universidade de Frankfurt teve seus objetivos modificados com a posse
de Max Horkheimer como diretor em 1930. O filósofo estabeleceu um projeto audacioso,
reunindo pesquisadores de diversas áreas a fim de constituir a denominada teoria crítica da
sociedade, que, com base na teoria marxista, visava produzir uma análise social
interdisciplinar do capitalismo no século XX (Honneth, 1999; Nobre, 2008a, 2008b).
Tendo sua origem vinculada ao Instituto, a teoria crítica – muitas vezes apresentada como
Escola de Frankfurt1 – desenvolveu-se enquanto projeto teórico fora dele. Já no início dos
anos 1930, os pesquisadores coordenados por Horkheimer deixaram Frankfurt em virtude da
ascensão do nazismo na Alemanha (Jay, 2008). A existência da teoria crítica como plataforma
teórica esteve, desse modo, intrinsecamente relacionada com a história do século XX que
vivenciou o grupo2. O totalitarismo nazista e stalinista, bem como a ascensão da sociedade de
massas nos moldes americanos, foram analisados e, ao mesmo tempo, constitutivos do
desenvolvimento da teoria. O projeto teórico de uma teoria crítica da sociedade deve, desse
modo, ser compreendido em relação ao período histórico vivenciado por esses intelectuais e a
própria posição desse projeto face aos embates intelectuais e políticos desse século.
Em 1937, Horkheimer, em artigo intitulado “Teoria tradicional e teoria crítica”, lançou os
princípios do que viria a ser o projeto teórico crítico. Apoiando-se em Marx e Lukács,
Horkheimer propunha uma teoria que realizasse análise da sociedade e de sua racionalização
progressiva, porém, não se apartasse de vislumbrar a emancipação imanente nesse processo.
O projeto buscava diferenciar-se da ciência positivista e também construir um modelo teórico
alternativo ao colocado pelo marxismo oriental de uma ciência marxista do proletariado. A
1 Marcos Nobre (2004, 2008a) reitera o uso indevido do termo “Escola de Frankfurt” para se referir ao
núcleo de pesquisadores que constituiu a teoria crítica. Além de argumentar que o referido nome só foi vinculado
a esse pensamento teórico após 1950 no retorno do exílio desses pensadores à Frankfurt, argumenta ainda que a
utilização do termo “escola” que parece dar uma unicidade aos diversos pensamentos presente no “grupo”, a qual
há dificuldades de ser estabelecida. 2 Compreende-se a dificuldade de identificar quais autores estariam vinculados a este projeto teórico.
Autores como Assoun (1991), Honneth (1999), Jay (2008), Nobre (2004; 2008a) trabalharam sobre esse tema,
no qual essa pesquisa não irá se dedicar. Theodor W. Adorno, que pensamento e trajetória são centrais nesta
pesquisa, é reconhecido por todos os autores referidos como pertencente à primeira geração que compôs o grupo
da teoria crítca.
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teoria crítica se propunha, nesse sentido, a superação do distanciamento entre pesquisa
empírica e pensamento filosófico que predominava no pensamento pós-hegeliano, se
contrapondo ao que nomeou Horkheimer de teoria tradicional (Honneth, 1999; Jay, 1984). A
teoria tradicional, identificada no artigo com o positivismo e o pragmatismo, partiria do
constante manejo da natureza física em busca das identidades dos fenômenos para “enformá-
los” e classificá-los como conceitos, a fim de constituírem um sistema universal único, em
que todas as partes deviam se apresentar como “conectadas ininterruptamente e livres de
contradição” (Horkheimer, 1980, p. 118). Essa identidade entre as ciências da sociedade e
ciências naturais e matemáticas foi criticada por Horkheimer por tornar a elaboração teórica
somente possível pela acumulação de dados empíricos e por compreender as categorias como
puramente lógicas, afastadas do processo social real e a-históricas.
Influenciado por Georg Lukács e sua problematização da reificação da consciência de
classe3, Horkheimer questionava a aparência de universalidade e tentativa de neutralização da
teoria tradicional. Lukács, apoiando-se nos escritos da juventude de Marx e também em Max
Weber, concebe o progresso do modo de produção capitalista e a expansão da forma
mercadoria como responsáveis pelo processo de racionalização de todas as esferas da vida. A
racionalização baseada no cálculo e no planejamento racional dos resultados foi responsável
pela transformação das relações sociais em relações entre coisas, de modo que aparecem aos
indivíduos como “formas puras, verdadeiras e autênticas” encobrindo seu caráter concreto e
qualitativo (Lukács, 2012, p. 211). A expansão da racionalização produziu a reificação da
consciência; a forma mercadoria não apenas constituiu o mundo objetivo, mas também o
subjetivo, fixando-se na consciência como uma “segunda natureza”. Em virtude disso, os
indivíduos se considerariam seres autônomos e livres, quando, de fato, teriam um arbítrio
individual limitado, dado nas escolhas permitidas pelo cálculo racional das oportunidades,
que já seria estabelecido socialmente pelo sistema capitalista. Sua liberdade seria de “grau de
autonomia seria relativa” ou “de subserviência completa com que as ‘leis’ são aplicadas”
(Lukács, 2012, p. 219). A racionalização do mundo constitui-se, desse modo, como totalidade
social que aparenta unicidade e coesão. Essa aparência é, no entanto, ilusória e oculta as
contradições do processo social.
3 Presente no artigo “A reificação e a consciência do proletariado” do livro História e Consciência de
Classe, publicado em 1923. Esta obra, considerada pertencente ao período de juventude de Lukács, foi repudiada
pelo autor quando este filiou-se ao Partido Comunista. Apesar disso, a obra, juntamente com Marxismo e
filosofia de Karl Korsch, foi inspiração fundamental tanto aos estudiosos da teoria crítica, como ao que
comumente foi chamado de marxismo ocidental (Jay, 2008; Musse, 1998).
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O mesmo processo de reificação foi apontado por Hokheimer como presente na teoria
tradicional: além de assumir o cálculo como método lógico da ciência, a representação
científica não era pensada como parte da divisão do trabalho, mas apresentada como livre,
como autônoma, e seus resultados eram tomados como universais. Esse aparente fazer
científico seria ilusório e esconderia sua essência, que revelaria o entrelaçamento da teoria
tradicional na sociedade burguesa e seu condicionamento histórico. A teoria crítica, em
contraposição, não tentava se constituir como neutra ou universal, mas sim afirmaria que sua
teoria viria da parcialidade histórica tomada da práxis. O teórico crítico deveria entender o
mundo e a própria teoria como resultado inseparável do processo de vida social, não advindo
da autonomia do sujeito, mas de seu caráter histórico-social.
Partindo do sentido de crítica da dialética da economia política (e não no sentido idealista
kantiano), a teoria crítica da sociedade não apenas se diferenciaria do pensamento que se
conceberia como autônomo e independente do mundo, mas também se apartaria do
determinismo que pressuporia sociedade como generalidade de indivíduos funcionais ao
mecanismo social. O pensamento crítico consideraria o indivíduo como sujeito determinado
em seus relacionamentos pelo todo social, assumindo a contradição da relação entre indivíduo
e sociedade (Horkheimer, 1980, p. 132). No entanto, não seria a mera análise dessa
contradição social na qual os indivíduos estão inseridos que estabeleceria a crítica, mas sim a
percepção de que essa sociedade teria um formato da qual teria que se emancipar e, portanto,
a análise assumiria um comportamento crítico que estaria orientado à emancipação, tendo por
meta “a transformação do todo [...] tal como ocorre dentro da ordem existente” (Horkheimer,
1980, p. 131).
Se Lukács percebia a racionalização como processo de constituição de uma totalidade
social, também apontava que era dessa totalidade que poderia vir o potencial transformador
do capitalismo. O proletariado seria o sujeito que vivenciaria a totalização do mundo em
mercadoria e, em virtude dessa posição específica, sua ação seria orientada para a
transformação dessa realidade (Lukács, 2012, p.352). Horkheimer, embora afirmasse que a
crítica e o potencial emancipador se dava intrinsecamente à ordem existente produzida pela
condição do trabalho humano e o proletariado seria a classe que produz, reproduz e vivencia
as misérias da dessa condição, o pensamento crítico orientado para a emancipação não viria
do proletariado. A teoria crítica não se restringiria a ser a “ciência” do proletariado; se o
fizesse, estaria apenas realizando o projeto científico tradicional de outra classe que não a
dominante e, não teria diferença estrutural em relação à teoria tradicional. Contrariamente a
uma visão de ciência proletária, o pensamento crítico teria a função de realizar a crítica a
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dominantes e dominados, concebendo a teoria como “momento da práxis que conduz[iria] a
novas formas sociais” (Horkheimer, 1980, p. 136).
A universalidade da mercadoria, que constituiu a totalidade social, era fruto do trabalho
operário, assim, a emancipação estava intrínseca a essa totalidade reificada que era, portanto,
falsa. Para Lukács, originado por essa totalidade, o proletariado seria único que poderia pela
práxis conduzir a busca da totalidade verdadeira que seria a emancipada. O proletariado
surgia aí como sujeito universal da história. Horkheimer, em contrapartida, aceitava a
totalidade social dada pelo trabalho como reificada e falsa tal como concebia Lukács, mas, no
projeto de teoria crítica, a orientação para emancipação não estava no proletariado como
sujeito emancipador, mas na totalidade verdadeira a ser buscada pelo projeto de marxismo
interdisciplinar que produziria análises críticas das várias dimensões da totalidade (Jay, 1984).
Para alcançar este objetivo, a teoria crítica não se contraporia a teoria tradicional; se
apoiaria em seus mecanismos, porém, indo para além dessa por orientar sua análise crítica
pelo interesse da supressão da dominação de classe. Esse interesse é apontado por
Horkheimer como “o conteúdo materialista do conceito idealista de razão” (Horkheimer,
1980, p. 154). A eliminação da dominação seria, desse modo, alcançada na realização do
projeto racional de uma visão crítico-materialsita que analisasse a totalidade social.
O projeto anunciado situava a teoria crítica da sociedade entre as ciências sociais e a
filosofia prática: para compreensão da totalidade, realizava pesquisas empíricas tal como a
sociologia positivista e preservava a dimensão normativa buscada pela filosofia prática
(Benhabib, 1986). Esse projeto progrediu e realizou diversas pesquisas nos anos de exílio dos
intelectuais do Instituto, porém, no apogeu da Segunda Guerra Mundial, exilados nos Estados
Unidos, Horkheimer e Theodor Wiesengrund Adorno, a partir do diagnóstico de Friedrich
Pollock sobre o desenvolvimento da relação entre Estado e capitalismo no nazismo e no
fascismo, realizam análise do desenvolvimento na razão no capitalismo nos Estados
totalitários, nazista e stalinista, e no Estado democrático. Essa análise constituiu os ensaios
que compuseram Dialética do Esclarecimento, que acabou por questionar o projeto de teoria
crítica como concebida na década de 1930 e modificou os trabalhos do Instituto.
Esclarecimento e totalidade social
O estudo de Pollock, “Capitalismo de Estado: Suas possibilidades e limitações”,
apresentava mudanças fundamentais do capitalismo privado para um novo tipo de
capitalismo, denominado de capitalismo de Estado. Embora o estudo partisse do exame do
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desenvolvimento econômico dos Estados totalitários, o teórico ressaltava que nada,
aparentemente, contradizia ser o mesmo diagnóstico pertinente aos modelos democráticos.
Enquanto no capitalismo privado as relações sociais eram mediadas pelo mercado, a
economia e o trabalho obedeciam às leis de mercado e os interesses que prevaleciam eram dos
pequenos grupos particulares e individuais; no capitalismo de Estado, o Estado se estabelecia
o grande mediador das relações sociais, o definidor da economia e do trabalho pela elaboração
de planos gerais e os interesses da coletividade enquanto interesses gerais permaneciam
superiores perante aos particulares. Nesse modelo, o Plano Geral seria a instância superior
que estabeleceria e coordenaria as funções nas quais o mercado havia sido deposto: controle,
coordenação e distribuição da produção e regulação do consumo (Pollock, 1982, p. 73).
Nesse tipo de capitalismo, novos métodos racionalizadores baseados em modelos
científicos se revelavam: estabelecimento do Plano Geral, planejamento constante da
economia pelo Estado definindo fins a partir de cálculo dos recursos disponíveis,
estabelecimento de políticas com ações e custos planejados e calculados, utilização de
políticas governamentais de gerenciamento por resultados, uso de métodos estatísticos e de
quantitativos para a definição da produção. No capitalismo de Estado, haveria o comando
governamental dos interesses coletivos e de todo processo econômico, o que resultava na
subordinação dos interesses individuais aos comuns e no controle dos indivíduos e constante
repressão de sua criatividade e liberdade (Pollock, 1982, p. 81).
O que o diagnóstico de Pollock revelava era a primazia da política sobre o econômico no
desenvolvimento capitalista que, ao contrário do que se esperava, não havia se convertido no
socialismo, o Estado emancipado, mas sim, havia consolidado formas totalitárias e
democráticas de capitalismo (Rugitsky, 2008, p. 67). Se na publicação de “Teoria tradicional
e teoria crítica” a perspectiva transformadora possível pela política era vislumbrada, o
capitalismo de Estado apontava que a racionalização havia levado a constituição de uma
totalidade sem contradições, em que o momento político transformador havia se perdido.
Influenciada pelo diagnóstico de Pollock e dedicada a ele, a Dialética do Esclarecimento,
escrita por Horkheimer e Adorno durante a II Guerra Mundial e publicada em 1947, visava
fazer um diagnóstico da razão na civilização ocidental para tentar compreender por que a
humanidade caminhava para a barbárie e não para um estágio emancipado (Horkheimer;
Adorno, 2006, p. 11). A obra demonstrava mudanças radicais no projeto da teoria crítica:
anunciava o fim das pesquisas interdisciplinares do Instituto e revelava o abandono da relação
entre teoria e práxis radical e ainda a descrença quanto às possibilidades de mudanças
significativas (Jay, 2008). Foram, desse modo, a abordagem metodológica interdisciplinar da
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teoria crítica e sua orientação para a emancipação, pontos fundamentais do projeto, colocados
em questionamento.
O que a Dialética revelou foi que a confiança na tendência do progresso histórico, isto é,
no progresso das forças produtivas, de superar a dominação social – que seria aspecto central
da análise marxista, cujo projeto de teoria crítica da década antecedente incluía – foi
declarado pelos autores como não realizado e não passível de realização. O progresso técnico
irrefreável na sociedade não havia eliminado a dominação, mas havia produzido formas de
dominação totalitárias. Se o projeto de esclarecimento intentava a superação do mito e a
condução dos indivíduos à autonomia, a progressiva dominação da natureza interna e externa
como “fim absoluto em si”, consequência do trabalho humano, havia convertido a própria
razão em mito (Horkheimer; Adorno, 2006, p. 38).
A relação entre dominação, trabalho e mito, para os pensadores, já se encontrava na
Odisseia de Homero no duodécimo canto, em que Ulisses resistia à sedução das sereias
atando-se ao mastro do navio, enquanto ordenava aos servos à continuidade do trabalho com
os ouvidos tampados para não ouvirem a canção sedutora. Assim, a constituição do “eu”
anunciava já nesse momento como vinda do domínio objetivo da natureza e da subjetividade,
possível de ser realizado pela divisão do trabalho. (Horkheimer; Adorno, 2006, p. 41).
A razão havia se tornado mitológica porque se constituiria como cálculo racional da
autopreservação, dando espaço para o estabelecimento dos regimes totalitários e progressivo
afastamento das perspectivas utópicas. A dominação não era externa, mas estava presente
“dentro do próprio pensamento” (Horkheimer; Adorno, 2006, p. 45).
Da mesma forma que Pollock analisou a coincidência entre as esferas da produção e do
Estado e, que Lukács diagnosticou a progressiva reificação das consciências pela expansão da
forma mercadoria no processo de racionalização, Horkheimer e Adorno esmiuçaram a
produção cultural no século XX, o que os levou a elaborar o conceito de indústria cultural. A
cultura havia passado a ser produzida segundo critérios gerenciais e racionais, demonstrando
intrinsecamente padrões repetitivos e mercadológicos. Não era mais a expressão da
individualidade ou da autonomia, mas expressão de padrões industriais, sendo ela própria
parte constituinte do processo produtivo, o que demonstrava – como Pollock já havia feito – a
justaposição das esferas. Nesse sentido, o proletariado não podia ser o sujeito da emancipação
– e nesse ponto, discordavam do diagnóstico de Lukács de 1923 – porque toda sua vivência,
inclusive o seu tempo livre, não era mais autônomo ou apartado do trabalho, mas sim
permeado pela lógica de produção do trabalho e, consequentemente, da troca e da mercadoria,
reiterando a análise de reificação das consciências dos proletários produzida por Lukács.
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A crítica que realizaram ao esclarecimento não era, apesar disso, antirracional. Como
anunciam no prefácio da obra, a concretização da liberdade “é inseparável do pensamento
esclarecedor” (Horkheimer; Adorno, 2006, p. 13). A razão, para os pensadores, havia sido
afastada de sua capacidade reflexiva, resultando no ofuscamento dos sujeitos. Disso resultava
a expansão do “pensar em bloco”, em que restaria aos indivíduos somente a escolha entre
totalidades, responsável por perda do pensamento reflexivo dos sujeitos, constituindo-os
como personalidades autoritárias, incapazes de pensar o outro, reduzindo o outro a um objeto
passível de dominação e, consequente, constituição de si próprio como ser reificado (Cohn,
1998).
A Dialética do Esclarecimento colocava em questão o princípio central do marxismo que
era a crença na emancipação da sociedade capitalista pelo trabalho, o qual o projeto da teoria
crítica formulado por Horkheimer aceitava afirmativamente. O trabalho, afirmava a Dialética,
produziu a crescente dominação da natureza pelos indivíduos, o que resultou na repressão e
dominação de si, o que, além de gerar supressão da capacidade criadora, produziu a constante
identidade dos sujeitos com o todo social da sociedade capitalista. A sociedade se constituiu
como totalidade, como mundo totalmente administrado. Se surgissem resistências a essa
totalidade, todas eram facilmente assimiláveis pelo sistema, destruindo qualquer capacidade
de não-identidade. Nesse sentido, se o trabalho não era potencialmente emancipador,
tampouco se perceberia de forma imanente possibilidade de emancipação em outra categoria
sob essa totalização da sociedade.
O entendimento da sociedade pelo marxismo como a relação entre base e estrutura4, sendo
a base, em que se localizariam as forças produtivas e relações de produção, determinante sob
a formação da superestrutura, resultou, muitas vezes, numa interpretação mecanicista dessa
relação. A teoria crítica, em seu projeto traçado por Horkheimer, compreendia tal relação a
partir da dialética, possível pelo entendimento da contradição entre essas esferas. Porém, o
que o estudo de Pollock sobre o capitalismo de Estado e a Dialética do Esclarecimento
4 Conforme Marx apresenta a existência é produzida pelos homens que entram em relações determinadas
apartadas de sua vontade. Essas relações são relações de produção que se veiculam às forças produtivas e “o
conjunto das relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se eleva
uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas sociais determinadas de consciência” (Marx,
1992, p. 82). Assim, enfatiza Marx que a superestrutura está determinada pelas condições da base material: “as
relações jurídicas, bem como as formas do Estado, não podem ser explicadas por si mesmas, nem pela chamada
evolução geral do espírito humano; estas relações têm, ao contrário, suas raízes nas condições materiais de
existência” (Idem, p. 82).
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anunciaram, foi a justaposição entre base e superestrutura. O Estado, a razão, a ideologia, a
cultura, que eram concebidas como parte da superestrutura, estavam sendo diagnosticadas
como partes do sistema produtivo da sociedade e, assim, parte da base, parte estrutural do que
consistiria a todo social. Se o projeto de teoria crítica de 1930 percebia a contradição entre
indivíduo e sociedade, a análise crítica presente na Dialética revela a diluição dessa
contradição e, consequente, coincidência do indivíduo com o todo social e contínua
objetivação da subjetividade.
Além disso, o potencial de emancipação – presente no projeto da teoria crítica de 1930 –,
que se situava na crítica à totalidade da sociedade possível de ser articulada no marxismo
interdisciplinar como totalidade positiva, apresentava-se como obstruído na Dialética em
virtude da práxis se revelar como dominada. Mesmo o positivismo, que havia estado presente
nas pesquisas até aquele momento, havia sido ele mesmo destruidor da “última instância
intermediária entre a ação individual e a norma social” (Horkheimer; Adorno, 2006, p. 37).
Assim, as pesquisas empíricas e interdisciplinares não poderiam ser continuadas. O fim da
percepção de possibilidade imanente de emancipação tornava qualquer perspectiva de crítica à
totalidade social impraticável e, portanto, o próprio projeto de teoria crítica se anunciava
impossível de prosseguir5.
A totalidade, que era percebida por um caráter duplo desde Lukács como constituída pela
reificação progressiva como falsa e pelo potencial emancipador como verdadeira, estava
tendo seu caráter falso sendo diagnosticado como o único. Dada pela interpretação das
condições sociais reais do período, a totalidade se pronunciava como totalitária e, desse modo,
não apresentaria mais orientação para a emancipação.
5 As gerações seguintes buscaram prosseguir com o projeto a partir de análise dos déficits produzidos pelo
diagnóstico da Dialética do Esclarecimento. Destacam-se, nessa tentativa, a teoria crítica de Jürgen Habermas na
segunda geração e de Axel Honneth, na terceira. Habermas tentou superar o fim da normatividade para o qual a
teoria crítica de Horkheimer e Adorno conduziram, ao propor considerar a sociedade não apenas a partir da égide
da categoria trabalho, mas também da ação comunicativa. Se a categoria trabalho revelava somente uma
racionalidade ausente de reflexividade, a categoria do agir comunicativo revelava uma razão comunicativa
pautada no agir cotidiano e não no agir voltado para fins vinculado à economia (Habermas, 2012, p. 588-589).
Honneth, partindo do diagnóstico do déficit normativo e sociológico que afirmou que havia sucumbido a
primeira geração e dos impasses que a ação comunicativa de Habermas levou (Honneth, 1991), Honneth propõe
partir do conflito social para compreender a sociedade, não da dominação, e a luta por reconhecimento como
forma estrutural da relações sociais (Honneth, 2009).
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Theodor W. Adorno, crítica à totalidade e emancipação
Apesar das aporias que chegaram, os teóricos críticos continuaram a produzir teoria. As
obras posteriores, elaboradas após o retorno à Frankfurt em 1950, se mantinham em diálogo
com os diagnósticos da Dialética, embora mudanças se nuançassem. Horkheimer,
continuamente preocupado com os movimentos econômicos e políticos, passou a expressar
pessimismo extremado, influenciado por Schopenhauer, sobre o progresso da civilização e
nos movimentos que intentavam qualquer resistência (Jay, 2008). Adorno, no entanto, volta
sua produção teórica para a crítica estética que tinha afinidade.
Músico e filósofo, Adorno contribuiu para a revista do Instituto de Pesquisa Social, mas se
vinculou de fato a este no período de imigração para os EUA (Jay, 1988; 2008). Seus estudos
anteriores, ensaios críticos sobre cultura e música e também sobre a filosofia da existência,
apresentavam sua proximidade com temas que eram e foram centrais à teoria crítica.
Tendo conhecido Horkheimer quando ambos eram estudantes, Adorno dividia com ele a
mesma preocupação com a Lebensphilosophie, realizando a crítica materialista dessa filosofia
que, ao enfatizar a subjetividade e a interioridade, minimizava a ação histórica, estabelecendo
uma teoria da identidade. A conclusão de sua habilitação em Filosofia intitulada
Kieerkegaard – A construção do estético, defendida em 1931, continha elementos da
concepção materialista-histórica que adotaria, além de revelar influência do marxismo de
Walter Benjamin (Jay, 2008). Em seu texto “O fetichismo na música e a regressão na
audição” de 1938, Adorno faz a crítica do caráter mercadológico que a cultura adquiriu,
assumindo a própria música, no caso a música ligeira, o caráter fetichista em que o valor de
troca aparece ilusoriamente como valor de uso (Adorno, 1996). Apesar dessas proximidades
com as análises materialistas, muitos comentadores da obra de Adorno ressaltam que o
filósofo pareceu nunca ter, de fato, aderido a certos pressupostos marxistas, como a ênfase no
trabalho e no proletariado ou o proletariado como condutor da emancipação (Buck-Morss,
1981; Jay, 1988).
Seu ensaio sobre a regressão da audição já anunciava a totalização da sociedade pela
coletivização constante, que liquidava a individualidade prosseguindo para um momento sem
retorno, diagnóstico que seria aprofundado na Dialética do Esclarecimento (Adorno, 1996, p.
108). Produzida com Horkheimer nos Estados Unidos, a Dialética declara o abandono da
antiga esperança do projeto interdisciplinar de buscar pela compreensão da totalidade os
potenciais emancipatórios, ao afirmar o que a barbárie da dominação total havia se instalado
na sociedade capitalista, tanto nas totalitárias quanto nas democráticas. O pensamento
reificado, identificado com o todo social, não tinha diferenças estruturais na Alemanha, na
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Rússia ou na América. Nas primeiras era conduzido pelos partidos, na última, pela indústria
cultural. A sociedade ocidental havia se constituído numa totalidade, em que todas as partes
estavam unidas e identificadas com o todo, formando o domínio social total, sem
possibilidade de contradição, excluindo qualquer negação do sistema. Cada indivíduo havia se
tornado o “ser genérico”, “o puro nada” abandonado à coletividade (Horkheimer; Adorno,
2006, p.120). Confirmou-se na Dialética o que antes era potencial, o indivíduo havia sido
eliminado (Horkheimer, Adorno, 2006, p. 127).
Horkheimer e Adorno, nos anos 1930, tinham preocupações aproximadas com a filosofia
da existência que exagerava na concepção de subjetividade, porém, após as experiências
totalitárias, ambos passaram a criticar o que aparentava maior risco à sociedade, que seria a
supressão da individualidade pela totalidade falsa. Apesar dessas semelhanças, haviam
distinções na produção teórica entre os dois em ambos os períodos. Antes da Dialética,
Horkheimer defendia que uma sociedade melhor poderia advir vir da revolução e a totalidade
também como positiva no que dizia respeito ao projeto interdisciplinar da teoria crítica; após,
seu diagnóstico é do desaparecimento do indivíduo e da constituição do mundo totalmente
administrado, da unicidade da totalidade falsa sobre a sociedade (Matos, 1990). Adorno, no
entanto, parece jamais mencionar a revolução como possibilidade mesmo na década de 1930
e, embora participasse das pesquisas do Instituto, seus textos nunca parecem defender a ideia
de totalidade como positiva; posteriormente a Dialética, o diagnóstico de Adorno é
semelhante ao de Horkheimer sobre o mundo administrado, mas parece se mover em
constante crítica a essa totalidade e, assim, esforçar-se para constituir uma teoria que fosse
práxis no sentido de evitar que Auschwitz se sucedesse novamente (Gagnebin, 2009). Parece,
desse modo, que as obras de Adorno posteriores a 1950 levantam alguns indícios de
possibilidades emancipatórias a partir da crítica à totalidade.
Em seus ensaios sobre sociologia das décadas de 1950 e 1960, Adorno analisa a sociedade
como funcional, em que os indivíduos “se encontram cada vez mais identificados, como
triunfo da integração, até em suas mais íntimas formas de comportamento com o que lhes
ocorre” (Adorno, 2004, p. 17, tradução própria). No entanto, o filósofo ressalta que a
sociedade não deveria ser vista como “petrificada” e que não se deveria “eternizar a vida
falsa” (Adorno, 2004, p. 18, tradução própria). Se “o todo é o não-verdadeiro”, seria preciso
criticar essa totalização e ressaltar, pelo que é fragmentário, o que resta nesse de negação à
integração (Adorno, 2008, p. 46). Adorno aborda, a partir desse período, possíveis
contraposições a essa integração social, enfatizadas na arte e na dialética negativa.
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Adorno parece se voltar ao estudos críticos da estética no período pós-Dialética, por
vislumbrar nas obras de arte, principalmente, na arte moderna, possibilidades utópicas (Jay,
1988; Paddison, 2004). Em sua última obra, Teoria Estética, Adorno enfatiza que a arte
moderna, pela sua negatividade absoluta, expressaria a utopia pela “recusa intransigente da
aparência de reconciliação” (Adorno, 1982, p. 46). Teria a estética o potencial em si de conter
o não-idêntico, rejeitando a identificação com a “experiência externa coisificante” (Adorno,
1982, p. 15). Na arte, a objetividade se daria pela conservação da experiência humana
individual, que preservaria a coesão pela esperança e desilusão (Adorno, 2003, p. 23).
Além disso, seus ensaios do mesmo período apresentam reformulação das concepções
defendidas na tese da indústria cultural presente na Dialética do Esclarecimento. Esses
ensaios parecem apontar a “descontinuidade entre a intenção com que o produto é concebido
e seu efeito sobre a consciência dos espectadores” (Gatti, 2008, p. 91). No ensaio “Tempo
livre”, por exemplo, Adorno apresenta que apesar do grande o índice de espectadores do
casamento da princesa da Holanda, que havia sido televisionado, alguns estudos
demonstraram que poucas pessoas atribuíram importância ao fato, parecendo indicar que as
pessoas consumiam o que a indústria cultural lhe oferecia, no entanto, “com um tipo de
reserva”. Adorno, surpreso com os dados, declara que seria evidente que “ainda não se
alcançou inteiramente a integração da consciência e do tempo livre. Os interesses reais do
indivíduo ainda são suficientemente fortes para, dentro de certos limites, resistir à apreensão”
(Adorno, 1995, p. 81).
Na Dialética Negativa, o filósofo se propõe a realizar crítica à dialética hegeliana que,
apesar de pretender-se negativa, sua negatividade se colocava como afirmação, como
reconciliação e rejeitava o não-idêntico (Repa, 2011). Ao fundamentar-se sobre o princípio da
identidade, a dialética hegeliana – que era base das teorias de Marx e Lukács – enfatizava à
integração com a totalidade social (Nobre, 1998; Repa, 2011). Adorno buscava sair dessa
identidade pela dialética negativa, que recusava a reconciliação, tomando toda a realidade
como ilusão socialmente necessária e, portanto, não tendo qualquer função afirmativa,
restando a ela somente “expressar incessantemente a dor sufocada do indivíduo e da natureza
em cada célula do corpo social” (Repa, 2011, p. 282).
Ainda cabe ressaltar que, nos estudos desse período, Adorno faz crítica à sociologia
positivista como dominação e teoria da identidade, ressaltando, por vezes, que o papel da
sociologia deveria ser o de preservar a autenticidade da vida humana, sua integridade pela
negação à identificação (Adorno, 2008). Em sentido similar, no “Ensaio como forma”, o
filósofo enaltece a não-identidade da vida aos conceitos que o formato de ensaio auxiliaria a
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manter e apresenta o formato como possível de recusa à cientificidade, à totalização e à
verdade afirmativa pelo seu formato não-conclusivo (Adorno, 2003).
O que esta pesquisa pretende entender é como e em que medida a teoria social crítica de
Adorno concebe esses potenciais de emancipação e se, desse modo, desvincularia-se de um
diagnóstico pessimista e ausente de normatividade conforme costumam associar sua obra.
Além disso, cabe perguntar que, se há vislumbres sobre emancipação na produção teórica
posterior à Dialética, no que foi alterado no diagnóstico histórico-social de Adorno nos anos
posteriores ao período do totalitarismo que possibilitaram essa modificação. A fim de atingir
tais objetivos, a investigação intentará articular os conceitos de totalidade e emancipação
partindo do diagnóstico na Dialética do Esclarecimento, momento que é considerado
emblemático pela produção de aporias que levaram a impossibilidade de continuar a teoria
crítica da sociedade, para as obras posteriores do filósofo , considerando a relação da teoria
com o contexto histórico-cultural em que foram articulados.
III. Objetivos
O objetivo central dessa pesquisa é entender como e em que medida o diagnóstico crítico
à totalidade social elaborado por Theodor W. Adorno vislumbra potenciais emancipatórios a
fim de compreender como se articulam totalidade e emancipação em sua teoria social crítica.
Entendendo os conceitos de totalidade e emancipação como aspecto fundamental ao
problema central dessa pesquisa, a investigação pretende analisar o desenvolvimento desses
conceitos por toda a produção teórica de Adorno, e ainda seguir as influências teóricas
presentes na elaboração desses conceitos pelo pensador.
Constituem ainda objetivos específicos da pesquisa: a compreensão histórica e cultural da
construção da teoria social crítica de Adorno, a relação da teoria elaborada por Adorno e o
projeto de teoria crítica, a crítica à sociologia tradicional e a concepção de sociologia de
Adorno, a recepção e interpretação da obra de Adorno pelas gerações posteriores da teoria
crítica.
IV. Métodos
A leitura mais pertinente dos textos de Adorno deve privilegiar a relação entre
historicidade e teoria, que é própria da reformulação necessária do diagnóstico social que se
propõe a teoria crítica. A ênfase ensaística do pensador e sua preocupação com o estilo na
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composição textual também não podem ser ignoradas na compreensão de seu pensamento
(Gatti, 2008). A pesquisa, nesse sentido, buscará se orientar pela articulação entre
pensamento, história e linguagem para compreender e analisar a teoria social crítica elaborada
por Adorno.
Esse trabalho não se prenderá somente a uma análise interna, partindo dos textos,
conceitos e da análise da história que foi produzida na teoria, ou uma análise externa, partindo
da posição social e intelectual em que o pensador estava colocado, mas intentará apreender a
produção teórica de forma dialética entre ambas as posições. Assim, embora a análise
pretendida seja sobre os conceitos de totalidade e emancipação elaborados por Adorno, essa
realização não será apartada de uma análise social e cultural, investigando ideias e atividades
tanto manifestas quanto implícitas. Igualmente fundamental será conceber a pertença do
pensador, teórica e socialmente, ao conjunto de intelectuais que se denominaram portadores
do projeto da teoria crítica da sociedade, a chamada também Escola de Frankfurt,
considerando que o estabelecimento de qualquer grupo pressupõe a existência de “mundo
externo” e de ideias e ações partilhadas que constitui a sua distinção como grupo e, ainda
revela para fatores sociais e culturais mais amplos do estabelecimento dessa associação
(Williams, 2011).
Considerando a extensão da produção teórica de Adorno, a análise bibliográfica a ser
realizada nessa pesquisa enfatizará os textos produzidos pelo pensador após 1947, data de
publicação da Dialética do Esclarecimento, obra escrita em colaboração com Horkheimer que
é fundamental no tratamento do tema totalidade e emancipação, cerne dessa pesquisa. Serão
investigadas com rigor as obras Dialética do Esclarecimento e Minima Moralia, obras
publicadas no período de exílio de Adorno, bem como seus ensaios produzidos durante as
décadas de 1950 e 1960 no retorno à Alemanha, e ainda não serão negligenciadas as obras
Dialética Negativa e Teoria Estética consideradas obras de maturidade.
Os textos anteriores a Dialética do Esclarecimento serão abordados para examinar como a
crítica a totalidade e as possibilidades emancipatórias são trabalhados nesse período, mas
também com a finalidade de compreender o percurso teórico do autor a fim de resgatar o
sentido do conjunto de suas contribuições teóricas.
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