Trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Restauração ... · quando uma obra necessitar de uma...

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18 CURSO INFORMATIVO DE PRESERVAÇÃO DE

ACERVOS BIBLIOGRÁFICOS E DOCUMENTAIS

Laboratório de Restauração

2016

Trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Restauração

Fundação Biblioteca Nacional

Antes de se discutir questões que envolvem a

restauração de acervos bibliográficos e documentais,

algumas considerações sobre princípios éticos são

importantes de serem abordados quando se trata de

restaurar acervos do patrimônio cultural.

Como toda intervenção direta sobre a matéria supõe

sua modificação por adição de produtos novos,

subtração de produtos decorrentes do seu

envelhecimento, manufatura ou por alteração física,

química dos materiais originais, devemos refletir sobre

nossas ações.

Princípios éticos

Respeito à integridade

Menor intervenção

Reversibilidade/Retratabilidade

Diferenciação entre o novo e o original

Documentação

Respeito à integridade

ROELAS E PAZ, Marco de los estímulos del Divino Amor, 1729

A obra – gerada a partir de uma determinada técnica, processos de fabricação e

modificações sofridas ao longo de sua existência.

Os registros, assinaturas de propriedade, ex-libris, censuras, anotações,

desenhos, intervenções anteriores, devem ser analisados com cuidado e com

conhecimento, pois ao remover determinada característica, por não reconhecê-

la como tal, acarretará perdas e prejuízos históricos para o objeto, muitas vezes

irrecuperáveis.

Menor intervenção

PORTO-ALEGRE, Manuel de Araujo. Árvores – século XIX

Utilização de técnicas apropriadas,

com um menor impacto nas

modificações das características

materiais e estruturais do objeto,

precedidas de testes preliminares.

O conhecimento e a perícia devem

prevalecer na tomada de decisão

quando uma obra necessitar de uma

intervenção mais profunda, pois o não

reconhecimento dessa necessidade

ou a decisão pela menor intervenção

podem não contribuir para sua

preservação.

PORTO-ALEGRE, Manuel de Araújo

Árvores - século XIX

Reversibilidade/Retratabilidade

Remoção de laminação

Remoção da laminação em papel de pasta de madeira

Academie de L`Espée … 1628

As definições de reversibilidade

evoluíram, segundo MUÑOZ VIÑAS

(2003, p.111), em respostas às

limitações que o próprio termo

impõe, não sendo possível e nem

aplicável na prática um critério

baseado no retorno à condição

anterior à intervenção.

Retratabilidade

Rolos japoneses - XIX

Percebendo que o conceito de

reversibilidade é limitado, a

aplicação do termo passou a ser

renomeada para o conceito de

retratabilidade, introduzido por

Bárbara Appelbaum, na década de

80.

Esta mudança de entendimento

acabou ampliando o

comprometimento dos

conservadores-restauradores em

relação às suas intervenções, dado

que toda e qualquer intervenção

trará uma consequência concreta

para o objeto.

Diferenciação entre o “novo” e o original

Em relação aos acervos bibliográficos e documentais, CLAVAÍN (2009, p.19)

aponta para a necessidade de uma clara diferenciação entre os materiais a fim de

estabelecer uma integridade física nos suportes. Para o autor, os materiais novos

devem, em seu primeiro propósito, permitir a consolidação e a reestruturação

do suporte degradado e não somente responder a uma intencionalidade estética.

Intervenção neutra.

ALPOYN,Joze Fernandes Pinto. Exame de Artilheiros, 1744

Documentação

Martinet, A. Tijuca, XIX

Registros: quanto aos procedimentos

e materiais empregados, estes devem

ser documentados, fotografados e

disponibilizados, tendo como objetivo

não só o registro sobre os

procedimentos a que a obra foi

submetida, mas visar também garantir

a possibilidade de acompanhar no

futuro as possíveis reações,

alterações ou acertos nos tratamento

aplicados.

Material desestruturado e fora de consulta.

Risco de agravamento do dano e perdas

maiores.

Risco de saúde daqueles que manuseiam.

Para fins de exposição.

Para a produção de fac-símiles.

Para fins de digitalização.

Por que restaurar?

Quando a restauração é necessária?

Analisar

Refletir

Levantar hipóteses

Elaborar estratégias de tratamento

Pensar todo o procedimento antes: passo a passo.

Pensar todo os materiais e equipamentos a serem

util izados.

Executar

Análise de risco na restauração

Avaliação do estado de degradação

Documentação fotográfica

Diagnóstico

Numeração (bibliográficos e documentais)

Desmonte da costura

Ficha de desmonte e relação de caderno

Ficha de diagnóstico

Limpeza mecânica

Teste de solubilidade

Tratamento aquoso

Reconstituição do suporte

Encadernação/Acondicionamento

Principais atividades técnicas do processo

de restauração

Banco de imagens

Ficha de diagnóstico

Numeração

Higienização

Soltar a encadernação.

Descosturar o livro.

Cortar as linhas da costura que

prendem os cadernos do livro.

Desfazer a costura dos cadernos.

Desmonte

Reclamo e Assinatura

Testes

Tratamento aquoso

Reintegração mecânicaMáquina Obturadora de Papel - MOP

MOP – década de 70 e 80

Vinyector- FBN década de 80 e 90

Vicente Viñas

Baseado no modelo Leafcasting machine,

atribuído à restauradora búlgara Esther Alkalay

1967

MOP – Dinaman 2016

Uso da MOP na recuperação dos suportes

Problemas de infestação

Traité des manieres de

dessiner les ordres de

l'architecture antique

en toutes leurs parties

A. BOSSE 1664

CORDEL Triplicado de amor 1680

Vivae imagines partium corporis humani aereis formis expressae

Juan Valverde de Amusco - 1566

Metodologia para reintegração

Fibras coloridas e

receituário de tons

Cálculo da MOP

1- calcular a gramatura do documento

original

peso ÷ área = g/m²

2- calcular a área útil da MOP (considerar

as margens)

largura x comprimento = área em m²

3- calcular a quantidade de polpa seca

para fazer uma folha com a mesma

gramatura da folha original com as

dimensões da área útil da MOP.

4- calcular a diferença entre o peso da folha

original e da folha com as dimensões da

área útil da MOP.

5- esta diferença é a quantidade de polpa

seca necessária para a reintegração da

folha original.

6- Para cada 1g de polpa seca usar 100 ml

de água.

Reconstituição do suporte por meio da MOP

Reconstituição do suporte por meio da MOP

Reforço do centro e margens do folio

Luis de Camões

OS LVSIADAS

1609

Processo de digitalização Processo de microfilmagem

Encadernação

A partir do séc. III a.C., o couro passou a ser

tratado de forma especial para se tornar mais

próprio como suporte de escrita. O

desenvolvimento desta técnica se atribui a

Pérgamo, cidade ao noroeste da Ásia (hoje

Turquia) onde a produção de pergaminho era

praticada em larga escala, e de onde o nome

pergaminho se origina.

Empregavam-se as peles de cordeiro, cabra,

ovelha ou de outro animal. A pele era

mergulhada em água de cal durante alguns

dias para retirada dos pelos e para eliminar a

gordura. Sem curtir, a pele era raspada com

instrumentos afiados e os dois lados eram

polidos com pedra-pome para se obter uma

superfície lisa.

Fonte: Tatiana Christo

Pergaminho

Fonte: Tatiana Christo

Fonte: Tatiana Christo

Fonte: Tatiana Christo

Fonte: Tatiana Christo

COURO ALUMADO

(alum tawed skin, alum tanning)

• Usado no séc.XII para capas e nervos.

• São mais resistentes e duram mais que as peles curtidas.

Processo:

• São salgadas.

• Colocadas em solução de cal para remover pelos e gordura.

• As fibras se separam e incham.

• São neutralizadas. Uma enzima é usada para remover proteínas não

desejadas.

• A pele é acidificada numa grande quantidade de sal que previne de

• danos por ácido.

• Quando o equilíbrio é alcançado, a solução ácida é drenada.

• Solução mistura de sal, alúmen de potassa e óleo. As peles ficam

nesta solução por dois dias e depois são empilhadas para escorrer.

• São penduradas para secar. São empilhadas por 3 semanas.

• Processo de acabamento: são umidificadas e esticadas em bastidores

para secar e planificar.

Christopher Clarkson - inglês

Encadernação flexível em pergaminho

Participou da operação de resgate e

recuperação dos livros danificados pela

inundação na cidade de Florença em 1966.

1- Simplicidade de construção;

2- Leveza;

3- Qualidades mecânicas - boa

abertura;

4- Durabilidade dos materiais que

a compõem;

5- Mínima utilização de cola.

Encadernação flexível em pergaminho

Estrutura apropriada para fins de conservação

Encadernações utilizadas na Biblioteca Nacional para fins de preservação

• Flexível - Plena em pergaminho

• Espinosa

Quando são usadas?

SAN PEDRO, Diego. Carcel de amor

1523

Sem encadernação

Livro de la monteria que mando escribir el muy…

1582

ARGOTE de Molina, Gonzalo

Encadernação comercial

Encadernação Plena – Flexível em pergaminho

Pinto renascido, empennado e desempennado

Thomaz Pinto Brandam - 1732

Modelo Espinosa

Luis de Camões

OS LVSIADAS

1609

Marcação dos nervos

Cabeceado duplo

Restauração da Encadernação

Memorável relaçam da perda da Nao Conceicam … 1627

Le transformationi di M. LUDOVICO DULCI, 1555

Horatius Flaccus - 1683

Don Ivan Velazquez de Azevedo

El Fenix da Minerva

1626

MISSALE 1756

ACONDICIONAMENTOS

Adotados no Laboratório de Restauração para Obras Raras e Preciosas

Caixa com cadarço

Códice acondicionado em caixa portfólio

Esquema da caixa portfólio

Conjunto encadernado em

pergaminho

Conjunto acondicionado em

caixas portfólio

Obrigada

Bem-vindo ao UNIVERSO da Conservação e Restauração

de acervos bibliográficos e documentais