Trombose tumoral de cava

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Dr. Márcio Filippo

Serviço Cirurgia Vascular HUCFF/UFRJ – Rio de Janeiro –RJ – Brasil

LEIOMIOSSARCOMATOSE UTERINA INTRAVENOSA: RELATO DE CASO

Paciente feminino, anos, sem co-morbidades, que durante investigação diagnóstica de anemia, realizou TC de abdome, sendo identificado massa pélvica.

A TC revelou volumosa massa pélvica, com a presença de extenso trombo acometendo veia gonadal e renal esquerdas, além da cava inferior e átrio direito.

Ao exame físico a paciente encontrava-se em regular estado geral, descorada (++/4+), acianótica e anictérica.

Presença de anasarca (ascite e edema de MMII).

Presença de volumosa massa pélvica e circulação colateral em parede anterior do abdome.

Sem demais alterações significativas.

Cirurgia realizada sob monitoramento com Ecocardiografia trans-esofágica, não sendo evidenciado sinais de TEP.

Circulação extra-corpórea total (Bypass cardiopulmonar normotérmico) realizado com canulização das veias cava superior e femoral direita, e retorno no arco aórtico.

Heparinização plena durante a CEC. Paciente evoluiu com resposta inflamatória importante no pós-

operatória, falência múltipla de órgãos e óbito no DPO. Resultado do exame histopatológico revelou Leiomiossarcoma

Mixóide de corpo uterino.

Os tumores que cursam com trombose tumoral de veia cava mais frequentemente são o Carcinoma de células renais (85% dos tumores renais), o carcinoma de adrenal, o hepatocarcinoma, a leiomiomatose uterina intravenosa, o leimomiossarcoma uterino, o Tumor de Wilms e o leiomiossarcoma primário de cava.

A trombose tumoral da cava tem incidência de 4 a 15% nos carcinomas de cels renais.

O envolvimento do átrio direito acontece em 1% dos casos. A trombose tumoral nos carcinomas de cels renais apresenta

85% de sobrevida em 5 anos após tratamento cirúrgico. Os sarcomas uterinos correspondem a 3% dos tumores

malignos do corpo uterino e o Leiomiossarcoma corresponde a 1%.

Leiomiossarcomas surgem de novo e não de leiomiomas pré-existentes.

A degeneração mixóide dos leiomiomas é comum, porém as alterações mixóides em Leiomiossarcomas é rara (26 casos publicados na literatura).

O LMS mixóide não apresenta relação com fatores de risco para as Neoplasias de corpo uterinos mais comuns.

Apresenta associação com o uso do Tamoxifeno. Diagnósticos diferenciais principais: Leiomiomatose e sarcoma

endometrial estromal de baixo grau.

Características histopatológicas dos LMS: atipia nuclear difusa, moderada a severa; >10 mitoses por campo; necorse celular tumoral.

Apresentam aparência gelatinosa , com bordos aparentemente bem delimitados.

Podem expressar receptores para estrogênio, progesterona e androgênio em 30 a 40% dos casos (uso de agonistas do GnRH).

Imunohistoquímica: presença de desmina, vimetina e actina de músculo liso.

A presença do marcador Ki67 pode auxiliar no diagnóstico de malignidade.

CA125 pode estar elevado.

Teorias para explicar invasão venosa importante: origem em cels musculares lisas dos vasos uterinos, ou crescimento digitiforme para o sistema venoso.

RxT melhora controle loco-regional. QT ?

Técnicas cirurgicas:

Ligadura da cava inferior. Ressecção da cava inferior com ou sem reconstrução. Tromboembolectomia com cateter de Fogarty ou sonda de

Foley Tromboembolectomia aberta (aderências firmes Oclusão temporária da artéria renal. Manobra de Pringle. Clampeamento aórtico. CEC com ou sem hipotermia e parada circulatória total

(coagulopatia, sequela neurológica, disfunção de órgãos sólidos)

Complicações pós-operatórias – 41 a 60%. Embolia pulmonar sem CEC – até 16% Trabalho comparando cirurgia com e sem CEC: TX sanguínea – 3750 ml (5100ml) Sangramento severo – 16% (10,5%) Trombose de cava e TEP – 12,9% (10,3%) Falência respiratória – 24% (10,3%) Insuf renal – 11,3% (10,3%) Falência cardíaca – 4% (0%) Necessidade de reop – 5,3% (4%) Mortalidade – 16% (5,3%) p<0,05

fim