Post on 07-Oct-2015
description
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLNDIA - UFU
FACULDADE DE ENGENHARIA ELTRICA FEELT
MESTRADO EM ENGENHARIA ELTRICA
UM MODELO ESTRATGICO PARA A ANLISE DE CRDITO
UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS
IRIS ROSANE NETTO PIRES
UBERLNDIA MG
ii
IRIS ROSANE NETTO PIRES
UM MODELO ESTRATGICO PARA A ANLISE DE CRDITO
UTILIZANDO REDES NEURAIS ARTIFICIAIS
Dissertao apresentada Faculdade de Engenharia Eltrica FEELT da Universidade Federal de Uberlndia, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre em Cincias. rea de Concentrao: Processamento da Informao. Linha de Pesquisa: Inteligncia Artificial. Orientador: Professor Dr. Keiji Yamanaka.
UBERLNDIA - MG
AGOSTO 2008
iii
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
P667m
Pires, ris Rosane Netto, 1958- Um modelo estratgico para a anlise de crdito utilizando redes neurais artificiais / ris Rosane Netto Pires. - 2008. 109 f. : il.
Orientador: Keiji Yamanaka. Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Uberlndia, Pro- grama de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica. Inclui bibliografia.
1. Administrao de crdito - Teses. 2. Redes neurais (Computao) - Teses. I. Yamanaka, Keiji. II. Universidade Federal de Uberlndia. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Eltrica. III. Ttulo.
CDU:
658.88
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de Catalogao e Classificao
iv
IRIS ROSANE NETTO PIRES
Um modelo estratgico para a anlise de crdito
utilizando redes neurais artificiais
Dissertao apresentada Faculdade de Engenharia Eltrica FEELT da Universidade Federal de Uberlndia, perante a banca de examinadores abaixo, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mestre em Cincias. rea de Concentrao: Processamento da Informao. Linha de Pesquisa: Inteligncia Artificial. Orientador: Professor Dr. Keiji Yamanaka.
Uberlndia, 04 de Agosto de 2008.
Banca Examinadora:
______________________________________________________________________
PROFESSOR DR. KEIJI YAMANAKA ORIENTADOR FEELT (UFU)
______________________________________________________________________
PROFESSOR DR. LUCIANO VIEIRA LIMA FEELT (UFU)
______________________________________________________________________
PROFESSOR DR. ALEXSANDRO DOS SANTOS SOARES - UFG
v
Ensina-nos Senhor, a contar os
nossos dias, de tal maneira que
alcancemos coraes sbios.
(SALMOS 90:12)
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, por tudo que a mim tem feito. Alm de ter aberto as portas para este
estudo, esteve comigo presente em todo o tempo, a todo o momento, me abrindo a
mente, me dando foras em cada processo vivido, revigorando meu nimo quando este
queria desfalecer, colocando pessoas amigas que como anjos me ajudaram quando eu
pensava que no ia conseguir, e acima de tudo, por ter me proporcionado grandes
vitrias, em cada etapa vivida neste curso, desde o primeiro passo, at a reta final.
A toda minha famlia, meu irmo e cunhada, minhas irms e cunhados, minhas
sobrinhas e sobrinhos, que entenderam o tempo de ausncia e sempre se preocuparam
comigo, me ajudando em todos os processos que passei no perodo em que durou este
curso, entre eles, o de enfermidade, onde no faltou um gesto de carinho, uma palavra
de amor, uma orao, me acolhendo em seus lares para que eu pudesse me convalescer
e restaurar o nimo, para assim, iniciar a jornada.
Ao estimado professor e orientador Dr. Keiji Yamanaka que, como mestre,
sempre foi dedicado e atencioso, transmitindo com sabedoria, todos os ensinamentos
necessrios realizao deste curso e como orientador, foi um grande amigo que
sempre esteve presente, com pacincia e com palavras de incentivo e perseverana, me
orientando em tudo que eu precisava para desenvolver este trabalho, em cada etapa
desta dissertao.
querida amiga Profa. Dra. Tnia Teixeira, que me despertou para a idia de
fazer este curso, me incentivando, orientando e ajudando desde o projeto inicial. Esteve
comigo em todas as etapas, onde como mestre, sempre que eu precisava, estava pronta a
me ajudar, com bons e sbios conselhos e ensinamentos profissionais, num perodo em
que tive oportunidade de aprender e conhecer grandes coisas. Como grande amiga,
sempre teve uma palavra de f, de carinho e de perseverana, jamais permitindo que eu
desanimasse em qualquer tempo.
Ao querido amigo Marcos, que desde o incio acreditou nesta vitria, e por
inmeras vezes, quando as foras se esvaam, estava ao meu lado, e com palavras
amigas e encorajadoras me impulsionava a seguir adiante, a no desanimar, a no
vii
desistir. Alm dos incentivos, jamais mediu esforos para me ajudar com os trabalhos e
projetos que tive que desenvolver ao longo deste curso.
querida amiga e colega Neli, que iniciou o curso comigo, quando tivemos a
oportunidade de convivermos durante os trabalhos, as pesquisas, as aulas de reforo.
Amiga sempre presente, que, independente dos processos que passvamos, jamais
desanimava, lutando em todo o tempo para que eu tambm no desanimasse, me
encorajando com conselhos sbios e exemplos de vida e juntamente com seu esposo, o
tambm amigo, Prof.Dr. Romildo Malaquias, sempre se dispunham a me ensinar o que
lhes era de competncia.
Ao querido amigo e colega Joo Barbosa, que me ajudou na parte da
programao, sempre disposto a qualquer hora e momento, a refazer, a recomear, para
que o modelo fosse a cada dia melhorado, no faltando palavras de incentivo, fazendo
sempre que necessrio, as crticas construtivas, para o aperfeioamento de todo o
processo deste trabalho.
querida amiga e companheira Jane, que me ajudou com a estruturao do
trabalho, sempre disposta e paciente, fazendo as correes necessrias com dedicao,
me encorajando sempre, com palavras de f, de elogio e incentivos ao desenvolvimento
desta dissertao.
s queridas amigas Kel e Sandrinha, sempre presentes, desde o incio
acreditando tambm nesta vitria, e como amigas e companheiras, me encorajando
sempre, com gestos de carinho, de f e tambm de conforto quando o nimo faltava,
chorando comigo quando precisava e sorrindo nos bons momentos, a cada conquista e
vitria, sempre me ajudando para que a f e a determinao jamais faltassem em meu
corao.
Ao caro colega de trabalho Gilberto, gerente financeiro e analista de crdito da
empresa objeto deste trabalho, que propiciou este estudo de caso, quando autorizou a
efetivao do trabalho dentro da empresa, inclusive me ajudado com seus incentivos e
orientaes, baseadas em sua larga experincia na rea financeira e de crdito. Agradeo
de corao, a todos os integrantes da empresa Alfa, sem os quais, no seria possvel a
realizao deste estudo, meus queridos colegas de trabalho, que sempre me
incentivaram e entenderam os perodos de ausncia e em todo o tempo, me dedicaram
carinho e me respeitaram como profissional.
viii
Ao querido amigo Roberto ngelo, que tive o grande prazer de conhecer no
incio deste curso por meio de uma consulta profissional, e a partir da, formou-se uma
grande amizade, onde pude contar grandemente com seus conselhos e orientaes em
todo o perodo desta dissertao. A partir das orientaes, pela sua larga experincia nas
reas que so base deste trabalho, me passava segurana, sempre me incentivando a
seguir em frente, a no desanimar jamais mediante os obstculos que amos encontrando
Agradeo de corao a pacincia, dedicao e perseverana que este bom amigo teve
em todo o tempo, sendo um dos grandes colaboradores para as grandes vitrias que tive
durante todo o percurso desta dissertao.
estimada Marly, como responsvel pela coordenao da ps-graduao, foi
sempre dedicada, e com carinho, respeito e ateno, jamais deixou faltar a orientao
eficiente e o apoio necessrio para os procedimentos indispensveis efetivao deste
trabalho.
A todos os professores que tive a oportunidade e o prazer de ser aluna no
decorrer deste curso, que com profissionalismo, dedicao e pacincia, me ensinaram e
me orientaram em suas respectivas disciplinas, para que eu pudesse adquirir uma base
slida e obter subsdios para melhor desenvolver este estudo. E a todos os colegas, que
com compreenso e carinho, me ajudaram com os trabalhos e os projetos que tive que
desenvolver.
Finalmente, agradeo a todas as pessoas que de alguma forma me auxiliaram
durante este curso de mestrado. Seja com alguma parcela que propiciaram a construo
dos raciocnios para o trabalho, seja com palavras de incentivo, de carinho, com suas
oraes, enfim, a todos que estiveram comigo nesta jornada de muitos processos e lutas,
mas principalmente, de muito aprendizado, crescimento, alegrias e vitrias.
ix
RESUMO
O presente trabalho reflete um estudo de caso realizado em uma empresa de
factoring, que atua na rea de fomento mercantil, destacando as negociaes
relacionadas ao crdito financeiro com suas empresas-cliente, notadamente as micro e
pequenas empresas. Aborda o modelo de anlise de crdito por ela utilizado,
ressaltando-se que, aps uma reviso bibliogrfica selecionada e um estudo profundo de
seu mtodo e processo de anlise, verificou-se alguns gaps, que conferem s suas
negociaes, aes de concesso de crdito com riscos eminentes. Buscando dar suporte
aos analistas da referida empresa no processo de anlise, bem como, proporcionar-lhes
uma diretriz mais eficaz na tomada de deciso, props-se neste trabalho, um modelo
estratgico para anlise de crdito, empregando abordagens contemporneas, com o
objetivo de agregar valor e dar uma nova nfase ao modelo utilizado. O modelo
proposto estruturado pelo uso de duas ferramentas conceituais: anlise subjetiva de
crdito, aplicada de forma padronizada e conceitos de ativos intangveis para qualificar
e quantificar os riscos na gesto do portflio; e uma ferramenta computacional,
especificamente tcnicas de redes neurais artificiais, para processar, aprender e
generalizar o modelo proposto, e a partir da, formar um diagnstico mais acertado para
os futuros clientes. Assim, aps a elaborao do modelo, foram realizados vrios testes,
cujos resultados foram considerados promissores e com um bom nvel de proficincia.
Tanto a abordagem contempornea utilizada foi considerada proeminente, como a
aplicao da rede neural demonstrou alta performance para tratar os dados
multivariados a ela propostos.
Palavras-chave: crdito, anlise de crdito, anlise subjetiva de crdito, ativos
intangveis, redes neurais artificiais.
x
ABSTRACT
The present work reflects a case study done at a factoring company, acting in the
area of market fomenting. This work focuses on the negotiations related to financial
credit done with its client businesses, notably micro and small companies. It examines
the credit analysis system utilized, highlighting that, after a selected bibliographical
review and a deep study of its method and analysis process, some gaps were found
which give its negotiations credit concession actions of high risk. With the objective of
giving support to the analysts of the aforementioned company in the analysis process, as
well as conferring a more efficient directive for decision making, this work proposes a
strategic credit analysis model which uses contemporary approaches with the objective
of aggregating value and giving new emphasis to the model used. The proposed model
is based on the utilization of two conceptual tools: subjective credit analysis, applied in
a standardized way and concepts of intangible assets to qualify and quantify the
portfolio management risks; and a computational tool, artificial neural network
techniques specifically, to process, learn and generalize the proposed model, and from
there, form a more accurate diagnosis for future clients. Therefore, after the elaboration
of the method, several tests were made, the results of which were considered promising
and with a good proficiency level. Not only was the contemporary approach utilized
considered prominent, but also the application of neural networks demonstrated high
performance handling the multivariate data given to it.
Key-words: credit, credit analysis, subjective credit analysis, intangible assets, artificial
neural networks.
xi
LISTA DE FIGURAS E GRFICOS
Figura 1 Os Cs do Crdito .......................................................................................... 29
Grfico 1 - A presena das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira ......... 35
Figura 2 - Esquema de uma Rede Neural MLP .............................................................. 45
Figura 3 O Modelo de anlise de crdito da empresa Alfa ......................................... 55
Figura 4 - Modelo proposto para o processo de anlise de crdito da empresa Alfa ..... 67
Grfico 2 Processamento da RNA: evoluo do erro por ciclos de treinamento ........ 72
Grfico 3 Processamento da RNA: comparao entre os erros reais e os calculados . 72
xii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Volume das Operaes de Crdito do Sistema Financeiro Brasileiro ........... 16
Tabela 2 - Classificao das Micro e Pequenas Empresas (MPEs) ................................ 34
Tabela 3 - Descrio da estrutura de uma RNA MLP .................................................... 46
Tabela 4 - Processo de classificao do modelo de anlise de crdito proposto ............ 61
Tabela 5 Amostra da base de dados para a classificao dos clientes..........................62
Tabela 6 Legenda da amostra da base de dados...........................................................62
Tabela 7 - Percentual de empresas no processo de classificao do modelo proposto .. 63
Tabela 8 - Procedimentos utilizados na estruturao do modelo proposto .................... 66
Tabela 9 - Estrutura do processo de implementao da RNA para o modelo proposto. 70
Tabela 10 Testes do desempenho da RNA no modelo de anlise de crdito proposto 71
xiii
SUMRIO
1 INTRODUAO ...................................................................................................... 02
1.1 Caracterizao do problema .......................................................................... 04
1.1.1 Obstculos destacados nos fatores tcnicos ................................................ 04
1.1.2 Obstculos destacados nas negociaes entre a factoring e as MPEs ......... 06
1.2 Objetivo do trabalho ....................................................................................... 07
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................. 07
1.2.2 Objetivos especficos .................................................................................. 08
1.3 Relevncia do tema .......................................................................................... 09
2 - REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................... 13
2.1 O crdito .......................................................................................................... 14
2.1.1 Um breve histrico do crdito no Brasil...................................................... 14
2.1.2 Conceitos, atividades e desenvolvimento do crdito ................................... 15
2.2 - A anlise de crdito ......................................................................................... 17
2.2.1 Conceitos e objetivos ................................................................................... 17
2.2.2 A gesto e os procedimentos da anlise de crdito ..................................... 19
2.2.3 A avaliao dos riscos e a concesso de crdito .......................................... 21
2.3 As tcnicas utilizadas no processo de anlise de crdito ............................. 23
2.3.1 A anlise objetiva de crdito ....................................................................... 24
2.3.1.1 Credit scoring ou pontuao de crdito ................................................. 25
2.3.1.2 Rating ou classificao de risco ............................................................. 26
2.3.1.3 Behavior scoring ou pontuao por comportamento ............................. 26
2.3.2 A anlise subjetiva de crdito ...................................................................... 27
2.3.3 Os Cs do crdito como fator determinante utilizado na anlise
subjetiva ................................................................................................................... 28
2.3.3.1 Carter .................................................................................................... 30
2.3.3.2 Capacidade ............................................................................................. 31
2.3.3.3 Capital .................................................................................................... 31
2.3.3.4 Colateral ................................................................................................. 32
2.3.3.5 Condies ............................................................................................... 32
xiv
2.4 As empresas de factoring ................................................................................ 33
2.5 As micro e pequenas empresas (MPEs) ........................................................ 34
2.6 Abordagem dos ativos tangveis e intangveis .............................................. 38
2.7 Inteligncia artificial ....................................................................................... 40
2.8 Redes Neurais Artificiais (RNAs) .................................................................. 41
2.8.1 Conceitos, caractersticas e estrutura da RNA............................................ 41
2.8.2 A utilizao e as aplicaes das tcnicas da RNA ..................................... 46
3 - METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................ 49
3.1 O Estudo de caso ............................................................................................. 50
3.2 A Empresa Alfa ............................................................................................... 51
3.3 O modelo de anlise de crdito utilizado pela empresa Alfa ...................... 53
3.4 O modelo de anlise de crdito proposto ...................................................... 56
4 A IMPLEMENTAO DA REDE NEURAL ARTIFICIAL(RNA) ................ 69
5 CONCLUSO E TRABALHOS FUTUROS ....................................................... 73
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 75
ANEXO A.......................................................................................................................79
APNDICE A................................................................................................................82
2
Captulo 1
Introduo
O mundo passa por grandes e significativas transformaes. Surgem os mercados
globais e os vrios processos de desenvolvimento so grandemente acelerados, na constante
busca de incrementar os relacionamentos mercadolgicos. Este processo de transformao
pelo qual passa a economia, conseqncia das megafuses, da concentrao de negcios, do
crescimento do comrcio eletrnico, tem provocado um impacto profundo no pensamento
organizacional.
Neste atual mercado competitivo, se evidenciam tambm, os riscos que afetam os
negcios de grande parte das empresas, impulsionando-as a buscarem maneiras de minimiz-
los. Estas ento concentram seus esforos e recursos em estratgias promissoras,
planejamentos mais estruturados e direcionados, profissionais mais qualificados e inovaes
tecnolgicas, na tentativa de entender e participar cada vez mais, deste vertiginoso processo
dos negcios e sua extraordinria volatilidade.
Assim, a atividade de crdito est diretamente integrada e harmonizada dinmica do
ciclo dos negcios, destacando-se como um mercado em grande expanso em todo mundo,
estando intrinsecamente relacionada estrutura das organizaes. Para Santos (2003) o
mercado de crdito tem se caracterizado pelos aumentos sucessivos de concesses de
financiamentos s empresas, o que representa uma importante fonte de recursos,
especificamente em situaes de descasamento de caixa e/ou de necessidades de
investimentos para a modernizao e a manuteno da capacidade produtiva.
Desta forma, quando se fala em crdito, pode-se pensar em uma gama multivariada de
fatores, envolvendo pessoas e empresas, de diversos setores ou atividades, estando ele
inserido em relacionamentos interpessoais, comerciais, financeiros, enfim, pode ser visto
como um meio de integrao entre partes, baseando-se numa relao de confiana mtua.
Para conceder crdito, algum acredita que outrem honrar com a palavra ou com os negcios
acordados, traduzindo-se, portanto, em respeito, solidez e segurana, nos mais variados tipos
de parcerias.
3
Segundo Blatt (1999), no mundo dos negcios, especificamente dos negcios
financeiros e suas inmeras atividades, o crdito destaca-se como um mercado dinmico e em
grande expanso. Empresas credoras buscam rentabilidade, clientes buscam oportunidades.
Contudo, para conceder crdito, as organizaes necessitam de uma gesto eficiente
do processo de avaliao, buscando uma melhor aferio do desempenho do tomador de
crdito, que engloba informaes pertinentes, as mais amplas e completas, cercando-se de
todos e quaisquer riscos que possam incorrer nas negociaes.
Por sua vez, o tomador de crdito, deve ter sempre mo, as documentaes
necessrias que possam refletir sua real situao, informando com transparncia, o perfil de
seus negcios para que, a partir da, possa haver uma parceria entre as partes, resultando na
efetivao de negcios slidos e duradouros.
Assim, o presente trabalho reflete um estudo de caso, realizado em uma empresa de
factoring aqui denominada de empresa Alfa, abordando suas negociaes relacionadas
atividade de crdito, especificamente a compra de ativos financeiros, com suas empresas-
cliente, notadamente, as micro e pequenas empresas.
Aborda tambm sobre o modelo de avaliao de crdito utilizado pela referida
empresa, ressaltando-se que, aps uma reviso bibliogrfica selecionada e um estudo
profundo de seu mtodo e processo de anlise, verificou-se alguns gaps, que conferem s suas
negociaes, aes de concesso de crdito com riscos eminentes.
Visualizou-se, ento, a necessidade de propor um modelo estratgico para anlise de
crdito, no intuito de proporcionar maior sustentabilidade ao processo de avaliao da referida
empresa, empregando, a partir de uma abordagem contempornea, duas ferramentas
conceituais: 1) a aplicao de anlise subjetiva de forma padronizada e 2) o uso de conceitos
de ativos intangveis, destacadas como um conjunto de premissas para qualificar e quantificar
os riscos na gesto do portflio; e uma ferramenta computacional 1) a aplicao de tcnicas de
rede neural artificial, para processar, aprender e generalizar o modelo proposto, e a partir da,
formar um diagnstico mais acertado para os futuros clientes. Esta ferramenta considerada
bastante eficaz para trabalhar com a tomada de deciso nas operaes de crdito, pela sua
capacidade de aprendizado e generalizao e habilidade de tratar com dados multivariados.
Desta forma, o modelo proposto neste trabalho tem como foco agregar valor ao
modelo utilizado pela empresa Alfa, no intuito de estruturar o mtodo de avaliao da
organizao, proporcionando um suporte aos analistas de crdito no processo de anlise de
risco e uma diretriz mais eficaz na tomada de deciso. Na realidade, o intuito deste trabalho
4
o de ampliar o escopo e aperfeioar o modelo j utilizado pela empresa, no tendo, porm, a
inteno de interferir em sua poltica e em seus critrios de atuao.
Assim, aps a elaborao do modelo proposto, foram realizados vrios testes, cujos
resultados foram considerados promissores e com um bom nvel de proficincia. A
abordagem contempornea utilizada, com os recursos da anlise subjetiva de forma
padronizada e os conceitos dos ativos intangveis, foi considerada proeminente. Da mesma
forma, a aplicao da rede neural artificial demonstrou alta performance para tratar os dados
multivariados a ela propostos, indicando ter aprendido e generalizado de forma satisfatria,
quando apresentou bons resultados de classificao e reconhecimento de padres, com relao
as questes apresentadas.
1.1 Caracterizao do problema
1.1.1 Obstculos destacados nos fatores tcnicos
Vrios so os obstculos encontrados na concesso de crdito. Freqentemente,
resultados como inadimplncia de clientes ou m aplicao de recursos, so atribudos a
falhas no processo das operaes. Contudo, ao conceder crdito, a exposio ao risco poder
ser amenizada mediante a utilizao de tcnicas e ferramentas adequadas, bem como, a
realizao de uma anlise minuciosa de todas as informaes do cliente: cadastrais,
financeiras, patrimoniais, de idoneidade, entre outros, minimizando, assim, os obstculos,
resultando em uma maior e melhor efetivao das negociaes. (BLATT, 1999)
Com relao aos obstculos observados na empresa objeto deste estudo, aqui
denominada de empresa Alfa, destaca-se que a autora deste trabalho faz parte da equipe de
funcionrios desta, h vrios anos, estando inserida em todas as suas atividades, atuando na
rea comercial como operadora de negcios, inclusive, integrando este cargo ao de analista de
crdito, juntamente com o gerente financeiro e analista que coordena esta rea. Assim, a
pesquisadora pde observar alguns gaps, provenientes da inexistncia de uma infra-estrutura
adequada para manipular os dados e assim, prover informaes gerenciais aos analistas de
crdito para uma tomada de deciso mais acertada, destacados como:
A empresa Alfa no dispe de uma base de dados nica, onde possa contemplar as informaes dos clientes de forma estruturada, dinmica e atualizada, sendo estes
dados obtidos em separado, segundo a necessidade momentnea de cada operao.
5
Outro fator verificado a no utilizao de sistemas automatizados que possam processar e tratar os dados e informaes de forma padronizada e sistmica.
Observou-se ainda que, o processo de anlise de crdito, efetuado de maneira subjetiva, baseado na experincia e percepo dos analistas, que a cada nova anlise,
tece um novo parecer. No existe, porm, uma normalizao, ou at mesmo um padro
destes pareceres, podendo inclusive, ocorrer grandes variaes a cada novo critrio de
avaliao, sendo este item, considerado um dos maiores obstculos a um bom
desempenho do processo de avaliao da referida empresa.
Objeto de estudo deste trabalho, onde se pde analisar e comparar a opinio de
diversos autores como Gitman (2003), Santos (2003), Faria (2006) e Schrickel (2000), acerca
da anlise subjetiva de crdito, que esta de suma importncia, ou at mesmo, imprescindvel
ao bom desempenho do processo de anlise de crdito, devendo, portanto, ser efetuada de
forma coerente e padronizada. Est relacionada a fatores como: anlise documental e
cadastral, anlise econmico-financeira, anlise de idoneidade, anlise do negcio, enfim,
todas as informaes importantes e pertinentes, para se conhecer melhor o cliente, seu perfil,
sua estrutura organizacional, sua postura empresarial, etc.
Ressalta-se que, entre outros tambm de grande relevncia, estes fatores so utilizados
em todo o processo de anlise de crdito, acatados como essenciais para que se possa efetuar
um bom parecer das empresas analisadas. So aceitos pelo mercado financeiro, destacados
como a base de todo o processo de anlise de risco para a concesso ou no do crdito,
estando integrados tambm aos fatores determinantes dos Cs do crdito, que sero
abordados adiante neste trabalho. (SANTOS, 2003)
Por fim, evidencia-se a inexistncia de uma gesto estratgica no processo de anlise de crdito da empresa Alfa que, como abordado por Kaplan e Norton (1997), utilizam
recursos contemporneos, baseados no somente nos ativos tangveis que espelha
solues de curto prazo, mas principalmente nos ativos intangveis, que resultam em
criao de valor a longo prazo, como imagem, cultura, habilidade de gerenciamento,
entre outros.
importante enfatizar que, a anlise subjetiva, sendo um processo efetuado a partir da
experincia e do conhecimento do analista de crdito, se destaca por fornecer subsdios para
se empregar, entre outros, os recursos dos ativos intangveis, que tratam os fatores inovadores
da empresa. Estes fatores so referenciados por Teixeira (2003) como mtodos estratgicos
utilizados por empresas contemporneas, que resultam em vantagem competitiva, no aumento
6
de participao no mercado e em um nvel maior de produtividade, possibilitando s
organizaes, alcanarem seus objetivos e metas.
Assim, destaca-se que os obstculos abordados aqui se devem carncia de tcnicas
e ferramentas adequadas, para se analisar e mensurar de forma padronizada e consistente, o
desempenho tanto das empresas-cliente como das empresas em anlise.
1.1.2 Obstculos destacados nas negociaes entre a factoring e
as MPEs
Como j abordado, os gaps que norteiam o processo de anlise de crdito utilizado
pela empresa Alfa inibem-na de distinguir com preciso os riscos inerentes efetivao de
seus negcios, o que a impossibilita de definir algumas diretrizes com maior segurana e
solidez. Neste contexto, alm dos obstculos referenciados nos fatores tcnicos, destaca-se
tambm a existncia de obstculos relacionados s negociaes de crdito com o segmento de
mercado em que ela atua, isto , as micro e pequenas empresas (MPEs).
Por trabalhar na rea de crdito h alguns anos, inclusive, atuando ultimamente, na
rea comercial da empresa Alfa, cargo que ocupa a aproximadamente 12 anos, sendo
responsvel por contactar, visitar e negociar com os possveis futuros clientes da empresa, a
pesquisadora, alm de conhecer, teve a oportunidade de estreitar o relacionamento com as
MPES que fazem parte da carteira de crdito desta. Na oportunidade, pde ento comprovar e
confrontar os dados pesquisados na literatura para a efetivao deste estudo, quando destaca
as dificuldades inerentes a estrutura organizacional deste segmento de mercado.
Assim, sero expostos a seguir, alguns obstculos que inibem a efetivao de maiores
e melhores negociaes com as MPEs, tendo estes, sido observados e confirmados nas visitas
in loco, realizadas nas empresas que formam a carteira de crdito da empresa Alfa:
Pequeno investimento na estrutura organizacional das empresas, na capacitao de funcionrios e diretoria, na definio e realizao de metas, no planejamento
estratgico, em telemtica, entre outros;
Baixo ndice de recursos prprios; Pouca experincia dos gestores; Gesto centralizada, etc.
7
Juntamente com estes fatores, destaca-se ainda, o baixo ndice de informaes, as
documentaes incompletas e inadequadas, inclusive, em grande parte dos casos, a ineficcia
ou inexistncia de balanos e/ou balancetes para comprovar a real situao econmico-
financeira das MPEs. Enfatiza-se que estes fatores so responsveis pela estrutura das
organizaes, e que, portanto, inibem um conhecimento mais amplo da performance destas,
dificultando, tanto as negociaes com os clientes ativos da empresa Alfa, como as decises
acerca de novos clientes e novas propostas de negcios.
Estes dados podem ser melhormente confirmados, pautando-se em referncias de
instituies como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE (2003), empresas
como o SEBRAE (2007), a SERASA (2006), quando abordam os grandes obstculos no
acesso ao crdito para as MPEs, em virtude, principalmente, da escassez de informaes
atualizadas sobre sua dimenso e forma de insero na economia.
Assim, buscando ampliar o escopo destas informaes, um dos trabalhos efetuados
neste estudo, foi a criao de um relatrio, em forma de questionrio estruturado. Este contm
dados complementares, elaborados a partir de pesquisas e entrevistas com os gestores e
colaboradores das MPEs, para obter um diagnstico mais completo de sua real situao, e
assim, mensurar com maior segurana, seu desempenho organizacional.
1.2 Objetivo do trabalho
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho propor um modelo estratgico para anlise de crdito,
para uma empresa de factoring fomento mercantil, que atua especificamente no segmento de
micro e pequenas empresas, a partir do modelo por ela utilizado, empregando algumas
tcnicas, a saber: 1) padronizao da anlise subjetiva j utilizada pela empresa, normalizando
os dados e integrando-os em uma base de dados nica, 2) utilizao de tcnicas
contemporneas de anlise, incorporando os ativos intangveis aos ativos tangveis utilizados
no modelo tradicional, como forma de evidenciar o contexto dinmico das empresas da
atualidade e 3) utilizao de ferramentas computacionais inteligentes, especificamente
tcnicas de rede neural, para aprender e generalizar o modelo proposto, e a partir da, formar
um diagnstico mais acertado para os futuros clientes.
8
Assim, o modelo proposto visa agregar valor ao modelo utilizado pela empresa de
fomento, ampliando seu escopo, constituindo ferramentas que possam nortear a empresa, no
planejamento e gesto de seus negcios, no intuito de proporcionar aos gestores e analistas,
uma diretriz mais eficaz no processo de anlise de crdito e tomada de deciso.
1.2.2 Objetivos especficos
Para se atingir o objetivo geral traado, delineiam-se os objetivos especficos da
pesquisa, a saber:
Conhecer e entender qual o funcionamento da empresa de fomento, bem como de suas empresas-cliente, a partir de contatos com o ambiente e todo seu contexto;
Identificar e compreender as dimenses essenciais relativas s negociaes de crdito com os clientes ativos e os clientes em perspectiva, bem como os obstculos
encontrados na efetivao dessas negociaes;
Identificar tanto as competncias como as dificuldades encontradas pelos gestores e analistas da referida empresa, para administrar todo o processo que envolve as
negociaes a crdito;
Identificar os elementos operacionais, as tcnicas e as ferramentas utilizadas no processo de anlise de crdito da empresa;
Identificar a estratgia utilizada pela empresa e o desempenho de sua atividade administrativa financeira e operacional.
Assim, esta pesquisa busca contribuir no diagnstico do processo de anlise de crdito
da empresa de fomento mercantil, listando os gaps existentes, ao mesmo tempo em que
pretende propor alternativas de minimizar estes obstculos, incorporando novas tcnicas para
gerar maior capacidade de raciocnio e deciso por parte dos gestores e analistas da empresa.
A efetivao desta abordagem a partir da elaborao de um processo estratgico,
mais dinmico e estruturado, abordando aspectos relevantes para incorporar aos j existentes,
com amplitude nas informaes, suportado pela realizao de um conjunto de entrevistas com
os gestores, analistas e funcionrios da empresa de fomento e das empresas-cliente.
Ressalta-se que este modelo prope utilizar ferramentas contemporneas como:
tcnicas computacionais inteligentes para processar e tratar os dados de forma sistmica e
integrada e a anlise de crdito subjetiva, sustentada pela integrao de ativos tangveis e
9
intangveis. Entretanto, para melhor analisar e mensurar as informaes destaca-se a
utilizao mtodos para normalizar e padronizar os dados utilizados de forma subjetiva,
porm informal, pelos analistas da referida empresa. Segundo Santos (2003), a anlise
subjetiva no pode ser realizada de maneira aleatria, sendo necessrio que a mesma esteja
embasada em conceitos tcnicos que iro guiar a tomada de deciso.
Assim, este trabalho busca propor um modelo para anlise de crdito utilizando uma
nova metodologia apoiada pelo desenvolvimento e refinamento de tcnicas e ferramentas
estratgicas, no tendo, portanto, a inteno de interferir ou mesmo alterar a poltica e os
princpios organizacionais da empresa em estudo. A poltica de crdito de uma empresa, alm
de ser o prprio princpio organizacional, um fator de grande relevncia, podendo resultar
no sucesso ou no fracasso dos negcios, pois define os parmetros com os quais a empresa ir
trabalhar para realizar suas vendas, sem afetar os nveis de suas atividades.
1.3 Relevncia do tema
O cenrio em que o estudo se apresenta de uma era de grandes transformaes
organizacionais, conseqncia da globalizao, das megafuses, e crescimento do comrcio
eletrnico. A noo de que a economia do pas depende no somente dos grandes, mas
tambm dos pequenos negcios, hoje largamente aceita.
Neste cenrio, esta pesquisa destaca o crescimento vertiginoso nas linhas de crdito,
influenciado pela crescente demanda e necessidade de suporte financeiro para que as
empresas possam operacionalizar seus negcios e acompanhar a dinmica do mercado.
Aborda as empresas de pequeno porte no mbito nacional, com destaque para as MPEs da
cidade de Uberlndia-MG, que constituem a carteira de crdito da empresa Alfa, bem como
os obstculos encontrados na operacionalizao dos negcios entre estas.
Assim, a pesquisadora destaca que, desde que atua na rea de crdito, tendo trabalhado
vrios anos em instituies financeiras e ultimamente, na empresa objeto deste estudo, teve a
oportunidade de observar os entraves que existem nas negociaes entre as duas pontas:
ofertantes e tomadores de crdito. Na oportunidade de trabalhar na rea comercial da empresa
supracitada, dando suporte tambm no departamento de anlise de crdito, pde inclusive
detectar com maior clareza e comprovar com evidncias, os vrios obstculos que impedem a
efetivao de negociaes mais slidas e consistentes entre esta e seus clientes.
10
A partir da, a pesquisadora percebeu a importncia de se aprofundar na rea, passando
a estudar este tema com maior interesse principalmente quando, pelas pesquisas efetuadas,
pde comprovar que estes obstculos permeiam no somente a empresa Alfa, como, uma
problemtica de mbito nacional.
Abordagens citadas frente neste trabalho, por rgos e empresas especializadas na
rea de crdito, demonstram que tanto as instituies financeiras brasileiras, como vrias
empresas, inclusive as de fomento, encontram dificuldades para realizarem uma anlise
consistente e assim, obterem uma maior segurana e eficcia na tomada de deciso,
principalmente pela falta de vrios aparatos que integram a estrutura das MPEs.
Senger (2006) destaca que, dentre as vrias aplicaes do mercado financeiro, a
anlise de crdito, deve tratar vrios dados e informaes, buscando minimizar os riscos e
evitar prejuzos s empresas e instituies de crdito e conseqentes danos morais aos
clientes. Contudo, o mercado financeiro brasileiro afetado por um grande nmero de fatores,
que se interagem de uma maneira dinmica e complexa, gerando dificuldades na construo
de sistemas de informao, que devem fornecer aos gestores e analistas de crdito,
informaes corretas, consistentes e atualizadas.
Pela sua dinmica, o prprio mercado passa a exigir das organizaes, mudanas
rpidas em prol do seu desenvolvimento e da sua sobrevivncia. O surgimento de empresas
cada vez mais especializadas, a busca por competncia e excelncia organizacional, bem
como a utilizao de tecnologias de gesto avanada, abordando novos conceitos de
gerenciamento, vem se tornando uma grande realidade para quem quer se destacar e ser o
diferencial no mercado brasileiro. (TEIXEIRA, 2003)
Para acompanhar a dinmica do mercado, vrias empresas e instituies financeiras
vm utilizando modelos de anlise de crdito automatizados, destacando aqui a reportagem
Banqueiro Eletrnico da revista ISTO (2007), quando aborda que vrios bancos como o
Ita, Bradesco, HSBC, Banco do Brasil utilizam sistemas de anlise e concesso de crdito,
empregando tecnologias de ponta, com base em tcnicas de rede neural artificial.
Segundo a ISTO (2007), uma pesquisa recente da Accenda Consultoria com 48
instituies financeiras, mostrou que, 92% utilizam ferramentas para gesto e aprovao de
crdito e que, deste percentual, 41% utilizam sistemas de terceiros e 59% desenvolvem
internamente suas solues. Na pesquisa elaborada, os bancos enfatizam que no querem um
produto padro, mas uma soluo integrada aos seus negcios, da a utilizao destas tcnicas
e ferramentas inteligentes como suporte para a anlise de crdito.
11
A reportagem destaca ainda que, hoje em dia, o tomador de crdito no precisa mais
aguardar o gerente abrir a gaveta e pegar o carimbo aprovado para liberar o dinheiro. Na
maioria das vezes, ele nem tem contato com o gerente. Em situao cada dia mais vista e
utilizada, quem aparece o banqueiro eletrnico, personagem imprescindvel nas operaes
de crdito de bancos, financeiras, varejistas e dos cartes de crdito.
Na outra ponta, destacando as empresas que desenvolvem sistemas para anlise de
crdito, empregando tcnicas de rede neural, podemos citar a Neurotech (Neurotech, 2005),
empresa que desenvolve solues para o mercado financeiro e empresarial, tendo como
clientes, entre outros, o Banco Tringulo, pertencente ao grupo Martins sediado em
Uberlndia, o Banco A.J.Renner, e a coligada rede de lojas gacha Renner.
Outra empresa que desenvolve solues inteligentes para anlise de crdito,
especificamente para o mercado financeiro a Softon (Softon, 2003), onde, a partir de
aplicaes em vrios bancos, vem resultando em solues de maior segurana para o mercado
financeiro, a partir de aplicativos que utilizam redes neurais e sistemas especialistas.
Neste mbito, impulsionadas pela prpria exigncia do mercado, empresas e
instituies financeiras vem buscando implementar sistemas de informao sofisticados que
apiam, de maneira eficaz, suas inmeras atividades. Com as redes de computadores e seus
sistemas robustos, elas tm acesso a informaes de bases de dados que podem estar
localizadas em todas as partes do mundo. No entanto, incontveis vezes, no conseguem
informaes seguras sobre o andamento de suas prprias operaes. Vrias empresas ainda se
deparam com grandes dificuldades em obter informaes relevantes, inclusive, mtodos de
como definir com consistncia, os dados realmente necessrios e teis tomada de deciso.
(ALMEIDA, 1998)
Assim, este trabalho, abordando especificamente uma empresa de fomento mercantil e
as negociaes de crdito com suas empresas-cliente, enfatiza que, o nvel de dados e
informaes obtidos para a anlise de crdito ineficiente. Este fator influencia a eficcia do
processo, j que este realizado informalmente, sem um mtodo padronizado, inexistindo
tanto uma estrutura integrada das informaes, como tambm, uma base tecnolgica para
processar esses dados de forma sistmica e atualizados.
A importncia de uma metodologia diferenciada para anlise de crdito como
instrumento de competitividade, amparada por tcnicas contemporneas e ferramentas
inteligentes e eficazes para dar sustentabilidade ao processo, passa a desenvolver cada vez
mais um papel crucial para a sobrevivncia e o sucesso de qualquer organizao que faa
parte deste vertiginoso mercado comercial e financeiro. Com destaque especfico para a
12
empresa objeto deste estudo, que, por deparar com estes obstculos que dificultam um melhor
desempenho de suas negociaes, vem buscando alternativas que possam melhorar seu
desempenho e ampliar o escopo de seus negcios.
Neste contexto, a necessidade de se desenvolver mecanismos que suportem a dinmica
dos processos de anlise de crdito da empresa supracitada, pertinente, no s para se
estabelecer negociaes concretas, seguras e rentveis, como tambm, para aprimorar as
relaes existentes entre credores e devedores, ou melhor, ofertantes e tomadores de crdito.
Esta parceria se torna cada vez mais relevante, em vias da dinmica do mercado, da
concorrncia acirrada e da necessidade proeminente de se dirimir os riscos, primando pela
excelncia na liquidez e pela otimizao de resultados.
13
Captulo 2
Reviso Bibliogrfica
O objetivo da reviso bibliogrfica apresentar conceitos que fundamentem a parte
prtica e que possibilitem questionamentos teoria existente. Yin (2002) esclarece que a
reviso da literatura um meio para se atingir uma finalidade e no uma finalidade em si.
[...] pesquisadores experientes analisam pesquisas anteriores para desenvolver questes mais
objetivas e perspicazes sobre o mesmo tpico.
Nesse intuito, este captulo foi dividido nos seguintes itens: primeiramente, sero
expostos os conceitos sobre o crdito, a anlise de crdito, abordando as tcnicas e os fatores
utilizados na gesto, bem como a concesso e os riscos em conced-lo. Posteriormente, ser
ressaltado acerca das empresas de factoring e das MPEs, com destaque exclusivo para a
empresa Alfa e as MPEs da cidade de Uberlndia-MG, destacado o fato de terem sido
referncias ao estudo de caso desta pesquisa.
Finalmente, sero abordadas as ferramentas utilizadas para desenvolver o modelo de
anlise de crdito supracitado neste trabalho, assim distribudas: 1) ferramentas conceituais:
anlise objetiva e subjetiva de crdito e conceitos de ativos tangveis e intangveis como uma
abordagem estratgica para medir o desempenho das empresas e 2) ferramentas
computacionais: sistemas computacionais inteligentes, especificamente o uso de inteligncia
artificial com tcnicas de redes neurais artificiais para processar e tratar os dados de maneira
eficaz a fim de que eles se tornem em informao padronizada e til tomada de deciso.
Desta forma, enfatiza-se que estas ferramentas sero abordadas, especificando-se as
tcnicas e os mtodos utilizados, bem como os processos necessrios para a sua
implementao.
14
2.1 O crdito
2.1.1 Um breve histrico do crdito no Brasil
A palavra crdito tem sua origem no vocabulrio latino credere, que significa: crer,
confiar, acreditar, ou ainda, do substantivo creditum, significando literalmente confiana. O
crdito e suas atividades correlatas vm de longa data, sendo este processo exercido
mundialmente e principalmente no Brasil, tem tido crescimento considervel e relevante,
estando inserido em todos os tipos de negociaes, entre elas, comerciais, financeiras, de
capitais, etc. Por sua amplitude, a prpria dinmica do mercado, impulsiona as atividades de
crdito para patamares de grandes abordagens e extraordinrias sofisticaes.
Porm, inicialmente para se analisar os riscos de crdito, isto , para medir a confiana
que se depositaria a uma determinada pessoa ou empresa, os comerciantes dependiam de
informantes funcionrios contratados para verificar se as informaes prestadas pelo
interessado em conseguir o crdito estavam corretas para validar a operao. O processo
todo podia durar de sete a dez dias. As informaes eram trocadas na praa e quem tinha uma
dvida, quando saldava, precisava fazer uma declarao de que havia quitado a pendncia.
Contudo, nem sempre era possvel para os comerciantes fazerem o cruzamento completo das
informaes. (SERVIO CENTRAL DE PROTEAO AO CRDITO - SCPC, 2008)
Para o SCPC, desde este processo inicial, ocorrido a mais de meio sculo,
posteriormente com as informaes registradas em fichas armazenadas em gigantescos
armrios, seguidos pelos modernos mainframes da IBM at chegar s atuais plataformas, o
caminho foi longo. Hoje, tecnologias de ponta, do suporte s empresas que atuam com linhas
de crdito em seus aspectos mais variados. Visto como uma atividade imprescindvel a
qualquer tipo de negociao a partir da efetivao de bons negcios realizados a crdito, que
as empresas conseguem estar inseridas no contexto de um mercado dinmico e globalizado.
Em nota destacada pelo Banco Central do Brasil BACEN (2002), com relao s
atividades financeiras, o longo perodo crnico inflacionrio vivido pelo Brasil (dcada de 80
e inicio de 90), inibiu grandemente as negociaes efetuadas a crdito, poca considerada de
recesso e escassez desta atividade. Aps este perodo, ou melhor, a partir de 1994, com a
estabilidade do plano real, incrementaram-se as negociaes, estimulando assim, a adoo de
avaliao de riscos de crdito e de sistemas de gesto sofisticados.
Vrios bancos de varejo comearam a organizar bases de dados contendo sries
temporais de crdito e pontuao de comportamento, bem como, estatsticas de pagamentos
15
em atrasos, perdas e recuperaes. Mais recentemente, numa tentativa de igualar as prticas
internacionais no gerenciamento do risco de crdito, vrias instituies financeiras brasileiras,
passaram a concentrar sua ateno no desenvolvimento de metodologias e tcnicas,
diferenciadas e sofisticadas, para medir o risco de crdito de suas carteiras. (BACEN, 2002)
2.1.2 Conceitos, atividades e desenvolvimento do crdito
Para Blatt (1999) crdito crer e crer confiar. A relao entre credor e devedor
baseada na confiana mtua. Credores confiam que seus clientes vo pagar integralmente as
compras efetuadas a crdito e por sua vez, o cliente acredita que as mercadorias e/ou os
servios fornecidos ou adquiridos, sero entregues no prazo e condies acordadas.
Segundo Schrickel (2000) crdito todo ato de vontade ou disposio de algum de
destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimnio a um terceiro, com a expectativa
de que esta parcela volte a sua posse integralmente, decorrido o tempo estipulado.
Assim, o crdito tem sido em grande escala, um poderoso instrumento de aumento de
competitividade e de alavancagem de negcios, interferindo no fluxo de atividade das
empresas, podendo at mesmo influenciar no nvel de demanda do mercado global.
O nmero de empresas tomadoras de crdito aumenta consideravelmente, na
perspectiva de estarem inseridas neste contexto dinmico e competitivo; buscando neste
recurso, o apoio financeiro para sustentar o fluxo de caixa e dinamizar seus negcios. Em
contrapartida, empresas detentoras do crdito - bancos, financeiras, empresas de fomento -
atuam como parceiras, buscando dar sustentabilidade s negociaes de seus clientes e assim,
promover sua participao no mercado. (BLATT, 1999)
Na esfera financeira, crdito considerado um mercado de grande expanso em todo o
mundo, principalmente no Brasil. Segundo o grupo britnico Experian - lder global na
prestao de servios analticos e de informaes a organizaes e consumidores - tambm o
novo detentor do controle da SERASA, o Brasil um dos maiores mercados de crdito da
Amrica Latina, conduzido pelo forte e crescente ambiente macroeconmico que se encontra
em grande expanso.
Contudo, quando se fala em crdito, normalmente a referncia especfica ao crdito
bancrio, porm, na realidade, a problemtica do crdito deve ser considerada na sua
dimenso maior, ou seja, a soma do crdito bancrio ao crdito via mercado de capitais, o
16
crdito entre empresas, enfim, todos os mecanismos creditcios que faceiam o funcionamento
da economia e cujos fundamentos, pode-se dizer, so basicamente os mesmos.
Na concepo de Beckman (1949 apud Santos, 2003), um dos pioneiros a pesquisar a
importncia do crdito na atividade econmica, a oferta de crdito por parte de empresas e
instituies financeiras deve ser vista como um importante recurso estratgico para alcanar a
meta principal da administrao financeira.
Para Loyola (2007) O crdito desempenha um papel de grande importncia nas
economias capitalistas modernas. No apenas o crdito conduz ao crescimento econmico,
como tambm o prprio desenvolvimento da economia facilita o crdito. A existncia de
uma correlao entre o desenvolvimento e o mercado de crdito e o estabelecimento de
instituies e empresas que atuam na rea creditcia, favorece tanto o desenvolvimento
econmico, quanto o prprio crdito. A medida que um pas amadurece institucionalmente, se
abre espao para o crescimento do crdito e de outras atividades econmicas, de outros
mercados.
Segundo a Federao Brasileira de Bancos FEBRABAN (2008), com base na Tabela
1, baseada em nota divulgada pelo BACEN (2008), o volume total de crdito do sistema
financeiro brasileiro atingiu quase 958 bilhes em fevereiro de 2008. Como percentual do PIB,
este volume na economia, representou 34,9%, ante 34,8% registrado em janeiro e 30,9%, em
fevereiro de 2007. Para a FEBRABAN, as perspectivas para o ano de 2008 so favorveis. O
ritmo de expanso das operaes de crdito tem se mostrado compatvel com o cenrio de
crescimento econmico do pas e com o aumento da renda das famlias.
Tabela 1 - Volume das Operaes de Crdito do Sistema Financeiro Brasileiro
R$Bilhes Fev/07 Jan/08 Fev/08
Participao (%)
Variaes Mensal 12 Meses
Crdito Total 748.518 947.048 957.581 100,0 1,1 27,9 Recursos Livres 511.292 670.120 679.106 70,9 1.3 32,8 Pessoas Fsicas 247.037 324.141 329.665 34,4 1,7 33,4 Pessoas Jurdicas 264.255 345.979 349.441 36,5 1,0 32,2 Recursos Direcionados
237.226 276.928 278.475 29,1 0,6 17,4
Fonte: FEBRABAN (2008)
A tabela 1 representa o volume das operaes de crdito do sistema financeiro
brasileiro de fevereiro de 2007 a fevereiro de 2008. Aborda o valor total e especifica tambm
o valor de algumas modalidades do crdito, mostrando a evoluo de cada um no perodo de
12 meses, bem como, o percentual de participao e as variaes.
17
Destaca-se, porm que, o crescimento expressivo do volume de crdito vem desde o
incio de 2004 e deve-se tanto consolidao de um cenrio macroeconmico favorvel
quanto a mudanas microeconmicas, por exemplo, a regulamentao que permitiu maior
difuso do crdito consignado. Conseqentemente, a expanso do mercado de crdito no
Brasil tem contribudo para o aumento da produo e do consumo, principalmente de bens de
consumo durveis. (FEBRABAN, 2008)
Assim, a demanda de crdito, solicitado por empresas que buscam vantagem negocial
ao conseguir mercadorias ou servios para uso em seus negcios, tem crescido em grande
escala, obrigando as empresas detentoras do capital a se preocuparem cada vez mais com o
comportamento de seus clientes. Aumenta, portanto, a necessidade dos analistas buscarem
mecanismos para melhorarem sua capacidade de analisar e conceder crdito com segurana e
solidez, conhecendo melhor os futuros clientes, bem como os problemas que os contemplam,
com o objetivo de obter maior eficcia na tomada de deciso.
2.2 A anlise de crdito
2.2.1 Conceitos e objetivos
Os problemas envolvendo crdito e tomada de deciso universal e remontam de
longa data, estando presentes em todas as reas, envolvendo um nmero extraordinrio de
negociaes. Em um mundo cada vez mais globalizado, as incertezas conjunturais e a grande
mobilidade dos negcios fazem com que, os processos de analisar e conceder crdito, sejam
cruciais para empresas que querem ser bem-sucedidas e desejam crescer de modo slido,
dinmico e lucrativo.
Para Blatt (1999) a anlise de crdito um processo organizado para analisar dados, de
maneira a possibilitar o levantamento das questes certas acerca do tomador do crdito. "Este
processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crdito de um
cliente e dados financeiros para a tomada de deciso com propsitos creditcios" Ela inclui a
anlise interna, para identificar a situao financeira, administrativa e operacional da empresa.
A anlise externa, que tambm de suma importancia, sendo obtida por meio de vrias fontes
externas, para se conhecer o grau de endividamento e de liquidez da empresa. Assim sendo,
de modo geral, o processo de anlise de crdito engloba um mix de dados e informaes que
devem ser obtidos e constantemente atualizados pela empresa detentora do crdito.
18
Neste contexto, pode-se dizer que, o momento no qual os analistas iro avaliar o
potencial de retorno do tomador do crdito, bem como, os riscos inerentes concesso. Este
procedimento realizado com o objetivo de identificar os clientes que futuramente podero
no honrar com suas obrigaes, acarretando ento, uma situao de risco de caixa empresa
concessora. por meio da anlise de crdito que se busca identificar, se o cliente possui
idoneidade e capacidade para honrar com os compromissos assumidos. (SANTOS, 2003)
Assim, a anlise de crdito deve ser utilizada tanto para avaliar os ganhos esperados
(receitas) de vendas a crdito, como para projetar os riscos (custos e perdas) estimados dessas
vendas. O analista de crdito deve se preocupar tanto com a situao atual da empresa como
com o futuro desta, antes de entrar em um relacionamento creditcio, tendo a concincia de
que, este relacionamento impactar nas reas de sua prpria empresa. (BLATT, 1999)
Neste sentido, polticas de crdito adotadas de forma consistentes e precisas
determinam o bom funcionamento de uma organizao, traduzindo-se no principal meio de
direcionamento das atividades de crdito, e maior grau de eficincia na gesto de riscos, pois,
alm de estabelecer padres, estabelece, tambm, a filosofia bsica de crdito da empresa.
Blatt (1999) destaca que, existem vrias atividades de administrao de crdito que
devem ser observadas, porm, sua avaliao para a concesso ou no do crdito no uma
cincia exata. Um bom julgamento de crdito no pode ser unicamente medido de forma
tcnica, programado em computador. Ele adquirido e complementado tambm pela
experincia prtica de lidar com vrios clientes e vrias situaes.
Desta forma, Blatt (1999) define trs ferramentas como determinantes de um bom
julgamento de crdito com eficcia e segurana, consideradas pr-requisitos ao conjunto de
gerenciamento do analista de crdito:
Experincia prtica, como base para enfrentar vrios clientes e situaes; Julgamento de crdito combinado com anlise financeira e creditcia; Mtodos cientficos, tais como a pontuao de crdito, coeficientes e anlise de fluxo
de caixa entre outras tcnicas e ferramentas computacionais relevantes.
Assim, a anlise de crdito pode ser definida como uma ferramenta estratgica,
estabelecendo um veculo de vendas extremamente necessrio, adequado s presses do
mercado, enfrentadas pela maioria das empresas. As empresas, quaisquer que sejam seus
produtos e/ou servios, notadamente as que trabalham com concesso de crdito financeiro,
necessitam contar com eficientes processos de avaliao, com o objetivo de minimizar os
riscos e obter resultados mais coerentes e consistentes para a tomada de deciso.
19
Com relao aos objetivos, Schrickel (2000) afirma que o principal objetivo da
anlise de crdito identificar os riscos nas situaes de concesso de valores e evidenciar
concluses quanto capacidade de amortizao do tomador, alm de proporcionar
recomendaes relativas melhor estruturao e tipo de crdito a conceder.
Santos (2003) enfatiza que, o objetivo do processo de anlise de crdito o de
averiguar a compatibilidade do crdito solicitado com a capacidade financeira do cliente.
J na concepo de Blatt (1999), os objetivos de uma anlise de crdito podem ser
definidos em cinco categorias:
Avaliar se um devedor ir honrar com suas dvidas no momento correto; Avaliar a capacidade de pagamento da dvida (recursos disponveis); Avaliar a sade financeira do tomador de crdito (nvel de endividamento); Avaliar as prioridades dos direitos da empresa credora em relao a outros credores; Avaliar o planejamento financeiro do tomador de crdito.
2.2.2 A gesto e os procedimentos da anlise de crdito
A gesto da anlise de crdito considerada uma arte, compondo uma ao
coordenada de coleta e anlise de informaes, resultando em liberao ou no do crdito
proposto. Consiste na capacidade que uma empresa possui em antever se um solicitante ou
no capaz de liquidar o compromisso assumido, bem como, se o valor solicitado est nas
possibilidades do mesmo. Um bom julgamento de crdito adquirido pela experincia de
enfrentar uma variedade de clientes e situaes. Parte de um conjunto de dados que, avaliados
cuidadosamente no processo de raciocnio, pode gerar uma concluso em conformidade com
os critrios da empresa. (BLATT, 1999)
Assim, a poltica de anlise e deciso de crdito a chave para a sade da empresa
credora e de seus clientes, pois afetam vendas, necessidades financeiras, atividades
operacionais, entre outros, contribuindo substancialmente para o sucesso ou o fracasso dos
negcios. Normalmente, uma anlise de crdito pode ser realizada de trs formas:
Liberal apesar de impulsionar as negociaes e o volume de vendas e fornecer poderosas ferramentas comerciais, poder colocar a empresa em perigo e altos riscos;
Rgida e restritiva mesmo incorrendo em menores riscos, poder inibir o poder de venda das empresas, principalmente nos mercados arrojados e no conservadores;
20
Adequada considerada a anlise ideal, onde negcios podero ser incrementados, enquanto riscos e perdas inerentes s vendas a crdito so administrados com
perspiccia. Apesar de ser a forma buscada pela maioria dos analistas, esta de difcil
alcance, pelos vrios fatores que envolvem um processo de anlise de crdito.
Segundo Blatt (1999), para se obter um bom julgamento, necessrio a observao do
cliente in loco. Apesar de ser este um dos pontos negligenciados na maioria das anlises de
crdito, a visita de suma importncia e pode significar a fronteira entre o sucesso e o
fracasso da anlise de crdito.
Visitas so essenciais para conhecer mais profundamente os clientes atuais e os
clientes em perspectiva, e a partir da, obter dados, identificar situaes e detectar sinais de
perigo que, normalmente, s podem ser observados in loco. Assim, possvel justificar dados
dos cadastros e reforar a falta de documentaes mais abrangentes, antecipando,
consecutivamente, possveis problemas como alta estocagem, pessoal e equipamentos
ociosos, layout problemtico, motivao insuficiente, entre outros.
Uma visita uma reunio, documentada por meio de relatrio, realizada nas
instalaes da empresa, entre duas ou mais pessoas, representando, de um lado o credor e de
outro o cliente atual ou em perspectiva. Esta deve ser efetuada por profissionais que
participam ou influenciam no processo de deciso do cliente, ou que forneam informaes ao
departamento de anlise de crdito, estabelecendo uma atmosfera de confiana mtua, para, a
partir da, identificar os riscos e oportunidades, para a incrementao nas negociaes, bem
como, a efetivao de novos negcios.
Os objetivos da visita so: acompanhar a evoluo da situao econmico-financeira,
mercadolgica, administrativa e gerencial da empresa, bem como, pesquisar novas
oportunidades de negcios. Por intermdio de uma visita, um analista de crdito pode abordar
um grande percentual de informaes necessrias elaborao de relatrios que daro
subsdios aos dados cadastrais, proporcionando consequentemente, um bom parecer do
cliente, para que, a partir da, ele possa definir pela concesso ou no do crdito proposto.
Para Blatt (1999), visitas bem planejadas podem revelar aspectos subestimados pela
anlise de crdito tradicional. A visita coloca o analista de crdito em uma melhor posio
para tomar uma deciso acertada. Porm, para se obter sucesso, as visitas devem ser
freqentes (identificar continuamente todos os estgios e acontecimentos que afetam a
empresa), sistemticas (consistentes, ordenadas e coerentes com objetivo da empresa e o
perfil do cliente), e bem dirigidas (identificar exatamente o que se quer saber e abordar os
departamentos e as pessoas especficas que propiciaro as informaes corretas).
21
Assim, para se realizar uma anlise de crdito com eficcia, necessrio integrar a
anlise dos dados obtidos, ao contato com as empresas por meio das visitas, para que se possa
confirmar, confrontar e complementar as informaes necessrias, formando a partir da, um
conjunto de critrios, que dem sustentao a uma tomada de deciso segura e consistente.
2.2.3 A avaliao dos riscos e a concesso de crdito
Na concepo de Blatt (1999), o ponto principal para a concesso de crdito a
avaliao dos riscos. O risco de crdito pode ser definido como a expectativa de que as
negociaes acordadas se cumpram em uma data futura. Normalmente, a concesso de
crdito se realiza em um cenrio de incertezas, constantes mutaes e informaes
assimtricas. Portanto, a mensurao do risco de crdito fundamental para que empresas
ofertantes do crdito possam precificar um emprstimo corretamente e determinar o limite de
crdito a ser concedido a qualquer tomador, fixando assim, a exposio aceitvel a perdas.
Contudo, a intensa e crescente competitividade do mercado tm impulsionado
empresas a adotarem polticas de liberao de crdito a uma taxa extraordinariamente elevada,
levando-as a incorrer em grandes riscos. A necessidade de uma gesto eficiente, lucrativa e
com pouca inadimplncia, considerada um dos principais desafios das organizaes. O
equilbrio entre lucro e risco a essncia mais profunda de um bom julgamento de crdito.
Alcanar o equilbrio correto nos nveis de concesso, controle e riscos, representa o ncleo
absoluto de uma administrao de crdito. (BLATT, 1999)
Assim, a necessidade de agilizar a concesso de crdito de forma abrangente e segura,
vem se tornando cada vez mais necessria, aspecto este, maximizado de acordo com as
informaes obtidas, que devem ser claras, precisas e sempre atualizadas. Aliado aos
conhecimentos dos vrios aspectos da empresa est o feeling do analista de crdito, que
normalmente adquirido pela experincia e tempo de atuao na rea creditcia que o
capacita e o direciona a tomar decises de crdito mais acertadas e com menores riscos.
Para Blatt (1999) a anlise de risco para a concesso de crdito pode ser destacada
como um processo decisrio bastante complexo, envolvendo experincia anterior,
conhecimento sobre o que est sendo decidido, mtodos objetivos e adequados rea, bem
como, a utilizao de ferramentas e tcnicas especficas, adequadas e necessrias, no intuito
de se tomar decises mais seguras sobre conceder ou no o crdito determinada empresa ou
22
grupo empresarial. Assim, no parecer final, a tomada de deciso pode ser entendida como a
escolha entre alternativas disponveis e conhecidas, obtidas por intermdio de dados
consistentes e atualizados.
Para Santos (2003), no processo de anlise para concesso do crdito, primordial que
as empresas detentoras do crdito, obtenham informaes sobre: a quem pertence a empresa, a
capacidade administrativa e financeira dos gestores, a experincia adquirida dos proprietrios,
o domnio da tecnologia, alm do amplo conhecimento do mercado em que atua. Enfim, a
anlise de crdito constitui-se na anlise das atividades da empresa, considerando-se os
fatores internos e externos de risco que podem afetar a gerao de caixa.
Assim, os fatores internos de risco so aqueles voltados falta de experincia, de
competncia e at mesmo, de honestidade dos administradores, no gerenciamento da atividade
operacional da empresa. So fatores controlveis, todavia, dependentes do nvel de formao,
da experincia adquirida e da especializao tcnica dos empresrios. Quanto aos fatores
externos de risco, so os eventos no controlveis por uma empresa, os quais afetam o sistema
econmico em sua totalidade. Fatores como recesso, conjuntura econmica, concorrncia e
aes governamentais so exemplos de riscos externos que podem afetar a capacidade de
pagamento das empresas. (SANTOS, 2003)
Portanto, ressalta-se que gerenciar o risco de liquidez do crdito constitui-se em uma
atividade das mais importantes para as instituies do mercado financeiro e de capitais.
Define-se aqui, gesto de liquidez como o conjunto de processos que visam garantir a
capacidade de pagamento das empresas tomadoras de crdito, considerando o planejamento
financeiro, os limites de riscos e a otimizao dos recursos disponveis.
Entende-se, ento, que de suma importncia estabelecer uma poltica de contingncia
e planejamento de liquidez, como referncia para empresas e instituies do mercado
financeiro, inseridas nos processos de concesso de crdito. Esta poltica consiste em
determinar uma metodologia de controle do risco para a tomada de decises, de maneira que o
analista possa gerenciar suas exposies e reduzir a probabilidade de ocorrncia de riscos e de
problemas relativos falta de liquidez no mercado em que atua.
Neste contexto, destaca-se a necessidade da utilizao de alternativas inovadoras de
suporte deciso, que tem como propsito, dirimir os riscos, sem, contudo perder a
competncia mercadolgica, pois, a anlise de crdito representa a prpria sobrevivncia dos
negcios e, se efetivada de forma inconsistente e suscetvel a erros graves, pode comprometer
grande parte dos ativos da organizao. fundamental mudar o enfoque da estrutura dos
23
processos decisrios de crdito, agora mais voltada para a ao preventiva, com vistas a evitar
problemas futuros. (BLATT, 1999)
2.3 As tcnicas utilizadas no processo de anlise de crdito
Tcnicas desenvolvidas para facilitar a equao de crdito surgiram h vrios anos e
cada vez mais, tm-se buscado formas de aperfeio-las. Normalmente, as tcnicas de anlise
variam com a situao peculiar que se tem frente, porm, tomar uma deciso dentro de um
contexto incerto, em constante mutao, e tendo em mos um volume de informaes nem
sempre suficiente, extremamente difcil e complexo. (SCHRICKEL, 2000).
Segundo Gitman (2003) o processo de anlise de crdito consiste em uma tcnica de
colher um conjunto de informaes, atribuir valores a estes dados, destacar os pontos
positivos e negativos e a partir da, formar um juzo da empresa. Alm de uma variedade de
medidas para uma anlise de risco de forma quantitativa, normalmente usada para uma
carteira de ativos, o risco pode tambm ser avaliado do ponto de vista comportamental e
qualitativo, fornecendo aos tomadores de deciso, uma percepo do comportamento dos
retornos.
Para Santos (2003) a avaliao do risco de um potencial cliente pode ser efetuada de
duas maneiras, utilizando-se duas tcnicas: 1) por julgamento, que uma forma mais
subjetiva, envolvendo uma anlise mais qualitativa, baseada normalmente na deciso humana
e 2) por classificao do tomador via modelos de avaliao, de forma objetiva, envolvendo
uma anlise mais quantitativa, utilizando processos estatsticos.
Santos (2003) enfatiza que, normalmente, os profissionais da rea de crdito das
principais instituies financeiras utilizam estes dois procedimentos para analisar o risco em
concesses de crditos: a anlise subjetiva e a anlise objetiva. A descrio de cada uma
destas anlises de suma importncia, uma vez que, por meio deste mix de dados e
informaes, se determina a qualidade do grau de exposio ao risco, em carteiras de crdito.
Assim, a pesquisadora tem comprovado, pela experincia profissional e contato com
vrias empresas ao longo dos anos, que as abordagens supracitadas so pertinentes, vindo de
encontro necessidade de se mensurar os aspectos que compem uma organizao e suas
inmeras atividades de forma abrangente e segura. Informaes amplas e consistentes,
24
abordando tanto os aspectos subjetivos ou qualitativos como os aspectos objetivos ou
quantitativos, referenciam melhor a performance e o desempenho de uma empresa.
Desta forma, para que se possa conhecer melhor as tcnicas, as anlises e os
procedimentos utilizados nos processos de anlise de crdito e tomada de deciso,
abordaremos a seguir, as caractersticas das anlises objetiva e subjetiva, respectivamente.
2.3.1 A anlise objetiva de crdito
As empresas que trabalham com crdito e tomada de deciso, como bancos,
financeiras, empresas de fomento, etc, percebem a cada dia, que a razo de sua existncia a
administrao do risco. Procuram ento, descobrir como podem transformar o risco em algo
plenamente administrvel. No entanto, para melhor entender o risco de crdito, torna-se
necessrio verificar o processo decisrio, que incorpora a obteno de um grande nmero de
informaes dos clientes interessados em uma deciso de crdito.
Para Santos (2003), normalmente, estas informaes so processadas na etapa que se
denomina anlise de crdito. Na etapa seguinte, ou de deciso de crdito e, frente
possibilidade de uma estruturao de emprstimo com o cliente montante, prazo, taxa,
garantia e produto procura-se determinar o risco de crdito.
Destaca-se ento, que sob a orientao da poltica de crdito da empresa ou
instituio financeira, que se utilizam as mais diversas tcnicas no sentido de se estabelecer o
risco de crdito que se estaria assumindo em negcios que viessem a se realizar com o cliente
em estudo. Assim, uma das tcnicas para se administrar as vrias informaes, mediante a
anlise objetiva de crdito.
A anlise objetiva busca centrar-se nas metodologias estatsticas, sendo amparada em
pontuaes de riscos, a partir de frmulas desenvolvidas, com a finalidade de apurar
resultados matemticos que atestem a capacidade de pagamento dos tomadores. A pontuao
de crdito um instrumento estatstico desenvolvido para que o analista avalie a
probabilidade de que determinado cliente venha a tornar-se inadimplente no futuro.
(SANTOS, 2003)
Segundo Faria (2006) a anlise objetiva efetuada normalmente por meio de tcnicas
estatsticas, por fatores de classificao e de pontuao, procurando enfatizar dados relevantes
para uma anlise de crdito eficaz, mensurando-os atravs de critrios pr-estabelecidos. A
25
pontuao de crdito um instrumento estatstico, desenvolvido para que o analista avalie a
probabilidade de que determinado solicitante de emprstimo venha a ser um mau pagador no
futuro.
Faria (2006), enfatiza ainda que, o mtodo de anlise objetiva consiste em proceder,
por meio de frmulas, a avaliao de cada solicitao de crdito, levando-se em considerao
o conjunto de caractersticas que cada empresa ofertante do crdito destaca como relevantes
na previso de reembolso. Dentre estas tcnicas, podem-se destacar: artificial neural network
(rede neural artificial), credit scoring, rating, behavior scoring, entre outras.
Ressalta-se que este trabalho utiliza especificamente, tcnicas de rede neural artificial.
Todavia, como mtodo de pontuao das caractersticas dos tomadores de crdito, aplica
tcnicas de score, tendo como diferencial, a no utilizao da estatstica, empregando um
mtodo estratgico para classificar os clientes adimplentes e inadimplentes, por meio da
anlise subjetiva, estruturada e padronizada pelos critrios de avaliao definidos para o
modelo de anlise de crdito proposto.
Assim, para uma maior compreenso do mtodo de anlise objetiva, cada tcnica
destacada, ser abordada separadamente, com exceo da tcnica de rede neural artificial, que
ser descrita com maior amplitude posteriormente, por se tratar da ferramenta computacional
empregada no modelo deste trabalho e objeto deste estudo.
2.3.1.1 Credit scoring ou pontuao de crdito
Tcnica utilizada para se conhecer o cliente e descobrir como prever seu
comportamento futuro. Empregada quando ainda no se tem experincia de negcios com a
empresa, isto , nos processos de avaliao para a concesso ou no do crdito.
Trata-se, portanto, de um modelo de avaliao do crdito, normalmente baseado em
frmulas estatsticas, desenvolvidas com base em dados cadastrais, financeiros, patrimoniais,
de idoneidade dos clientes, entre outros. O grande foco da metodologia score apreciar a
qualidade potencial de um tomador de crdito dentro de um grande universo, milhares ou
mesmo milhes de indivduos e/ou empresas, sendo normalmente aplicado aos crditos
massificados, onde a rapidez de aprovao fator preponderante.
Segundo Santos (2003), para a composio desta frmula, selecionam-se as principais
informaes cadastrais dos clientes e, em seguida, atribuem-lhes pesos ou ponderaes de
26
acordo com a importncia destacadas em suas polticas internas e externas de crdito. Como
resultado final, obtm-se um sistema de pontuao, que possibilitar o clculo de valores que
sero interpretados em conformidade com a classificao de risco adotada. Essa classificao
de risco dar-se- por escalas numricas, as quais recomendaro a aprovao ou recusa dos
crditos pleiteados pelas empresas.
2.3.1.2 Rating ou classificao de risco
O termo Rating - significa "ndice, indicador", ou seja, um processo de classificao
atravs de analogias, comparaes. Para Santos (2003) uma classificao de risco de crdito
que pode ser atribuda a um pas, uma empresa, uma pessoa, um ttulo ou a uma operao de
crdito. Essa classificao dada por uma escala de letras ou nmeros definida pelo rgo
classificador. Silva (2003 apud Santos, 2003) define rating como uma avaliao de risco
baseada na ponderao das informaes (cadastrais, financeiras, patrimoniais,
macroeconmicas, etc.) da empresa tomadora de crdito. Normalmente, esta tcnica utiliza
para se avaliar companhias de porte mdio e grande, ou grupos empresariais.
2.3.1.3 Behavior scoring ou pontuao por comportamento
Santos (2003) destaca que, behavior scoring uma pontuao por comportamento.
Trata-se de um modelo elaborado com base no conhecimento que se tem da empresa e/ou dos
scios, isto , no comportamento do cliente que solicita o crdito. Normalmente, este mtodo
utilizado para a manuteno dos clientes, onde se atribui pesos ao seu histrico
comportamental, para posterior classificao. Estabelece-se a probabilidade de que um crdito
permanecer ou retornar a uma condio de pagamento satisfatria. Este modelo de
comportamento fornece subsdios para o administrador do crdito, apontando a possibilidade
de resposta a ofertas do mercado e permitindo projees de rentabilidade.
27
2.3.2 A anlise subjetiva de crdito
Este tpico ser abordado, no intuito de proporcionar uma maior compreenso acerca
da anlise subjetiva, e das tcnicas utilizadas neste processo para possibilitar uma mensurao
coesa dos dados do tomador de crdito, baseados na experincia e competncia dos
profissionais da rea de crdito. O interesse em abordar com maior nfase este tpico, se d
pelo fato de que, o modelo proposto neste trabalho, estruturado pela anlise subjetiva de
crdito, tornando-se necessrio, portanto, ter um maior domnio e conhecimento desta tcnica.
Assim, para Santos (2003) a anlise subjetiva, baseada na experincia, no bom senso
e na capacidade, isto , na viso quantitativa e qualitativa do analista de crdito, mais
precisamente, no diagnstico da idoneidade do cliente, identificando os pontos fortes e fracos
da atividade operacional da organizao. O processo de anlise subjetiva envolve decises
individuais quanto concesso ou no de crdito. A deciso baseia-se na disponibilidade de
informaes, na experincia adquirida e na sensibilidade de cada analista quanto viabilidade
do crdito. Porm, essa anlise no pode ser realizada de maneira aleatria, devendo ser
embasada em conceitos tcnicos que iro guiar a tomada de deciso.
Segundo a Equifax (2003) uma das principais fornecedoras mundiais de informao de
crdito comercial, a experincia do analista a base de tudo. Quando registrada com dados
concretos, demonstrada conscientemente atravs de avaliaes coerentes e, ainda, aplicada
com bom senso e ferramentas adequadas, essa experincia se transforma em conhecimento,
para que o analista possa obter um maior controle sobre previses e riscos.
Gitman (2003) acredita que, um dos insumos bsicos deciso final de crdito o
julgamento subjetivo que o analista financeiro faz para determinar se vlido ou no assumir
riscos. Para o autor, a experincia adquirida do analista e a disponibilidade de informaes,
tanto internas como externas sobre o carter do tomador, so requisitos fundamentais para a
anlise subjetiva do risco de crdito.
Na concepo de Schrickel (2000) com relaao a anlise subjetiva, observa-se que: "a
anlise de crdito envolve a habilidade de fazer uma deciso de crdito, dentro de um cenrio
de incertezas, constantes mutaes e informaes incompletas". Esta habilidade depende da
capacidade de analisar logicamente situaes, no raro, complexas, e chegar a uma concluso
clara, prtica e factvel de ser implementada. Ou seja, grande parte da anlise de crdito
realizada por meio do julgamento do agente de crdito, baseada principalmente na habilidade
e experincia do mesmo.
28
Para Securato (2002 apud Santos, 2003) a anlise subjetiva de crdito depende de um
conjunto de informaes contidas em um dossi ou pasta de crdito. Dentre elas, destacam-se
as informaes cadastrais, financeiras, patrimoniais, de idoneidade, de relacionamento e do
negcio. A subjetividade destacada, como a capacidade, ou viso quantitativa e qualitativa,
de cada analista de crdito, de identificar adequadamente os pontos fortes e fracos da
atividade operacional, administrao, riqueza patrimonial e situao financeira dos clientes.
Assim, fundamentada nestas premissas, que se definiu por utilizar a tcnica de
anlise subjetiva para a elaborao do modelo proposto, baseado no mtodo j utilizado pela
empresa Alfa, amparado pela larga experincia dos analistas de crdito desta empresa.
Destaca-se que esta anlise reforada por visitas efetuadas nas empresas que compem a
carteira de crdito, buscando um intercmbio de informaoes entre todos os elos envolvidos
no seu processo estrutural, para posterior pontuao e classificao dos dados.
Contudo, apesar deste mtodo de anlise ser utilizado pela empresa Alfa h vrios
anos, inclusive demonstrando bons resultados, evidencia-se que foram efetuados os ajustes
necessrios para que esta tcnica fosse desenvolvida com coerncia e bom senso, em bases
slidas, utilizando todos os procedimentos necessrios para se quantificar de forma
padronizada, os dados e informaes qualitativos utilizados nesta anlise.
Desta forma, baseada tanto na literatura, como na experincia de utilizar este mtodo
nos processos de anlise da empresa Alfa, com resultados satisfatrios, destaca-se que a
anlise subjetiva do tomador do crdito uma tcnica de grande importncia e relevncia,
sendo geralmente realizada pelo analista, embasada na sua experincia e no conhecimento
adquirido de todo o contexto da empresa que est sendo analisada.
Assim, por intermdio da experincia do agente de crdito, possvel identificar
fatores como carter, capacidade, capital e condies de pagamento das empresas tomadoras
de crdito. Fatores estes, utilizados grandemente na rea creditcia e destacados pela literatura,
como os Cs do crdito e que ser abordado a seguir.
2.3.3 Os Cs do crdito como fator determinante utilizado na
anlise subjetiva
A partir dos dados supracitados, enfatiza-se que, na visita, isto , no contato direto
com a empresa, que o analista obtm e comprova vrias informaes, podendo inclusive,
29
verificar com consistncia, os fatores determinantes da anlise subjetiva de crdito, tanto
quantitativo como qualitativamente, considerados pela literatura e por definio de diversos
autores, a exemplo de Gitman (2003), Santos (2003), Blatt (1999) e Santi Filho (1997), como
as bases primrias para uma deciso de crdito subjetiva e importantes condutores de valor,
denominados de os Cs do crdito.
Assim, a anlise de crdito deve ser efetuada de forma ampla, com dados que refletem
as informaes cadastrais e financeiras da empresa, enfim, uma anlise da estrutura
organizacional, mercadolgica, etc. Alm de analisar o fato histrico do cliente, a tomada de
deciso deve estar voltada preveno de riscos futuros, pois a anlise de crdito nao deve
lidar somente com eventos passados do tomador de emprstimos. As decises de crdito
devem considerar pr