Post on 07-Nov-2015
description
Responsvel pelo Contedo:
Ncleo de Professores e tutores do Campus Virtual
Estratgias de Leitura
Nesta unidade, vamos trabalhar com o
tema Estratgias de Leitura. Seu roteiro de estudo deve
comear pela leitura do texto que est no material terico.
Nele, voc encontra informaes importantes sobre o
processo e as estratgias de leitura, que sero de grande
auxlio para ler e produzir seus textos. Alm disso, voc entra
em contato com o contedo gramatical da unidade que
trata das principais regras de concordncia verbal e
nominal. Esse conhecimento essencial para usar a lngua
na variedade padro, no nvel formal de linguagem.
Aps percorrer esse espao de estudo, e realizar a atividade interativa que recupera o
contedo terico, o passo seguinte a atividade de aprofundamento AP, que nesta
unidade uma produo textual. Nessa proposta, voc coloca em prtica algumas
estratgias de leitura que apresentamos nesta unidade. Procure organizar-se bem para a
realizao dessa atividade que exige tempo para a elaborao adequada e posterior publicao
dentro do prazo definido no calendrio, para a avaliao da tutoria.
Para finalizar, faa os exerccios da atividade de sistematizao AS como forma de
aplicar o que aprendeu na unidade de estudos. Para essa atividade, o aproveitamento ser
indicado por meio da autocorreo.
Caso tenha dvidas sobre o contedo ou sobre as atividades, entre em contato com a
tutoria pelas ferramentas do ambiente de aprendizagem: via Mensagens e Frum de Dvidas.
Ateno
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material terico atentamente antes de realizar
as atividades. importante tambm respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Nessa unidade vamos abordar o tema da leitura e conhecer algumas
estratgias para realizar leituras mais proveitosas, principalmente no mbito
acadmico. No entanto, para comear a pensar no tema leitura, que est sempre
interligado produo de textos, selecionamos um curta-metragem que ganhou o
Oscar em 2012. Trata-se do filme The fantastic flying books by Mr. Morris
Lessmore, uma alegoria bem humorada sobre o poder curativo das histrias, que
necessariamente vai abordar tanto a leitura quanto a escrita de histrias. A partir de
uma variedade de tcnicas (miniaturas, computao grfica, animao), o
premiado autor/ilustrador William Joyce e o codiretor Brandon Oldenburg
apresentam um estilo hbrido de animao que remete tanto aos filmes silenciosos
quanto aos musicais Technicolor da MGM.
Para assisti-lo acesse o link:
https://www.youtube.com/watch?v=wDkfhwRlcZw
Para fazer comentrios sobre o filme, utilize o frum dvidas, sempre um
espao aberto para a troca de ideias. No deixe de participar!!
Contextualizao
Introduo
A unidade de estudos Estratgias de Leitura apresenta um contedo
terico desenvolvido para atender aos seguintes objetivos de aprendizagem:
compreender o processo de leitura de textos em geral e,
especificamente, os tcnico-cientficos;
identificar e aplicar as estratgias de leitura para o aproveitamento
eficiente da leitura e da produo de textos.
Em primeiro lugar, necessrio realizar a leitura de todo o contedo que
fundamenta teoricamente o tema para estudo. Em seguida, elaborar as
atividades de aproveitamento e aprofundamento: uma atividade de
sistematizao AS, com autocorreo, e a atividade de aprofundamento
AP, uma produo textual, para avaliao da tutoria.
Para esclarecimento de dvidas sobre o contedo ou sobre a elaborao
das atividades prticas, importante acessar os locais de publicao que
contm as orientaes especficas sobre as propostas e prticas a serem
realizadas. Para falar com a tutoria, entre em contato, via Mensagens ou Frum
de Dvidas, no ambiente de aprendizagem.
Material Terico
Os limites da minha linguagem so os limites de meu mundo
Ludwig Wittgenstein
1. O que ler?
Antes de definir o que ler, importante distinguir informao de
conhecimento. A informao adquirida sempre que estamos em contato com as
coisas do mundo. Quanto mais atentos ficarmos s informaes, para estabelecer
relaes com os conhecimentos que j possumos, mais conhecimento e melhor
desempenho teremos, tanto acadmico quanto profissional.
Atualmente, o acesso ilimitado rede de informaes favorece muito esse
contato nas diferentes situaes do cotidiano. Temos, portanto, importante papel
ativo na construo desse conhecimento, que se produz pelo estabelecimento de
relaes entre as mais diversas informaes, sobre as quais refletimos, atribumos
sentido a elas e operamos a transformao no conhecimento.
Nesse processo, a leitura se constitui numa habilidade decisiva para a
construo do conhecimento. muito comum as pessoas dizerem que no gostam
de ler e que no leem com frequncia. Para muitas pessoas, ler apenas
decodificar a mensagem para depois, reproduzi-la. Para outros, a dificuldade de
memorizar tudo o que leem leva ao distanciamento do ato de ler e consequente
rejeio da leitura. Alguns acreditam que no se produz conhecimento enquanto
no houver maturidade para isso.
Quando acreditamos que somos capazes apenas de reproduzir informaes
e no de produzir conhecimento como se, ao entrarmos na escola ou na
faculdade, tivssemos acabado de nascer e no fssemos capazes de ter ideias
prprias, no fssemos capazes de pensar, refletir e criar. Esse pensamento
prejudicial, por transformar-se num bloqueio para o leitor que acredita no ser
totalmente capaz de compreender o que um texto diz. Ento muitas pessoas
acabam no lendo por causa do mito da incapacidade.
Ler no simplesmente decodificar letras. No lemos apenas palavras, mas
tambm imagens, gestos, expresses faciais, comportamentos e atitudes. Ler
compreender o mundo que nos cerca. Ler tomar contato com o pensamento do
outro para poder criar o prprio pensamento. Para tanto, no podemos ficar
passivos diante de um texto; devemos ser um leitor crtico que pode concordar ou
discordar, que pode criar novas ideias a partir da leitura.
Ler a chave do conhecimento; tanto a leitura de um texto quanto a leitura
da realidade mais ampla: a do mundo. Para Freire (1985: 22), a leitura do mundo
precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da
leitura daquela.
Essa frase de Freire nos remete importncia dos nossos conhecimentos
prvios e das experincias vividas para a construo dos sentidos dos textos que
lemos e refora a ideia de que a compreenso s ocorre quando estabelecermos
relaes entre as informaes do texto e os conhecimentos que j possumos.
Mas por que, ento, achamos que no lemos? E mais: ser que lemos
apenas quando estamos com um livro na mo? fato que estamos acostumados a
relacionar a leitura apenas a livros. Alm disso, comum nos referirmos leitura
pensando apenas na decodificao de palavras.
No entanto, nos dias de hoje, bastante complicado afirmar que uma
pessoa que est conectada modernidade no leia absolutamente coisa alguma.
s pararmos para refletir no nosso dia a dia para constatarmos quantas vezes
estamos em contato com a leitura. Lemos tanto o destino do transporte que iremos
usar quanto os e-mails de trabalho e outros documentos, s para citar algumas
aes rotineiras.
A sensao de que no lemos deve-se ao fato de que muitos de ns no
tm o hbito de ler com o objetivo de entretenimento ou de busca de
conhecimento. Mas certo que estamos sempre em busca de informaes. Mesmo
assim, poucas vezes lemos textos formais como jornais, revistas, livros etc. E,
mesmo quando os lemos, raramente refletimos sobre essas leituras. As justificativas
para isso so muitas: falta de tempo, preguia, dificuldade de entendimento ou
mesmo por falta de hbito de ler esse tipo de material.
Entretanto, ler um hbito que se cultiva. E muitas vezes temos dificuldade
para inserir no nosso cotidiano esse hbito. Alguns tendem a acreditar que essa
dificuldade advm do fato de que:
ler um ato solitrio no mundo moderno, temos cada vez mais
dificuldade de encontrar privacidade e de estar sozinho;
ler demanda tempo atualmente o excesso de trabalho e a oferta de
entretenimento to grande que resta pouco tempo para a leitura. Quando
estamos com um tempo livre em casa optamos pela TV, pelo DVD, pela
navegao nas redes sociais;
ler est ligado maturidade no basta apenas decodificar cdigos, ou
atribuir significado a palavras, preciso estabelecer relaes para
compreender os seus sentidos. A compreenso depende de experincias
vividas e de conhecimentos de diversos tipos.
Entretanto, na vida acadmica, a leitura assume outras funes,
extremamente importantes para o nosso desenvolvimento tanto acadmico quanto
profissional. Na vida acadmica e profissional, ler no uma ao gratuita. A
leitura deve ser sempre orientada por um objetivo preciso: informar-se, selecionar e
coletar informaes, condensar e reformular informaes.
Resumindo, na universidade, ler significa apropriar-se de uma informao,
relacion-la aos nossos conhecimentos para produzirmos novo conhecimento. Por
isso, no podemos nos esquecer de que ler no significa descobrir algo
desconhecido; significa, ao contrrio, partir de experincias e conhecimentos para
construir hipteses a respeito do que lemos e, durante a leitura, confirm-las ou
descart-las.
2. Leitura: um Processo Ativo e Dinmico
A leitura um processo cognitivo nico para qualquer indivduo, em
qualquer lngua. O termo cognitivo est relacionado ao processo mental de
percepo, memria, construo de relaes, avaliao e compreenso. E o ato de
ler, como veremos a seguir, solicita um trabalho mental importante.
A diferena entre um leitor proficiente, isto , um leitor competente, que
possui um bom aproveitamento sobre o que l, e um leitor inexperiente, no reside
apenas no processo de estabelecer sentidos a partir do texto, mas na maneira
como cada um deles dinamiza esse processo, tanto desenvolvendo estratgias (de
seleo, de predio e de inferncia) como tambm utilizando os conhecimentos j
adquiridos, ou seja, os conhecimentos prvios para compreender o que l.
Aprender a ler com eficincia implica, pois, o desenvolvimento de
estratgias e a utilizao de conhecimentos prvios. O sentido criado a partir do
texto, entretanto, extrair esse sentido depende do que o sujeito-leitor armazena na
memria e da maneira como ele ativa sua memria no momento da leitura.
Nossa memria tem uma capacidade de armazenamento muito grande.
Tudo aquilo que aprendemos e que vivemos, fica ali guardado. Quando nos
deparamos com situaes novas, ou com um novo texto, nossa memria ativada:
ela fornece os dados armazenados que podem ter relao com a informao nova
e estabelece as relaes necessrias para, a partir da informao fornecida pelo
texto e os conhecimentos ativados pela memria, sermos capazes de construir
sentidos na leitura do texto. Por isso dizemos que nossa memria trabalha; ela
efetivamente nos ajuda a ler e compreender.
Alm disso, quanto mais atento o leitor estiver ao trabalho de sua mente
durante a leitura, quanto mais procurar conscientemente os conhecimentos
necessrios para a construo dos sentidos, mais produtiva ela ser. Essa atitude
diligente essencial na leitura de textos acadmicos, por exemplo.
Tudo isso ocorre porque a caracterstica mais importante do processo da
leitura a busca do sentido do texto. O sentido construdo e reconstrudo durante
a leitura e releitura; a cada informao nova com que nos deparamos, a memria
ativa outros conhecimentos e ns estabelecemos novas relaes, novos sentidos.
Durante e aps a leitura, o leitor continuamente reavalia e reconstri o sentido na
medida em que obtm novas percepes.
Voc j havia pensado a leitura sobre essa perspectiva? Como pudemos
constatar, a leitura um processo dinmico e muito ativo, que exige a postura
interativa do leitor que anseia por se tornar proficiente, ou seja, competente, na
transformao da informao em conhecimento.
3. A Importncia dos Conhecimentos Prvios
A compreenso de um texto somente possvel se o leitor j possuir
previamente algum conhecimento do qual possa partir para processar as
informaes contidas no texto: s se compreende o que no se conhece a partir do
j conhecido. No interessante pensar que h sempre um aproveitamento de
nossas leituras anteriores para a leitura que estamos fazendo nesse momento?
Nossas leituras dependem, portanto, em grande parte, dos conhecimentos
que j possumos, ou seja, de nossos conhecimentos prvios. As leituras que
precedem a leitura em questo, os conhecimentos adquiridos de maneira formal,
ou no, so fatores que possibilitam uma boa interpretao e compreenso do
texto, por exemplo: um mdico tem mais facilidade em ler e compreender os
efeitos colaterais explicitados em uma bula de remdio do que um leigo, pois
estudou sobre o assunto e conhece-o.
Alm disso, o sentido de um texto no construdo somente por meio de
elementos explcitos; a compreenso constitui um processo que requer clculo
mental. As inferncias constituem um exemplo prototpico de clculo mental, pois
elas so o processo pelo qual o leitor adquire informao partindo de informaes
textuais explicitamente apresentadas e levando em conta o contexto.
Podemos definir inferncia como um processo que permite gerar novos
sentidos, ou novas informaes a partir do estabelecimento de relaes entre as
informaes que esto explcitas no texto e os nossos conhecimentos. Assim, por
exemplo, a partir da piadinha a seguir:
A professora perguntou para Nino:
- Voc tem sete bombons. Como que voc faz para dividir com a sua
irmzinha?
E o Nino responde:
- Dou quatro para mim e trs para ela.
- O que isso, Nino? Voc ainda no sabe dividir?
- Eu sei. Mas minha irm no sabe...
Podemos inferir, com base nas informaes explcitas no texto, que Nino
malandro, ou seja, deseja tirar vantagem da falta de conhecimento da irmzinha,
pois, consciente de que ela no sabe fazer a operao de diviso, tem a inteno
de engan-la. Essa informao no est dita explicitamente no texto, mas a
diferena na quantidade de bombons que ele distribuir vantajosa a seu favor. As
informaes presentes no texto associadas a nossos conhecimentos socioculturais
sobre o comportamento das pessoas nos permitem construir uma avaliao a
respeito do personagem. Essa avaliao se d por um processo inferencial.
Outro exemplo:
Um co atravessava o rio com um pedao de carne na boca.
Quando viu seu reflexo na gua, pensou que fosse outro co
carregando um pedao de carne ainda maior. Soltou ento o
pedao que carregava e se jogou na gua para pegar o outro.
Resultado: no ficou nem com um nem com outro, pois o primeiro
foi levado pela correnteza e o segundo no existia.
In: Fbulas de Esopo. Traduo de Antnio Carlos Vianna. Porto
Alegre: L&PM, 1997.
Com base na leitura do texto anterior, podemos inferir que a ambio
excessiva no traz benefcios. O texto no traz essa informao de forma explcita,
mas os fatos narrados nos conduzem a essa concluso, por um processo de
raciocnio inferencial que uniu informaes do texto ao que j conhecamos
previamente.
O conceito de conhecimento prvio engloba ainda conhecimentos de
diversas ordens: sobre a lngua e seu funcionamento, sobre os textos e suas
estruturas, sobre o mundo em geral, sobre a especificidade da situao de
comunicao, alm daqueles adquiridos por meio das experincias pessoais do
leitor.
Portanto, podemos identificar, entre outros, trs grandes conjuntos de
conhecimentos prvios: o conhecimento lingustico, o conhecimento textual
e o conhecimento de mundo. Obviamente, esses trs grandes conjuntos de
conhecimentos se articulam e a ativao de todos eles permite ao leitor transformar
uma estrutura isolada e fragmentada na memria numa entidade mais completa e
coerente.
O conhecimento lingustico representa a competncia do falante em
relao gramtica de sua lngua materna que, por sua vez, permite ao leitor
perceber a maneira pela qual o texto foi tecido: sua ligao interna, sua
textualidade, sua unidade. um dos tipos de conhecimento do qual o indivduo
lana mo, por exemplo, quando se depara com uma situao de ambiguidade.
Alm disso, esse tipo de conhecimento nos permite reconhecer quando algum
est falando uma lngua que no a lngua portuguesa. Ao ler uma frase como:
"Questa bambina non mai tornata a casa!", sabemos que ela no est escrita em
portugus, mesmo tendo reconhecido a palavra casa.
O conhecimento textual construdo pela convivncia com diferentes
textos em diferentes situaes. Kleiman (1997) ressalta que quanto mais
conhecimento textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposio a todo tipo de
texto, mais fcil ser a sua compreenso. E o conhecimento de diferentes gneros
tambm essencial, pois o que nos permite reconhecer um conjunto de
enunciados como um conto e no como uma receita, por exemplo.
Esse conhecimento permite ainda ao leitor direcionar suas expectativas
frente aos textos, tornando possvel que, diante de um texto predominantemente
narrativo, o leitor espere encontrar personagens, conflito, ao, temporalidade e,
diante de um texto predominantemente argumentativo, procure encontrar a defesa
de uma tese. .
O conhecimento de mundo corresponde ao conjunto de conhecimentos
que o leitor adquiriu em seu processo de aprendizado formal e informal, incluindo
tambm suas experincias pessoais. fato, por exemplo, que indivduos de uma
mesma cultura compartilham conhecimentos que foram adquiridos, na maioria das
vezes, informalmente.
O que torna o conhecimento de mundo decisivo para o estabelecimento
de sentido de um texto a necessidade de haver correspondncia entre os
conhecimentos ativados a partir do texto e o conhecimento de mundo armazenado
pelo leitor em sua memria. Se essa correspondncia no se efetiva, o texto no
faz sentido, pois no se estabelecem relaes entre os elementos do texto e os de
mundo.
Alm disso, haver mais dificuldade de estabelecer as relaes entre as
informaes do prprio texto, como tambm de ampli-las. Esse conhecimento
permite que o leitor possa completar, com segurana, as lacunas de um texto. No
exemplo, "A professora saiu correndo para o trabalho porque estava atrasada.,
nenhum leitor imaginar que ela tenha sado correndo como uma atleta, mas sim
que saiu apressadamente.
Evidentemente, se a experincia de mundo do autor for muito diferente da
do leitor, problemas de compreenso podero ocorrer e cuidados extras tero que
ser tomados, como por exemplo, uma pesquisa de dados referentes ao texto que
ser lido. Se o texto trata de questes culturais do oriente, o leitor do ocidente
pode ampliar seu conhecimento de mundo com outras pesquisas e leitura.
Ao nos depararmos com um texto que trata de um assunto desconhecido ou
pouco conhecido, devemos procurar informaes fora do texto, pesquisar em
outras fontes de referncia, a fim de compreender melhor o texto. Essa uma boa
estratgia de leitura. Alis, esse nosso prximo assunto. Leia com ateno!
4. Estratgias de Leitura
Para compreender um texto, utilizamos intuitivamente uma srie de
estratgias, sem nos darmos conta de que estamos trabalhando ativamente para
compreender o texto. As estratgias de leitura so aes que fazemos para atribuir
sentido ao que lemos. Podemos compar-las, por exemplo, com as estratgias
utilizadas por um treinador em um jogo de futebol para vencer uma disputa no
campeonato.
No nosso caso, as estratgias de leitura dependem muito do gnero do
texto. Por isso, a estratgia utilizada na leitura de um romance no a mesma que
se usa para a leitura de um texto acadmico ou terico. Se continuarmos a nossa
comparao, o tcnico de futebol tambm usar estratgias diferentes para cada
time adversrio, no mesmo?
Vale lembrar ainda que as estratgias para compreender os textos que
lemos dependem dos objetivos da leitura. Quando lemos um romance, por
exemplo, normalmente estamos procurando nos distrair, lemos por prazer e temos
de l-lo do incio ao fim para compreender seu sentido; diferentemente da leitura
de um texto terico, que lemos para estudo, para ampliar nossos conhecimentos,
para fazer uma prova, o que exige seguir a ordem dos captulos.
Vamos sistematizar um pouco essas estratgias? As dicas que apresentamos
a seguir so direcionadas para a leitura de textos tericos para estudos. Afinal, na
vida acadmica importante lanar mo de estratgias de forma consciente. Veja
algumas etapas que auxiliam a compreender melhor os textos para seus estudos.
Antes de comear a ler o texto propriamente, explore-o um pouco, de forma
global, a fim de apreender, brevemente, a imagem do documento escrito:
Observe o que circunscreve o texto: os outros textos e/ou as ilustraes que
esto em torno dele.
Tome conscincia da extenso do texto (quantas pginas) a fim de planejar
o tempo que despender na leitura (no adianta, por exemplo, deixar para
ler um texto de 20 pginas trinta minutos antes do incio da aula para a qual
o professor pediu a leitura).
Tome conhecimento dos ttulos: o ttulo do texto e os subttulos, pois eles
fornecem pistas sobre o assunto que ser desenvolvido.
Observe a apresentao e o estilo: uma expresso em negrito, por exemplo,
pode indicar um elemento para o qual o autor quer chamar a ateno dos
leitores; um texto em itlico ou entre aspas pode indicar uma citao ou
uma ressalva por parte do produtor do texto.
Procure identificar quem o autor do texto e informe-se sobre ele.
Observe o gnero do texto, pois os gneros tm caractersticas prprias de
organizao de acordo com a sua funo.
Depois de preparar-se para a leitura, importante fazer uma leitura rpida,
mas integral, sem deter-se em palavras e estruturas desconhecidas ou complexas:
Dirija a ateno s estruturas e expresses identificveis, conhecidas, para
apreender a ideia principal ou a tese desenvolvida no texto (lembre-se de
que compreendemos um texto a partir de nossos conhecimentos j
armazenados na memria).
Releia atentamente a introduo e a concluso, pois elas trazem
informaes globais.
Depois de passar por essas duas etapas, voc estar preparado para uma
boa leitura, que certamente ser mais seletiva:
Inicie a leitura com a identificao das palavras e expresses desconhecidas
e a elaborao de um vocabulrio do texto, recorrendo ao dicionrio.
Em seguida, passe leitura seletiva propriamente, que consiste em sublinhar
no texto:
a) As expresses, as palavras e as frases-chave que exprimem as ideias
mais importantes do texto.
b) As expresses que indicam a articulao do texto.
c) As passagens significativas que revelam o desenvolvimento das ideias
mais importantes (eliminando os exemplos ilustrativos, as
enumeraes, as repeties, as redundncias).
Para garantir o bom aproveitamento do texto e para no ter que voltar a l-
lo integralmente quando tiver que retom-lo para estudos, aconselhamos que,
depois de passar por essas trs etapas, voc sistematize as informaes do texto
lido, por meio um esquema, ou seja, um plano do texto lido. Esse plano pode ser
muito til na hora de estudar para a prova, por exemplo.
Para a elaborao do plano, siga os seguintes passos:
Extraia de cada pargrafo as ideias ou expresses essenciais e resuma-as
em uma palavra-chave ou em um ttulo.
Extraia as ideias secundrias ou complementares e tambm as resuma
em uma palavra-chave ou em um subttulo, logo abaixo das ideias
principais.
Anote os elementos de articulao lgica entre cada ideia importante
a fim de conservar a organizao global do texto.
Elabore o plano do texto lido, organizando de forma hierrquica os
elementos que voc levantou.
Em sntese:
A leitura do texto terico permite assimilar que:
O processo de leitura vai muito alm da decodificao de palavras.
O leitor lana mo de sua memria e trabalha ativamente para
compreender o texto. Afinal, ler atribuir sentidos ao que lemos.
O leitor recorre a seus conhecimentos prvios para ser ativo durante a
leitura isto , ele recorre quilo que j aprendeu.
Os conhecimentos prvios podem ser de trs ordens diferentes:
conhecimento lingustico (domnio da lngua, de sua gramtica, etc.)
conhecimento textual (reconhecer diferentes gneros/modos ou formas
textuais de dizer) e conhecimento de mundo (o que corresponde s
experincias e vivncias do leitor, a bagagem que acumulou durante a
trajetria de leitor ou convivncia em determinada cultura e ambiente
social).
O leitor deve recorrer conscientemente no s a seus conhecimentos prvios
no momento da leitura, mas tambm estabelecer estratgias de leitura, isto
, efetuar uma srie de aes que o auxiliem a atribuir sentidos ao texto,
produzindo novos conhecimentos, tornando-se, assim, um leitor cada vez
mais proficiente.
5. A Gramtica como Estratgia de Leitura e de Produo de
Texto: a Concordncia Verbal e Nominal
O conhecimento das regras gramaticais da lngua importante recurso
estratgico para a leitura e produo dos sentidos de um texto. Por essa razo,
selecionamos a concordncia verbal e nominal para ilustrar como o emprego de
alguns exemplos expressivos de casos de concordncia auxiliam leitor e produtor
de textos a identificar pistas sobre quem escreve, o que escreve, para quem, como
o faz e por que faz.
5.1 A concordncia verbal na construo dos sentidos do texto
Damos o nome de concordncia ao mecanismo pelo qual as palavras
subordinadas, isto , palavras que obedecem ao comando das relaes de unidade
e sentido na frase, alteram sua forma para se adequar harmonicamente s palavras
subordinantes.
A estrutura que organiza uma frase compe-se de dois elementos bsicos: o
sujeito (representado por um nome/substantivo ou palavra equivalente) e um
predicado (representado sempre por um verbo). relao que se estabelece entre
o verbo e o sujeito, damos o nome de concordncia verbal.
A regra fundamental desse mecanismo lingustico determina que o verbo
deve concordar em nmero (singular e plural) e pessoa (eu, ele/a, ns, eles/as) com
seu sujeito. Observemos como se d a concordncia verbal na frase:
A cada incio de ano, as pessoas renovam hbitos, atitudes e comportamentos na
busca de melhor qualidade de vida.
Quem renova hbitos, atitudes e comportamentos? as pessoas o ncleo do
sujeito.
O que as pessoas fazem? renovam hbitos, atitudes e comportamentos, renovam
o ncleo verbal do predicado. O verbo renovar altera a sua desinncia, isto , a
marca que indica pessoa e nmero para se adequar ao sujeito pessoas.
Quando o sujeito composto por mais de um ncleo, o verbo concorda sempre no
plural. Se os ncleos forem de pessoas diferentes, a primeira pessoa sempre
prevalece sobre a segunda e essa, sobre a terceira:
Eu e os demais convidados deixamos o local rapidamente.
Eu e os demais: sujeito composto. Deixamos: ncleo do predicado
O verbo vai concordar, ento, com a primeira pessoa do plural, ns.
Apresentamos vrios exemplos de casos particulares e ou especiais de
concordncia verbal nos quadros a seguir. Alm desses casos, possvel consultar
uma gramtica tradicional que tenha sido usada por voc em anos anteriores de
estudos ou ainda endereos da internet para aprofundamento, como por exemplo:
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-verbal.htm
Casos especiais de concordncia verbal
VERBO SER
O verbo SER concorda com o sujeito, se representando por um pronome ou por
um substantivo que designa pessoa:
Lvia era sorrisos e alegria pela casa.
Eles eram a minha maior preocupao.
Vossas Altezas so a esperana para a paz na regio.
As filhas de Juliana so um encanto.
Tu eras os meus sonhos e os meus pesadelos.
Eu no sou ela. Ela no eu.
Nos demais casos, o verbo SER concorda com o predicativo:
A professora sou eu.
Quem so estas pessoas?
So 45 quilmetros daqui a Santos.
O jri somos ns.
Hoje 1 de janeiro.
O que so livros esotricos?
Amanh ser meu aniversrio.
Hoje so 25 de dezembro.
J eram mais de seis horas.
O verbo SER permanece no singular com as expresses que indicam quantidade,
medida, poro, etc.:
Quinze reais muito por uma entrada de cinema.
Dez metros bastante para a cortina da sala.
Dois pastis e um suco de laranja suficiente para matar minha fome.
HAVER
Existir, suceder, fazer (tempo). Verbo impessoal. Sem sujeito. Fica sempre no
singular:
No h procedentes para este caso.
Havia poucos interessados na compra do espetculo.
Houve alguns imprevistos durante a apresentao.
H anos no a vejo.
Mantm no singular o verbo que o acompanha: Deve haver motivos srios para
sua demisso.
(O verbo existir pessoal. Varia de acordo com o sujeito: Existem precedentes para
este caso.)
FAZER
Ideia de tempo. Verbo impessoal. Sem sujeito.
Fica sempre no singular:
Faz 10 anos que a empresa foi fundada.
Mantm no singular o verbo que o acompanha:
Vai fazer 10 anos que a empresa foi fundada.
Obs.: Nas oraes em que, mesmo havendo noo de tempo, aparece, sujeito, o
verbo ter a concordncia normal:
Daniel e Andrea faro 20 anos de casados amanh.
So flexionados normalmente:
Haver no sentido de terEles j haviam sado./Havero de conseguir.
no sentido de julgar, entenderHouveram por bem adiar a sesso.
Fazer
no sentido de executar, fabricar, produzir, etc. Fizeram uma bela festa./Faro os
vestidos na prxima semana.
COM O PRONOME RELATIVO QUE
O verbo concorda em pessoa e nmero com o antecedente:
Fui eu que redigi todos os seus discursos.
Fomos ns que entregamos a correspondncia.
Eles que providenciaram o material.
COM O PRONOME RELATIVO QUEM
O verbo se mantm sempre na 3 pessoa do singular:
No sou eu quem vai pagar essa dvida.
Foi o diretor quem terminou a reunio mais cedo.
Ns queremos saber quem encomendou esses livros.
Obs.: Quando o que vier antecedido das expresses um dos, uma das, daqueles,
daquelas (+ substantivo), o verbo vai para a 3 pessoa do plural:
Ele foi um dos deputados que votaram a favor da emenda.
Minha colega era uma das que discordavam completamente da chefia.
O show foi daqueles que destroem coraes.
VERBO + SE
Nas frases constitudas de verbo + se, em que o sujeito recebe a ao, o verbo
concorda com o sujeito:
Vendem-se carros usados.
Alugam-se roupas.
Procuram-se crianas.
Aqui se faz reviso de textos.
Obs.: Para no haver erros, possvel converter a orao para a voz passiva com o
verbo ser:
Carros so vendidos (E no: Carros vendido)
Roupas so vendidas (E no: Roupas vendida)
Aqui feita reviso de textos. (sujeito e verbo no singular)
Estas construes s ocorrem com verbos transitivos diretos, alugar, vender, pintar,
forrar, procurar, etc.
Quando o sujeito indeterminado, o verbo fica no singular:
Precisa-se de cozinheiras (E no: Precisam-se de cozinheiras).
Falou-se de voc.
Anda-se muito a p no campo.
Era-se feliz ali.
Estava-se bem ali.
Obs.: Neste caso, no possvel passar para a voz passiva.
Estas construes sempre ocorrem com verbos transitivos indiretos (precisar de,
falar de, sonhar com, etc.), verbos intransitivos (os que no precisam de
complemento nominal), de ligao (ser, estar, etc.).
Em oraes com ao reflexiva ou recproca, o verbo concorda com o sujeito:
Emocionava-se com facilidade.
Amam-se de paixo.
Sempre se lembravam da casa de campo.
Olharam-se ternamente.
5.2 A concordncia nominal na construo dos sentidos do texto
A concordncia no se estabelece apenas entre verbo e sujeito, mas
tambm entre certas palavras que combinam com nomes (substantivos, adjetivos).
Por exemplo, o artigo (definido ou indefinido) combina com o substantivo para
determin-lo; o adjetivo, com o substantivo para caracteriz-lo, os numerais com o
substantivo para indicar quantidade, ordem, diviso, multiplicao; os pronomes
para substituir os substantivos, evitando repeties, ou quando s acompanham.
O princpio bsico da concordncia nominal o de que toda palavra que se
relaciona a um substantivo dever concordar com ele em gnero (masculino ou
feminino), nmero (singular ou plural) e grau (normal, aumentativo, diminutivo).
Vejamos alguns exemplos de termos relacionados a nomes na frase:
Um srio conflito envolveu a populao ribeirinha.
(substantivo ncleo do sujeito) (substantivo ncleo do complemento verbal)
(artigo um + adjetivo srio) (artigo a + adjetivo ribeirinha, equivalente locuo
adj. do rio)
H tambm casos em que um mesmo adjetivo se relaciona com dois
substantivos de gnero e/ou nmero diferentes. Veja os exemplos:
1) Eles compraram uma geladeira e um fogo usados.
Nesse caso o adjetivo usados se refere aos substantivos geladeira (feminino) e
fogo ( masculino) e se manteve no masculino plural.
2) Eles conseguiram encontrar boas roupas e sapatos.
Nesse caso o adjetivo boas se refere aos substantivos roupas e sapatos e se
manteve no feminino plural.
Voc reparou a diferena? A explicao simples: quando ocorre de um
mesmo adjetivo se relacionar a dois substantivos de gnero/nmero diferentes h
regras especiais. Veja:
1- Quando o adjetivo vier aps dois substantivos de gneros distintos, ele pode
concordar com o adjetivo mais prximo ou com os dois ficando no masculino
plural. Essa escolha vai depender da inteno do autor do texto. Se o adjetivo
refere-se exclusivamente ao que est mais prximo, ento ele concordar somente
com ele. Caso refira-se aos dois, ficar no masculino plural. Sendo assim, para o
exemplo 1 seria possvel dizer: Eles compraram uma geladeira e um fogo usado.
Nesse caso, entende-se que apenas o fogo era usado.
2- Quando o adjetivo vier antes dos substantivos ele deve combinar em gnero e
nmero com o substantivo mais prximo (exemplo 2).
Observe mais uma vez:
Tenho cabelos e sobrancelhas escuros. (regra 1)
Era uma feira para apresentar antigos carros e motos. (regra 2)
Casos especiais de concordncia nominal
MESMO/PRPRIO
Quando colocado ao lado de um pronome ou de um substantivo, MESMO
concorda com a pessoa a quem se refere:
Ela mesma terminou o relatrio.
Eu mesma fiz o vestido.
As alunas mesmas fizeram os vestidos
Os garons mesmos prepararam a recepo.
Paulo deu a si mesmo o ttulo de campeo.
(Nesses casos, mesmo pode ser substitudo por prprio: Ela prpria me telefonou.
Ele prprio comentou o fato.)
MESMO permanece invarivel quando equivale a uma expresso adverbial
(realmente, com certeza):
No que eles entregaram mesmo a encomenda em dia?
As crianas vieram acompanhadas dos pais.
Os moradores se queixaram mesmo ao prefeito.
Deve-se evitar o uso da expresso os mesmos / as mesmas em lugar dos pronomes
retos: Os senadores votaro a emenda amanh. O governo receia que eles (e no
os mesmos) a desaprovem definitivamente.
S / A SS
S
Como advrbio, invarivel:
Fizemos s (apenas) o que nos foi designado.
Como adjetivo, vai para o singular ou plural, dependendo da pessoa a quem se
refere.
Ele est s. (sozinho) / Ela est s. (sozinha)
Os meninos esto ss. (sozinhos)
A SS
Sempre invarivel:
Queremos ficar a ss por alguns instantes.
Quero ficar a ss com minha dor.
BOM/ PROIBIDO/ NECESSRIO, ETC.
Estas expresses ficam invariveis quando a palavra feminina aparece sem
nenhuma determinao, tomando um sentido vago:
bom aveia para adultos e crianas.
proibido entrada de pessoas estranhas ao servio.
necessrio pacincia para este caso.
Estas expresses ficam no feminino quando a palavra feminina vem antecedida de
artigo, pronome ou numeral:
muito boa a aveia que voc me recomendou.
proibida sua entrada.
necessria uma s avaliao para este caso.
ANEXO
Adjetivo. Concorda com o substantivo a que se refere:
Analisaremos a proposta anexa.
Observe os relatrios anexos.
Recebemos o projeto anexo.
Estamos considerando as propostas anexas.
O documento segue anexo. (No em anexo!)
MEIO
Substantivo. Sinnimo de centro, caminho, veculo. Admite plural:
Os fins no justificam os meios.
Adjetivo. Sinnimo de metade. Concorda com o substantivo que acompanha:
Bebeu meia garrafa de cerveja.
Bebeu meio copo de vinho.
Advrbio. Sinnimo de um pouco. Jamais admite variaes:
Ela estava meio aborrecida.
As jovens ficaram meio cansadas.
Muito
Quando equivale a um advrbio (bastante, extremamente), no varia:
Era muito boa para com todos.
Os diretores trabalhavam muito pelos alunos.
No sentido de vrios, concorda com o substantivo a que se refere:
Quando alguns atacam o povo, muitos cidados inocentes sofrem.
Os convidados beberam muita cerveja.
O substantivo, no entanto, pode estar subentendido:
Houve muitas (mulheres) que se feriram nesse conflito.
Muitos (indivduos) sofrem com o descaso das autoridades.
No confundir:
Eram muitas as professoras queridas.
Eram professoras muito queridas.
Tocvamos muitos CDs de MPB.
Possumos CDs de MPB muito tocados ultimamente.
AONDE
Usado com verbos que indicam movimento e exigem a preposio a (ir a, chegar
a, dirigir-se a, levar a, etc.) Equivale a a que lugar:
Aonde Felipe vai com tanta pressa?
Voc sabe aonde Gustavo pretende chegar?
A praia o lugar aonde vou todos os fins de semana.
ONDE
Equivale a em que lugar. Usado com verbos que no indicam movimento, que no
vm seguidos da preposio a:
O quarto onde voc est de Lucas.
Onde fica o Departamento de Pessoal?
No sei onde Henrique guardou minha calculadora.
HAJA VISTA
Expresso invarivel, sempre a mesma em qualquer contexto:
Haja vista para as belezas do mar.
Haja vista os relatrios que recebemos.
A crise continua; haja vista o desemprego.
MENOS
Sempre invarivel em qualquer contexto:
Haver menos rentabilidade este ms.
Agora h mais rapazes e menos garotas na loja.
Temos menos probabilidade de ganhar a concorrncia.
MAL
Substantivo. Plural: males, Antnimo de bem (bens).
A inveja o mal deste mundo.
o amor o bem deste mundo.
Quais sero os males do outro mundo?
Quais sero os bens do outro mundo?
Advrbio. Sem plural. Antnimo de bem.
Os alunos esto indo mal nas provas.
Os alunos esto indo bem nas provas.
Conjuno (ideia de tempo):
Mal entramos, o telefone tocou (Assim que entramos)
MAU
Adjetivo. Plural: maus. Feminino: m. Antnimo de bom.
um mau funcionrio.
um bom funcionrio.
So bons funcionrios.
Caiu de mau jeito.
Em caso de mau funcionamento do motor, procure uma concessionria.
Tem o mau costume de pegar sempre minha caneta.
Os dois me parecem muito maus.
Obs.: 1 Nas comparaes de qualidade os atributos, usa-se, corretamente, a
expresso mais mau (do) que bom:
O ru nos parece mais mau do que bom (e no pior do que melhor).
Obs 2 - Antes de particpio tambm prefervel a forma mais mal (ou mais bem):
Foi dele o texto mais mal digitado.
Nmeros e Numerais / Horas
HORAS
O padro oficial grafar as horas em algarismos seguidos de h, min e s: 10h
/ 22h10min15s (sem ponto final depois das letras)
Se no forem mencionados os segundos, a grafia ser: 14h30min / 14h30m
/ 14h30.
Em situaes especiais, como em jogos, por exemplo, aceita-se a grafia
14:30.
A palavra hora escrita por extenso quando indica horrio: Por volta das
16 horas
Os nmeros devem ser escritos por extensos quando designarem durao:
A palestra durou quase trs horas.
Foram quatro horas de viagem pelo rio.
O acento indicativo de crase obrigatrio nestes casos:
s 9 horas s 18h50 das 17h30m s 18h45m
sempre melhor utilizar as formas:
14 horas (no 2 da tarde) 20 horas (no 8 da noite)
OBS.: 12h30m por extenso: meio-dia e meia (meia hora)
NMEROS E NUMERAIS
O padro para o texto grafar os nmeros de um a dez e escrever em algarismos
os nmeros de 11 em diante: Seis palavras // trs dias // 11 alunos // 18 casas
Nos casos em que houver necessidade de grafar um nmero por extenso, deve-se:
intercalar o e entre as centenas, as dezenas e as unidades:
oitocentos e trinta e trs cinquenta e novembro
omitir o e (e a vrgula) entre o milhar e as centenas: mil cento e trinta e um
colocar o e se, aps o milhar, vier s a centena, s a dezena ou s a
unidade: mil e cem mil e vinte mil e quatro
Relembramos, aqui, algumas regras de concordncia nominal e vrios casos
especiais que nos trazem dvidas com frequncia. Aplicar as regras ao uso dirio
nas produes escritas evita cometer muitas inadequaes, principalmente na
escrita, quando procuramos nos comunicar na variedade padro e no registro
formal da lngua. Para o estudo a respeito desse assunto consulte ainda os sites:
http://www.brasilescola.com/gramatica/concordancia-nominal-regra-
geral.htm
http://educacao.uol.com.br/portugues/concordancia-nominal-conheca-as-
regras.jhtm
No primeiro deles, voc encontrar a regra geral para a concordncia
nominal. No segundo, esto dispostas algumas regras especiais que so muito
importantes para evitar transgresses em relao s regras estabelecidas pela nossa
gramtica.
Para ampliar seus conhecimentos sobre o processo de leitura e suas
implicaes, leia o artigo de Rubem Alves que aborda dois objetivos distintos de
leitura: ler e prazer. Link para acesso ao texto:
http://www.rubemalves.com.br/lereprazer.htm
Boa leitura!
Ler e prazer
(Rubem Alves, http://www.rubemalves.com.br/10mais_09.php)
Nietzsche estava certo: "De manh cedo, quando o
dia nasce, quando tudo est nascendo ler um livro
simplesmente algo depravado..." o que sinto ao andar
pelas manhs pelos maravilhosos caminhos da Fazenda
Santa Elisa, do Instituto Agronmico de Campinas.
Procuro esquecer-me de tudo que li nos livros. preciso
que a cabea esteja vazia de pensamentos para que os
olhos possam ver. Aprendi isso lendo Alberto Caieiro,
especialista inigualvel na difcil arte de ver. Dizia ele que
"pensar estar doente dos olhos..." Mas meus esforos
so frustrados. As coisas que vejo so como o beijo do
prncipe: elas vo acordando os poemas que aprendi de
cor e que agora esto adormecidos na minha memria.
Assim, ao no pensar da viso une-se o no pensar da poesia. E penso que o meu
mundo seria muito pobre se em mim no estivessem os livros que li e amei. Pois,
se no sabem, somente as coisas amadas so guardadas na memria potica, lugar
da beleza. "Aquilo que a memria amou fica eterno", tal como o disse a Adlia
Prado, amiga querida. Os livros que amo no me deixam. Caminham comigo. H
os livros que moram na cabea e vo se desgastando com o tempo. Esses, eu
deixo em casa. Mas h os livros que moram no corpo. Esses so eternamente
jovens. Como no amor, uma vez no chega. De novo, de novo, de novo...
Material Complementar
Um amigo me telefonou. Tinha uma casa em Cabo Frio. Convidou-me.
Gostei. Mas meu sorriso entortou quando ele disse: "Vo tambm cinco
adolescentes..." Adolescentes podem ser uma alegria. Mas podem ser tambm uma
perturbao para o esprito. Assim, resolvi tomar minhas providncias. Comprei
uma arma de amansar adolescentes. Um livro. Uma verso condensada da
Odisseia, as fantsticas viagens de Ulisses de volta casa, por mares traioeiros...
Primeiro dia: praia; almoo; sono. L pelas cinco os dorminhocos
acordaram, sem ter o que fazer. E antes que tivessem ideias prprias eu tomei a
iniciativa. Com voz autoritria dirigi-me a eles, ainda sob o efeito do torpor: "Ei,
vocs... Venham c na sala. Quero lhes mostrar uma coisa..." No consultei as
bases. Teria sido terrvel. Uma deciso democrtica das bases optaria por ligar a
televiso. Claro. Como poderiam decidir por uma coisa que ignoravam? Peguei o
livro e comecei a leitura. Ao espanto inicial seguiu-se silncio e ateno. Vi, pelos
seus olhos, que j estavam sob o domnio do encantamento. Da para frente foi
uma coisa s. No me deixavam. Por onde quer que eu fosse, l vinham eles com
a Odisseia na mo, pedindo que eu lesse mais. Nem na praia me deram descanso.
Essa experincia me fez pensar que deve haver algo errado na afirmao
que sempre se repete de que os adolescentes no gostam da leitura. Sei que, como
regra, no gostam de ler. O que no a mesma coisa que no gostar da leitura.
Lembro-me da escola primria que frequentei. Havia uma aula de leitura. Era a
aula que mais amvamos. A professora lia para que ns ouvssemos. Leu todo o
Monteiro Lobato. E leu aqueles livros que se lia naqueles tempos: Heidi, Poliana, A
ilha do tesouro. Quando a aula terminava era a tristeza. Mas o bom mesmo que
no havia provas ou avaliaes. Era prazer puro. E estava certo. Porque esse o
objetivo da literatura: prazer. O que os exames vestibulares tentam fazer
transformar a literatura em informaes que podem ser armazenadas na cabea.
Mas o lugar da literatura no a cabea: o corao. A literatura feita com as
palavras que desejam morar no corpo. Somente assim ela provoca as
transformaes alqumicas que deseja realizar. Se no concordam, que leiam
Guimares Rosa que dizia que literatura feitiaria que se faz o sangue do corao
humano.
Quando minha filha estava sendo introduzida na literatura o professor lhes
deu como dever de casa ler e fichar um livro chatssimo. Sofrimento dos
adolescentes, sofrimento para os pais. A pura viso do livro provocava uma
preguia imensa, aquela preguia que Barthes declarou ser essencial experincia
escolar. Escrevi carta delicada ao professor lembrando-lhe que Borges havia
declarado que no havia razo para se ler um livro que no d prazer quando h
milhares de livros que do prazer. Sugeri-lhe comear por algo mais prximo da
condio emotiva dos jovens. Ele me respondeu com o discurso de esquerda, que
sempre teve medo do prazer: "O meu objetivo produzir a conscincia crtica..."
Quando eu li isso percebi que no havia esperana. O professor no sabia o
essencial. No sabia que literatura no para produzir conscincia crtica. O
escritor no escreve com intenes didtico-pedaggicas. Ele escreve para produzir
prazer. Para fazer amor. Escrever e ler so formas de fazer amor. por isso que os
amores pobres em literatura ou so de vida curta, ou so de vida longa e tediosa...
Parodiando as palavras de Jesus "nem s de beijos e transas viver o amor mas de
toda palavra que sai das mos dos escritores..."
E foi em meio a essas meditaes que, sem que eu o esperasse, foi-me
revelado o segredo da leitura...
Fonte do texto:
http://blog.cintiabarreto.com.br/2008_10_01_archive.html#ixzz2I3EKCiq9
COLCIONI; PIOVESAN & STRONGOLI. Livros e computador: Palavras, ensino e linguagens. So Paulo: Iluminuras, 2001. EYSENCK & KEANE. Psicologia Cognitiva: um manual introdutrio. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1994. FREIRE, P. A importncia do ato de ler. So Paulo: Cortez, 1984. KOCH, I.G.V. O texto e a construo dos sentidos. So Paulo: Contexto, 1997, 2003.
Referncias
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
Anotaes