Post on 10-Nov-2018
UNIVERSIDADE ANHANGUERA DE SÃO PAULO
JUSSARA DA SILVA SANTOS
DESENVOLVIMENTO DE UM INSTRUMENTO DE INFORMAÇÃO
SOBRE PRIMEIROS SOCORROS EM QUEDAS
SÃO PAULO
2014
JUSSARA DA SILVA SANTOS
MESTRADO PROFISSIONAL EM REABILITAÇÃO DO
EQUILIBRIO CORPORAL E INCLUSÃO SOCIAL
DESENVOLVIMENTO DE UM INSTRUMENTO DE
INFORMAÇÃO SOBRE PRIMEIROS SOCORROS EM QUEDAS
Dissertação apresentada à Universidade Anhanguera de São Paulo – UNIAN - SP como exigência para obtenção do título de Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social
Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Akemi Kasse
Coorientadora: Profa. Dra. Érica Toledo de Peluso Piza
SÃO PAULO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRONICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA DESDE QUE CITADA A FONTE
Santos. Jussara da Silva. Desenvolvimento de um instrumento de informação sobre primeiros socorros em
quedas / Jussara da Silva Santos. -- São Paulo, 2014. 36 f.; 30 cm.
Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Bandeirante Anhanguera de
São Paulo, Programa de Mestrado Profissional em Reabilitação Corporal e Inclusão Social.
Orientadora: Profa. Dra. Cristiane Akemi Kasse.
Coorientadora: Profa. Dra. Erica de Toledo Peluso Piza.1.
Primeiros socorros. 2. Quedas. 3. Idosos. 4. Enfermagem I. Kasse, Cristiane Akemi. II. Piza, Erica de Toledo Peluso. III. Título.
CDD 613.0438
JUSSARA DA SILVA SANTOS
DESENVOLVIMENTO DE UM INSTRUMENTO DE
INFORMAÇÃO SOBRE PRIMEIROS SOCORROS EM QUEDAS
Dissertação de Mestrado Profissional apresentada à Banca Examinadora da Universidade Anhanguera de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social.
BANCA EXAMINADORA
.......................................................................................................................................
Profa. Dra. Cristiane Akemi Kasse (Presidente) – UNIAN – SP
.............................................................................................................................................
Profa. Dra. Naira Dutra Lemos (1. Membro Titular Externo) UNIFESP
............................................................................................................................................
Prof. Dr Ricardo S. Dorigueto (2. Membro Titular Interno) UNIAN-SP
DEDICATÓRIA
Esta dissertação de Mestrado foi possível ser realiza graças a DEUS, a
amabilidade e disponibilidade de várias pessoas, a qual manifesto os meus sinceros e
reconhecidos agradecimentos, em particular aos meus pais José Castro Santos e Elvira
Silva Santos, ao meu cônjuge Leandro Rodrigues Lisboa, que me deu apoio e
possibilitou a realização de mais este desafio.
AGRADECIMENTOS
- A Deus, por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para
superar as dificuldades, mostrar os caminhos nas horas incertas e me suprir em
todas as minhas necessidades.
- Às minhas orientadoras e amigas Profas. Dras. Cristiane Akemi Kasse e Érica
Toledo de Peluso Piza, por me mostrarem o caminho da ciência, fazerem parte
da minha vida nos momentos bons e ruins, por serem exemplos de profissional
que sempre farão parte da minha vida.
- À minha família, a qual amo muito, pelo carinho, paciência e incentivo.
- Aos amigos, que fizeram parte desses momentos sempre me ajudando e
incentivando.
RESUMO
SANTOS, J. S. Desenvolvimento de um instrumento de informação sobre primeiros socorros em quedas, 2014. Dissertação (Mestrado) – Programa de Mestrado em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social, Universidade Anhanguera de São Paulo. UNIAN – SP, 2014.
Diversas alterações fisiológicas ocorrem no processo do envelhecimento, o que torna o
idoso mais propenso a sofrer quedas. É importante que o idoso, seus familiares e,
acompanhantes adquiram conhecimentos necessários sobre o que fazer caso sofra este
evento, para que possam desenvolver autonomia e realizarem corretamente os
procedimentos de primeiros socorros. O objetivo deste estudo foi elaborar uma cartilha
de primeiros socorros em caso de quedas indicada para a população em geral, mas
especialmente para idosos e cuidadores informais que lidam mais frequentemente com
esta situação. O método utilizado para sua confecção foi composta de três etapas:
revisão (acesso as bases de dados Scielo e LILACS), elaboração de figuras e validação.
O título escolhido foi “Guia de Primeiros Socorros- Quedas- Como Socorrer”. Em seus
resultados foram incluídas ilustrações exclusivas e coloridas representando cada tópico
abordado para facilitar a sua compreensão. Para a sua validação, um grupo de 120
idosos receberam o seu conteúdo na integra e, após a sua análise, por sugestão dos
mesmos, alguns itens foram readequados para maior esclarecimento. Estes
consideraram as informações esclarecedoras e de grande auxílio como um recurso
adicional nas atividades educativas e de promoção à saúde. O resultado final foi um
material com 16 páginas, ilustrativas, colorida, com linguagem simples e de fácil
leitura, com os seguintes tópicos: avaliação da cena, resgate e consequências da queda.
Concluímos que a cartilha denominada “ Guia de Primeiro Socorros- Quedas- Como
socorrer” serve como referência para esclarecer dúvidas, com orientações seguras no
processo de gerenciamento da saúde em caso de um evento de quedas.
Palavras-chave: 1. Primeiros Socorros, 2. Idosos, 3. Quedas, 4.Enfermagem.
ABSTRACT
SANTOS, J.S. Development of an information instrument about First-aid assistance in falls, 2014. Dissetation (Master’s Degree) – Master’s Degree Program in Reabilitaion of the Corporal Equilibrium and Social Inclusion, Universidade Anhanguera de São Paulo. UNIAN – SP, 2014.
Several physiological alterations occur in the aging process, which makes the elderly more likely to suffer from falls. It is important that the elderly, his/her family and the caregivers acquire necessary knowledge regarding what to do in case they suffer from this type of event. Therefore, they can develop autonomy and perform correctly the first-aid care.The objective of this study was to elaborate a first-aid primer/textbook in case of falls indicated to the public in general, but especially for the elderly and their informal caregivers who more frequently deal with this type of situation. The method employed for its creation was composed by 3 stages: revision (access to the Sciela and LILACS data-base), picture creation and validation. The chosen title was “Guia de Primeiros Socorros – Quedas – Como Socorrer” (“First-Aid Guide – Falls – How to Assist”). In its results were included exclusive colored illustration representing each topic approached o ease the comprehension.To your validation, a 120 elderly group received the contents in full and after an analysis, by our own suggestion; some items were readjusted for better understanding. They considered clarifying information and of by assistance as an additional resource in the educational activities and health dissemination.The result was an illustrated and colored, 16-page material, with a simple and easy reading language, with the following topics: scene evaluation, rescue and fall consequences. We have concluded the primer/textbook denominated “Guia de Primeiros Socorros – Quedas – Como Socorrer” (“First-Aid Guide – Falls – How to Assist”) serves as a reference to clarify doubts with safe orientations in the health management process in the event of falls.
Key-words: 1. First-Aid; 2. Elderly; 3. Falls; 4. Nursing
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Capa da cartilha, com seu sumário e o Primeiro capítulo .................................30
Figura 2: Conteúdo do Segundo capítulo e a primeira página do Terceiro Capítulo.. .31
Figura 3: Conteúdo do Terceiro Capítulo em relação á perda de consciência e
tontura.............................................................................................................32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................9
2 OBJETIVO ....................................................................................................10
3 REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................11
3.1 O PROCESSO DO ENVELHECIMENTO..........................................................11
3.2 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO.............................12
3.3 QUEDAS..............................................................................................................13
3.3.1 Fatores intrínsecos.............................................................................................14
3.3.2 Fatores extrínsecos ...........................................................................................15
3.4 CONSEQUÊNCIAS DAS QUEDAS...................................................................16
3.5 PRIMEIROS SOCORROS...................................................................................17
3.6 EDUCAÇÃO EM SAÚDE...................................................................................18
3.7 PREVENÇÃO.......................................................................................................19
4 METODO ................................................................................................................21
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................23
5.1 CAPÍTULO 1 – O QUE FAZER QUANDO UM IDOSO CAI?.........................23
5.2 CAPÍTULO 2 - RESGATE..................................................................................24
5.3 CAPÍTULO 3 – CONSEQUÊNCIAS DAS QUEDAS........................................24
5.3.1 Hemorragias, fraturas, tonturas e desmaio........................................................24
6 CONCLUSÃO ........................................................................................................30
REFERÊNCIA ............................................................................................................31
INTRODUÇÃO
Nos países em desenvolvimento, grupo em que o Brasil está inserido, o
envelhecimento da população tem apresentado uma grande preocupação no quesito
qualidade de vida e bem estar (CRUZ et al, 2012).
Segundo dados estimativos do Ministério da Saúde, o Brasil será o sexto país em
número de pessoas idosas até o ano de 2025, o que representa um aumento de 15% na
base da população geral, ou seja, um aumento de cinco vezes da população idosa
(PINHO et al, 2012).
Como consequência deste envelhecimento populacional, há a necessidade de
implementar um suporte para a área da saúde que vise o atendimento preventivo,
especialmente para a promoção da saúde nesta faixa etária (FERREIRA, 2010).
O envelhecimento é um processo natural que traz o declínio progressivo das
condições físicas, como por exemplo a diminuição da força muscular, da acuidade
visual e auditiva e maior desequilíbrio, decorrente da degeneração do sistema músculo
esquelético, neural e sensorial (PINHO et al, 2012). Essas alterações do envelhecimento
normal podem aumentar o risco de quedas (PINHO et al, 2011).
Segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, queda “é o
deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial, com
incapacidade de correção em tempo hábil, provocado por circunstâncias multifatoriais
que comprometem a estabilidade” (BUKSMAN et al., 2001).
As quedas em idosos, atualmente, representa um sério problema de saúde
pública, pela sua frequência e devido ao alto índice de morbidade e mortalidade (CRUZ
et. al., 2012).
A queda é um evento comum, muito temido pela maioria dos idosos e têm a sua
principal ocorrência em tarefas realizadas em casa, como subir e descer escadas, ir ao
banheiro, e realizar atividades na cozinha. A ocorrência das quedas é responsável pelo
declínio da capacidade funcional e, por consequência, traz um aumento significativo no
número de internações hospitalares, refletindo significantemente na qualidade de vida
dos idosos (CRUZ et al., 2012). Além de provocar grandes repercussões no estilo de
vida, pois quando não geram lesões, podem levar a uma incapacidade funcional
(SANTOS et al, 2011).
Estima – se que entre 30% e 50% dos idosos sofram pelo menos um episódio a
cada ano, sendo maior em indivíduos acima de 85 anos e institucionalizados. As quedas
representam hoje no Brasil 70% das mortes acidentais nesta faixa etária (SANTOS et al
2011).
Cunha e Lourenço (2013) citam em seu trabalho, um estudo americano realizado
por Finlayson e Peterson em 2009, em que relataram que aproximadamente 30% dos
idosos americanos, a partir dos 65 anos, sofreram queda no último ano. Se considerar
idosos com 75 anos ou mais, a ocorrência passa a ser de 50%. Já na Europa, acontecem
por ano cerca de 40.000 mortes em idosos devido às quedas, evidenciando seu impacto
na saúde de forma mundial. As políticas públicas de saúde objetivam que o idoso tenha
um envelhecimento ativo e saudável e seja atendido em sua integralidade. Com este
propósito, hoje o idoso está mais ativo social e fisicamente. Através do eixo da
promoção da saúde estimula-se o bom funcionamento mental, físico e social, bem como
prevenção de enfermidades e incapacidades. Uma das formas mais destacadas como
estratégia para a viabilização de todas as propostas de promoção da saúde é a educação.
(RIBEIRO et al,2007).
Neste sentido, o processo de educação em saúde capacita o idoso a procurar
meios para atuar e reivindicar a sua melhoria, resultando na aplicação de práticas para a
promoção, manutenção e recuperação de si próprio e da comunidade (MARTINS et al,
2007).
Tendo por base o crescente aumento da população de idosos, estudos
direcionados às quedas, nesta faixa etária, que abordem fatores de risco e primeiros
socorros para esses acidentes com objetivo educacional, podem trazer um impacto
positivo para a comunidade. Segundo Santos (2011), as quedas em idosos podem
ocorrer em qualquer local. Para tal é imprescindível capacitar e conscientizar o idoso
sobre os primeiros socorros frente a este evento, fazendo com que tenham conhecimento
suficiente para o atendimento, minimizando assim as suas consequências.
Levar a informação e orientar sobre primeiros socorros em casos de quedas por
meio de um material didático, como uma cartilha educativa, direcionada à população
geral, e principalmente, ao público de idosos e cuidadores informais, para que estes
saibam intervir corretamente nestes casos, podem ser benéfico para diminuir a taxa de
morbi- mortalidade causada por este evento.
2. OBJETIVO
Elaborar uma cartilha de primeiros socorros em caso de quedas indicado para a
população em geral.
3. REVISÃO DA LITERATURA
3.1 ASPECTOS DEMOGRÁFICOS DO ENVELHECIMENTO
O envelhecimento acentuado da população vem recebendo atenção especial pela
sociedade científica, o que desencadeia debates e produz inovações (SILVA, 2008).
No censo de 2007, no Brasil existiam cerca de 17,6 milhões de idosos (BRASIL,
2007). A população de idosos do Brasil vem crescendo rapidamente, semelhante ao que
ocorre nos países desenvolvidos de maneira lenta e gradual (PERRACINI, RAMOS,
2002).
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, entre os anos de 1950
e 2025, a população mundial de idosos crescerá cerca de 20 vezes. O Brasil passará a
ocupar o 6° lugar no ranking mundial no contingente populacional de idosos, com mais
de 32 milhões de pessoas acima dos 60 anos (BRASIL, 2008).
O modelo demográfico brasileiro passou apresentar um aumento absoluto e
relativo da população com 60 anos de idade ou mais, aliado à melhoria das condições e
expectativas de vida, como uma resposta às demandas sociais, repercutindo sobre o
perfil populacional (DIAS et al, 2011).
A queda da taxa de fecundidade aliada à queda de mortalidade e ao aumento da
expectativa e qualidade de vida está diretamente relacionada ao envelhecimento da
população mundial, e no Brasil (BRASIL, 2007).
O grupo muito idoso, com 80 anos ou mais, vem crescendo de maneira muito
acelerada, sendo a parcela da população que mais cresceu nos últimos anos, com total
de cerca de 69 milhões de pessoas, correspondendo a 12,8% da população idosa e cerca
de 1% da população total (BRASIL, 2007).
Dentro desse contexto, observa- se também uma transição no perfil da saúde no
Brasil, visto que as doenças infectocontagiosas em 1950 representavam 40% das mortes
ocorridas no país, hoje são responsáveis por menos de 10%, enquanto que as doenças
cardiovasculares, em 1950, representavam 12% das mortes e hoje representam mais de
40% das mortes ocorridas no Brasil (BRASIL, 2005).
3.2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO
O envelhecimento é um processo fisiológico com várias alterações morfológicas
e funcionais. Neste processo, o organismo perde a capacidade de adaptação ao ciclo
natural da vida, o que o torna mais vulnerável aos processos patológicos (CARVALHO-
FILHO, PAPALÉO-NETTO, 2000).
As principais alterações anatômicas e funcionais proveniente do envelhecimento
são a perda e atrofia da massa muscular, descalcificação óssea, aumento da espessura da
parede dos vasos, aumento nos níveis de gordura e declínio das atividades psicomotoras
(SILVA et al, 2007).
O envelhecimento é um processo de degradação progressiva, que afeta todos os
seres vivos, sendo muito difícil relatar quando se inicia, pois a sua velocidade varia de
indivíduo para indivíduo. Desta forma, pode – se dizer que os indivíduos envelhecem de
diversas formas, segundo a idade biológica, social e psicológica, o que pode ser
totalmente diferente da idade cronológica. (RIBEIRO et al, 2009).
No Sistema Nervoso Central (SNC), as alterações fisiológicas produzem
redução no fluxo sanguíneo cerebral, além de uma perda gradual de neurônios e da
diminuição do número de fibras de condução nervosa, tendo como resultado reflexos de
resposta e estímulos diminuídos (SMELTZER, 2005).
O idoso também apresenta alterações do tato, além da redução de informações
sensoriais da visão, audição que levam à perda do controle postural (equilíbrio). A
redução da eficiência do sistema nervoso aumenta o risco de episódios de hipotensão
ortostática ou postural, com ocorrência de vertigens e síncopes (SMELTZER, 2005).
Já, no sistema cardiovascular, existem diversas patologias, sendo que a
hipertensão arterial sistêmica ocupa um efetivo espaço entre as doenças crônicas
comuns que atinge os mais velhos, no Brasil. Esta doença afeta mais de 50% dos idosos.
(SILVA et al, 2007).
As alterações fisiológicas dificultam a execução de algumas atividades de vida
diária. O envelhecimento ativo e a manutenção da capacidade funcional apoiam-se em
assistência às necessidades de saúde do idoso; reabilitação da capacidade funcional
comprometida; capacitação de recursos humanos especializados; apoio ao
desenvolvimento de cuidados informais e, de pesquisas e pela promoção do
envelhecimento saudável. Isso equivale a aumentar a expectativa de vida saudável e a
qualidade de vida das pessoas, mantendo-as participantes nas questões sociais,
econômicas, culturais, espirituais e civis (DIAS et al., 2011).
3.3. QUEDAS
As quedas são definidas, comumente, como inadvertidamente ficar no solo ou
em outro nível inferior, excluindo mudanças de posição intencionais. As quedas em
idosos trazem várias consequências. Além de poderem provocar ferimentos, traumas,
fraturas e o risco iminente de morte, geram medo de cair, aumento da
institucionalização e declínio da qualidade de vida. Além dos prejuízos físicos e
psicológicos, aumentam a preocupação pública, uma vez que os custos de saúde
aumentam claramente expressos pela utilização excessiva de serviços especializados e
pelo aumento das hospitalizações (PERRACINI, RAMOS, 2002; BRASIL, 2014).
As quedas de idosos e suas sequelas têm tomado proporções de uma epidemia no
Brasil. Em alguns casos, após o incidente, os pacientes precisam de intervenções
cirúrgicas, internações ou tratamentos prolongados, transtornos que atingem, além de si
próprio, toda a família.
A frequência das quedas aumenta com a idade e o nível de fragilidade
Aproximadamente entre 28% e 35% das pessoas com mais de 65 anos de idade sofrem
quedas a cada ano (PICCINII et al, 2007). Há uma tendência de alta entre 32% e 42%
para as pessoas com mais de 70 anos (PERRACINI; RAMOS, 2002).
Idosos que vivem em casas de repouso caem com maior frequência dos que os
que vivem na comunidade. Aproximadamente entre 30% e 50% das pessoas que vivem
institucionalizadas sofrem quedas, a cada ano, e 40% delas experimentam quedas
recorrentes (JAHANA, DIOGO, 2007)
Os motivos de ocorrência de quedas são de origem multifatorial, não podendo
ser atribuído a apenas um único fator causal, mas podem ser divididas didaticamente em
fatores intrínsecos e extrínsecos. (PINHO et al, 2012).
Silva Taveira e Schiave (2013) desenvolveram uma pesquisa que possibilitou
caracterizar os fatores de riscos envolvidos nas quedas dos idosos e constataram que as
doenças que surgem em paralelo ao processo de envelhecimento, associados a fatores
externos, possuem grande influência no aumento da incidência de quedas.
3.3.1 Fatores intrínsecos
Os fatores intrínsecos ou internos que podem levar às quedas em idosos são
decorrentes das alterações relacionadas ao processo de envelhecimento, como distúrbios
osteomusculares e de equilíbrio, as comorbidades, a polifarmácia, a diminuição da força
muscular, a dificuldade de se equilibrar e o uso errado de medicações, dentre outras
situações clínicas (SILVA et al., 2007; BRASIL, 2014.).
Processos degenerativos provenientes do envelhecimento são responsáveis pelo
aumento da prevalência de vertigem e/ou tontura e de desequilíbrio. Essas alterações do
equilíbrio corporal aumentam a incidência de quedas, e podem ser avaliadas com testes
funcionais e laboratoriais. (KESKIN et al., 2008).
A osteoporose também é um importante fator intrínseco para quedas, mas em
relação a este fator, existem poucos estudos que avaliam o risco de quedas em mulheres
idosas com osteoporose (ARNOLD et al. 2008).
Bezerra et al. (2009) realizaram uma pesquisa que tinha como objetivo avaliar
a frequência de quedas em idosas e sua relação com parâmetros estabilométricos de
equilíbrio corporal na pós-menopausa. O grupo com osteoporose apresentou um risco
duas vezes maior de quedas comparado ao grupo sem osteoporose. Os resultados
confirmam as prevalências de quedas em indivíduos com osteoporose.
Em uma pesquisa sobre a prevalência e características das quedas em idosos
institucionalizados, Ferreira (2010) relata que a depressão é uma doença altamente
relacionada a quedas, pois 40% dos entrevistados já haviam caído e tinham este
diagnóstico. A depressão leva ao declínio da capacidade funcional, baixa autoconfiança,
indiferença ao ambiente e inatividade.
O uso de medicamentos pode causar quedas, pelos seus efeitos colaterais, como
por exemplo os benzodiapnéicos e os hipnóticos com atividade sedativa e, alterações
psicomotoras, hipotensão, tontura, ataxia e confusão. Os diuréticos muito utilizados nos
casos de hipertensão arterial causam depleção de volume e hipocalemia aumentando o
risco de hipotensão ortostática e arritmias. (JAHANA, DIOGO, 2007).
Fabrício et al, 2004 relatam em seu estudo realizado com 251 idosos para
verificar as causas e consequências de quedas, que 70% dos idosos entrevistados faziam
uso de medicações prescritas por médicos antes de cair, sendo os anti-hipertensivos os
mais utilizados, seguidos pelos hipoglicemiantes e anticonvulsivantes
consecutivamente.
A tontura também está relacionada ás quedas, sendo definida pela Hearing and
Equilibrium Committee of the American Academy of Otolayngology-Head and Neck
Surgery como sensação de movimento, quando nenhum movimento está ocorrendo em
relação à gravidade da terra.
A tontura é um sintoma e uma queixa frequente na população idosa. Sua
prevalência aumenta significativamente com o avançar da idade (SOARES et al., 2014).
A tontura está associada a uma série de desfechos negativos de saúde nos idosos,
tais como quedas, declínio funcional, comprometimento em atividades de vida diária,
depressão e má qualidade de vida percebida (AGRAWAL et al., 2009).
A vertigem é considerada um tipo de tontura, definida como uma ilusão de
movimento, geralmente de caráter rotatório (MORAES et al., 2011).
A prevalência de tontura foi de 37% em idosos em um estudo realizado com 56
idosos sobre tontura em idosos e a interferência na qualidade de vida. Destes, 70,4% era
do tipo giratória, 43,8% disseram já ter tido crises vertiginosas em algum momento da
vida, com maior prevalência nas mulheres (SCHERER et al., 2012).
A tontura por disfunção vestibular leva a um aumento do risco de queda em
idosos (AGRAWAL et al. 2009). Moraes et al, (2011) sugerem que os fatores que
levam a tontura sejam considerados na elaboração de programas de prevenção de
quedas na população idosa.
3.3.2. Fatores extrínsecos
Os fatores extrínsecos relacionados ás quedas dependem das características do
ambiente, como a iluminação inadequada, tapetes soltos ou com dobras, degraus altos
ou estreitos, superfície escorregadia, além de objetos no caminho, ausência de corrimão
no banheiro ou corredores, roupas e calçados inadequados (JAHANA, DIOGO, 2007).
Fabrício et al, (2004) relatam em seu estudo que 66% das quedas ocorrem no
próprio lar e que 54% são devido ao ambiente inadequado, como o piso escorregadio
(26%), seguido por objetos jogados no chão (22% das quedas).
Jahana e Diogo (2007) também corroboram que o ambiente é a principal causa
de quedas em 61% dos idosos entrevistados, sugerindo que os idosos não estavam
atentos ou não conhecem as próprias limitações físicas.
As quedas de idosos ocorridas em domicílio podem acarretar até a morte, porém
mudanças de hábitos familiares e adaptação do ambiente podem diminuir esses casos
(LIMA LOPES et al., 2007).
3.4 CONSEQUÊNCIAS DAS QUEDAS
As quedas em idosos acarretam consequências físicas, psicológicas e sociais. As
quedas em idosos com sequelas de fraturas são prevalentes. Estima-se que pelo menos
um terço dos indivíduos com mais de 65 anos, caiam a cada ano, e a metade destes
caiam mais de uma vez (YAMAZAKI, FERREIRA, 2013).
O gasto público com as quedas e suas sequelas vêm aumentando
vertiginosamente com internações, e tratamento e medicamento de fraturas de pessoas
idosas, que hoje representam, no Brasil, um gasto aproximado de R$ 12 milhões por ano
(ARAÚJO et al, 2005).
Fabrício et al (2004), relatam que a consequência mais comum no seu estudo
foram as fraturas, sendo a de fêmur em 64% dos pacientes, seguidos pelas fraturas no
rádio (12,5%), clavícula (6,25%). A consequência mais citada, após a fratura, foi o
medo de cair, que aconteceu em 44% dos idosos entrevistados.
Além da fratura de fêmur ser a mais grave e mais comum, outras consequências
importantes são as lesões na cabeça, ansiedade, depressão e o chamado medo de cair,
entre outras (MAIA, 2011).
Andrade et al. (2006) relatam em estudo realizado com 165 idosos residentes em
duas instituições asilares em Taubaté que 52% dos entrevistados tinham medo de cair,
seguido pelas fraturas apresentados em 36% dos casos.
Em uma amostra de 41 pacientes hospitalizados, Souza (2013) demonstra o
quadro preocupante enfrentado pelos idosos em acidentes domésticos. As quedas em
escadas corresponderam a 8,7%. As fraturas representam 96,9% apresentam fraturas,
dessas predominam as fraturas de fêmur. O autor destaca a necessidade de ações
preventivas para redução das sequelas das quedas em idosos.
3.5 PRIMEIRO SOCORROS
Primeiros socorros são cuidados prestados imediatamente a uma pessoa vítima
de acidentes ou mal súbito, a fim de manter as suas funções vitais aplicando os
procedimentos corretos até a chegada da assistência especializada (BRASIL, 2003).
Oferecer informações teóricas e práticas à população é importante, pois pode
contribuir para a diminuição das sequelas, das vítimas após o trauma (KITCHENER,
JORM, 2002).
O idoso, a qualquer momento, pode desenvolver quadros que necessitem de
intervenções imediatas, chamadas emergências. Para isso, deve ter conhecimento
necessário para intervir de maneira segura e correta, uma vez que o próprio idoso pode
dar início ou orientar quem irá realizar este primeiro atendimento, enquanto o socorro
especializado não chega (FREITAS et al, 2006).
A avaliação da cena em que ocorre o acidente é a primeira etapa do atendimento
a ser prestado. Nesta, o indivíduo que realizar o atendimento deve observar se o local é
seguro para prestar o cuidado, além de obter o máximo de informações sobre o ocorrido.
Tentar manter um ambiente calmo, transmitir conforto e segurança à vítima,
corresponde a um papel muito importante na prestação do socorro (BRASIL, 2003).
No caso de fratura, que é a principal consequência das quedas, verifica-se se a
vítima relata dor e se aumenta com o toque ou movimento, além de verificar a
incapacidade funcional e presença de edema . Nestes casos, a conduta do atendimento é
independente dos tipos de fratura (abertas ou fechadas), consiste em não recolar o osso
em seu eixo e, sim, imobilizar o mesmo, por meio de talas, mesmo que sejam
improvisadas como papelão. Deve - se utilizar de panos limpos ou gazes, procurando
sempre o local de pressão e conforto a fim de tirar os movimentos das articulações e
abaixo da lesão (BRASIL, 2003).
No caso de tonturas, o atendimento consiste em manter o indivíduo deitado, com
a cabeça lateralizada, a fim de evitar que, caso apresente vômitos, não haja
sufocamentos, mantendo as pernas elevadas acima da altura do tórax (BRASIL, 2003).
Em caso de ferimentos e de hemorragias por traumas, se o sangramento for
externo, deve-se procurar estancar a hemorragia com uma compressa limpa no local,
elevando o membro afetado, e logo em seguida procurar o hospital mais próximo ou
chamar o socorro especializado. Não se deve elevar o membro, caso haja suspeitas de
dor ou de fratura no local (BRASIL, 2003).
3.6. EDUCAÇÃO EM SAÚDE
Educação em saúde é o processo de ensino – aprendizagem que visa a promoção
da saúde por meio de estratégias que ofereçam caminhos que possibilitem transformar
pessoas e trocar de experiências, além de construir uma consciência coletiva crítica para
a promoção da autonomia de cada pessoa via educação (SOUZA, WERGNER,
GORINI, 2007).
A eficácia dos programas de educação em saúde depende da correta
comunicação da mensagem, aumentando o conhecimento e a consciência das questões,
problemas e soluções de saúde. A mensagem pode ser elaborada com material impresso
ou recurso áudio visual. Cabe ao profissional que lida com educação em saúde escolher
o melhor veículo de comunicação de forma a possibilitar e assegurar uma assistência
que atenda as demandas do paciente (MOREIRA, NÓBREGA, SILVA, 2003).
Um material bem escrito ou uma informação que seja de fácil entendimento
facilita a autonomia do paciente, promove a sua adesão e o torna capaz de entender que
suas ações influenciam em sua saúde, ou seja, promove - na saúde (MOREIRA,
NÓBREGA, SILVA, 2003).
As práticas educativas no que tange à saúde do idoso, já estão destacadas na
Política Nacional do Idoso no Brasil (1994) e na Política Nacional de Atenção á Saúde
da Pessoa Idosa (2006) prevendo a informação como parte abrangente de medidas
necessárias para a prevenção de doenças, agravos e a promoção do envelhecimento
saudável. Assim, uma das alternativas mais importantes para assegurar a autonomia e
independência do idoso é a ação educativa (MARTINS et al, 2007).
3.7. PREVENÇÃO
Segundo Yamazaki e Ferreira (2013), a prevenção das quedas é um desafio ao
envelhecimento populacional. Com o objetivo central de incluir perspectivas
internacionais e regionais, a Secretaria Estadual do Estado de São Paulo em 2010 cria
um modelo de Prevenção de Quedas, baseado no marco político do envelhecimento
ativo da OMS (2014). Com ênfase na perspectiva de curso de vida e intervenções
intersetoriais, o Estado de São Paulo lança as estratégias amigas das pessoas idosas. O
documento é uma importante ferramenta, pois aborda os principais aspectos
relacionados ao tema e dá subsídios para que os gestores possam implantar políticas
públicas intersetoriais. Desta forma, a Prevenção de Quedas em Pessoas Idosas passa a
ser uma prioridade de saúde pública frente ao envelhecimento no Brasil (SÃO PAULO,
2010).
Inicia-se observando o ambiente domiciliar de um idoso, livre de obstáculos que
possam provocar escorregões e/ou tropeções (MOURA LUZ et al.,2013).
Os fatores de risco biológicos (declínio das capacidades físicas, cognitivas,
afetivas e a comorbidade associada às doenças crônicas), comportamentais
(sedentarismo, uso abusivo de álcool e medicamentos) e ambientais (degraus estreitos,
tapetes soltos, iluminação insuficiente, assim como ambientes públicos inadequados)
merecem atenção e intervenção (YAMAZAKI E FERREIRA, 2013).
A melhor estratégia é a orientação profissional que permita ações educativas
personalizadas, com uma visão crítica em torno do tema, favorecendo a
responsabilidade e estimulando o autocuidado (MOURA LUZ et al.,2013).
Moura Luz et al. (2013) defendem ações individualmente aplicadas pela equipe
multidisciplinar, levando em consideração as limitações físicas, psíquicas e ambientais
dos idosos.
As estratégias incluem uma sala de espera com orientação nutricional e
medicamentosa, maior incentivo para a prática de exercícios físicos e durante a
consulta, orientações, a fim de se trabalhar o tema e desenvolver atividades preventivas
(MOURA LUZ et al.,2013). Encaminhar o idoso ao oftalmologista regularmente para se
certificar que está enxergando o melhor possível e não usar medicações sem orientação
médica. Estimular ao idoso a manter-se ativo; evitar comportamentos arriscados como
subir em banquinhos ou em escadas sem proteção; evitar o consumo de álcool, além
ficar atento a várias outras situações de risco. Deve-se ainda procurar resolver ou
atenuar os problemas de saúde que estão na origem das quedas. Um ambiente seguro
permite que o paciente se movimente o mais livremente possível e alivia a família da
constante preocupação com a segurança. Por isso as orientações são imprescindíveis na
prevenção de quedas (BECK, et al, 2011).
A secretária de saúde do estado de São Paulo, em 2008 participou da campanha
mundial de prevenção de quedas, cujo tema foi “Cair de maduro é só para fruta”, em
que elaborou – se estratégias e inclusive um manual com esse tema, no qual ensina
como prevenir as quedas.
.
4.MÉTODO
A elaboração deste projeto inicia-se com a revisão bibliográfica por meio do
acesso as bases de dados Scielo e Lilacs. As consultas foram realizadas com as palavras
- chave: Primeiros Socorros. Acidentes por Quedas. Fatores de Risco. Quedas em
idosos. A seleção dos artigos foi realizada pela leitura do título, seguida pela leitura dos
resumos. Delimitou-se a pesquisa em 10 anos (de 2004 a 2014). Como critérios de
inclusão foram utilizados artigos, cuja temática abordasse os fatores e comportamentos
das quedas em idosos, bem como a as principais consequências das quedas e como
prestar o primeiro atendimento. Já os critérios de exclusão foram os artigos que não
atendiam os requisitos mencionados acima.
O processo para a construção da cartilha foi realizado em três fases, a primeira
fase baseada no levantamento bibliográfico em literatura científica para garantir a
fidedignidade e delimitação e elaboração do conteúdo da cartilha. Utilizou-se uma
linguagem simples e de fácil compreensão para a população. Dividiu - se o conteúdo em
capítulos por ordem, iniciando pela avaliação da cena e da vítima, conforme diretrizes
do Suporte Básico de vida da American Heart Association (2010). Utilizou – se a
didática de perguntas e respostas para facilitar a compreensão. O capitulo 1 se inicia
com o seguinte questionamento “O que fazer quando um idoso cai?”. Avalia-se a cena
em que o indivíduo que irá realizar o atendimento deverá observar os riscos potenciais
existentes, as condições de segurança para si e para os demais envolvidos e prevenir-se,
escolhendo adequadamente seus equipamentos de proteção individual. Após o término
da avaliação da cena, orienta-se como deve ser a avaliação básica na prestação dos
socorros iniciando com o estado geral do paciente (consciência, circulação, respiração,
presença de hemorragia). No capitulo 2, enfatiza-se a quem e como chamar no momento
do acidente. O capítulo seguinte aborda as consequências das quedas como
hemorragias, fraturas, edemas e tonturas e desmaios e quais são as formas possíveis de
se realizar o atendimento correto e adequado para cada situação.
Na segunda fase da cartilha, um designer gráfico realizou a ilustração de forma
didática, respeitando as sequencias de cada capítulo. Os personagens foram ilustrados
conforme as orientações escritas da cartilha, destacando-se a principal personagem, uma
idosa socorrista, para evidenciar que o idoso também pode intervir em caso de quedas.
Os programas utilizados para a criação das imagens foram AUTO CAD e COREL
DRAW X6 para inclusão de figuras inéditas e Adobe Photoshop para seu
aperfeiçoamento.
A terceira etapa foi a validação da cartilha que consistiu em ministrar palestras
para os idosos da comunidade. Estas foram realizadas nos seguintes locais: Centro
Social Leão XIII, localizado na Rua Santa Maria Goretti, 170 (Vila Maria), Laboratório
do Programa de Mestrado em Reabilitação Corporal e Inclusão Social da Universidade
Anhanguera de São Paulo, localizado na Rua Maria Cândida (Vila Maria), e Faculdade
Aberta da Terceira Idade, localizada na Rua Senador Fláquer em Santo André. Antes da
realização da palestra, a cartilha foi entregue para que os idosos pudessem acompanhar
e sanar as principais dúvidas. Para cada tópico da cartilha, os idosos verbalizaram
espontaneamente sobre a adequação e a apresentação das informações. Avaliaram a
conveniência e, a facilidade de compreensão e se os conceitos mais importantes eram
abordados com vocabulário claro e objetivo. Em relação às ilustrações, avaliaram a
adequação da composição visual, bem como a quantidade e a clareza das ilustrações. No
final da validação, os idosos forneceram uma opinião geral sobre a cartilha e as suas
recomendações foram aceitas e incorporadas. Posteriormente, a nova versão da cartilha
foi submetida a outro processo de edição, revisão e diagramação.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O produto desenvolvido “Cartilha Guia de primeiros socorros” resultou em um
material com 16 páginas, divididas em três capítulos.
Os dados foram analisados comparando-se os resultados obtidos pelos diversos
autores em seus estudos, buscando similaridades e possíveis divergências entre si no
que tange a quedas e primeiros socorros. As palestras foram realizadas e contaram com
a participação de 120 idosos para validação do instrumento.
5.1 Capítulo 1 – O que fazer quando um idoso cai?
Ao aproximar-se do local onde ocorreu a queda, antes de iniciar o contato direto
com o paciente, o socorrista deverá verificar os riscos potenciais existentes, as
condições de segurança para si e para os demais envolvidos, assim evitando novos
riscos de acidentes.
A cartilha foi organizada de maneira didática, em 4 passos definido como
avaliação primária:
1. Passo – Verifique a segurança.
2. Passo – Verifique como ocorreu a queda.
3. Passo – Proteja – se
4. Passo – Apoie e tranquilize a vítima.
Para cada passo foi definido o conteúdo e as ilustrações que melhor
representassem o atendimento inicial em casos de quedas. Na primeira versão da
cartilha, os primeiros e terceiros passos estavam com as seguintes ilustrações.
Ao realizar as palestras, os idosos questionaram o uso dos sinalizadores para
isolar o local e o uso das luvas, alegando que muitas vezes nestes casos não se dispõem
destes materiais para prestar o atendimento, e se estes poderiam ser substituídos por
materiais de mais fácil acesso, que estejam disponíveis nas casas. Com isto, foi
informado aos idosos, que independente dos desenhos alocados na cartilha, o importante
sempre é isolar a área e realizar a proteção para os idosos.
5.2 Capítulo 2 – Resgate
Neste capítulo enfatizamos os telefones para comunicação aos órgãos de resgate
como o Serviço de Móvel de Atendimento de Urgência e do Corpo de bombeiros,
informando sobre quais as informações o socorrista deve possuir para prestar o
atendimento de forma adequada. Quando relatado o número dos telefones nas palestras,
os idosos já demonstraram conhecimento sobre eles, porém verbalizaram que não
sabiam todas as informações que deveriam ser repassadas.
Neste capítulo também orientamos sobre a avaliação da vítima, continuando a avaliação
secundária. Segundo o manual de primeiros socorros, Brasil 2003, a avaliação do estado
geral da vítima é a segunda etapa básica na prestação do atendimento, devendo ser
rápida, observando as prioridades estado da consciência e respiração, bem como um
exame geral da vítima e observação de ferimentos, sangramentos ou fraturas.
5.3 Capítulo 3 – Consequências das quedas.
Nesta sessão abordou-se as principais consequências das quedas, como
hematoma e edema, hemorragias, fraturas e tonturas. Para cada tema apresentado
enfatizou-se como deve ser a identificação correta e qual a atitude a ser tomada em cada
situação.
5.3.1 Hemorragias, fraturas, tonturas e desmaio.
A hemorragia é proveniente de traumas cortantes ou corto-contusas. O risco de
mortalidade pode ser iminente, de acordo com a localidade, a quantidade de volume
perdido e as lesões associadas. Por exemplo, um corte superficial no supercílio, apesar
de não ser grave, gera um sangramento intenso, com a falsa percepção que é uma
emergência. Enquanto isso, uma hemorragia interna, por contusão abdominal ao cair de
uma escada, apesar de não apresentar sangramento aparente, se não for identificado
rapidamente, o individuo pode morrer em minutos. Por esta razão, não se deve
subestimar as hemorragias, sempre observando a extensão, a localidade, as lesões
associadas e a condição clinica do individuo. A palidez, a sudorese, o desmaio ou a
sensação de desfalecimento podem indicar lesões mais extensas ou hemorragias mais
graves.
Santos e Verdrini (2012) em um estudo realizado com 46 idosos, de um Centro
de Convivência de Idosos, em Sorocaba, sobre os conhecimentos de suporte básico de
vida relatam que somente 10 idosos acham importante ter o conhecimento sobre o
assunto, sendo que a maioria (24 idosos) desconhecem qual a intervenção correta caso
sofra um acidente com sangramento. O questionamento sobre “realizar o torniquete para
estancar as hemorragias” exemplifica a falta de informações corretas, já que esta atitude
pode levar a amputação do membro pela ausência de circulação. Por este motivo,
destacamos este assunto na página 14.
Neste mesmo estudo questiou-se também o conhecimento dos idosos sobre
primeiros socorros em caso de quedas, em que a vítima sofreu uma fratura. Trinta
idosos (65,2%) não souberam identificar o procedimento correto.
Objetivando o esclarecimento sobre as condutas mediante à fratura, na página
15, orientou-se para que nunca tentassem recolocar o osso no lugar, mesmo em casos de
fraturas expostas que deve ser protegida com uma gaze ou um pano limpo.
Já as tonturas e desmaios podem ser provocados por inúmeras etiologias, desde
emoções súbitas, fadiga, nervosismo até uma crise convulsiva. A vítima empalidece,
com sudorese intensa, com a diminuição da frequência respiratória.. Se desmaiar pode
perder a consciência por alguns momentos até horas (Ministério da Saúde, 2003).
Nestes casos orienta-se para sempre chamar o socorro (página 16).
A cartilha consiste em16 páginas, com ilustrações coloridas, identificando cada
situação representado por personagens ou objetos. As explicações foram elaboradas em
linguajar simples e de rápida leitura (Figuras 1 a 4).
Figura 1: Capa da cartilha, com seu sumário e o Primeiro capítulo:
6. CONCLUSÃO
Tendo constatado através da revisão de literatura, que os maiores fatores
predisponentes das quedas em idosos são relacionadas as características do ambiente,
principalmente no próprio lar devido a presença de pisos escorregadios, elaborou-se
uma cartilha de primeiros socorros, em caso de quedas, indicado para a população em
geral, mas especialmente aos idosos e cuidadores informais que lidam mais
frequentemente com esta situação. O material constitui de 16 páginas, ilustrativas,
colorida, com linguagem simples e de fácil leitura, com os seguintes tópicos: avaliação
da cena, resgate e consequências da queda.
A cartilha permite que o leitor possa utilizar como referência para tirar as suas
dúvidas e buscar orientações seguras no processo de gerenciamento de sua saúde, visto
que o quadro de quedas ainda é frequente, principalmente entre os idosos.
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