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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por: Márcia Cristina Salomon de Souza
Orientadora
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como condição prévia para a
conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”
em Educação Infantil e Desenvolvimento. Esta
dissertação tem como objetivo analisar e descobrir a
importância do lúdico no desenvolvimento de uma
criança na Educação Infantil.
Por: Márcia Cristina Salomon de Souza
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por me iluminar e me
fortalecer na conclusão de mais uma
etapa da minha vida.
Aos meus alunos por serem fonte
constante de inspiração e reflexão.
À Professora Mary Sue pela atenção,
dedicação e o carinho com que encara
e ensina a difícil arte do saber.
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DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação à minha família e
aos meus amigos pela credibilidade e
apoio na realização deste projeto.
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RESUMO
O lúdico é a oportunidade de desenvolvimento. Brincando, a criança
experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de
estimular a curiosidade, a auto-confiança e a autonomia, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e atenção.
Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da
criança. Irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
Através da atividade lúdica a criança prepara-se para a vida,
assimilando e se integrando ao meio em que vive e aprende a competir,
cooperar e conviver como um ser socializado.
Imagine como seria a vida de uma criança sem atividades que
estimulassem sua inteligência e seu corpo como um todo...
O movimento no ser humano se manifesta desde a concepção. Mantém-
se presente durante toda sua existência e só vais cessar quando
biologicamente a vida termina. É através deste movimento que o homem se
descobre e se relaciona com o mundo que está a sua volta.
Na criança este movimento se torna muito acentuado. Todo instante ela
está correndo, pulando, brincando, jogando. A vida para ela é uma brincadeira
constante, é um jogo. É jogando que ela aprende, descobre, cria, expressa-se,
controla seus movimentos e sentimentos.
O jogo tem um papel muito importante nas áreas de estimulação na
Educação Infantil e é uma das formas mais naturais da criança entrar em
contato com a realidade, tendo o jogo simbólico um papel especial.
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O jogo é uma característica do comportamento infantil e a criança dedica
maior parte do seu tempo a ele.
Através do jogo a criança: libera e canaliza suas energias; tem o poder
de transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberar a fantasia; é
uma grande fonte de prazer.
Este estudo vem então mostrar, as verdadeiras finalidades e real
importância que têm para a Educação Infantil, as brincadeiras e os jogos.
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METODOLOGIA
Este estudo se deu a partir de um interesse pessoal da autora, de
construir um trabalho de pesquisa sobre um tema pertinente ao seu campo de
atuação: Educação Infantil.
A princípio, foram feitas pesquisas e questionamentos sobre diversos
temas, até que se escolhesse o mais adequado aos interesses de Educadores
da área e houve inclusive, a preocupação de que o tema não estivesse
esgotado ou ultrapassado, a fim de despertar o interesse de servir como fonte
de consulta para possíveis leitores.
Esta dissertação, é uma pesquisa bibliográfica, onde foram coletados e
posteriormente ordenados diversos materiais, entre eles: livros, revistas, jornais
e textos, que serviram de referência e aprofundamento sobre o assunto.
Para a realização desta pesquisa, o primeiro passo, foi coletar um
número mais rico e variado possível de materiais que abordassem o assunto,
em seguida foi feita uma leitura exploratória do material, a fim de selecionar o
que poderia ser útil para o estudo. Após ter o material selecionado, e leitura
aprofundada do que foi coletado, iniciou-se o desenvolvimento do “corpo” do
trabalho propriamente dito.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - A Educação Infantil 12
CAPÍTULO II - A Brincadeira segundo Autores 20
CAPÍTULO III – A Criança e seu Desenvolvimento 23
CAPÍTULO IV – O Brincar na Educação Infantil 30
CAPÍTULO V – Movimento e Psicomotricidade 42
CAPÍTULO VI – Os Jogos 46
CAPÍTULO VII – O Papel do Professor 55
CONCLUSÃO 60
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62
ATIVIDADES CULTURAIS 65
ÍNDICE 67
FOLHA DE AVALIAÇÃO 70
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INTRODUÇÃO
Brincar é a linguagem natural da criança, e mais importante delas. Em
todas as culturas e momentos históricos as crianças brincam (mesmo contra
vontade dos adultos). Todos os mamíferos, por serem os animais no topo da
escala evolutiva, brincam, demonstrando a sua inteligência. Entretanto, há
instituições de Educação Infantil onde o brincar é visto como um “mal
necessário”, oferecido apenas por que as crianças insistem em fazê-lo, ou
utilizado como “tapa-buraco”, para que o professor tenha tempo de descansar
ou arrumar a sala de aula.
Acredito que a brincadeira é uma atividade essencial na Educação
Infantil, onde a criança pode expressar suas idéias, sentimentos e conflitos,
mostrando ao educador e aos seus colegas como é o seu mundo, o seu dia-a-
dia.
A brincadeira é, para a criança, a mais valiosa oportunidade de
aprender a conviver com pessoas muito diferentes entre si; de compartilhar
idéias, regras, objetos e brinquedos, superando progressivamente o seu
egocentrismo característico; de solucionar os conflitos que surgem, tornando-
se autônoma; de experimentar papéis, desenvolvendo as bases da sua
personalidade.
O brinquedo é oportunidade de desenvolvimento. Brincando a criança
experimenta, descobre, inventa, aprende e confere habilidades. Além de
estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia, proporciona o
desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da
atenção.
Brincar é indispensável à saúde física, emocional e intelectual da
criança. Irá contribuir, no futuro, para a eficiência e o equilíbrio do adulto.
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Brincar é um momento de auto-expressão e auto-realização. As
atividades livres com blocos e peças de encaixe, as dramatizações, a música e
as construções desenvolvem a criatividade, pois exige que a fantasia entre em
jogo. Já o brinquedo organizado, que tem uma proposta e requer desempenho,
como os jogos (quebra-cabeça, dominó e outros) constitui um desafio que
promove a motivação e facilita escolhas e decisões à criança.
O brinquedo traduz o real para a realidade infantil. Suaviza o impacto
provocado pelo tamanho e força dos adultos, diminuindo o sentimento de
impotência da criança. Brincando, sua inteligência e sua sensibilidade estão
sendo desenvolvidas. A qualidade de oportunidade que estão sendo oferecidas
à criança através de brincadeiras e brinquedos garantem que suas
potencialidades e sua afetividade se harmonizem. A ludicidade, tão importante
para a saúde mental do ser humano é um espaço que merece atenção dos
pais e educadores, pois é o espaço para expressão mais genuína do ser, é o
espaço e o direito de toda criança para o exercício da relação afetiva com o
mundo, com as pessoas e com os objetos.
Um bichinho de pelúcia pode ser um bom companheiro. Uma bola é um
convite ao exercício motor, um quebra-cabeça desafia a inteligência e um colar
faz a menina sentir-se bonita e importante como a mamãe. Enfim, todos são
como amigos, servindo de intermediários para que a criança consiga integrar-
se melhor.
As situações problemas contidas na manipulação dos jogos e
brincadeiras fazem a criança crescer através da procura de soluções e
alternativas. O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca alcança
níveis que só mesmo a motivação intrínseca consegue. Ao mesmo tempo
favorece a concentração, a atenção, o engajamento e a imaginação. Como
conseqüência a criança fica mais calma, relaxada e aprende a pensar,
estimulando a sua inteligência.
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Para que o brinquedo seja significativo para a criança é preciso que
tenha pontos de contato com a sua realidade. Através da observação do
desempenho das crianças com seus brinquedos podemos avaliar o nível de
seu desenvolvimento motor e cognitivo. No lúdico, manifestam-se suas
potencialidades e ao observá-las poderemos enriquecer sua aprendizagem,
fornecendo através dos brinquedos os nutrientes ao seu desenvolvimento.
CAPÍTULO I
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A EDUCAÇÃO INFANTIL
O brincar tem um lugar e um tempo ...
Para dominar o que está fora, é preciso fazer coisas,
não só pensar ou desejar, e fazer coisas leva tempo.
Brincar é fazer.
Winnicott
Existem algumas definições para Educação Infantil, porém a que eu
mais acredito é a seguinte segundo Celso Antunes: “A educação infantil é tudo;
o resto, quase nada ... Esta afirmação é absolutamente verdadeira, porém
ainda está limitada a uma simples citação.
É essencial que possamos refletir sobre como fazê-la bem e descobrir
que esse bem fazer depende de investimento. Investir, não só no espaço físico
e no mobiliário, mas principalmente nos profissionais. Formar pessoas que
estão lidando com a criança, fornecendo acompanhamento e coordenação do
trabalho, possibilitando trocas através de oficinas, palestras, cursos e uma
remuneração digna ás responsabilidades exigidas desses profissionais.
Portanto, segundo Celso Antunes: “Acreditar que a educação infantil é
tudo significa “ tudo aprender e tudo fazer” para que esse trajeto educacional
se torne realidade.”
Educar ou participar do processo educacional de crianças pequenas,
requer além de um conhecimento técnico e metodológico diversificado (as
situações nem sempre se repetem), uma compreensão teórica profunda dos
prejuízos irreversíveis que uma má educação nessa idade produz.
1.1 - Concepção de Educação Infantil
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Historicamente, no Brasil, a Educação Infantil tem sido encarada de
diversas formas: como função de assistência social, como função sanitária ou
higiênica e, mais recentemente, como função pedagógica. De modo geral,
podemos dizer que, em nosso país, existem dois tipos de Educação Infantil,
constituindo um sistema educacional que visa, desde a mais tenra idade,
reforçar a exclusão e a injustiça social presente na economia capitalista: há a
“Educação Infantil dos Pobres” e a “Educação Infantil dos Ricos”.
A “Educação infantil dos Pobres” baseia-se na concepção de que as
crianças das classes trabalhadoras têm deficiências de todos os tipos
(nutricionais, culturais, cognitivas, etc.), as quais precisam ser compensadas
pela escola, a fim de que, no futuro, as crianças possam ter alguma instrução
e, assim, desempenhar o seu papel na sociedade: o de trabalhador.
As mães da classe trabalhadora precisam de algum lugar onde possam
deixar seus filhos durante o dia, e para isto foram criadas as creches e pré-
escolas públicas, local onde as crianças poderiam suprir as carências
provenientes do seu meio ambiente social. Visto que tais crianças são
consideradas muito “carentes”, qualquer atendimento dado a elas é satisfatório,
pois já pode ser visto como uma melhoria nos estímulos que recebem no seu
meio ambiente natural.
Deste modo, cria-se um atendimento na Educação Infantil onde
encontramos: classes superlotadas, poucos adultos para atender a um número
grande de crianças; espaços físicos improvisados e inadequados, onde as
crianças não podem se movimentar livremente (porque o espaço é pequeno
e/ou perigoso), bem como não encontram estímulos ou desafios;
despreocupação com os aspectos essenciais da Educação Infantil, o educar e
o cuidar (indissociáveis um do outro), afinal, a criança está ali apenas para que
sua mãe possa trabalhar; adultos que atuam junto às crianças, com pouca ou
nenhuma formação pedagógica, já que não são considerados como
educadores, mas como babás.
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Do outro lado, temos a “Educação Infantil dos Ricos”. Ela também foi
criada devido à necessidade que as mulheres/mães, hoje em dia, tem de
trabalhar fora de casa, mas apresenta concepções e práticas diferentes. Os
pais, neste caso pagam caro para que as crianças freqüentem as “escolinhas” ,
por isto as instituições esforçam-se para atender aos anseios das famílias, que
esperam garantir a melhor educação possível para os filhos, preparando-os
para as provas que o futuro reserva, como o vestibular e o mercado de
trabalho.
Aqui a Educação Infantil tem a função de preparar a criança para o
ingresso com sucesso na 1ª série do Ensino Fundamental. Por isto é preciso
desenvolver as habilidades cognitivas: treina-se a coordenação motora; ensina-
se a criança para reconhecer e copiar letras e números; e, a fim de promover a
boa saúde das crianças, ensina-se hábitos de higiene e boas maneiras. As
escolas têm infra-estrutura muito rica, com piscinas, quadras de esportes e
salas de informática, além de estarem sempre limpas, e com murais enfeitados.
Para mostrar o desenvolvimento dos alunos, as escolas procuram
organizar eventos para as famílias como festas onde as crianças apresentam
números artísticos, acerca de temas relativos às “Datas Comemorativas”. Ou
realizam reuniões pedagógicas onde entregam aos pais os “trabalhinhos” das
crianças: tarefas mimeografadas, o livro didático preenchido, e as atividades
artísticas, além de relatórios sobre as crianças (sob a forma descritiva ou folhas
do tipo questionário de múltipla escolha, preenchidos pelo professor).
Entretanto, podemos perguntar: Serão estas propostas pedagógicas
suficientes para garantir o direito das crianças a uma Educação Infantil que
estimule o seu desenvolvimento integral ? Em busca de respostas,
encontramos algumas pistas, por exemplo, na concepção do psicanalista
Winnicott:
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“A função da escola maternal não é ser um substituto
para uma mãe ausente, mas suplementar e ampliar o
papel que, nos primeiros anos da criança, só a mãe
desempenha. Uma escola maternal, o jardim da infância,
será possivelmente considerada, de modo mais correto,
uma ampliação da família “para cima”, em vez de uma
extensão “para baixo” da escola primária”.
(WINNICOTT, 1982, p.214)
A Educação Infantil surgiu quando as mulheres precisaram buscar seu
espaço no mercado de trabalho. Por isso, a educação das crianças de 0 à 6
anos desempenha um importante papel social. Entretanto, não pode ser
considerada substituta das mães, o que acarreta uma confusão de papéis
acerca da função da Educação Infantil. Por um lado, provoca uma
desvalorização dos profissionais que atuam neste nível de ensino;
considerando-se que estes educadores não precisam de uma sólida formação
teórico-prática, basta que saibam cuidar adequadamente do bem-estar físico
das crianças, evitando sujeira, doença ou bagunça. Por outro lado, considera-
se que esta é uma “extensão para baixo” da escola fundamental, onde as
crianças devem ser treinadas para o acesso à primeira série. Os educadores,
desta forma, também não precisam de sólida formação (são menos
qualificados que os de outros níveis de ensino), e devem ser mais sóbrios na
relação com as crianças, para facilitar a adaptação destas na 1ª série.
Winnicott aponta um caminho diferente. Quando afirma que a
Educação Infantil seria melhor considerada uma “ampliação para cima da
família”, o autor pretende apontar para o fato de que, ao entrar na escola, a
criança não deixa de lado a vida afetiva (centrada sobretudo na mãe) que vivia
no lar. Ao contrário, ela está ali para ampliá-la, relacionando-se com os
educadores e com outras crianças, de diversas idades, com valores culturais e
familiares diferentes dos seus. É importante, também, ressaltar que qualquer
aprendizagem está intimamente ligada à vida afetiva. Portanto não cabe à
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escola minimizar esta vida afetiva, mas sim ampliá-la, criando um ambiente
sócio-afetivo saudável para a criança na escola.
Acerca destas tarefas de socialização, de natureza sobretudo afetiva,
podemos, também, acrescentar:
“As tarefas das crianças pequenas nas creches e pré-
escolas são muitas e de grande importância para o seu
desenvolvimento cognitivo e emocional, e o principal
instrumento de que utilizam são as brincadeiras. Nesses
locais, elas têm de aprender a brincar com as outras,
respeitar limites, controlar a agressividade, relacionar-se
com adultos e aprender sobre si mesmas e seus amigos,
tarefas estas de natureza emocional.
(...)
O fundamental para as crianças menores de seis anos é
que elas se sintam importantes, livres e queridas.”
(LISBOA, 2001)
Entretanto, a Educação Infantil não se restringe ao aspecto social e
afetivo, embora eles sejam de fundamental importância para garantir as demais
aprendizagens. Porém, qual tipo de organização pedagógica poderá permear
estas aprendizagens? Novamente o Dr. Antônio Márcio Lisboa, pediatra, pode
contribuir para a nossa resposta:
“A escola dos pequeninos em de ser um ambiente livre,
onde o princípio pedagógico deve ser o respeito à
liberdade e à criatividade das crianças. Nela, os
pequeninos devem poder se locomover, ter atividades
criativas que permitam sua auto suficiência, e a
desobediência e a agressividade não devem ser coibidas
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e, sim, orientadas, por serem condições necessárias ao
sucesso das pessoas.”
(LISBOA, 1998, p. 15)
Entendemos que a organização do trabalho pedagógico na Educação
Infantil deve ser orientada pelo princípio básico de procurar proporcionar, à
criança, o desenvolvimento da autonomia, isto é, a capacidade de construir as
suas próprias regras e meios de ação, que sejam flexíveis e possam ser
negociadas com outras pessoas, sejam eles adultos ou crianças. Obviamente,
esta construção não se esgota no período dos 0 aos 6 anos de idade, devido
às próprias características do desenvolvimento infantil. Mas tal construção
necessita ser iniciada na Educação Infantil.
Consideramos que a Educação Infantil tradicional não procura
desenvolver a autonomia, mas sim a heteronomia, ou seja, a dependência, da
criança, de regras e meios de ação ditados pelo adulto. A heteronomia é
característica do pensamento das crianças de 0 à 6 anos, entretanto, a escola
tradicional a reforça. A criança, neste modelo pedagógico, deve sempre
esperar a ordem do adulto: ver o modelo do exercício mimeografado antes de
fazê-lo; ver a maneira correta de realizar um trabalho manual antes de iniciá-lo;
esperar que o adulto resolva o conflito com a outra criança (premiando uma
das partes e repreendendo a outra); esperar a ordem para que possa levantar-
se da cadeirinha e movimentar-se (como o adulto pede).
Certamente, este não é o melhor modelo pedagógico, se pretendemos
o desenvolvimento integral e a construção da autonomia infantil. Para que a
criança possa alcançar estes objetivos o modelo pedagógico deve
proporcionar-lhe situações em que ela possa vivenciar as mais diversas
experiências, fazer escolhas, tomar decisões, socializar conquistas e
descobertas. Vale ressaltar que não se trata de um trabalho espontaneísta,
onde o adulto não organiza objetivamente as atividades oferecidas às crianças,
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assumindo um papel de mero espectador, que observa e espera o
desenvolvimento dos pequeninos.
Trata-se de uma organização do trabalho pedagógico em que o
adulto/educador e as crianças têm, ambos, papéis ativos. Cabe ao educador
pesquisar e conhecer o desenvolvimento infantil a fim de poder organizar
atividades onde a criança possa experimentar situações as mais diversas.
1.2 – Objetivos da Educação Infantil
A prática da educação infantil deve se organizar de modo que as
crianças desenvolvam as seguintes capacidades:
• desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez
mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção
de suas limitações;
• descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas
potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de
cuidado com a própria saúde e bem-estar;
• estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças,
fortalecendo sua auto estima e ampliando gradativamente suas
possibilidades de comunicação e interação social;
• estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo
aos poucos a articular seus interesses e pontos de vistas com os dos
demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e
colaboração;
• observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-
se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador
do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua
conservação;
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• brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e
necessidades;
• utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e
escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação,
de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias,
sentimentos, necessidades e desejos e avançar no seu processo de
construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade
expressiva;
• conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de
interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a
diversidade.
Assim sendo, o educador precisa ter em mente estes objetivos, a fim
de avaliar as atividades que ele planeja e as suas próprias atitudes, observado
se elas proporcionam às crianças meios de alcançar estes objetivos. Deve
também, atuar de maneira extremamente próxima às crianças, sendo um
mediador para que elas alcancem os objetivos propostos. E, também, deve
avaliar o desenvolvimento do grupo onde atua e de cada criança, em particular,
sem, porém, jamais compará-las umas às outras, compreendendo que cada
uma delas carrega histórias de vida e ritmos de desenvolvimento próprios.
CAPÍTULO II
20
A BRINCADEIRA SEGUNDO OS AUTORES
Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que
precisarás passar, para atravessar o rio da vida –
ninguém, exceto tu, só tu.
Nietzsche
Um projeto, mesmo de vida, necessita de uma fundamentação, isto é,
uma “base” que direcione o caminho durante a sua execução, ou a sua
idealização.
Vejamos o que dizem os autores acerca da brincadeira:
2.1 – Melainie Klein:
Fala que por intermédio das brincadeiras, as crianças podem expressar
socialmente suas emoções conflituosas de amor e ódio. Neste sentido a escola
vai possibilitar à criança outras oportunidades, onde poderá ocorrer uma maior
distinção e compreensão entre sentimentos, do que colegas ele poderá eleger
os mais amados e os mais odiados.
2.2 – Bruno Bettelheim:
Falando da importância da brincadeira, diz que esta proporciona meios
para a integração do mundo interno e externo infantil. A maior importância da
brincadeira está no prazer imediato da criança que se estende e se transforma
num prazer de viver.
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2.3 – Winnicott:
Diz que é brincando que a criança vai desenvolver sua criatividade e
assim é que vai estruturando se EU. O ato de brincar é uma área de
experimentação intermediária entre a realidade interna e externa.
2.4 – Vygotsky:
Ao promover uma imaginativa por meio da atividade livre a criança
desenvolve a iniciativa, expressa seus desejos e internaliza as regras sociais.
Ele destaca um outro aspecto da brincadeira e do jogo que é a questão da
atividade social.
2.5 – Piaget:
O jogo tem uma função catártica, no sentido de que é através do jogo
que a criança pode reagir contra um medo ou realizar algo que ela não
conseguiria numa situação real. Por exemplo: em situações difíceis ou
desagradáveis a criança pode executar um tipo de jogo simbólico, onde ela
procura reviver a situação de uma maneira mais adequada a sua capacidade
de entender o mundo.
Piaget foi um dos pioneiros a observar através do jogo de bolas de
gude, em situação do cotidiano, o desenvolvimento da criança integrando
aspectos morais, sociais e cognitivos.
2.6 – Froebel:
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Foi o primeiro educador a enfatizar o brinquedo, a atividade lúdica, o
desenho e as atividades que envolvem o movimento e o ritmo. Enquanto os
brinquedos físicos davam força e poder ao corpo, as histórias e os jogos
desenvolviam os poderes da mente, ambos contribuindo para a formação das
qualidades morais. Foi o fundador do Jardim da Infância (Kindergarten).
2.7 – Benjamim:
Defende que é através do brincar que a criança vê e constrói o mundo,
expressa aquilo que tem dificuldade de colocar em palavras.
Sua escolha é motivada por processos e desejos íntimos, pelos seus
problemas e ansiedades. Diz que é brincando que a criança aprende que
quando se perde no jogo, o mundo não se acaba.
2.8 – Howard Gardner
Diz que o brincar é um componente crucial do desenvolvimento, pois
através dele a criança é capaz de tornar manejáveis e compreensíveis os
aspectos esmagadores e desorientadores do mundo.
Defende que o brincar é um parceiro insubstituível do desenvolvimento,
seu principal motor. Em seu brincar, a criança pode experimentar
comportamentos, ações e percepções sem medo de represálias ou fracasso,
tornando-se assim mais bem preparada para quando o seu comportamento
“contar”.
CAPÍTULO III
23
A CRIANÇA E SEU DESENVOLVIMENTO
A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-
relacionados desde o primeiro dia de vida da criança.
VYGOTSKY, 1991,pág.95
Segundo Piaget o desenvolvimento cognitivo da criança se realiza em
quatro estágios e é a construção contínua de estruturas mentais cada vez mais
complexas.
O que varia de um estágio para o outro é o tipo de explicação,
organização, compreensão do mundo e, conseqüentemente, o tipo de
comportamento do indivíduo.
Cabe lembrar que as idades cronológicas indicadas em cada estágio
correspondem a um critério secundário de indicação, já que cada criança
possui seu próprio ritmo de desenvolvimento.
Vejamos os estágios de desenvolvimento segundo Piaget:
3.1 – Estágio Sensório-Motor (zero a dois anos)
Este estágio compreende uma evolução significativa do
desenvolvimento da criança. Desde os primeiros comportamentos reflexos até
a formação das bases do pensamento infantil; desde a quase imobilidade para
o andar ereto, a criança rapidamente ingressa num universo de ações e
intenções.
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Seu brincar é basicamente funcional, pois através da interação com
pessoas e objetos procura moldar-se a si mesma e desenvolver tanto funções
específicas – andar, falar – quanto funções mais complexas – desenvolvimento
da inteligência, formação da personalidade.
Suas ações são guiadas principalmente pelos órgãos do sentido, que
se aperfeiçoam conforme vão sendo utilizados e também pela presença da
figura materna, que lhe confiará segurança e gradativa independência.
A partir do primeiro mês, a atividade reflexa da criança é enriquecida
pelas primeiras ações coordenadas. Neste momento a criança passa a explorar
partes de seu próprio corpo e objetos, desde que estejam em seu campo
visual.
Até o final do primeiro ano, desenvolvem-se as ações intencionais,
onde a criança repete movimentos que causaram alguma ação, chegando a
antecipar resultados.
Inicia a preensão voluntária e aperfeiçoa a pinça polegar-indicador,
chegando a pegar pequenos objetos com os dedos. Consegue imitar sons e
gestos, podendo surgir as primeiras palavras. A permanência do objeto –
compreensão da existência constante de um objeto, mesmo que ele
desapareça do campo visual ou mude de aparência – se aperfeiçoa a partir do
desenvolvimento da memória.
Do primeiro ao segundo ano, a criança tenta atingir suas metas,
variando suas formas de ação. Adquire força, precisão de movimentos e maior
coordenação global. Realiza múltiplas experiências, até conseguir os
resultados desejados. Com o desenvolvimento da memória, consegue introjetar
experiências e resultados, podendo reproduzi-los em outros momentos. Faz
“birra” e custa a esquecer seus projetos, porém pode entender limites, desde
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que sejam bem explicados. Tornar-se cada vez mais independente, tanto em
relação aos cuidados próprios quanto na escolha de suas ações.
A presença do adulto neste período é fundamental para que a criança
se desenvolva satisfatoriamente, desde os cuidados à saúde, alimentação e
higiene, passando pela formação do primeiro vínculo básico ao
desenvolvimento emocional. Como a criança poderá olhar e seguir um objeto
se ninguém o sustenta ? Como poderá imitar sons se não encontra ninguém
para pronunciá-los ? E, se ela própria, sozinha, consegue emiti-lo casualmente,
como dar continuidade à comunicação ? Por isso os principais brinquedos
desta fase de desenvolvimento incluem muitas vezes a figura do adulto, que
servirá como modelo e provedor das riquíssimas brincadeiras que a criança
realizará neste período e que veremos no próximo capítulo.
3.2 – Estágio Pré-operatório (dois a sete anos)
Nesta fase dá-se início ao desenvolvimento do pensamento. A criança
planeja mentalmente sua ação ainda de forma primitiva. Analisa os fatos
considerando apenas um lado da questão e sempre a partir de si própria,
baseada em suas experiências e sentimentos. Seu pensamento não tem
caráter lógico. Acredita que sua vontade pode influenciar todas as ações do
universo e, na busca de explicações, acaba ligando fatos que não mantém
relação entre si.
É incapaz de ver o ponto de vista do outro, porém inicia o jogo
simbólico – “o faz-de-conta” – onde tenta compreender o significado da
realidade que a cerca. Nesta brincadeira os objetos são portadores de seu
significado pessoal e de sentimentos humanos, podendo representar-se uns
aos outros.
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A criança procura, então, reproduzir sua realidade, expressar seus
sentimentos diante dela e modificá-la em função de seus desejos.
A linguagem se aperfeiçoa. Desempenha a função de ensinar à criança
a organizar e classificar seu meio ambiente e se constitui em mais um
elemento de expressão e comunicação.
3.2.1 – Período Pré-conceitual (dois a quatro anos)
A atividade física da criança é bastante intensa e harmoniosa. Explora
todos os espaços, corre e pára com facilidade. É capaz de pular, andar de
costas, subir e descer escadas. Os movimentos das mãos se aperfeiçoam,
tornando-se finos e precisos. As ações podem ser preestabelecidas
mentalmente, finalizando o período das ações ao acaso.
Seu relacionamento com outras crianças ainda não é compartilhado.
Brinca paralelamente usando os mesmos brinquedos, porém cada um
trabalhando independentemente. Seu interesse no grupo está dirigido mais
propriamente ao brinquedo do outro. Gradativamente, consegue participar,
esperar a vez e obedecer regras.
Compreende ordens simples e pode executá-las, ajudando em
pequenas tarefas domésticas. Aprecia falar sozinha por longo tempo, tendo
inclusive ”amigos invisíveis”. Utiliza várias palavras e não sabe o significado de
muitas delas. Diz o nome das cores, mesmo sem saber identificá-las.
Agrupa objetos de acordo com uma única característica e tenta nomeá-
los. Quer saber o nome de tudo.
Gosta de imitar sons e gestos de animais e também de cantar.
Reconhece coisas iguais e diferentes e aprecia reconhecer figuras em um livro.
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O início do jogo do “faz-de-conta” se constitui na atividade mais
marcante da criança deste período. Gradativamente, vai ampliando sua esfera
de atividade, de modo a incluir tanto eventos passados e futuros quanto os
presentes.
3.2.2 – Período Intuitivo (quatro a sete anos)
Nesta fase a criança tem interesse em descobrir a causa das coisas.
Além de analisar os fatos, quer saber o porquê de tudo e também apresenta
argumentos e razões para suas análises, ainda baseados em seu desejo e
experiência. Gradativamente, seu pensamento se estrutura de forma mais
lógica, e passa a basear suas conclusões em fatos observados.
Torna-se independente nas atividades de vida diária (alimentação,
vestuário, higiene) e sua brincadeira passa a ser cooperativa, brincadeira em
grupos, executando a mesma atividade e obedecendo regras.
Sua atividade motora fina se aprimora, iniciando o uso de ferramentas
manuais, como chaves, martelos, tesouras e agulhas.
Sua linguagem se aperfeiçoa, deixando de cometer os erros iniciais e
passando a falar como os adultos à sua volta.
Seguramente, é capaz de classificar e nomear objetos de acordo com
uma única característica, porém apresenta dificuldade em conceitos como
“maior que”, “menor que”. Compreende conceitos espaciais a partir de seu
próprio corpo (em cima/embaixo, esquerda/direita, atrás/na frente) e começa a
compreender conceitos temporais (ontem, amanhã, depois) a partir de sua
rotina diária.
Inicia a compreensão da relação números/quantidades, do uso do
dinheiro e interessa-se pelas letras.
28
Seu jogo simbólico é bastante rico. Utiliza-se de maior variedade de
objetos no “faz-de-conta” e no final do período compreende melhor o que é real
ou fantasia.
3.3 – Estágio Operatório Concreto (sete aos doze anos)
Neste período, o pensamento da criança é baseado em fatos concretos
e reais, a partir da lógica e da inter-relação de fatos já experimentados. Pode
elaborar combinações mentais, aceitar premissas e concluir resultados.
Tem consciência de que o mundo não gira à sua volta. É capaz de
classificar a partir de várias características, seriar, utilizar mentalmente os
números e entender a conservação de quantidades, peso e volume.
Os conceitos espaciais são definidos a partir da relação recíproca
estabelecida entre os objetos; e os temporais através de sistemas comuns de
mediação, como por exemplo relógio e calendário. Interessa-se pelos
fenômenos da natureza e experiência química e eletrônica simples.
Tem grande senso de responsabilidade. É mais independente do
adulto, gosta de cuidar de crianças menores e escolhe ativamente seus
companheiros, principalmente da mesma faixa etária e sexo.
3.4 - Estágio Operatório Formal (doze anos em diante)
29
Neste estágio ocorre a passagem do pensamento operativo concreto
para o formal, onde a lógica abstrata será desenvolvida sobre hipóteses e
deduções e não mais em operações concretas.
O adolescente constrói as operações independentemente dos objetos
concretos. É a idade das teorias e dos sistemas.
O adolescente já pode: abstrair, refletir, imaginar possibilidades,
analisar e formular hipóteses.
A atitude do adulto perante a criança é de vital importância. Gostar de
estar com ela, interagindo afetivamente; saber observa-la para conhece-la e
propor atitudes que a agradem; ser sincero frente a criança expressando seus
sentimentos e ajudando-a a aceitar-se como é; e finalmente respeitá-la,
percebendo a expressão de seus sentimentos e emoções, suas preferências e
seu ritmo de desenvolvimento, tudo isso são fatores essenciais na interação do
adulto com a criança, possibilitando assim, a vivência plena da criança com o
seu brincar.
CAPÍTULO IV
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
30
É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou
adulto fruem de sua liberdade de criação. As brincadeiras
servem de elo entre, por um lado, a relação do indivíduo
com a realidade interior, e por outro lado, a relação do
indivíduo com a realidade externa ou compartilhada.
(D.W. Winnicott)
Para que as crianças possam exercer sua capacidade de criar é
imprescindível que haja riqueza e diversidade nas experiências que lhes são
oferecidas nas instituições, sejam elas mais voltadas às brincadeiras ou às
aprendizagens que ocorrem por meio de uma intervenção direta.
Segundo Vygotsky, “a brincadeira fornece, pois, ampla estrutura básica
para mudanças da necessidade e da consciência, criando um novo tipo de
atitude em relação ao real. Nela aparecem a ação na esfera imaginativa numa
situação de faz-de-conta, a criação das intenções voluntárias e a formação dos
planos da vida real e das motivações volitivas, constituindo-se, assim, no mais
alto nível de desenvolvimento pré-escolar.”
4.1 – O Papel do Brincar
A brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo
essencial com aquilo que é o “não-brincar”. Se a brincadeira é uma ação que
ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tenha o
domínio da linguagem simbólica. Isto quer dizer que é preciso haver
consciência da diferença existente entre a brincadeira e a realidade imediata
que lhe forneceu conteúdo para realizar-se. Nesse sentido, para brincar é
preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma atribuir-
lhes novos significados. Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da
articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. Toda brincadeira é
31
uma imitação transformada, no plano das emoções e das idéias, de uma
realidade anteriormente vivenciada.
No ato de brincar, os sinais, os gestos, os objetos e os espaços valem
e significam outra coisa daquilo que aparentam ser. Ao brincar as crianças
recriam e repensam os acontecimentos que lhes deram origem, sabendo que
estão brincando.
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel
assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
A brincadeira favorece a auto-estima das crianças, auxiliando-as a
superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui,
assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de
grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-
no em um espaço singular de constituição infantil.
Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já
possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca.
É no ato de brincar que a criança estabelece os diferentes vínculos
entre as características do papel assumido, suas competências e as relações
que possuem com outros papéis, tomando consciência disto e generalizando
para outras situações.
Para os adultos, brincar representa descontração, divertimento, lazer. É
a forma que encontra de se entreter com coisas amenas procurando esquecer
os problemas que fazem parte do seu cotidiano. Esse divertimento permite a
despreocupação, ainda que momentânea, das dificuldades do dia-a-dia, no
trabalho e na família.
32
O significado do brincar para a criança é diferente do que representa
para o adulto. Constitui-se num dos aspectos mais autênticos do
comportamento infantil.
É através do brincar que a criança inicia o seu processo de
autoconhecimento, toma contato com a realidade externa e, a partir de
relações vinculares, passa a interagir com o mundo.
O brinquedo torna-se instrumento de exploração e desenvolvimento da
capacidade motora e cognitiva da criança. Brincando, ela tem a oportunidade
de exercitar suas funções, experimentar desafios, investigar e conhecer o
mundo de maneira natural e espontânea.
A criança utiliza sua imaginação e fantasia para duvidar de tudo que é
aparente; através do brincar ela nega os significados óbvios e predeterminados
pelo adulto, construindo um mundo próprio onde uma folha de papel não serve
somente para escrever ou desenhar – ela pode se transformar em um avião,
um barco ou tudo que sua imaginação quiser.
Ao brincar, a criança também expressa sentimentos. A forma que ela
lida e se envolve na brincadeira possibilita exteriorizar suas emoções.
A elaboração dos vínculos que a criança estabelece, inicialmente com
a figura materna, vai abrangendo gradativamente novas relações. O outro
passa a fazer parte do seu mundo; forma-se o grupo onde seus componentes
se interagem através das regras, limites e respeito. O brincar facilita o
desenvolvimento dessas relações. A criança brinca com outras crianças,
iniciando o processo de socialização.
Cabe ao adulto valorizar e promover a atividade de brincar das
crianças, seja através da garantia de tempo e espaço para que ela aconteça ou
33
seja através da providência de materiais e brinquedos que facilitem este
brincar. O momento e o espaço do brincar devem ser respeitados e
reconhecidos como fundamentais para o desenvolvimento da criança.
4.2 – O que é Brincadeira ?
Brincar nâo é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter
meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados
em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para
a formação humana.
Carlos Drummond de Andrade
Brincadeira, é uma atividade que a criança desenvolve em idade pré-
escolar no âmbito de sua vida familiar, das relações com os colegas de sua
idade e que não tem um objetivo educativo ou de aprendizagem.
Segundo Brougère (1998), a criança desenvolve as brincadeiras para o
seu prazer e sua recreação, o que permite que ela entre em contato com outros
adultos, os pais, com o meio ambiente, com a cultura na qual vive, etc. É uma
estrutura ligada às características da infância.
O pequeno é um ser em desenvolvimento que não dispõe o tempo todo
das mesmas ferramentas e da mesma competência. Isso faz com que sua
brincadeira em parte se estruture no que ela é capaz de fazer. Com isto, estas
atividades, em contraposição ao ser adulto, evoluem muito mais nos seis
primeiros anos de vida. (p.3-9).
A brincadeira é uma forma de comunicação integrada, marcada pelo
faz-de-conta, é uma atividade de segundo grau, diferente das atividades reais
da vida cotidiana, com outros significados, que dão início ao aprendizado.
34
A primeira relação com a aprendizagem é que a criança aprende a
brincar; ao aprender a brincar, ela aprende um certo tipo de comunicação
peculiar, pouco natural, pois difere da vida cotidiana, ou seja, aquilo que se vai
fazer não é absolutamente a mesma coisa que se faz na vida comum, porque
assume um outro sentido: o do faz-de-conta.
O poder de escolha é muito importante nesta fase. É quando a criança
decide se está na hora ou não de brincar ou de descansar, etc.
Decidir brincar, para uma criança pequena, pode ser divertir-se com
seus pés, com suas mãos. Isto é, se não houver espaço de decisão, a
brincadeira não é possível, mesmo se a decisão for uma coisa relativamente
simples.
A brincadeira é algo complexo porque é precedida por algumas fases
de exploração, que ainda não são verdadeiramente fases do jogo, na qual a
criança descobre e aprende a manipular objetos.
4.3 – A Importância das Brincadeiras
As brincadeiras facilitam o crescimento corporal, o aumento de força,
de resistência física e de coordenação percepto-motora. Propiciam ainda a
socialização, pelo exercício de vários papéis sociais e pela formação do
caráter.
Na infância, a atividade lúdica se confunde com a própria vida, levando
aos adultos uma imagem de saúde; e realmente é tão característica que, ao ver
uma criança parada, verifica-se logo se está febril.
35
As brincadeiras também têm valores cognitivos. São eles: Exercitar a
atenção e a imaginação; propiciar a comparação e a discriminação; favorecer o
domínio das habilidades de comunicação e etc.
4.4 – O Brinquedo Ideal
Vários fatores contribuem para a escolha do melhor brinquedo para
cada criança. O melhor brinquedo é aquele que estimula a criança à ação, à
imaginação e à aprendizagem. Quanto mais pronto e acabado for o brinquedo,
menos possibilitará a ação da criança sobre ele; quanto mais possibilidades de
ação ele oferecer, maior interesse, mais adequado ele será. Brinquedos
desmontáveis, coloridos, com variedades na forma e textura, materiais naturais
como madeira, areia, palha ou algodão e objetos com plasticidade que
propiciem a criatividade da criança certamente facilitarão a integração global da
criança com o seu meio ambiente.
Nem sempre a escolha do brinquedo que o adulto realiza para a
criança coincide com a escolha da criança.
Muitas vezes o desejo e as expectativas dos adultos impõem-se sobre
as crianças, obrigando-as a se submeterem à vontade dos pais. Outras vezes,
as crianças levadas pela mídia optam por brinquedos inacessíveis
economicamente, frágeis ou inadequados, causando um descompasso entre
as duas gerações. O que deveria ser prazeroso passa a veicular uma luta de
interesses distintos, onde se explicitam conflitos, emoções e hierarquias.
O adulto pode construir um brinquedo para a criança, dando um pouco
de si a ela; pode construí-lo com a ajuda da criança, interagindo e vivenciando
uma tarefa conjunta, fazendo sua “mídia” sobre o brinquedo, explorando-o
juntamente com a criança e descobrindo suas potencialidades. Pode ensinar
suas brincadeiras de infância, transmitindo-lhe sua cultura ou ainda aprender
36
novas modalidades de diversões, integrando-se no universo infantil e
observando o prazer que a criança experimenta nestes momentos mágicos. Ao
“oferecer-se” à criança para brincar, sentados no chão entre seus objetos e no
seu espaço, ao mostrar-se disponível, uma relação de conquista e confiança
pode emergir facilitando as próximas opções da criança. Ter um brinquedo que
possa compartilhar com seus pais pode ser mais interessante e estimulante do
que qualquer outro. O encantamento surgido desta relação certamente
fortalecerá o adulto e auxiliará a criança a se descobrir, de forma a tornar-se
um ser humano integral.
Veremos agora os brinquedos adequados às diversas etapas do
desenvolvimento infantil, baseados no desenvolvimento proposto por Piaget :
4.4.1 – Brinquedos Correspondentes à fase Sensório-Motora (zero
a dois anos)
• 0 a 4 meses: face humana; móbile colorido; argola de borracha
para morder; chocalho; esconde-esconde:pessoa ou objeto deve
reaparecer sempre no mesmo local, criança olhando, esconder
objetos deixando uma parte de fora: colocar tecido furado no
rosto.
• 4 a 8 meses: chocalho; chocalho musical; bichinho de
borracha/látex com apito; mobílie que ao ser tocado produza
ação; bola transparente com água e pequenos objetos dentro;
objetos para criança pegar e levar à boca; objetos que possam
ser batidos um contra o outro; objetos embrulhados para criança
desembrulhar; amassar papel para bebê olhar; pegar coisas que
o bebê joga no chão; brincar com os pés.
• 8 a 12 meses – móbile que ao ser tocado produz ação;
brinquedos aquáticos; cubos de espuma ou papelão revestidos
com figuras; caixas de sapato com tampa; objetos ocos que
37
possam ser encaixados uns nos outros; bola de tecido; bexiga:
ver o adulto encher e esvaziar lenta e rapidamente; imitar
gestos; esconde-esconde: esconder sempre no mesmo local e
deixar a criança procurar.
• 12 a 18 meses – brinquedo com cordão para puxar; cavalo de
pau com rodas; velocípede sem pedais; objetos que possam ser
empurrados; tambor; vasilhas, tampas de panelas; objetos que
possam ser sobrepostos; cantar e dançar.
• 18 a 24 meses – brinquedos desmontáveis e com cordão para
puxar; cadeira de balanço ou cavalo-de-pau para balançar;
carrinho demão, carrinho de boneca ou de feira; bexiga para
rebater com as mãos; bolas grandes (20 a 60 cm); caixas de
papelão sem fundo para a criança passar por dentro; barro ou
argila para misturar e amassar; bonecas ou animais de pano;
livros com figuras grandes e coloridas, de pano ou cartão
grosso; encaixes de argolas ou formas geométricas; giz ou
pauzinho para riscar no chão ou na areia; quebra-cabeça,
encaixe de figuras inteiras.
4.4.2 – Brinquedos correspondentes ao estágio pré-operatório –
período pré-conceitual (dois a quatro anos)
• Atividades ao ar livre – balanço e gangorras com auxílio; tanque
de areia; jogo de praia: balde, peneira, pá; boliche; canudo para
bolha de sabão; velocípede.
38
• Atividades expressivas/manuais – lápis-cera grosso e papel sem
pauta; pintura a dedo; argila/massa para modelar; pincéis largos
para pintar com água; revistas velhas para rasgar com as mãos.
• Faz-de-conta – bicho de pelúcia; família de bonecos, ursinhos;
casa de bonecas e acessórios (roupas, utensílios domésticos,
telefone); caminhão para bagagem; fantoches grandes e de
dedo.
• Livros e música – livros de tecido com figuras de objetos
conhecidos da criança, histórias simples ou com repetição; reco-
reco, apito, corneta, campainha.
• Jogos que desenvolvem destreza manual – blocos grandes de
construção; encaixe de atarraxar, com rosca manual grande;
bate-pinos; blocos grandes, com orifícios para costurar: barbante
e agulha grossos.
• Jogos perceptivos – encaixe de figura inteira ou dividida em
poucas partes; jogos com peças que se encaixam umas nas
outras; encaixes classificados de acordo com uma única
variável: cor, tamanho, forma; jogos com figuras em pares; jogos
que iniciem noções numéricas; dominó de figuras, cores.
4.4.3 - Brinquedos correspondentes ao estágio pré-operatório –
período intuitivo (quatro a sete anos)
• Atividades ao ar livre – triciclo ou bicicleta com “rodinhas”; bola
para jogar com as mãos, chutar, cabecear; jogo de argolas;
carrinhos para criança entrar dentro; corda para pular; patinete;
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bichos de estimação: peixe, tartarugas, pequenos mamíferos.
• Atividades expressivas/manuais - lápis de cor grande; tesoura
sem ponta; cola e papel colorido; tintas atóxicas e pincéis
grandes; quadro negro e giz; mesa e cadeiras pequenas.
• Faz-de-conta - casinha com mobília para vários ambientes;
miniatura de cidades, tendas de feira; miniaturas de fazendas e
animais domésticos; bonecos representando profissões, com
trajes regionais, palhaços; equipamentos para médico e
enfermeiro; bonecos que possibilitem trocas de roupa; fantasia e
baú para guardá-las.
• Livros e música - livros de história com figuras grandes; xilofone,
piano e sanfonas pequenos; vitrola e discos infantis.
• Jogos que desenvolvem destreza manual – encaixe com rosca
manual pequena, com ou sem ferramentas; brinquedos com
botões, zíper, colchetes; carros e trenzinhos desmontáveis;
jogos de montar com pinos menores; jogos de enfiar contas,
bordados de alinhavo.
• Jogos perceptivos – quebra-cabeça: várias peças únicas
inteiras, figuras com detalhes e divididas em peças grandes,
figuras de corpo humano: partes ou total; relógio e calendários;
blocos lógicos/jogos com seqüência lógicas; jogos simples de
memória; jogos com letras/seqüência numérica; jogos que
relacionem números e quantidades; loto com figuras; jogos de
sorte, com dados e seqüência numérica (ludo, banco imobiliário).
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4.4.4 - Brinquedos correspondentes ao estágio operatório
concreto (sete a doze anos)
• Atividades ao ar livre – peteca; bicicleta; instrumento de
jardinagem; skate; jogos de bola que exijam pontaria para
agarrar e lançar; tênis de praia; teatro e cinema adequados à
idade; visita a museus; esportes.
• Atividades expressivas/manuais – canetas hidrográficas
coloridas; tintas e pincéis finos.
• Faz-de-conta – teatro de bonecos; dramatização.
• Livros e música – livros de contos juvenis; aulas para tocar
instrumentos musicais.
• Jogos que desenvolvem destreza manual – passar cordão, dar
nó e laço; jogos competitivos que necessitam coordenação
motora fina (pega-varetas, jogo de pedrinha); jogo de botão;
sinuca/pebolim; minitear.
• Jogos perceptivos – encaixes classificados de acordo com uma
ou mais variáveis: cor, tamanho, forma; quebra-cabeça com
peças menores; jogos com letras, sílabas e palavras; bingo de
número e letras; jogos competitivos que envolvam raciocínio
complexo; jogos de cartas/baralho; jogos de seqüência lógica
complexa; dominó com associação de idéias; jogo da velha;
jogos com associação de figuras e palavras; coleção de papel de
carta, selos e figurinhas; jogos de tabuleiro; batalha naval/caça
ao tesouro; montagem de sistemas eletrônicos simples;
brinquedos de experiências químicas.
41
CAPÍTULO V
MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE
42
5.1 – O Movimento
“O movimento permite à criança explorar o
mundo exterior através de experiências
concretas sobre as quais são construídas as
noções básicas para o desenvolvimento
intelectual. É importante que a criança viva o
concreto.”
Fátima Alves
O movimento humano é mais do que simples deslocamento do corpo
no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem
sobre seu meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, para que possam
agir com cada vez mais intencionalidade, sendo de fundamental importância no
seu desenvolvimento físico, intelectual e emocional.
A criança no período da Educação Infantil necessita aprender o que o
seu corpo pode fazer e como ela pode manejá-lo em várias situações de
movimento.
O domínio do movimento está relacionado também com a capacidade
da criança apresentar um bom padrão de postura e mecanismo corporal, como
componentes de seu padrão de movimento.
Em adição à postura e mecânica corporal, uma outra consideração na
habilidade de manejar e controlar o corpo é a capacidade percepto-motora.
Os princípios e conceitos básicos de capacidade percepto-motora têm
uma forte relação e aplicação na área de controle do corpo. O bom controle
motor requer um suficiente desenvolvimento e controle neurológico, os quais
43
podem ser ajudados, enfatizando os componentes perceptivos motores no
desenvolvimento das atividades.
Os componentes perceptivos-motores que têm papel relevante nas
atividades de movimento na Educação Infantil incluem todos aqueles
movimentos que dão atenção ao equilíbrio, coordenação, lateralidade, direção,
noção do espaço e conhecimento do seu próprio corpo e partes do corpo.
A percepção se faz através dos mecanismos sensoriais, no entanto
deve-se proporcionar, às crianças, ricas experiências sensório-motoras em
ambiente previamente organizado.
Seguindo as idéias de Piaget, Wallon, Gesell e Pierre Vayer: o
movimento é uma significação expressiva e intencional, uma manifestação vital
do ser humano, sendo essencial a sua intencionalidade, pois ele envolve o ser
no mundo.
Com todas as mudanças na nossa lei (LDB), o movimento passou a ser
parte integrante e fundamental para o planejamento do Educador de Educação
Infantil. Haja vista que o movimento está em tudo o que a criança faz, a criança
é puro movimento, e essas atividades mais dinâmicas propiciam um
aprendizado mais eficaz e prazeroso.
5.2- Psicomotricidade
Consideremos algumas definições sobre Psicomotricidade antes de
iniciarmos nossos estudos:
44
“É uma ciência que tem por objeto o estudo
do homem através do seu corpo em
movimento nas suas relações com seu
mundo interno e externo” . (SPB, 1984)
“A Psicomotricidade consiste na unidade
dinâmica das atividades, dos gestos, das
atitudes e posturas, enquanto sistema
expressivo, realizador e representativo do
“ser-em-ação” e da “coexistência” com
outrem”. (Jacques Chazaud, 1976)
“Psicomotricidade é a relação entre o
pensamento e a ação, englobando, portanto,
funções neurofisiológicas e psíquicas.”
(Souza, p.178-180)
A partir das afirmações acima é possível entender que o
desenvolvimento da psicomotricidade, faz-se através da evolução da criança,
na sua troca com o meio, numa conquista que aos poucos vai ampliando a sua
capacidade de adaptar-se às necessidades comuns. É a integração psiquismo-
motricidade.
O conhecimento do mundo envolve funções como percepção,
linguagem, formação de conceitos e desenvolvimento do pensamento. Elas se
entrosam e se interdependem, influenciando-se mutuamente. A percepção
supõe a organização e a interpretação das impressões sensoriais; a linguagem
prepara o caminho para a formação de conceitos e assim por diante. É na
aprendizagem formal que a psicomotricidade vai destacar a sua importância:
dela depende a possibilidade da aquisição do mecanismo da leitura e da escrita
e, conseqüentemente todos os conhecimentos que dela dependem.
45
5.2.1 – Educação Psicomotora
São comumente encontrados em nossos alunos diversos tipos de
problemas, são eles:
• Troca de letras;
• Inversões;
• Escrita em espelho;
• Má colocação das palavras nas páginas e linhas;
• Dificuldade em copiar do quadro para o caderno;
• Contas desarrumadas;
• Letra deficiente.
Esses problemas são decorrentes de falha na educação da primeira
infância, que vai dos 2 aos 5 anos de idade, período em que toda
aprendizagem se processa de uma educação psicomotora. É se
movimentando, manipulando objetos, convivendo com demais pessoas que a
criança observa, descobre, tira suas conclusões, passa a ter domínio do seu
corpo e sente-se como elemento integrante de um grupo.
Uma forma de minimizar esses problemas seria o educador oferecer
aos alunos, atividades de movimento próprias ao problema detectado,
oportunizando-lhes trabalhar os esquemas que ficaram defasados.
CAPÍTULO VI
OS JOGOS
46
O lúdico é uma dimensão especificamente humana e o
direito ao lazer está incluído, pelas nações, entre os
direitos humanos.
(Redin, op.cit.63)
6.1 – O Jogo
O jogo, enquanto atividade espontânea da criança, foi analisado e
pesquisado por vários estudiosos para melhor compreender o comportamento
humano; é um meio privilegiado tanto para o estudo de crianças “normais” ,
quanto para aquelas com ‘problemas’, haja vista os inúmeros trabalhos
psicanalíticos sobre o assunto, como os de Sigmund Freud, R. Waelder,
Melanie Klein, Erik Erikson, e ainda autores como J. Huisinga, Claparéde,
Piaget, Ajuriaguerra, Callois, que escreveram obras sobre o jogo na criança.
O jogo é por excelência, integrador, há sempre um caráter de novidade,
o que é fundamental para despertar o interesse da criança, e à medida que
joga ela vai se conhecendo melhor, construindo interiormente seu mundo.
Essa atividade é um dos meios mais propícios à construção do
conhecimento.
Para exercê-la a criança utiliza seu equipamento sensório-motor, pois o
corpo é acionado e o pensamento também, e enquanto é desafiada a
desenvolver habilidades operatórias que envolvam a identificação, observação,
comparação, análise, síntese e generalização, ela vai conhecendo suas
possibilidades e desenvolvendo cada vez mais a autoconfiança. É fundamental,
no jogo, que a criança descubra por si mesma, e para tanto o professor deverá
oferecer situações desafiadoras que motivem diferentes respostas, estimulando
a criatividade e redescoberta.
47
É nos quatro primeiros anos de escolaridade que o jogo tem seu lugar
de destaque, desempenhando papel importante na Educação, e sendo um dos
principais meios de Educação Física, pois através dele a criança vivencia
experiências indispensáveis a seu processo de formação. O jogo é para
criança um procedimento fundamental, é para ela uma atividade gratuita,
desafiante, motivante e de múltiplas soluções, levando-a a participação ativa à
tomada de decisões.
Na moderna concepção pedagógica, o jogo é toda e qualquer atividade
lúdica da criança através da qual ela está descobrindo, adquirindo alguma
experiência.
6.2 – A Importância dos Jogos
Os jogos proporcionam um campo rico de experiências para os alunos,
atendendo-os em toda a sua dimensão, no seu desenvolvimento físico,
psíquico (cognitivo) e afetivo-social. A importância do jogo está na sua
contribuição para o desenvolvimento integral da criança. Através dele,
acontecerão mudanças nos aspectos físicos, intelectuais e morais que irão
trazer benefícios na formação da personalidade do adulto, em que ele irá se
tornar.
A inteligência se constrói através da ação realizada pelo indivíduo no
seu meio. Esta ação não é um ato isolado, ela está envolvendo não só o corpo
como também a mente e a emoção da criança.
Através do jogo, estimulam-se as funções respiratória e circulatória,
proporcionando uma melhor alimentação das células e uma eliminação mais
eficaz dos detritos; é essa atividade motora que permite à criança a exploração
do ambiente externo, levando-a a experiências concretas indispensáveis ao
48
seu desenvolvimento intelectual e é através desta exploração que ela passa a
se respeitar e a respeitar o seu próximo.
6.3 – Jogos Infantis Segundo Piaget
6.3.1 – Jogos de Exercícios
Os jogos de exercícios são os primeiros a aparecer. Surgem antes
mesmo do aparecimento da linguagem.
Esses exercícios lúdicos correspondem a uma espécie de simples
funcionamento pó prazer. Predominam nos dois primeiros anos, mas
reaparecem em toda a infância e até mesmo no adulto.
São atividades exercitadas em vazio, acompanhadas do simples prazer
da atividade de exercer um novo poder recém-adquirido.
Veja como um exemplo, uma das muitas observações feitas por Piaget:
“ Quando uma pessoa pula um riacho pelo prazer de saltar e volta ao
ponto de partida para recomeçar, etc, executa os mesmos exercícios que se
saltasse por necessidade de passar para a outra margem.” (PIAGET, p.87-
137).
Com o desenvolvimento, a freqüência dos jogos de exercício vai
diminuindo e irão aparecendo os jogos de outros tipos: simbólicos e com
regras.
Piaget divide os jogos de exercícios em duas categorias:
1. Jogos de exercícios simples: que se conservam puramente sensório-
motores (correr, pular, jogar bola, etc.).
49
2. Jogos de exercício que envolvem o próprio pensamento: fazer perguntas
só por perguntar, etc.
Também se notam jogos de exercício do pensamento. Por exemplo,
tendo aprendido a formular perguntas e especialmente os “porquês”, a criança
pode se divertir fazendo perguntas pelo prazer de perguntar. A criança também
pode fazer um relato ou uma descrição sem pé nem cabeça pelo prazer de
combinar as palavras e os conceitos. É um brinquedo que envolve o
pensamento, a inteligência refletida.
6.3.2 – Jogos Simbólicos
Jogos simbólicos são brincadeiras em que um objeto qualquer
representa um objeto ausente. Por exemplo, uma criança que brinca de
automóvel deslocando uma caixa. Ela está imaginando, está “fazendo-de-
conta” que a caixa é um carro.
Em crianças de apenas 1 à 2 anos, esses brinquedos de “faz-de-
conta”, apresentam-se através de um “ esquema simbólico”. A criança limita-se
a fazer de conta que exerce uma de suas ações habituais: faz-de-conta que
dorme, que lava as mãos, que está comendo, etc.
A criança sente prazer em reproduzir suas ações, em utilizar com
liberdade seus poderes individuais.
O “esquema simbólico” é um exercício de atividades próprias, uma
auto-imitação. Representa uma transição do primeiro para o segundo tipo de
jogo.
Uma forma de combinações simbólicas mais complexa vai aparecendo.
São episódios atribuídos a personagens imaginários. Por exemplo, o bicho-
papão, um amigo imaginário, etc.
50
Os brinquedos também possuem papel importante no desenvolvimento
infantil. Ao brincar com bonecas reproduzindo cenas da vida real, a imaginação
da criança está no seu máximo. O brinquedo tem como conteúdo a vida da
criança, reproduzindo e prolongando a vida real.
Muitos dos jogos simbólicos desempenham uma função
compensatória. Pelo jogo, a criança não apenas copia a vida real, mas a
corrige: manifesta emoções, satisfaz desejos e elimina conflitos.
Piaget também notou o simbolismo coletivo, isto é, jogos em que as
crianças brincam juntas desempenhando diferentes papéis que se ajustam.
Esse tipo de jogo resulta do processo de socialização e vai se
transformando rapidamente numa imitação objetiva do real.
Piaget observou isso em muitas crianças, incluindo seus filhos, em
brinquedos de “família”, de bonecas ou cenas de teatro.
Os jogos simbólicos irão pouco a pouco se aproximando do trabalho.
6.3.3 - Jogos de Regras
Os jogos de regras consistem em combinações sensório-motoras
(corridas, saltos, futebol, etc.) ou intelectuais (xadrez, cartas, etc.) com
competição entre os participantes (o que sem a regra seria inútil) e
regulamentados quer por um código transmitido de geração a geração, quer
por acordos momentâneos. Isso acontece por volta dos 4 aos 7 anos de idade.
O jogo de regras é o tipo de jogo que surge mais tardiamente na vida
do indivíduo, mas em compensação desenvolve-se durante toda a vida adulta,
51
enquanto os jogos de exercícios e simbólicos que se apresentam mais cedo,
aparecem mais raramente no adulto.
O jogo de regras só é possível após um certo desenvolvimento da
inteligência e é característico do indivíduo socializado.
6.3.4 – Evolução do Jogo ao Trabalho
Os jogos infantis apresentam uma evolução até se aproximarem, por
transições quase insensíveis do trabalho.
Os jogos apresentam diversas interferências e relações entre si e os
jogos de criação ou de construção:
1. Ao amarrar uma pilha de cubos por suas dimensões crescentes ou
decrescentes, uma criança começa a se atribuir tarefas precisas, e seu
jogo de exercício se torna jogo de construção. Da construção lúdica, ela
passará muito gradualmente, às atividades adaptadas à vida real.
2. Com a idade, vai-se enfraquecendo o simbolismo lúdico. A criança
passa a satisfazer suas necessidades de expansão do eu, de
compensação, e de liquidação de conflitos na sua própria vida real (se
esta for normal), e não mais o fará, por meio de sua imaginação, nos
jogos.
3. A criança vai aos poucos se tornando mais exigente com seus símbolos.
Ela procura cada vez mais aproxima-los do real. Passam, então, de
símbolos da realidade à imitação desta. Isso leva a transformação dos
jogos de exercício e simbólicos em jogos de construção, que mais tarde
serão o trabalho.
52
Piaget termina afirmando que somente os jogos de regras escapam a
essa lei de involução e desenvolvem-se com a idade. São quase os únicos que
subsistem no adulto.
6.4 – Jogos Didáticos
Através dos jogos didáticos, o professor pode ter entre outros, os
seguintes objetivos:
• Despertar o interesse para alguma aprendizagem;
• Fixar uma noção já vista em aula;
• Vivenciar o conteúdo programático de forma lúdica.
No entanto, a aplicação dos jogos didáticos requer alguns cuidados:
• Selecionar jogos a partir de objetivos bem definidos;
• Não fixar mais de uma noção por jogo;
• Manter o interesse dos aluno;
• Não utilizar mais do que 20 minutos em cada jogo;
• Levar em conta as diferenças individuais de cada um.
6.5 – Classificação dos Jogos
Os jogos se classificam quanto:
1. Predominância de atividade;
2. Intensidade;
3. Dificuldade;
53
4. Utilização.
6.5.1 – Quanto à Predominância:
• Jogos Sensoriais - São os que desenvolvem os sentidos.
• Jogos Motores - São os que desenvolvem as habilidades
motoras (correr, pular, etc.).
• Jogos Psíquicos - Subdividem-se em intelectuais e
afetivos.
6.5.2 – Quanto à Intensidade:
• Jogos Ativos – São jogos que exigem atividade intensa,
onde todos participam.
• Jogos Moderadamente Ativos – A atividade física não é
tão intensa, porém todos participam ao mesmo tempo.
• Jogos Moderados – Os jogadores participam um de cada
vez.
• Jogos Calmos – A atividade é intelectual.
6.5.3 – Quanto à Dificuldade:
• Pequenos Jogos - Organização simples, poucas regras.
• Grandes Jogos – Organização complexa, com regras e
normas.
54
6.5.4 – Quanto à Utilização:
• Jogos Recreativos - São aqueles cujo objetivo é fazer ir,
brincar, dar satisfação pessoal.
• Jogos Pré-Desportivos – Visam à preparação para a
prática desportiva, individual ou coletiva.
• Jogos Didáticos – Têm por objetivo principal as noções
do conteúdo.
CAPÍTULO VII
O PAPEL DO PROFESSOR
“ É necessário que o educador insira o
brincar em um projeto educativo, o que
supõe ter objetivos e consciência da
55
importância de sua ação em relação ao
desenvolvimento e à aprendizagem das
crianças.
Tânia Ramos Fortuna
Apesar do jogo ser uma atividade espontânea nas crianças, isso não
significa que o professor não necessite ter uma atitude ativa sobre ela,
inclusive, uma atitude de observação que lhe permitirá conhecer muito sobre as
crianças com que trabalha.
Por não conhecerem com profundidade todos os aspectos envolvidos
nas brincadeiras infantis, alguns educadores da Educação Infantil fazem um
uso equivocado dos jogos e brincadeiras. Ás vezes, criam uma metodologia
baseada na estrita dependência da orientação do professor, com o objetivo de
“tirar o máximo proveito dos jogos”, ou então, fazem o oposto: deixam a criança
brincar como quiser, de acordo com suas necessidades, como se a brincadeira
não precisasse de aportes culturais. Com essa concepção espontaneísta, o
professor abdica seu papel na interação e interlocução com o aluno, deixando
de ser seu parceiro no processo de desenvolvimento cognitivo.
A ação pedagógica do professor consiste, ao contrário, em criar
condições para o aluno explorar os recursos de que dispõe e orienta-lo nesse
trabalho.
A conduta educacional determina o sucesso da aprendizagem. O
educador precisa oferecer liberdade de movimento à criança e, ao mesmo
tempo, conduzi-la à aquisição de novas descobertas, observando as seguintes
condutas:
• Observador – Estar atento: Aos acontecimentos, afastando os perigos e
evitando eventuais acidentes; às reações e comportamento das
crianças; aos novatos e as crianças amedrontadas; ouvir e perceber o
56
que as crianças lhe mostram.
• Facilitador – Criar situações convidativas à brincadeira pela disposição
de material, dentro do possível, numeroso e variado. Oferecer situações
cada vez mais variadas, em que ela própria possa se corrigir e se
aperfeiçoar. Mostrar interesse pelas sugestões das crianças.
• Incentivador – Usar expressões de incentivo e elogio para com todas as
crianças. Estimulá-las constantemente.
• Atuante – Participar sempre que possível das atividades como se
também fosse criança. Tendo o professor como alguém que leva em
conta suas características e necessidades e atua diretamente junto a
ela, a criança vai adquirindo segurança em relação ao que é e ao que
pode vir a ser, desenvolvendo sua capacidade de autoconhecimento e
auto-aceitação.
Tentar induzir a criança a determinados resultados ou não lhe dar
tempo para suas próprias descobertas seria privá-la da capacidade de
aprender.
7.1 – A Avaliação na Educação Infantil
“ O trabalho do professor consiste em
arreguar o que é o aluno, já que sabe e
raciocina, com a finalidade de formar a
pergunta precisa, no momento exato, de
modo que o aluno possa construir seu
próprio conhecimento.”
57
(Kamil e Derrives)
A avaliação envolve julgamento de valores quanto a qualidade do
processo desencadeado. Envolve também, tomada de decisões acerca deste
processo, redundando na aceitação ou transformação de uma situação
detectada.
A avaliação tem importância social e política, crucial no fazer educativo.
Essa importância está presente em todas as atividades e estratégias
avaliativas adotadas, ou seja, ela é na verdade parte integrante dessa
proposta.
O educando será avaliado mediante acompanhamento diário de sua
evolução e registro de seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção. A
promoção deve ser automática.
A avaliação deverá ser feita pelo professor, que deve respeitar a
criança, apontando seus limites e, ao mesmo tempo, estimular sua criatividade
e potencialidade.
A avaliação educacional requer um olhar sensível e permanente do
professor para compreender as crianças e responder adequadamente ao “aqui-
e-agora” de cada situação. Perpassa todas as atividades, mas não se confunde
com aprovação/reprovação. Sua finalidade não é excluir, mas exatamente o
contrário: incluir as crianças no processo educacional e assegurar-lhes êxito
em sua trajetória por ele.
Avaliar a Educação Infantil implica detectar mudanças em
competências das crianças que possam ser atribuídas tanto ao trabalho
realizado na creche e pré-escola quanto à articulação dessas instituições com
o cotidiano familiar. Implica analisar, com base em escalas de valores, as
58
mudanças evidenciadas. Exige o redimensionamento do contexto educacional
– repensar o preparo dos profissionais, suas condições de trabalho, os
recursos disponíveis, as diretrizes defendidas, os indicadores usados – para
promove-lo ainda mais como ferramenta para o desenvolvimento infantil.
Envolve conhecer os diversos contextos de desenvolvimento de cada criança,
sendo um retrato aberto, que pontua uma história coletivamente vivida, ponta
possibilidades de ação educativa, avalia as práticas existentes. Trata-se de um
campo de investigação, não de julgamento, que contribui decisivamente para a
busca de uma proposta pedagógica bem delineada.
7.2 – Possíveis Conseqüências da Falta de Atividades
“Os brinquedos das crianças não são
brinquedos; é necessário considerá-los
como ações sérias.”
Montaigne
Envolvidas pela agitação da vida moderna, principalmente nas cidades,
onde os adultos quase não têm tempo para elas, onde os quintais foram
substituídos por áreas cimentadas, onde os brinquedos industrializados
invadem os mercados, onde falta-lhes a companhia de outras crianças, os
pequenos quase não vivenciam mais as brincadeiras.
O que mais lhes faltam são estímulos variados, para que possam
realmente experimentar algo diferente, e então posteriormente fazer suas
escolhas. Cedo se acostumam a reagir mais como espectadores e ouvintes do
que como atuantes. Perdem assim tanto as satisfações que a participação ativa
em livre escolha proporciona, quanto suas contribuições à saúde e ao
desenvolvimento. Desperdiçam oportunidades ímpares de explorar as suas
próprias capacidades, de exercitá-las, de fazê-las crescer para as descobrir.
59
Submetem-se a modelos impostos. Perdem ocasiões excelentes de
investigar as possibilidades a seu redor e dominá-las.
É muito importante perceber o significado do brincar para a criança.
Dentro da nossa sociedade, os brinquedos estão cada vez mais sofisticados e
visam muito mais a satisfação do adulto do que das necessidades infantis. É
necessário que se conheçam as necessidades do desenvolvimento infantil para
proporcionar as oportunidades de que nossas crianças tanto precisam.
Através de brincadeiras e atitudes das crianças em relação aos
brinquedos, podemos descobrir até mesmos as causas de possíveis problemas
emocionais, afetivos e etc.
CONCLUSÃO
Ao final desta pesquisa, pode-se afirmar que a inserção das
brincadeiras e dos jogos como um recurso de apoio para a realização dos
trabalhos em Educação Infantil, é de fundamental importância, pois proporciona
ao pequeno educando a possibilidade de desenvolver-se em todos os seus
aspectos: físico, cognitivo, afetivo, psicológico...
60
Para o Educador, promover estas atividades pode parecer um desafio
no início, mas no decorrer do processo, aprender, pode virar uma gostosa
brincadeira para ambos (professor e aluno).
Ao fim deste trabalho, chegou-se aos seguintes resultados:
Ao contrário do que muitos pensam, a brincadeira, é uma atividade
séria e importante para a formação e o aprendizado do aluno, o professor
precisa ter formação e conhecimento específico para lidar com a Educação
Infantil, bem como a Educação em qualquer nível, pois são nos primeiros anos
de vida que a criança adquire todos os esquemas necessários à aprendizados
futuros.
O Movimento tem papel importante dentro desta brincadeira, pois
através do movimento, o domínio do próprio corpo é adquirido de forma a
facilitar a aquisição: da linguagem, escrita, lateralidade, equilíbrio, etc.
Pode-se afirmar que os jogos realmente proporcionam um campo rico
de experiências para os alunos, atendendo-os em toda sua dimensão. Sendo
assim, uma criança que não brinca, ou que é educada em um sistema
tradicional de ensino, pode realmente se tornar uma criança mais fechada e
tímida, atuando em sociedade mais como espectador do que como um ser
crítico e atuante.
Assim sendo, gostaria de sugerir aos professores de Educação Infantil,
que aprofundem mais os seus conhecimentos no que se refere a utilização do
Movimento em seu trabalho, através das brincadeiras e dos jogos.
61
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Vozes, 2004.
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62
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1978.
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Congresso Nacional. Lei nº 9.394 de 1996, Lei Darcy Ribeiro. Brasília-DF:
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FORTUNA, T.R; BITTENCOURT, A.S.D. Jogo e Educação: o que pensam os
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BARBOSA, Jadir Ramos. Série Recursos Didáticos na Pré-Escola. Projeto
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LABRUNA, Flávia Maria. Série Psicologia do Desenvolvimento e
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Educação Infantil. Rio de Janeiro: WAK, 2002.
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MARANHÃO, Diva Nereida Marques Machado. Ensinar Brincando: a
aprendizagem pode ser uma grande brincadeira. Rio de Janeiro: WAK, 2003.
LAROSA, M.A; AYRES, F.A. Como produzir uma monografia passo a passo ...
siga o mapa da mina. Rio de Janeiro: WAK, 2002.
64
ATIVIDADES CULTURAIS
65
66
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
A EDUCAÇÃO INFANTIL 12
1.1 – Concepção de Educação Infantil 13
1.2 – Objetivos da Educação Infantil 18
CAPÍTULO II
A BRINCADEIRA SEGUNDO OS AUTORES 20
2.1 – Melaine Klein 20
2.2 – Bruno Bettelheim 20
2.3 – Winnicott 21
2.4 – Vygotsky 21
2.5 – Piaget 21
2.6 – Froebel 22
2.7 – Benjamim 22
2.8 – Howard Gardner 22
CAPÍTULO III
A CRIANÇA E SEU DESENVOLVIMENTO 23
3.1 – Estágio Sensório-Motor 23
3.2 – Estágio Pré-Operatório 25
3.2.1 - Período Pré-Conceitual 26
3.2.2 – Período Intuitivo 27
67
3.3 – Estágio Operatório Concreto 28
3.4 – Estágio Operatório Formal 29
CAPÍTULO IV
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL 30
4.1 – O Papel do Brincar 30
4.2 – O que é Brincadeira ? 33
4.3 – A importância das Brincadeiras 34
4.4 – O Brinquedo Ideal 35
4.4.1- Brinquedos correspondentes à fase
sensório-motora 36
4.4.2 - Brinquedos correspondentes ao estágio
pré-operatório – período pré-conceitual 38
4.4.3 - Brinquedos correspondentes ao estágio
pré-operatório – período intuitivo 39
4.4.4 - Brinquedos correspondentes ao estágio
operatório concreto 40
CAPÍTULO V
MOVIMENTO E PSICOMOTRICIDADE 42
5.1 – O Movimento 42
5.2 – Psicomotricidade 44
5.2.1 – Educação Psicomotora 45
CAPÍTULO VI
OS JOGOS 46
6.1 – O Jogo 46
6.2 – A Importância dos Jogos 47
6.3 – Jogos Infantis segundo Piaget 48
6.3.1 – Jogos de Exercícios 48
6.3.2 – Jogos Simbólicos 49
6.3.3 – Jogos de Regras 51
68
6.3.4 – Evolução do Jogo no Trabalho 51
6.4 – Jogos Didáticos 52
6.5 – Classificação dos Jogos 53
6.5.1 – Quanto à Predominância 53
6.5.2 - Quanto à Intensidade 53
6.5.3 - Quanto à Dificuldade 54
6.5.4 - Quanto à Utilização 54
CAPÍTULO VII
O PAPEL DO PROFESSOR 55
7.1 – A Avaliação na Educação Infantil 57
7.2 – Possíveis Conseqüências da Falta de Atividades 58
CONCLUSÃO 60
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 62
ATIVIDADES CULTURAIS 65
ÍNDICE 67
69
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: O LÚDICO NA APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO
INFANTIL
Autor: MÁRCIA CRISTINA SALOMON DE SOUZA
Data da entrega: 25 / 01 / 2005.
Avaliado por: MARY SUE PEREIRA Conceito: