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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: BUSCANDO CAMINHOS PARA
MINIMIZAR O TDAH
Por: Suely B. P. de Almeida
Orientadora
Profª. Flávia de Carvalho Cavalcanti Da Silva
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: BUSCANDO CAMINHOS PARA
MINIMIZAR O TDAH
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: Suely B. P. de Almeida
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha família por compreender a minha ausência nos momentos importantes da vida familiar. Ao meu marido pela eterna cumplicidade em todos os momentos da minha vida, ao meu filho Michael pela grandiosa colaboração na minha trajetória acadêmica e ao meu filho Ronie.
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha mãe (in memorium) por sempre ter me incentivado a estudar. Dedico este trabalho também a minha família pelo amor, carinho, força, incentivo e companheirismo nos momentos difíceis da minha vida.
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RESUMO
Esta pesquisa do tipo bibliográfica teve como objetivo, mostrar as várias
vertentes para uma coerente distinção entre uma criança com TDAH que é
grande disfunção cerebral e uma criança que não apresenta nenhum
transtorno. Nesse ensaio apresentaremos no primeiro capítulo os primeiros
passos da Orientação Educacional no Brasil e de forma superficial, porque
ainda há muito a se dizer a esse respeito. Existem cinco áreas identificadas até
esse momento que podem ser beneficiadas pelo trabalho da Orientação
Educacional: o aluno, a família, a escola, a comunidade, e a sociedade,
Destacaremos também a importância desse profissional no contexto escolar e
os possíveis problemas que poderão determinar a sua ausência ou ineficácia.
No segundo capítulo apresentaremos o conceito do TDAH, suas
características, os sintomas, as causas e alguns possíveis danos que esta
disfunção pode acarretar em nossos alunos. No terceiro capitulo faremos
referências as posturas da Orientação Educacional frente a este quadro de
inópia de conhecimento da sociedade e em especial dos profissionais da
educação no que diz respeito a esse transtorno que afeta diretamente na
aprendizagem desses alunos. Identificaremos também algumas possíveis
estratégias que poderão ser utilizadas pelo corpo docente para que eles
possam lidar melhor com esse problema tão complexo de maneira a evitar
rótulos e a incompreensão que é dispensada a esses alunos. Apresentaremos
ainda algumas orientações aos pais para que possam ajudar seus filhos no
processo de aprendizagem e na sua integração social e por fim as benesses
de uma relação harmônica entre a Orientação Educacional, o professor, o
aluno e a escola. Esperamos que ao final da leitura, esse ensaio tenha
contribuído para esclarecer as atuais dúvidas a respeito do assunto em pauta e
tenha oferecido subsídios para que professor, pais e a sociedade em geral
possam ajudar a essas crianças, fortalecendo suas autoestimas e dessa
forma, serem capazes de transformar para melhor as suas realidades.
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METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de coleta de dados calcada em
pesquisa bibliográfica. Será apresentada uma visão geral do problema
abordado, destacando estratégicas e orientações baseadas em referências
teóricas como Luiz Augusto Rhode, Ana Beatriz Silva, Edyleine B. P. Benczik,
Saul Cypel entre outros.
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Sumário
Introdução 8 Capítulo I 13 Os Primeiros passos da Orientação Educacional no Brasil 13 Capítulo II 22 Conceito do TDAH 22 Capítulo III 33 O Olhar do Orientador Educacional diante do TDAH 33 Conclusão 48 Bibliografia 50
Índice
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INTRODUÇÃO
Nas nossas salas de aula, confundem-se com freqüência crianças com
dificuldade de aprendizagem e crianças portadoras do TDAH. Se lidarmos com
alunos que apresentam defasagem na aprendizagem requer de todos,
conhecimentos interdisciplinares que permitam interagir professores, alunos e
a família. Trabalhar então com uma criança com Transtorno do Déficit de
Atenção e Hiperatividade, exige muito mais dos agentes envolvidos na ação
educativa, principalmente do professor, que precisa estar munido de
conhecimentos profundo da matéria em questão, o que lhe proporcionará as
condições ideais de aplicar a metodologia específica com resultados positivos
para as crianças com TDAH.
As razões que nos fizeram chegar a esses questionamentos remetem-
nos à necessidade de uma urgente e acurada investigação sobre os motivos
que estão ocasionando a dificuldade de aprendizagem. Por esse motivo essa
pesquisa será relevante para a sociedade, em especial para os profissionais
da educação, visto que indicará novos caminhos, sugerirá óticas diferentes do
mesmo ângulo de observação o que proporcionará aos Orientadores
Educacionais, atuar efetivamente junto ao corpo docente viabilizando as
condições necessárias para lidar com crianças com o TDAH.
Acredita-se que esta pesquisa sensibilizará aos profissionais da
educação, bem como toda a sociedade, no sentido de tentar minimizar esse
quadro tão caótico em que se insere uma criança com essa disfunção.
No processo de ensino / aprendizagem, a hiperatividade e a falta de
atenção são os fatores que atrapalham o desenvolvimento da criança.
Agravam-se ainda mais, pela falta de conhecimento e capacitação dos
educadores, que se sentem perdidos em lidar com os alunos que têm esse tipo
de distúrbio.
Grande parte dos problemas de crianças com essa disfunção é
consequência da escassez de informações principalmente dos Pais,
Educadores e Orientadores Educacionais. As crianças com esse transtorno
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apresentam um padrão de comportamento um tanto atípicos se forem
comparados ao das outras crianças. Devemos entender que a questão não é o
que há de errado com essas crianças, mas sim, como elas são. Além do baixo
poder de concentração intercalado, são pessoas cujo interesse em ações ou
objetos mudam o tempo todo, demonstrando habilidades para fazer diversas
coisas ao mesmo tempo. Sempre são inquietas, ficam tamborilando, batendo
com os pés, movimentando-se, cantando, assobiando, olhando aqui e ali,
coçando-se, espreguiçando-se, rabiscando, perdem-se no tempo, tem sempre
impulsos de se movimentar, agir desordenadamente, sem prestar atenção em
nada e ao mesmo tempo direcionando a atenção em quaisquer objetos e
ações. Elas têm um ritmo próprio. Isso nos leva a refletir sobre o binômio
“criança problema” ou ainda crianças com problemas.
Fazer um diagnóstico com o profissional especializado e ajudá-las a
organizar-se, ajuda a acalmar a culpa que elas sentem. Para se alcançar esse
objetivo se faz necessário o conhecimento sobre o assunto, compreensão,
determinação, perseverança e paciência por parte dos familiares e educadores
e Orientadores Educacionais. A compreensão do problema nos obriga a
direcionar, reestruturar a escola e trabalhar melhor o ambiente para de uma
forma mais apropriada acomodar as necessidades do portador desta
disfunção, infelizmente, hoje em algumas escolas, estas crianças são
rotuladas, estigmatizadas, isso acarreta uma baixa autoestima que é crucial em
suas vidas. Entende-se haver uma urgente necessidade de mudança quanto
ao diagnóstico comportamental dos alunos em sala de aula, objetivando
diminuir o Déficit de Aprendizagem e aprimorar a relação professor / aluno que
vem se tornando tão desgastada.
No decorrer da leitura serão explicitados, o que é TDAH, e uma visão
parcial dos danos que podem comprometer seriamente a vida de uma criança
tanto no espaço escolar como fora dele, perpassando pela adolescência até
sua vida adulta. Apontaremos soluções respaldadas em estudos recentes em
que a Orientação Educacional terá como principal objetivo minimizar a relação
causa e efeito do distúrbio em referência. Iremos analisar todo e qualquer tipo
de ajuda que estiver ao alcance da Orientação Educacional, corpo docente e a
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família oferecendo orientações para que possamos juntos, lidar com esse
problema sem traumas.
Finalmente, evidenciaremos alguns tópicos para tentarmos em uma
análise mais acurada, chegarmos a números mais perto da realidade sobre os
muitos diagnósticos tacitamente incorretos sobre esse “transtorno e a
dificuldade de aprendizagem”, de maneira a capacitar o corpo docente para um
comportamento diferenciado diante dessa situação. Entende-se ser necessário
alertar a sociedade e em especial aos profissionais da educação sobre essa
questão tão complexa e ainda pouco pesquisada e divulgada para a população
de um modo geral. Para alguns, o presente ensaio será uma guinada na forma
de ver o problema, para outros o limiar de um novo conceito e forma de
abordar e educar as crianças com o TDAH.
Esse ensaio nos faz refletir sobre as dificuldades dessas crianças em
outras áreas da vida, não só da aprendizagem como no relacionamento,
comportamento e relações familiares, como também estarem fadadas ao
fracasso acadêmico, a dificuldade emocional e a um desempenho
significativamente negativo, como adultos comparando a seus colegas.
No entanto, a identificação precoce do problema, seguida de tratamento
adequado, tem demonstrado que elas poderão conseguir contornar o
problema. Para que possamos identificar corretamente esta criança
abordaremos as diferenças dos motivos que levam as dificuldades de
aprendizagem, buscando sempre entender o melhor caminho para ajudá-las,
com respaldo de estudos científicos de diversos autores tais como: Ana Beatriz
Barbosa Silva, médica formada pela UERJ, com pós-graduação na UFRJ e
especialização em medicina do comportamento pela Universidade de Chicago,
Estados Unidos, Diretora médica do Napades (Núcleo de Medicina do
Comportamento), criadora do SIP (Serviço de Informação a População) e do
SAN (Serviço Assistencial Napades), onde coordena pesquisas de clinicas
ligadas ao comportamento. Membro da Academia de Ciências de Nova York
participa do programa de Organização das Nações Unidas para o
Desenvolvimento no Brasil (PNDU Brasil). “Quando pensamos em distúrbios
do déficit de atenção, não devemos raciocinar como se estivéssemos diante de
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um cérebro “defeituoso”, devemos sim olhar sobre um foco diferenciado”.
SILVA (2003,p.20) Luis Augusto P. Rhode, Mestre e Doutor em medicina pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professor adjunto de
psiquiatria e medicina legal da (UFRGS) vice-presidente da Associação
Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil (ABNPI). “A individualidade de
cada criança está acima de tudo, especialmente quando se aborda um
transtorno tão complexo como este”. RHODE (1999, p.20) Saul Cypel,
Professor livre docente de Neurologia Infantil pela Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo. Exerce a função de coordenador da área de saúde
da criança no Hospital Israelita Albert Einstein. Foi Research Assistent do
Institute of Neurology London University, dedicando-se ao estudo do
aprendizado da criança. É necessário enfatizar que o contexto familiar é de
extrema importância. “CYPEL” (2003, p.35)
Juliana Monteiro Gramático Barros, psicóloga clinica, mestre em
desenvolvimento da criança pelo Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos
em convênio com a Faculdade de Motricidade Humana da Universidade
Técnica de Lisboa, Pesquisadora na área do desenvolvimento da criança e
Professora do Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos. “O ato de brincar
estimula a curiosidade, a iniciativa e a autoconfiança, proporcionando a
aprendizagem, o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e
concentração da atenção”. BARROS (2002,p.58) Augusto Jorge Cury,
Psiquiatra, Cientista, autor do livro Pais Brilhantes, Professores Fascinantes
entre outros, Diretor da Academia de Inteligência, um instituto que promove o
treinamento de Psicólogos, Educadores e público em geral. “Há um mundo a
ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue
descobri-lo quem está encarcerado dentro de seu próprio mundo” CURY
(2003,p.11)
Nesse ensaio apresentaremos no primeiro capítulo os primeiro passos da
Orientação Educacional no Brasil e de forma parcial, as cinco áreas
identificadas até o momento que podem ser beneficiadas pelo trabalho da
Orientação Educacional. No segundo capítulo apresentaremos o conceito do
TDAH, suas características, os sintomas, as causas, e alguns possíveis danos
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que esta disfunção pode acarretar em nossos alunos. No terceiro capítulo
faremos referências a postura da Orientação Educacional frente a este quadro
de inópia de conhecimento da sociedade e em especial aos profissionais da
educação no que diz respeito a esse transtorno que afeta diretamente a vida
acadêmica desses alunos.
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CAPÍTULO I
1. Os primeiros passos da Orientação Educacional no Brasil
A Orientação Educacional no Brasil tem a sua história de
desenvolvimento atrelado à da psicologia que data do século XVI e procurava
através de psicotécnicos identificarem aptidões correlacionadas das atividades
específicas (GRINSPUM, 1992). Até a década de 1920, a Orientação
Educacional no Brasil constituía-se de atividades esparsas e isoladas. Ainda
segundo a autora no Brasil a Orientação Educacional teve início em 1924, no
Liceu de Artes e Oficio de São Paulo, também com a função de Orientação
Vocacional.
A princípio o trabalho de Orientação Profissional era realizado pela
empresa, mas, depois foram criados os escritórios de Orientação Profissional
visando orientar os indivíduos sobre as várias opções que dispunham, com
base em suas próprias capacidades, posteriormente esse trabalho passa a ser
solicitado no interior da escola para orientar os educando nos planos de
carreira conforme as aptidões de cada um. Assim a Orientação Profissional
passa a integrar a área da Orientação Educacional, pois a formação do
profissional tem início com a formação do homem em vários aspectos da vida:
familiar, escolar, social e profissional.
Na França no início dos anos 30, a Orientação era desenvolvida em
âmbito escolar, visto como um serviço de psicologia escolar, objetivando
conhecer o Educando no ambiente formal e informal. Formou o Orientador
Profissional embasado na aplicação de testes, sendo que o profissional da
área era denominado de psicólogo escolar, cabendo-lhe elaborar dossiês com
todas as informações disponíveis sobre os educandos.
No Brasil, nesse mesmo período, a história da Orientação Educacional
inspira-se em dois modelos: o americano e o francês que, embora divergentes
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em alguns aspectos, estão alicerçados em um mesmo conceito de sociedade,
isto é, “concebem a sociedade como um todo orgânico no qual os indivíduos
se devem ajustar nas mesmas bases psicológicas” (PIMENTA 1995, p.26).
Em solo pátrio, a Orientação Educacional foi criada seguindo
experiências externas que se delinearam através das leis, com base na
dimensão psicológica e em consonância com os objetivos educacionais mais
amplos. Começaram então a surgir experiências isoladas nas escolas nos
moldes americanos e europeus, sendo a pioneira a de Aracy Muniz Freire e
Maria Junqueira Schimit, no colégio Amaro Cavalcante, no Rio de Janeiro.
Foi com as leis orgânicas de 1942, elaborada por Gustavo Capanema na
época, um dos ministros de Getúlio Vargas, que pela primeira vez encontraram
referências explicitas à Orientação Educacional. Sua função teria caráter
corretivo e direcionado para o atendimento aos alunos problemas. Outra
função seria a de velar para que os estudos e o descanso dos alunos
ocorressem de acordo com as normas pedagógicas mais adequadas.
Além dessas, havia mais uma função que era o papel de esclarecer
possíveis dúvidas do aluno e orientar seus estudos para que sozinho
buscassem sua profissionalização. Nesta época, não havia cursos especiais de
Orientação Educacional, o que levou ao preenchimento dos cargos pelos
chamados “técnicos de educação”, muitas vezes selecionados por critérios
avessos a linha de comportamento considerada ideal. “Ainda de acordo com
as leis orgânicas de 1942, a profissão também seria regulamentada, tendo o
Orientador Educacional que fazer um curso próprio de Orientação Educacional”
(GRINSPUM, 2002).
Acrescentar-se-ia o curso principal da Orientação Educacional que seria
o ensino técnico, em que a ajuda na formação de uma mão-de-obra
especializada e qualificada, assumiria um caráter terapêutico preventivo,
psicometrista, identificando aptidões, dons e inclinações dos indivíduos.
Na lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 4021, previa-se que o
ensino normal se encarregue da formação de Orientadores Educacionais para
o primário, assim como prevê que as faculdades de filosofia formem esse
profissional para o atendimento do ensino médio. A referida lei fala mais sobre
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a formação do Orientador Educacional que sobre o conceito da função deste
profissional. Nesta lei, a Orientação Educacional vem com a função de
contribuir para a formação integral da personalidade do adolescente, para seu
ajustamento pessoal e social. Suas principais áreas de abrangência seriam as
orientações escolares, psicológicas, profissionais da saúde, recreativa e
familiar (GRINSPUM, 2002).
Já na lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 5.692 de 1971, a
Orientação Educacional assume um papel fundamental, sendo a área de
Orientação Vocacional a mais privilegiada para atender aos objetivos de ensino
da própria lei. Na década de 1970, fala-se muito sobre a falta de
comprometimento da escola e de sua equipe pedagógica (GRINSPUM, 2003
p.40) diz que, nesses períodos “tenta-se resgatar a importância da
escolaridade para as estratégias de vida das camadas populares, chamando a
atenção para a estrutura interna da escola como um dado significativo para o
desempenho dos alunos. A orientação estava dentro da escola e não se deu
conta do seu papel.
Pelo Decreto-Lei 72.846/73, art.1º, constitui o objeto da orientação
educacional a assistência ao educando, portanto o Orientador Educacional
deveria prestar assistência ao aluno a partir do planejamento estabelecido pelo
Decreto, em consonância com os interesses do estado, sendo que o individuo
teria que se conformar com a sua situação perante a sociedade dominante, a
qual destinava o ensino profissionalizante aos menos favorecidos, para que
pudessem adentrar no mercado de trabalho
Na década de 1980, o orientador vai deixando as funções /
denominações de atender alunos-problema, de psicólogo e facilitador de
aprendizagem e vai com o tempo ostentando com mais autoridade técnica seu
compromisso político com e na escola.
A produção acadêmica na área da orientação vai sendo aplicada numa
dimensão mais critica e questionadora; portanto os orientadores adotam uma
função política comprometida com as causas sociais. Na verdade, na década
de 80, os orientadores pensam e discutem muito sobre sua profissão e seu
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papel na educação, mas acabam ficando apenas no âmbito teórico, pois na
prática o que se vê é o mesmo das décadas anteriores.
Uma leitura crítica da legislação promulgada e dos contextos sociais
podem nos levar a entender que a Orientação Educacional no Brasil tem
cumprido os papéis que dela eram esperados, muitas vezes a favor do sistema
excludente e poucas vezes carregada de ousadia no sentido da emancipação
das camadas populares. Isso se deve, principalmente, ao fato de estar atrelada
às políticas educacionais vigentes nos diferentes momentos históricos.
1.1. A Orientação Educacional nos dias atuais
Diante desse horizonte histórico de desenvolvimento da Orientação
Educacional, encontramo-nos hoje em um momento de busca de um novo
conceito do que vem a ser o orientador. A busca por uma ressignificação
desses papéis no contexto escolar e na formação docente revela a importância
dessa função no cotidiano escolar. Isso é percebido no Projeto de Lei 838/07,
do deputado Marcos Montes, que obriga as instituições de pré-escola, ensino
fundamental e ensino médio com 300 ou mais alunos a manter um profissional
da educação de nível superior habilitado em Orientação Educacional. Escolas
menores poderão ter os serviços desse profissional em frações de tempo o
que dará ás outras escolas a mesma disponibilidade de sua função.
Contudo, é preciso ter em vista que esse movimento é recente; ainda
hoje, a visão do que vem a ser orientação está atrelada aos significados
construídos historicamente: o de um profissional que atua sobre outro. Essa
visão, ainda tão presente no cotidiano escolar, indica caminhos de uma
hierarquização do trabalho no cotidiano escolar a partir da condição de ser
possuidor ou não de alguns conhecimentos. Nesse modelo, o orientador, ao se
debruçar sobre esse cotidiano em desenvolvimento, analisa-o e o altera, como
se só ele fosse capaz de enxergar as dificuldades encontradas e de propor
alternativas a elas. Se for considerada importante a defesa de profissionais da
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educação que desenvolvem um trabalho pedagógico não docente nas escolas,
é imperioso que fique claro que se espera deles, também, um trabalho de ação
compartilhada, que vá além do aconselhamento ou orientação profissional.
Sem pretender esvaziar o trabalho da Orientação Educacional, o que se
faz premente é repensá-lo sob novas bases, no desafio da constante
construção dialógica, considerando que esse outro – professor-aluno, sujeito
com história, construtor de conhecimentos – é um ser com experiência e
saberes que constrói a partir da sua história. Estabelecer uma visão de ângulos
diferentes da mesma questão é outra forma de determinar um verdadeiro
diálogo que fluirá a emergência de pensar novas formas de atuação, em que a
educação não seja democrática apenas naquilo que ambiciona desenvolver
com os alunos, mas seja gerado em um fazer-se também democrático.
O trabalho do orientador encontra-se numa condição de atuação
diferente do professor em sala de aula, mas essa diferença não implica em
desigualdade de condições de planejar o trabalho em que ambos estão
envolvidos e para o qual convergem suas ações. Assim, é preciso assumir que
a tarefa do orientador se insere num projeto coletivo, em que os trabalhos, sem
perda da especificidade das funções e serviços, articulem-se em vista da
mesma finalidade e dos mesmos objetivos educacionais.
É nesse sentido que setorizar a escola é atender às especificações do trabalho, sem desagregá-lo ou dividi-lo em seus propósitos, é dessa forma que setorizar não é sectarizar, mas compreender que o conjunto se faz pelos meios comuns da pluralidade (RANGEL, 1999, p.94).
Encarar o cotidiano como processo em que os conhecimentos, avanços e
retrocessos são tecidos no interior dos múltiplos saberes e experiências que o
permeiam, é condição sine-qua-non, para que a Orientação Educacional se
constitua a partir de uma posição solidária de coordenação, no qual ninguém é
proprietário de um conhecimento, mas, sim responsável por um dos fios
necessários à tessitura de unir o tapete de saberes e fazeres que só exista
com a troca/trançado de todos os fios necessários (ALVES & GARCIA, 1999,
p.141).
GRINSPUM (2002) analisa a situação em que se encontra a Orientação
Educacional nos dias de hoje. Para ela, atualmente, a orientação possui papel
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mediador junto aos demais educadores da escola, buscando assim o resgate
de uma educação de qualidade nas escolas. Antes a ênfase era direcionada
ao individual, agora passa a reforçar o aspecto coletivo, sem deixar de levar
em conta, que este é formado por pessoas com pensamentos e contextos
sociais diferentes, que as levam a pensar de maneira própria sobre as
questões que lhes cercam, devendo elas alcançarem às realizações bem
sucedidas. Essas novas mudanças começam a surgir no início da década de
1990, quando muitos acontecimentos permitem tal processo, passando a
educação e a orientação a andarem juntas, sendo “os orientadores os
coadjuvantes na prática docente”.
Hoje o Orientador Educacional, no discurso de GRINSPUM, não atua
mais por ser uma profissão que deva existir pela “obrigação”, pois na Lei
9.394/96 não há obrigatoriedade da Orientação, Mas por efetiva consciência
profissional, o orientador tem espaço próprio junto aos demais protagonistas
da escola para um trabalho pedagógico integrado, compreendendo
criticamente as relações que se estabelecem no processo educacional.
(GRINSPUM, 2002, p.28) A autora relata a importância da interdisciplinaridade
dentro da escola, em que o trabalho de todos é realizado em conjunto,
conectado, no qual todos buscam os melhores processos e resultados. A
orientação tem que servir para esse novo tempo, no qual a educação lida com
o real e suas perspectivas.
O principal papel da orientação será ajudar o aluno na formação de uma cidadania critica, e a escola, na organização e realização de seu projeto pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’ (grifo da autora): com utopias, desejos e paixões. A Orientação trabalha na escola em favor da cidadania, não criando um serviço de orientação (grifo da autora): para atender aos excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que ocorrem (...) na instituição Escola. (GRINSPUM, 2002, p.29).
Segundo a autora, a orientação está conceituada como fazendo parte da
educação e por esse motivo deve pensar, hoje, nas dimensões sociais,
culturais, políticas e econômicas na qual ela acontece. Por esse motivo devem-
se definir as tarefas de um orientador engajado com as transformações sociais,
com as do momento histórico em que está inserido, encontradas no Projeto
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Pedagógico que, muitas vezes, não são nem do conhecimento dos que dele
participam.
1.2. Espaços de atuação do Orientador Educacional.
A Orientação Educacional tem o objetivo de beneficiar cinco áreas,
criando espaços de participação e exercendo sua cidadania; o aluno, participar
de momentos coletivos; a escola, ambientes sócios educativos; a família,
conhecendo o contexto local; a comunidade, lutas maiores; a sociedade. A
seguir, de uma forma parcial, abordaremos os mecanismos que podem e
devem ser beneficiadas pelo trabalho de Orientação Educacional nas cinco
áreas supracitadas, em que pese, seja essa uma pequena fração do muito do
conteúdo existente e ainda não discutido.
NA visão atual da Orientação Educacional aponta para o aluno como o
centro da ação pedagógica, ficando o orientador com a função de atender aos
alunos nas suas expectativas, sem se deter apenas nos alunos que
apresentam problemas disciplinares ou dificuldade de aprendizagem. Cabe ao
Orientador Educacional ser mediador entre o aluno e o meio social, discutindo
problemas atuais que façam parte do contexto sociopolítico, econômico e
cultural em que vivemos e assim direcionar o aluno a firmar relações e
desenvolver consciência crítica.
Para que o Orientador Educacional possa exercer sua função de forma
satisfatória, ele precisa compreender o desenvolvimento cognitivo discente,
suas atitudes, valores, emoções e sentimentos, bem como promover discussão
e informação entre os alunos sobre o mundo do trabalho e ajudá-los também
no que diz respeito à escolha profissional. Neste contexto, entendemos que a
Orientação Educacional tem um papel de maior relevância, entre outras coisas,
por trabalhar com a questão da construção das identidades dos educandos e
por que não dizer, dos próprios educadores.
A Orientação Educacional aliada aos demais segmentos da escola,
contribui muito para a organização e a dinamização do processo educativo.
Como parte integrante do corpo gestor da Unidade Escolar, sua participação é
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imprescindível na construção coletiva dos caminhos para criação de condições
que facilitem o bom desenvolvimento do trabalho pedagógico (GIACAGLIA e
PENTEADO 2002). Ele tem a oportunidade de integrar os segmentos que
compõe a comunidade escolar, sua direção, equipe técnica, corpo docente e
discente, funcionários e família, tendo como meta a construção de um espaço
educativo ético, solidário, prazeroso, espaço esse, onde todos cresçam
profissionalmente, com bons níveis educacionais e pessoais. As ausências
desse profissional sentida em escolas que conhecem bem a sua finalidade,
fazem–nas concluir que sua inclusão é deveras importante para o sucesso de
qualquer projeto em referência.
Como já dissemos anteriormente cabe ao Orientador Educacional
integrar os segmentos escolares, inclusive a escola e a família, é tarefa dele
proporcionar meios para aproximar a família da escola, bem como ser o elo
entre a vida escolar do discente e a sua família. A ação não deve trazer
indicativos de analise comportamental fora dos padrões dos discentes, mas
contribuir para que o aluno possa aprender de forma significativa a direcionar o
seu trabalho para os aspectos saudáveis e junto com a família, procurar meios
de tornar favorável o espaço escolar para que o discente se desenvolva
emocionalmente e psicologicamente saudável.
Entender as necessidades, as aspirações, os interesses da comunidade
é um passo muito importante para criar confiança, credibilidade e dessa forma
conquistar o seu apoio. Cabe ao Orientador Educacional oportunizar uma
elevação do nível cultural da comunidade, bem como proporcionar momentos
de questionamentos e debates sobre temas de interesse coletivo. É muito
importante manter o diálogo entre ambas (escola / família) e assim estabelecer
um clima de entendimento e harmonia.
Segundo (VASCONCELOS 2002, P.63) uma das estratégias que pode
colaborar para o bom andamento do trabalho educativo, é a abertura da escola
à comunidade, o que nem sempre é feita de forma eficiente e compatível com
a realidade existente. Entendemos que essa estratégia conscientizaria da
necessidade de preservar e conservar o espaço escolar.
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O Orientador Educacional, entre as suas múltiplas atividades
correlacionada á sua função, preconiza a de informar no âmbito conceito /
escola os assuntos atuais para um debate com os discentes. Fatos sociais
marcantes e atuais tais como, a violência urbana, os atos de terrorismo,
corrupção e tantas outras situações presentes no nosso dia-a-dia, promovem a
tarefa de levantar questionamentos sobre a participação em defesas maiores
de ideais democráticos.
A Orientação Educacional deve ter como princípio básico, a integração
da escola com a sociedade, aonde uma mão de duas vias se encarregará de
trazer literalmente a sociedade para a escola e esta, proporcionará á
sociedade uma gama de informações pertinentes de toda série de dificuldades
pela qual a escola tem em sua rotina diária (GRINSPUM, 2002). Algumas
escolas já aplicam na prática algumas modalidades dessa forma aludida, e nos
finais de semana abrem para a comunidade os portões, cedendo assim o
espaço para a prática do lazer e um conhecimento mais adequado das suas
áreas físicas e consequentemente do potencial desse setor que completa as
diretrizes da educação oferecida. Os resultados dessa investida na integração
sociedade / escola já se revelam de suma importância e mostram que mais
aplicações nessa área, futuramente, apontarão uma curva positiva em
quaisquer gráficos demonstrativos que se construa para uma devida avaliação.
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CAPÍTULO II
2. Conceito, Características, Sintomas e Causas do TDAH
Esperamos com este ensaio tornar translúcido alguns equívocos
relacionados ao Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, para que
possamos construir e solidificar a relação professor/aluno/escola/família de
forma bem estruturada e duradoura.
Segundo SILVA (2003), O Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH) atualmente conhecido também como Distúrbio do
Déficit de Atenção (DDA), deriva-se de um funcionamento alterado no sistema
neurobiológico cerebral, isto é, os neurotransmissores apresentam-se
alterados quantitativamente no interior dos sistemas cerebrais que são
responsáveis pelas funções da atenção, impulsividade e atividade física e
mental do ser humano.
Esse cérebro apresenta um funcionamento bastante peculiar, que acaba
por trazer-lhe um comportamento atípico, que pode ser responsável tanto por
suas melhores características como por suas maiores angustias e desacertos
vitais, como também externar as suas melhores características de uma forma
bastante proveitosa para sua trajetória tanto acadêmica como pessoal.
Na realidade o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade trata-se
de uma disfunção e não de um a lesão como se pensava antigamente. O
cérebro dessas crianças em forma e aparência é igual à de outras crianças,
apenas apresenta algumas peculiaridade no seu funcionamento.
As características de uma criança com TDAH são basicamente três: a
alteração de atenção (distração), a impulsividade e a velocidade da atividade
física e mental (hiperatividade). A desatenção é o núcleo básico, comum e
unificador desse tipo de funcionamento mental e é com certeza o sintoma mais
importante no entendimento desse tipo de comportamento, uma vez que esta
alteração é condição sine qua non para que se efetue um diagnóstico com alto
24
grau de precisão, já que uma pessoa pode não apresentar hiperatividade
física, mas nunca deixará de apresentar forte tendência à dispersão.
É indubitável a importância de se destacar que o termo Distúrbio do
Déficit de Atenção, não traduz com justiça o que ocorre com o cérebro quando
se identifica esta disfunção. Uma vez que ele é capaz de focalizar sua atenção
durante horas em algo que o interessa muito, por isso, esse termo leva a um
entendimento incorreto da capacidade atentiva da criança e
consequentemente a um diagnóstico incorreto dos que convivem com elas,
pois passam a achar a criança indisciplinada, preguiçosa e com enorme
dificuldade de aprendizado.
O uso do termo Déficit de Atenção pode levar ao um entendimento incorreto da capacidade atentiva de um DDA e, por isso mesmo preferimos usar o termo “instabilidade de atenção”, já que nos parece ser mais correto que o termo déficit, já que este traz consigo somente a idéia pejorativa de uma deficiência absoluta e imutável. (SILVA 2003 p.23)
A impulsividade significa, segundo o dicionário, uma ação irrefletida e
também uma força que traduz o Ímpeto, ou ainda a própria impulsão entre
outros significados, todas essas definições nos ajudarão a entender a maneira
pela qual essas crianças reagem diante dos estímulos do mundo externo. Elas
costumam dizer o que lhes vem à cabeça, para essas crianças esses
comportamentos são mais intensos, mais freqüentes, rendendo-lhes rótulos
desagradáveis como mal educadas, grosseiras, agressivas, egoístas,
irresponsáveis, autodestrutivas entre outros, é claro que isso afeta diretamente
suas autoestimas.
Vale ressaltar que ao alcançarem a vida adulta, apresentarão problemas
com sua valorização como pessoa. Encontrar um meio eficaz de
autotratamento para esses portadores do TDAH se constitui num dos seus
maiores desafios visto que a reconstrução dessa função psíquica, em última
análise, formata o espelho da própria personalidade.
A atividade física e mental dessas crianças está sempre oscilando entre
o universo da plena criatividade e a exaustão de um cérebro que não pára
nunca, está sempre acordado, irrequieto. Para estas crianças é quase
25
impossível ficarem paradas durante muito tempo, assim como prestar atenção
em algo por um período prolongado.
Entende-se ser de suma importância compreender e identificar
corretamente o comportamento destas crianças, sob pena de oportunizar
manifestações de diferentes formas como: agressividade, alimentação
irregular, uso de drogas, gastos demasiados, tagarelice incontrolável, mentiras,
roubos, comportamento de oposição ou desafios às regras e aos pedidos dos
adultos.
Segundo SILVA (2003), para se pensar no diagnóstico, é necessário à
presença de sintomas em pelo menos dois ambientes diferentes, por exemplo,
em casa e na escola. Assim diminuímos a chance de considerar que a criança
apresenta desatenção e hiperatividade apenas na escola devido à
inadequação dos métodos de ensino ou que apresenta tais sintomas apenas
em casa devido à dificuldade no relacionamento familiar, e seja diagnosticada
equivocadamente.
Essas crianças e adolescentes apresentam com maior frequência outros
problemas de saúde mental, como problemas de comportamento, ansiedade e
depressão. Os médicos e os psicólogos chamam isso de comorbidade, que é a
ocorrência em conjunto de dois ou mais problemas de saúde mental.
A explicação para esse fenômeno é simples e se apresenta de diversas
formas. De um ponto de vista menos biológico e mais emocional, não é difícil
imaginar que essas crianças em função deste problema, têm dificuldades de
relacionamento e de aprendizagem, portanto podem desenvolver sentimentos
de ansiedade, baixa autoestima e depressão como consequência natural.
O diagnóstico é fundamentalmente clínico e só deve ser realizado por um
profissional de saúde mental, seja médico, ou psicólogo, existem escalas que
descrevem os sintomas de atenção, hiperatividade, impulsividade e mede de
forma objetiva sua intensidade, já que a grande diferença é justamente a
frequência com que ocorrem os sintomas de acordo com a opinião dos pais e
professores.
Para um correto diagnóstico é fundamental que os sintomas sejam mal-
adaptativos e inconsistentes com o nível de desenvolvimento esperado para a
26
idade da criança ou adolescente. Portanto é de extrema relevância o
conhecimento profundo do desenvolvimento normal da criança e do
adolescente, para a correta diferenciação entre o normal e o patológico. Por
exemplo, crianças menores de sete anos são geralmente bastante ativas,
torna-se muito difícil à diferenciação entre hiperatividade como sintoma e
atividade intensa como parte do desenvolvimento normal.
Segundo ROHDE (2003), há nas últimas pesquisas, grande quantidade
de estudos sobre o referido assunto, mesmo assim este ainda é pouco
questionado no espaço escolar e muitos professores confundem essas
crianças. Esta disfunção é caracterizada pela tríade sintomalógica de
Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade.
Embora a desatenção e a hiperatividade possam ser a via final de muitos
problemas da vida de uma criança, de um adolescente e até mesmo de um
adulto, pesquisas têm demonstrado que, quando esse conjunto de sintomas
tende a ocorrer de forma frequente, é importante pensar na possibilidade de
um Distúrbio do Déficit de Atenção / Hiperatividade.
A atenção e o controle motor são muito dependentes das motivações e de atividades individualizadas. Assim atividades em que a motivação é muito grande e os estímulos são mais individualizados, estas crianças podem parar quietas e concentrar-se (RHODE, BENCKIZ, 1999, p.42).
Na área da referida desatenção, a ocorrência frequente de pelo menos
seis (6) dos sintomas apontados abaixo, alerta-nos para a possibilidade de que
a mesma possa estar presente nos registros deste quadro a seguir
identificados. Dificuldades de prestar atenção a detalhes ou tendência a errar
por descuido em atividades escolares e profissionais; Dificuldade para manter
atenção em tarefas ou atividades lúdicas; Parecer não escutar quando lhe
dirigem a palavra: Não seguir instruções, nem terminar tarefas escolares,
domésticas ou deveres profissionais; dificuldade em organizar tarefas e
atividades: evitar ou relutar envolver-se em tarefas que exijam esforço mental
constante; perder coisas necessárias para tarefas ou atividades; ser facilmente
distraído por estímulos alheios à tarefa e apresentar esquecimento em
atividades diárias.
27
Assim como na desatenção, a Hiperatividade e a Impulsividade
ocorrendo em pelo menos seis (6) dos seguintes sintomas também nos
alertam para a possibilidade de que possam estar presentes no quadro em
referencia. Abandonar sua cadeira em sua sala de aula ou outras situações
nas quais se espera que permaneça sentado; Correr ou escalar em demasia
em situações nas quais isso é inapropriado; Estar geralmente agindo como se
estivesse a todo vapor; Falar em demasia; Dar respostas precipitadas antes
das perguntas terem sido concluídas; Ter dificuldade em esperar a sua vez;
Intrometer-se nos assuntos dos outros.
Para CYPEL (2003), crianças hiperativas e desatentas sempre existiram
na humanidade sem que constituíssem um grupo reconhecido como o tipo
aqui, ora apresentadas com todas as suas alterações de comportamento. É
possível que a educação familiar, os regimes escolares mais severos e rígidos
anteriores a este século, de alguma forma tenham limitado o aparecimento
desses comportamentos ou então, os mantivessem mais contidos ou latentes.
O Déficit de Atenção e Hiperatividade e suas sinonímias caracterizam-se
por se construírem como um quadro sindrômico, e sua conceituação se
compõem da descrição de um conjunto de sinais e sintomas. Baseia-se na
avaliação de manifestações relacionadas à desatenção, a hiperatividade e a
impulsividade, sendo o diagnóstico realizado até o presente momento
utilizando puramente o critério clínico.
Como o conceito é bastante genérico pode dar margem a compreensões
equivocadas. Até a presente data não existe qualquer método laboratorial de
neuroimagem ou neurofisiológico entre os exames complementares capazes
de confirmar o diagnóstico, alias, como se espera na praxe existente nos
estudos das doenças pediátricas mais freqüentes.
A atenção é uma função de integração de extrema complexidade,
Manifesta-se de forma eficiente na dependência do funcionamento harmônico
de todo o conjunto de estruturas anatômicas do sistema nervoso central,
incluindo o tronco cerebral, o sistema límbico e o cérebro propriamente dito.
28
Participam ainda, as funções sensoriais por meios dos respectivos órgãos e
que aportam informações, como a visão, audição, olfato, gustação e tato.
É importante lembrar que estar alerta não significa estar atento; podemos
estar despertos dentro de uma sala de reuniões sem estar de fato com
atenção dirigida para qualquer situação específica que esteja ocorrendo.
A presença da dificuldade em fixar a atenção, associada ou não a hiperatividade, poderá determinar dificuldades escolares nas crianças, entretanto é preciso deixar claro que estas crianças não estarão necessariamente apresentando esse tipo de dificuldade, embora possa ocorrer uma diminuição da atenção seletiva, o indivíduo poderá utilizar mecanismos compensatórios, evitando prejuízo na aquisição de conhecimentos. (Cypel, 2003, p.25)
As vezes a criança pode apresentar dificuldade na escola sem que ela se
deva exclusivamente ao um Déficit de Atenção, podendo estar atrelado a
outros fatores, como por exemplo, ausência de estrutura familiar, afeto e
motivação ambiental.
A precária estimulação que vem ocorrendo nas escolas, principalmente
as públicas, gera insatisfação e essa como consequência, a defasagem no
processo da aprendizagem.
Portanto, vale ressaltar a importância da participação efetiva da família
na trajetória acadêmica dessas crianças e nesta participação se inclui o pai.
Muitas vezes por não se sentir responsável pelo processo de aprendizagem de
seu filho, justificando-se com a falta de tempo por ter que trabalhar muito para
prover o sustento do mesmo, delega a responsabilidade total de preencher
esta lacuna à escola. Deixa assim de perceber que, tanto a sua presença
como a da mãe são imprescindíveis para que se estabeleça limites, incentivos,
valorização aos obstáculos vencidos pelos seus filhos e com isso dar ênfase a
reconstrução de uma relação afetiva que certamente ajudará no crescimento
emocional dos mesmos.
Convém lembrar que estabelecer limite não é uma tarefa fácil, mas é
imprescindível para que se aprenda entre outras coisas, gerenciar nossas
frustrações, nossos destemperos e essas práticas devem ocorrer desde cedo,
inicialmente no ambiente doméstico com firmeza e autoridade e ao mesmo
tempo com amor e flexibilidade.
29
Segundo BARROS (2003), as crianças instáveis em idade escolar foram
descritas, apenas no início do século XX, a partir da observação da
incapacidade de manter a atenção em tarefas acadêmicas. Nestes primeiros
estudos, a instabilidade foi revelada, etiologicamente por alterações do estudo
orgânico. Todavia ao longo dos anos, esta atribuição foi alterada. Numa
perspectiva européia do assunto, considera-se a linha de investigação francesa
a pioneira e de maior revelação desta problemática da infância. A partir dos
anos quarenta, o estudo da instabilidade dispõe de novos trabalhos.
Apesar de serem discordantes, são férteis no que diz respeito à
descrição e etiologia, preocupando-se na busca da qualidade de entidade
clínica. Estes novos rumos de estudo da instabilidade, quanto à diversidade
entre aspectos orgânicos, psicológicos e sócio-familiares, decorrem do
surgimento de vários casos com sintomas fiéis aos descritos em décadas
anteriores.
Assim as questões que permeiam os tipos de instabilidade e a
investigação da sintomatologia comandam diferenciadas linhas de estudo. e
paralelamente, enfraquecem o conceito de instabilidade psicomotora.
Nas décadas de 70 e 80, mais uma vez o estudo é reformulado, se
posicionado na condição do estudo da instabilidade infantil, e precipita-se a
investigar várias etiologias, e não mais a uma única explicação etiológica.
Finalizando a linha de investigação francesa, que atribui à instabilidade
infantil a uma ocorrência precoce do processo de separação mãe/bebê,
caracterizada por uma desarmonia; atendo-se ainda ao campo de psicanálise.
Outra abordagem teórica é a perspectiva anglo-saxônica, que ao
contrário da literatura francesa, encara a hipercinesia (nomenclatura usada)
como uma síndrome decorrente de uma lesão cerebral que pode ou não ser
observado. Assim, a lesão cerebral é usada apenas para os casos em que há
comprovação da mesma, enquanto o termo Lesão Cerebral Mínima
corresponde à etiologia neurológica indefinida.
Na década de 60, autores ingleses passam a referir-se a tal problema
como síndrome hipercinética, enquanto americanos mencionam hiperatividade.
30
Embora haja uma discordância na nomenclatura ambos se harmonizam no que
concerne à entidade clínica.
Autores ingleses utilizam o conceito síndrome hipercinética, em casos de
lesão cerebral orgânica comprovada, que se caracteriza por um excesso de
movimento, impulsividade, dificuldade de sustentar a atenção e de respeitar as
regras. Os estudos norte-americanos concordam com as características
relacionadas, porém descartam o fator da dificuldade de respeitar regras,
substituindo pelo atraso escolar na descrição de sua entidade clínica, a
hiperatividade, ainda consideram-na, apresentando várias etiologias e
diferentes maneiras de expressar-se comportadamente.
Perante esta separação, encontramos publicações distintas em cada
linha de investigação. A Associação Americana de Pesquisa (APA), em 1968
insere em seu Manual Diagnóstico e Estático, na 2ª edição (DSM-II), o termo
reação hipercinética da infância, dando enfoque ao excesso de atividade
motora; porém havia controvérsias quanto à definição da síndrome e à
validação do processo de diagnóstico.
Posteriormente, em sua 3ª edição, o DSM-III (1980) propõe dois tipos de
déficit de atenção: com ou sem hiperatividade, tendo como sintomas principais
o déficit de atenção e a impulsividade e a hiperatividade. E em 1987, na
revisão da 3ª edição do DSM (DSM-IIIR), considerou-se a diversidade dos
sintomas e, esta subdivisão foi descartada, sendo adotado o termo Transtorno
do Déficit de Atenção e Hiperatividade, utilizada até os dias atuais; porém esta
definição foi bastante questionada por alguns autores, articulou-se então uma
nova proposta focando outra definição em que aponta o Transtorno como uma
desordem de desenvolvimento do autocontrole e de condutas sociais.
BARROS (2002) define essa disfunção como um Transtorno do tempo de
atenção, impulsividade e /ou superatividade, assim como o do comportamento
controlado por regras, no qual estes déficits são significativamente
inapropriados para a idade mental da criança. Tem seu início na primeira
infância; é significativamente transituacional por natureza, é geralmente crônico
31
ou persiste por um longo tempo, e não é resultado direto de atraso severo da
linguagem, surdez, cegueira, autismo ou psicose infantil.
É importante destacar que, provavelmente, a vulnerabilidade ou a
tendência para o transtorno é herdada, e não propriamente o transtorno em si.
Recentes trabalhos sobre o referido assunto confirmam tratar-se de um
transtorno neurobiológico.
Os trabalhos retratam um déficit funcional de determinados
neurotransmissores e, ainda, enfocam um déficit funcional do lobo frontal, mais
precisamente do córtex pré-frontal. O diagnóstico clínico, essencialmente, deve
ser detalhado. É necessário coletar o histórico completo do desenvolvimento
da criança, investigar o estado da atividade durante a primeira infância,
aspectos sociais e emocionais.
A maioria apresenta sintomas tanto de desatenção quanto de
hiperatividade-impulsividade, porém há alguns casos de predominância de um
ou outro tipo de sintomas. O padrão sintomático deve persistir por no mínimo,
seis meses. À medida que as crianças crescem, os sintomas tornam-se mais
visíveis, sendo que ao final da infância e início da adolescência, os sintomas
de excessiva atividade motora passam a ser menos comuns, podendo os
sintomas de hiperatividade limitar-se a inquietação ou a uma sensação íntima
de agitação ou nervosismo.
Na idade escolar, crianças com sintomas de desatenção são observadas
pelo baixo desempenho acadêmico. O ambiente e a conquista das habilidades
cognitivas e motoras agem sobre o desenvolvimento das habilidades
adaptativas. (BARROS, 2002, p.50)
Os sintomas de hiperatividades podem acarretar em rompimento de
regras familiares, interpessoais e educacionais, principalmente na
adolescência. As características comportamentais dependem da idade e do
grau de evolução do transtorno, podendo apresentar Baixa tolerância à
frustração; Acessos de raiva; Autoritarismo; Teimosia; Insistência frequente (a
fim de que suas solicitações sejam atendidas); Instabilidade de humor;
Ausência de autoconfiança; Incômodo; Rejeição; Baixa autoestima.
32
A preguiça é um rótulo comum às crianças, quando observada uma
insuficiente dedicação às tarefas, as quais exigem esforço mental constante.
Falta de responsabilidade e comportamento de oposição também são adjetivos
frequentemente utilizados para qualificar essas crianças.
Esta disfunção cerebral, responsável por todos estes danos, também
podem proporcionar os meios para o sucesso, como a intuição e
espontaneidade, excitação e energia, criatividade e habilidade artística.
Portanto, cabe ressaltar que esse, como qualquer outro distúrbio, possui uma
variabilidade quanto à intensidade do quadro clínico, partindo de casos leves a
graves, com enorme comprometimento funcional, mas que diagnosticado em
tempo hábil, possibilitará a criança uma trajetória escolar e pessoal sem
grandes prejuízos, e sem rótulos.
Finalizo este capítulo colocando duas questões de extrema relevância: o
que nos impede de avançar na busca de novos conhecimentos, para que
possamos acompanhar os novos paradigmas e até quando, nós professores,
continuaremos a ser obrigados a ter uma postura de Pilatos, lavando as mãos
e virando as costas para os problemas que estão a nossa frente em virtude
dos diversos ‘’apagões’’ do governo na área de educação como um todo.
33
CAPÍTULO III
3. O olhar do Orientador Educacional diante do TDAH
As pessoas vivem com medo e se mostram impotentes diante do quadro
atual de violência, corrupção e falência generalizada das instituições sociais
incluindo a Escolar. O Orientador Educacional não deve estar incluído entre
essas pessoas, visto que ele é o elo entre o corpo docente e uma possível
solução para o problema do diagnóstico equivocado de uma criança com
TDAH no espaço escolar. Esse fato ressalta a necessidade do Orientador
Educacional estar sempre em contato com os alunos, familiares e professores
para que juntos possam caminhar em busca de subsídios e assim minimizar a
situação de caos em que se encontram as crianças portadoras de TDAH.
O Orientador Educacional è uma dessas pessoas que inspira confiança,
credibilidade e esperança na construção de um mundo melhor, com cidadãos
críticos, autônomos, dono do seu próprio destino. Por isso, temos como
objetivo, fazer uso de possíveis alternativas que encontrarmos para podermos
conseguir dentro deste quadro caótico e complexo a qual estar inserida a
criança com TDAH. Oferecer estrutura mais adequada, para que não haja
desmotivação e como consequência ineficiência na construção desses
cidadãos como já dissemos autônomos, crítico, criativos e acima de tudo
conscientes de seus direitos e deveres ou sejam que valorizem a sua
cidadania.
A Orientação Educacional deve estar atenta para implementação de
projetos onde a motivação seja um dos alvos principais, visto que a falta dela é
um dos motivos geradores da evasão escolar e da dificuldade de
aprendizagem. Entretanto coadunar o saber pedagógico com os novos
paradigmas educacionais, certamente ajudará muito na identificação dos
34
alunos com TDAH o porquê de apresentarem dificuldade de aprendizagem e
comportamento inadequado no espaço escolar. É importante não esquecer
que para conseguirmos alcançar nossos objetivos é imprescindível a
participação da família, visto que ela é a base para o desenvolvimento
saudável da criança.
O Orientador Educacional deve atuar junto à família no sentido de tentar
reestruturá-las e conscientizá-las de suas responsabilidades para com os seus
filhos. Alertando-os para a importância de buscar conhecimentos para apoiá-
los na sua vida acadêmicas, de impor limites, e fazer isso com muito amor,
pois uma criança quando se sente amada passa a se comportar de outra
maneira. É preciso fazê-las entender e valorizar as atitudes relacionadas à
coragem, sensibilidade, justiça solidariedade e os obstáculos vencidos,
despertar-lhes o amor próprio, aprender a gostar de si mesmo, se conscientizar
que é uma pessoa importante e querida pelos que estão a sua volta.
A cultura e voga, infelizmente, conduz muitas vezes as crianças a
atitudes de total indiferença à posturas que garantem um convívio social
adequado, atualmente o que se ver, são crianças desde muito pequenas
sendo induzidas a considerar normal alguns tipos de atitudes, como por
exemplo, não ser preciso estudar, usar de artifícios negativos para conseguir
algo que deseja, desconsiderar regras de boa conduta, e até de faltar com
respeito ao seu semelhante, a falta de um diagnóstico correto e de estratégias
adequada para lidar com crianças portadora de TDAH pode desencadear uma
escolha errada de caminhos a seguir.
Neste contexto a presença ativa dos pais se faz imprescindível, no que
diz respeito a orientar essas crianças para que elas não trilhem esse caminhos
tortuosos, muitas vezes sem volta e consequentemente tornando-se um adulto
amargurado, depressivo, violento e sem perspectiva na vida. A escola,
teoricamente, tem meios de conseguir subsídios para ajudar essas crianças,
visto que, a educação tem como meta levar o aluno a desenvolver sua
autonomia, porém para esse objetivo ser alcançado é necessário a
participação efetiva do sujeito no processo educativo. A Orientação
Educacional deve estar
35
atenta a essas vertentes, para que possa harmonizar relação professor / aluno,
motivando-os para que juntos consigam eliminar os fatores que favoreçam a
sua baixa autoestima e a defasagem na aprendizagem.
Sabemos que crianças desatentas são possíveis encontrar em qualquer
lugar e a qualquer hora, muito embora saibamos que via de regra elas
possuam capacidade atentiva acentuada, devemos estar alertas para
percebermos com que frequência essa desatenção acontece, pois isso faz
diferença. E dessa forma nos ajudará a distinguir uma criança com Transtorno
do Déficit de Atenção das demais, para só então diagnosticá-las como uma
criança portadora desta disfunção e oferecer-lhes meios para diminuir os
danos causados por esta instabilidade atentiva, não permitindo que essa atinja
de forma desastrosa essas crianças. Para isso se faz necessário que toda
comunidade escolar estejam capacitados e empenhados em proporcionar a
elas um ambiente, onde elas sintam-se amadas, respeitadas com suas
limitações e instabilidade comportamentais.
Entretanto, não podemos permitir que essa instabilidade venha prejudicar
as crianças de forma irreversível, visto que se não for diagnosticado e tratado a
tempo e de forma adequada, possivelmente estas crianças se transformarão
em adultos problemáticos e incapazes de contribuírem com a sociedade para a
construção de um mundo melhor.
A Orientação Educacional cabe a responsabilidade de zelar para que a
trajetória escolar das crianças com TDAH seja sem grandes prejuízos
principalmente no que se refere ao déficit de aprendizagem e ao
comportamento adequado na sociedade.
Entende-se haver uma urgente necessidade de mudanças quanto a
tolerância e a inércia da família para com os apelos da escola no que diz
respeito ao acompanhamento das tarefas escolares, e ao comportamento de
seus filhos, assim como sua participação efetiva junto a escola e a ausência de
subsídios, para que a mesma possa encontrar meios que em ultima análise
inibirão diagnósticos equivocados a respeito do comportamento e aprendizado
das crianças.
36
Portanto é de extrema relevância não relutarmos em nos envolvermos
nesse processo de tão grande amplitude na vida dessas crianças. É importante
também lembrar que o aspecto psicológico e sócio-familiar é fundamental para
que possamos ajudá-las a superar todas as dificuldades advindas desta
instabilidade, tanto na vida escolar como na pessoal. Cabe aqui ressaltar que
essa como qualquer outra instabilidade possui uma grande carga de
responsabilidade no desenvolvimento do ser humano.
A hiperatividade presente nas crianças que pode estar acompanhada ou
não do transtorno do déficit de atenção estar passível também de diagnósticos
equivocados contribuindo para que elas fiquem ainda mais vulneráveis a
rótulos como mal educado, rebelde, violento, indisciplinado entre outros. Na
verdade, trata-se de um comportamento incontrolável por elas, gerado por uma
disfunção cerebral. Daí a extrema necessidade do conhecimento sobre o
referido assunto, para que possamos reconhecer as verdades e os equívocos
do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e não cairmos no erro de
confundi-las com crianças indisciplinadas no espaço escolar, negando-lhe a
possibilidade de ter uma trajetória escolar bem sucedida.
Sabemos que grande parte das crianças portadoras do TDAH tem
problemas de aprendizagem. Nesses casos, a intervenção pedagógica e
psicopedagógica são extremamente fundamentais para que tenham êxito na
recuperação das falhas de aprendizagem, que certamente existem e devem
ser trabalhadas por meio de atividades que visem reconstruir as habilidades
para que sejam corrigidas as falhas de aprendizagem.
Saber é poder é um antigo ditado, que nos dias de hoje mesmo com toda
globalização, ainda é muito utilizado, afinal todos nós sabemos que só é
possível oferecer uma ajuda adequada quando se possui conhecimento.
Quanto mais informações e conhecimentos acumularmos sobre o TDAH, mais
capacitados estaremos para compreendermos e melhor lidar-mos com esses
novos, digamos, obstáculos.
É fundamental que toda a comunidade escolar, não só a Orientação
Educacional, essa muito mais, se informe, estude, troque idéias, experiências,
37
conheça tudo que possa contribuir para melhora e a auto-superação para
conquistar a transformação das estruturas e cada vez mais atender essas
crianças de maneira eficaz, dando-lhes oportunidades de construir e
reconstruir uma melhor trajetória acadêmica.
Mais do que enriquecimento cultural, a informação sobre essa disfunção
cerebral que afeta tantas crianças, trará conhecimentos que certamente nos
auxiliarão na compreensão de como essa disfunção interfere na vida delas e a
de todas as pessoas que estão a sua volta.
Por esses motivos, é que se torna imperativo estender essas
informações aos familiares, professores, amigos e todas as pessoas que de
uma forma ou de outra estejam envolvidos com a educação ou lidam com
crianças. Essa propagação de conhecimento irá contribuir de maneira positiva
nas relações que já estão muito desgastadas entre professores e alunos,
assim também como entre pais e filhos.
É bom lembrar que os professores tem papel fundamental no processo
de aprendizagem e na saúde mental de seus alunos e que seus pais e
professores devem ser parceiros de uma mesma empreitada.
A comunicação frequente entre a Orientação Educacional e a família é
um fator muito importante para garantir que os professores e pais possam
trocar experiências relevantes. Já que os docentes são frequentemente
aqueles que têm maior facilidade em perceber quando uma criança está
apresentando problemas de atenção, comportamentos emocionais / afetivos e
sociais.
Devemos enfatizar aqui, que essas dificuldades, repercutem não só na
vida escolar como em todo o processo de socialização, causando vários
transtornos de modo que intervenções tornam-se necessárias para auxiliar o
desenvolvimento da criança.
Nesse contexto se faz necessária uma avaliação acurada, pois ela será
instrumento que vai evidenciar e ajudar a distinguir uma criança com TDAH e
uma indisciplinada no espaço escolar ou qualquer outro distúrbio, e nesse
38
sentido o Orientador Educacional é peça fundamental para por em ação várias
intervenções necessárias para se alcançar os resultados positivos esperados.
A Orientação Educacional deve oferecer total apoio aos familiares e
docentes, principalmente no sentido de lançar mão de um ensino criativo,
atraente e dinâmico de forma a manter a criança envolvida e interagindo com o
meio a qual está inserida, sem que seja confundida com uma criança
indisciplinada ou com instabilidade atentiva.
Dentro deste contexto o Orientador Educacional faz toda a diferença,
pois é ele que deve propiciar subsídios para que os docentes consigam
exercer bem a sua função, que hoje é a de mediar a criança nos seus
respectivos processo de construção do conhecimento, visando, em última
análise ao desenvolvimento cognitivo afetivo e moral, para que se tornem
cidadão equilibrados emocionalmente e moralmente autônomos. A
desmotivação dos docentes atualmente é preocupante, porém, não podemos
permitir que esse fato venha interferir no comprometimento desses
profissionais.
Isto posto, a escola mesmo funcionando ainda que de forma, por vezes,
inadequada com sala superlotadas, mal ventiladas, ainda assim, deve
continuar lutando para conquistar o seu espaço e o reconhecimento da
sociedade na vida de todos os cidadãos. Para o Orientador Educacional, em
meio a todos esses problemas, o que mais preocupa são as atuais condições
psíquicas dos docentes. Relatos informais dos próprios, dão conta de
situações estressantes e que abrangem de forma contundente essa nova ótica
de identificar o TDAH tão presentes em seus ‘’dia-a-dia‘’ e que transformam
situações rotineiras em aclives de falhas de comportamento especificamente
nessa área.
Outros profissionais ligados à Educação apresentam diversos tipos de
sofrimento psíquicos, tais como exaustão emocional, despersonalização e
histeria entre outros sofrimentos. Esses dados são informais, carecem de uma
analise profissional para o devido encaixe e identificação, entretanto, é
facilmente percebido pela classe como um todo.
39
Muitos professores apresentam um quadro de sentimento de
incapacidade de dar mais de si emocionalmente e demonstram sentimentos e
atitudes negativas em relação aos estudantes e aos seus familiares e de
sensibilidade afetiva para com os problemas das pessoas que estão a sua
volta. Diante destes fatos, como acabar com os diagnósticos errôneos das
crianças com TDAH com condições materiais e humanos tão além do
esperado. Daí a grande importância do envolvimento de todos no sentido de
dar suporte aos profissionais da educação, na busca do melhor caminho para
se coadunar a relação escola / família / sociedade, para que tenhamos
sucesso em todo o processo de transformações das crianças em cidadãos
bem estruturados, críticos e autônomos. A cooperação é uma relação
simétrica, é constituinte e dependente de acordos, atualmente não cabe mais o
egocentrismo, é necessário que indivíduos de descentrem, colocando-se um
no lugar do outro.
40
3.1 Orientações e Estratégias para os Pais / Responsáveis e
Docentes de como lidar com TDAH
Os pais geralmente reclamam que o relacionamento com os seus filhos,
que têm TDAH, são quase sempre difíceis e desgastantes. Os momentos de
relação prazerosa são interrompidos por inúmeros momentos da relação tensa
e tumultuados. Embora não existam receitas prontas, algumas dicas ou
estratégias podem ser bastante úteis para minimizar a tensão e o transtorno
que esse problema traz, como cita Luiz Augusto e Edyleine:
Estas dicas e estratégias funcionarão com eficácia quanto menos problemas os pais tiverem, quanto melhor for o relacionamento familiar e quanto menos sintomas de oposição e desafio a criança apresentar. Na presença dessas características, dificilmente as estratégias propostas funcionarão sem a associação com intervenções psicoterápicas individuais e/ou familiar. (1999. p. 73)
Os pais, antes de tudo, devem lembrar que o seu filho está tendo
dificuldades, não porque ele é ruim ou teimoso, e sim porque o TDAH leva a
criança agir diferentemente do que se espera. È importante haver a
compreensão dos problemas familiares, escolares e sociais que a criança
enfrenta e estar disposto a auxiliá-la sempre que for preciso. Ao mesmo tempo,
procurar refletir sobre como ela está se sentindo quando não consegue
corresponder às expectativas de todos. De nada adianta exigir mais do que ela
pode lhe dar.
Segundo Rhodes & Benczick (1999), orientações como estas
relacionadas abaixo, são importantes para os pais estabelecerem uma relação
menos conflituosa com crianças portadoras do TDAH:
Estabelecer prioridades. Os pais devem pensar e escrever todas as
dificuldades da criança. Depois fazer um ranking, colocando-as em ordem de
prioridade. Eles devem estabelecer estratégia de ação para a dificuldade maior
e assim sucessivamente.
41
Pensar antes de agir. Devido às atribulações do cotidiano, os pais são
estimulados a reagir sem pensar ou perder tempo frente às dificuldades da
criança. Por essa razão é fundamental pensar antes de tomar qualquer atitude
drástica, pois, refletindo o bom senso prevalecerá. E não se deve esquecer
que os pais são o modelo de identificação para os filhos. É difícil pedir para a
criança pensar antes de agir se os pais agem antes de pensar.
Usar o reforço positivo antes da punição. As crianças com TDAH
respondem, melhor ao reforço positivo do que as estratégias punitivas. Na
verdade, deve se observar um princípio básico na relação interpessoal, ou
seja, a obtenção dos direitos na medida em que os deveres são cumpridos.
Acima de tudo, deve se evitar as críticas constantes, procurando reforçar o que
há de melhor na criança. Poucas coisas são mais prejudiciais para autoestima
de uma pessoa do que viver em um ambiente em que apenas os erros são
sistematicamente apontados.
Manter a constância de estratégias. Todas as crianças (de uma forma
geral) necessitam de um ambiente previsível e constante, principalmente as
crianças com TDAH. Por essa razão se faz necessário uma constância de
estratégias para um melhor relacionamento familiar.
Antecipação dos problemas. Os pais devem procurar exercitar a
capacidade de antecipação de problemas para se traçar estratégias
adequadas para a possível resolução. A idéia é que todos estão formando uma
equipe para enfrentar as dificuldades e não as de que estão jogando em times
diferentes. Qualquer equipe define estratégias de jogo antes de começar a
partida. Para isso antecipa os problemas e dificuldades que poderão enfrentar.
Estabelecer uma comunicação clara e eficiente com a criança.
Estabelecer de forma clara os limites toleráveis para o comportamento da
criança. As instruções devem ser transmitidas de forma clara e os pedidos
feitos um a um e relembrados sempre que possível.
Proporcionar uma atividade física para a criança – Uma atividade física é
primordial para qualquer criança e mais ainda para aquelas com TDAH,
principalmente quando os sintomas de hiperatividade são mais intensos. Os
42
pais devem escolher atividades ou jogos onde ela possa aprender e conviver
com regras e limites e que possa também gastar energia de forma produtiva e
prazerosa.
Escolher com cuidado a escola – Os pais devem estar atentos na
escolha da escola para seu filho. Prestar atenção no preparo do corpo docente
da U.E. e analisar se estão preparados para trabalhar com crianças com TDAH
de maneira que venha amenizar seu problema e não promover uma regressão
acentuada, como cita Luiz Augusto P. Rhode e Edyleine B. P. Benzick:: “É
fundamental que a escola tenha uma equipe de Professores e Orientadores
Educacionais que estejam familiarizados com conceitos básicos sobre TDAH,
ou que, pelo menos, tenham interesse em discuti-los”.(1999)
Os responsáveis devem procurar escolas que valorizem a criança e as
avaliem individualmente para progredirem ao longo do tempo e não façam
apenas, comparações com a média de outras crianças da classe e também
não esteja voltada exclusivamente para resultados em termos de conteúdo, ou
seja, que ela não seja conteudista, pois desta forma não seria uma escola
adequada para as crianças que têm TDAH.
O Ingrediente mais importante no processo de aprendizagem na vida
acadêmica de qualquer pessoa é o professor e para as crianças essa
importância é bem mais acentuada, como bem menciona Cury em seu livro
Pais Brilhantes Professores Fascinantes, “Um excelente educador não é o ser
humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e
sensibilidade para aprender”. (CURY, 2003, p.17).
O TDAH gera uma instabilidade comportamental, daí a importância do
professor ter afeto e compreensão sem deixar de definir de maneira clara os
limitas a serem respeitados com a efetiva participação de todos os envolvidos
no processo da definição dos mesmos. Sabemos que a teimosia na criança é
uma característica peculiar, porém cabe ao professo transformar em incentivos
que estimulem a autoestima dessas crianças de forma positiva, um elogio na
hora certa vale mais do que uma crítica dita construtiva. Para essas crianças
quando o professor fala - está bonito, mas você pode fazer ainda mais bonito -
elas se sentem motivadas a fazerem melhor e de forma prazerosa.
43
As crianças normalmente não gostam de críticas, mesmo as ditas
“construtivas” da mesma forma acontece com o advérbio de negação “não” e
para as pessoas portadoras desta disfunção cerebral, o “não” sem uma
explicação é fatal. O professor deve explicar o porquê do “não” e sugerir
alternativas demonstrando que o objetivo não é podá-la e sim, ajudá-la em
todos os sentidos, mostrando que ela é capaz de fazer outras coisas e ampliar
seus horizontes, lembrando-lhe sempre dos limites, das regras que temos que
respeitar e das nossas limitações.
Conversar de maneira franca com seu aluno sobre a presença dessa
instabilidade, das dificuldades advindas dela e de sua capacidade de superá-
las é muito importante para preencher o vazio que eles sentem por serem
diferentes. Delegue a elas a responsabilidade de juntamente com você e seus
familiares perceber o quanto ele é importante e especial para todos os que o
cerca e inclusive para ele próprio.
O diálogo sincero na relação professor / aluno deve ser uma constante
por contribuir para o seu desenvolvimento pessoal, com solidariedade,
companheirismo e otimismo. Conversar com eles sobre o mundo que os cerca
é abrir janelas para olhinhos ainda tão limitados. “Bons professores educam
para uma profissão, professores fascinantes educam para a vida”. (CURY,
2003, p.79).
Os profissionais da educação em especial os docentes, para obter
sucesso no objetivo de educar para a vida, deve desenvolver nos seus alunos
a capacidade de superar conflitos sociais estabelecer metas de solidariedade e
consciência crítica, expor suas idéias, pensar antes de agir e resistir às
atitudes impulsivas.
O primeiro passo é perceber e aceitar que a criança é portadora de uma
disfunção cerebral que gera uma instabilidade comportamental que pode ver a
interferir no processo de aprendizagem e na sua integração social, podendo
ainda desencadear uma baixa autoestima através da não obtenção do sucesso
acadêmico e social como diz sabiamente CURY: “prepare seu filho para “SER”
pois o mundo o prepara para “TER”. (2003, p.29).
44
Seguir manuais de como educar nossos filhos, sem que haja amor,
carinho e respeito de nada adiantam, o importante é estabelecer uma relação
de confiança, de trocas, de afetividades para que possamos mais adiante ter o
reconhecimento do dever cumprido. “Bons pais dizem aos filhos: você está
errado. Pais brilhantes dizem: o que acha do seu comportamento? Bons pais
dizem: Pensem antes de reagir. Bons pais punem quando os filhos fracassam.
Pais brilhantes os estimulam a fazer cada lágrima uma oportunidade de
crescimento.” (CURY, 2003, p.36).
Sejamos também pais brilhantes! “Educar é acreditar na vida e ter
esperança no futuro”. (CURY, 2003).
No decorrer desta pesquisa, perceberemos que a sociedade está sendo
acometida da Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). Isso é causado pelo
excesso de informações, de estímulos visuais, da busca incessante da beleza
externa, que ofusca o brilho do nosso verdadeiro “Eu” e gera uma
incapacidade coletiva de administrar nossos pensamentos, de acalmar a nossa
mente e direcionar nossas ações em prol de uma sociedade mais coerente,
justa, solidária e autêntica.
Os portadores da Síndrome do Pensamento Acelerado estão sempre
muito agitados e ansiosos por resultados urgentes em tudo que fazem. Deixam
de trabalhar certas habilidades como a percepção e por isso que emitem
conceitos equivocados, roubam, depreciam de imediato os seus semelhantes,
chegando muitas vezes a se comprometerem psicologicamente por não
conseguirem gerenciar os seus próprios problemas e entender os dos outros.
O Orientador Educacional deve buscar ferramentas para construir uma
relação de amizade, afetividade, sinceridade, confiança e total entrosamento
com os familiares, para que possam inverter ou pelo menos, de total desprezo
pela vida, de total banalização a imoralidade, a falta de importância à
educação, por que infelizmente muito se fala, mas pouco se faz por uma
educação de qualidade e acima de tudo não permitir que a Síndrome do
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Pensamento Acelerado condene nossas crianças a se tornarem adultos
alienados, alheios aos problemas que os cercam, inclusive da inópia que
assola nosso país, atingindo a todos direta ou indiretamente, contudo não
podemos deixar de perceber que cada ser humano é único. “por trás de cada
aluno arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto”!
(CURY, 2003, p.97)
Devemos entender que é essencial o diálogo entre pais e filhos desde a
mais tenra idade, para que o seu desenvolvimento físico, mental e psicológico
sejam preservados e processados de maneira saudável e assim
os transformem em pessoas com uma boa autoestima, capazes de gerenciar
de forma satisfatória suas frustrações, suas perdas, seus momentos
estressantes, entender e saber utilizar a hora de ouvir e de falar, de questionar
e ser questionado.
Os responsáveis devem sempre estar a postos para uma possível
intervenção na instabilidade comportamental de seus filhos buscando
constantemente, incentivando-os, estimulando-os para que consigam
desempenhar da melhor forma suas atividades sejam elas na escola, na
família ou no convívio social.
O Orientador Educacional pode propiciar sugestões de atividades e
técnicas que instrumentalizem o aluno com TDAH a manejar de maneira mais
eficaz suas dificuldades, dentro de uma programação que inclua todos os
alunos a partir de objetivos e conteúdos previamente selecionados, organizam-
se os recursos necessários de modo a conseguir o que se pretende. Os
recursos didáticos são facilitadores da aprendizagem, em função da
instabilidade que o aluno com TDAH apresenta. Deve-se lançar mão de todos
os recursos disponíveis, gravadores, computadores, giz, canetinhas e lápis
coloridos, assim como revistas para recortes, músicas, fantoches,
dramatização, confecção de cartazes produzidos pelos próprios alunos. São
estratégias que estão ao alcance de todos os docentes, se não todos os
recursos citados, pelo menos alguns com certeza e tornarão as aulas mais
interessantes e dinâmicas e assim prenderá a atenção destes alunos.
46
O grupo de apoio da escola como, Psicólogos, Psicopedagogos,
Coordenadores Pedagógicos, Fonoaudiólogo e Orientadores Educacionais
devem colaborar com os docentes no processo ensino aprendizagem
elaborando estratégias junto aos professores, considerando as necessidades
do alunado. Em caso de necessidade muito grande, geradas ou não pelo
TDAH, faz-se necessário a ação de um tutor junto ao aluno, mesmo durante o
período regular de aula. Ele irá intermediar o que o professor propõe para a
turma e o aluno que tem suas possibilidades de desempenho reduzidas,
orientando-o em suas necessidades específicas ou adequando as atividades à
sua capacidade.
Um das intervenções que também pode se por em prática para melhorar
a autoestima dessas crianças, que é um dos danos causados pelo transtorno,
é reconhecer regularmente os pontos fortes, o esforço do aluno, aumentar e
melhorar os sentimentos da criança em função do desenvolvimento de novas
habilidades, oferecer o apoio, incentivo e ajuda pessoal para os alunos que
tem dificuldade de comportamento, adotar uma atitude positiva de elogios e
recompensas para comportamentos adequados.
As crianças portadoras desse transtorno com predomínio de sintomas de
hiperatividade/impulsividade em geral são confundidas com crianças
indisciplinadas, já que apresentam altas taxas de sintomas de transtorno de
conduta e por isso são rotuladas como rebeldes, mal educadas, entre outros
adjetivos que normalmente deixam marcas profundas. Cabe salientar que a
dificuldade social dos indivíduos com TDAH deriva em parte do desempenho
aquém do esperado e não do conhecimento insatisfatório, nos hiperativos /
impulsivos, o problema não estar em não saber o que fazer, mas, sim em não
fazer aquilo que eles sabem que se espera deles.
Sabemos que a criança nasce com um conjunto de características
emocionais e uma maneira de interagir, que são alteradas conforme a
47
educação dada pelos pais, o grau de adequação e o ambiente, bem como as
condições psicológicas da cada indivíduo.
Nesse sentido, se faz imperativo que nós enquanto Orientadores
Educacionais e profissionais da educação, assim como toda a sociedade,
entenda que a vida humana está inevitavelmente circundada de relações
sociais e que esse relacionamento com outras pessoas proporciona bem-estar
na vida do indivíduo. Ficando assim sobre nossa responsabilidade, propiciar a
estas crianças portadoras deste transtorno e dessa instabilidade
comportamental insatisfatória no espaço escolar a oportunidade de construir e
reconstruir sua trajetória acadêmica e pessoal de uma maneira que venha no
futuro lhe trazer “bons frutos”.
A responsabilidade que se impõe para cada ser humano hoje é de
transformação profunda de nossa relação com os outros homens. A
possibilidade de transformação é a possibilidade da própria vida. Assim a
escola não poderá continuar de costas para as transformações que estão
ocorrendo e que a humanidade terá que enfrentar. Precisamos incorporar as
mudanças ocorridas no mundo, lidando com elas e colocando-as à nossa
disposição, à disposição da nossa escola, da nossa sociedade, num
movimento articulado.
Segundo BARROS (2002) “Nas últimas décadas houve um progressivo
interesse pelo estudo do jogo, pela ludicidade, que é fundamental à saúde do
ser humano, o brincar, para muitos adultos, é considerado prazeroso e
excitante, embora não dêem a mesma importância ao fato de ser igualmente
educacional”.
O ambiente e a conquista das habilidades cognitivas e motoras agem
sobre o desenvolvimento das habilidades adaptativas. O lúdico permite a
criança uma transformação de situações passivas em ativas, fazendo-a liberta-
se das experiências negativas podemos citar como exemplo os estigmas que
as crianças muitas vezes recebem por não se comportarem como espera a
sociedade.
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O ato de brincar mostra-se indispensável a saúde física, intelectual,
emocional e social da criança, tendo em vista, que o comportamento lúdico
contribui para a aquisição das habilidades de cada domínio do
desenvolvimento da capacidade de engajar-se na vida adulta de maneira
consciente e com senso de respeito as normais grupais e sociais.
Os profissionais da educação devem ter conhecimento do conflito,
instabilidade atentiva versus indisciplina e aprender a discernir entre esses dois
tipos de problemas. É necessário desenvolver uma gama de intervenções,
visando à educação e melhoria das habilidades deficitárias das crianças.
A Presença de professores que dominem o conhecimento a respeito do
TDAH, a disponibilidade de sistema de apoio e oportunidade para se engajar
em atividade que conduzem ao sucesso na sala de aula, são imperativas para
que um aluno com esse transtorno possa desenvolver todo o seu potencial.
Finalizamos esse ensaio com uma citação que nos leva a refletir sobre a
nossa responsabilidade enquanto educadores. “Educar é ser um artesão da
personalidade, um poeta da inteligência, um semeador de idéias.” CURY
(2003).
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CONCLUSÃO
Ao fim desse ensaio, podemos concluir que embora já tenhamos
conseguido vencer vários obstáculos na educação, obstáculos esses muitas
vezes oriundos da falta de conhecimento dos profissionais da educação e
parte da sociedade, ainda teremos que vencer muitos outros que certamente
aparecerão, sob pena de ficarmos estagnados e não conseguirmos quebrar
esse paradigma, a qual a educação ainda se vê tolhida na sua autonomia.
Através da elaboração desse estudo observou-se, que mesmo havendo
várias pesquisas nesta área, ainda se faz necessário uma divulgação e
popularização maior sobre o assunto, para que se torne possível com a
participação da sociedade, pais, responsáveis e todos os profissionais
envolvidos com a educação, ficarem qualificados e aptos para melhor lidar com
o TDAH. Com essas medidas poderemos alcançar nossos objetivos, que é
propiciar condições para que nossas crianças e adolescentes se transformem
em cidadãos, capazes de gerenciar bem os conhecimentos adquiridos ao
longo de sua trajetória acadêmica de forma crítica, autônoma e coerente,
portando-se como agente de transformação da realidade.
Infelizmente o diagnóstico precoce desse transtorno continua a ser um
dos maiores problemas, pois a sociedade, a escola e pais por falta de
conhecimento, frequentemente esperam das crianças um comportamento que
elas não têm como proporcionar adequadamente, visto que muitas vezes, nem
se percebe serem elas, portadora desse transtorno. Esse é um dos pontos em
que se percebe que os educadores ainda estão presos ao preconceito sobre o
comportamento infantil, não aceitando que essas crianças possam estar
sofrendo de um distúrbio.
Nota-se também, ser imperativo o entendimento da importância da
efetiva participação da família no processo de aprendizagem da criança,
levando-se em consideração todas as suas limitações e os fatores que por
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ventura estejam de alguma forma afetando o seu desenvolvimento psicológico
e intelectual. Já que com base na visão dos autores citados, concluímos que
os diagnósticos equivocados em relação às crianças portadoras do TDAH vêm
interferindo no processo de aprendizagem em um nível preocupante, posto
que, ainda é muito precária à atenção que as escolas dispensam a esses
alunos. A agitação pode ser resultado de problemas comportamentais
resultantes de mudanças repentinas de vida ou manifestação de outros
distúrbios cujos sintomas são semelhantes aos do TDAH. Sabe-se que o
diagnóstico correto só é conseguido após criterioso exame clínico, já que não
existe exame laboratorial que comprove esse transtorno.
Esse ensaio foi realizado com o objetivo de mostrar as várias vertentes
da busca por um diagnóstico correto do Transtorno do Déficit de Atenção e
Hiperatividade, e também tem como meta, chamar a atenção e instigar a
sociedade e os profissionais da educação para esse problema que vem,
infelizmente, tomando proporções alarmantes. Uma vez estabelecido esse
momento, se faz urgente uma mudança na postura de todos que, de uma
forma ou de outra estejam envolvidos com a educação, e na luta para uma
sociedade mais justa, solidária, coerente, enfim, para um mundo melhor,
aonde possamos viver, sem constrangimentos por preconceitos, sejam eles
quais forem, assim teremos com certeza, uma melhor qualidade de vida.
51
BIBLIOGRAFIA
ALVES, Nilda & GARCIA Regina Leite. O Sentido da Escola: São Paulo: DP&A, 1999. BARROS, Juliana Monteiro Gramático. Jogo Infantil e Hiperatividade. Rio de Janeiro: Sprint, 2002. CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. CYPEL, Saul. A Criança com Déficit Atenção e Hiperatividade. São Paulo: Lemos Editorial, 2003. GIACAGLIA, Lia Renata Angelini & PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação Educacional na Prática. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. GRINSPUN, Miriam P.S. Zippin. A Orientação Educacional: Conflitos de Paradigmas e Alternativas na Escola. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, Selma Garrido. O Pedagogo na Escola Pública. São Paulo: Cortez, 1995. ROHDE, Luiz Augusto P. & MATTOS, Paulo. et al. Princípios e Práticas em TDAH. Porto Alegre: Artmed, 2003. ROHDE, Luiz Augusto P. BENCZIK, Edyleine B.P. et al. Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. O que é e como ajudar. Porto Alegre: Artmed. 1999. SILVA, Ana Beatriz. Mentes Inquietas: Entender Melhor o Mundo das Pessoas Distraídas, Impulsivas e Hiperativas. São Paulo: Gente, 2003. RANGEL, Mary. Representação Social e Educação. São Paulo: Papirus, 1999.
52
VASCONCELOS, Celso dos Santos. Coordenação do Trabalho Pedagógico.São Paulo: Libertard, 2002.
53
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
1. Os Primeiros Passos da Educação no Brasil 13
1.1. A Orientação Educacional no dias atuais 16
1.2. Espaço de atuação do Orientador Educacional 19
CAPÍTULO II
2. Conceito, Características, sintomas e causas
do TDAH 22
CAPÍTULO III
3. O olhar do Orientador Educacional diante do TDAH 33
3.1. Orientações e Estratégias para os pais / responsáveis
e docentes de como lidar com o TDAH 39
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA 50
ÍNDICE 51