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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
por
Tânia Regina Gonçalves da Rocha
Professora Orientadora: Fabiane Diniz
Rio de Janeiro 2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
OBJETIVO: Desenvolver o tema: A influência da participação da família no ambiente escolar e a importância dessa parceria no processo ensino aprendizagem.
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AGRADECIMENTO
Agradeço a meu marido e minhas filhas, por estarem sempre me apoiando nos momentos importantes da minha vida, me enchendo de orgulho e a Deus a quem devo todas as minhas realizações.
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DEDICATÓRIA
A minha família sempre presente nos momentos mais importantes da minha vida e aos educadores que lutam por uma educação mais justa e comprometida.
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RESUMO
A presente monografia teve por objetivo: discutir a influência da família no
processo ensino aprendizagem , estando diretamente ligada a proposta da instituição
escolar . Através do aporte teórico percebeu-se que a garantia do trabalho participativo é
uma discussão constante dos diversos autores da educação , dentre eles Gadotti (2001) ,
Luck (2001) .
Atualmente a presença da família é uma necessidade constante , tendo em vista que
a emancipação da mulher , bem como a reestruturação do núcleo familiar , fizeram com que
ocorressem um distanciamento , refletindo numa intensa responsabilidade da instituição
escolar a educação do aluno .
É preciso um esforço conjunto na construção de valores e atitudes para educar para
a cidadania e para a paz .
Família e Escola devem estar em sintonia , numa participação constante , buscando o melhor caminho para a educação plena .
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SUMÁRIO Ü Introdução 07 Ü Capítulo I – Família 09
Suas Mudanças Durante os Tempos
Ü Capítulo II – Escola 15 Educação Escolar – Um Pequeno Histórico
Ü Capítulo III– Família & Escola 19
A Participação dos Pais e das Mães no Centro Educativo Família e Escola – Uma Parceria Possível
Ü Conclusão 27
Ü Bibliografia 28
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INTRODUÇÃO Este capítulo contará um pouco sobre a grande pesquisa feita nesta monografia.
Historicamente o acesso a escola só passou a ser viabilizado após a Revolução
Francesa, sendo que no Brasil isso ocorreria quase na metade do século passado, onde o
Movimento dos Pioneiros da Educação por meio do seu manifesto, procurava garantir a
universalização do ensino. Desta forma, surgia o embrião da democratização do ensino para
as camadas populares, no qual foi interrompido durante a ditadura militar, sendo retomado
novamente junto com a redemocratização do Brasil na década de 80. Onde se buscou por
meio da redefinição do papel do administrador escolar e da viabilização da eleição de
diretores buscando uma escola parceira e a serviço da sua comunidade.
A relação da família com a escola, facilita muito o trabalho dos profissionais da
educação, pois, se esse contato for intenso e saudável todos estarão ganhando. A escola por
ter acesso direto e com isso poder contar com a comunidade na construção das suas
propostas pedagógicas e por facilitar muito o processo ensino aprendizagem.
Aborda-se também a utilização de recursos como o Projeto Político Pedagógico,
para facilitar o acesso da comunidade com a escola.
Constitui-se, então o seguinte problema: Qual a importância da relação escola X
família no processo ensino aprendizagem e de que maneira isso pode acontecer?
Essa questão permitiu estabelecer a formulação dos objetivos a serem alcançados no
percurso do estudo.
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Capítulo I FAMÍLIA
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FAMÍLIA
Ü Suas Mudanças Durante os Tempos
Nas últimas décadas, nossa sociedade passou por mudanças que refletiram nas
relações familiares. Os pais de hoje trabalham mais e passam menos tempo com os filhos.
A mãe, antigamente era vista somente como dona de casa, hoje, principalmente por
mudanças econômicas em nosso país, trabalha fora para ajudar financeiramente sua família.
Por esse e outros motivos, valores que antes eram passados aos filhos pela família,
deixaram de existir.
Cabe à família a tarefa de estruturar o sujeito em sua identificação, individualização
e autonomia. Isso vai acontecendo à medida que a criança vive o seu dia a dia inserida em
um grupo de pessoas que lhe dão carinho, apresenta o funcionamento do mundo, oferece
suporte matéria para suas necessidade, conta história, fala sobre as coisas e os fatos,
conversa sobre o que sentem e pensam, ensinam a arte da convivência.
Essa convivência é a forma que uma família tem de marcar, ou registrar o
sobrenome da família, na criança, entendo que junto com o sobrenome vem toda uma carga
de fundo sócio-afetivo e emocional daquele grupo familiar. Cada família tem seus hábitos,
suas crenças, seus mitos e medos, sua ideologia e seus objetivos. A forma de construir o
cotidiano está relacionando a uma história que começou com os antepassados dos pais e se
alonga no dia a dia com seus filhos. Dessa forma, a criança percorre um caminho que vai
desde a mais completa fragilidade emocional, dependência absoluta, falta de autonomia e
indiferenciação até a compreensão do mundo real e a possibilidade de reconhecer o mundo
interno. A medida que as pessoas vão vivendo em família, vão reconstruindo essa história,
2 que ao mesmo tempo em que repete a história anterior, oportuniza uma nova forma de ser a
mesma família. A família vai mudando para continuar sendo família e desta forma cumpre
com a sua função socializadora de construir pertencimento e individuação.
Cada momento histórico, cada formação econômica, cada cultura tem a estrutura
familiar mais adequada para cumprir a função de educar as crianças e de cuidar de sua
sobrevivência.
A condição histórica e a estrutura social determinam a forma como a família deve
organizar-se. Podemos chamar essa organização de núcleo familiar.
Porém, atualmente, pela mudança no país, essas tarefas familiares vem se perdendo
com tempo. As crianças precisam entender desde pequenas o motivo da ausência dos pais.
E os pais por precisarem trabalhar muito para poder sobreviver neste mundo tão
competitivo e difícil economicamente, ficam cheios de culpa pela ausência, deixando de
lado ensinamentos de base que são de total responsabilidade deles como: mostrar o mundo
como ele é para futuramente poderem viver nela; impor limites, regras. Essa preciosidade
vem se perdendo com o tempo deixando o papel de educar para outras instituições.
É óbvio que a socialização não ocorre somente no âmbito familiar. Ao mesmo
tempo em que a criança está construindo sua identidade familiar, a escola, a igreja, a
comunidade a qual está inserida, o bairro, enfim, todo o entorno vão dando as
peculiaridades a essa identidade.
A medida que a sociedade vai se tornando mais complexa, maior vão ficando as
rede relacionais e os conseqüentes resultados dessa relação. Antigamente a tarefa de
construir valores e comportamentos era exclusivamente da família. Hoje, as crianças vão
cedo para as creches, berçários e escola de Educação Infantil, fornecendo uma nova
filosofia para os educadores e para escola, que é a grande parceria da família.
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A escola é uma instituição potencialmente socializadora. Ela abre um espaço para
que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos pessoais,
ampliem seus ângulos de visão, assim como aprendam a respeitar outras verdades. Nessa
instituição o mundo do conhecimento, da informalidade, ou seja, o mundo objetivo, se
mistura na esfera dos sentimentos das emoções e da intuição, ao dito mundo subjetivo. São
emoção e razão que se fundem em busca de sabedoria.
De forma diferente da família, a escola tem critérios mais objetivos para as
avaliações de desempenho, maturidade e desenvolvimento, mesmo que permeando pelas
relações vinculares.
A escola de hoje pretende desenvolver no estudante uma conduta própria que
viabiliza significar o conhecimento e não mais, apenas acumulá-lo. A atitude dos
profissionais da escola está pautada no conhecimento de onde encontrar as informações
adequadas àquela comunidade e àquele aprendiz, envoltos em uma metodologia que deve
transformar em aprendizagem as vastas experiências sociais.
Para que os objetivos da escola sejam atingidos, é necessário que o aprendiz esteja
em condição de assumir o seu saber, a sua autoria, a sua autonomia, a sua capacidade
produtiva e participativa.
Ao ensinar uma criança ou um adolescente, a escola promove situações em que se
desenvolvam valores, idéias, comportamentos fundamentados numa raiz pautada em uma
moral, em sentimentos que repercutem em comportamentos adequados e sadios.
Tanto a escola quanto a família educam para que o sujeito em posse de seus
instrumentos sociais possa ser adequado e feliz e, como conseqüência desse estado de
espírito, gere economia e desenvolvimento.
Para Tania Zagury (2002 p.214)
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“ Não podemos nunca esquecer que nossos filhos aprendem talvez mais com o nosso exemplo do que
com a nossa fala.” (ZAGURY,2002,p,214)
Tanto a família quanto a escola desejam a mesma coisa: preparar as crianças para o
mundo; no entanto, a família tem suas particularidades que a diferenciam da escola, e suas
necessidades que a aproximam dessa mesma instituição. A escola tem sua metodologia e
filosofia para educar uma criança, no entanto, ela necessita da família para concretizar o seu
projeto educativo.
As duas instituições, família e escola, quanto mais se diferenciam, mais necessitam
uma da outra.
O psicanalista francês Jacques Lacan define assim a família:
“Entre todos os grupos humanos, a família desempenha um papel primordial na transmissão
de cultura. Se as tradições espirituais, a manutenção dos ritos e dos costumes, a conservação
das técnicas e do patrimônio são com ela disputadas por outros grupos sociais, a família
prevalece na 10 educação, na repressão dos instintos, na aquisição da língua acertadamente
chamada de maternas. Com isso, ela preside os processos fundamentais do desenvolvimento
psíquico.”
Lacan considera três pontos fundamentais para comprovar que a família preside os
processos fundamentais do desenvolvimento psíquico da criança:
X Educação primária: A família é responsável pelo modelo que a criança terá em termos
de conduta no desempenho de seus papéis sociais e das normas e valores que controlam
tais papéis.
X Repressão dos desejos: A criança estrutura seu ego (a base consciente de seu
psiquismo) durante o período de desenvolvimento, que vai do nascimento até a
puberdade. Esse período em que o seu ego está em formação (portanto frágil) é passado
junto à família. O ego frágil da criança não tem condições de evitar as exigências de
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prazer que provem do inconsciente e tais exigências, muitas vezes, não está de acordo
com as normas culturais como é o caso do incesto, que é proibido pela nossa
civilização.
X Aquisição da linguagem: É na família que a criança adquire a linguagem. Essa
aquisição é a condição básica para que ela “entre” no mundo. Ela depende da linguagem
para comunicar-se com os outros e também para entender a si mesma. Através da
linguagem, a criança passa a ter um controle racional da realidade que, por sua vez, irá
estruturar o seu psiquismo, dando significado aos seus sentimentos.
As primeiras experiências educacionais da criança geralmente são proporcionadas
pela família. Os sentimentos que os pais têm em relação à criança, durante os anos
anteriores à escola, são de fundamental importância para o desenvolvimento posterior da
criança e para sua aprendizagem escolar. Esses sentimentos contribuem para que a criança
desenvolva o conceito de si própria (o autoconceito), o conceito de mundo e de seu lugar no
mundo.
De acordo, com Içami Tiba (2002,p,180)
“A educação com vistas a formação do caráter, da auto-estima e da personalidade da criança ainda é,
na maior parte, responsabilidade dos pais.”(TIBA,2002,p,180)
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Capítulo II ESCOLA
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ESCOLA X Educação Escolar – Um Pequeno Histórico
A Escola nem sempre existiu. Nas sociedades pré-históricas (anteriores a escrita),
como entre os grupos indígenas que ainda existem em muitas áreas do Terceiro Mundo, não
existem escolas, nem professores. A educação se faz pela convivência das crianças com os
adultos na vida diária da comunidade, no trabalho para a sobrevivência (caça, pesca,
agricultura), nas cerimônias coletivas e nas histórias dos antepassados contadas pelos mais
velhos. Todo adulto é professor e a educação resulta da prática e da experiência.
A separação da escola em relação à vida normal do dia-a-dia começou na Idade
Média (476-1453). A atividade de ensinar tornou-se especializada, desenvolvendo-se em
espaços apropriados. Os filhos dos nobres aprendiam, nos próprios castelos, as artes da
cavalaria, a importância da honra, das boas maneiras, etc. Alguns filhos de trabalhadores da
terra freqüentavam as escolas paroquiais, onde aprendiam principalmente princípios
religiosos e morais, algumas noções matemáticas e regras gramaticais da linguagem latina.
Com a Revolução Industrial, a partir da segunda metade do século XVIII, a
burguesia intensificou seu domínio. Como conseqüência, a escola da nobreza, do tempo do
feudalismo, foi sendo substituída por uma escola mais moderna. Enquanto a primeira dava
mais importância ao saber literário (latim) e a filosofia, a segunda começou a dar ênfase as
disciplinas científicas. O desenvolvimento industrial provocou o surgimento da classe
operária. Vários fatores, como a necessidade de trabalhadores mais qualificados e a
urbanização crescente, exigindo cidadãos mais “educados”, levaram a burguesia a
convencer-se de que os trabalhadores precisavam de alguma instrução. Foi assim que a , ao
lado da escola da burguesia, surgiu a escola dos operários. A primeira levava até a
2 universidade, preparando os futuros dirigentes; a segunda limitava-se ao ensino primário,
concentrando-se no ensino do ler, escrever e contar. Mais tarde, principalmente no início
deste século, os trabalhadores puderam freqüentar escolas profissionais.
Mas os trabalhadores começavam a lutar pelo direito à educação, pelo acesso ao
ensino público gratuito e obrigatório. Foi assim que, aos poucos, foi sendo estabelecida a
obrigatoriedade de freqüência à escola por um número sempre maior de anos. Assim foi no
Brasil, até a situação atual, em que o ensino é obrigatório dos sete aos quatorze anos.
Içami Tiba (2002,p,180), relata:
“Atualmente o contato social é muito precoce. Ainda sem completar a educação familiar, a criança já
está na escola. O ambiente social invade o familiar não só pela escola mas também pela TV, internet,
etc. Não se obedece mais a ordem: primeiro o indivíduo, depois a família, por último a sociedade.
As crianças tem dificuldade de estabelecer limites claros entre a família e a escola, principalmente
quando os próprios pais delegam à escola a educação dos filhos.
A escola é a agência especializada na educação das novas gerações. Sua finalidade
específica é colocar à disposição dos alunos, através de atividades sistemáticas e
programadas o patrimônio cultural da humanidade. Pressupõe-se que esse patrimônio, no
que tem de mais importante, esteja concentrado nas matérias escolares. Entretanto, nem
sempre isso acontece, já que o currículo escolar, geralmente não inclui experiências
humanas mais significativas, mas parcelas dessas experiências, aquelas parcelas que mais
interessam aos grupos dominantes.
Apenas um exemplo: por que se dá tão pouca importância à arte, que desenvolve a
sensibilidade, e tão grande importância a matérias que se baseiam na memorização de
conhecimentos ?
2 Os métodos utilizados pela escola para cumprir sua finalidade específica são
bastante variados: incluem desde métodos autoritários e unilaterais, que se baseiam na
transmissão pura e simples da matéria pelo professor, até métodos em que a aprendizagem
se faz a partir das próprias experiências dos alunos, em que estes, ao invés, de receber
passivamente conhecimentos prontos, elaboram seu próprio conhecimento da realidade.
As crianças precisam sentir que pertencem a uma família. Elas carregam esse maior
dentro de si para onde forem, inclusive nos seus primeiros passos na escola.
A escola por outro lado percebe facilidades e dificuldades na criança que me casa
não eram observadas, muito menos avaliadas.
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Capítulo III
FAMÍLIA E ESCOLA
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FAMÍLIA E ESCOLA
UMA PARCERIA POSSÍVEL
Ü Como Iniciar Essa Relação
Existem diversas oportunidades de abrir a escola à comunidade, porém, é preciso
que a mesma tenha um bom projeto para que todos se sintam responsáveis, facilitando
assim o acesso das famílias à instituição escolar.
É necessário valorizar a comunidade, construir com ela um projeto pedagógico,
ouvi-la na avaliação institucional, prestar contas do trabalho realizado, abrir-lhes a porta
para ações educativas que atendam as suas necessidades.
Um passo importante para iniciar essa relação, é reconhecer o lugar no qual a escola
está inserida e detectar questões de interesse da comunidade, pois quanto maior for a
parceria entre a escola e comunidade, na definição de objetivos, estratégias e na
consolidação de um projeto pedagógico, maior será a possibilidade de oferecer aos alunos
um ambiente favorável ao desenvolvimento de potencialidades, por outro lado se pais e
comunidade não compreenderem a proposta pedagógica da escola, será difícil colocá-la em
prática.
Paro(2001, p. 17), relata:
“A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho
que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de se refletir previamente a
respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a aça.” (PARO,
2001, p. 17 – 18 ).
2
Se a escola fosse encarada apenas como transmissora de conhecimentos, ela estaria
ultrapassando os limites de seu papel, abrindo a escola para a comunidade, mas como a
escola é formadora de conhecimentos essa parceria torna-se muito importante.
A Utilização de Recursos na Aproximação
Uma das estratégias para trazer a comunidade até a escola é elaboração do Projeto
Político Pedagógico.
O Projeto Político Pedagógico é um instrumento de trabalho que mostra o que vai
ser feito, explicitando a filosofia da escola em consonância com as diretrizes da Educação
Nacional, é uma expressão que traduz a autonomia da mesma e o seu compromisso com a
clientela para qual destina o seu ensino, é o plano global da instituição que envolve a
construção coletiva do conhecimento. Como Vasconcellos (2000, p.169) define, é um
instrumento teórico metodológico para a intervenção e mudança da realidade, elemento de
organização e integração da atividade prática da instituição neste processo de
transformação. É político, por estar articulado ao compromisso sócio-político com os
interesses reais e coletivos da população majoritária. É pedagógico, no sentido de definir as
ações educativas e as características necessárias para cumprirem seus propósitos e sua
intencionalidade.
Como coloca Veiga (2001, p. 13):
“Político e Pedagógico têm assim uma significação indissociável. Nesse sentido é que se
deve considerar o projeto político-pedagógico como um processo permanente de reflexão e
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de discussão dos problemas da escola, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua
intencionalidade.” (VEIGA, 2001, P. 13)
Dessa forma, as características que devem pautar um projeto político pedagógico
são: estabelecer uma direção, uma intencionalidade, ou seja, para onde deseja ir; refletir
sobre a concepção da escola e sua relação com a sociedade, que tipo de escola, qual a
realidade da sua comunidade escolar; contemplar a qualidade do ensino nas dimensões
indissociáveis, formal ou técnica e política; direcionar o tipo de ensino mantendo a
qualidade; implica um esforço coletivo e participativo, onde todos que fazem parte da
comunidade escolar sejam estimulados a participar e colaborarem na sua construção;
definir ações necessárias para que os propósitos sejam cumpridos, checando onde se deseja.
De acordo, com Gadotti (2000, p. 37):
“Todo projeto supõe rupturas com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa
tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade
e buscar uma nova estabilidade em função da promessa que cada projeto contém de estado
melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado frente a determinadas
rupturas. As promessas tornam-se visíveis, os campos de ação possíveis, comprometendo
seus atores e autores.” (GADOTTI, 2001,P.37)
De acordo com Neves (2001, p.118), o projeto político pedagógico deve ser
relevante à sociedade, exigindo dos cidadãos a capacidade de participar e a autonomia para
buscar aprender constantemente.
Antes de iniciar a elaboração do projeto, deve ser feito um trabalho de
sensibilização e preparação com a comunidade escolar, apresentando a visão geral da
proposta de trabalho, motivando e mobilizando-a para com essa proposta, a fim de que os
sujeitos percebam o seu sentido. Essa questão do sentido, é importante que esteja bem
2 esclarecida, não bastando que o indivíduo esteja fazendo, mas sim, o que esteja envolvido
com o que está fazendo.
A decisão coletiva dá seqüência à sensibilização, corresponde ao momento de
decidir a realização, de definir outros aspectos quanto ao grau de elaboração do projeto
político pedagógico.
“´(...)´ nível de abrangência (sistema, plano global, planos setoriais de serviço,
departamentos); nível de participação dos sujeitos da comunidade educativa (professores,
funcionários, pais, comunidade local, mantenedora, equipe de coordenação e direção), bem
como a forma (direta ou através de representação), nível de complexidade da elaboração
(plano de médio prazo, curto prazo; objetivo geral – específico x programa- projeto;
política- estratégia x linha de ação).” (VASCONCELLOS, 2000, p.176).
Conclui-se, então, que o projeto político pedagógico ao mesmo tempo que exige dos
educadores, funcionários, alunos e pais a definição clara do tipo de escola que intentam,
requer a definição de finalidades para o processo educativo. Assim, todos juntos irão definir
o tipo de sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar.
Assim, é necessário que os pais e a comunidade compreendam a proposta
pedagógica da escola, facilitando assim a prática do trabalho, com isso a participação deles.
Outros recursos que podem ser utilizados nessa aproximação, são: os planejamentos,
tanto o curricular, quanto o global e os processos de comunicação.
As funções do colegiado escolar são decidir as ações, planos e destino dos
programas e recursos, os quais, são aplicados na instituição escolar.
Como uma proposta que pressupõe uma parceria com a família, é necessário realizar
um trabalho orientado para explicar aos pais o funcionamento pedagógico de modo que, ao
longo dos anos, eles possam reconhecer nas diferentes decisões pedagógicas, a essência e
os princípios norteadores do projeto pedagógico.
2
QUADRO NORTEADOR PARA O PLANEJAMENTO DO TRABALHO DE PAIS
Ciclos Conceitos que Estruturam o Projeto Situações Escolares de Referência
1 Aprendizagem e desenvolvimento Aquisição da fala, desenho, jogo. Língua escrita X escrita (letramento) Jogos e matemática
2 O papel do estudante
Processo de alfabetização Representação e conceitualização do sistema de numeração decimal Lições de Casa
3 Construção X Transmissão Projetos e didáticas específicas O papel da memória Conceitos, procedimentos e atitudes
4 Autonomia e Cooperação
Ritual de passagem Aprender a estudar Tematização do processo de avaliação Trabalho em grupo
5 Inserção Social
Apresentações Atividades integradas com outros ciclos Projetos sociais Avaliação: saber, saber mostrar que sabe
EM Responsabilidade estudantil e as escolhas. Trabalho Intelectual Teórico
Projetos Especiais / Monografia Monitoria
As Dificuldades da Aproximação
Para criar vínculos com os pais, a instituição escolar tem de admitir que irão ocorrer
divergências, por esse motivo, é necessário que haja um bom projeto pedagógico, pelo qual
todos se sintam responsáveis. É válido também colocar em discussão, questões de interesse
comum e tomar iniciativas que considerem suas necessidades.
É comum encontrar dificuldades nessa aproximação e relação com os pais. A maior
dificuldade é a nossa tradição de escolas fechadas, distantes de tudo e de todos, pois
também é muito difícil expor as fraquezas e dificuldades. Para resolver esse impasse, é
2 necessário dar a todos os trabalhadores da escola subsídios e capacitação para que eles se
sintam seguros com uma nova visão da escola. Outras dificuldades encontradas são: a
transferência da responsabilidade de educar da família para a escola. Os pais não percebiam
que a escola era um espaço público, sobre o qual tinham direitos. Aqui no Brasil as escolas
estão mais vinculadas ao sistema de ensino do que os pais.
Segundo Paro (2001, p. 20):
“Com relação aos interesses dos grupos, há certa concepção ingênua que toma a escola
como uma grande família, onde todos se amam e, bastando um pouco de boa vontade e
sacrifício, conseguem viver harmoniosamente e sem conflito.” (PARO,2001, p. 20)
Muitas vezes a realização de festas e outros eventos são maneiras de atrair os pais e
proporcionam essa aproximação estabelecendo vínculos afetivos que garantem um maior
envolvimento com o cotidiano escolar, porém, quando a comunidade participa ativamente
desse cotidiano, essa integração provoca mudanças. Por outro lado, o pai que tem a visão de
que a escola é o ambiente formador de seu filho é o que mais se interessa pela que acontece
em sala de aula.
Pode-se dizer que a aproximação escola-comunidade tem um efeito positivo e
facilita muito o processo ensino-aprendizagem. Para os educadores é uma oportunidade de
conhecer melhor a comunidade e refletir mais sobre sua prática.
Quando a comunidade entende que a escola não é do diretor, do professor e sim de
todos, ela passa a abraçar sua causa, assim estreita os vínculos e transforma a escola em
ambiente formador de cidadãos, aperfeiçoando o processo democrático. Além disso permite
trabalhar com os alunos a questão da solidariedade, respeito e ética de uma maneira mais
ampla saindo dos limites da escola, o que favorece a construção da cidadania e o
aperfeiçoamento da democracia.
2
PARA QUÊ A ESCOLA CHAMA OS PAIS ?
Obter Informações
Para que os pais nos ajudem a conhecer melhor os filhos e, portanto
melhorar nossos encaminhamentos;
Para verificar se há novos acontecimentos na família que justifiquem
mudanças bruscas no comportamento dos alunos.
Solicitar ajuda
Especializada
Para mostrar aos pais que a criança necessita de ajuda especializada;
Para informar sobre o contato com os especialistas que tratam o
aluno.
Dar Informações
Para tranqüilizar os pais em relação a comportamentos novos e
comuns à faixa etária;
Para anunciar os encaminhamentos que serão ou estão sendo dados.
Orientar ou estabelecer
procedimentos comuns
casa/escola
Quanto a:
- questões gerais da idade
- lições de casa e organização
- conflitos interpessoais na escola
- questões ligada aos aspectos pedagógicos
2
PARA QUÊ OS PAIS PROCURAM A ESCOLA ?
Queixar-se do trabalho pedagógico O professor não agiu de forma adequada;
O filho não está aprendendo tal coisa.
Obter informações Como o filho “está indo” na escola.
Dar informações
Sobre vida familiar;
Sobre mudanças significativas no
comportamento dos filhos
Solicitar orientação Sobre o que fazer nas situações de conflito
Sobre o crescimento dos filhos.
Reclamar da instituição Infra-estrutura – entrada e saída
2
CONCLUSÃO Durante a história da educação brasileira, todo processo educacional esteve atrelado as conjunturas sócio-
político e econômica do contexto vigente, predominando o aspecto autoritário que marcou as relações coloniais,
escravistas e ditatoriais. Assim, pode-se compreender a dificuldade de que as diversas instituições educacionais sentem
em transformar as suas estruturas administrativas e pedagógicas em conformidade com o sistema vigente.
De maneira geral, o Projeto Político Pedagógico, é relevante à sociedade, pois
necessita da participação de toda a comunidade escolar, após um trabalho de sensibilização
com a mesma, facilitando assim a sua aproximação com a instituição escolar. Os
planejamentos, tanto os curriculares, quanto os específicos, também são essenciais para
facilitar essa relação, pois, também são recursos importantes para essa relação fluir de
modo profissional.
Conforme foi estudado nos capítulos anteriores pode-se perceber que é necessário
que a instituição escolar valorize a comunidade e abra a porta para ações educativas que
atendam as necessidades pessoais e culturais do educando.
A família por sua vez é responsável pela conduta social, normas e valores do aluno,
desenvolvendo nele o conceito de si, de mundo e do seu lugar no mundo.
Conclui-se, então que a parceria entre família e escola, contribui para uma aprendizagem de qualidade.
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BIBLIOGRAFIA
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TIBA, Içami. Quem ama, educa!.4ed. São Paulo: Gente,2002
ZAGURY, Tania. Educar sem culpa: A gênese da ética. 18ed. Rio de Janeiro: Record,2002
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ÍNDICE
Ü Introdução 07 Ü Capítulo I – Família 09
Suas Mudanças Durante os Tempos
Ü Capítulo II – Escola 15 Educação Escolar – Um Pequeno Histórico
Ü Capítulo III– Família & Escola 19
A Participação dos Pais e das Mães no Centro Educativo Família e Escola – Uma Parceria Possível Como iniciar esta relação A utilização de recursos na aproximação As dificuldades da aproximação
Ü Conclusão 27
Ü Bibliografia 28
Ü Índice 29
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