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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇAO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A RELAÇÃO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
DANIELLE SILVA DE OLIVEIRA
ORIENTADORA: MARIA POPPE
RIO DE JANEIRO
JANEIRO / 2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇAO “LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE
A RELAÇÃO DA FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO ESCOLAR
Monografia apresentada `a Universidade
Cândido Mendes – Projeto “Vez do
Mestre” – como requisito parcial à
obtenção do grau de Especialista em
Psicopedagogia.
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AGRADECIMENTOS
Um agradecimento especial em primeiro lugar a Deus. À
minha família que me deu todo apoio na realização deste
trabalho.
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DEDICATÓRIA
Dedico o êxito deste trabalho à minha querida
professora Maria Poppe que esteve me orientando e
auxiliando sempre que necessário.
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RESUMO
Esta pesquisa tem o objetivo de relatar a importância que a família tem no
processo de aprendizagem de seus filhos.
Nos dias atuais, os educadores sentem a ausência da família na educação
escolar de seus filhos, percebendo assim a necessidade de criar projetos, atividades
que consigam uma aproximação e dedicação maior por parte da família junto a
escola.
Com o objetivo de embasar teoricamente a pesquisa são discutidos três
temas fundamentais: A importância da família no processo da aprendizagem; A
escola na interação familiar e as Estratégias de aproximação entre família e escola.
É na família que o homem se faz como sujeito através da vivência dos processos de
experiências, repressão e simbolização. Tal vivência está marcada pelos aspectos
inconscientes e pelo afeto contido no âmbito das relações familiares.
O papel da família é fundamental, pois é ela quem decide, desde cedo, o
que seus filhos precisam aprender, quais as instituições que devem freqüentar entre
outras necessidades.
É importante que os pais participem de todas as reuniões da escola, que estejam
atentos como está o processo de ensino - aprendizagem, como também suas
relações com os outros, podendo assim orientar as crianças de uma forma paralela
junto a escola.
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METODOLOGIA
Com o intuito de enriquecê - la, a presente Monografia utilizou - se da
Pesquisa Bibliográfica para levar a um conhecimento mais profundo e abrangente
sobre a relação da família na educação escolar.
Utilizando as opiniões de vários autores como base para levar à resposta ao
problema proposto.
Os autores apresentam suas linhas de pensamento, analisam a família como
o primeiro vínculo social da criança, proporcionando as primeiras experiências
educaionais à criança, no sentido de orientá - la e dirigi-la.Tais experiências
resumem-se num treino que, algumas vezes, é realizado no nível consciente, tuas
que, na maior parte das vezes, acontece sem que os pais tenham consciência de
que estão tentando influir sobre o comportamento dos filhos.
Como afirma Lindgren, este tipo de aprendizagem e ensino em diferente
níveis de consciência dá-se durante todo o tempo, dentro ou fora da escola. Os pais
e os professores estão sempre ensinando simultaneamente em diferentes níveis de
consciência, e as crianças estão sempre aprendendo em diferentes níveis. As coisas
ensinadas ou aprendidas conscientemente podem ou não ser importantes e podem
ou não fixar-se”
Ainda segundo esse autor, “o que é ensinado e aprendido
inconscientemente tem mais probabilidade de permanecer “.No exemplo citado por
elle, um estudante pode esquecer muitas das noções que aprendeu com alguns
professores,mas lembra o tipo de pessoas que eram e as atitudes que tinham em
relação a ele.
Na família ocorre o mesmo. A criança retém definitavamente os sentimentos
que seus pais têm em relação a ela e á vida em geral. Esses sentimentos serão a
base para o conceito que ela formará de si própria (autoconceito) e do mundo. Uma
criança que é desprezada aprende a desprezar-se; uma criança queé amada e
aceita, tenderá a desenvolver atitudes positivas para a formação do seu
autoconceito.
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Segundo Gagné,”dizem que a experiência é o maior dos mestres; isto
significa, que os acontecimentos vividos pelo indivíduo em desenvolvimento - em
sua casa, em seu meio geográfico, na escola e em seus vários ambientes sociais –
determinarão o que ele vai aprender e: também, em grande parte, a espécie
de pessoa que se tornará”.
Na escola, o professor deve estar sempre atento ás etapas do
desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem
e calçando seu traabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. Como afirma
Rogers, “ele deverá estabelecer com seus alunos uma relação de ajuda, atento para
as atitudes de quem ajuda e para a percepção de quem é ajudado.”
É de suma importãncia, portanto, que o professor conheça o processo de
aprendizagem e esteja interessado nas crianças como seres humanos em
desenvolvimento. Ele precisa saber o que seus alunos são fora da escola e como
são suas famílias.
Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata - o com
compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve na criança a capacidade de
procurar dentro de si mesma as respostas para os seus problemas, tornando - a
responsável e, consequente, agente do seu próprio processo de aprendizagem.
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 9
CAPÍTULO 2 25
CAPÍTULO 3 40
CONCLUSÃO 63
BIBLIOGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIAÇÃO 66.
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Capítulo 1
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO
APRENDIZAGEM
A longo da história brasileira a família veio passando por transformações
importantes que relacionavam-se com o contexto sócio-econômico-político do país.
No Brasil - Colônia, marcado pelo trabalho escravo e pela produção rural para a
exportação, identificamos um modelo de família tradicional, extensa e patriarcal;
onde os casamentos baseavam-se em interesses econômicos, que à mulher, era
destinada a castidade, a fidelidade e a subserviência.
Aos filhos, considerados extensão do patrimônio do patriarca, ao nascer dificilmente
experimentavam o sabor do aconchego e da proteção materna, pois eram
amamentados e cuidados pelas amas de leite.
A partir das últimas décadas do século XX, identifica-se um novo modelo de
família. A proclamação da República, o fim do trabalho escravo as novas práticas de
sociabilidade com o início do processo de industrialização, urbanização e
modernização do país constituem terreno fértil para a proliferação do modelo de
família nuclear burguesa, originário da Europa. Trata-se de uma família constituída
por pai, mães e poucos filhos.
O homem continua detentor da autoridade e “rei” do espaço público;
enquanto a mulher assume uma nova posição: "rainha do espaço privado da casa”.
Desde cedo, a menina é educada para desempenhar seu papel de mãe e esposa,
zelar pela educação dos filhos e pelos cuidados com o lar.
No âmbito legal, a Constituição Brasileira de 1998,aborda a questão da
família nos artigos 5 ,7 ,201,208 e 226 a 230.Trazendo algumas inovações (artigo
226) como um novo conceito de família: união estável entre o homem e a mulher ( 3
) e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes ( 4 ).E ainda
reconhece que: os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos
igualmente pelo homem e pela mulher ( 5 ).
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Nos últimos vinte anos, várias mudanças ocorridas no plano sócio-político-
econômico relacionadas ao processo de globalização da economia capitalista vem
interferindo na dinâmica e estrutura familiar e possibilitando mudanças em seu
padrão tradicional de organização. As mais evidentes são:
- queda da taxa de fecundidade, devido ao acesso aos métodos contraceptivos e de
esterilização;
- tendência de envelhecimento populacional;
- declínio do número de casamentos e aumento da dissolução dos vínculos
matrimoniais construídos, com crescimento das taxas de pessoas vivendo sozinhas;
- aumento da taxa de coabitações, o que permite que as crianças recebam outros
valores; menos tradicionais;
- aumento do número de famílias chefiadas por uma só pessoa principalmente por
mulheres, que trabalham fora e têm menos tempo para cuidar da casa e dos filhos.
Ademais é preciso ressaltar que essas mudanças não devem ser encaradas
como tendências negativas, muito menos como “doenças” ou sintomas de “crise”. A
idéia de crise, atualmente em voga, pode ser enganosa. A aparente desorganização
da família é um dos aspectos de reestruturação que ela vem sofrendo, a qual se, por
um lado, pode causar problemas, pode, por outro, apresentar soluções. Trata-se,
pois, de um processo contraditório que, ao mesmo tempo que abala o sentimento de
segurança das pessoas, com a falta ou diminuição da solidariedade familiar,
proporciona também a possibilidade de emancipação de segmentos
tradicionalmente aprisionados no espaço restritivo de muitas sociedades conjugais
opressoras... Com ele, também, os papéis sociais atribuídos diferenciadamente ao
homem e à mulher tendem a desaparecer não só no lar, mas também no trabalho,
na rua, no lazer e em outras esferas da atividade humana.
Embora a cada momento histórico corresponda um modelo de família
preponderante, ele não é o único, ou seja, concomitante aos modelos dominantes de
casa época, existiam outros, com menor expressão social, como é o caso das
famílias africanas escravizadas.
Além disso, o surgimento de uma tendência não eliminava imediatamente a outra,
prova disto é que neste início de século pode-se identificar a presença do homem
patriarca, na mulher “rainha do lar” e da mulher trabalhadora. Assim, não pode-se
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falar de família, mas de famílias, para que possa tentar contemplar a diversidade
de relações transformam-no em interesse de corporações.
Um problema pouco pensado pelos educadores é a maneira como a Escola
se tornou um meio de isolar as crianças durante um período de formação tanto
moral quanto intelectual, de adestrá-las graças a uma disciplina mais autoritária e,
desse modo separá-las da sociedade dos adultos. O fenômeno foi estudado pela
primeira vez, com detalhes, pelo historiador Philipe Aries, que desenhou um
meticuloso quadro desta transformação e indicou a ligação estreita da ação dos
reformadores religiosos dos séculos X-VI e XVII com o afastamento das crianças da
comunidade dos adultos.
Mas foi somente durante o século XIX que mobilizadores políticos e
reformadores sociais conseguiram implantar a concepção de Escola, tal como a
conhecemos hoje, impondo a idéia de que a comunidade local, a família e a igreja
eram obstáculos para a homogeneização da sociedade que se pretendia transformar
em nacional. A família, em especial, em razão de sua enorme influência emocional,
passou a ser considerada perigosa por inculcar, por meio da aquisição da língua
materna ou da manipulação das expressões locais, dos símbolos particulares, das
crianças religiosas e das relações de parentesco, modos de pensar e de atuar que
se transformavam em hábitos contrários à idéia de “uma comunidade de
sentimentos e interesses que assegura o respeito aos direitos do homem e do
cidadão”. Ou seja, os ideais de Educação que se conhece hoje foram divulgados e
colocados em prática pelos mesmos mobilizadores políticos responsáveis pela
“invenção do cidadão”, no século XIX.
Pois é preciso lembrar que não se tem conhecimento de registro histórico da
procura espontânea do “povo” pela instituição escolar. O que se conhece são contos
exemplares narrando as vantagens da educação com disciplina exercida longe da
vida familiar e com as crianças separadas por idade. São poucos os estudos que se
interessaram em compreender as ações que levaram os cidadãos a aceitar a
instituição escolar, junto às demais que compõem hoje a idéia do direito de
cidadania. Mas não faltam registros sobre o processo de intervenção do Estado
Nacional para a concretização desse direito.
Estas intervenções surtiram efeito porque foram acompanhadas do trabalho
coletivo da gestão da família, tanto material (imposição de documentos de
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identidade, mencionando o sobrenome, a data de nascimento, estado matrimonial,
nome dos pais, etc.),quando simbólica (a idéia de a família ser a salvaguarda da
nação, e a de que o bom filho, bom pai, bom esposo é também o bom cidadão).A
gestão tornou a forma do direito da família, de codificação de práticas de
puericultura, médico-pedagógicas e da mobilização de agentes encarregados de
elaborar e fazer aplicar as leis da família, de difundir e expandir os serviços de
saúde, além de promover o desenvolvimento dos órgãos estatísticos incentivaram a
prática de formular os índices necessários à ação das pessoas encarregadas de
legitimar e naturalizar a intervenção estatal, unificada com o nome de política
familiar, política social ou política educacional. Uma política racional, científica,
baseada no formalismo jurídico e voltada para a resolução dos “problemas sociais”,
isto é, para o que está constituído, num momento dado, como “crise” do sistema
social.
Na Europa, essa intervenção estatal data do século XIX. No Brasil, o marco
é a década de 30 deste século, durante o Governo Getúlio Vargas. No que tange ao
Código Civil, sua promulgação é datada de 1916.Hoje esta intervenção é
considerada natural, e a experiência escolar é tratada como qualquer experiência
escolar é tratada como qualquer experiência necessária à vida.
A Escola exerce, na mentalidade contemporânea, a função genérica de
educar. A Família, definida de maneira explícita pelo código civil, ou implícita nos
questionários do IBGE, é considerada normal quando preenche os modelos oficiais
e idealizados das relações humanas.
A hipótese estudada pelo Grupo de Pesquisa Instituição Escolar e
Organizações Familiares FOCUS, na Faculdade de Educação, é a de que a
dificuldade para enfrentar o “Problema educacional”, ou a “crise da família”, está no
fato de ela se encontrar diante de representações preestabelecidas induzindo uma
maneira de apreendê-la e de concebê-la. Toma-se muito difícil superar essas pré-
noções, pois elas são utilizadas para os usos correntes da vida.
E neste sentido que a reflexão se volta para a maneira como os diversos
especialistas da área social e econômica se utilizam dos dados extraídos dos órgãos
governamentais para representar e gerar a idéia da família e da educação escolar
como o grande problema da atualidade. Ora tanto a Família quanto a Escola sofrem
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na interação de muitos campos de atividades concorrentes, interessados em obter
o controle do ato de educar em nome da normalidade pública.
A escola tem que adotar uma linguagem que favoreça a aproximação das
diferentes culturas e criar um ambiente verdadeiramente receptivo para a
participação ativa dos pais, de modo que eles possam se sentir aceitos, conhecer e
compreender o trabalho realizado e a forma como podem contribuir para essa tarefa.
A escola deve ser um espaço de valorização tanto da informação, como da
formação de seus alunos, dentro de uma vida de grupo. A escola como instituição
busca através de seu ensino, que seus alunos possam assumir a responsabilidade
por este mundo. O que ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade só
poderá advir, através do enlaçamento entre conhecimento, e ação, entre o saber e
as atitudes, entre os interesses individuais e sociais. A escola, como um novo
modelo, irá ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experiências
com uma outra lente, que não a familiar, o que alterará os significados já
conhecidos.
A escola pública tem mais fortemente, então, a responsabilidade da
apresentação de conceitos e conteúdos herdados de nossa cultura, pois muitas
crianças só terão acesso a esta herança, através de sua passagem pela escola, que
deve então, abrir caminhos de acesso à cultura de maneira igualitária para todos e
neste sentido, lutar contra os privilégios de uma classe social. Todo educador
enquanto mediador do vínculo entre aluno e a cultura, entre a escola e a família,
está mergulhados e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos
dominados.
Existem escolas que trabalham visivelmente mais atadas ao objetivo de
reprodução dos valores e ideologias dominantes, outras que tem uma posição mais
crítica, mas todas assumem posições políticas, pois a escolha dos conteúdos a
serem ensinados, o estilo e o método deste ensino, suas regras, sua maneira de
avaliar, de receber a família, e etc, traduzem os objetivos das instituições, deixando
claras as opções e desvelando seus interesses mais específicos. Os interesses das
famílias, por sua vez, foram acolhidos mais fortemente na escola brasileira, na
década de 60/70,atrvés do movimento de renovação pedagógica, que abriu uma
grande brecha para a entrada de um olhar mais psicológico no âmbito escolar,
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ampliando a atenção com cada criança, suas escolhas e desejos, seu tempo de
aprender, e etc.
Enfrentamos porém, conflitos decorrentes da situação vivida: passamos de
um valor centrado no conteúdo e no educador, para um valor centrado na criança e
em seu processo de aprender. O desafio das escolas hoje é sair dos extremos,
buscando valorizar tanto a informação, como a formação, tanto o educador como o
educando, tanto o método como os conhecimentos acumulados
historicamente, resgatando ainda, a importância do grupo na construção de
conceitos e valores.
A família acompanha e reage a todo este movimento, estando porém, pouco
consciente. Vai participar, opinar, reclamar, quando esta crise chega mais
claramente em seus interesses. Não se dá conta, no entanto, da sua parcela na
produção dos problemas dos quais se queixa, nem de sua dimensão. Seria
necessário então, clarear as responsabilidades, sem esquecer que o trabalho com
os jovens é em muitos aspectos de parecerias. É função da escola, fazer um
trabalho de pais que propicie a discussão dos interesses coincidentes, bem como
dos conflitantes. Assim, tanto a escola como a família, poderão verificar seu papel
no enfrentamento da crise que envolve a todos, ampliando as preocupações e
princípios, que possam unir em alguns pontos, duas instituições tão complexas.
A importância da participação da família na escola ficou evidente nos
resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb).
Realizado a cada dois anos, o Saeb mede o grau de aprendizagem dos alunos 4 e 8
séries do ensino fundamental e da 3 série do ensino médio. Foi comprovado que a
nota dos alunos é mais alta quando os pais possuem maior escolaridade ou são
mais atuantes na vida acadêmica de seus filhos.
A escola não pode e nem deve invadir o espaço da família, mas o contrário
também não pode acontecer. A família é o lugar da unidade, da continuidade, a
escola é o lugar da diversidade, da diferença.
A família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção
integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da
forma com vêm se estruturando.
É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais
necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes.
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Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu
espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários onde se aprofundam os
laços de solidariedade. É também em seu interior que se constróem as marcas entre
as gerações e são absorvidos valores culturais.
A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
A participação contribui para o crescimento do espírito de integração,
organização e cooperação, criando um ambiente favorável ao trabalho pedagógico.
A parceria importante da família com a escola é no sentido de estimular a
criança a se envolver ativamente na vida escolar, a ter curiosidade por aprender e
interpretar o mundo.
A melhoria no desempenho dos estudantes está associado ao envolvimento
dos pais com a escola e também na freqüência, A questão da família está colocada
dessas duas maneiras: na presença e na ação.
Quando se diz a participação dos pais está associada ao desempenho do
aluno, pode-se questionar se isso não estaria ligado a renda familiar. Alguns pais
podem ter um alto grau econômico e cultural, mas não tem tempo de conviver com
filho e transmitir a ele esse capital social da família. Por isso, o diferencial na
questão do resultado está na presença e na ação. Não basta ter boas condições
sócio-econômicas e culturais, é preciso que os pais, em sua rotina diária, gastem
tempo com o filho.
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A IMPORTÂNCIA DO CURRÍCULO NA RELAÇÃO
FAMÍLIA/ESCOLA
De uma concepção tecnicista e reducionista de currículo-associada
comumente a listagens de conteúdos tidos como universais e indispensáveis para
serem ensinados nas diferentes disciplinas - até a sua percepção como prática
social cotidiana que produz significados e dá sentido ao mundo, existe uma distância
semântica enorme, tradutora de diferentes olhares e perspectivas sobre a temática
curricular.
Não cabe desenvolver as diferentes correntes ou teorias curriculares, mas
chamar atenção para o fato de que os laços entre a escola e família se afrouxam ou
se estreitam em função, também, da concepção de currículo privilegiada no olhar de
quem percebe esta relação.
A questão para começar esta breve reflexão pode ser assim formulada: Que
concepção de currículo melhor contribui para consolidar, fortalecer a parceria entre
escola e família, entendida como um processo permanente de construção entre
atores diferentes mas com projetos coletivos comuns? Projetos esses que, ainda
que de forma diferenciada, expressam a intencionalidade da construção de uma
sociedade mais justa e democrática.
Um olhar sobre o currículo:
Uma possibilidade de resposta a esta questão consiste em explicar a
escolha do campo semântico construído em torno do termo currículo. Dependendo
do enfoque teórico adotado, estabelecem-se associações entre este e vários outros
conceitos dando visibilidade ao sentido que se lhe quer atribuir.
Dessa forma, pensar currículo associado apenas à técnica, ao planejamento
do que deve ser ensinado, às inúmeras diretrizes e documentos oficiais, ou pensá-lo
a partir da ampliação do campo conceptual e articulá-lo a outros conceitos como
cultura, representação, poder ou identidade, são posturas e escolhas cujas
implicações políticas e pedagógicas são bem diferentes. Elas traduzem a própria
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compreensão do significado de escola e das relações que esta instituição
estabelece com a sociedade na qual está inserida.
As tendências mais atuais hoje do campo do currículo vão no sentido de
privilegiar a inserção deste termo em uma rede conceptual mais ampla e complexa,
sem no entanto perder de vista a especificidade do espaço no qual ele é pensado e
produzido. Esta abordagem permite pensar o currículo escolar tanto em termos de
mudanças como de permanências.
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Em termos de mudança, pode-se destacar algumas evidências. Em
primeiro lugar, a associação entre currículo e cultura permite a ampliação da
noção de “conteúdos escolares”. Ao invés da conotação recorrente com “a
matéria a ser ensinada”, este novo olhar prefere relacionar os conteúdos
escolares com a noção de “elementos de cultura”, incluindo entre estes
elementos diferentes saberes, valores e comportamentos.
Em segundo lugar, a articulação entre
currículo/cultura/representação,em uma mesma rede de significados,
permite não só ampliar com também questionar a natureza e as condições
de produção desses conteúdos escolares. A idéia de representação social
vinculada sugere que o termo cultural está sendo significado na perspectiva
mais antropológica, relativista e pluralista, pela qual ele assume a conotação
de visões de mundo ou grades de leitura e de interpretação produzidas por
grupos sociais específicos em função dos seus interesses e possibilidades.
É nesse sentido que pensar e trabalhar com o currículo refletem as
diferentes visões de mundo dos atores envolvidos na produção dos saberes
escolares (autores de propostas curriculares ou livros didáticos, professores
e alunos).
O currículo, visto dessa forma, desmistifica a idéia de neutralidade
dos conteúdos disciplinares, reafirmando o seu aspecto seletivo, trazendo à
tona a discussão sobre os critérios adotados para a escolha deste ou
daquele conteúdo nas grades curriculares de uma determinada disciplina.
Quem decide o que ensina em Matemática, História ou Literatura? Existem
conteúdos universais que devem ser ensinados a todos?
Estas e outras tantas questões emergem no debate do campo
curricular e traduzem o terceiro aspecto inovador que merece ser apontado:
a assunção da dimensão política inerente às práticas pedagógicas e
expressa na inclusão do conceito de poder na rede de significados da qual
faz parte o termo currículo.
Pensando como uma construção histórica e social, o currículo traduz, assim,
os diferentes interesses em disputa, produzindo e reproduzindo as relações
sociais desiguais, assimétricas, que caracterizam as sociedades
contemporâneas. Através dele é possível legitimar e/ou contestar valores e
20
culturas . É produzir, reafirmar, negar ou selencionar identidades e
diferenças sociais.
Nesse sentido, o currículo se transforma igualmente em um
importante instrumento de negociação política entre os diferentes atores
envolvidos no processo de ensino-aprendizagem.
Uma outra dimensão inovadora consiste no fato de este novo olhar colocar
em evidência os limites de uma concepção de currículo centrada apenas na
sua dimensão formal, como um produto acabado e materializado nas
propostas curriculares. Pensar currículo a partir do campo prática social viva,
dinâmica e processual traduzida pelo conjunto de experiências produzidas e
vividas por professores e alunos no cotidiano da sala de aula. É nesse
sentido que se distingue o “currículo formal” do” currículo real”, este último
incorporando as noções de
incerteza,urgência,dinâmica,acaso,contigência,processo,pluralidade que
caracterizam o processo de ensino-aprendizagem a partir das condições
objetivas e subjetivas que estão postas.
Em termos de permanência, este novo olhar se caracteriza pelo fato
de que, apesar dos questionamentos sobre a natureza e função dos
conteúdos escolares, ele não nega a centralizasse e importância dos
mesmos nas discussões curriculares. O currículo é visto assim como o
conjunto de representações e práticas que se organizam em torno de
conhecimento escolar. Conhecimento esse produzido num espaço social
com funções sociais formativas e normativas, que precisam ser devidamente
consideradas. Assumir a não-neutralidade dos conteúdos escolares e as
suas implicações político-ideológicas e culturais não autoriza, no entanto,
cair em um relativismo radical que permite afirmar que qualquer saber ou
valor ético-cultural pode e deve ser ensinado nas escolas. Não se trata
negar a necessidade de selecionar os conteúdos escolares, mas sim de
explicitar os critérios desta seleção de forma consciente e em sintonia com o
projeto de escola e de sociedade no qual se acredita e pelo qual se luta.
Mas em que medida a parceria escola-família pode sair reforçada
quando se opta por uma concepção de currículo como esta acima
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privilegiada? Em que medida as mudanças e as permanências apontadas na
percepção deste novo olhar sobre o currículo podem estreitar esta parceria?
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Um novo olhar sobre a parceria escola/família
Pensar o currículo de forma contextualizada, ampliada e dinâmica
acarreta, em primeiro lugar, uma abertura dos canais possíveis de diálogo
entre o mundo da escola e o mundo da família, permitindo não apenas o
estreitamento desta parceria, mas igualmente, e principalmente, a
possibilidade de repensá-la a partir de outras bases.
Na medida em que os conteúdos escolares deixam de ser
percebidos como verdadeiros “pacotes de conhecimento universais a serem
digeridos” e passam a ser considerados como práticas culturais que se
manifestam no domínio da representação e leitura do mundo dos atores
envolvidos, eles permitem um novo olhar sobre as concepções de mundo do
aluno e do seu meio familiar, refletindo diretamente na forma de pensar esta
parceria.
Não se trata mais de pensar esta parceria apenas em termos de
gestão administrativa ou emergencial, mas sim de concebê-la e construí-la
também no momento da concepção de escola, da produção e/ou
reelaboração do projeto político-pedagógico, onde a questão do currículo
desempenha um papel central.
Os conhecimentos, valores, desejos e expectativas vindos dos
diversos horizontes familiares passam a integrar o campo dos saberes de
referência a serem considerados no momento da escolha dos conteúdos
escolares.
Ao invés de serem de serem desvalorizados culturalmente, ou
percebidos como obstáculos e handicaps à aprendizagem - como ocorre
com freqüência, em especial quando são produzidos nos meios
socioculturais mais desfavorecidos - esse cabedal cultural formado pelos
conhecimentos cotidianos, populares e/ou do senso-comum, podem ser
confrontados com os demais saberes - acadêmicos, científicos, disciplinares
- de forma a fazer do saber escolar produzido nas salas de aula algo mais
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significativo, mais prazeroso e mais libertador para todos os atores
envolvidos na prática educativa.
Os laços entre família e escola, assim considerados, vão além do
controle meramente burocrático ou da aquisição, pelos alunos, dos
conteúdos escolares.
Ao invés da família ser chamada ou convocada na escola apenas quando as
coisas não andam bem, ela passa a ser encarada como co-autora do projeto
de escola e consequentemente se envolvendo mais diretamente na
concretização do mesmo.
Para além desta mudança na perspectiva do planejamento mais
geral da própria instituição escolar, a concepção de currículo aqui
privilegiada permite ao professor organizar a sua prática pedagógica
cotidiana de sala de aula de forma mais dislógica e interativa com a
realidade dos seus alunos. As opções didáticas do professor partem de
critérios que “trazem a família” para dentro da sala de aula de forma positiva
e afirmativa, por aquilo que elas têm e que pode contribuir na construção do
conhecimento escolar. Não pelas ausências e carências que fazem desta
inclusão pretexto para mais uma forma de exclusão.
Ao quebrar as concepções hierarquias de saber, este novo olhar
sobre o currículo abre a possibilidade de valorizar outras formas de
conhecimento sem confundi-las, no entretanto, entre si. A valorização dos
saberes sociais oriundos dos meios familiares não deve ser confundida com
homogeneização dos papéis sociais atribuídos à família e à escola. E um
espaço que estabelece relações privilegiadas com o saber. Um espaço,
onde é possível para o/a aluno/a estruturar e sistematizar os saberes plurais
criados em outros lugares.
Esta concepção de escola e da “cultura escolar” defende que na escola os
saberes sociais dos alunos devem ser vistos muito mais como ponto de
partida do que como ponto de chegada. À escola e ao professor compete
organizar, sistematizar, complixificar esses conhecimentos, isto é compete
ensinar. Complexificar não no sentido de complicar, mas de facilitar aos
alunos a construção de novas grades de leitura do mundo por definição
extremamente complexo.
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Nesta perspectiva, o currículo é, sem dúvida, um elo importante e
indispensável na relação família e escola. Uma relação que, por ser selada
muito mais no domínio das representações e do simbólico, não é facilmente
perceptível e nem fácil de ser construída. No entanto, sem ela qualquer outra
modalidade de relação e parceria pode ficar seriamente comprometida. O
desafio está posto. O enfrentamento apenas começando.
25
CAPÍTULO 2
2.1 - A ESCOLA NA INTERAÇÃO FAMILIAR
É também em seu interior que se constróem valores culturais.
A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Como afirma Lindgren(1989, p.12), este tipo de aprendizagem e
ensino em diferentes níveis de consciência dá se durante todo o tempo,
dentro ou fora da escola. Os pais e os professores estão sempre ensinando
simultaneamente em diferentes níveis e as crianças estão sempre
aprendendo em diferentes níveis. As coisas ensinadas ou aprendidas
conscientemente podem ou não ser importantes e podem ou não fixar-se.
Ainda segundo esse autor “o que é ensinado e aprendido
inconscientemente tem mais probabilidade de permanecer”. No exemplo
citado por ele um estudante pode esquecer muitas das noções que
aprendeu com alguns professores, mas lembra o tipo de pessoas que eram
e as atitudes que tinham a ele.
Na família ocorre o mesmo a criança retém definitivamente os
sentimentos que seus pais têm em relação a ela é a vida em geral. Esses
sentimentos serão base para o conceito que ela formará de si própria (auto -
conceito) e do mundo. Uma criança que é desprezada aprende a desprezar-
se; uma criança que é amada e aceita, tenderá a desenvolver atitudes
positivas para a formação do seu auto- conceito.
Segundo Gagné(1990, p.209), dizem que a experiência é o maior
dos mestres, isto significa, que os acontecimentos vividos pelo indivíduo em
26
desenvolvimento em sua casa, em seu meio geográfico, na escola e em
seus vários ambientes sociais - determinarão o que ele aprender e também,
em grande parte, a espécie de pessoas que se tornará”.
Na escola, o professor deve estar sempre atento às etapas do
desenvolvimento do aluno colocando- se na posição do facilitador da
aprendizagem e calçando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no
afeto. Como afirma Rogers (1989, p.196), “ele deverá estabelecer com seus
alunos uma relação de ajuda e para a percepção de quem é ajudado”.
É de suma importância, portanto que o professor conheça o
processo de aprendizagem e esteja interessado nas crianças como seres
humano em desenvolvimento. Ele precisa saber o que seus alunos são fora
da escola e como são suas famílias.
Quando um educador respeita a dignidade do aluno e trata- o com
compreensão e ajuda construtiva, ele desenvolve na criança a capacidade
de procurar dentro de si mesma as respostas para os seus problemas,
tornando-a responsável e, consequentemente, agente do seu próprio
processo de aprendizagem.
Gokhale,(1980, p.36) acrescenta que a família não é somente o
berço da cultura e base da sociedade futura, mas é também o centro da vida
social... A educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de
apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for
adulto... A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o
desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
Para Márcia Argenti Perez (2002, p.16,17), os conflitos existentes
entre escola e família se da pelo tempo descontrolado em que vivemos,
27
“Mudanças que antes ocorriam em 100 anos agora acontecem em dez e
está muito difícil acompanhar as novas exigências sociais e culturais. Hoje
há uma confusão de papéis, cobranças para as duas instituições e novas
atribuições profissionais para você.” Parece haver, por um lado, uma
incapacidade de compreensão por parte dos pais a respeito daquilo que é
transmitido pela escola.
Vítor Paro (2003, p. 27), diz que existe uma falta de habilidade dos
professores em promover essa comunicação.
A escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os
pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,
problemas e também sobre questões pedagógicas. Só assim eles vão se
sentir comprometidos com melhoria da qualidade escolar. Muitas instituições
não informam a família sobre o trabalho desenvolvido e isso dificulta o
diálogo, “ou os pais cobram o que não deveria ser cobrado ou ficam
desmotivados e não participam de uma comunidade que não deixa claro
seus objetivos e dinâmicas”, afirma Márcia(PEREZ,2002,P.23).
Segundo Vítor Paro envolver a família na educação escolar dos
filhos pode significar que elas venham a participar dos trabalhos realizados
pela escola e pelos professores para criar, entre outras coisas, uma
atmosfera que fortaleça o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças
nesses dois ambientes socializadores.
O educador José Bernardo Touro resume a mobilização social da
seguinte forma ”mobilizar é convocar vontades para atuar na busca de um
propósito comum, sob uma interpretação e um sentido também
compartilhado”. Ao acolher na escola toda a comunidade a Educação
reafirma - se como um processo dinâmico, baseado na participação das
28
pessoas e na busca de mudanças capazes de romper com a idéia estática
do educar como a mera transferência de conhecimentos, habilidades e
destrezas .
Relacionados os sustentáculos formais da relação
família/escola/educação é importante pontuar ainda alguns aspectos. Em
primeiro lugar, é preciso reconhecer que a família independente do modelo
como se apresente pode ser um espaço de afetividade e de segurança, mas
também de medos, incertezas, rejeições, preconceitos e até de violência.
Assim, é fundamental que se conheça os alunos e as famílias com as quais
irá lidar. Quais as suas dificuldades, seus planos, seus medos e anseios?
Enfim, que características e particularidades marcam a trajetória de cada
família e consequentemente do educando a quem atenderá. Estas
informações são dados preciosos para que possa se avaliar o êxito das
ações enquanto educadores, identificar demandas e construir propostas
educacionais compatíveis com a realidade. Em segundo lugar, na relação
família/educadores, um sujeito sempre espera algo do outro. E para que isto
de fato ocorra é preciso ser capaz de construir coletivamente uma relação de
diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o momento de fala, mas
também de escrita, onde exista uma efetiva troca de saberes. A capacidade
de comunicação exige a compreensão da mensagem que o outro quer
transmitir e para tal faz- se necessário o desejo de querer escutar o outro, a
atenção ás idéias que podem ser diferentes de outras. Uma atitude de
desinteresse e de preconceitos pode danificar profundamente a relação
família/escola e trazer sérios prejuízos par o sucesso escolar e dos
educandos. É preciso ter clareza do que entendemos por participar, afirma
José.
O educador José Bernardo Touro afirma que é necessário que os
pais estejam nas reuniões, para ouvir informações e colocar suas idéias
referentes às atividades escolares, auxiliando assim uma aprendizagem de
excelência para seus filhos.
Só o ato de colocar o filho na escola condensa toda á vontade dos
29
pais de que o filho seja melhor do que eles. Mesmo um pai analfabeto tem
uma carga de saberes que troca com o filho. Ele passa informações a
respeito do seu trabalho das pessoas que trabalham com ele ,dos materiais
que usa, da importância social de sua vida. Isso não é suficiente, mas já
promove a interação entre filho e pai dos dois.
Segundo Queiroz(1995, p.81),” As famílias, assim como a escola,
não podem ser consideradas de forma abstrata, dissociadas de condições
históricas e socioculturais. A família é a primeira estrutura social na vida da
criança, nela são adquiridas as primeiras aprendizagens da criança.
Para Lahire(1997, p.17,18) “A criança constitui seus esquemas
comportamentais, cognitivos e de avaliação através das formas que
assumem as relações de interdependência com as pessoas que acercam
com mais freqüência e por mais tempo, ou seja os membros da família”.
O autor Gomes (1994, p.55.56), relata que as famílias, por sua vez
têm sido consideradas como os primeiros agentes socializadores da criança,
cabendo - lhes estabelecer condições propiciadoras de um “bom
desenvolvimento e auxiliar, sempre que possível a concretização das ações
realizadas pela escola o que inclui o desenvolvimento de padrões
comportamentais, atitudes e valores socialmente aceitos.
De acordo com Gomes(1994, p. 55,56), “para a maior parte de
nossos contemporâneos, socializar a criança é a tarefa primordial da família.
Verdade apenas parcial. Nem se aplica a todos os períodos históricos nem
todas as sociedades, sequer a todas as camadas sociais”.
Para a autora, hoje em dia o papel da socialização da família exige
novos estudos e reflexões, dado o contato precoce das crianças com
instituições como berçários, creches e pré - escola.
30
Embora o tema da família venha sendo bastante estudado as idéias
que as pessoas tem sobre esse conceito variam no decorrer do tempo de
acordo com o contexto cultural. Tal como tem acontecido em outros países,
as famílias brasileiras vêm sofrendo modificações na sua configuração ao
longo do tempo e essa configuração depende tanto da classe social como do
contexto sócio - cultural em que habitam. Dessa forma a família não pode
mais ser vista como uniforme e nem estática (BIASOLI,1994,p.37), seu papel
socializador passa a ser mais difuso e a responsabilidade da educação dos
filhos mais dividida, principalmente com a escola.
Continuam as escolas e famílias constituindo agências
socializadoras e, como tal, apresentam tanto aspectos comuns, como
divergentes .Compartilham da tarefa de preparar os jovens, no
desenvolvimento de habilidades que possibilitem uma inserção crítica e
participativa na sociedade.
Divergem, contudo, nas tarefas de ensinar. A escola, segundo
Szymanskiu(1997,p.219) tem “a obrigação de ensinar (bem) os conteúdos
construídos de áreas de saber considerados como fundamentais para a
instrução de novas gerações” e ás famílias cabe “dar acolhimento a seus
filhos um ambiente estável. provedor amoroso”, pelo menos no plano do
ideal, no caso de ambas as agências. A escola, aparentemente tem tido
dificuldades em aceitar mudança sociais e familiares e incorporar as novas
demandas que elas trazem no desenvolvimento de seus papéis e de seu
trabalho, embora esse processo não seja tão recente. Por outro lado, não se
pode esquecer que atualmente aos pais restam poucas opções para
oferecer aos filhos uma educação similar à promovida pela escola, devendo,
31
portanto, necessariamente matriculá-los nessa instituição para completar
sua formação( Perrenoud,2000,p.76).
No máximo, em situações muito especiais, podem escolher a
instituição na qual irão matriculá-los. Muitas vezes os pais se sentem
despojados de sua competência de educar, procurando, a todo o custo
manter seus filhos na escola. Essa compulsoriedade é pouco
considerada pela escola mesmo porque é pouco conhecida, pois os
professores, principais condutores do processo escolar muitas vezes têm
imagens “distorcidas” das famílias dos alunos.
Reiteradas vezes os pais têm manifestado sua opinião sobre a
importância da escolarização dos filhos, inclusive mantendo-os na escola por
um período de tempo mais longo do que o necessário para a conclusão dos
níveis de ensino, independente de receberem a certificação.
A CRIANÇA E A FAMÍLIA
Considerando que a educação se dá primordialmente no nível
familiar, é na relação com a mãe ou com quem exerce a maternagem que se
dá a constituição do aparelho psíquico.
É na criança que a família projeta o futuro de sua descendência.
Assim, é muito importante que a família envie a criança à escola para
vivenciar a tensão conhecido/ desconhecido, o que produz a lapidação do
aparelho psíquico.
Ao nascer, segundo a Psicanálise, a criança goza da posição de
planta, de um pedaço de carne; está na posição de gozo, usufruindo as
condições que lhe permitem a circunstâncias. Todos nascemos não falantes.
32
Na origem do nosso aparelho psíquico há uma suposição delirante de
nossas mães que nos acham maravilhosos, aspectos, inteligentes,
faladores, etc. mais tarde aparecem juntos a Lei e o desejo. Na medida que
aparece a lei, que dá o limite, a criança deixa de ser gozante e se coloca
como desejante. E isso ocorre quando ela incorpora a condição da lei.
A partir daí tem que mediar seu desejo o tempo todo pela
linguagem, submetendo - se a um modo possível de realização de um
desejo.
O pais fazem isso acontecer naturalmente, pois a criança não pode
ter usufruto pleno, mas subjugar - se a uma série de princípios e é o pai que
transmite, com sua função de se interpor a esse imediatismo.
O que desperta o nosso desejo é o desejo materno. A tarefa das
mães, mais que dar comida é inserir no simbólico. A partir do momento em
que a mãe passa a investir na criança, as coisas podem se objetivar. Passa
a ser mãe fálica, porque agora detém o objeto da fala. É preciso entrar uma
terceira figura para acabar com a relação narcísica explica Joana Maria
Rodrigues Di Santo.
2.2 - A IMPORTÂNCIA DO CURRÍCULO NA RELAÇÃO
FAMÍLIA/ESCOLA
De uma concepção tecnicista e reducionista de currículo - associada
comumente a listagens de conteúdos tidos como universais e indispensáveis
para serem ensinados nas diferentes disciplinas - até a sua percepção como
prática social cotidiana que produz significados e dá sentido o mundo, existe
33
uma distância semântica enorme, tradutora de diferentes olhares e
perspectivas sobre a temática curricular.
Não cabe desenvolver as diferentes correntes ou teorias
curriculares, mas chamar atenção para o fato de que os laços entre a escola
e família se afrouxam ou se estreitam em função, também, da concepção de
currículo privilegiada no olhar de quem percebe esta relação.
A questão para começar esta breve reflexão pode ser assim
formulada que concepção de currículo melhor contribui para consolidar,
fortalecer a parceria entre escola e família, entendida como um processo
permanente de construção entre atores diferentes mas com projetos
coletivos comuns? Projetos esses que, ainda que de forma diferenciada,
expressam a intencionalidade da construção de uma sociedade mais justa e
democrática.
Um olhar sobre o currículo:
Uma possibilidade de resposta a esta questão consiste em explicar
a escolha do campo semântico construído em torno do termo currículo.
Dependendo do enfoque teórico adotado, estabelecem-se associações entre
este e vários outros conceitos dando visibilidade ao sentido que se lhe quer
atribuir.
Dessa forma, pensar currículo associado apenas à técnica, ao
planejamento do que deve ser ensinado, às inúmeras diretrizes e
documentos oficiais, ou pensá-lo a partir da ampliação do campo conceptual
e articulá-lo a outros conceitos como cultura, representação, poder ou
identidade, são posturas e escolhas cujas implicações políticas e
pedagógicas são bem diferentes. Elas traduzem a própria compreensão do
34
significado de escola e das relações que esta instituição estabelece com a
sociedade na qual está inserida.
As tendências mais atuais hoje do campo do currículo vão no
sentido de privilegiar a inserção deste termo em uma rede conceptual mais
ampla e complexa, sem no entanto perder de vista a especificidade do
espaço no qual ele é pensado e produzido. Esta abordagem permite pensar
o currículo escolar tanto em termos de mudanças como de permanências.
Em termos de mudança, pode-se destacar algumas evidências. Em
primeiro lugar, a associação entre currículo e cultura permite a ampliação da
noção de “conteúdos escolares”. Ao invés da conotação recorrente com “a
matéria a ser ensinada”, este novo olhar prefere relacionar os conteúdos
escolares com a noção de “elementos de cultura”, incluindo entre estes
elementos diferentes saberes, valores e comportamentos.
Em segundo lugar, a articulação entre currículo/cultura/representação, em
uma mesma rede de significados, permite não só ampliar com também
questionar a natureza e as condições de produção desses conteúdos
escolares. A idéia de representação social vinculada sugere que o termo
cultural está sendo significado na perspectiva mais antropológica, relativista
e pluralista, pela qual ele assume a conotação de visões de mundo ou
grades de leitura e de interpretação produzidas por grupos sociais
específicos em função dos seus interesses e possibilidades. É nesse sentido
que pensar e trabalhar com o currículo refletem as diferentes visões de
mundo dos atores envolvidos na produção dos saberes escolares (autores
de propostas curriculares ou livros didáticos, professores e alunos).
O currículo, visto dessa forma, desmistifica a idéia de neutralidade
dos conteúdos disciplinares, reafirmando o seu aspecto seletivo, trazendo à
tona a discussão sobre os critérios adotados para a escolha deste ou
daquele conteúdo nas grades curriculares de uma determinada disciplina.
35
Quem decide o que ensina em Matemática, História ou Literatura? Existem
conteúdos universais que devem ser ensinados a todos?
Estas e outras tantas questões emergem no debate do campo
curricular e traduzem o terceiro aspecto inovador que merece ser apontado:
a assunção da dimensão política inerente às práticas pedagógicas e
expressa na inclusão do conceito de poder na rede de significados da qual
faz parte o termo currículo.
Pensando como uma construção histórica e social, o currículo
traduz, assim, os diferentes interesses em disputa, produzindo e
reproduzindo as relações sociais desiguais, assimétricas, que caracterizam
as sociedades contemporâneas. Através dele é possível legitimar e/ou
contestar valores e culturas . É produzir, reafirmar, negar ou silenciar
identidades e diferenças sociais.
Nesse sentido, o currículo se transforma igualmente em um
importante instrumento de negociação política entre os diferentes atores
envolvidos no processo de ensino - aprendizagem.
Uma outra dimensão inovadora consiste no fato de este novo olhar
colocar em evidência os limites de uma concepção de currículo centrada
apenas na sua dimensão formal, como um produto acabado e materializado
nas propostas curriculares. Pensar currículo a partir do campo prática social
viva, dinâmica e processual traduzida pelo conjunto de experiências
produzidas e vividas por professores e alunos no cotidiano da sala de aula.
É nesse sentido que se distingue o “currículo formal” do” currículo real”, este
último incorporando as noções de
incerteza,urgência,dinâmica,acaso,contigência,processo,pluralidade que
36
caracterizam o processo de ensino - aprendizagem a partir das condições
objetivas e subjetivas que estão postas.
Em termos de permanência, este novo olhar se caracteriza pelo fato
de que, apesar dos questionamentos sobre a natureza e função dos
conteúdos escolares, ele não nega a centralidade e importância dos
mesmos nas discussões curriculares. O currículo é visto assim como o
conjunto de representações e práticas que se organizam em torno de
conhecimento escolar. Conhecimento esse produzido num espaço social
com funções sociais formativas e normativas, que precisam ser devidamente
consideradas. Assumir a não - neutralidade dos conteúdos escolares e as
suas implicações político - ideológicas e culturais não autoriza, no entanto,
cair em um relativismo radical que permite afirmar que qualquer saber ou
valor ético - cultural pode e deve ser ensinado nas escolas. Não se trata
negar a necessidade de selecionar os conteúdos escolares, mas sim de
explicitar os critérios desta seleção de forma consciente e em sintonia com o
projeto de escola e de sociedade no qual se acredita e pelo qual se luta.
Mas em que medida a parceria escola - família pode sair reforçada
quando se opta por uma concepção de currículo como esta acima
privilegiada? Em que medida as mudanças e as permanências apontadas na
percepção deste novo olhar sobre o currículo podem estreitar esta parceria?
Um novo olhar sobre a parceria escola/família, pensar o currículo de
forma contextualizada, ampliada e dinâmica acarreta, em primeiro lugar,
uma abertura dos canais possíveis de diálogo entre o mundo da escola e o
mundo da família, permitindo não apenas o estreitamento desta parceria,
mas igualmente, e principalmente, a possibilidade de repensá-la a partir de
37
outras bases.
Na medida em que os conteúdos escolares deixam de ser
percebidos como verdadeiros “pacotes de conhecimento universais a serem
digeridos” e passam a ser considerados como práticas culturais que se
manifestam no domínio da representação e leitura do mundo dos atores
envolvidos, eles permitem um novo olhar sobre as concepções de mundo do
aluno e do seu meio familiar, refletindo diretamente na forma de pensar esta
parceria.
Não se trata mais de pensar esta parceria apenas em termos de
gestão administrativa ou emergências, mas sim de concebe-la e construí-la
também no momento da concepção de escola, da produção e/ou
reelaboração do projeto político - pedagógico, onde a questão do currículo
desempenha um papel central.
Os conhecimentos, valores, desejos e expectativas vindos dos
diversos horizontes familiares passam a integrar o campo dos saberes de
referência a serem considerados no momento da escolha dos conteúdos
escolares.
Ao invés de serem de serem desvalorizados culturalmente, ou
percebidos como obstáculos e handicaps à aprendizagem - como ocorre
com freqüência, em especial quando são produzidos nos meios
socioculturais mais desfavorecidos - esse cabedal cultural formado pelos
conhecimentos cotidianos, populares e/ou do senso - comum, podem ser
confrontados com os demais saberes - acadêmicos, científicos, disciplinares
- de forma a fazer do saber escolar produzido nas salas de aula algo mais
significativo, mais prazeroso e mais libertador para todos os atores
envolvidos na prática educativa.
38
Os laços entre família e escola, assim considerados, vão além do
controle meramente burocrático ou da aquisição, pelos alunos, dos
conteúdos escolares.
Ao invés da família ser chamada ou convocada na escola apenas
quando as coisas não andam bem, ela passa a ser encarada como co-
autora do projeto de escola e consequentemente se envolvendo mais
diretamente na concretização do mesmo.
Para além desta mudança na perspectiva do planejamento mais
geral da própria instituição escolar, a concepção de currículo aqui
privilegiada permite ao professor organizar a sua prática pedagógica
cotidiana de sala de aula de forma mais dialética e interativa com a realidade
dos seus alunos. As opções didáticas do professor partem de critérios que
“trazem a família” para dentro da sala de aula de forma positiva e afirmativa,
por aquilo que elas têm e que pode contribuir na construção do
conhecimento escolar. Não pelas ausências e carências que fazem desta
inclusão pretexto para mais uma forma de exclusão.
Ao quebrar as concepções hierárquicas de saber, este novo olhar
sobre o currículo abre a possibilidade de valorizar outras formas de
conhecimento sem confundi-la, no entretanto, entre si. A valorização dos
saberes sociais oriundos dos meios familiares não deve ser confundida com
homogeneização dos papéis sociais atribuídos à família e à escola. E um
espaço que estabelece relações privilegiadas com o saber. Um espaço,
onde é possível para o/a aluno/a estruturar e sistematizar os saberes plurais
criados em outros lugares.
Esta concepção de escola e da “cultura escolar” defende que na
39
escola os saberes sociais dos alunos devem ser vistos muito mais como
ponto de partida do que como ponto de chegada. À escola e ao professor
compete organizar, sistematizar, esses conhecimentos, isto é compete
ensinar. Complexificar não no sentido de complicar, mas de facilitar aos
alunos a construção de novas grades de leitura do mundo por definição
extremamente complexo.
Nesta perspectiva, o currículo é, sem dúvida, um elo importante e
indispensável na relação família e escola. Uma relação que, por ser selada
muito mais no domínio das representações e do simbólico, não é facilmente
perceptível e nem fácil de ser construída. No entanto, sem ela qualquer outra
modalidade de relação e parceria pode ficar seriamente comprometida. O
desafio está posto. O enfrentamento apenas começando afirma Carmem
Tereza Gabriel.
40
CAPÍTULO III
ESTRATÉGIAS DE APROXIMAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA
E A ESCOLA
A discussão deve avançar na procura das melhores oportunidades de
promover um encontro positivo entre pais e professores. Para isso acontecer
precisam ser revistos alguns conceitos e a criação de algumas estratégias.
*Para que as reuniões tenham quorum é precisado ter objetivos bem
definidos e conhecer as famílias e a comunidade em que a escola está
inserida. Planejamento é essencial “a reunião não pode ser vista como uma
prestação de contas”, diz Márcia Argrnti Perez.
*Reflitas sobre os preconceitos e as discriminações existentes na
escola. Não é necessariamente o grau de instrução do pai e da mãe que
motiva uma criança ou adolescente a estudar, mas o interesse em participar
de suas lições de casa e da vida escolar. ”Como muitos pais têm um
histórico de exclusão e fracasso escolar, existe medo e vergonha de trocar
idéias e conversar com os educadores”, afirma Márcia.
- O governo também busca estratégias
O ex-ministro Paulo Renato Souza escreve uma carta aos pais e
responsáveis:
Todos nós queremos o melhor para nossas crianças. Sonhamos para
41
elas um futuro com mais oportunidades de serem felizes e de se realizarem
na vida profissional e pessoal. Para que esses sonhos possam tornar se
realidade, nossas crianças precisam desenvolver - se cada vez mais e
melhor.
Pesquisas mostram que o envolvimento da família na vida escolar
das crianças é fundamental. A família é capaz de despertar o interesse e a
curiosidade delas e incentivar a sua aprendizagem. Por isso, o seu
compromisso é indispensável. Não queremos que vocês se transformem em
professores de suas crianças, basta que acompanhar a vida escolar delas,
valorizem suas tarefas, estimulem-nas a gostarem de aprender e a serem
curiosas também na vida fora da escola.
Para sensibilizar e conscientizar a sociedade para a importância da
integração entre pais e escola, o Ministério da Educação, lançou o dia 24 de
abril o Dia Nacional da Família na Escolas. Neste dia todas as escolas
devem convidar os familiares dos alunos para participar de suas atividades
educativas. O encontro permite que os pais conheçam o desenvolvimento
dos filhos, conversem com professores e estabeleçam uma cooperação
com a escola. A parceria familiar ajuda a afastar as crianças das drogas, da
violência e transformando assim escolas em centros comunitários de cultura,
esporte e paz conforme declaração do Ministro Paulo Renato Souza quando
os pais se envolvem na educação de seus filhos aprendem mais.
- Como a escola pode participar?
* Reunindo professores e funcionários da escola para apresentar e
42
discutir a importância da campanha.
* Discutindo com os alunos a participação dos pais em sua vida
escola e suas expectativas em relação à integração.
* Organizando e divulgando a data das atividades para o Dia da
Família na Escola por meio de cartazes, murais, avisos, bilhetes.
- A meta é manter toda criança na escola
A estratégia do governo do ex presidente Fernando Henrique
Cardoso para a Educação privilegiou inicialmente as grandes reformas para
mudar a estrutura do sistema educacional brasileiro. A maioria das medidas
tomadas até o momento - FUNDEF, Livro Didático, Merenda, Parâmetros
Curriculares, TV Escola, ProInfo, Dinheiro na Escola - procurou aumentar a
melhorar a oferta de Educação pública de qualidade no País. Os objetivos
foram alcançados e os resultados são expressivos 97% das crianças na
escola, e a estrutura do sistema educacional preparada para dar uma
resposta positiva e de qualidade.
O programa Bolsa - Escola, implementado neste momento pelo
governo federal e nos moldes em que esta concebido, atuará na demanda
por Educação por parte dos segmentos mais favorecidos da sociedade ,
Educação por parte dos segmentos menos favorecidos da sociedade,
complementado perfeitamente o conjunto de ações já adotado pelo
Ministério da Educação e contribuindo de forma para aproximar o País de
43
sua meta para o ensino fundamental: 100% das crianças na escola, com
qualidade.
A grande vantagem da Bolsa - Escolas é que ele atende
simultaneamente as condições de dar o peixe e de ensinar a pescar. Dá o
peixe, porque proporciona às famílias em situações crítica de pobreza uma
suplementação mensal de renda; ensina a pescar porque exige uma
contrapartida - a manutenção dos filhos na escola - que é a chave para a
sua emancipação.
Ter os filhos estudando é importante fator de segurança, de
dignidade e de esperança para essas famílias. Além da importante
suplementação alimentar fornecida pela merenda escolar, a criança na
escola está protegida das piores formas de exploração do trabalho infantil e
da violência e, sobretudo, está se preparando para um futuro como cidadão
pleno, capaz de compreender, de participar e de transformar a sua
realidade.
O programa de Garantia de Renda Mínima - nome anterior do Bolsa
- Escola - era uma parceria do governo federal como municípios com os
outros 50%. Na versão atual do programa, graças ao Fundo de Combate à
pobreza aprovado pelo Congresso, o número de estudantes incluídos
anualmente poderá ser dez vezes maior do que o programa anterior e o
governo federal passam a responder por 100% dos recursos destinados às
famílias beneficiadas, tendo condições de atender toda a população alvo, na
totalidade dos municípios do País.
A faixa etária das crianças atendidas foi ampliada de 7a 14 anos
para 6 a 15 anos e todos os municípios que quiserem participar do
44
programa, inclusive os grandes centros, poderão ser incluídos. Terão
prioridade os mais de três mil municípios de 14 estados que apresentam os
mais baixos índices de Desenvolvimento Humano (IDH) e que são objeto
das ações do Projeto Alvorada; os municípios que participaram do programa
de Garantia de Renda Mínima em 1999 e 2000 e os que faziam parte do
programa de distribuição de cestas do Comunidade Solidária.
O pagamento da Bolsa - Escola às famílias está condicionado à
freqüência dos filhos de, no mínimo, 85% das aulas no trimestre. Os
recursos serão repassados diretamente do governo federal aos bancos
credenciados, onde o benefício poderá ser restrito mediante um cartão
magnético fornecido à família. Detalhe importante: as mães dos alunos
serão as detentoras preferenciais desse cartão, valorizando - se assim o
papel e a responsabilidade da mulher como gestora dos recursos familiares.
3.1 – MOBILIZAÇÃO SOCIAL E CIDADANIA NA EDUCAÇÃO
A convocação da comunidade para participar do ensino público, num
Estado Democrático, é dever da escola e direito do cidadão. Mais do que
verificar o rendimento escolar dos filhos, hoje os pais querem saber se os
recursos recebidos do Programa Dinheiro Direto na Escola estão sendo
aplicados em compras ou serviços necessários, se a merenda escolar é feita
com produtos da região para baratear os custos, se os professores estão
conscientes de seu papel de formadores de cidadãos.
Não há lei que obrigue a sociedade a participar, razão pela qual é
preciso desenvolver, um trabalho de conscientização capaz de levar as
45
pessoas à descoberta da importância de colaborar, de sugerir, de fiscalizar.
Esse é o entendimento do Ministério da Educação, que, por meio de
diversas iniciativas, busca inserir a comunidade na escola. Propõe a
participação efetiva dos pais e de toda a comunidade, como estímulo para
que exercitem o controle social e verifiquem se o dinheiro público está tendo
boa aplicação.
O fazer público, a partir da sociedade civil, exige o rompimento da
idéia de não se envolver em instâncias que, tradicionalmente, seriam “do
governo”. Exige assumir compromisso com novos modelos de
responsabilidade e de desenvolvimento da capacidade de propor e agir
coletivamente, respeitando as diferenças.
O MEC tem estimulado de diversas maneiras a inserção da
comunidade na gestão escolar. Algumas dessas modalidades de controle e
participação social são antigas, como as Associações de Pais e Mestres
(APM) e os Conselhos Escolares, hoje unidades executoras capazes de
receber e gerenciar os recursos transferidos às escolas pelo Programa
Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Há também os conselhos de
acompanhamento do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino
Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF). São instâncias
onde o acesso popular é garantido, de forma de evitar que os recursos
destinados à melhoria do ensino fundamental e ao pagamento dos
professores sejam utilizados para outros fins, algumas vezes de forma
abusiva.
Todos esses mecanismos devem ser divulgados, estimulados e
ofertados às comunidades. Sendo a escola o primeiro fórum das futuras
46
gerações do País, é nesse espaço que devemos plantar os valores da ética,
da moral, da democracia e da cidadania plena, se queremos um país mais
justo.
Os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica(SAEB)
mostram: nas escolas que têm a parceria dos pais, com troca de
informações entre eles, o diretor e os professores, os alunos aprendem mais
e melhor.
Os dados revelam, por exemplo, que na 4ª série a média de
Português dos alunos cujos pais participam da vida escolar é 10 pontos mais
alta do que estudantes
cujos pais não tem essa convivência. O mesmo acontece com a média de
matemática.
Há mais de um aspecto na questão da diferença na aprendizagem
do aluno cuja família não freqüenta, pois depende do motivo que leva a
família à escola. A escola tem um projeto pedagógico, uma filosofia
educacional, e em geral discute isso com os pais, em reuniões. No entanto,
muitas vezes os pais são chamados com grande freqüência só para falar
dos problemas que o aluno apresenta e, nesse caso, nem é preciso a
presença constante da família, que confia na competência da escola para
resolver alguns problemas de comportamento e dificuldades dos alunos na
aprendizagem.
Mas o pai que freqüenta as reuniões pedagógicas e acompanha a
proposta da escola, este sim pode ajudar, e muito.
Sua presença é um sinal de seu interesse, e ao incentivar o filho a ir
à escola, insistir para que vá todos os dias, organizar o tempo para que
47
estude, está de fato ajudando.
À escola deve construir um ambiente de máximo respeito. A ética
profissional é principio da ação.
Se o desenvolvimento de cada criança é único, todas as
informações sobre esta interessam apenas ao professor, aos serviços da
escola e à família.
As relações dentro da escola devem ser fraternas e profissionais a
um só tempo. Educar para a cidadania implica em trabalhar num espaço
onde valores estão em primeira ordem: a autonomia, o respeito e a ética.
Toda a comunidade escolar (pais, alunos, demais familiares,
funcionários, professores e direção) deve ser parceiro nesta busca.
No trabalho do dia – dia, a escola deve ter como valores maiores à
ética e o respeito. A existência de canais para a comunicação com a família
garante o sigilo de informações e respeita a privacidade do aluno e de sua
família. Não conversar sobre a criança em locais públicos impede que essa
seja exposta. O mesmo princípio é a aplicado quanto ao trato de problemas
e dúvidas encontrados pelos pais. A multiplicidade de canais possíveis
(entrevistas ,agendas. Acesso total à direção e coordenação) garante que
dúvidas sejam sanadas dentro da seriedade e do respeito que nossos
alunos merecem com respostas rápidas.
Como forma de incentivar o aprendizado e, assim conquistar alunos
e pais, assegurando a freqüência escolar, pode-se ensinar brincando: as
salas de aula podem ser decoradas com temas diferenciados, e de interesse
dos alunos.
48
3.2 - PORTAS ABERTAS PARA LOTAR AS REUNIÕES DE
PAIS
No começo do ano de 2001, diretores e coordenadores das 217
escolas mantidas pelo Serviço Social da Indústria (SESI) no Estado de São
Paulo pararam para avaliar as reuniões bimestrais com os pais dos alunos.
A insatisfação era geral. Poucos pais compareciam e eles ouviam apenas
comentários sobre o mau comportamento ou as notas baixas dos filhos.
Ficou claro que era preciso reformar as reuniões e tratar também de outros
assuntos.
Feito o diagnóstico, os encontros ganharam dinamismo, tornaram -
se mais informais e atraíram mais públicos. Indo além, a rede paulista de
ensino do SESI, que atende cerca de 140.000 alunos da educação infantil
até todo o ensino fundamental em 185 municípios, organizou reuniões mais
freqüentes, em paralelo aos encontros bimestrais.
Em fevereiro de 2002, no dia da matrícula dos filhos, os pais foram
convidados a se inscrever para uma série de palestras sobre temas que ele
mesmos indicavam, como violência, drogas, AIDS, conflitos familiares e
comportamentos dos adolescentes. A maioria gostou da idéia.
Uma vez por mês, a noite ou aos sábados, psicólogos , médicos,
pedagogos e outros especialistas convidados pela escola tratam de um
desses temas.
Os pais também falam “No início eram tímidos, mas em pouco
49
tempo já trocavam experiências sobre a educação dos filhos”, relata Maria
Tereza Grieco, assistente de subdivisão de ensino fundamental do SESI.
“A maior aproximação com os pais melhorou o ambiente de trabalho
na escola”. Diz Claúdia Regina Faria, coordenadora do SESI da Vila Maria,
bairro de São Paulo. “Eles agora entendem melhor o comportamento dos
filhos”. Em Indaiatuba, no interior paulista, a coordenadora Odete Freire
organizou um seminário de três dias para cerca de 300 pais, no início do
mês de setembro de 2002.” Os grandes problemas da educação se
concentram na família”, diz Odete. ”Se a criança não está bem em casa, não
pode ficar bem na escola”.
3.3 - OS DETALHES DE UMA BOA CONVERSA
A educadora Claúdia Regina Faria, coordenadora do SESI da Vila
Maria, bairro de são Paulo em sua entrevista ao jornal do MEC dá umas
dicas de como realizar uma boa reunião com os pais dos alunos.
* Não mande uma convocação, mas um convite, feito de preferência
pelos alunos. Crie um ambiente de cordialialidade, recebendo os
convidados, quando possível, com um lanchinho.
* Em vez de arrumar as cadeiras em fileiras, forme um grande círculo,
para que os pais possam se ver e trocar idéias.
* Organizar a reunião. Distribua textos, reserve uma parte do tempo
para debates e valorize os comunicados gerais e os tema mais abrangentes.
* Deixe para comentar depois da reunião, em conversas reservadas
com cada pai.
50
3.4 - O PSICOPEDAGOGO E A FAMÍLIA DO ALUNO
A criança, de modo geral, se desenvolve na instituição familiar que é
encarregada de prover os recursos necessários à sua sobrevivência; de
propiciar-lhe uma base afetiva; de dá-lhe assistência na área de saúde e de
ministrar-lhe os primeiros ensinamentos. Por sua vez, a instituição escolar
esta incumbida de realizar a educação formal das crianças e dos jovens.
Cada família alimenta expectativas diferente em relação ao papel da
escola. o mesmo ocorre com a escola em relação à família. Acrescente-se,
ainda, que tanto a escola como a família possuem características próprias.
Surge, então, como condição básica para que possam ser cumpridas as
finalidades educacionais, a necessidade do conhecimento mútuo entre
ambas para a compatibilização das expectativas e da integração entre as
duas instituições. Na consecução desses objetivos, o psicopedagogo tem
papel importante em todo este processo de integração escola - família -
comunidade.
Como elemento de ligação entre a escola e a família, esse
profissional deve manter uma comunicação constante com a mesma,
respeitando os seus valores e procurando obter sua colaboração, já que
ambos têm por objetivo o bem - estar, o desenvolvimento e a formação do
educando.
O psicopegagogo ao planejar o trabalho na área de Orientação
Familiar, é necessário levantar um conjunto amplo de informações para
51
caracterizar as famílias, seus valores e suas expectativas. Conhecidos os
dados básicos, ter - se - à maior facilidade para manter um canal e um fluxo
permanentes de comunicação entre a escola e a família e vice - versa, além
de ter elementos para melhor compreender o comportamento do aluno. O
conhecimento da família e uma comunicação efetiva entre ela e a escola,
além de condições básicas para a realização de uma Orientação Familiar
eficiente, são essenciais para a busca de uma unidade de princípios e de
atuação entre ambas instituições.
Sabe - se que, em educação, é bastante prejudicial a existência de
conflitos de orientação por parte daqueles que educam, embora essa
situação não seja nada em incomum, tanto entre os próprios pais com
também entre esses e a escola. Como tem sido enfatizado, a atuação da
escola em relação ao aluno é bastante ampla e diversificada, não se atendo
apenas aos aspectos de aprendizagem de conteúdos escolares. São, pois,
inúmeros os aspectos, em que é necessário haver concordância de
princípios e de atuação entre família e escola. Cabe, pois, ao Or. E.,
trabalhar diversos, temas, dentre eles, tudo o que se refere à execução das
tarefas escolares, às atividades extracurriculares, à televisão, à mesada, à
escolha da profissão, às drogas, à AIDS, à orientação religiosa, à disciplina,
ao namoro e outros, variando de escola para escola e que se tornem mais
relevantes na ocasião, junto às famílias, buscando sempre uma ação
harmônica e integrada a ela.
A rigor, não se costuma mencionar entre os profissionais da área de
O.E. a existência de uma “ Orientação Econômica”, mas esse é um aspecto
da educação que não pode ser negligenciado, razão pela qual sugere-se
52
que o psicopedagogo, trate com os pais sobre esse assunto, pois o mesmo
tem papel importante na vida do aluno e, se mal cuidado, poderá causar
problemas também na escola. Em relação à mesada, por exemplo,
encontram - se várias situações. Entre os pais que possuem recursos
econômicos, alguns dão mesada a seus filhos e outros, por princípio, não o
fazem. Entre os de baixos rendimentos, há os que não dão mesada porquê
não têm condições, embora outros, na mesma situação, se sacrifiquem e o
façam.
Muito pais acreditam ser fundamental que o filho receba uma
mesada para usar nos seus gastos pessoais. Eles ou acham mais prático
agir dessa forma em relação às necessidades de dinheiro, por parte dos
filhos, e/ou o fazem por acreditar que, dessa maneira, os mesmos
aprenderão a lidar melhor com os aspectos econômicos de sua vida,
treinando - os para gastar com critério, responsabilidade e dentro das
possibilidades. Nesse sentido, é necessário que os pais complementem a
mesada com ajuda extra, prevista ou não. Aí, fica difícil saber se a existência
de uma mesada está mesmo educando economicamente o aluno.
Outro pais, seja por não perderem arcar com uma quantia periódica
para os gastos dos filhos, ainda que modesta, seja por não acreditarem que
mesada educa, preferem suprir as necessidades à medida que as mesmas
ocorrem. Neste caso, é difícil saber o que é “necessário”, o que é “
desejável” e o que é “supérfluo”, quando o filho pede algo.
Qualquer que seja o orientação que os pais desejam dar ao assunto,
a quantia de dinheiro disponível nas mãos dos alunos e a maneira como eles
a gastam pode causar problemas na escola. Importâncias muito altas, em
53
comparação à média dos demais alunos, podem perturbar o relacionamento,
da mesma forma que o escassez ou ausência de recursos costuma
prejudicar os alunos nessas condições. É imprescindível, pois, que o
psicopedagogo, promova palestras e debates sobre o tema, a fim de que
quantias razoáveis possam ser estabelecidas assim como que tipo de gastos
eles estariam cobrindo. Acontece que, na prática, isso é freqüentemente
muito difícil, pois há pais que não podem ou não querem abrir mão daquilo
que consideram possível e/ou correto. Por outro lado, boa parte deles,
muitas vezes, não sabem como agir, em relação a esses assuntos,
aceitando pois, orientação.
Um dos locais onde o problema da disponibilidade de recursos
econômicos dispares se faz presente é na cantina. O excesso de dinheiro,
nas mãos de alunos, entre outras conseqüências, estabelece desigualdade
na compra de lanches e de guloseimas e, quando há exagero na compra
dessas guloseimas, a saúde em geral, e a dos dentes, em particular, pode
ser prejudicada, além da possível inapetência na hora das refeições.
Quando, na escola pública, há merenda e cantina, se tiverem
dinheiro, é comum alunos desprezarem a comida da merenda e trocarem-na
por alimentos menos nutritivos, comprados na cantina. Esta situação
costuma ocorrer, por desinformação, por vergonha, por questões status e
até por preferência quando ao gosto dos alimentos. É importante que pais e
alunos sejam alertados sobre as conseqüências nutricionais e econômicas
dessa prática.
Ainda no que se refere a aspectos econômicos da educação, vale
lembrar o excesso nas compras de material escolar e a falta de cuidado com
54
os mesmos, acarretando muitas vezes, gastos desnecessários. Por
exemplo, por questões de modismo, status e de consumo, há alunos que
são levados à aquisição de material escolar sofisticado, de “grife”, muitas
vezes supérfluo e caro e sem nenhuma relação com a melhora do
rendimento escolar. Os pais precisam ser orientados sobre o assunto, pois,
às vezes, eles não estão sabendo discernir entre gastos necessários de
material requisitado pela escola e esse tipo de material, muitas vezes pedido
pelos filhos. Embora também não seja fácil lidar com o assunto, é importante
que o mesmo seja tratado entre os pais que assim o desejam.
O material escolar, de qualquer tipo, pode representar gastos
consideráveis no orçamento de muitas famílias, sendo importante uma
orientação sobre sua manutenção. Vê - se, comumente, nas escolas,
desperdícios desse material ou má conservação de muitos itens do mesmo.
Faz parte da boa educação, tratar com cuidado de livros, cadernos, lápis,
borrachas, enfim de tudo o que usa. Rabiscar cadernos e livros, arrancar
páginas, não evitar que se sujem, quebrar borrachas, canetas ou lápis,
embora práticas freqüentes, deveriam ser prevenidas. Para alunos em início
de escolaridade, além da orientação sistemática e adequada, poderiam ser
criados incentivos no sentido de estimular a boa conservação do material
escolar. O mesmo é válido para o patrimônio da escola e, boa conservação
de tudo o que é usado, seja dele ou de outrem.
Muitas vezes, os alunos, principalmente os que estudam em
escolas gratuitas, julgam que o material - carteiras, cortinas, banheiros,
apagadores, etc. - por ser “ da escola”, não é pago por ninguém ou é pelo
governo. É necessário, pois, explicar a eles que esses materiais têm custo
55
alto a sociedade é quem o financia, devendo, portanto, zelar pelos mesmos
como se fossem seus.
Há outros aspectos, também, sobre, os quais os pais devem ser
orientados.
Principalmente nos tempos atuais, muitos pais sentem - se inseguros para
educar os filhos e, em nome de teorias psicológicas mal entendidas, adotam
atitudes muito permissivas, temendo causar problemas para os filhos. Outros
adotam atitudes extremas e opostas e há, ainda, os que alternam
tratamentos rigorosos e permissivos, conforme a situação.
A criança necessita, na sua educação, de uma orientação segura e
do estabelecimento de limites para seu comportamento. Na prática, observa
- se que muitas crianças não têm limites e, ao contrário do que esses pais
possam pensar, isto não é bom nem para as próprias crianças.
A discussão na escola, sobre horários, como o de levantar e o de ir
para a cama, de fazer tarefas escolares, de brincar, de assistir TV, pode ser
útil para alertar os pais sobre a necessidade do estabelecimento de limites,
para dar parâmetros aos que necessitam de orientação e, de algum modo,
contribui para uma certa unidade nas condutas dos pais, a fim de que não
haja muitas diferenças entre o permitido por uns e não, por outros. A falta do
estabelecimento de limites e de disciplina no lar tem reflexos no
comportamento do aluno na escola e no seu rendimento escolar.
A eficiência do trabalho na área de Orientação Familiar depende,
em grande parte, do conhecimento da comunidade e das famílias dos
alunos. Boa parte dos dados necessários é encontrada na caracterização da
comunidade, que, como vimos, é uma das partes do plano escolar.
56
Informações mais específicas podem ser obtidas na secretaria da escola,
nos arquivos e fichários do seu próprio arquivo e/ou via questionários.
Os dados inicias da caracterização incluem, entre outros, a
constelação familiar ( membros da família, grau de parentesco, idade, sexo e
escolaridade de cada um) e a existência e o nome de irmãos que
freqüentam ou freqüentaram a mesma escola. Informações adicionais que
se fizerem necessárias poderão ser solicitadas por meio de questionários
que serão respondidos pelos pais ou responsáveis e pelos alunos. No caso
de estudantes maiores ou daqueles cujos os pais não possam responder,
pede - se aos próprios alunos que forneçam as informações sobre a família.
Os dados obtidos na secretaria da escola ou que já constem dos arquivos
podem ser omitidos dos questionários ou, ainda, podem ir já preenchidos
para serem apenas conferidos ou atualizados. Todavia, quando a folha com
as perguntas é levada para casa, ela poderá ser perdida ou esquecida, e
portanto, o trabalho do preenchimento teria sido em vão. Por este motivo, se
possível, recomenda - se que os questionários sejam respondidos na
matrícula ou na primeira reunião.
Além dos instrumentos usados para levantamento de
informações, são utilizadas diferentes estratégias na área de Orientação
Familiar. Dentre essas, destacam - se as reuniões, as entrevistas solicitadas
pelos pais ou pelo psicopedagogo, os cursos e as palestras.
Como, na maior parte das situações, é praticamente impossível
manter contato individual e sistemático com todas as famílias dos alunos, as
reuniões com os pais ou responsáveis constituem o recurso mais prático e
freqüente de interação escola - família, tornando - se também o mais
57
comum, embora não é o ideal. Considerando - se, pois, a freqüência com
que ocorrem a importância de que se revestem em O.E., é necessário
atentar para alguns pré - requisitos que assegurem a elas maior eficácia.
Dentre esses, destacam - se: boa organização e planejamento;
periodicidade, datas; duração e escolha de horários favoráveis à presença
do maior número de pais; pontualidade, elaboração de pautas contendo
temática de interesse geral, convocação por escrito e local adequado.
Quanto à periodicidade, não se deve programar um número
excessivo de reuniões. De modo geral, prevê - se uma reunião no início do
ano letivo, no qual são divulgadas as informações gerais da escola e é feita
a apresentação do psicopedagogo, bem como sua programação para o ano
letivo. Posteriormente, dependendo da realidade da cada escola, pode se
propor a realização de uma reunião por bimestre para analisar temas
oportunos e, se for o caso, informar os pais sobre os resultados da
avaliação, ocasião que deveria ser igualmente aproveitada não apenas para
apontar como também para ressaltar e elogiar as ocorrências positivas em
relação aos alunos.
Se possível, deveria haver uma última reunião, quando seria feito
um balanço geral do ano letivo e as projeções para o próximo ano. Reuniões
extraordinárias seriam propostas quando houvesse um assunto de
emergência, referente a problemas que estão afetando a comunidade
escolar ou parte dela.
Ao se definir a melhor data para serem marcadas as reuniões
previstas, deve se levar em conta favores como o tipo de escola, os hábitos
da comunidade, a aproximidade de feriados e outros que possam interferir
58
na freqüência dos pais ou responsáveis. Assim com há preocupação com o
número de reuniões, de haver também com a duração das mesmas.
Reuniões muito longas costumam cansar os participantes, desestimulando -
os para as próximas. D a mesma forma, o horário precisa ser definido com
muito critério, pois alguns pais poderão estar, devido ao mesmo,, impedidos
de comparecer, embora assim o desejassem. Se for escolhido o horário
noturno, é conveniente que seja marcada na segunda hora do período, para
permitir que os pais que trabalham possam comparecer, tendo-se, porém, o
cuidado para que a reunião não acabe muito tarde. A pontualidade para seu
início e término é importante. Deve-se começa-lá na hora marcada, com
qualquer número de presentes, admitindo - se entretanto, a entrada de
retardatários que não tenham podido chegar no horário. Tal sistemática evita
que as pessoas pontuais sintam - se prejudicadas, esperando pelos
retardatários e atrasando, portanto, a sua saída, e contribui, ainda, para que,
nas próximas reuniões, o atraso seja evitado.
Para os pais que não conseguem chegar no início da reuniões, deve
se colocar no quadro - negro, resumidos, os avisos e/ou decisões
importantes.
A temática das reuniões ordinárias consta, normalmente de
informações gerais sobre normas e funcionamento da escola e sobre
assuntos escolhidos pelo Or. E., de acordo com as necessidades do
momento. Às vezes, os pais costumam sugerir temas para serem tratados.
Isso pode ocorrer, naturalmente, no final das reuniões ou ser solicitado nos
questionários. No caso de tópicos específicos propostos, é melhor convocar
apenas os interessados. O caráter optativo dessas reuniões deverá ficar
59
claro nas comunicações enviados aos pais, bem como o assunto a ser
tratado e por quem, para evitar que um eventual excesso de reuniões
previstas torne menos provável a presença dos pais nas de maior
importância para a escola. Nessas reuniões optativas, não devem ser dados
avisos ou informações que digam respeito a alunos cujos pais não estejam
presentes.
Tendo sido programadas para grupo menores de participantes e
tratando - se de pauta única, é aconselhável, se possível, trazer especialista
(s) - que poderá (ão) ser até algum (ns) pai (s) ou membro (s) da própria
comunidade - para aprofundar mais o tema tratado. O menor número de
pessoas e a especificidade do assunto podem permitir debates gerais ou em
grupos, após a exposição e resposta às dúvidas colocadas pelos presentes.
As pautas das reuniões são definidas “a priori “ e devem constar da
convocação ou convite enviado a família.
Em todas essas ocasiões, deve-se deixar claro que não é o momento
para tratar de assuntos particulares relativos a filhos e/ou professores ou,
ainda, fazer reclamações ou repreensões em público. Esses assuntos
deverão ser tratados em entrevistas agendadas. . Quando os pais realmente
não dispõem de outra ocasião para freqüentar a escola e o psicopedagogo
,tem assuntos urgentes a tratar com eles, apenas para facilitar, é possível
organizar um esquema de atendimento após a reunião, embora esta não
seja a ocasião ideal para esse tipo de entrevista.
Embora nas reuniões ordinárias os assuntos tratados sejam
importantes e digam respeito à totalidade dos alunos, não se pode pressupor
que todos responsáveis estarão necessariamente informados. A freqüência
60
a elas costuma variar de escola para escola, mas nunca atinge a todos os
pais. Muitos não comparecem por impossibilidade, outros por acanhamento
ou por falta de interesse ou, ainda, porque não as consideram importantes e
há os que temem reclamações sobre seu filhos. Os pais dos bons alunos
podem considerar sua presença desnecessária na escola. É aconselhável,
pois, usar outros canais de comunicação como um boletim, contendo a
programação do psicopedagogo e avisos gerais da escola.
Além das reuniões, as entrevistas também são estratégias muito
utilizadas na área de Orientação Familiar. Na sua organização, alguns
cuidados precisam ser observados como: marcá-las em horários que não
conflitem com outras atividades; delimitar o tempo de sua duração; procurar
sempre manter a objetividade. ética, e discrição no trato das questões;
organizar um breve roteiro para facilitar a sua condução; providenciar com
antecedência fichas, gráficos de aproveitamento escolar e de freqüência ou
outros materiais que possam ilustrar os problemas tratados e registrar,
devidamente, o que tiver sido conversado e decidido em cada entrevista,
passando para a ficha cumulativa, se houver. o que for significativo.
Desde o primeiro contato, os pais devem ser alertados sobre a
importância de comunicarem ao psicopedagogo novos eventos na família
que possam interferir no aproveitamento escolar e no comportamento geral
do aluno, como: nascimento de irmão; ciúmes, brigas no lar; alcoolismo,
separação ou divórcio dos pais, abandono do lar; mudanças; agressões às
crianças; morte; assaltos; acidentes; doença prolongada ou grave;
desemprego; despejos, etc.
Além dos fatos relativos à vida escolar do aluno, outra maneira de
61
atrair os responsáveis pelo mesmo à escola é a realização de eventos
abertos ao público. Inserida na comunidade, a escola pode vir a ser um
núcleo de irradiação socioeconômica e cultural. Por esse motivo, nela
poderão ser organizados cursos de pequena duração, sobre diferentes
temas. Havendo condições, é possível, ainda, recorrer as festas como: as
juninas, da primavera, de aniversário da escola ou outras de âmbito mais
amplo, desde que não entrem em conflito com comemorações já existentes
e bem organizadas em outros locais da comunidade, caso em que à escola
poderá, se conveniente, estudar sua participação nas mesmas, para atrair a
comunidade à escola. O psicopedagogo deve ser cauteloso no sentido de
não promover, de forma independente, nenhuma atividade extra, pois, ele
deve se lembrar que ocupa uma posição técnica na hierarquia administrativa
da escola e tudo o que não esteja previsto em suas atribuições deve ser
submetido à apreciação superior. É importante mostrar que as relações
escola-família não se restringem a punições ou recriminações mútuas.
Antes, devem basear-se no espírito cooperativo e integrativo.
Visando, ainda essa colaboração e integração, a escola pode
cooperar em muitas campanhas que dizem respeito à comunidade,
colocando sua infra-estrutura e recursos à disposição e educando, em
sentido mais amplo, os alunos. Algumas dessa campanhas são tradicionais,
como a do agasalho, dos brinquedos, de livros ou material escolar para os
mais carentes, a da vacinação, as de ajuda a flagelados, dentre outras.
Há escolas que vão mais além, abrindo sistematicamente suas portas à
comunidade, fora do horário das aulas, proporcionando oportunidades de
cursos os mais variados e de atividades de lazer. Embora também não caiba
62
ao psicopedagogo, a realização e supervisão de tais atividades, elas
constituem um fator de maior entrosamento da escola com as famílias e com
a comunidade, aumentando as possibilidade de comunicação e apoio mútuo.
63
CONCLUSÃO
A monografia realizada apresentou a Relação da Família na
Educação Escolar. Ao longo dos anos, a relação família – escola, tem
tornando – se um tema de discussão e análise por diversos educadores,
tendo assim a criação de alguns projetos, atividades ou seja estratégias que
consigam uma aproximação e dedicação maior por parte da família junto a
escola.
A criança onde tem uma família que acompanha seu processo de
desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo terá maior sucesso no seu
processo ensino-aprendizagem, diferente da criança, que não tem sua
família participativa no seu dia-a-dia.
É importante que os pais participem de todas as reuniões da escola,
que estejam atentos, como está o processo de aprendizagem como também
sua relação com os outros, podendo assim orientar as crianças de uma
forma paralela junto a escola.
A escola por sua vez deve construir elos junto a famíla que favoreçam
o sucessor escolar. Não se trata de fazer dias festivos para a participação
dos pais, mas sim convida-los para redigir diretrizes mínimas de convívio
com a escola.
É necessário a participação efetiva dos pais e membros da
comunidade na gestão escolar dividindo fazeres e responsabilidades.
64
BIBLIOGRAFIA
BIASOL / ALVES,Z.M.M. Família – socialização- desenvolvimento. Ribeirão
Preto: FFCL/USP, 1994.
BRASIL. Estatuto da Criança e do adolescente. Lei nº 8069, de julho de
1990.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9424, de dezembro
de 1996.
BHERING, E; SIRAJ – BLATCHFORD. Relação – escola – pais: um modelo
de trocas e colaboração. Campinas: Brasil, 1999.
KALOUSTIAN, S.M. (org.) Família Brasileira, a Base de Tudo. Brasília, DF,
Cortez, 1998.
SZYMANSKI,H. Os desafios enfrentados no cotidiano escolar. São Paulo,
FDP, 1997.
TANCREDI, RMSP, REALI, AAMR. Visões de professores sobre as famílias
de seus alunos: um estudo na área da educação infantil. São Paulo,
Colombo, 2001.
65
INDICE
CAPÍTULO 1
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NO PROCESSO ENSINO –
APRENDIZAGEM 9
CAPÍTULO 2
A ESCOLA NA INTEGRAÇÃO FAMILIAR 25
2.1 – A INFLUENCIA DA FAMÍLIA DESDE O NASCIMENTO PARA UMA
BOA APRENDIZAGEM 25
2.2 – A IMPORTANCIA DO CURRICULO NA RELAÇÃO
FAMÍLIA/ESCOLA 32
CAPITULO 3
ESTRATÉGIAS DE APROCIMAÇÃO ENTRE A FAMÍLIA E A ESCOLA 40
3.1 – MOBILIZAÇÃO SOCIAL E CIDADANIA NA EDUCAÇÃO 44
3.2 – PORTAS ABERTAS PARA REUNIÕES DE PAIS 48
3.3 – OS DETALHES DE UMA BOA CONVERSA 49
3.4 O PSICOPEDAGOGICO E A FAMÍLIA DO ALUNO 50
CONCLUSÃO 63
BIBLIOGRAFIA 64
INDICE 65
FOLHA DE AVALIAÇÃO 66
66
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PÓS – GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
Monografia: ________________________________________
Data da Entrega: ________________
Avaliação:
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
Avaliado por: ________________________________ Grau _____________.
67
_____________________, ______, de ______________ de ____________.