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UNIVERSIDADE DA FORÇA AÉREAPRÓ-REITORIA DE ENSINO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AEROESPACIAIS
GABRIEL BRANDELLO DE OLIVEIRA HAGUENAUER MOURA, Cap Av
ALTERNATIVAS DE TREINAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ATRIBUTO MÚLTIPLAS TAREFAS NA PILOTAGEM MILITAR
Rio de Janeiro2016
UNIVERSIDADE DA FORÇA AÉREAPRÓ-REITORIA DE ENSINO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AEROESPACIAIS
GABRIEL BRANDELLO DE OLIVEIRA HAGUENAUER MOURA, Cap Av
ALTERNATIVAS DE TREINAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ATRIBUTO MÚLTIPLAS TAREFAS NA PILOTAGEM MILITAR
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Aeroespaciais da Universidade da Força Aérea, como re-quisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ciências Aeroespaciais.Orientador: Prof. Dr. Luiz Maurício de An-drade da Silva
Rio de Janeiro2016
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Maurício Amormino Júnior, CRB6/2422)
Moura, Gabriel Brandello de Oliveira Haguenauer. M929a Alternativas de treinamento para o desenvolvimento do atributo múltiplas
tarefas na pilotagem militar / Gabriel Brandello de Oliveira Haguenauer Moura. – Rio de Janeiro: Universidade da Força Aérea, 2016.
104 f. Orientador: Luiz Maurício de Andrade da Silva.
1. Aeronáutica – Instrução de voo. 2. Aviões - Pilotagem. 3. Navegação aérea. I. Silva, Luiz Maurício de Andrade da. II. Universidade da Força Aérea. III. Título.
CDU: 629.13252
Dissertação (mestrado) – Universidade da Força Aérea, Rio de Janeiro, 2016.
Referências: f. 78-84
GABRIEL BRANDELLO DE OLIVEIRA HAGUENAUER MOURA
Alternativas de treinamento para o desenvolvimento do atributo múltiplas tarefas na pilotagem militar
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais da Universidade da Força Aérea.
Aprovado por:
_______________________________________________________________Presidente, Professor Doutor Luiz Maurício de Andrade da Silva – UNIFA
_______________________________________________________________Professor Doutor Newton Hirata – UNIFA
_______________________________________________________________Professor Doutor Rubens Nunes – FZEA/USP
PirassunungaFevereiro de 2016
À Força Aérea Brasileira.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Luiz Maurício de Andrade da Silva, orientador, mestre, motociclista, piloto
e amigo, por todos os ensinamentos desde minha época de Cadete da Academia da
Força Aérea. Pela paciência, dedicação, exemplo e comprometimento à este trabalho.
Ao Comando do Esquadrão Tupã, em especial, ao Major Intendente Alessandro José
Machado, pelo grande apoio e compreensão dos meus momentos de ausência.
À Profa. Daniela Antunes Lessa (Dani) pelo carinho, dicas, apoio, exemplo de dedi-
cação à carreira acadêmica e pela contribuição indispensável para a conclusão deste
trabalho.
À Ten. Gisele Modé Magalhães pelos assessoramentos acadêmicos, amizade e apoio
nos momentos difíceis.
À todos meus familiares e amigos que, de alguma maneira, apoiaram e torceram pelo
meu sucesso, gerando forças para prosseguir.
Obrigado.
“Uma vez tendo experimentado voar, caminharás sempre sobre a Terra de olhos postos no céu,
pois é para lá que tencionas voltar.”Leonardo da Vinci
RESUMO
A Academia da Força Aérea (AFA) é uma instituição de ensino superior do Comando da Aeronáutica que tem como missão formar os Oficiais da Aeronáutica, futuros líde-res da Força Aérea Brasileira (FAB). Para tal, é significativa a importância de estudos e pesquisas para o aprimoramento do ensino e formação dos futuros oficiais. Dentro desse contexto, foi adquirido, no ano de 2004, o Pilot Aptitude Tester (PILAPT), soft-ware desenvolvido pela Força Aérea Inglesa. Esse instrumento é utilizado na seleção de pilotos por sua capacidade de verificar determinados atributos nos candidatos e fornecer o nível de aptidão de cada um. Assim, a partir de 2009, após estudos cientí-ficos para homologação, utiliza-se o TAPMIL (sigla em português de Teste de Aptidão à Pilotagem Militar) como uma seleção inicial dos candidatos a cursarem o CFOAV (Curso de Formação de Oficiais Aviadores). O TAPMIL é composto por seis testes que avaliam, entre outras, as seguintes habilidades: Psicomotora, Processamento de Informação, Atenção Seletiva, Atenção Difusa, Raciocínio Espacial e Múltiplas Ta-refas. A proeminência do atributo múltiplas tarefas na pilotagem militar é observada, rotineiramente, pelos instrutores de voo na prática de instrução e também em estudos científicos a serem referenciados na pesquisa. Considerando-se a importância da ha-bilidade citada anteriormente, um dos objetivos desta pesquisa é sugerir alternativas de treinamento que possam desenvolver ou estimular a capacidade de gerenciamen-to de múltiplas tarefas nos cadetes, bem como aprofundar os estudos nessa área. A pesquisa de campo desta dissertação consistiu em uma análise quantitativa de dados comparando o desempenho dos cadetes na atividade aérea (através da média final das notas de voo obtidas na instrução primária) com o treinamento em determinadas equipes esportivas da AFA. Foi analisada uma possível associação entre o treina-mento em determinada modalidade esportiva e o desempenho na instrução aérea. Buscou-se analisar se alguma habilidade apresentada ou treinada influencia na apti-dão à pilotagem militar. Os resultados indicam que, ainda que não exista correlação (r de Pearson) significativa entre as notas obtidas na instrução aérea e as diferentes modalidades esportivas, verificou-se, através da análise de variância (ANOVA), dife-renças significativas de médias. Observou-se ainda importantes conglomerados de casos (clusters) quando se recorreu às distâncias euclidianas das notas dos cadetes pari passu às diferentes modalidades esportivas. Dessa maneira, pode ser possível contribuir com desenvolvimento de programas de treinamento visando melhorar a capacitação dos cadetes na atividade aérea.Palavras-chave: Instrução de Voo. Múltiplas Tarefas. Equipes Esportivas
ABSTRACT
The Air Force Academy (AFA) is a superior military school of the Brazilian Air Force Command. Its mission is to train Air Force officers, future leaders of the Brazilian Air Force (FAB). To accomplish it, it is significant the importance of studies and research to improve the education and training of future officers. For this purpose, in 2004 it was acquired the Pilot Aptitude Tester (PILAPT), a software developed by the Royal Air Force. It is used to select pilots for its ability to verify some characteristics of the candidates and evaluate their aptitude. Thus, since 2009, based on scientific studies for approval, the TAPMIL (Portuguese translation for Military Pilot Aptitude Test) has been used as an initial selection of candidates to be admitted in the CFOAV (avia-tor officers training course ). The TAPMIL consists of six tests that evaluate several abilities. Some of them are: Psychomotor Ability, Information Processing, Selective Attention, Divided Attention, Spatial Ability and Multiple Tasks. The importance of the Multiple Tasks item in military piloting is observed normally by the flight instructors in their practice. It is also important in scientific researches, which are referenced in this work. Taking into account the relevance of this skill, one of the aims of this research is to suggest training options to develop or enhance this ability in cadets, as well as to contribute for studies in this area. The field research of this dissertation consisted of a quantitative analyses of data, comparing the performance of the cadets in air activities (through the final averages of flight evaluation in primary instruction) with the practice of some sport teams in AFA. It was considered a possible association between the practice in a particular sport and the performance in air instruction. The aim was to find out if any presented or trained ability influences the military pilot aptitude. The results show that, even if there is no significant correlation (Pearson r) between the grades in the air instruction and different sports, the variance analysis (ANOVA) show signifi-cant differences in the averages. Important cases conglomerates (clusters) were also observed when the euclidean distances were used for the cadets grades pari passu in the different sports. It´s possible thus, to contribute to the development of training programs to improve the capacitation of the cadets in air activity.Keywords: Flight Instruction, Multiple Tasks, Sports Teams.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Contribuição técnico-científica do estudo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44Figura 2 – Estrutura da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48Figura 3 – Exemplo de planilha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69Figura 4 – Método ANOVA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79Figura 5 – Equipes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Resultados TAPMIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55Gráfico 2 – Resultado teste múltipla tarefas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56Gráfico 3 – Média das equipes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70Gráfico 4 – Quantitativo de cadetes por equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71Gráfico 5 – Coeficiente de variação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75Gráfico 6 – Histograma das notas do voo T25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76Gráfico 7 – Gráfico de linearidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Gráfico 8 – Histograma das notas de voo por equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77Gráfico 9 – Individual Value Plot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78Gráfico 10 – Boxplot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78Gráfico 11 – Interval plot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81Gráfico 12 – Dois clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84Gráfico 13 – Três clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85Gráfico 14 – Quatro clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85Gráfico 15 – Cinco clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86Gráfico 16 – Seis clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87Gráfico 17 – Sete clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87Gráfico 18 – Oito clusters . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 – Aeronave T-25 universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32Fotografia 2 – T-27 Tucano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Fotografia 3 – Academia da Força Aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33Fotografia 4 – Tapmil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Notas de voo superiores a 9,0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72Tabela 2 – Estatística descritiva da nota de voo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73Tabela 3 – Estatística descritiva por equipe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73Tabela 4 – Análises de Variância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80Tabela 5 – Médias e Desvio Padrão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80Tabela 6 – Correlação equipes x notas de voo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82Tabela 7 – Distribuição F de Snedecor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Ordem de instrução Pré-solo T25 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38Quadro 2 – Enquadramento dos artigos e livros aos temas tratados . . . . . . . . . . . . 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AFA – Academia da Força AéreaAL – Cadete em instrução de vooCFOAV – Curso de Formação de Oficiais AviadoresCFOINT – Curso de Formação de Oficiais IntendentesCFOINF – Curso de Formação de Oficiais de InfantariaEND – Estratégia Nacional de DefesaEIA – Esquadrão de Instrução Aérea IN – Instrutor de vooNOREG – Normas Reguladoras para os cursos da Academia da Força Aérea OI – Ordem de InstruçãoPE-AFA – Plano Estratégico AFA 2015-2030PEMAER – Plano Estratégico Militar da AeronáuticaPIMO – Programa de Instrução e Manutenção operacionalPND – Política Nacional de Defesa TAPMIL – Teste de Aptidão para a Pilotagem Militar1EIA – Primeiro Esquadrão de Instrução Aérea2EIA – Segundo Esquadrão de Instrução Aérea
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311.1 A instrução de voo na AFA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 371.1.1 Avaliação dos voos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 391.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.2.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.2.2 Objetivos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.3 Justificativaecontribuiçãotécnico-científicadoestudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 421.4 Formulação da situação-problema. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 471.5 Hipótese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 471.6 Estrutura da dissertação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2 REFERENCIAL TEÓRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 492.1 EmpregodoPoderAéreo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 492.1.1 Hugh Trenchard. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 502.2 Teste de aptidão à pilotagem militar (TAPMIL) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 522.2.1 Aplicação do teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 542.2.2 Considerações sobre o TAPMIL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 562.3 Gerenciamento de múltiplas tarefas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 572.4 Processo decisório na pilotagem militar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 592.4.1 Tipos de Decisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 612.5 Práticas esportivas correlacionadas com o desempenho de voo . . . . . . . . . . . . . 622.6 ResumodoCapítulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 663.1 Desenho e descrição do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 663.2 Critériosdedesenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 683.2.1 Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 683.2.2 Análises dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
APÊNDICE A – LISTA DE DEFINIÇÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
APÊNDICE B – ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS “CLUSTERS” . . . . . . . . . . . . . . 105
ANEXO A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
31
1 INTRODUÇÃO
A Academia da Força Aérea tem como missão formar Oficiais de Carreira da Aeronáu-
tica dos Quadros de Oficiais Aviadores (CFOAV), Intendentes (CFOINT) e de Infanta-
ria da Aeronáutica (CFOINF), desenvolvendo em cada cadete os atributos militares,
intelectuais e profissionais, além dos padrões éticos, morais, cívicos e sociais, obten-
do-se, ao final desse processo, Oficiais em condições de se tornarem líderes de uma
moderna Força Aérea (ACADEMIA DA FORÇA AÉREA, 2015).
A Academia da Força Aérea é a instituição de ensino superior do Comando da Aero-
náutica responsável pela formação dos Oficiais Aviadores, Intendentes e de Infantaria
da Força Aérea Brasileira. Conforme a NOREG 2015 (BRASIL, 2015), os Cursos de
Formação de Oficiais da AFA são desenvolvidos com base em um Currículo Mínimo
(CM) composto pelas Instruções do Campo Geral (Científica), do Campo Técnico-
-Especializado e do Campo Militar, que visam à formação do futuro oficial da ativa da
Aeronáutica. Contemplam as seguintes áreas do conhecimento: Ciências Exatas e da
Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Engenharia, Linguística, Letras
e Artes, Ciências da Saúde, Ciências Aeronáuticas, Ciências da Logística e Ciências
Militares.
Ainda conforme a NOREG 2015 (BRASIL, 2015), o bacharelado em Administração
Pública será concedido aos cadetes que concluírem os Cursos de Formação de Ofi-
ciais Aviadores, Intendentes e de Infantaria da Aeronáutica e tem por finalidade qua-
lificar os futuros oficiais para o desenvolvimento da Gestão Pública e para o aperfei-
çoamento dos processos administrativos e operacionais da Aeronáutica. O CFOAV,
o CFOINT e o CFOINF são realizados em período integral, em regime de internato,
exigindo dedicação exclusiva do cadete.
O Curso de Formação de Oficiais Aviadores (CFOAV), realizado em quatro anos, é
pautado, resumidamente, em disciplinas relativas a um Curso de Administração e dis-
ciplinas específicas relativas a Ciências Aeronáuticas, além das instruções militares,
esportivas, doutrinárias e de voo. O CFOAV confere a seus concluintes as seguintes
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graduações: bacharel em Ciências Aeronáuticas, com habilitação em Aviação Militar e
bacharel em Administração, com ênfase em Administração Pública (BRASIL, 2011a).
A Instrução Aérea, quando os cadetes aprendem a pilotar aeronaves, é ministrada no
segundo e quarto anos do curso. No segundo ano, é realizada a instrução primária na
aeronave T-25 UNIVERSAL (45 horas de voo, aproximadamente), e no quarto ano, a
instrução básica na aeronave T-27 TUCANO (100 horas de voo, aproximadamente).
O corpo de instrutores de voo é composto por experientes pilotos oriundos de diversos
Esquadrões Operacionais da Força Aérea Brasileira (aviação de Caça, Helicóptero,
Transporte, Patrulha, Reconhecimento e Busca e Salvamento) que, após alguns anos
de experiência atuando nas diversas Bases Aéreas em todo território nacional, retor-
nam à AFA para trabalhar na formação dos futuros pilotos.
Fotografia1 – Aeronave T-25 universal
Fonte: Fotos (2016).
33
Fotografia2 – T-27 Tucano
Fonte: Fotos (2016).
Fotografia3 – Academia da Força Aérea
Fonte: Fotos (2016).
O processo seletivo para ingresso na AFA inclui: aprovação nas provas teóricas (por-
tuguês, matemática, física e inglês), avaliações médicas, psicológicas e físicas e o
TAPMIL (Teste de Aptidão à Pilotagem Militar). O TAPMIL é um teste totalmente infor-
matizado (software), composto por seis dimensões que avaliam, de maneira isolada
ou combinada, aptidões inerentes à pilotagem.
Após a seleção, o candidato ingressa no primeiro ano da Academia e torna-se Cadete
da Aeronáutica. No ano inicial, passa por aulas teóricas na Divisão de Ensino, com
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disciplinas relativas ao curso de Administração, semelhantes às realizadas nas facul-
dades civis, disciplinas aplicadas e específicas relativas ao curso escolhido (Aviação,
Intendência e Infantaria), instruções doutrinarias (formação militar) e instruções práti-
cas, como atividades de campanha (acampamento militar), tiro, salto de emergência
(paraquedismo básico).
O cadete, ainda, diariamente, após suas aulas teóricas ou atividade aérea, prossegue
para a área de educação física, local da AFA onde, por meio de uma diversificada es-
trutura para a prática do desporto, executa seus treinamentos. Cada cadete participa
de uma equipe esportiva, como, por exemplo, vôlei, basquete, futebol, etc., ou partici-
pa do treinamento físico militar, uma espécie de “ginástica militar”.
Todas as atividades físicas são supervisionadas por profissionais especializados em
cada esporte, técnicos que conduzem os treinamentos específicos. A equipe titular
de cada esporte participa, anualmente, de duas competições principais, a INTERA-
FA, competição interna na AFA, e a NAVAMAER, sendo esta a mais significativa, um
campeonato, semelhante a uma olimpíada, entre as três Forças Armadas: Marinha,
Exército e Aeronáutica.
Os cadetes aviadores, jovens que optaram por seguir a carreira de piloto militar, iniciam
seus estudos aeronáuticos ainda no primeiro ano, preparando-se para a instrução aé-
rea primária que ocorre no segundo ano do curso. Assim, a partir, aproximadamente
do mês de março do segundo ano da AFA, continuam as aulas de administração, ins-
truções práticas e doutrinárias em paralelo com a instrução de voo. O cadete alterna
seus dias semanais entre um “dia de voo” e um dia na Divisão de Ensino.
Para o início da instrução aérea, o cadete deve preparar-se, estudando os manuais
da aeronave e toda a padronização para a realização do voo, assim, necessitando de
grande dedicação individual.
A instrução de voo torna-se um mecanismo de seleção, na medida em que são ex-
cluídos do processo de aprendizagem aérea os cadetes (alunos do CFOAV) que não
atingem os níveis preestabelecidos no Plano de Avaliação, por serem considerados
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inaptos à pilotagem militar. Dessa forma, é criada uma “taxa de atrito anual”, represen-
tada pelo número médio de cadetes que são desligados anualmente do curso.
Segundo Costa (2010), a média de fracassos na instrução aérea básica no 2° Es-
quadrão de Instrução Aérea (2° EIA) na Academia da Força Aérea é de 23%, tendo
por base os anos de 2000 até 2007. Considerando uma média histórica de turmas
com, aproximadamente, 140 cadetes aviadores, são 35 militares que, anualmente,
são afastados do curso. Esse modelo funcionou, com a instrução/seleção baseada no
julgamento e avaliação dos instrutores, sem grandes mudanças por mais de 30 anos.
Segundo Costa (2010), baseado nas teorias de Griffin e Koonce (1996), os altos cus-
tos envolvidos na formação de um aviador, principalmente de um piloto militar, vêm
fazendo com que haja investimentos por parte das forças armadas em pesquisas
e desenvolvimento de instrumentos que possam avaliar características compatíveis
com as de um aviador.
Ainda segundo Costa (2010), seguindo os preceitos de Hunter e Burke (1995), os
ganhos financeiros por meio da seleção de pilotos ocorrem porque os testes avaliam
habilidades inerentes à atividade aérea, as quais são transformadas em produtivida-
de. Assim, o insucesso no treinamento dos cadetes gera custos para a Força Aérea e
para os próprios militares.
Nessa linha de raciocínio, já visando à otimização da instrução e diminuição de cus-
tos, denotando a necessidade de investimentos na instrução, utiliza-se o TAPMIL des-
de 2009 na seleção inicial dos candidatos a cadete aviador.
Ao iniciar a instrução aérea com alunos previamente testados e selecionados a partir
das características esperadas relacionadas à atividade aérea e, mais especificamen-
te, à pilotagem militar, teríamos uma diminuição dos custos, pois possivelmente se-
riam menores as taxas de insucesso.
Ao realizar essa seleção prévia, espera-se uma melhora no desempenho da pilotagem
militar, visto que são selecionados militares com habilidades mais adequadas à ativi-
36
dade. Após serem selecionados, pode-se criar a possibilidade de treinar ou estimular
essas características esperadas ou mais necessárias para o sucesso na instrução
aérea básica. Dentre elas, verifica-se que a habilidade de gerenciamento de múltiplas
tarefas é um fator a ser considerado determinante por muitos instrutores durante a
instrução. Fato observado durante a prática de instrução e comprovado por citações
em diversas fichas de avaliação de voo e por outros estudos na área de multitasking
referenciados nesta dissertação.
Ao otimizar a instrução aérea na AFA, espera-se minimizar os custos para a institui-
ção e, no final dos anos, formar oficiais mais capazes de cumprir as diversas missões
operacionais na Força Aérea Brasileira. Portanto, com essa linha de pesquisa, seria
possível otimizar os processos de instrução aérea, de forma a gerar o subsídio a pla-
nejamentos relacionados ao preparo e emprego do Poder Aeroespacial.
Segundo a Política Nacional de Defesa (PND), o documento condicionante de mais
alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional, os setores gover-
namental, industrial e acadêmico, voltados à produção científica e tecnológica e para
a inovação, devem contribuir para assegurar que o atendimento às necessidades de
produtos de defesa seja apoiado em tecnologias sob domínio nacional, obtidas me-
diante estímulo e fomento dos setores industrial e acadêmico (BRASIL, 2013).
Observa-se que estudos para aprimorar a instrução aérea na AFA estão em concor-
dância com os objetivos do País, uma vez que esses trabalhos podem vir a aprimorar
a formação dos futuros pilotos militares e líderes da Força.
Os investimentos acadêmicos também são justificados pela Estratégia Nacional de
Defesa (END), onde é citado, como um dos aspectos positivos do atual quadro da de-
fesa, a excelência do ensino nas Forças Armadas, no que diz respeito à metodologia
e à atualização em relação às modernas táticas e estratégias de emprego de meios
militares, incluindo o uso de concepções próprias, adequadas aos ambientes opera-
cionais de provável emprego (BRASIL, 2013).
37
Ainda, a consonância desta pesquisa com os objetivos estratégicos da Força Aérea
Brasileira pode ser verificada no Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER),
documento no qual é retratada a formulação de estratégias organizacionais, que tem
como objetivo a modernização dos sistemas de formação e pós-formação de recursos
humanos (BRASIL, 2010).
1.1 A instrução de voo na AFA
A instrução de voo na AFA é estruturada baseada em um Plano de Avaliação (MCA
37-5) e um Programa de Instrução e Manutenção Operacional (PIMO), documentos
produzidos pela Academia, no qual padronizam-se toda a instrução. Nesses docu-
mentos, basicamente, define-se as sequências dos voos, fases de voo, graus e notas,
ou seja, toda a formação, seja dos alunos ou instrutores.
O Estágio Primário (instrução inicial realizada no 2EIA), é composto por quatro fases
de voo: Pré-solo, Manobras e Acrobacias, Formatura e Navegação. Cada fase é com-
posta por diversas missões; entende-se por missão um voo de instrução.
O aluno precisa ser aprovado em cada missão (voo) da fase para prosseguir na instru-
ção. Para ser aprovado em um voo, ele precisa atingir os níveis esperados para cada
fase, conforme será explicado à frente. Caso não obtenha sucesso em uma missão, o
cadete tem a oportunidade de repetir o voo; são os chamados voos de revisão.
Durante todo o estágio primário, segundo o PIMO 2016 (BRASIL, 2016a) e o Plano de
Avaliação da AFA (MCA37-5), o cadete pode ser reprovado em no máximo cinco voos
durante o estágio, sendo no máximo dois na mesma fase. Ou seja, por exemplo, caso
seja reprovado em um terceiro voo na fase de pré-solo, ou em cinco, somando todas
as fases, o cadete será submetido a um conselho de desempenho acadêmico.
Após submetido ao conselho, fica a cargo do Comandante da AFA, após assesso-
ramento de diversos setores da AFA e minuciosa análise de cada caso específico, a
decisão de afastar o aluno definitivamente do curso ou permanecer com o mesmo,
aplicando mais voos de revisão.
38
O quadro a seguir mostra as missões relativas à fase de pré-solo.
Quadro 1 – Ordem de instrução Pré-solo T25
Fonte: Brasil (2016a).
A fase de Pré-Solo é a fase primária do voo, na qual o cadete terá o primeiro contato
com a aeronave, irá aprender o básico da pilotagem, como dar partida no avião, deco-
lar, pousar, curvar, orientar-se em voo, etc., conforme os itens avaliados no quadro 1.
Após concluir o Pré-solo, a fase seguinte é a de Manobras e Acrobacias, em que o ca-
dete aprenderá algumas manobras e acrobacias, visando aprimorar sua capacidade
39
de pilotagem. O aluno realiza curvas de grande inclinação, oito preguiçoso, glissada,
tounneaux lento, looping, tounneaux barril e retournement.
Na fase de Formatura de duas aeronaves, após a fase de Manobras e Acrobacias,
são ensinados os conceitos básicos de formatura, isto é, voar ao lado de outra aero-
nave, realizando manobras em conjunto. Nessa fase, é desenvolvido no aluno uma
maior sensibilidade nos comandos de voo, visando o emprego futuro do avião como
armamento.
A última fase da instrução primária é a fase de Navegação, na qual o cadete apren-
derá, simploriamente explicando, a se deslocar para outra localidade. Aprenderá as
técnicas de navegação, utilizando cartas aeronáuticas e alguns auxílios de rádio. Nos
voos iniciais da fase de Navegação, o aluno decola e pousa em Pirassununga, sobre-
voando algumas localidades e, ao fim da fase, realiza uma viagem, geralmente para
a cidade de Barbacena-MG.
1.1.1 Avaliação dos voos
Segundo Costa (2010) apud Fajer (2005, p. 426) “a formação do piloto requer habili-
dades que envolvam três domínios da aprendizagem: cognitivo, afetivo e psicomotor”.
Segundo Costa (2010), o Aviation Instructor’s Handbook da Federal Aviation Adminis-
tration (U.S. DEPARTMENT OF TRANSPORTATION, 2008) descreve que esses três
domínios foram desenvolvidos por Bloom, Hastings e Madaus (1971), sendo que o
domínio cognitivo abrange a aquisição de conhecimentos e habilidades intelectuais, o
domínio afetivo abrange as emoções do aluno para o aprendizado, e o domínio psico-
motor se baseia na habilidade da coordenação do movimento físico.
Para cada voo, existe uma nota que varia de 1 a 6. Para definir uma nota em um voo,
os instrutores se baseiam em níveis de aprendizagem do domínio psicomotor, confor-
me Brasil (2016a). São utilizados quatro níveis de aprendizagem: PR, RO, RM e RC:
40
a) PREPARAÇÃO/PERCEPÇÃO (PR): Neste nível, o AL faz o ajustamento pre-
paratório para determinada ação, estando contidos aí o preparo mental, o
preparo físico e o preparo emocional. Os exercícios são demonstrados pelo
instrutor.
b) RESPOSTA ORIENTADA (RO): O AL age sob orientação do IN, desenvolven-
do habilidades motoras simples, cabendo a este servir como modelo, de modo
que leve o AL a atingir, por meio da orientação e da repetição, a resposta
desejada. O aluno realiza os exercícios, sendo que o instrutor pode auxiliá-lo
manual e verbalmente.
c) RESPOSTA MECÂNICA (RM): O AL adquiriu certa confiança e um adequado
grau de proficiência quanto à resposta, sendo que é capaz de, por si só, exe-
cutar a ação sem o acompanhamento do IN, com relativa segurança, revelan-
do-a como uma resposta habitual. O instrutor pode auxiliar verbalmente.
d) RESPOSTA ABERTA COMPLEXA (RC): Ao atingir esse nível, o AL terá adqui-
rido um alto grau de habilidade, pois executará um conjunto integrado de movi-
mentos feitos com desembaraço e eficiência, sendo autonomamente capaz de
identificar e de corrigir, com propriedade, seus próprios erros, sem a presença
do instrutor.
Em uma ficha de avaliação de voo, documento preenchido pelo instrutor após a rea-
lização do voo, existem diversos exercícios a serem avaliados, cada exercício com
o nível de aprendizagem a ser exigido na missão (PR, RO, RM e RC). Para cada
exercício com seu nível, o instrutor atribui um grau, variando de 1 a 6. Assim, após o
preenchimento da ficha, o instrutor define o grau final da missão, também variando
de 1 a 6. Os graus são atribuídos seguindo as seguintes orientações constantes em
Brasil (2016a):
a) Grau 1 – PERIGOSO: Quando as normas da atividade aérea forem viola-
das sem qualquer razão satisfatoriamente justificada. Quando o IN intervier
manualmente nos comandos de voo ou nos sistemas auxiliares para evitar
41
acidentes perfeitamente previsíveis, levando-se em consideração o nível de
aprendizagem do cadete.
b) Grau 2 – DEFICIENTE: Quando o aluno apresentar erros, não atingindo o
nível de aprendizagem previsto em um ou mais itens de avaliação, sendo con-
siderado reprovado na missão, devendo repeti-la, de acordo com o PIMO e
limitado às quantidades previstas em cada fase/estágio.
c) Grau 3 – SATISFATÓRIO NOS MÍNIMOS: Quando o aluno apresentar erros,
atingindo, com muito treinamento, o nível previsto, com rendimento mínimo
aceitável, demonstrando condições de obter o desempenho esperado na pró-
xima missão.
d) Grau 4 – SATISFATÓRIO: Quando o aluno apresentar erros, atingindo, com o
treinamento, o nível previsto no exercício.
e) Grau 5 – BOM: Quando o aluno apresentar poucos e pequenos erros, atingin-
do, com pouco treinamento, o nível previsto.
f) Grau 6 – EXCELENTE: Quando o aluno demonstrar excelente domínio da
aeronave e atingir com facilidade ou superar o nível previsto para a missão.
Assim, ao término de cada voo, o instrutor preenche uma ficha de avaliação, seguindo
os níveis de aprendizagem e graus, conforme citado acima, define o grau final da mis-
são e realiza o “debrifim”1 com o aluno, relembrando os pontos positivos e negativos
da missão, ensinando todas as técnicas necessárias para o voo.
Ao término do estágio primário, os cadetes que conseguiram concluir possuem um
grau final que é a média aritmética de todas as notas obtidas no estágio. Essa média
aritmética que foi utilizada para a análise quantitativa desta pesquisa.
1 “Feedback”do voo, momento no qual o instrutor informa o resultado da missão ao aluno, buscando ratificar os ensinamentos passados durante o voo.
42
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral da pesquisa é contribuir, com um plano de investigações mais am-
plo, em que se busca a confirmação da proeminência do atributo múltiplas tarefas na
pilotagem militar, identificar alternativas para desenvolver ou estimular habilidades
que propiciem um melhor aprendizado na instrução de voo dos Cadetes Aviadores da
Academia da Força Aérea.
1.2.2 Objetivos específicos
Para alcançar o objetivo geral, foram definidos os seguintes objetivos específicos:
a) Analisar estatisticamente o desempenho dos Cadetes Aviadores na atividade
aérea, buscando possíveis associações com as atividades esportivas pratica-
das na AFA;
b) Avaliar em que medida a prática de determinado esporte tem potencial para
influenciar na aptidão para a pilotagem militar;
c) Propor práticas que estimulariam a capacidade de gerenciamento de múltiplas
tarefas ou outras habilidades pertinentes à instrução aérea.
1.3 Justificativaecontribuiçãotécnico-científicadoestudo
A habilidade de gerenciamento de múltiplas tarefas é um fator considerado determi-
nante por muitos instrutores durante a instrução aérea. Tal afirmação pode ser verifi-
cada durante a prática de instrução e comprovada por citações em diversas fichas de
avaliação de voo e em dossiês de cadetes submetidos ao Conselho de Desempenho
43
Acadêmico2, nos quais a capacidade de um aluno gerenciar diversos sistemas e ativi-
dades ao mesmo tempo é constantemente citada e questionada.
Silva et al. (2013), confirmaram que, dentre diversos testes realizados pelo TAPMIL,
o atributo Múltiplas Tarefas, ainda que na regressão os coeficientes obtidos não per-
mitam tal conclusão, aparece com um maior peso perante as demais habilidades,
especificamente na matriz de ordenamento de preferências obtida com os instrutores
participantes da pesquisa.
Novas pesquisas ainda são necessárias para que se confirme a proeminência do
atributo múltiplas tarefas na pilotagem militar. Porém, com a possibilidade de verificar
qual ou quais atributos seriam mais significantes na instrução de pilotagem militar, sur-
ge a hipótese de estimular essas características nos alunos ou realizar treinamentos
capazes de desenvolver certas capacidades, legitimando a importância do presente
trabalho.
Existem fatores que podem influenciar no desempenho durante o aprendizado e que
são difíceis de serem diagnosticados antes do início da instrução aérea3. O cadete
está inserido em um sistema rígido, no qual é exigido uma aprendizagem rápida e
com a possibilidade de ser desligado do curso caso não obtenha sucesso, o que, ine-
vitavelmente, gera um elevado nível de ansiedade nos cadetes no preparo e início da
instrução aérea, como mostra a pesquisa realizada com cadetes aviadores do 2º EIA,
a qual relata que dentre os 198 candidatos que iniciaram a fase de Pré-solo em 2012,
44% apresentaram ansiedade elevada, interferindo negativamente no desempenho
do voo (ANFE; MAGALHÃES; BAPTISTA, 2012).
A Figura 1 exemplifica a contribuição técnico-científica desta pesquisa, sob o referen-
cial teórico das teorias da decisão, múltiplas tarefas e preceitos extraídos dos estudos
sobre o TAPMIL, busca-se gerar conhecimentos possíveis de serem aplicados visan-
2 Conselho onde se reúnem todos os setores envolvidos com a formação do cadete na AFA (Divisão de Operações Aérea , Corpo de Cadetes, Divisão de Ensino, Seção Médica e Seção de Psicologia) para analisar cada caso e assessorar o Comandante da AFA.3 Fatores que, supostamente, podem influenciar o desempenho durante o aprendizado: dificuldade de adaptação à atividade aérea (no sentido fisiológico), problemas pessoais e ansiedade.
44
do a otimização da instrução aérea na AFA, balizados pelos preceitos da END, PND
e PEMAER.
Figura 1 – Contribuição técnico-científica do estudo
PEMAER
PNDEND MúltiplasTarefas
TAPMILProcessoDecisório
Dissertação
Fonte: O autor.
Outra questão importante a ser considerada nesta pesquisa é o fator inovação, isto
é, conforme visto anteriormente e ratificado pela END e PND, a produção de conheci-
mento gerada pode contribuir na otimização de processos e melhoramento da instru-
ção de voo na AFA.
Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de mar-keting, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na or-ganização do local de trabalho ou nas relações externas. (MORICONI, p. 55).
Conforme Brandão (2005), inovação pode ser entendida como a capacidade de trans-
formar a tecnologia em produto, processo ou serviço. Ou seja, no caso analisado
aplicado à AFA, a tecnologia foi aplicada ao iniciar a seleção inicial pelo TAPMIL,
45
transformando um processo que gerou benefícios na formação dos cadetes e, conse-
quentemente, à Força Aérea.
Conforme Lemos (2000), a inovação incremental é a introdução de qualquer tipo de
melhoria em um produto, processo ou organização da produção dentro de uma em-
presa, sem alteração na estrutura industrial.
Segundo Porter (1993), as empresas conseguem e mantêm vantagem competitiva na
competição internacional por meio da melhoria, da inovação e do aperfeiçoamento.
Aplicando esse conceito à FAB, a vantagem competitiva seria uma Força mais bem
preparada com pilotos melhores formados.
A implantação do TAPMIL foi um exemplo de inovação no processo de formação dos
Oficiais aviadores, contudo, apesar do significativo ganho tecnológico, a instrução
de voo na AFA, na atualidade, está aquém dos padrões tecnológicos mundiais, ob-
servando uma demanda significativa por outras inovações processuais, estruturais e
organizacionais.
Esta pesquisa, como pressuposto primário, busca, mesmo que necessitando de con-
tribuições futuras, de certa forma, inovar, desenvolver ou contribuir para o desenvolvi-
mento de novos processos na instrução aérea na Academia.
Exemplificando a demanda por novos processos e desenvolvimento da formação
na AFA, contribuindo para ratificar a importância desta pesquisa, no ano de 2014, o
Exmo. Sr. Comandante da Academia da Força Aérea criou um grupo de trabalho, atra-
vés da Portaria N 80-T/CCAER, de 10 de abril de 2014, com a finalidade de analisar a
conjuntura atual da AFA e projetá-la até o ano de 2030.
Foi criado o Plano Estratégico 2015-2030 (PE-AFA), com a finalidade de definir como
a Academia da Força Aérea será gerida no horizonte de tempo de 2015 a 2030. Tal
documento ainda está em finalização e em análise pelo Alto Comando da Aeronáutica,
porém, já denota a preocupação dessa instituição com inovação e com necessidade
46
de investimentos em tecnologias de defesa. Corroborando para ratificar a importância
desta pesquisa.
O PE-AFA, foi elaborado baseado em quatro objetivos estratégicos (nova proposta
pedagógica, excelência do corpo docente, modernização da infraestrutura da AFA e
modernização de processo de gestão). Visando os objetivos, o plano foi estruturado
em três Projetos Estratégicos (Proposta Pedagógica Moderna, Sistema Integrado de
Instrução Aérea e Modernização da Gestão).
Analisando o Projeto Estratégico 2: Sistema Integrado de Instrução Aérea, observa-
-se que foram levantadas as características atuais da instrução de voo na AFA, mais
especificamente, deficiências e obsolescência das aeronaves utilizadas, bem como,
demandas tecnológicas para a instrução aérea.
Em consonância com os objetivos de pesquisa deste projeto, observa-se no PE-AFA
uma demanda de diversos fatores tecnológicos e de inovação, visando substituição
das aeronaves, formulação de um novo programa de instrução e simulação.
Assim, conforme Lundvall (1992), pode-se considerar que o recurso mais importante
da nova economia é o conhecimento, e que o processo mais valioso é o aprendizado.
Dessa maneira, exalta-se mais ainda a importância de investimentos na pesquisa,
tecnologia e ensino.
A capacidade de antever o futuro é atributo fortemente requerido por toda instituição que semeia para o porvir. Vislumbrar o cenário desejado, alocar metas convergentes, modelar atitudes de perseverança e de disciplinamento intelectual são requisitos que levam à obtenção de resultados consistentes, que permitem dotar de realidade o futuro concebido (BRASIL, 2010).
Conforme observamos no texto acima, extraído do Plano Estratégico Militar da Aero-
náutica, a Força Aérea está em constante evolução e, como instituição, voltada para
melhoria e desenvolvimento tecnológico. Da mesma maneira, a Academia da Força
Aérea, como mais uma organização da FAB, também atua absorvendo novas tecnolo-
gias e pesquisando no intuito de aprimorar ainda mais a instrução aérea.
47
1.4 Formulação da situação-problema
É comum, durante a instrução de voo no 2EIA, ouvir, seja de aluno ou instrutor, alguns
comentários relativos a maiores dificuldades apresentadas no aprendizado no voo ou
até maior índice de insucesso no curso em cadetes que participam do treinamento
em determinado esporte. Seria como se o hábito de praticar determinada modalidade
esportiva gerasse algum fator que dificultaria ou facilitaria o aprendizado. Sabe-se
que tais afirmações não têm nenhum fundamento científico ou vinculado a qualquer
tipo de pesquisa, porém, observando empiricamente, aparentam ter alguma coerência
com a prática da instrução aérea.
Visando sistematizar e realizar um levantamento científico de dados que possam cor-
roborar ou não as afirmações citadas anteriormente e buscando uma possível asso-
ciação de habilidades treinadas nas equipes esportivas, mais especificamente relacio-
nadas às múltiplas tarefas, iniciou-se a presente pesquisa.
A principal problemática abordada no presente estudo é “Considerando a capacida-
de de gerenciamento de múltiplas tarefas um atributo importante no aprendizado da
pilotagem militar, seria possível identificar tal habilidade associada com a atividade
esportiva praticada pelo Cadete Aviador?”. Ainda, relacionada à questão anterior, foi
definida uma problemática secundária: “Existem possíveis associações entre o treina-
mento de determinado esporte e o desempenho na Atividade Aérea?”.
1.5 Hipótese
O treinamento em determinada equipe esportiva influencia na aptidão para a pilota-
gem militar. Sendo possível criar práticas capazes de treinar tal habilidade.
1.6 Estrutura da dissertação
Para apresentar os resultados deste estudo, a dissertação foi estruturada ao longo de
cinco capítulos, conforme é descrito e ilustrado na Figura 2.
48
No Capítulo 1, representado por esta Introdução, apresenta-se o contexto em que se
insere o problema proposto, seus objetivos, justificativa, contribuição técnico-científi-
ca, a problematização e a formulação da hipótese do trabalho.
No Capítulo 2, tem-se o referencial teórico com o objetivo de apresentar as definições
e os trabalhos relacionados ao emprego do poder aéreo; gerenciamento de múltiplas
tarefas; processo decisório na pilotagem militar e estudos de práticas esportivas cor-
relacionadas com o desempenho de voo, conceitos fundamentais para o entendimen-
to desse estudo.
No Capítulo 3, a metodologia de pesquisa foi detalhada a partir da descrição das eta-
pas do estudo, dos pressupostos e dos critérios utilizados para o desenvolvimento do
trabalho.
No Capítulo 4, os resultados obtidos a partir das análises realizadas foram apresenta-
dos, analisados e discutidos.
Finalmente, no Capítulo 5 foram expostas as considerações finais, assim como apon-
tadas algumas sugestões a serem discutidas em futuros trabalhos.
Figura 2 – Estrutura da dissertação
ContextoObjetivosJustificativaProblematização
Emprego dopoder aéreoTAPMILMúltiplasTarefasProcessoDecisórioPráticasesportivas
Descrição doestudoVariáveisAnálise dosdados
Seçã
o 1
Intr
oduç
ão
Seçã
o 2
Ref
eren
cial
Teó
rico
Seçã
o 3
Met
odol
ogia
Seçã
o 4
Res
ulta
dos
e di
scuç
ões
Seçã
o 5
Con
side
raçõ
es fi
nais
Fonte: O autor.
49
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O referencial teórico deste trabalho buscou abordar a importância dos temas, como
emprego do poder aéreo, o TAPMIL, o gerenciamento de múltiplas tarefas e o proces-
so decisório na pilotagem militar, para o estado da arte e da prática.
2.1 EmpregodoPoderAéreo
Poder aeroespacial é a projeção do Poder Nacional resultante da integração dos recursos de que a Nação dispõe para a utilização do espaço aéreo e do espaço exterior, quer como instrumento de ação política e militar quer como fator de desenvolvimento econômico e social, visando conquistar e manter os objetivos nacionais. (BRASIL, 2012).
Em consonância com a área do conhecimento que o Programa de Pós-Graduação in-
sere-se, esta seção busca correlacionar a relevância desta pesquisa com o emprego
do poder aéreo. Assim, buscou-se mostrar que os resultados apresentados corrobo-
ram o que já fora estudado e afirmado por teóricos do emprego do poder aéreo.
Conforme Silva et al. (2013), seguindo os preceitos de Hunter e Burke (1995) e Mar-
tinussen e Torjussen (1998), a Primeira Guerra Mundial seria o marco do nascimento
da psicologia da aviação, uma vez que a demanda por novos pilotos era constante
durante a guerra, e a seleção desses pilotos era basicamente feita pelos atributos fí-
sicos, ocasionando um elevado número de pilotos abatidos em combate, muitos deles
causados por falhas humanas e por deficiência na habilidade de pilotar a aeronave,
crescendo, assim, a necessidade de desenvolver métodos efetivos e científicos para a
seleção de pilotos militares (Naval Aerospace Medical Institute, 1991). Surgiu, então,
a necessidade de selecionar homens capazes de desenvolver as habilidades para a
pilotagem militar em um curto período de tempo. Nesse período, surgem as primeiras
pesquisas relacionadas à seleção de pilotos militares.
Conforme Rosa (2014), a partir do século XX, a introdução das aeronaves nas guerras
gerou significativa mudança na perspectiva de emprego das forças armadas, gerando
uma revolução em assuntos militares. Ainda segundo Rosa (2014), o termo Poder
Aéreo começou a ser citado por diversos autores e teóricos desde o início do século
50
passado, e, em 2001, a Conferência Europeia de Chefes de Forças Aéreas, chegou à
seguinte definição de poder aéreo: “a habilidade de proteger e empregar forças milita-
res no ar e no espaço, ou de uma plataforma ou míssil operando acima da superfície
da Terra” e
poder aéreo não é somente executado pelas forças aéreas mas inclui tam-bém as capacidades aéreas providas por outros serviços (exército, marinha ou fuzileiros navais). Não é composto apenas por sistemas de armas, mas refere-se às pessoas que o empregam, as infraestruturas para operá-los e as peças sobressalentes vitais para seu emprego (ROSA, 2014).
Considerando apenas a simples definição de poder aéreo, a presente pesquisa pode-
ria ser considerada inserida na área do emprego do poder aeroespacial, isso porque
pode-se aprimorar métodos de ensino, pesquisando, gerando conhecimento e poden-
do aperfeiçoar a formação dos futuros pilotos da FAB, pessoas que vão empregar o
poder aéreo conduzindo suas aeronaves e gerenciando a Força Aérea.
Ainda buscando ratificar os estudos à luz das teorias do poder aéreo, foram analisa-
dos diversos “pensadores” que, desde a aparição da aeronave como instrumento de
guerra ao longo do século XX, escreveram e praticaram o emprego do vetor aéreo.
Dentre os pensadores analisados, como Giulio Douhet, Hugh Montague Trenchard,
William Lendrum Mitchell, dentre outros, observou-se que Marechal-do-ar Sir Hugh
Trenchard escreveu sobre a importância da formação, preparo inicial para o emprego
da aeronave como arma aérea.
2.1.1 Hugh Trenchard
“We now come to that on which the whole future of the Royal Air Force depends, na-
mely, the training of its officers and men” (Hugh Trenchard, 1989).
O Marechal-do-ar Sir Hugh Trenchard, oficial de infantaria, combateu em diversos
conflitos pelo exército britânico. Em 1912, ingressou na aviação do exército inglês e
combateu na Primeira Guerra como aviador, adquirindo respeito e experiência para,
então, em 1918, liderar a criação da Royal Air Force, a partir da união da aviação do
exército com a aviação naval inglesa.
51
Embora não seja um teórico do mesmo nível que Douhet sobre emprego militar da
aviação, tem um lugar de destaque na evolução do poder aéreo, pois ele é quem, pra-
ticamente, convenceu as autoridades britânicas a organizar a Força Aérea Britânica
em abril de 1918, ainda durante a Primeira Grande Guerra.
Conforme Rosa (2014), a experiência de voo de Trenchard permitiu que ele fosse
indicado, inicialmente, como responsável pelo treinamento de voo e, depois, como
comandante de todo contingente aéreo britânico na França, em 1915. E, em 1919, foi
chamado por Winston Churchill, então Ministro da Guerra e do Ar, para organizar a
Força Aérea.
Assim, influenciou o desenvolvimento da primeira Força Aérea independente do mun-
do: a Força Aérea Britânica. Após o conflito, tentou-se restaurar a dependência da
Força Aérea ao Exército e Marinha, mas Trenchard foi veemente contra e buscou
embasamento em outros conflitos da época para defender sua ideia de uma Força
Aérea independente.
Trenchard baseava seus argumentos em que o objetivo principal das Forças Armadas
era derrotar o inimigo, e a Força Aérea seria a única capaz de deixar os países agres-
sores na defensiva, visto sua capacidade de atacar pontos sensíveis como indústrias
e bases militares. Defendeu a ideia de transporte estratégico, isto é, movimentação
de tropas pela Força Aérea na área de conflito, e desenvolveu teorias sobre emprego
de bombardeiro, além de ter sido o primeiro a dissertar sobre operações conjuntas e
coordenadas entre as Forças Armadas, diferentemente de Douhet. É um dos poucos
pensadores, senão o único, do poder aéreo que teve a oportunidade de viver duas
Guerras Mundiais, em situações que lhe deram perspectivas mais adequadas e am-
plas para uma avaliação realista do poder aéreo (ROSA 2014).
Os pensamentos mais significativos de Trenchard a serem considerados são aqueles
relacionados ao preparo e formação dos pilotos, mostrando a importância do investi-
mento na formação desde os primórdios do emprego do poder aéreo.
52
Conforme a revista Air Power Review, special edition 2013, página 258 (AN OUTLI-
NE..., 2013), ao analisar um memorando escrito pelo próprio Trenchard, Chief of the
Air Staff, pode-se observar que é citado a necessidade de estruturação da formação
dos cadetes, criação de uma escola específica para a formação dos oficiais aviadores
e o desenvolvimento de técnicas e pesquisas para aprimoramento da formação. Tren-
chard também define toda a sequência da carreira dos oficiais aviadores.
Technical experts are required for the development of the science of aeronau-tics, still in its infancy. Navigation, meteorology, photography and wireless are primary necessities if the Air Force is to be more than a means of conveyan-ce, and the first two are requisite for safety, even on the chauffeur basis (AN OUTLINE..., 2013, p. 262)
Concluindo, observa-se que estudos sobre o emprego e preparo de uma força aérea
se iniciaram há mais de 100 anos e permanecem em desenvolvimento até a atualida-
de. Mesmo com grande evolução tecnológica de meios, a busca por aprimoramento
da formação dos homens e mulheres que conduzirão vetores aéreos armados ainda
permanece em constante desenvolvimento.
2.2 Teste de aptidão à pilotagem militar (TAPMIL)
O sistema TAPMIL (Teste de Aptidão à Pilotagem Militar) foi desenvolvido por Eugene
Burke, Alan Kitching e Colin Valsler na empresa PsyTech Ltd. e teve os primeiros es-
tudos realizados na Inglaterra pela Royal Air Force. O sistema possui uma bateria de
seis testes que objetivam a avaliação de indivíduos em diversas áreas relacionadas à
Psicologia da Aviação, constituindo-se em um avançado sistema de psicodiagnóstico
computadorizado (Costa, 2010).
O TAPMIL é um software utilizado pela Força Aérea Brasileira como instrumento de
seleção de pilotos, desde 2009, por sua capacidade de verificar determinados atri-
butos nos candidatos e fornecer o nível de aptidão de cada um relacionado com o
potencial para o aprendizado de voo (COSTA 2010). Os candidatos, sejam eles oriun-
dos da EPCAR (Escola Preparatória de Cadetes do Ar) ou do meio civil, após todo o
processo seletivo, que inclui provas teóricas, exames médicos, físicos e psicológicos,
são submetidos ao TAPMIL. Assim, todo aluno que inicia a instrução aérea básica já
53
foi submetido a um grau de avaliação e seleção, o que, em teoria, representaria mais
condições de concluírem o curso de formação. Cada candidato realiza o teste somen-
te uma vez e, assim, de acordo com o resultado, é considerado apto ou inapto para
ingresso no CFOAV.
O TAPMIL é um teste psicológico totalmente informatizado, composto por seis testes
que avaliam, de maneira isolada ou combinada, aptidões inerentes à pilotagem. Os
seis testes avaliam, entre outras, as seguintes habilidades: Psicomotora, habilidade
básica em controlar uma aeronave; Processamento de Informação, habilidade em
absorver e usar informação sob pressão de tempo, relacionado com a memória de
trabalho; Atenção Seletiva, habilidade em ignorar distrações e focalizar no objetivo,
relacionado com a tomada de decisão em situações de emergência; Atenção Difusa,
habilidade em manter o foco em uma tarefa primária enquanto as condições para
realizar a tarefa estão em constante mudança; Raciocínio Espacial, habilidade na
adaptação à dinâmica tridimensional de um ambiente de voo; Múltiplas Tarefas, habi-
lidade em gerenciar múltiplas tarefas (várias atividades ao mesmo tempo), conforme
explicado por Costa (2010).
Fotografia4 – TAPMIL
Fonte: Costa (2010, p. 21).
Segundo Hunter e Burke apud Costa (2010, p. 6), o TAPMIL utiliza a medida de amos-
tra de trabalho, que consiste em “simular uma situação em que o desempenho reque-
rido para realizar uma tarefa é similar ao desempenho utilizado na realização real do
54
trabalho”. Conforme Costa (2010), o indivíduo precisa demonstrar suas aptidões em
exercícios de voo simulado, com situações semelhantes às que ocorre na realidade,
e esta prática tem se mostrado confiável na percepção prévia da aptidão para o voo.
2.2.1 Aplicação do teste
O sistema tem como objetivo medir o rendimento de elementos diversos que se re-
lacionam com a habilidade para pilotar. A coordenação motora é investigada no ins-
trumento de forma similar à produzida por um piloto que esteja recebendo instruções
para executar um voo. As provas do TAPMIL são: indicador de desvio, posições, pa-
drões, concentração, trajetória e capacidade (COSTA, 2010).
O teste é aplicado de maneira simples e objetiva. O candidato senta-se à frente do
“computador”, recebe algumas orientações inicias do responsável pela aplicação do
teste, e o restante das instruções são passadas automaticamente pelo software atra-
vés de pequenas orientações e exemplificações práticas.
Conforme o Pilot Aptitude Tester Handbook (KOKORIAN, 1999), a sequência dos tes-
tes é realizada de forma lógica e objetivando a familiarização com os comandos e
atividades. A sequência é: indicador de desvio, posições, padrões, concentração, tra-
jetória e, por último, capacidade. Cada teste tem um limite de tempo que é controlado
pelo software.
A pontuação final é automática e baseada em algoritmos previstos no software. Con-
forme Costa (2010), os resultados brutos individuais de cada teste são transformados
em Nota T, buscando, assim, uma padronização dos resultados para posteriormente
transformá-los em estenos (stens), obtendo-se, assim, o resultado geral do teste em
uma escala de 1 (baixo) a 10 (alto).
O esteno é uma transformação dos resultados que tem como finalidade principal bus-
car uma normalização da distribuição dos resultados da amostragem. Ainda confor-
me Costa (2010), ao terminar a execução do teste, é fornecido imediatamente o seu
resultado do candidato ao aplicador através do Perfil do TAPMIL. Além do nome do
55
candidato e da pontuação, é mostrado, também, o potencial para o aprendizado de
voo. Dentro da escala de estenos, este potencial é apresentado da seguinte maneira:
a) estenos de 1 a 4 = potencial baixo para aprendizado de voo;
b) estenos de 5 e 6 = potencial médio para aprendizado de voo;
c) estenos de 7 a 10 = potencial alto para aprendizado de voo.
O Gráfico 1 mostra a análise do resultado de cada teste e o consequente potencial de
aprendizado do candidato.
Gráfico1 – Resultados TAPMIL
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Desviode Curso
Trajetória
Processamentode Informações
AtençãoSeletiva
AtençãoDinâmica
Capacidade
4
5
7
10
3
5
Nome: DEMONSTRAÇÃO
Pontuação no Teste de Aptidão: 6
Potencial para o aprendizado de voo: MEDIANO
Fonte: Costa (2010, p. 34).
Conforme citado por Costa (2010), no Gráfico 2 observa-se o resultado do Teste Ca-
pacidade (múltiplas tarefas), mostrando a trajetória do indivíduo na execução de uma
tarefa, duas tarefas e três tarefas. A faixa em vermelho no gráfico representa a área
56
dos estenos de 1 a 4, a faixa amarela representa a área dos estenos de 5 e 6, e a faixa
verde representa a área dos estenos de 7 a 10 na execução das tarefas.
Gráfico2 – Resultado teste múltipla tarefas
Nome: DEMONSTRAÇÃO
Referência: 123456
Sessão: 180808-1
Resultado do Teste Capacidade: 5
700
600
500
400
300
200
100
Tarefa Simples Tarefa Dupla Tarefa Tripla
Fonte: Costa (2010, p. 35).
2.2.2 Considerações sobre o TAPMIL
Silva, Lucas e Costa (2009) analisaram a eficiência do TAPMIL através de um estudo
que comparou o resultado dos testes do TAPMIL com a real instrução aérea na AFA,
verificando a validade desse instrumento na seleção dos novos alunos. Em uma das
análises realizadas, foram correlacionados os resultados do TAPMIL, em estenos (de
1, menor grau, a 10, mais alto grau), com a quantidade de sucesso e fracasso na
instrução primária no 2EIA nos anos de 2006 e 2007, em um total de 290 cadetes
analisados.
57
Os cadetes foram divididos em terços de notas obtidos na execução do TAPMIL:
1- estenos de 1 a 3, correspondendo ao baixo nível de potencial de aprendizado de
voo; 2- estenos de 4 a 7, correspondendo a um nível médio de potencial de aprendi-
zado de voo; e 3- estenos de 8 a 10, correspondendo ao elevado nível de potencial
de aprendizagem de voo. Assim, no primeiro terço, 35 cadetes, no segundo, 194, e no
terceiro, 61, totalizando 290.
Após as comparações, verificou-se que, notoriamente, obter maiores resultados no
TAPMIL (maiores estenos) diminui as chances de desligamento no curso (insucesso)
e, consequentemente, menores notas no TAPMIL geram maiores chances de desliga-
mento do curso.
In total, from the 290 cadets that started the flight instruction, 63 (22%) were disconnected of the stage for not showing minimum conditions for military piloting. We can verify that 80% of the cadets that obtained sten 1 in Pilapt were disconnected from the flight activity, while all the cadets that obtained sten 10 concluded the course successfully. The percentage of success in the flight instruction decrease with the reduction of stens obtained by the cadets (Silva, Lucas e Costa, 2009).
Assim, pode-se afirmar que os resultados dos testes do TAPMIL são semelhantes ao
julgamento de desempenho dos cadetes realizado pelos instrutores de voo.
Silva et al. (2013), verificaram que, dentre diversos testes realizados pelo TAPMIL,
o atributo Múltiplas Tarefas, ainda que na regressão os coeficientes obtidos não per-
mitam tal conclusão, aparece com um maior peso perante as demais habilidades,
especificamente na matriz de ordenamento de preferências obtida com os instrutores
participantes da pesquisa. Tal habilidade será discutida na próxima seção.
2.3 Gerenciamento de múltiplas tarefas
“Múltiplas tarefas” é uma expressão que faz referência à simultaneidade de ativida-
des, ou seja, realizar mais de uma ação ao mesmo tempo visando concluir uma ati-
vidade final. Entretanto, o cérebro humano não consegue lidar adequadamente com
essa divergência de foco em mais de uma ação, tornando o conjunto das atividades
adotadas mais lento se comparado com a execução sequencial (isoladamente, uma
58
após a outra) de cada uma dessas atividades. Essa lentidão aumenta de acordo com
a complexidade das atividades (RUBINSTEIN; MEYER; EVANS, 2001).
Os estudos que tangem o gerenciamento de múltiplas tarefas não se aplicam apenas
na instrução de voo. Na FAB, observa-se em todas as aviações operacionais (caça,
asas rotativas, busca e salvamento, transporte, reconhecimento e patrulha) diversas
características que exigem dos pilotos tomadas de decisão durante o gerenciamento
de inúmeros sistemas e pessoas ao mesmo tempo, em condições adversas e de pe-
rigo (ROSARIO, 2013).
Tudo isso somado aos indicadores básicos da aeronave, como controle de combustível, monitoramento das condições aerodinâmicas e indicadores de desempenho do motor, gera uma grande quantidade de informações, que devem ser coletadas e interpretadas com a maior celeridade e precisão pos-síveis, a fim de proporcionar ao piloto os dados necessários para corretas tomadas de decisão (ROSARIO, 2013, p. 3).
Para análise das teorias relativas ao gerenciamento de múltiplas tarefas, ou multi-
tasking, observa-se que, segundo Dux et al. (2009), por mais que se consiga realizar
mais de uma tarefa ao mesmo tempo, o resultado final, no que se refere à velocidade
e precisão da realização das tarefas, é inferior ao resultado final das tarefas realiza-
das individualmente. No caso da pilotagem militar, quase sempre realizar as tarefas
de voo de forma separada torna-se inviável. Assim, o piloto convive, constantemente,
com tal problema. Porém, ainda de acordo com Dux et al. (2009), essa limitação do
sistema cognitivo humano pode ser reduzida ao se realizar treinamentos das tarefas
de forma individualizada.
O cérebro humano ao executar uma atividade por um tempo passa a me-canizá-la, adequando-se as regras e moldando-se para atingir o objetivo de uma maneira eficiente que, em longo prazo, funciona como um treinamento que provoca uma mudança no comportamento cerebral, transferindo o traba-lho efetuado pelo córtex pré-frontal, responsável pelo raciocínio, para outras áreas que são responsáveis pela memória (DUX et al., 2009).
Ao considerar que realizar “múltiplas tarefas” diminui o desempenho total em relação
à execução sequencial das atividades (RUBINSTEIN; MEYER; EVANS, 2001), sur-
gem os questionamentos de como aprimorar tal capacidade nos pilotos.
59
Segundo Dux et al. (2009), a dependência do raciocínio para executar alguma ati-
vidade a torna menos eficiente se comparada à situação em que há a mecanização
através de um treinamento específico.
O piloto, durante todo o voo, necessita tomar decisões que influenciam diretamente
na segurança e no cumprimento da missão. Conseguindo gerenciar todos os fatores
pertinentes, é possível decidir e progredir para o objetivo. Quanto melhor for o geren-
ciamento das atividades, melhor e mais correta vai ser a decisão tomada, isso porque
o piloto estará mais embasado, pois terá em mente uma grande quantidade de infor-
mações que, junto com sua experiência, o levarão a decidir. Tais tipos de decisão,
baseadas na experiência e sob pressão de tempo e adversidades, enquadram-se nas
Tomadas de Decisões Naturalistas, ou NDM (KLEIN, 2000) e serão tratadas na seção
seguinte.
2.4 Processo decisório na pilotagem militar
The practice of flying and - maybe primarily - the teaching of flying techniques are some of the most fertile situations to the non controlled study of the de-cision-making process, particularly the human judgment when making deci-sions (SILVA; LUCAS; COSTA, 2009, p. 1).
Segundo Klein (2000), existem situações em que, por pressão do tempo, riscos e
adversidades, os modelos convencionais de tomada de decisão não são aplicáveis,
especialmente quando tais situações são enfrentadas por especialistas. Assim, es-
tudar as tomadas de decisão naturalistas seria procurar entender como as pessoas
tomam as decisões em situações reais e que são familiares e significantes para elas,
conforme Lipshitz et al. (2001).
Conforme Silva (2013, p. 2), “as decisões naturalistas [KLEIN, 2009] são assim con-
sideradas por buscarem fora do âmbito fechado e restrito dos laboratórios suas prin-
cipais investigações”.
Dessa maneira, em analogia ao que afirmou Klein (2000), podemos enquadrar as
tomadas de decisão de um piloto cumprindo uma missão operacional, de um instrutor
60
de voo em um voo de instrução e de um aluno aprendendo a pilotagem militar, em
decisões naturalistas, pautadas em seu conhecimento, experiência e sob um exíguo
espaço de tempo.
Parte-se do pressuposto de que nas decisões naturalistas a lógica científica da dedução, como decomposição, descontextualização e cálculos, não se aplica. Não se aplica seja pela premência do tempo de decisão, seja pelo risco envolvido com a demora em se adotar logo um curso de ação. Sobre-tudo quando se trata de problemas mal estruturados em ambientes incertos, dinâmicos e de rápidas mudanças, como aquele que facilmente poderíamos vislumbrar quando imaginamos uma emergência ocorrendo na cabine de um avião lotado de passageiros (SILVA, 2013).
Segundo Klein et al. (1993), as decisões naturalistas podem ser caracterizadas por
oito fatores, que podem ou não aparecer no mesmo nível de dificuldade em cada si-
tuação: problemas mal estruturados; ambientes incertos; objetivos indefinidos; ação;
pressão do tempo; risco; outros participantes e objetivos da organização. Sempre
pode-se deparar com o imprevisto, sendo necessário o uso do julgamento.
Outra questão a ser aprofundada é com relação ao julgamento intuitivo, baseado nas
teorias de Gigerenzer (2009), que observou que as decisões baseadas em raciona-
lidade, estudo de alternativas, análise estatística, não se aplicam ao modo como os
mais experientes decidem, sobretudo quando em situações de grande pressão de
tempo e risco envolvido.
Conforme Silva (2013), seguindo os preceitos de Klein (2009), em uma linha de in-
vestigações sobre decisões consideradas naturalistas – uma vez que não recorre aos
eventos controlados em laboratórios – reafirma sua confiança no julgamento intuitivo.
Julgamento intuitivo oriundo daqueles que têm notável experiência em seus campos
de atividade.
Dessa maneira, considerando o referencial supracitado, todo o trabalho de campo,
a pesquisa que envolve esta dissertação, ocorre em ambientes não controlados, isto
é, não ocorre em laboratórios, por esse motivo enquadrando nas teorias naturalistas.
Esses critérios permitem avaliar a qualidade do julgamento humano em decisões, em
um ambiente natural e não controlado, trazendo, assim, novas evidências para o novo
61
campo de estudos de decisão conhecido como naturalistic decision making (SILVA et
al., 2009).
No que se refere ao julgamento humano em decisões, pode-se analisar, ainda, como
os pilotos tomam suas decisões em situações de risco, visto que, segundo Kahneman
e Tversky (1992), a propensão ao risco é menor em situações de ganho e maior em
situações de perda. Até que ponto uma iminência de risco, seja por problemas de
funcionamento da aeronave ou por fatores externos como intempéries ou inimigos,
influenciam na decisão do piloto?
2.4.1 Tipos de Decisão
Conforme Pereira e Silva (2015), tradicionalmente, as organizações dividem as deci-
sões em dois grandes blocos: o bloco das decisões estratégicas e o bloco das deci-
sões operacionais e táticas. Nas decisões estratégicas, o foco é sempre o horizonte
temporal mais largo e a atenção aos impactos que tais decisões podem produzir na
arena de competição entre as organizações. No bloco das decisões operacionais e
táticas, o horizonte passa a ser de prazo mais curto e a atenção se volta para a ciência
e a produtividade das operações.
Com o advento da economia comportamental, novos atores passaram a in-vestigar as decisões – agora com maior foco no comportamento humano – sob o prisma da psicologia cognitiva. Em função disso, as decisões passa-ram a ser analisadas sob novo prisma (ou bloco): (i) as decisões racionais, tomadas em situações planejadas, envolvendo apostas de baixo risco, em ambientes de baixa pressão em termos de tempo de decisão, e apoiadas principalmente na matemática e nos postulados da lógica; e (ii) as decisões intuitivas, tomadas em situações dinâmicas, de escassez de tempo de deci-são, e com pouco uso do recurso da deliberação lógica (PEREIRA; SILVA, 2015).
Conforme Pereira e Silva (2015), citando os preceitos de Bazerman (2006) , as deci-
sões rápidas, de caráter mais intuitivo, foram classificadas como decisões baseadas
no sistema 1 de pensamento e deliberações. Já as decisões estruturadas foram clas-
sificadas como decisões baseadas no sistema 2 de pensamento e deliberações.
62
Assim, convencionou-se que as decisões do tipo 1 seriam mais dependentes do re-
pertório de experiências individuais, que habilitariam o tomador de decisão ao melhor
uso de seu sentido de circunstancialidade e subjetividade, e as decisões do tipo 2
seriam mais dependentes do uso da lógica matemática e instrumental.
Na pilotagem militar, dependendo de cada situação e etapa do voo, as decisões dos
pilotos podem demandar um ou outro sistema, ou até mesmo a conjugação dos dois
sistemas de pensamento e decisão. Exemplificando, um piloto analisando os instru-
mentos da aeronave para decidir se pode prosseguir no voo ou retornar para pouso
seria uma decisão baseada no sistema 2, pois o piloto estaria decidindo pautado em
informações instrumentais. Contudo, ao observar um grave problema na aeronave e
optar por fazer um pouso de emergência em local não preparado ou prosseguir no
voo, regressando para pouso, estaria baseada no sistema 1, pois dependeria mais da
experiência do piloto, da intuição.
De maneira que, como estamos tratando de um problema de decisão que requer a
conjugação dos dois sistemas de pensamento (sistema 1 e sistema 2), passou-se a
investigar se alguma modalidade esportiva – que, como se sabe, são atividades que
também conjugam os dois sistemas de pensamento e decisão – ofereceria maior po-
tencial para auxiliar no treinamento das habilidades dos pilotos.
2.5 Práticas esportivas correlacionadas com o desempenho de voo
Esporte é uma atividade competitiva institucionalizada que envolve esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos (BARBANTI, 2006).
Diferentemente do significado da palavra esporte no dicionário Aurélio (divertimento,
recreio), Barbanti (2006), de forma mais acadêmica, busca resumidamente diferenciar
esporte de lazer ou recreação.
Observa-se que Barbanti (2006) cita o “uso de habilidades motoras complexas” na
proposta de definição de esporte, podendo, assim, assemelharmos a prática despor-
63
tiva com a atividade aérea, onde necessita-se, também, de consideráveis habilidades
motoras.
Diversos autores (TANI, 2005; MEMMERT, 2006 ; PEREIRA, 2010) têm investigado
questões como a plasticidade do cérebro e as possibilidades de treinamento de áreas
específicas do cérebro através de atividades esportivas.
Dentre os fatores que interferem nesse processo, a estrutura da prática, ou seja, a
melhor forma de organizar as sessões de treino sobre a aquisição e a retenção da
habilidade, tem sido investigada com a finalidade de fornecer bases científicas que
sustentam a intervenção, pois o aprendizado pode ser otimizado quando a prática
do exercício combina aspectos de retenção e transferência (MEMMERT, 2006 apud
PEREIRA, 2010).
Entre as conclusões – muitas vezes preliminares – destacamos, em consonância com
os objetivos desta dissertação, aquelas que afirmam ser possível classificar as ativi-
dades esportivas em dois grandes grupos, segundo corolários da teoria de sistemas:
(i) atividades do sistema dinâmico aberto e (ii) atividades do sistema fechado. No
primeiro grupo, estariam atividades em que os agentes praticantes buscariam domí-
nio cognitivo amplo, como aquelas modalidades esportivas em que vários jogadores
atuam em amplo espaço de contenda, como o futebol, o vôlei e o basquete. E no se-
gundo grupo estariam atividades em que se exige dos agentes atributos cognitivos de
maior foco, por exemplo, em um só adversário de cada vez, como o xadrez, o tênis e
a esgrima.
Segundo Gallahue (2002), as habilidades de movimento, geralmente, são considera-
das tarefas motoras abertas ou tarefas motoras fechadas. Uma tarefa motora aberta é
aquela realizada em um ambiente onde as condições estão constantemente mudan-
do.
Nas atividades abertas, o indivíduo – no caso desta pesquisa, os atletas – durante
as atividades deve fazer ajustes para se adaptar às necessidades da situação. Ne-
cessita-se de maior flexibilidade ao realizar uma atividade aberta. Segundo Gallahue
64
(2002), “A maioria das atividades em dupla ou em grupo envolve habilidades abertas
que dependem de um feedback externo ou interno para sua execução com sucesso”.
Podemos, assim, enquadrar a maioria dos esportes coletivos, como vôlei, basquete e
futebol, em atividades motoras abertas.
Uma tarefa motora fechada trata-se de “uma habilidade motora realizada em um am-
biente estável ou previsível onde aquele que a executa determina quando iniciará a
ação” (MAGILL, 2001, p. 7 apud GALLAHUE, 2002).
Uma habilidade de movimento fechada necessita rigidez de desempenho. Depende
mais de um feedback corporal do que visual ou auditivo da execução da atividade.
Ao tenta acertar um alvo, dar um salto vertical, estaríamos realizando uma tarefa de
movimento fechada. O desempenho de uma tarefa com movimento aberta difere da
performance de uma tarefa de movimento fechada (GALLAHUE, 2002).
2.6 ResumodoCapítulo
Este capítulo apresentou os principais conceitos que cercam o cerne do trabalho:
alternativas de treinamento para o desenvolvimento do atributo Múltiplas Tarefas na
pilotagem. O Quadro 2 apresenta os principais autores identificados e citados.
65
Quadro 2 – Enquadramento dos artigos e livros aos temas tratados
Temas Abordados Autores
Emprego do poder aéreo Hunter e Burke (1995); Hugh Trenchard (1989); Rosa (2014)
Teste de aptidão à pilotagem militar Costa (2010); Silva, Lucas e Costa (2009) ; Silva et al. (2013)
Gerenciamento de múltiplas tarefas
Dux et al. (2009); Klein (2000); Rosario (2013); Rubinstein, Meyer e Evans (2001)
Processo decisório na pilotagem militar
Silva et al. (2013); Gigerenzer (2009); Kahneman e Tversky (1992); Klein (1993); Klein (2000); Lipshitz et al. (2001); Pereira e Silva (2015)
Práticas esportivas correlacionadas com o desempenho de voo
Barbanti (2006); Gallahue (2002); Memmert (2006); Pereira (2010); Silva et al. (2013); Tani (2005)
Fonte: O autor.
66
3 METODOLOGIA
O presente estudo tem como objetivo a análise do desempenho dos cadetes na instru-
ção aérea primária na AFA correlacionado com a sua prática esportiva, ou seja, busca-
-se verificar se alguma habilidade treinada ou desenvolvida no treinamento esportivo
teria potencial para influenciar na aptidão para a pilotagem.
Quanto à definição do tipo de pesquisa realizada pelo presente trabalho, ela pode ser
feita em relação aos seus objetivos, à natureza ou à abordagem utilizada para o seu
desenvolvimento. Quanto aos seus objetivos, ela pode ser definida como de caráter
exploratório e descritivo, uma vez que o problema estudado, ainda pouco explorado
na literatura, é caracterizado e definido, objetivando estabelecer relações entre variá-
veis que representem uma população e seus fenômenos. Quanto à sua natureza, a
pesquisa é básica, por não apresentar finalidades imediatas e produzir conhecimento
a ser utilizado em outras pesquisas. Quanto à abordagem, o presente estudo é clas-
sificado como quantitativo, uma vez que, influenciado pelo positivismo, ele recorre à
linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno e as relações entre
as variáveis (GIL, 1991; SILVA; MENEZES, 2005; LESSA, 2006 e MARTINS, 2012).
Neste capítulo será mostrado a descrição do estudo e toda análise quantitativa reali-
zada.
3.1 Desenho e descrição do estudo
Para análise quantitativa, foram levantados dados relativos às notas obtidas pelos
cadetes ao concluírem a instrução de voo primária, no período de 2007 a 2014, oito
anos de instrução, e dados relativos às equipes esportivas da AFA.
Entende-se por notas de voo a média final obtida no curso no 2EIA, realizados na
aeronave T25 Universal. Assim, foram relacionados todos os cadetes que concluíram
o curso com suas respectivas notas, no período mencionado, ou seja, foram descon-
sideradas as notas dos cadetes que foram desligados.
67
As notas dos cadetes desligados foram desconsideradas por eles, obviamente, não
terem concluído o curso e por esta pesquisa não objetivar analisar se algum treina-
mento influencia no êxito ou não na conclusão do curso, e sim buscar habilidades que
podem influenciar na aptidão à pilotagem.
Os dados relativos às notas de voo foram obtidos através de pesquisa nos bancos
de dados da AFA. Foram relacionados, então, notas relativas a todos os cadetes que
concluíram o curso em oito anos de instrução. As notas variam de 1 a 6, contudo, para
efeito de cálculo e análise estatística, foi usado a escala de 0 a 10, ou seja, média final
6 é equivalente ao grau 10.
Na AFA, existem diversas equipes esportivas, nas quais, com acompanhamento de
profissionais especializados, os cadetes realizam treinamentos diários. Dentre essas
equipes, existem 11 esportes que são considerados principais, pois são as modalida-
des integrantes da principal competição que a AFA participa, a NAVAMAER. São eles:
atletismo, basquete, esgrima, futebol, judô, natação, orientação, pentatlo, polo, tiro e
vôlei. Dessa maneira, através de pesquisa no banco de dados da seção de educação
física, foram relacionadas fichas de inscrição na NAVAMAER relativas a oito anos
(2007 a 2014) de competição. Os anos escolhidos foram estes devido à disponibilida-
de do banco de dados.
A relação das equipes envolve todos os atletas que competiram nos respectivos anos,
desta maneira, incluindo cadetes aviadores, intendentes e de infantaria, dos quatro
anos de formação, isto é, as equipes são mistas de cadetes de diferentes quadros e
anos de formação. Não foi feita distinção de sexo devido à quantidade de mulheres
aviadoras ser pequena, não chegando a 5% dos aviadores. Assim, foi necessário re-
tirar da planilha todos os cadetes intendentes e de infantaria.
Outra questão a ser considerada é que, para a análise quantitativa, só foram consi-
derados os atletas NAVAMAER, ou seja, a equipe titular. Exemplificando, a equipe de
vôlei tem, em média, 50 cadetes treinando diariamente, porém somente 12 cadetes
são escalados para competir. A opção por selecionar somente os atletas titulares ocor-
68
reu por se considerar que estes podem possuir mais habilidades e, possivelmente,
executar um treinamento mais intenso que os demais.
Após compilação dos dados, foram selecionados somente os cadetes aviadores que
participaram da NAVAMAER nos anos citados.
O passo seguinte foi identificar, dentre todos os atletas relacionados, quais haviam
concluído o curso primário no 2EIA, correlacionando com suas respectivas notas de
voo. Dessa maneira, foi possível montar uma planilha com 1059 notas de voo correla-
cionadas com 11 variáveis (equipes esportivas). Assim, foi analisada toda a população
de cadetes aviadores atletas que concluíram a instrução básica no 2EIA e competiram
a NAVAMAER nos anos de 2008 a 2014.
Após compilação dos dados, foram realizadas as análises estatísticas, dentre elas,
estatística básica, as correlações (r de Pearson) possíveis entre o desempenho na
atividade aérea (notas de voo) e a prática competitiva de determinado esporte, análise
de variância (ANOVA) e análises de agrupamentos por distâncias euclidianas (cluster)
de casos, conforme Hair et al. (2009) e Fávero et al. (2009).
3.2 Critériosdedesenvolvimento
3.2.1 Variáveis
Após compilação dos dados e separação das variáveis, foi montada uma planilha no
software Excel, alocando cada cadete com sua respectiva nota em linhas e as equi-
pes, variáveis, em colunas, de forma que a sinalização por integrar ou não determina-
da equipe foi feita com variáveis dicotômicas, 0 ou 1. Conforme observa-se na Figura
3 a seguir, a primeira coluna é composta pelos cadetes, no caso representados por
seus números, a segunda coluna é a nota de voo T-25 (média final de cada cadete ao
término do curso), e da terceira coluna em diante temos as equipes esportivas.
69
Figura 3 – Exemplo de planilha
Fonte: O autor.
Cada equipe, por se tratar de diferentes esportes, é composta por uma quantidade
diferente de atletas, ou seja, para competir em determinado ano, a equipe de voleibol
era composta por 12 cadetes, e a equipe de atletismo, por 30. Assim, a quantidade de
cadetes que participaram da competição variou por ano e por equipe. Dessa manei-
ra, ao finalizar a planilha de análise, obtivemos quantidades diferentes de atletas por
equipe ao longo dos anos.
Outra questão a ser considerada é que as equipes, ao longo dos anos, repetem os
atletas. Isto é, considerando que a AFA tem quatro anos de formação e que um cadete
pode entrar para a equipe no primeiro ano, este militar pode permanecer na equipe
pelos quatro anos. Assim, por exemplo, a equipe de 2007 tem 12 atletas, a equipe de
2008, também 12 atletas, sendo sete atletas em comum com a de 2007. Tal situação
ocorreu porque cinco cadetes se formaram em 2007, saindo da AFA, e em 2008 cinco
novos cadetes ingressaram na equipe.
70
A situação acima descrita também não foi considerada um óbice devido ao objetivo
de a pesquisa ser a análise do esporte, da equipe ao longo dos anos, e não a análise
individual de cada cadete.
Para as análises dos dados, foram usados softwares especializados em estatística,
aplicados conforme necessidade das análises: Microsoft Excel, MINITAB Express e o
IBM SPSS (Statistical Package for Social Sciences).
3.2.2 Análises dos dados
A primeira análise realizada foi o levantamento da média das notas de voo das equi-
pes ao longo dos oito anos considerados. A observação inicial, conforme Gráfico 3, foi
uma diferença nas médias, onde o judô aparece com menor média, e a esgrima, com
a maior.
Gráfico3 – Média das equipes
Esgrima
Tiro
Orientação
Vôlei
Pentatlo
Natação
Pólo
Atletismo
Basquete
Futebol
Judô
7,90 8,00 8,10 8,20 8,30 8,40 8,50
Judô Futebol Basquete Atletismo Pólo Natação Pentatlo Vôlei Orientação Tiro Esgrima 8,10 8,23 8,24 8,26 8,30 8,31 8,42 8,42 8,43 8,45 8,48Series 1
Fonte: O autor.
71
Considerando que a quantidade de cadetes varia por equipe ao longo dos anos, con-
forme Gráfico 4 (a seguir), a simples análise de médias não permite conclusões con-
sistentes sobre o possível desempenho melhor ou pior na atividade aérea (a quanti-
dade de cadetes por equipe é diferente). Porém, já se pode destacar que a equipe de
judô possui a menor média, refletindo afirmações práticas da instrução de voo, onde
observa-se, mesmo que informal e empiricamente, um desempenho inferior dos atle-
tas dessa equipe.
Gráfico4 – Quantitativo de cadetes por equipe
Atletismo, 203
Vôle
i, 70
Basquete, 68Esgrima, 75
Futebol, 131
Judô
, 101
Natação, 101Orientação, 48
Pentatlo, 74
Pólo, 83
Tiro, 103
Fonte: O autor.
A Tabela 1 (a seguir) mostra as notas superiores a 9,0 de cada equipe, evidenciando
que a equipe de orientação tem a maior porcentagem de notas superiores a nove, e
a equipe de judô possui a menor quantidade de cadetes com notas superiores a 9,0.
Tal observação também evidencia um possível desempenho inferior dos atletas da
equipe de judô.
72
Tabela 1 – Notas de voo superiores a 9,0
Modalidade Notas > 9,0 N Modalidade % > 9,0 Ranking
Orientação 15 48 31,25% 1
Vôlei 17 70 24,28% 2
Basquete 14 68 20,58% 3
Esgrima 10 75 13,33% 4
Tiro 13 103 12,62% 5
Atletismo 25 203 12,31% 6
Natação 12 101 11,88% 7
Pentatlo 8 74 10,81% 8
Polo 6 83 7,22% 9
Futebol 9 131 6,87% 10
Judô 6 101 5,94% 11
Fonte: O autor.
A partir de então, como as análises iniciais não apresentam sustentação estatística
suficiente e visando uma conclusão mais consistente, iniciou-se as análises estatísti-
cas dos dados que, por convenção, começaram a partir da estatística descritiva.
3.2.2.1 Estatística descritiva dos dados
Segundo Fávero et al. (2009, p. 51), “a estatística descritiva permite ao pesquisador
uma melhor compreensão do comportamento dos dados por meio de tabelas, gráficos
e medidas-resumo, identificando tendências, variabilidade e valores atípicos”.
As tabelas 2 e 3 relacionam toda a estatística descritiva realizada, mostrando, por
exemplo, as médias, medianas, moda, quartis, variância, desvio padrão e coeficiente
de variação de toda base de dados (nota de voo) e por equipe, que serão elucidados
a seguir.
73
Tabela 2 – Estatística descritiva da nota de voo
Variable N N* Mean SE Mean StDev Variance CoefVar Minimum Q1 Median Q3 Maximum Mode N for
ModeNota Voo
T-251059 0 8,31186 0,01700 0,55318 0,30601 6,66 7,33000 7,84000 8,30000 8,70000 9,51000 8,53 44
Fonte: O autor.
Tabela 3 – Estatística descritiva por equipeVariable N N* Mean SE
Mean StDev Variance CoefVar Minimum Q1 Median Q3 Maximum IQR Mode N for Mode
Atletismo 203 0 8,25995 0,03713 0,52897 0,27981 6,40 7,38000 7,79000 8,24000 8,61000 9,50000 0,82000 7,77 14Basquete 68 0 8,23500 0,07615 0,62795 0,39432 7,63 7,48000 7,77500 8,02500 8,80000 9,50000 1,02500 7,5 9Esgrima 75 0 8,47987 0,05706 0,49415 0,24418 5,83 7,46000 8,13000 8,41000 8,80000 9,39000 0,67000 8,41 11Futebol 131 0 8,22878 0,04572 0,52333 0,27388 6,36 7,33000 7,79000 8,17000 8,59000 9,27000 0,80000 8,17 7
Judô 101 0 8,10198 0,04773 0,47968 0,23009 5,92 7,41000 7,79000 8,04000 8,34500 9,33000 0,55500 8,04 14Natação 101 0 8,30723 0,05308 0,53341 0,28452 6,42 7,41000 7,82000 8,33000 8,70000 9,34000 0,88000 8,47 10
Orientação 48 0 8,43458 0,09875 0,68418 0,46811 8,11 7,44000 7,79000 8,35500 9,18750 9,44000 1,39750 7,5 6Pentatlo 74 0 8,42095 0,06324 0,54399 0,29592 6,46 7,47000 8,05000 8,37000 8,79750 9,50000 0,74750 8,53 7
Pólo 83 0 8,30361 0,05560 0,50652 0,25656 6,10 7,39000 7,88000 8,31000 8,79000 9,09000 0,91000 7,88 6Tiro 103 0 8,45340 0,04828 0,48994 0,24004 5,80 7,48000 8,04000 8,44000 8,74000 9,50000 0,70000 8,74 8Vôlei 70 0 8,42443 0,08219 0,68764 0,47285 8,16 7,36000 7,83000 8,30000 8,96000 9,51000 1,13000 9,51 6
Fonte: O autor.
3.2.2.1.1 Médias
Conforme citado na seção anterior, a observação das médias foi a primeira análise
realizada e já evidenciou a equipe de esgrima com a maior média (8,48) e a equipe
de judô com a menor (8,10).
3.2.2.1.2 Mediana
A mediana evidencia o valor que ocupa a posição central das observações ordenadas,
no caso, as notas de voo. Assim, observa-se que o tiro possui a maior mediana (8,44),
e a esgrima, a segunda maior mediana (8,41). A menor mediana observada foi a da
equipe de basquete (8,025), e a segunda menor, a do judô (8,04). Mantendo certo
destaque positivo à esgrima e negativo ao judô.
3.2.2.1.3 Moda
Moda é o valor mais frequente no conjunto de observações, ou seja, as notas de voo
que mais foram observadas. Considerando as equipes que mais se destacaram nas
74
análises das médias e medianas, esgrima e judô, observa-se que a moda da esgrima
foi 8,41, com 11 casos, e a do judô foi 8,04, com 14.
Segundo Fávero et al. (2009), seguindo os preceitos de Bussab e Morettin (2006), a
utilização apenas de medidas de tendência central (média, mediana e moda) pode
não ser adequada para representar um conjunto consistente de dados, visto que estes
são afetados por valores extremos, não permitindo a percepção do comportamento
da dispersão e simetria de dados. A utilização dos quartis pode ser uma alternativa.
3.2.2.1.4 Quartis
Os primeiros (Q1) e terceiros (Q3) quartis dividem os dados em quatro partes iguais.
Assim, o terceiro quartil (Q3) significa que 25% dos dados são superiores a esse valor.
Ao analisar a Tabela 3, observa-se que o maior Q3 é o da equipe de orientação (9,18),
contudo o menor Q3 é o da equipe de judô (8,34), assemelhando-se às observações
citadas acima nas outras análises.
As medidas de tendência central, como média e mediana, não avaliam a variabilidade
do conjunto de observações, assim, utiliza-se as medidas de dispersão, como a va-
riância, desvio padrão e coeficiente de variação (Fávero et al., 2009).
3.2.2.1.5 Desvio padrão
A variância é a medida de dispersão dos dados em torno da média; quanto maior seu
valor, mais afastados os dados encontram-se da média. O desvio padrão é a raiz qua-
drada da variância, significando a média das distâncias das observações em relação
à média geral da variável.
Dessa maneira, ao observarmos desvio padrão com valores altos, a variável deve
conter valores muito distantes da média, gerando outliers. Da mesma maneira que
se uma variável apresentar desvio padrão baixo, deve existir pouca variabilidade em
torno da média, gerando maior certeza.
75
Os resultados do desvio padrão servem para embasar as análises dos coeficientes de
variação, que serão apresentados e comentados a seguir.
3.2.2.1.6 Coeficiente de variação
O coeficiente de variação mede a homogeneidade dos dados com relação à média.
O valor é obtido em percentual, e se for acima de 30%, o conjunto de dados pode ser
considerado heterogêneo. Se for abaixo de 30%, pode ser considerado homogêneo.
(FÁVERO et al., 2009).
Na análise da estatística descritiva, observou-se que o coeficiente de variação, ana-
lisando todas as notas conjuntamente, é 6,66, podendo, assim, ser considerado um
conjunto de dados homogêneo, dando maior embasamento à afirmação de que não
existem outliers.
Ao analisar separadamente o coeficiente de variação das notas de cada equipe, mes-
mo que todos sendo abaixo de 30%, observa-se certa variabilidade
Gráfico5 – Coeficiente de variação
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
6,4
7,63
5,836,36
5,926,42
8,11
6,46 6,1 5,8
8,16
Atletismo Basquete Esgrima Futebol Judô Natação Orientação Pentatlo Pólo Tiro Vôlei
Coeficiente de variação
Fonte: O autor.
Devido a essa existência de maior variabilidade entre algumas modalidades, confor-
me observado no Gráfico 5, faz-se necessário um aprofundamento nas análises de
76
diferenças de médias por modalidade que será realizado mais à frente através da
ANOVA (analisys of variance).
3.2.2.1.7 Representação gráfica dos resultados
Foram elaboradas, através do software Minitab Express, as representações gráficas
da estatística. Inicialmente, observa-se um histograma de todas as notas de voo (1059
casos) e as frequências em que elas ocorrem, conforme estatística descritiva demons-
trada no início desta seção.
Ao analisar o histograma, no Gráfico 6, verifica-se a curva de normalidade, mostrando
que os dados apresentam distribuição homogênea em relação à média.
Gráfico6 – Histograma das notas do voo T25
Freq
uenc
y
Nota Voo T-25
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0 7,200 7,600 8,000 8,400 8,800 9,200 9,600
Fonte: O autor.
O segundo gráfico elaborado foi a curva de probabilidade normal (Gráfico 7), obser-
vando que as notas seguem uma linearidade, permitindo realizar estimativas com
maior grau de confiança.
77
Gráfico7 – Gráfico de linearidade
Perc
ent
Nota Voo T-25
99,90
99,00
95,00
80,00
50,00
20,00
5,00
1,00
0,01 6 7 8 9 10
Fonte: O autor.
Foi realizada também a análise separada das notas de cada equipe, conforme Gráfi-
cos 8, 9, 10.
Gráfico8 – Histograma das notas de voo por equipe
Data
Freq
uenc
y
7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0 7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
7,0 7,5 8,0 8,5 9,0 9,5 10,0
30
15
0
Atletismo Basquete Esgrima Futebol
30
15
0
Pólo Tiro Vôlei
30
15
0
Judô Natação Orientação Pentatlo
Fonte: O autor.
78
Gráfico9 – Individual Value Plot
Dat
a
9,5
9,0
8,5
8,0
7,5
Atletismo Basquete Esgrima Futebol Judô Natação Orientação Pentatlo Pólo Tiro Vôlei
Fonte: O autor.
Gráfico10 – Boxplot
Dat
a
9.5
9.0
8.5
8.0
7.5
Atletismo Basquete Esgrima Futebol Judô Natação Orientação Pentatlo Pólo Tiro Vôlei
Fonte: O autor.
79
3.2.2.2 ANOVA
Conforme citado anteriormente, em função da existência de certa variabilidade dos
coeficientes de variação entre algumas modalidades, faz-se necessário um aprofun-
damento nas análises de diferenças de médias por modalidade através da ANOVA.
A análise de variância (ANOVA – analysis of variance) permite testar diferenças de
médias para diversas variáveis dependentes simultaneamente, ou seja, explora simul-
taneamente as relações entre variáveis explicativas não métricas e variáveis depen-
dentes métricas (FÁVERO et al., 2009).
Conforme Fávero et al. (2009), seguindo os preceitos de Pestana e Gageiro (2005),
a análise de variância de um fator permite verificar o efeito de uma variável indepen-
dente de natureza qualitativa em uma variável independente de natureza quantitativa.
Assim, permite testar se as médias das populações são iguais.
Conforme Hair et al. (2009, p. 21), “ANOVA é uma técnica estatística para determinar,
com base em uma medida dependente, se amostras são oriundas de populações com
médias iguais”.
Considerando a hipótese nula (H0) de que as médias são iguais e a hipótese alternati-
va (H1) de que pelo menos uma média é diferente, pode-se verificar se existe diferen-
ças de médias. Dessa maneira, negando a hipótese nula de que as médias são iguais,
pode-se considerar que as médias diferem significativamente.
Para a realização da ANOVA, foi utilizado o software Mintab Express for Mac, e obte-
ve-se os resultados a seguir (Figuras 4 e 5; Tabelas 4 e 5).
Figura 4 – Método ANOVA
MethodNull hypothesis H0: All means are equalAlternative hypothesis H1: At least one mean is different
Equal variances were assumed for the analysis.
Fonte: O autor.
80
Figura 5 – Equipes
Factor InformationFactor Levels ValuesFactor 11 Atletismo; Basquete; Esgrima; Futebol; Judô; Natação; Orientação; Pentatlo; Pólo; Tiro; Vôlei
Fonte: O autor.
Tabela 4 – Análises de VariânciaSource DF Adj SS Adj MS F-Value P-ValueFactor 10 12,981 1,29806 4,38 <0,0001Error 1046 309,829 0,29620 Total 1056 322,809
Fonte: O autor.
Tabela 5 – Médias e Desvio Padrão Factor N Mean StDev 95% CI
Atletismo 203 8,25995 0,52897 (8,18500; 8,33491)Basquete 68 8,23500 0,62795 (8,10549; 8,36451)Esgrima 75 8,47987 0,49415 (8,35655; 8,60318)Futebol 131 8,22878 0,52333 (8,13547; 8,32208)
Judô 101 8,10198 0,47968 (7,99572; 8,20824)Natação 101 8,30723 0,53341 (8,20096; 8,41349)
Orientação 48 8,43458 0,68418 (8,28044; 8,58873)Pentatlo 74 8,42095 0,54399 (8,29680; 8,54509)
Pólo 83 8,30361 0,50652 (8,18639; 8,42084)Tiro 103 8,45340 0,48994 (8,34817; 8,55863)Vôlei 70 8,42443 0,68764 (8,29679; 8,55207)
Fonte: O autor.
Considerando que:
a) O nível de significância é 5%;
b) A estatística escolhida (conforme indicado por Fávero et al., 2009) é o teste F;
c) O valor crítico da estatística F, de acordo com a Tabela 6, é F=1,93.
Ao interpretarmos o resultado, pode-se observar que o valor do Teste F (F-Value =
4,38) é maior que 1,93 (conforme anexo A), e que o P-Value é menor que 0,0001,
valor inferior a 0,05.
81
Verifica-se, assim, a rejeição da hipótese nula, concluindo que pelo menos uma das
médias populacionais é diferente das demais, isto é, há diferença nas notas de voo
por equipe.
Os resultados da ANOVA também podem ser verificados no Gráfico 11, em que se
observa a diferença entre as médias das notas das equipes.
Gráfico11 – Interval plot
8.6
8.5
8.4
8.3
8.2
8.1
8.0
Atletismo Basquete Esgrima Futebol Judô Natação Orientação Pentatlo Pólo Tiro Vôlei
Dat
a
The pooled standard deviation was used to calculate the intervals.
Fonte: O autor.
3.2.2.3 Correlação
A correlação tenta explicar relações que podem existir entre dois conjuntos de variá-
veis e tem como objetivo quantificar a força da relação existente entre dois vetores de
variáveis (FÁVERO et al., 2009). No caso desta pesquisa, a correlação seria, exem-
plificando, o treinamento em determinada equipe influenciar na nota de voo, ou seja,
treinando mais ou menos teríamos notas maiores ou menores.
De acordo com Hair et al. (2009), se a matriz de correlações não revelar um número
substancial de valores superiores a 0,30, há fortes indícios de que a utilização da téc-
nica de correlação não é apropriada.
82
Tabela 6 – Correlação equipes x notas de voo.
Pearson correlation P-Value
Atletismo -0,045719 0,1371
Basquete -0,036413 0,2364
Esgrima 0,083887 0,0063
Futebol -0,056455 0,0663
Judô -0,123249 <0,0001
Natação -0,00272 0,9295
Orientação 0,048362 0,1157
Pentatlo 0,054076 0,0786
Polo -0,004349 0,8876
Tiro 0,084023 0,0062
Vôlei 0,054163 0,0781
Fonte: O autor.
Analisando a Tabela 6, observa-se que não existe nenhum valor de correlação de
Pearson entre notas de voo e equipes acima de 0,30.
Como as correlações entre as variáveis não foram significativas, optou-se, inclusive
em consonância com recomendações de integrantes da banca no exame de qualifi-
cação, por uma verificação de conglomerados de casos. Conforme seção seguinte
através da técnica de análises de conglomerados (clusters).
3.2.2.4 Análise de conglomerados (Clusters)
Segundo Fávero et al. (2009), a análise de conglomerados ou análise de clusters é
uma técnica de análise multivariada que tem por objetivo principal agrupar indivíduos,
pessoas ou objetos em grupos homogêneos em função da similaridade dos valores de
suas variáveis. Dessa maneira, cada indivíduo – no caso desta análise, cada equipe
– pertencente a determinado cluster é similar aos demais indivíduos daquele mesmo
cluster e diferente dos indivíduos dos demais grupamentos. É uma ferramenta esta-
tística que permite identificar grupos homogêneos de casos, baseados em caracterís-
ticas selecionadas.
83
A análise de conglomerados é uma importante técnica exploratória, uma vez que, ao
estudar uma estrutura natural de grupos, possibilita avaliar a dimensionalidade dos
dados e levantar hipóteses relacionados à estrutura (associação) de objetos (JOHN-
SON; WICHERN, 2007 apud FÁVERO et al., 2009).
Segundo Fávero et al. (2009), “a variável estatística de grupamento pode ser definida
como o conjunto de atributos ou características das observações que servirão de base
para determinação da similaridade entre elas”. Busca-se a máxima homogeneidade
interna nos grupos, com a máxima heterogeneidade externa entre eles.
A formação dos clusters se dá através do conceito de similaridade, que pode ser me-
dida através de dois critérios: associação e proximidade. A ferramenta mais comum
baseia-se no conceito de proximidade, calculada pela chamada distância euclidiana,
considerando que buscamos a similaridade entre casos e não variáveis, e que é uma
ferramenta exploratória, não inferencial.
A escolha do número de clusters deve considerar a relação custo-benefício entre nú-
mero de clusters versus maior ou menor homogeneidade, ou seja, quanto menos
clusters, menos homogeneidade interna em cada cluster.
Consideramos ainda que o método utilizado foi o procedimento hierárquico, onde os
casos vão entrando em um cluster pelo critério hierárquico de distâncias: menores
distâncias, maior homogeneidade interna.
Utilizando o software SPSS, foram criados de dois a oito clusters, através da análise
de conglomerados hierárquicos. A partir de oito clusters, o software começou a fracio-
nar os casos, fugindo aos objetivos desta dissertação, que, como já foi dito, não visa
analisar caso a caso e sim, as equipes.
Foram criados, então, a partir dos resultados do SPSS, sete gráficos “pizza” com dois
a sete clusters e um gráfico de “dispersão” para representar oito clusters. Os gráficos
foram confeccionados de forma que indicassem o cluster (1 a 8) e as médias das
notas das equipes integrantes no cluster. Assim, nos gráficos tipo “pizza”, cada “fatia”
84
mostra uma separação de conglomerados com as respectivas equipes e a respectiva
média.
A estatística descritiva referente à cada cluster encontram-se no apêndice B.
O Gráfico 12 mostra a separação em dois conglomerados (cluster), sendo o cluster
com maior média com as equipes: natação, orientação, pentatlo, polo, tiro e vôlei.
Gráfico12 – Dois clusters
NataçãoOrientação
PentatloPóloTiro
Vôlei
X=8,3855
AtletismoBasqueteEsgrimaFutebolJudô
X=8,2518
Fonte: O autor.
Verificando o Gráfico 12 de dois clusters, temos a média maior, 8,3855, e a menor,
8,2518. Apesar de uma considerável diferença de médias, com dois grupamentos,
ainda temos certa heterogeneidade.
85
Gráfico13 – Três clusters
PóloTiro
Vôlei
X=8,3969
AtletismoBasqueteEsgrimaFutebolJudô
X=8,2518
NataçãoOrientação
Pentatlo
X=8,3724
Fonte: O autor.
Gráfico14 – Quatro clusters
AtletismoBasquete
X=8,2556
EsgrimaFutebolJudô
X=8,2484
NataçãoOrientação
Pentatlo
X=8,3724
PóloTiro
Vôlei
X=8,3969
Fonte: O autor.
86
Com três e quatro clusters (Gráficos 13 e 14), podemos observar que as equipes de
polo, tiro e vôlei mantêm as maiores médias e continuam agrupadas, e outra observa-
ção considerável é que a equipe de judô permanece com as menores médias desde
o primeiro cluster.
Gráfico15 – Cinco clusters
AtletismoBasquete
X=8,2556
EsgrimaFutebolJudô
X=8,2484Natação
X=8,3072
OrientaçãoPentatlo
X=8,4263
PóloTiro
Vôlei
X=8,3969
Fonte: O autor.
Com cinco clusters (Gráfico 15), as equipes de polo, tiro e vôlei continuam agrupadas,
contudo não possuem as maiores médias. A equipe de natação foi separada em um
único cluster, permanecendo isolada até o oitavo cluster.
87
Gráfico16 – Seis clusters
Natação
X=8,3072
OrientaçãoPentatlo
X=8,4263
PóloTiro
X=8,3866
Vôlei
X=8,4244
AtletismoBasquete
X=8,2556
EsgrimaFutebolJudô
X=8,2484
Fonte: O autor.
Gráfico17 – Sete clusters
Natação
X=8,3072
OrientaçãoPentatlo
X=8,4263
PóloTiro
X=8,3866
Vôlei
X=8,4244
FutebolJudô
X=8,1736
Esgrima
X=8,4799
AtletismoBasquete
X=8,2556
Fonte: O autor.
A partir de sete clusters (Gráfico 17), observamos maior separação entre as equipes,
mostrando maior homogeneidade interna. A equipe de esgrima foi destacada com a
maior média, permanecendo em destaque até o oitavo cluster.
88
Observa-se, também, que a equipe de judô se mantém agrupada com o futebol e com
as menores médias desde o primeiro agrupamento.
Gráfico18 – Oito clusters
8,15
8,2
8,25
8,3
8,35
8,4
8,45
8,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9
AtletismoBasqueteX=8,2556
EsgrimaX=8,4799
OrientaçãoPentatlo
X=8,4263
NataçãoX=8,3072
FutebolJudô
X=8,1736
VôleiX=8,4417
PóloTiro (parte amostra)
X=8,3866
Tiro (parte amostra)X=8,4417
Fonte: O autor.
No gráfico com 8 clusters (Gráfico 18), observamos no eixo “x” o número do cluster
(após resultado do SPSS) e no eixo “y” a variação das médias. Não existe correlação
entre o número do cluster e as médias, esta representação gráfica foi utilizada para
mostrar os grupamentos.
Assim, podemos considerar uma maior homogeneidade entre os agrupamentos e
confirma-se o destaque da esgrima como maior média e isolado em um único cluster.
Confirma-se, também, o posicionamento da equipe de judô no cluster com as meno-
res médias.
Ao analisarmos a primeira análise de dados realizada nesta pesquisa, a simples mé-
dia aritmética das notas de voo por equipe, observamos a equipe de esgrima com
maior média, e o judô, com a menor. Comparando com a análise de cluster, obtivemos
resultados bastante semelhantes, onde a esgrima destaca-se isoladamente em um
único cluster com maiores médias, e o judô, em quase todos os grupamentos, perma-
nece separado com menores médias.
89
Concluindo, as análises estatísticas realizadas corroboram para a confirmação da
hipótese desta pesquisa. Gerando potencial para estudos futuros, analisando mais
a fundo as práticas desportivas, visando identificar as habilidades e/ou aptidões das
equipes que podem influenciar na aptidão para a pilotagem militar.
90
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao observarmos os objetivos específicos citados na seção 1 desta dissertação, pode-
mos afirmar que, de certa forma, os objetivos foram cumpridos, gerando conhecimen-
tos e conclusões auspiciosas para esta linha de pesquisa.
Os dois primeiros objetivos específicos relacionados foram:
a) Analisar estatisticamente o desempenho dos Cadetes Aviadores na atividade
aérea, buscando possíveis associações com as atividades esportivas pratica-
das na AFA;
b) Avaliar em que medida a prática de determinado esporte tem potencial para
influenciar na aptidão para a pilotagem militar.
c) Propor práticas que estimulariam a capacidade de gerenciamento de múltiplas
tarefas ou outras habilidades pertinentes à instrução aérea.
Assim, o objetivo “a” foi cumprido ao conseguirmos relacionar os dados referentes a
oito anos de equipes esportivas com os respectivos cadetes e suas notas de voo, ge-
rando uma planilha com 1059 notas (casos) e 11 equipes (variáveis).
Utilizando as análises estatísticas, foram buscadas as associações entre o desem-
penho no voo e a prática esportiva na AFA. Após as análises de dados, foi possível
evidenciar que, apesar de não obtermos correlação canônica entre treinar em um
esporte e obter sucesso na atividade aérea, as médias das notas de voo nas equipes
são diferentes e se associam.
Podemos, então, mesmo que de forma auspiciosa, afirmar que treinar, possuir as
habilidades relativas a um bom desempenho em determinada equipe esportiva, in-
fluencia no desempenho da atividade aérea. Frisando que, nesse caso, entende-se
por atividade aérea o aprendizado na instrução primária no 2EIA.
91
Ainda verificando os resultados das análises de dados, podemos considerar que a
equipe de judô apresentou, ao longo dos oito anos observados, um desempenho in-
ferior aos demais na instrução aérea. E as equipes de esgrima, tiro, orientação e vôlei
apresentaram melhores resultados. Dessa maneira, cumprindo o objetivo “b” (avaliar
em que medida a prática de determinado esporte tem potencial para influenciar na
aptidão para a pilotagem militar).
O objetivo específico “c” (propor práticas que estimulariam a capacidade de geren-
ciamento de múltiplas tarefas ou outras habilidades pertinentes à instrução aérea)
necessita, ainda, de maior aprofundamento da pesquisa. Contudo, considerando o re-
ferencial teórico abordado no que se refere às atividades esportivas, observou-se uma
gama relativa de autores pesquisando, principalmente, a respeito de comportamento
motor e classificação de habilidades. Dessa maneira, as práticas que poderiam esti-
mular as habilidades pertinentes à instrução são, por consequência, desdobramentos
futuros desta pesquisa.
92
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo teve por objetivo contribuir com um plano de investigações mais amplo,
em que se busca a confirmação da proeminência do atributo Múltiplas Tarefas na
pilotagem militar, identificar alternativas para desenvolver ou estimular habilidades
que propiciem um melhor aprendizado na instrução de voo dos Cadetes Aviadores da
Academia da Força Aérea, conforme podemos observar na seção 1.
Visando ao objetivo proposto, foi desenvolvida a hipótese de que o treinamento em
determinada equipe esportiva influencia na aptidão para a pilotagem militar. Sendo
possível criar práticas capazes de treinar tal habilidade.
Para cumprir os objetivos propostos e confirmar a hipótese, a dissertação foi estrutu-
rada em quatro capítulos (introdução, referencial teórico, metodologia e resultados e
discussões) e esta conclusão.
Na introdução, foi explicitado o que é a Academia da Força Aérea (AFA) e como ocorre
a instrução aérea. Foi elucidado sobre cada fase de voo, níveis de aprendizado e as
formas de avaliação. Tudo com o objetivo de contextualizar o leitor do local e como os
dados foram obtidos.
Ainda na introdução, foram propostos os objetivos e a hipótese da pesquisa, confor-
me citados no início deste capítulo. Buscou-se, também, demonstrar a importância e
justificativa deste trabalho, elucidando sua contribuição científica para a área em que
se insere à luz dos preceitos da Estratégia Nacional de Defesa, Política Nacional de
Defesa e Plano Estratégico Militar da Aeronáutica.
O capítulo 2 tratou do referencial teórico que buscou realizar a revisão dos trabalhos
existentes sobre o tema abordado, bem como enquadrar esta dissertação nas linhas
de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aeroespaciais da UNIFA. O
referencial possibilitou fundamentar e dar consistência ao estudo e foi dividido em cin-
co seções: Emprego do Poder Aéreo, TAPMIL, Gerenciamento de Múltiplas Tarefas,
93
Processo Decisório na Pilotagem Militar e Práticas Esportivas Correlacionadas com o
Desempenho de Voo.
No Emprego do Poder Aéreo, buscou-se definir poder aéreo e correlacionar os pre-
ceitos de teóricos consagrados com os objetivos desta pesquisa. Foram explicitadas
algumas teorias de Hugh Trenchard, as quais ratificam a importância do preparo e for-
mação para o emprego do poder aéreo, mostrando a consonância com este estudo.
Na seção relativa ao TAPMIL, buscou-se explicar e definir o funcionamento e os objeti-
vos desse software, bem como fazer um levantamento do referencial teórico envolvido
no desenvolvimento e homologação do TAPMIL na FAB. Ainda nesta seção, mostrou-
-se o destaque da habilidade de gerenciamento de múltiplas tarefas e a importância
para a instrução aérea.
As seções seguintes do referencial teórico, Gerenciamento de Múltiplas Tarefas e Pro-
cesso Decisório na Pilotagem Militar, de certa forma se correlacionam. Na seção Ge-
renciamento de Múltiplas Tarefas, buscou-se mostrar a importância dessa habilidade,
ratificar a sua proeminência perante os demais atributos inerentes à pilotagem militar,
e como essa aptidão melhor desenvolvida pode influenciar no processo decisório,
mais especificamente dos pilotos durante o voo.
Na seção referente ao Processo Decisório na Pilotagem Militar, foram relacionados
autores que dissertaram sobre as decisões naturalistas (NDM), visando defender o
trabalho de campo, a pesquisa desta dissertação, em ambientes não controlados, ou
seja, que ocorrem em contexto natural, fora de laboratório. Foi explicado, também,
alguns tipos de decisão. As baseadas na intuição (sistema 1) e as decisões mais
estruturadas (sistema 2), assemelhando algumas decisões dos pilotos ao sistema 1.
A seção relativa às teorias que envolvem as práticas desportivas mostrou, mesmo
que de forma preliminar e necessitando de desdobramentos futuros, algumas clas-
sificações dos esportes, buscando referencial que possa explicar ou direcionar para
justificar os diferentes desempenhos das equipes na atividade aérea.
94
O capítulo 3, Metodologia, abordou toda a análise de dados, desde a coleta dos da-
dos, passando pela confecção da planilha e finalizando nas análises estatísticas. As
análises envolveram a estatística descritiva básica, análises de correlação, ANOVA e
análise de conglomerados (clusters).
Os resultados estatísticos confirmaram a hipótese desta pesquisa, visto que, através
da análise de variância, observou-se que as médias das notas de voo das equipes
são diferentes, e através da análise de conglomerados, verificou-se que as médias
das equipes se agrupam. Assim, o treinamento em determinada equipe tem maior
potencial para influenciar a aptidão para a pilotagem militar.
No que concerne aos objetivos desta dissertação, são auspiciosos os resultados ob-
tidos, uma vez que, como vimos, estão em destaque, segundo as notas obtidas na
instrução de voo, tanto atividades do sistema aberto (vôlei, pentatlo, orientação) como
atividades do sistema fechado (tiro, esgrima).
Essas conclusões apresentam resultados preliminares bastante desafiadores no que
concerne aos estudos futuros a respeito da pilotagem militar, especificamente no que
diz respeito ao atributo Múltiplas Tarefas”, uma vez que – até onde nossas investiga-
ções já nos conduziram – esse atributo exigiria habilidades contrárias ao foco em uma
só variável (SILVA et al., 2013).
De maneira que, ademais das importantes conclusões que diversos autores já che-
garam a respeito da importância dos estudos sobre a impulsividade e o autocontrole,
abrir-se-ia aqui, com os resultados desta pesquisa, mais uma janela de investigações
sobre o atributo Múltiplas Tarefas.
95
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101
APÊNDICE A – LISTA DE DEFINIÇÕES
BRIFIM: Ato ou efeito de prestar informações resumidas, caracterizado pela explana-
ção oral relativo a um assunto específico, a quem vai executar determinada tarefa ou
missão.
CADETE: Aluno regularmente matriculado nos Cursos de Formação de Oficiais, mi-
nistrados na Academia da Força Aérea. Militar ou civil matriculado em uma organiza-
ção de ensino com a finalidade de realizar um curso/estágio. Também denominado
aluno, discente, instruendo ou estagiário. Sua situação, obrigações, deveres, direitos
e prerrogativas estão reguladas pelo Estatuto dos Militares (BRASIL, 1980).
CONSELHOS DE VOO, DE ENSINO, DE SAÚDE, MILITAR E EXTRAORDINÁRIO:
São os órgãos que, quando constituídos, prestam assessoramento ao Comandante
da Academia da Força Aérea nos assuntos ligados aos desempenhos técnico-espe-
cializados, intelectual, militar, moral, de aptidão física, de saúde dos instruendos ou,
no caso do Conselho Extraordinário, em situações que não se enquadrem nos assun-
tos anteriores.
CURRÍCULO MÍNIMO: Documento de ensino que estabelece o conteúdo mínimo a
ser desenvolvido para determinado curso ou estágio.
DESEMPENHO ACADÊMICO: Desempenho global do cadete em sua vida acadêmi-
ca, abrangendo os aspectos intelectual, profissional, moral, militar e de aptidão física.
DESLIGAMENTO: Ato pelo qual o militar deixa de pertencer ao efetivo de uma Orga-
nização.
ESTÁGIO DE VOO: Conjunto de fases da instrução de voo, estabelecido no Progra-
ma de Instrução Aérea, referente a um mesmo tipo de aeronave.
EXAME DE APTIDÃO PSICOLÓGICA: Processo que visa estabelecer um prognóstico
de adaptação de candidatos militares e civis à atividade/quadro/cargo/função, através
102
da avaliação de aspectos motivacionais, características de personalidade, aptidões
específicas e potencial geral, com base no perfil de exigências psicológicas estabele-
cido.
EXCLUSÃO DO CURSO: Ato pelo qual o militar é desvinculado completamente do
curso/estágio no qual foi matriculado.
EXERCÍCIO (aplicado à Instrução Aérea): Conjunto de procedimentos e manobras
de pilotagem que, executados de uma maneira gradual e em uma ordem lógica, con-
duzem o cadete a adquirir as habilidades, reflexos e comportamentos desejados na
pilotagem de aeronaves de um modo geral.
FASE: Unidade didática da instrução de voo, composta de um número definido de
missões previstas no Programa de Instrução Aérea.
FICHA DE VOO: Documento relativo a cada missão da atividade aérea na qual o ins-
trutor registra os graus obtidos pelo aluno, bem como os comentários sobre os princi-
pais acontecimentos da missão.
GRAU DO EXERCÍCIO (aplicado à Instrução Aérea): Grau que exprime, subjetiva-
mente, o desempenho do cadete em um determinado exercício de uma missão de
voo.
GRAU DA MISSÃO: Grau que exprime, subjetivamente, o desempenho global do ca-
dete em uma missão de voo.
INSTRUÇÃO AÉREA: Conjunto de todas as atividades didáticas e operacionais, rela-
tivas ao voo, destinadas à formação de pilotos militares na AFA.
INSTRUÇÃO BÁSICA: Instrução de voo de nível mais avançado que a instrução pri-
mária. Ocorre no quarto ano do CFOAV. Utiliza-se a aeronave T-27 TUCANO. Aproxi-
madamente 100h de voo.
103
INSTRUÇÃO DE VOO: Parte da Instrução Aérea composta por fases, em que o obje-
tivo é adestrar o cadete para adquirir habilidades, reflexos e comportamentos deseja-
dos na pilotagem.
INSTRUÇÃO DUPLO-COMANDO: Atividade didática da instrução de voo na qual o
instrutor participa da missão, transmitindo, em voo, os conhecimentos teóricos e prá-
ticos da missão.
INTRUÇÃO PRIMÁRIA: Instrução de voo inicial, primeiro contato do aluno com a ativi-
dade aérea, realizada no segundo ano do CFOAV. Utiliza-se a aeronave T-25 Univer-
sal. Aproximadamente 40h de voo.
INSTRUTOR DE VOO: Piloto qualificado com Equipagem Operacional que, selecio-
nado, cumpriu com aproveitamento o Curso de Padronização previsto, tendo sido
homologado pelo Conselho Operacional da Subdivisão de Instrução de Voo e apto a
ministrar Instrução Aérea.
MISSÃO: Tarefa, dever ou ação que deve ser executada por um indivíduo, fração de
tropa, tripulação de aeronave ou unidade, para alcançar um determinado fim.
MISSÃO (aplicada à Instrução Aérea): Missão aérea realizada com a finalidade de
prover grau de proficiência a pilotos em fase de formação ou adestramento.
MISSÃO DE CHEQUE: Missão na qual o instrutor avalia o desempenho do cadete na
execução dos exercícios anteriormente ensinados, assim como o padrão da instrução
a ele ministrada.
MISSÃO DE REPETIÇÃO: Missão prevista no Programa de Instrução Aérea na qual
são repetidos os exercícios da missão anterior considerada deficiente, com ênfase
nos exercícios nos quais o cadete apresentou baixo rendimento.
MISSÃO EXTRA: Missão não prevista no Programa de Instrução Aérea, concedida
para sanar deficiências de missões anteriores da mesma fase ou para complementar
104
a instrução, concedida por critérios estabelecidos neste plano ou por decisão do Con-
selho.
ORDEM DE INSTRUÇÃO: Conjunto de exercícios e orientações que compõem deter-
minada missão de instrução.
PLANO DE AVALIAÇÃO: Documento que contém o detalhamento da sistemática de
avaliação do ensino, relativo aos cursos e estágios ministrados por uma organização,
nos cinco campos da avaliação preconizados (avaliação da instrução, do corpo do-
cente, do currículo, dos meios de avaliação e do corpo discente).
TESTE DE APTIDÃO À PILOTAGEM MILITAR (TAPMIL): Bateria informatizada de
testes psicológicos, que tem por objetivo avaliar o potencial de aprendizagem à pilota-
gem militar, com vistas ao aprimoramento com sucesso na instrução de voo realizada
na AFA, de maneira isolada ou combinada, aferindo, dentre outras habilidades: capa-
cidade psicomotora (coordenação e tempo de reação), raciocínio espacial, atenção
seletiva, processamento de informação (auditiva e visual) e capacidade de gerenciar
tarefas múltiplas (psicomotora e cognitivas combinadas).
105
APÊNDICE B – ESTATÍSTICA DESCRITIVA DOS “CLUSTERS”
2 Clusters
Case Processing Summarya,b
1056 100,0 0 ,0 1056 100,0N Percent N Percent N Percent
Valid Missing TotalCases
Squared Euclidean Distance useda.
Average Linkage (Between Groups)b.
Descriptives Cluster 1
Descriptive Statistics
577 7,33 9,50 8,2518 ,5362577
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptives Cluster 2
Descriptive Statistics
479 7,36 9,51 8,3855 ,5642479
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
3 Clusters
Case Processing Summarya,b
1056 100,0 0 ,0 1056 100,0N Percent N Percent N Percent
Valid Missing TotalCases
Squared Euclidean Distance useda.
Average Linkage (Between Groups)b.
106
Descriptives Cluster 1
Descriptive Statistics
577 7,33 9,50 8,2518 ,5362577
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptives Cluster 2
Descriptive Statistics
223 7,41 9,50 8,3724 ,5728223
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptives Cluster 3
Descriptive Statistics
256 7,36 9,51 8,3969 ,5575256
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
4 Clusters
Descriptive Statistics
270 7,38 9,50 8,2556 ,5545270
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
307 7,33 9,39 8,2484 ,5205307
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
107
Descriptive Statistics
223 7,41 9,50 8,3724 ,5728223
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
256 7,36 9,51 8,3969 ,5575256
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
5 Clusters
Descriptive Statistics
270 7,38 9,50 8,2556 ,5545270
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
307 7,33 9,39 8,2484 ,5205307
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
101 7,41 9,34 8,3072 ,5334101
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
122 7,44 9,50 8,4263 ,6003122
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
256 7,36 9,51 8,3969 ,5575256
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
108
6 Clusters
Descriptive Statistics
270 7,38 9,50 8,2556 ,5545270
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
307 7,33 9,39 8,2484 ,5205307
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
101 7,41 9,34 8,3072 ,5334101
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
186 7,39 9,50 8,3866 ,5016186
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
122 7,44 9,50 8,4263 ,6003122
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
70 7,36 9,51 8,4244 ,687670
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
109
7Clusters
Descriptive Statistics
270 7,38 9,50 8,2556 ,5545270
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
75 7,46 9,39 8,4799 ,494175
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
232 7,33 9,33 8,1736 ,5076232
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
101 7,41 9,34 8,3072 ,5334101
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
122 7,44 9,50 8,4263 ,6003122
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
70 7,36 9,51 8,4244 ,687670
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
186 7,39 9,50 8,3866 ,5016186
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
110
8Clusters
Descriptive Statistics
270 7,38 9,50 8,2556 ,5545270
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
75 7,46 9,39 8,4799 ,494175
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
232 7,33 9,33 8,1736 ,5076232
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
101 7,41 9,34 8,3072 ,5334101
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
122 7,44 9,50 8,4263 ,6003122
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
70 7,36 9,51 8,4244 ,687670
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
50 7,36 9,51 8,4442 ,651350
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
Descriptive Statistics
50 7,36 9,51 8,4442 ,651350
NOTASVOOValid N (listwise)
N Minimum Maximum Mean Std. Deviation
111
ANEXO A
Tabela7– Distribuição F de SnedecorV2
Denom.Graus de liberdade no numerador (v1)
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101 161,45 199,50 215,71 224,58 230,16 233,99 236,77 238,88 240,54 241,882 18,51 19,00 19,16 19,25 19,30 19,33 19,35 19,37 19,38 19,403 10,13 9,55 9,28 9,12 9,01 8,94 8,89 8,85 8,81 8,794 7,71 6,94 6,59 6,39 6,26 6,16 6,09 6,04 6,00 5,965 6,61 5,79 5,41 5,19 5,05 4,95 4,88 4,82 4,77 4,746 5,99 5,14 4,76 4,53 4,39 4,28 4,21 4,15 4,10 4,067 5,59 4,74 4,35 4,12 3,97 3,87 3,79 3,73 3,68 3,648 5,32 4,46 4,07 3,84 3,69 3,58 3,50 3,44 3,39 3,359 5,12 4,26 3,86 3,63 3,48 3,37 3,29 3,23 3,18 3,14
10 4,96 4,10 3,71 3,48 3,33 3,22 3,14 3,07 3,02 2,9811 4,84 3,98 3,59 3,36 3,20 3,09 3,01 2,95 2,90 2,8512 4,75 3,89 3,49 3,26 3,11 3,00 2,91 2,85 2,80 2,7513 4,67 3,81 3,41 3,18 3,03 2,92 2,83 2,77 2,71 2,6714 4,60 3,74 3,34 3,11 2,96 2,85 2,76 2,70 2,65 2,6015 4,54 3,68 3,29 3,06 2,90 2,79 2,71 2,64 2,59 2,5416 4,49 3,63 3,24 3,01 2,85 2,74 2,66 2,59 2,54 2,4917 4,45 3,59 3,20 2,96 2,81 2,70 2,61 2,55 2,49 2,4518 4,41 3,55 3,16 2,93 2,77 2,66 2,58 2,51 2,46 2,6019 4,38 3,52 3,13 2,90 2,74 2,63 2,54 2,48 2,42 2,3820 4,35 3,49 3,10 2,87 2,71 2,60 2,51 2,45 2,39 2,3521 4,32 3,47 3,07 2,84 2,68 2,57 2,49 2,42 2,37 2,3222 4,30 3,44 3,05 2,82 2,66 2,55 2,46 2,40 2,34 2,3023 4,28 3,42 3,03 2,80 2,64 2,53 2,44 2,37 2,32 2,2724 4,26 3,40 3,01 2,78 2,62 2,51 2,42 2,36 2,30 2,2525 4,24 3,39 2,99 2,76 2,00 2,49 2,40 2,34 2,28 2,2426 4,23 3,37 2,98 2,74 2,59 2,47 2,39 2,32 2,27 2,2227 4,21 3,35 2,96 2,73 2,57 2,46 2,37 2,31 2,25 2,2028 4,20 3,34 2,95 2,71 2,56 2,45 2,36 2,29 2,24 2,1929 4,18 3,33 2,93 2,70 2,55 2,43 2,35 2,28 2,22 2,1830 4,17 3,32 2,92 2,69 2,53 2,42 2,33 2,27 2,21 2,1635 4,12 3,27 2,87 2,64 2,49 2,37 2,29 2,22 2,16 2,1140 4,08 3,23 2,84 2,61 2,45 2,34 2,25 2,18 2,12 2,0845 4,06 3,20 2,81 2,58 2,42 2,31 2,22 2,15 2,10 2,0550 4,03 3,18 2,79 2,56 2,40 2,29 2,20 2,13 2,07 2,03
100 3,94 3,09 2,70 2,46 2,31 2,19 2,10 2,03 1,97 1,93
Fonte: Fávero et al. (2009, p. 600).