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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRAL DE AULA INTEGRADA
DEPARTAMENTO DE PEDAGOGIA
JOZIANE GUEDES ARAÚJO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: O ACREDITAR FAZ A DIFERENÇA!
Campina Grande 2013
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JOZIANE GUEDES ARAÚJO
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: O ACREDITAR FAZ A DIFERENÇA!
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentação como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, pelo curso de Pedagogia da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB – Campus I- Campina grande – PB, sob a orientação da Pfº Diana Sampaio Braga.
Campina Grande 2013
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB.
A663a Araújo, Joziane Guedes.
Atendimento educacional especializado:o acreditar faz
diferença! [manuscrito] . / Joziane Guedes Araújo,
2013.
31 f. il.
Digitado.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) –
Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Educação, 2012.
“Orientação: Profa. Ma. Diana Sampaio Braga,
Departamento de Pedagogia”.
1. Educação Inclusiva 2. Pessoas Portadoras de Necessidades
Especiais 3. Prática Docente I. Título.
21. ed. CDD 37.115
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Introdução
A discussão sobre a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais
em escolas ditas ‘regulares’ vem ganhando maior dimensão nos últimos
tempos. Podemos conceituar inclusão antes de tudo como um processo educacional
gradual e interativo. É um movimento que respeita às singularidades de cada ser
humano, oferecendo respostas às suas necessidades e particularidades. A
perspectiva primordial da inclusão é a certeza de que não existem pessoas iguais e
são exatamente as diferenças entre os seres humanos, que o caracterizam. O aluno é
então compreendido como um ser único, singular e social, que tem sua história de
vida, constituindo-se então um ser histórico diferente.
O presente trabalho tem como finalidade apresentar a experiência do trabalho
que desenvolvo em algumas escolas no município no qual resido, Pocinhos – PB,
onde atuo como professora na Sala de Recursos Multifuncionais, função esta que
disponibiliza o Atendimento Educacional Especializado para as crianças que
apresentam algum tipo de deficiência e estão inseridas na rede municipal de ensino.
Para tanto, a priori se faz necessário conhecermos o conceito no que diz respeito
à Educação Inclusiva, fazendo um breve feedback de sua história, analisando a
Declaração de Salamanca de 1994, bem como, conhecer nosso principal objeto de
estudo que o Atendimento Educacional Especializado : Como surgiu? Quais as
políticas que o regem? Qual o seu papel dentro da escola “comum”? Dentre outros
questionamentos que podem surgir a cerca do tema abordado.
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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde a Declaração de Salamanca, em 1994, passou-se a se considerar a
inclusão dos alunos com necessidades especiais educacionais em classes regulares
como a forma mais avançada de democratização das oportunidades educacionais, na
medida em que se considerou que a maior parte dessa população não apresenta
qualquer característica intrínseca que não permita essa inclusão.
O princípio que fundamenta a referida declaração denota que toda criança tem
direito à educação como meio de alcançar um nível adequado de desenvolvimento,
em que características individuais, habilidades e necessidades, que lhe são
particulares, serão respeitadas. Para isso, os sistemas de ensino devem ser
organizados com vistas a atender também um público, cujas diferenças, entre os
diferentes, podem ser mais acentuadas, os chamados alunos com necessidades
especiais.
“As escolas inclusivas devem ajustar-se a todas as crianças,
independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras”. Dessa
forma, o principio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças
devem aprender juntas, sempre que possível, independentemente de quaisquer
dificuldades ou diferenças que elas possam ter.
A partir da Declaração de Salamanca (1994), principalmente na última década,
o Brasil, a exemplo dos demais signatários, começou a implantar políticas de inclusão
no ensino regular de alunos com necessidades especiais, por considerarem-na como
a forma mais democrática para a efetiva ampliação de oportunidades para essa
população. Essas políticas baseavam-se em um ideal de democracia, cujo principal
objetivo era a efetiva ampliação de oportunidades para essa população
marginalizada.
Nesse contexto de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º,
determina:
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Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos,cabendo às escolas organizar-se para atendimento o aos educandos com necessidades educacionais especiais assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001)
Partindo desse pressuposto, e fomentando as leis que regem a implementação
da educação inclusiva, o governo brasileiro busca novas estratégias para intensificar
sua efetivação nas escolas regulares. Na Convenção sobre os Direitos das Pessoas
com Deficiência, aprovada pela ONU em 2006, da qual o Brasil é signatário,
estabelece que os Estados Parte devem assegurar um sistema de educação inclusiva
em todos os níveis de ensino em ambientes que maximizem o desenvolvimento
acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena, adotando medidas para
garantir que:
As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema
educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças
com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental
gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência; As pessoas
com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental
inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com
as demais pessoas na comunidade em que vivem (Art.24).
Caiado (2003) considera:
O direito á educação de pessoas deficientes é um muito recente em nossa legislação. Como prática social, a educação à pessoa deficiente aparece em nossa história com iniciativas tímidas e isoladas, sempre muito aquém da demanda social. ( p.99-100)
Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da
Educação, o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de
Educação em Direitos Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no
currículo da educação básica, as temáticas relativas às pessoas com deficiência e
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desenvolver ações afirmativas que possibilitem inclusão, acesso e permanência na
educação superior.
No ano de 2007, no contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento- PAC,
é lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação– PDE, reafirmado pela Agenda
Social de Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade
arquitetônica dos prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a formação
docente para o atendimento educacional especializado.
Tendo em vista a grande demanda de crianças e jovens com deficiência nas
escolas regulares, em 18 de setembro de 2008, foi publicado o DECRETO Nº-
6.571/08, que dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamentao
parágrafo único do art. 60 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta
dispositivo ao Decreto no 6.253, de 13 de novembro de 2007.
Desse modo, a inclusão propõe mudanças de paradigmas, sepulta o modelo
singular de educação, sugere sua pluralidade, abala a arcaica estrutura do
professorado, enfim, permite que ao alunos e alunas sejam aqueles, cuja identidade
não está centrada em um modelo único e intocável, ao contrário, na escola inclusiva
as alunas e os alunos constroem conjuntamente com a comunidade a sua identidade
diante das experiências coletivas.
Como podemos constatar no discorrer desse trabalho, nunca o tema da
inclusão esteve tão presente no dia-a-dia da educação. Cada vez mais professores
estão percebendo que as diferenças não só devem ser aceitas, mas também
acolhidas como subsídio para a construção do cenário escolar. E não se trata apenas
de admitir a matrícula dessas crianças, isso nada mais é do que cumprir a lei. O que
devemos fazer é oferecer serviços complementares, adotar práticas criativas na sala
de aula, adaptar o projeto pedagógico, rever posturas e construir uma nova filosofia
educativa. Aprender a conviver com as diferenças é um crescimento pessoal, um
passo nas relações interpessoais.
A escola comum se torna inclusiva quando reconhece as diferenças dos alunos
diante do processo educativo e busca a participação e o progresso de todos,
adotando novas práticas pedagógicas. Não é fácil e imediata a adoção dessas novas
práticas, pois ela depende de mudanças que vão além da escola e da sala de aula.
Para que essa escola possa se concretizar, é patente a necessidade de atualização e
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desenvolvimento de novos conceitos, assim como a redefinição e a aplicação de
alternativas e práticas pedagógicas educacionais compatíveis com a inclusão.
Um ensino para todos os alunos há que se distinguir pela sua qualidade. O
desafio de fazê-lo acontecer nas salas de aulas é uma tarefa a ser assumida por
todos os que compõem um sistema educacional. Um ensino de qualidade provém de
iniciativas que envolvem professores, gestores, especialistas, pais e alunos e outros
profissionais que compõem uma rede educacional em torno de uma proposta que é
comum a todas as escolas e que, ao mesmo tempo, é construída por cada uma delas,
segundo suas peculiaridades.
O Projeto Político Pedagógico é o instrumento por excelência para melhor
desenvolver o plano de trabalho eleito e definido por um coletivo escolar; ele reflete a
singularidade do grupo que o produziu, suas escolhas e especificidades. O PPP não
pode ser um documento paralelo que não diz respeito, que não atravessa o cotidiano
escolar e fica restrito à categoria de um arquivo ou de uma alegoria, de caráter
residual. Ele altera a estrutura escolar e escrevê-lo e arquivá-lo nos registros da
escola só serve para acomodar a consciência dos que não têm um verdadeiro
compromisso com uma escola de todos, por todos e para todos.
Desse modo, percebendo a importância do PPP sobre as diretrizes que regem a
escola, se faz mister compreender que a elaboração do mesmo deve buscar vir a
atender as necessidade especificas da escola no que diz respeito, tanto com relação
a acessibilidade do espaço físico apara receber o aluno com deficiência, bem como,
no preparo de todos os funcionários que compõem o ambiente escolar para que
possam acolher com grande estima esses alunos.
Muitas decisões precisam ser tomadas pelas escolas ao elaborarem seus
Projetos Político Pedagógicos, entre as quais destacamos algumas, que estão
diretamente relacionadas com as mudanças que se alinham aos propósitos da
inclusão: fazer da aprendizagem o eixo das escolas, garantindo o tempo necessário
para que todos possam aprender; reprovar a repetência; abrir espaço para que a
cooperação, o diálogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam
praticados por seus professores, gestores, funcionários e alunos, pois essas são
habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania; valorizar e formar
continuamente o professor, para que ele possa atualizar-se e ministrar um ensino de
qualidade.
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E em face da realidade vivenciada nas nossas escolas, podemos constatar a
inquietação dos professores com relação à presença de alunos com deficiência na
sala de aula, pois infelizmente ainda nos encontramos despreparados diante de tal
situação, visto que não é fácil abrir mão de antigos conceitos, mas precisamos romper
essas barreiras, pois já sabemos dos benefícios da Escola Inclusiva, não apenas para
aquele que possui necessidades educacionais especiais, mas para todos, que
crescem com a diversidade e, certamente, serão pessoas melhores no futuro.
Uma sociedade inclusiva vai bem além de garantir apenas espaços adequados para todos. Ela fortalece as atitudes de aceitação das diferenças individuais e de valorização da diversidade humana e enfatiza a importância do pertencer, da convivência, da cooperação e da contribuição que todas as pessoas podem dar para construírem vidas comunitárias mais justas, mais saudáveis e mais satisfatórias. (SASSAKI, 1997, p. 164)
Com o objetivo de tornar a escola esse espaço democrático que acolha e
garanta a permanência de todos os alunos, sem distinção social, cultural, étnica, de
gênero ou em razão de deficiência e características pessoais, o Ministério da
Educação implementa uma política de inclusão que pressupõe a reestruturação do
sistema educacional. Atendendo as necessidades educacionais especiais e
respeitando seus direitos, a Sala de Recursos Multifuncionais favorecerá o processo
de inclusão educacional, trabalhando com alunos em turno inverso ao ensino regular
à que estão matriculados, orientando pais e professores.
Sendo assim, a Sala de Recursos Multifuncionais surge como um apoio
pedagógico complementar ou suplementar aos estudantes com deficiência,
transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotação matriculados
em classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições de acesso,
participação e aprendizagem. Não sendo meramente um reforço escolar, mas um
somatório de ações junto à escola regular na perspectiva de crescimento e inclusão
do aluno dentro do âmbito escolar como um todo.
A implantação das Salas de Recursos Multifuncionais nas escolas comuns da
rede pública de ensino atende a necessidade histórica da educação brasileira, de
promover as condições de acesso, participação e aprendizagem dos alunos público
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alvo da educação especial no ensino regular, possibilitando a oferta do
atendimento educacional especializado, de forma não substitutiva à escolarização.
A construção de políticas públicas inclusivas, de acesso aos serviços e recursos
pedagógicos e de acessibilidade nas escolas regulares, eliminam a discriminação e
a segregação, superando o modelo de escolas e classes especiais.
Nessa perspectiva, os sistemas de ensino modificam sua
organização, assegurando aos alunos público alvo da educação especial a matrícula
nas classes comuns e a oferta do atendimento educacional especializado, previsto no
projeto político pedagógico da escola.
Para aquisição de tal programa nos municípios, basta tão somente a Secretaria de
Educação apresentar a demanda no Plano de Ações Articuladas - PAR e indicar as
escolas a serem contempladas por meio do Sistema de Gestão Tecnológica –
SIGETEC. Feito isso,o programa disponibiliza às escolas públicas de ensino regular,
um conjunto de equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de
acessibilidade para a organização do espaço de Atendimento Educacional
Especializado. Cabe ao sistema de ensino, a seguinte contrapartida: disponibilização
de espaço físico para implantação dos equipamentos, mobiliários e materiais didáticos
e pedagógicos de acessibilidade, bem como, do professor para atuar no AEE.
Nesse contexto, o Atendimento Educacional Especializado constitui parte
diversificada do currículo dos alunos com necessidades educacionais especiais,
organizado institucionalmente para apoiar, complementar e suplementar os serviços
educacionais comuns. Dentre as atividades curriculares específicas desenvolvidas no
atendimento educacional especializado em salas de recursos se destacam: o ensino
da Libra, o sistema Braille e o Soroban, a comunicação alternativa, o enriquecimento
curricular, dentre outros.
Nesse sentido, o atendimento educacional especializado não pode ser
confundido com atividades de mera repetição de conteúdos programáticos
desenvolvidos na sala de aula, mas deve constituir um conjunto de procedimentos
específicos mediadores do processo de apropriação e produção de conhecimentos
realizados pelos próprios alunos.
Os alunos atendidos na Sala de Recursos Multifuncionais são aqueles que
apresentam alguma necessidade educacional especial, temporária ou permanente.
Entre eles estão os alunos com dificuldades acentuadas de aprendizagem ou
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limitações no processo de desenvolvimento que dificultam o acompanhamento das
atividades curriculares, os alunos com dificuldades de comunicação e sinalização
diferenciadas dos demais, os alunos que evidenciem altas habilidades/superdotação e
que apresentem uma grande facilidade ou interesse em relação a algum tema ou
grande criatividade ou talento específico. Também fazem parte destes grupos, os
alunos que enfrentam limitações no processo de aprendizagem devido a condições,
distúrbios, disfunções ou deficiências, tais como: autismo, hiperatividade, déficit de
atenção, dislexia, deficiência física, paralisia cerebral e outros.
A organização do Atendimento Educacional Especializado considera as
peculiaridades de cada aluno. Alunos com a mesma deficiência podem necessitar de
atendimentos diferenciados. Por isso, o primeiro passo para se planejar o
Atendimento não é saber as causas, diagnósticos, prognóstico da suposta deficiência
do aluno. Antes da deficiência, vem a pessoa, o aluno, com sua história de vida, sua
individualidade, seus desejos e diferenças.
Há uma grande variedade de materiais e recursos pedagógicos que podem ser
utilizados para o trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais ou até na sala de aula
regular, entre eles destacam-se: os jogos pedagógicos que valorizam os aspectos
lúdicos, a criatividade e o desenvolvimento de estratégias de lógica e pensamento; os
jogos adaptados, como aqueles confeccionados com simbologia gráfica, utilizada nas
pranchas de comunicação correspondentes à atividade proposta pelo professor; livros
didáticos e paradidáticos impressos em letra ampliada, em Braille, digitais em Libras,
livros de histórias virtuais, livros falados; recursos específicos como reglete, punção,
soroban, guia de assinatura, material para desenho adaptado, lupa manual,
calculadora sonora, caderno de pauta ampliada, mobiliários adaptados e muitos
outros.
Muitas vezes a adaptação de recursos se faz necessária, depende das
necessidades particulares de cada aluno, sendo assim chamado de Tecnologia
Assistiva. São consideradas Tecnologias Assistivas desde artefatos simples, como
uma colher adaptada, lápis adaptado, até sofisticados programas especiais de
computador que visam à acessibilidade satisfatória dos alunos atendidos, que
possibilitem sua autonomia, de acordo com os objetivos que pretendem ser
alcançados com tal artefato. Visto que as Tecnologias da Informação e da
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Comunicação vem se tornando, cada vez mais, instrumentos de inclusão, uma vez
que viabilizam a interação do sujeito com o mundo.
Conhecendo um pouco do programa e suas especificidades, se faz mister
conhecer também um dos principais protagonistas desse trabalho que sem dúvidas é
o professor do AEE. Sendo que, suas funções se diferem um pouco do professor da
sala regular, tenha visto que seus deveres são bem mais conotativos, como veremos
a seguir.
O professor da Sala de Recursos Multifuncionais deve atuar como docente, nas
atividades de complementação ou suplementação curricular específica que
constituem o atendimento educacional especializado; atuar de forma colaborativa com
o professor da classe comum para a definição de estratégias pedagógicas que
favoreçam o acesso do aluno com necessidades educacionais especiais ao currículo
e a sua interação no grupo; promover as condições de inclusão desses alunos em
todas as atividades da escola; orientar as famílias para o seu envolvimento e a sua
participação no processo educacional; informar a comunidade escolar a cerca da
legislação e normas educacionais vigentes que asseguram a inclusão educacional;
participar do processo de identificação e tomada de decisões acerca do atendimento
às necessidades especiais dos alunos; preparar material específico para o uso dos
alunos na sala de recursos; orientar a elaboração de material didático-pedagógico que
possam ser utilizados pelos alunos nas classes comuns do ensino regular; indicar e
orientar o uso de equipamentos e materiais específicos e de outros recursos
existentes na família e na comunidade e articular com gestores e professores, para
que o projeto pedagógico da instituição de ensino se organize coletivamente numa
perspectiva de educação inclusiva.
Segundo Pires (2006, p. 30):
Participar do processo de inclusão dos excluídos da nossa sociedade, além de revelar nossa atitude de educadores face às pessoas com necessidades educativas especiais e perante a sociedade, tal atitude expressa uma função teleológica voltada para o aperfeiçoamento ético e moral dos indivíduos nessa reconstrução social.
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Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é relatar uma experiência
realizada na Sala De Recursos Multifuncionais, da Escola Municipal Manoel
Agostinho da Silva, localizada na cidade de Pocinhos, município no qual resido. Para
tanto, irei utilizar um estudo de caso de um aluno, um método qualitativo que consiste,
geralmente, em uma forma de aprofundar uma unidade individual, nesse caso, um
estudo sobre as necessidades específicas de um aluno, o qual iremos preservar sua
identidade, fazendo uso de nome fictício ao analisarmos seu caso.
Relato de experiência da Sala de Recursos
Face ao exposto, percebemos o quão se faz necessário que nós como
profissionais da educação busquemos nos adaptarmos ao currículo da escola atual,
visto que a diversidade e a inclusão é uma realidade que nos permeia.
Dessa forma, pretendo através desse relato falar sobre a experiência do
trabalho desenvolvido na Sala de Recursos Multifuncionais no município de Pocinhos,
no qual resido; onde trabalho a 3 (três) anos no Atendimento Educacional
Especializado ao aluno com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental; como
também, alguns tipos de transtornos, desde que sejam devidamente comprovados
através de laudos médicos.
No nosso município atualmente contamos com 3 (três) Sala de Recursos Tipo I,
inserida consequentemente em 3 instituições de ensino público, escolhidas devido ao
número de alunos que constam na matrícula escolar, que apresentam algum tipo de
deficiência ou transtorno. Para especificar tais informações, se faz necessário a
priori, um mapeamento das escolas do município para obtermos os dados
fundamentais desse aluno, para que assim se faça o encaminhamento do mesmo
para o AEE. Ao termos em mãos esses primeiros dados, é realizada uma reunião com
os pais ou responsáveis afim de apresentarmos o trabalho complementar que a Sala
de recursos realiza conjuntamente com a escola regular, visando um maior
desenvolvimento das habilidades do(a) seu(a) filho(a), ressaltando que o AEE não é
meramente um reforço escolar, como muitos pensam, mas sim um programa que
auxilia o aluno com deficiência no seu processo pedagógico dentro da própria escola.
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Quando é feita a matricula da criança pelos seus pais na escola regular,
juntamente com ela vem um laudo quando a criança apresenta principalmente a
Deficiência Intelectual. Assim que elas vêem para a escola passamos a observá-las,
chamamos a família ou o responsável para uma entrevista- Dá-se início ao “Estudo de
Caso”, oferecemos o atendimento e caso a família aceite, passamos para o processo
de Sondagem nos diferentes momentos da escola regular (sala de aula, recreio,
educação física, e outros contextos escolares), depois ficamos com a criança no
contra turno e damos continuidade ao processo de sondagem individual que tem
duração variável, já que nós do AEE, trabalhamos com a fonte de interesse da
criança. Buscamos conhecer sua deficiência somente para precauções, porque na
verdade ao conhecermos O ALUNO estamos buscando suas potencialidades que é a
principal fonte de nosso trabalho, é nosso pontapé inicial, trabalhamos de forma a
desenvolver as habilidades cognitivas necessárias para que o aluno seja de fato
incluído na sala regular e na sociedade.
Para atendermos as necessidades pedagógicas desses alunos dentro da Sala
de Recursos são planejados todos os passos, observando cada necessidade
específica, tanto física como material. Por isso, contamos com rampas, para melhor
acessibilidade dos cadeirantes; cadeira adaptada na sala para alunos com deficiência
física; colchonetes; teclado de computador adaptado; jogos e materiais pedagógicos
diversos adaptados com o velcro, visando um melhor manuseio por parte do aluno;
como também, com letras grandes e alto relevo para alunos com baixa visão; plano
inclinado, dentro outros que são adequados de acordo com a particularidade de cada
aluno.
Após esse momento inicial que se dá através da coleta de dados por parte da
família e da escola, da confecção de materiais adaptados e do estudo de caso da
criança como um todo, a próxima etapa será montar um plano de atendimento
individual (em apêndice) de cinco meses que venha à atender as principais
necessidades educacionais desse aluno, sendo que desse plano serão montadas as
rotinas individuais do mesmo, para cada atendimento realizado. O atendimento é
dividido em três momentos, utilizando as diversas ferramentas pedagógicas
disponíveis em sala, sendo os mesmos registrados pelos alunos no seu caderno de
comunicação, para melhor acompanhamento do seu desenvolvimento cognitivo, tanto
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para nós professores, como também para a família acompanhar de perto esse
processo peculiar.
Para Freire, ensinar,
requer aceitar os riscos do desafio do novo, enquanto inovador, enriquecedor, e rejeitar quaisquer formas de discriminação que separe as pessoas em raça, classes... É ter certeza de que faz parte de um processo inconcluso, apesar de saber que o ser humano é um ser condicionado, portanto há sempre possibilidades de interferir na realidade a fim de modificá-la. Acima de tudo, ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando. (pg.33,34)
Sendo assim, também é oferecido aos professores da sala regular uma
formação mensal com os professores do AEE, visando promover, além de uma troca
de experiências de ambas as partes, um conhecimento especifico sobre cada tipo de
deficiência e transtornos, proporcionando ao professor da sala regular um melhor
entendimento a cerca do presentes na sala de aula, visto que os mesmos alegam um
certo despreparo para receber alunos com deficiência, justamente por não terem
conhecimento sobre a caso de seus alunos, para que assim se sintam mais capazes
de lidar com as diversas situações área.
Nós como professores do AEE buscamos orientar os colegas professores da
sala regular com relação ao conhecimento científico referente a cada tipo de
deficiência, bem como, dar dicas de atividades que podem ser desenvolvidas pelo
aluno na sala de aula comum, estimulando desse modo sua autonomia, sua
autoestima, fazendo com que o mesmo se sinta parte do processo como todos os
outros alunos, despertando sua capacidade e suas habilidades. Pois temos que
entender tão somente que a inclusão é uma inovação que perpassa as paredes da
escola e sugere mudanças maiores, mudanças de paradigma, de conceito, de visão,
mudança de mundo, a começar por nós mesmos.
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Passo a passo do Atendimento ao aluno
Tendo em vista todos os pontos que foram abordados com relação a
implantação da Sala de Recursos Multifuncionais e seus principais objetivos, se faz
mister relatar minha experiência enquanto profissional da educação atuante na área.
Como já foi citado anteriormente, existem pré-requisitos que tornam os alunos
aptos para fazerem parte do atendimento educacional especializado, sendo que, logo
após a coleta desses dados fundamentais, é realizado juntamente com a ajuda da
família o chamado estudo de caso do(a) aluno(a), que consiste no relato de todos os
fatos referentes a criança, desde a gestação, momento do parto, primeiros anos de
vida, até sua idade atual, focando em sua vivência, tanto na escola como no seu
meio social como um todo. O professor do AEE tendo em mãos esses dados, irá fazer
uma listagem abordando as principais características do (a) aluno (a), observando
suas principais dificuldades, os meios para superá-las, bem como, suas habilidades; a
partir desse primeiro estudo, será elaborado então um Plano de Atendimento, onde
serão contempladas essas três vertentes: dificuldades, soluções e habilidades. Esse
plano de atendimento será executado no período de cinco a seis meses, sendo
reavaliado sempre que for necessário, de acordo com as necessidades apresentadas
no decorrer do atendimento pelo (a) aluno (a).
Tendo em mãos essas duas ferramentas primordiais, que irão nortear a
qualidade do atendimento ao aluno, se faz necessário agora a elaboração de uma
rotina semanal, que é dividida em três momentos distintos, buscando utilizar os
diversos recursos presentes na sala; ao final do atendimento é realizada pequena
avaliação para verificar o desempenho do mesmo durante o atendimento.
Relato de Experiência Pedagógica
O Atendimento Educacional Especializado é uma forma de propiciar
oportunidades para inclusão sendo um espaço de transição para aquisição de hábitos
e atitudes facilitando a convivência social numa classe especial ou regular de ensino.
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Sendo assim, venho a público ressaltar quão satisfatório é para mim enquanto
educadora desenvolver esse trabalho com pessoas com deficiência. Cada dia é uma
nova oportunidade de aprendizado, tanto da minha parte, como da parte dos meus
alunos, visto que em muitos momentos aprendo mais que ensino, tendo em vista a
grande sensibilidade e esforço que percebo na participação dos mesmos nesse
processo de ensino/aprendizagem.
O autor Paulo Freire em uma de suas obras descreve como sendo a figura do
Professor:
“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que pornão poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição,uma tomada de decisão. Decisão. Ruptura. (...) Sou professor afavor da luta constante, contra qualquer forma de discriminação,contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classessociais. (...) Sou professor a favor da esperança que me animaapesar de tudo. Sou professor contra o desengano que meconsome e me mobiliza. Sou professor a favor da boniteza deminha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar. Se não brigo por este saber. Se não lutopelas condições materiais necessárias, sem as quais meu corpo descuidado, corre o risco de amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste.” (Pedagogia do oprimido)
Um bom professor é aquele que necessariamente está sempre em profunda
análise de sua prática, pois se sabe como ser que não está pronto e acabado. Um
professor comprometido estará sempre se recriando, não se permitirá parar de sonhar
manter-se-á em constante reinvenção, na medida em que busca a transformação da
sociedade e o ser mais dele e dos alunos. Nesse pensamento, deve consistir nossa
prática diária de ensino; devemos nos preparar dia após dia para o desafio que é ser
um profissional da educação em pleno século XXI.
O sistema de homogeneidade das escolas, e o seu processo de competição,
fazem com o professor sinta-se impotente frente a um aluno especial, pois, a priori o
que se enxerga são as dificuldades do aluno e não suas habilidades. Na concepção
da maioria dos professores esse aluno não aprende mais nada. No entanto, sabemos
que no momento da aprendizagem, se o aluno especial for provocado de forma
correta, ocorrem sinapses, e ele consegue construir seus conhecimentos dentro de
suas limitações e do seu potencial. Quanto mais esse aluno for induzido a pensar e
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buscar sua aprendizagem, mais seus neurônios irão reagir e procurar meios para
adaptar-se a esse novo conhecimento.
Assim, nessa perspectiva inclusiva, no acreditar que faz a diferença, é que
consiste o Atendimento Educacional Especializado, na superação dos limites do aluno
com algum tipo de deficiência, visto que esse aluno precisa sair da situação de recusa
do conhecimento, para a sensação de que ele pode fazer e construir seu próprio
conhecimento. Sem dúvidas, não há recompensa maior do que perceber o
crescimento, o avanço desse aluno no que diz respeito ao seu desenvolvimento
cognitivo, bem como, a sensação do mesmo ao sentir-se autor da sua própria história.
Estudo de caso do aluno José com Deficiência Múltipla
(Paralisia Cerebral + Deficiência múltipla)
Etapa 1- Apresentação do caso
José é um adolescente de 15 anos de idade, tem paralisia cerebral por anoxia
no parto; em uma tomografia realizada, aponta atrofia do hemisfério cerebral direito,
com anomalia de sulcação; faz uso dos medicamentos Trileptal, Gardenal e Neosine.
Faz uso de fraldas, começou a andar sozinho depois de um tratamento aos 10 anos,
mas ainda apresenta dificuldades motoras, apresentando movimentos involuntários
nas mãos.
O aluno mora com seus pais, que acabam por lhe superproteger, impedindo-lhe
de exercer com autonomia atividades de sua vida diária, tais como: higiene,
alimentação e vestimentas, pois tudo que o mesmo quer em determinado momento,
seus pais e principalmente seus avós o azem por ele, sem deixar que o mesmo se
esforce para tal. Devido a essa superproteção o mesmo tem dificuldade em aceitar
limites e regras que devem ser postos diante da sua idade, independente da sua
deficiência, porque José deve ser tratado tal qual a fase em que se encontra. Sua
família permitiu sua participação na Sala de Recursos Multifuncional (SRMF), visto
que acredita que todo apoio se faz necessário para um melhor desenvolvimento de
José. O aluno está matriculado no 3º ano do ensino fundamental, e a família
demonstra insatisfação com a sala regular, aponta que seu filho não estar incluso nas
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atividades realizadas pelos demais, deixando muito a desejar no que se refere à parte
pedagógica que deveria ser ofertada com igualdade para todos. Já sua professora
relata uma aflição muito grande por não se sentir preparada para trabalhar com uma
criança com deficiência, e diz que sente muita dificuldade para comunicar-se com o
aluno, visto que o mesmo não se comunica por fala. José necessita na sala regular de
uma mesa e carteira adaptada, para atender suas necessidades motoras,
proporcionando um mínimo de conforto possível; além de engrossadores para lápis,
pincel, colher, entre outros; bem como, um plano inclinado, jogos adaptados leves no
isopor e colados no velcro para facilitar o manuseio e pranchas de comunicação
alternativa, são alguns recursos que devem ser adotados para um melhor
aprendizado do aluno.
Quando iniciou sua participação no Atendimento Educacional Especializado,
José era um garoto bem introvertido, demonstrou resistência a priori, nos primeiros
dias não queria ficar na sala, mas no decorrer do atendimento o mesmo começou a
mostrar interesse, visto que a sala é preparada com variadas opções para trabalhar
diferentes atividades, e isso foi o encantando aos poucos. Não conseguia olhar nos
meus olhos quando falava com ele, sempre desviava a atenção, mas José
compreendia perfeitamente tudo que falava com ele; quando solicitando para realizar
determinadas atividades, como por exemplo, o jogo de boliche que é o seu preferido,
escutava minha solicitação e realizava os movimentos necessários para atingi-la, e a
cada tentativa fica eufórico, isso demonstrava que ele era capaz para tanto, isso me
fascinava, pois via sua autoconfiança dando seus primeiros passos.
A partir de então, o desenvolvimento do aluno foi gradativo, foi se interessando
cada vez mais por descobrir novas possibilidades de aprender algo. Atividades
desenvolvidas utilizando o computador o faziam vibrar, para realiza-la utilizava o
teclado colmeia, para facilitar na sua coordenação motora. Como também, busquei
trabalhar com ele atividades da sua vida diária que poderiam desenvolver sua
autonomia, como um simples gesto de levar a colher até a boca, beber água sozinho,
entre outras. Tendo em vista seu notável desenvolvimento, também procuramos
orientar sua família, afim de que possam dar continuidade ao trabalho desenvolvido
na no AEE, buscando nas atividades diárias incentivar a autonomia do aluno, evitando
a superproteção que o impede de desenvolver suas habilidades. Pois percebemos
que a família trata o mesmo como se ainda fosse um bebê, quando na verdade ele
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deve ser tratado como alguém da sua idade, com limitações claras, mas com
capacidade de ir além daquilo ao qual o limitaram. Portanto, se faz imprescindível
essa conscientização no âmbito familiar, pois a escola por si só não pode realizar
mudanças no que diz respeito ao crescimento cognitivo do aluno, mas convém que
seja feito essa parceria com a família para que esse trabalho gere resultados positivos
a longo prazo.
Com o passar do tempo, seu desenvolvimento tanto intelectual como social se
tornou visível aos nossos olhos, é possível ver hoje seu entrosamento com a turma da
sua sala regular, e isso muito nos alegra, pois é um avanço tremendo que se reflete
na sua vida como um todo. Dessa forma, podemos constatar que é possível sim um
aluno que apresenta tais deficiências se desenvolver, não como os demais alunos,
mas de acordo com suas possibilidades e potencialidades, respeitando o seu tempo
de aprendizagem. Isso vem a nos mostrar que o objetivo para ser alcançado, não tem
que percorrer os mesmos caminhos dos demais, muitas vezes, uma criança opta por
uma estratégica mais rápida, mais sucinta, enquanto outras necessitam de formas
mais elaboradas, mais explicadas, com mais detalhes. O importante é proporcionar a
esses alunos as condições necessárias ao seu desenvolvimento, que seja limitado,
mas que provoque nessa criança a vontade de buscar sempre superar seus próprios
limites.
Etapa 2- Esclarecimento do problema
Para estudar o caso de José, é necessário que o professor do AEE identifique
diversos aspectos relacionados ao seu desenvolvimento e aprendizagem que podem
ou não explicar a natureza do problema. Esta etapa consiste na escuta da queixa
trazida pela família ou pela professora, com a finalidade de identificar os aspectos das
dificuldades ou potencialidades manifestadas por José. No caso em questão, é
importante esclarecer os seguintes aspectos:
Quais as potencialidades de José para aprendizagem e para interação na sala
de aula?
Qual é a natureza de sua dificuldade motora?
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Será necessário o uso de instrumentos ou recursos para auxiliá-lo na sua
expressão gráfica?
Em que situações em sala de aula ele demonstra maior interesse e se implica
na atividade?
Em que situações em sala de aula ele demonstra maior agitação e
conseqüentemente falta de atenção e concentração?
Quais são as situações diárias no qual o mesmo ainda não exerce sua
autonomia?
Etapa 3- Observações do aluno em sala de aula e entrevista com a
professora
Para responder tais questionamentos, se faz necessário uma maior
aproximação com o ambiente escolar no qual José se encontra inserido. Sendo
assim, é realizada uma observação na sala de aula de José, para ver mais de
perto seu comportamento e fazer os primeiros acompanhamentos junto a sua
professora, que sem dúvidas é a uma das peças fundamentais que poderá
somar esforços junto ao AEE para desenvolver as habilidades encontradas no
mesmo.
A professora relata que José quase não se comunica em sala e em alguns
momentos não consegue compreender o que ele pede, demonstrando nesse
momento uma grande impotência diante de tal situação. O mesmo não
apresenta uma boa coordenação motora, dificultando assim, sua participação
nas atividades desenvolvidas em sala.
Etapa 4- Identificação da natureza do problema
Após a coleta de todas as informações, é possível para o professor de o
AEE identificar quais são suas reais dificuldades. Nesse caso, José apresenta
problemas relacionados ao seu desenvolvimento intelectual; o que acaba dificultando
seu desempenho em sala de aula. Mas José consegue compreender as situações ao
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seu redor, só que não se expressa por meio da fala, o que acaba dificultando seu
entrosamento com a professora e seus colegas de turma. Geralmente o mesmo se
expressa por sorrisos quando gosta de algo e fica um pouco retraído quando não
gosta. Devido a isso, sua professora demonstra insegurança com sua presença em
sala, por simplesmente não saber o que fazer, como agir.
Etapa 5- Resolução do problema
É possível supor que a natureza do problema de José é de ordem cognitiva
e motora, a primeira gerada pela deficiência intelectual,o que acaba por
interferir na sua comunicação. Enquanto a segunda, às sequelas neuromotoras
que afetaram seu tônus muscular, ocasionando movimentos instáveis na
preensão do lápis e dificuldades na motricidade ampla.
Etapa 6- O plano do AEE de José
De posse de todas as informações destacadas anteriormente, é elaborado
o plano de AEE, contendo os seguintes itens:
Objetivos previstos: superação das dificuldades motoras, de evolução
conceitual, de atenção e de concentração.
Atividades do plano
Para o desenvolvimento da capacidade grafomotora e da
motricidade ampla:
à Atividades de desenho, pintura e o uso de diferentes instrumentos como
suporte para sua expressão gráfica, como por exemplo, o computador; o uso
de massa de modelar; a construção de maquetes; dentre outras atividades que
envolvam também situações de sua vida diária.
Para desenvolvimento de conceitos
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à Desenhar, jogo simbólico, dramatização, pintura, música, jogo da memória,
associação de imagens e palavras, contato com variados gêneros textuais.
Toda as atividades devem ser contextualizadas e significativas para o aluno e
devem ser realizadas em situações lúdicas e cotidianas.
Atenção e concentração
à Jogos educativos diversos.
Oralidade
à Relatos orais, registro orla de passeios ou amostra de imagens que
retratem o mesmo; atividade de dramatização e brincadeiras adaptadas
para que o mesmo possa participar juntamente com seus colegas.
Interlocução entre a professora do AEE e a da sala do ensino
comum
à Visa conhecer os efeitos do plano do AEE no comportamento do aluno em
sala de aula.
Resultados esperados
à Como resultado, espera-se que José se reconheça como uma pessoa
capaz de aprender e de se expressar e que ele desenvolva cada vez mais sua
capacidade comunicativa por meio do uso das mais diversas expressões que
consigam demonstrar seus anseios e seus desejos, buscando tão somente superar
seus próprios limites.
Todas as interações de comunicação e atividades de aprendizagem devem ser
respeitar a individualidade e a dignidade de cada aluno com deficiência múltipla. Isto
se refere a pessoas que possuem como característica a necessidade de ter alguém
que possa mediar seu contato com o meio. Assim, ocorrerá o estabelecimento de
códigos comunicativos entre o deficiente múltiplo e o receptor. Esse mediador terá a
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responsabilidade de ampliar o conhecimento do mundo ao redor dessa pessoa,
visando a lhe proporcionar autonomia e independência.
Desse modo, sabemos que todas as pessoas se comunicam, ainda que em
diferentes níveis de simbolização e com formas de comunicação diversas; assim,
considera-se que qualquer comportamento poderá ser uma tentativa de comunicação.
Dessa maneira, é preciso estar atento ao contexto no qual os comportamentos, as
manifestações ocorrem e sua freqüência, para assim compreender melhor o que o
aluno tem a intenção de comunicar e responder.
Infelizmente, com a homogeneização da sala regular, o professor não
apresenta esse olhar crítico/reflexivo sobre a atuação desse aluno no ambiente no
qual o mesmo se encontra inserido, no que diz respeito ao seu processo pedagógico.
Alguns professores privilegiam o caminho das aprendizagens mecânicas quando
atuam junto aos alunos que apresentam, além da deficiência física, também a
intelectual. Ao invés de apelar para situações de aprendizagem que tenha raízes nas
experiências vividas pelo aluno, atividades essas capazes de mobilizar seu raciocínio,
propõem atividades baseadas na repetição e na memória. Frequentemente, essas
atividades são desprovidas de sentido para os alunos. Esses professores privilegiam
o caminho das aprendizagens mecânicas sob o pretexto de que os alunos os quais
apresentam deficiência intelectual manifestam numerosas dificuldades nos processos
de aprendizagem que eles agem pouco no mundo no qual evoluem e enfim, sob o
pretexto de que os alunos antecipam o fracasso e não se apoiam sobre seus
conhecimentos quando estão em situação de aprendizagem ou de resolução de
problemas.
Agindo desta maneira, tais professores se comportam como se não
reconhecessem no aluno que apresenta deficiência intelectual um sujeito capaz de
crescimento e de afirmação. Seu acompanhamento pedagógico parece respaldado
por uma concepção de aluno que se apoia sobre a ideia de insuficiência ou de lacuna,
mesmo de falta no que diz respeito ao raciocínio. Os professores não reconhecem
nesse aluno capacidades cognitivas as quais convém mobilizar para favorecer a
melhor interação com o meio onde ele vive. Consequentemente, eles negam um
aspecto absolutamente fundamental do desenvolvimento humano, a saber, o
intelectual. Em suma, eles se fecham em uma pedagogia da negação. Uma
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pedagogia que não reconhece o potencial dos alunos, sobretudo daqueles que
apresentam deficiência intelectual e que, consequentemente, causa prejuízos para as
suas aprendizagens e autodeterminação.
Face ao exposto, a função do professor do AEE consiste justamente em propor
atividades que permitam eliminar as barreiras na aprendizagem e otimizar a
aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular. Essa ação, certamente,
terá uma repercussão positiva no desempenho do aluno na sala de aula comum. Por
isso, se faz tão necessário esse trabalho em conjunto dos professores do AEE e da
sala regular, ambos trocam experiências e buscam juntos soluções que venham a
desenvolver de forma considerável o desempenho desse aluno no seu processo
educacional.
Algumas escolas ainda não se atentaram para o fato de que o tipo de pedagogia
praticada é um fator determinante na evolução dos alunos, especialmente quando se
trata de alunos com deficiência intelectual. A pedagogia que não leva em
consideração as diferenças dos alunos, que não está atenta para as diferenças de
ritmos, de interesses, de estilos de aprendizagem, ao invés de promover, nega o
desenvolvimento e a aprendizagem desses alunos. Nega o que está garantido
constitucionalmente a eles que é o direito à educação e à apropriação dos bens
culturais construídos ao longo dos anos pela humanidade e transcritos em forma de
conteúdos escolares.
Atividades e estratégias que podem corroborar com o desenvolvimento do
aluno José na sala de aula
Proporção
O desenvolvimento da coordenação motora pode ser mais lento em crianças que têm
deficiência intelectual. Uma das maneiras de estimular o aluno a dominar seus
movimentos é fazê-lo escrever o nome em folhas de papel de diferentes tamanhos.
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Assim, ele também visualiza a necessidade de aumentar ou diminuir a letra de acordo
com o espaço.
Integração
É muito comum uma criança com deficiência intelectual ter problemas de oralidade.
Por isso, aulas que estimulem o aluno a contar histórias são bem-vindas. É importante
dar continuidade à atividade com bate-papos na classe sobre os personagens ou
sugerindo que os estudantes dêem o próprio final à trama e o apresentem aos
colegas. A atividade deve sempre ser feita com a turma toda.
Variedade
Diversifique os meios de acesso ao conteúdo na sala de aula. Crianças com
deficiência intelectual (e sem deficiência também) nem sempre aprendem por meio de
folhas com exercícios impressos, livros didáticos ou material concreto de Matemática.
Elas podem se identificar mais com músicas, passeios, desenhos, vídeos ou debates.
Estes são alguns fatores que se observados e aplicados em sala, podem contribuir
de forma significativa no desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual. Para o
deficiente intelectual ter sucesso em seu processo ensino-aprendizagem ele deve ser
estimulado, amado, aceito, tratado com igualdade, tendo o professor como mediador
de suas aprendizagens, pois apesar de levar mais tempo para aprender é capaz de
adquirir habilidades intelectuais e sociais.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A concretização da política de inclusão já se torna perceptível quando as redes
de ensino começam a se organizar para receber e oferecer as condições de
aprendizagem a todo seu alunado. A escola que entendeu o princípio da inclusão
sabe que precisa rever práticas pedagógicas, não porque agora tem a presença de
um aluno com deficiência na sala de aula, mas porque compreendeu que não pode
ignorar a diferença de seus alunos.
Podemos concluir que a inclusão se traduz pela capacidade da escola em dar
respostas eficazes à diferença de aprendizagem dos alunos, considerando o
desenvolvimento dos mesmos como prioritário. A prática da inclusão implica no
reconhecimento das diferenças dos alunos e na concepção de que a aprendizagem é
construída em cooperação a partir da atividade do sujeito do sujeito diante das
solicitações do meio, tendo o sujeito de conhecimento como um sujeito autônomo. O
professor necessita conscientizar-se da diferença existente em sala de aula, que um
aluno traz concepções cotidianas diferentes do outro, tem seu tempo de
aprendizagem e estas precisam ser respeitadas. Por que a construção do
conhecimento não é individual e sim coletiva.
Cabe ao professor ampliar as possibilidades de aprendizagem do aluno a partir
de diferentes propostas didáticas as quais ele pode organizar no desenvolvimento das
suas práticas pedagógicas. Para isso é importante refletir sobre os desafios do
cotidiano escolar. Este novo olhar e esta nova forma de atuar ampliam as
possibilidades de desenvolvimento profissional e pessoal do professor, afinal, incluir é
mais que inserir, é interagir e contribuir para a formação dos educandos como um
todo, eis o lema que nos move no trabalho que realizamos no Atendimento
Educacional Especializado, consiste na certeza que o “Acreditar faz sim a diferença” e
que nós educadores também podemos, assim como nossos alunos, ultrapassar
nossos limites, no intuito de promover uma educação de qualidade, em seu sentido
real.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL, Ministério da Justiça. Declaração de Salamanca e Linhas de Ações sobre necessidades Educacionais Especiais. Brasília: CORDE, 1994. CAIADO, Kátia Regina Moreno. Aluno Deficiente visual na escola: lembranças e depoimentos, 1º edição, Campinas, SP, ed. Autores e Associados, PUC, 2003. Decreto Nº 6.571, de 17 de Setembro de 2008. In: Coletânea de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2010. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17º ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. UNESCO. Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf> Acesso em: 23 dez. 2009. PIRES, José. A questão ética frente às diferenças: uma perspectiva da pessoa como valor. In: Inclusão compartilhando saberes, Petrópolis – Rio de Janeiro, ed. Vozes, 2006. --------. Saberes e Práticas da Inclusão: dificuldades acentuadas de aprendizagem – deficiência múltipla. Brasília. MEC/SEESP, 2004, v.3. (Série Educação Infantil). SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA, 1997. YIN, Roberto K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª Ed. Porto Alegre. Editora: Bookmam. 2001. http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/inclusão-atendimento-educacional-especializado-aprendizagem. Acesso em 12 de Julho de 2013.
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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO:
O ACREDITAR FAZ A DIFERENÇA!
ARAÚJO, Joziane Guedes
RESUMO
Desde a fomentação da Declaração de Salamanca, em 1994, muitos estudos a
respeito da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais em classes
regulares, passaram a ter grande relevância e vêm proporcionando espaço para
discussões essenciais a acerca do acesso a um sistema de ensino adequado para
atender, de maneira eficaz, a estes alunos. Nesta perspectiva, o presente artigo
pretende expor uma abordagem de experiência prática entre docente e discentes que
apresentam necessidades educacionais especiais, como também analisar o
desenvolvimento gradativo destes alunos, inclusos em um ambiente que, de fato, lhe
é favorável, tanto em habilidades quanto em competências. Para tanto, toma-se como
dados para análise de registro, a reunião de fatores internos/externos que permeiam a
vivência discente para uma diagnose efetiva (planejamento, elaboração, execução de
atividades), observando o reflexo que a metodologia do Atendimento Educacional
Especializado (AEE) desempenha na aprendizagem deste aluno. Alguns resultados
apontam para o fato de que a necessidade especial quando trabalhada de forma
sistematizada/adequada, em muito contribui para a realização individual de cada
aluno que, por sua vez, necessita de um olhar crítico-construtivo que observe e que
proponha desafios para que este aluno se supere e se desenvolva. O AEE, portanto,
confirma a desmistificação de uma série de preconceito que envolvem os indivíduos
com necesidades educacionais especiais e corrobora com o fato de que avanços e
progresso são sempre possíveis, basta nos esforçarmos.
Palavra-chave: Inclusão, ensino, experiência, aluno.
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EDUCATIONAL SERVICE SPECIALIST:
The BELIEVE MAKES A DIFFERENCE!
ARAÚJO, Joziane Guedes
ABSTRACT
Since the fostering of Salamanca Statement in 1994, many studies about including
students with special needs in regular classes, have gained great importance and
come essential providing space for discussions about access to an educational system
appropriate to meet, effectively to these students. In this perspective, this article aims
to expose an approach of practical experience between teachers and students who
have special educational needs, as well as analyze the gradual development of these
students included in an environment that, in fact, is favorable both in skills and in skills.
Therefore, take as data for log analysis, the factors reunions internal / external
permeating the student experience for an effective diagnosis (planning, drafting,
implementation of activities), observing the reflection that the methodology of the
Educational Service Specialist (AEE) plays in student learning this.Some results point
to the fact that the special need when worked in a systematic way / proper, contributes
significantly to the achievement of each individual student who, in turn, requires a
critical-constructive notice and that the challenges to propose this student to excel and
develop. The ESA, therefore, confirms the demystification of a series of bias involving
individuals with special educational necessities and corroborates the fact that
advances and progress are always possible, just strive.
Keyword: Inclusion, education, experience, student.