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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO–UFMT FACULDADE DE ECONOMIA- FE DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO
AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?
José da Silveira Melo
CUIABÁ –MT SETEMBRO/2009
José da Silveira Melo
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO
AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para obtenção do título de Mestre em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional.
Profº. Orientador(a): Dr. Arturo A. Z. Zavala
CUIABÁ – MT
SETEMBRO/2009
Melo, J. S. Dissertação: Qual é o determinante da expansão da fronteira agrícola
matogrossense, no período de 2001/2007: Produção Agrícola ou Pecuária?/José da Silveira Melo, Cuiabá: FE, 2009.
p. 112; 21 cm
JOSE DA SILVEIRA MELO
QUAL É O DETERMINANTE DA EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA MATOGROSSENSE NO PERÍODO 2001/2007: PRODUÇÃO AGRÍCOLA OU PECUÁRIA?
Dissertação apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como requisito para obtenção do título de Mestre em Agronegócios e Desenvolvimento Regional, no Programa de Pós-Graduação em Agronegócios e Desenvolvimento Regional.
Defesa Publica em: 25 de Setembro de 2.009 ( x ) Aprovado ( ) Reprovado COMISSÃO EXAMINADORA _______________________________________________________ Examinador Externo: Prof. Dr. Écio de Faria Costa Universidade Federal do Pernambuco (UFPE) _______________________________________________________ Examinador Interno: Prof. Dr. Lazaro Camilo Recompensa Joseph Faculdade de Economia (UFMT) _______________________________________________________ Orientador : Prof. Dr. Arturo Alejandro Zavala Zavala Faculdade de Economia (UFMT)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a minha esposa e meus filhos que sempre me apoiaram,
estiveram presentes e acreditaram em meu potencial, me incentivando na
busca de novas realizações.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela vida, pelos meus familiares, pelos meus amigos e meus professores pela sabedoria, força, proteção, inspiração, saúde e por todas as bênçãos que derramou sobre mim durante toda a minha existência;
Aos meus pais, Antonio Costa Melo (in memorian) e Mercedes da Silveira Melo, por todo
o apoio, dedicação, amor e por acreditarem em mim durante toda a minha vida, o meu mais profundo agradecimento;
Aos meus irmãos por todo apoio e atenção dedicados a mim; Aos meus amigos, muito mais do que colegas de curso, por todo carinho, amor,
companheirismo, pela alegria e pela espontaneidade na troca de informações e materiais numa rara demonstração de amizade e solidariedade;
Ao meu orientador Profº Dr. Arturo pelo incentivo e presteza no auxílio às atividades e
discussões sobre o andamento e normatização desta dissertação, mas sobretudo pela amizade e paciência.
E a todos que de uma maneira ou de outra, foram instrumentos de conhecimentos,
experiência, e colaboraram para o feliz êxito e conclusão do curso.
“A preocupação com o homem e seu destino deve ser o principal interesse de toda pesquisa científica. Nunca a esqueça em meio a seus diagramas e equações”.
Albert Einstein
LISTAS DE ABREVIATURAS
COOPERCOL- Cooperativa de colonização
DETER - Detecção do Desmatamento em Tempo Real
ECO 92 – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
EMC – Estratégia Mundial para Conservação
FBC – Fundação Brasil Central
FPM – Fundo de Participação dos Municípios
FUNBIO - Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
ISA – Instituto Socioambiental
ONU- Organização das Nações Unidas
PAM – Produção Agrícola Municipal
PIN – Programa de Integração Nacional
PPM- Pesquisa Pecuária Municipal
PRODES – Programa de Cálculo e Desflorestamento da Amazônia
SAD- Sistema de Alerta de Desmatamento
SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEPLAN – Secretaria Estado de Planejamento e Coordenação Geral
SIDRA – Sistema IBGE de Recuperação Automática
UA – Unidade de Alocação Animal
WWF- World Wildlife Fund
Sumário
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................15
2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA .................................20
2.1. HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO RECENTE DO ESTADO DE MATO GROSSO ..................................20 2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista ...................................................................26 2.1.2 Os latifúndios agropecuários ......................................................................................27 2.1.3 A divisão do Mato Grosso ..........................................................................................28 2.1.4 Os primeiros projetos de colonização .........................................................................28 2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos .........................................................................29
2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SEGUNDO A ECONOMIA ECOLÓGICA ...........................31 2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca ................................................................................32 2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente .................................................33
3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO ......................................................................37 3.1 – PRODUÇÃO DE ALGODÃO HERBÁCEO ..............................................................................37 3.2 – PRODUÇÃO DE CANA DE AÇÚCAR ...................................................................................40 3.3 – PRODUÇÃO DE MILHO (1ª E 2ª SAFRA) .............................................................................42 3.4 – PRODUÇÃO DE SOJA EM GRÃO ........................................................................................44 3.5 – PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA .......................................................................................46
4 – O PROBLEMA DO DESMATAMENTO ..........................................................................50 4.1 - DESMATAMENTO POR CORTE RASO ..................................................................................57 4.2 O DESMATAMENTO POR DEGRADAÇÃO FLORESTAL ...........................................................57
5- METODOLOGIA.................................................................................................................59
5.1 MATERIAIS E MÉTODOS .....................................................................................................59 5.1.1 Área de Estudo ...........................................................................................................59 5.1.2 Fontes de Dados .........................................................................................................61 5.1.2.1 Dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE: ..................................................61 5.1.2.2 Dados da Produção Pecuária Municipal do IBGE: ..................................................61
5.2 METODOLOGIA ..................................................................................................................62 5.2.1 Tipo de pesquisa .........................................................................................................62
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................................................66
6.1 CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS...................................................................................66 6.2 ANÁLISE DE RELAÇÃO CAUSAL ..........................................................................................70 6.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...............................................................................................73
7. CONSIDERACÕES FINAIS ................................................................................................77
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................79
TABELAS Tabela 1 - Evolução da área de Produção de Algodão em caroço (2001-2007), em Hectares .............38
Tabela 2 - Evolução da área plantada de Cana de Açúcar (2001-2007), em hectares ..........................41
Tabela 3 - Evolução da área de Produção de Milho (2001-2007), em hectares ...................................43
Tabela 4 - Evolução da área de Produção de Soja (2001-2007), em hectares ......................................45
Tabela 5. Evolução da área de Pastagem para o rebanho bovino (2001-2007), em hectares ................46
Tabela 6– Incremento do desmatamento em Mato Grosso de 2001-2007 ...........................................50
Tabela 7 - Principais Atividades agrícolas para fins comerciais de Mato Grosso ................................61
Tabela 8 - Atividade Pecuária (Bovinos) de Mato Grosso .................................................................62
Tabela 9 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias em Mato Grosso
.........................................................................................................................................................66
Tabela 10 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião
do Norte de Mato Grosso ..................................................................................................................67
Tabela 11 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião
do Nordeste de Mato Grosso .............................................................................................................68
Tabela 12 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião
do Sudoeste de Mato Grosso .............................................................................................................68
Tabela 13 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião
do Centro Sul de Mato Grosso ..........................................................................................................69
Tabela 14 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na
microrregião do Sudeste de Mato Grosso ..........................................................................................69
Tabela 15 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Mesorregião usando o
teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71
Tabela 16 – Relação entre o Desmatamento e Atividades do Agronegócio por Município usando o
teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test ................................................................71
Tabela 17 – Comparativo da evolução das atividades agropecuária em relação ao Desmate em Mato
Grosso ..............................................................................................................................................72
GRÁFICOS
Gráfico 1 - Distribuição da Produção de Algodão Herbáceo por Mesorregião em Mato Grosso .........39
Gráfico 2 - Evolução da área de Produção de Algodão Herbáceo em Mato Grosso comparativo com a
produção do Brasil ............................................................................................................................39
Gráfico 3 - Distribuição da área de Produção de Cana de Açúcar por Mesorregião em Mato Grosso..41
Gráfico 4 - Evolução da área de Produção de Cana de Açúcar em Mato Grosso comparativo com a
área de produção do Brasil ...............................................................................................................42
Gráfico 5 - Distribuição da área da Produção de Milho por Mesorregião em Mato Grosso.................43
Gráfico 6 - Evolução da área da Produção de Milho em Mato Grosso comparativo com a produção do
Brasil.................................................................................................................................................43
Gráfico 7 - Distribuição da área de Produção de Soja por Mesorregião em Mato Grosso ...................45
Gráfico 8 - Evolução da Produção de Soja em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil ..46
Gráfico 9- Distribuição da área de pastagem do Rebanho Bovino Mesorregião em Mato Grosso .......47
Gráfico 10 - Evolução da área de criação de Rebanho Bovino em Mato Grosso comparativo com a
produção do Brasil ............................................................................................................................47
Gráfico 11- Distribuição da área desmatada por Mesorregião em Mato Grosso ................................51
Gráfico 12- Evolução da área de desmatamento em Mato Grosso comparativo com a produção do
Brasil.................................................................................................................................................51
Gráfico 13 – Relação entre o Desmatamento e principais atividades produtivas em MT .....................70
Gráfico 14 – Evolução percentual das principais atividades agropecuária e do desmatamento em MT
.........................................................................................................................................................72
FIGURAS
Figura 1 - Municípios brasileiros que indicaram desmatamento, com destaque para a Amazônia Legal,
o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002 ..........................................................52
Figura 2- Distribuição do desmatamento em áreas de florestas no Estado de Mato Grosso .................58
Figura 3 – Localização geográfica do estado de Mato Grosso ............................................................59
Figura 4 - Arco do desmatamento na Amazônia legal ........................................................................60
Figura 5 – Distribuição das principais produtos por Mesorregiões no Estado de Mato Grosso. ...........75
RESUMO
O controle do desflorestamento na região amazônica tem sido nas últimas décadas um
grande desafio à humanidade. Suas conseqüências têm aberto inúmeras discussões e gerado a
mobilização do Governo, comunidade científica e sociedade civil. Partindo desse pressuposto,
o trabalho teve como objetivo analisar, se as variações das atividades produtivas do
agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento. E ainda, identificar
qual foi a atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira agrícola nos
municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007. O estudo fundamenta-se na
abordagem do desenvolvimento sustentável (economia ecológica). Os resultados
evidenciaram que a expansão da fronteira agrícola permitiu que alguns municípios de Mato
Grosso se tornassem exportadoras de produtos primários para mercados nacionais e
internacionais. Por exemplo, a soja é a commodity importante para o País, assim como os
produtos: algodão, álcool, açúcar e milho e a pecuária; no entanto, não deveria ser visto como
a principal solução da economia do país, e principalmente na região amazônica. No presente
estudo observou-se que as atividades produtivas de Soja, Milho e Pecuária estão, de alguma
forma, relacionadas com o desmatamento do Estado de Mato Grosso. No entanto é bem
possível que não exista um único agente ou atividade econômica responsável pelo
desmatamento no estado, mas sim um conjunto de fatores, como: política de ocupação do
território, atividades agropecuária, abertura de estradas entre outras que poderiam ser melhor
investigadas.
Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; produção agropecuária; desmatamento.
ABSTRACT
The control of deforestation in the Amazon region in recent decades has been a great
challenge to humanity. Its consequences have opened numerous discussions and generated the
mobilization of government, scientific community and civil society. Based on this
assumption, the study aimed to examine if the variation of the productive activities of
agribusiness exerted a positive effect on direct or deforestation. And yet, was to identify
which activity or activities responsible for expanding the agricultural frontier in the
municipalities of Mato Grosso from 2001 to 2007. The study is based on the approach to
sustainable development (ecological economics). The results showed that the expansion of
agricultural expansion has allowed some municipalities of Mato Grosso to become exporters
of primary products for domestic and international markets. For example, the soy is an
important commodity for the country, as well as products: cotton, alcohol, sugar and corn and
cattle, however, should not be seen as the leading solution of its economy, especially in the
region Amazon. In the present study showed that the productive activities of Soybean, Corn
and Livestock are somehow related to deforestation of Mato Grosso. However it is quite
possible that there is a single agent or economic activity responsible for deforestation in the
state, but rather a set of factors, such as politics of land use, agricultural activities, opening of
roads and others that could be better investigated.
Keywords: Sustainable Development, agricultural production, deforestation
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como tema determinar a relação das atividades produtivas
agrícolas e pecuárias com o desmatamento da cobertura vegetal do Estado de Mato Grosso, o
qual está localizado na Região Centro Oeste Brasileira, que faz parte da Amazônia Legal. Na
década dos 40, existiram intentos de se promover o desenvolvimento e progresso para o país
que enfrentava um momento de crise política e econômica. Uma dessas propostas
governamentais para o desenvolvimento do país foi a chamada “Marcha para o Oeste” (ISA,
2003) que vislumbrava promover o desenvolvimento e a modernização da região Centro-
Oeste através da expansão e reprodução ampliada do capital, ou seja, um desenvolvimento
pautado na agregação de valores capitalistas aos seus recursos naturais, o objetivo era de
ampliar os núcleos habitacionais nessas regiões aproveitando melhor os recursos praticamente
inexplorados dentro das próprias fronteiras políticas.
Dentro desta proposta governamental de desenvolvimento do país, fica uma
preocupação que surge nas últimas décadas: a sustentabilidade da região. Será que só o
crescimento econômico e a extinção dos recursos naturais são políticas adequadas para a
Região do Centro-Oeste?
A preocupação no Brasil sobre a sustentabilidade do meio ambiente vem sendo
intensa, já em 1992 o Brasil foi sede da Conferência sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, conhecida como ECO 92, nela acordou-se
entre os países participantes, a constituição de uma agenda de compromissos. No Brasil, a
mesma foi denominada de Agenda 21. Um dos pontos estratégicos consistiu na gestão
sustentável do Cerrado.
Mato Grosso não fica longe dessa preocupação e através do governo de Mato Grosso
foi elaborado o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso – MT + 20 em 2006, que
contempla ações de conservação ambiental visando alcançar ao longo do horizonte de tempo
do Plano, até 2026, o desenvolvimento sustentável do Estado. No Plano, o conceito de
desenvolvimento sustentável tem três grandes pilares, articulados e complementares: a
competitividade, condição para a inserção da região na dinâmica econômica nacional e
mundial; a melhoria das condições de vida e redução das desigualdades sociais - como o
grande objetivo de qualquer esforço de desenvolvimento; e a conservação ambiental, para
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garantir a sustentabilidade da grande riqueza natural do Estado e contribuir para a qualidade
de vida da população, assegurando-a como herança para as gerações futuras.
Sendo o Estado de Mato Grosso parte da Amazônia Legal e situado geográfica e
economicamente na Região Centro-Oeste, apresenta três grandes biomas distintos: Floresta,
Cerrado e o Pantanal. O crescimento da economia do Estado foi realizado, num primeiro
momento, por intermédio da pecuária e, em seguida, através dos cultivos da soja, milho, cana
de açúcar e algodão, todos de maneira comercial. A soja é geralmente associada ao cultivo de
Milho, e atualmente representa um dos elementos propulsores da economia do Estado. O
progresso tecnológico permitiu a incorporação de novas áreas de cultivo, uma dinâmica de
ocupação do espaço regional, combinando desmatamento com novas atividades produtivas.
Esta dinâmica de crescimento econômico no estado de Mato Grosso tem gerado grandes
preocupações com questões ambientais.
A ocupação e o uso dos cerrados ao longo das últimas décadas em Mato Grosso
vincularam-se à expansão da fronteira agrícola e, esta, por sua vez, à produção de grãos
destinada à exportação (agronegócio), sobretudo, a soja, implementada através do
desmatamento, da adoção de tecnologias intensivas em capital e em insumos físico-químicos
e, particularmente, com baixa utilização de mão-de-obra. Essa expansão causou grandes
pressões sobre os ecossistemas ao provocar desmatamentos e queimadas, erosão e
compactação dos solos, contaminação da água por agrotóxicos, poluição dos recursos hídricos
e redução do número de peixes dos rios e lagos.
Nesse contexto, a economia de Mato Grosso vem se caracterizando pela
predominância da produção agropecuária e, com maior abrangência, pela dinâmica do
agronegócio, que opera com padrões internacionais de qualidade. O atrativo da economia do
Estado não está no valor baixo da terra, mas sim nos elevados índices de produtividade, que já
se igualam ou até ultrapassam os melhores do mundo, graças à combinação de solo, clima,
disponibilidade de água e, naturalmente, tecnologias.
Logo, em uma perspectiva estritamente econômica, a contribuição do agronegócio
para o crescimento do PIB de Mato Grosso vem sendo acentuada. Esse fenômeno aconteceu
fortemente na década de 90 e adentrou o Século XXI, sobretudo, conforme dito
anteriormente, por meio da produção de soja. Entretanto, não contabilizado nos índices de
crescimento, pode ser mostrado também o elevado e ascendente desmatamento no Estado.
Onde a atividade agropecuária tem provocado grandes impactos socioambientais,
como o processo de desmatamento da sua cobertura vegetal. Processo que na Amazônia legal
como um todo, segundo a literatura especializada, Falesi e Veiga (1986), Castro (2004),
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Margulis (2003), Young e Fausto (1998), e Barros et alli (2003), é causado principalmente
por atividades como a pecuária extensiva e a agricultura em larga escala voltada à produção
de grãos.
Diante disso, surge uma grande preocupação que se desdobra num questionamento
central para o desenvolvimento desta pesquisa, qual seja, saber se as atividades produtivas no
agronegócio: Soja, Milho, Cana de Açúcar, Algodão e a criação de Bovinos estão
correlacionadas direta e positiva com o processo de desmatamento em curso nos municípios
que compõem o estado de Mato Grosso, que possui grandes áreas de terras incluídas no rol
das áreas que apresentam maiores concentrações de focos de desmatamento, no denominado
“arco do desmatamento” (IBGE, 2007). Sendo assim, a questão que se pretende analisar no
decorrer desta pesquisa é: a variação da área de produção agropecuária (Cana de Açúcar,
Algodão, milho, soja e pecuária) exerceu efeito positivo ou direto sobre o desmatamento?
Com esse questionamento objetiva-se, de maneira geral, analisar os efeitos das
atividades produtivas no agronegócio (produção de álcool, algodão, milho, soja e carne
bovina) como uma nova face da expansão da frente pioneira, tem influenciado o
desmatamento da região de Mato Grosso.
E de maneira mais específica, objetiva-se analisar, se as variações das atividades
produtivas do agronegócio exerceram efeito positivo ou direto sobre o desmatamento? E
ainda, identificar qual foi à atividade ou atividades responsáveis pela expansão da fronteira
agrícola nos municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.
Dessa forma, parte-se da hipótese que exista correlação positiva ou direta entre a produção
de Algodão, cana de açúcar, milho, soja e pecuária sobre o desmatamento nos municípios de
Mato Grosso, no período de 2001/2007 e ainda que a produção de Soja e criação de bovinos
sejam as principais atividades do Agronegócio matogrossense, responsáveis pela expansão da
fronteira agrícola.
A presente pesquisa utilizou uma metodologia de caráter analítico-descritiva com uma
abordagem qualitativa, pautada na utilização de procedimentos que buscaram coletar,
minuciosamente, dados quantitativos e qualitativos acerca das atividades produtivas agrícolas
e pecuárias realizadas nas 5 mesorregiões do estado de Mato Grosso, permitindo, com isso, a
identificação do papel dessas atividades no processo de remoção da sua cobertura vegetal.
Os procedimentos metodológicos foram adotados em quatro etapas complementares entre
si.
A primeira etapa, consistiu num levantamento e análise bibliográfica para conhecer a
literatura sobre as principais atividades agropecuárias praticadas no estado de Mato Grosso,
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identificando de que maneira elas vem sendo discutida. Além disso, buscando realizar uma
atualização teórica que permita a execução de uma análise mais totalizante dos processos
sociais que determinaram o surgimento dessa atividade, bem como, suas respectivas
conseqüências socioambientais.
A segunda etapa foi composta pelo levantamento dos dados secundários, junto ao
INPE - DETER a fim de quantificar e identificar as áreas de desmatamento nos 141
municípios do estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.
Posteriormente, levando em consideração o relatório apresentado pelo IICA (2006),
onde se apresentam os principais produtos do agronegócio Brasileiro em 2005, se encontrou
que Mato Grosso é destacado pela produção de cinco das principais atividades (álcool (anidro
e hidratado), algodão, milho, soja e carne bovina) resultando desta forma em crescimento
econômico, tanto na produção interna, quanto na pauta de exportação. Para isto, se buscou
junto ao IBGE – Sidra os dados da produção Agrícola e pecuária objeto deste trabalho, afim
também de quantificar e identificar as áreas de produção agropecuária nos municípios
matogrossense, no período em estudo.
Ainda de forma complementar, foi realizada a coleta de dados junto aos anuários
estatísticos da SEPLAN, devido a sua forma de apresentação agrupada em Microrregiões e
Mesorregiões dos dados.
A terceira etapa da utilização dos procedimentos metodológicos consistiu num
momento de produção. A partir dos dados secundários obtidos Junto ao INPE, IBGE e
SEPLAN, foram calculados os coeficientes de Pearson, afim de identificar a relação entre as
atividades agropecuárias e o desmatamento nos 141 municípios de Mato Grosso. Na busca da
confirmação dos resultados obtidos no primeiro teste, foi calculado o índice de Fator, e para
tal foi utilizado o método multivariado de análise de Fator e em seguida foi realizada a análise
de relação causal (método de cointegração) e para tal foi utilizado o método de Johansen.
Por fim, a última etapa, foi constituída pela análise dos resultados obtidos ao longo da
pesquisa, bem como, a sua sistematização no formato do presente trabalho.
Esta pesquisa foi estruturada em sete capítulos. Neste primeiro capítulo é apresentado
a introdução da pesquisa.
O segundo capítulo consiste numa discussão teórica sobre o processo de ocupação do
território matogrossense, que determinou o surgimento das atividades agrícolas e pecuária de
forma empresarial nos municípios de Mato Grosso, que vem influenciando a remoção da sua
cobertura vegetal através do desmatamento. Este capítulo foi construído a partir de um breve
histórico da recente ocupação de Mato Grosso, para entender a produção e apropriação do
19
espaço pelo capital e ainda a partir de conceitos de desenvolvimento sustentável focando a
economia ecológica. Utilizou-se, também, o conceito de Amazônia Legal enquanto um espaço
de “fronteira” (SAWYER, 1983; BECKER, 1997), produzido, especificamente, pelas
“frentes”(SAWYER, 1983), que tem causado grandes impactos socioambientais nos
municípios do Estado de Mato Grosso, levando-o a se localizar entre as áreas que concentram
maiores focos de desmatamento, que compõem o denominado “arco do desmatamento”.
O terceiro capítulo refere-se à espacialização das atividades do cultivo do algodão
herbáceo, cana-de-açúcar, milho, soja em grão e criação de bovinos nas mesorregiões de Mato
Grosso, em que é mostrado a representação da produção agrícola e pecuária na economia do
estado em relação à produção nacional. Além disso, mostra-se como está distribuída a
produção agrícola e pecuária nas mesorregiões do estado de mato grosso.
O quarto capítulo consiste em fazer uma breve reflexão sobre a problemática do
desmatamento neste estado, diante da globalização e da crescente demanda de grãos e carnes,
pelos mercados nacionais e internacionais.
No quinto capítulo são apresentadas as metodologias do trabalho, inicialmente é
apresentada a área de estudo composta pelos 141 municípios do estado de Mato Grosso,
agrupados em 5 mesorregiões e ainda a fonte dos dados. Foi utilizada a pesquisa quantitativa
e uma complementar qualitativa.
No Sexto, são apurados os resultados com auxilio das ferramentas estatísticas e
econométricas tais como o software Excell, Minitab e do EVIEWS V. 5.1.0 e posteriormente
é realizada a discussão dos resultados de forma quantitativa interpretando os resultados
apurados pelo coeficiente de Pearson, método multivariado de análise de Fator e a análise de
relação causal (método de cointegração) método de Johansen.
Por fim, concluí-se trabalho ressaltando a importância de se considerar as atividades
agrícolas e pecuária como sendo fator de determinação da intensa pressão sobre as áreas
florestadas dos municípios, por meio do desmatamento voltado para a produção de grãos e
carnes com fins comerciais.
20
2. MATO GROSSO E A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA
2.1. Histórico de ocupação recente do estado de Mato Grosso
Não obstante, o Estado de Mato Grosso ter uma história de ocupação complexa, pode-se
dizer que este surge no cenário brasileiro a partir do avanço da frente pioneira paulista, em
meados do século XX. Primeiro provocou a ocupação no norte do Paraná e depois extravasou
para o sul do antigo estado do Mato Grosso com a pecuária de corte e em seguida, nos anos
60, com a entrada de gaúchos e paranaenses que se dedicavam à cultura do trigo e da soja
(IPEA/KRONKA, 1997).
Segundo o ISA (2003, p.05) a evolução do processo de ocupação do território
matogrossense tem início nos anos de 1940: Essa história começou nos anos 1940, quando o presidente Getúlio Vargas criou a Marcha para Oeste. O objetivo era desbravar uma parte do Brasil, até então desconhecida e isolada do contexto nacional, e realizar obras de infra-estrutura para permitir sua ocupação por não-índios e integrar economicamente o Centro-Oeste ao Norte e Sul do país.
Ainda o ISA (2003, p.05), complementa dizendo que o processo de ocupação de Mato
Grosso se dá inicialmente pela região leste do Estado:
A partir de 1946, a FBC começou a se instalar na região leste do Mato Grosso e iniciou-se o trabalho dos irmãos Villas Boas, indigenistas, integrantes da Expedição Roncador-Xingu. A missão dos Villas Boas era contatar grupos indígenas que vivessem nos locais onde seriam implementados os núcleos de desenvolvimento e levá-los para outros lugares. Essa missão se estendeu pela década de 1950 e início dos anos 1960 e foi acompanhada por uma forte campanha para demarcar e proteger as Terras Indígenas da região. Doze anos depois, em 1964, era criado o Parque Indígena do Xingu.
No período 1950-1985, a evolução do processo de ocupação do território
matogrossense foi intensa. A partir de uma ocupação extremamente rarefeita, vigente no
início da década de 50, num período de 35 anos o número de estabelecimentos rurais cresceu
mais de 15 vezes, com apropriação privada de novos 30,8 milhões de ha (mais de quatro
vezes o estoque inicial).
Com base em dados do IBGE pode-se verificar que a taxa de ocupação do território
estadual elevou-se de 7,8%, em 1950, para 18,6%, em 1970, atingindo 42,9% da extensão
territorial no final do período (1985).
A intensificação do processo de ocupação, ocorrida pós anos 70, conforme analisado,
deveu-se em grande parte pela intervenção governamental dirigida à Amazônia e ao Centro-
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Oeste, que induziu o avanço da fronteira agrícola no Estado e nas regiões, bem como dos
processos econômicos correlatos.
No entanto, a forma e a dinâmica desse processo não podem ser atribuídas
exclusivamente aos resultados da intervenção estatal, já que no avanço da fronteira agrícola
estão envolvidos, em distintos momentos, diferentes agentes sociais sob relações sociais de
produção também diferenciadas, interagindo com diferentes formas de apropriação do espaço
e disponibilidade de recursos naturais.
Além disso, o processo de apropriação de terras pelo capital privado, sendo
sensível, com maior ou menor intensidade, aos estímulos derivados de decisões/intervenções
governamentais explícitas, é também sobre determinado pela divisão inter-regional do
trabalho do país e pelas condições vigentes no mercado mundial.
Muitos estudos realizados sobre a expansão da fronteira agrícola nas regiões Norte e
Centro-Oeste do país, revelam a complexidade das forças e interesses sociais envolvidos no
processo. Ponto comum nestes estudos é a compreensão de que a fronteira é, basicamente,
uma “área potencial”, considerada como um espaço que oferece condições à expansão de
atividades econômicas e múltiplas possibilidades de desenvolvimento.
Neste contexto SAWYER (1983), argumenta que a expansão das atividades
agropecuárias ocorre num espaço onde os mercados de fatores, de terras e de produtos
funcionam, pelo menos potencialmente.
Já, BECKER (1997), destaca o caráter original do processo de expansão da fronteira
no espaço da “Amazônia Legal” brasileira, ressaltando a dinâmica extremamente acelerada
em que se sucedem as inovações neste espaço e a urbanização que acompanha o processo de
interiorização das atividades produtivas.
Sem recorrer a simplificações demasiadas de um processo que se manifesta
extremamente complexo, com base nos diversos estudos realizados, algumas generalizações
podem ser feitas sobre a expansão dessas áreas de fronteira, em relação aos movimentos que
ocorrem a nível dos espaços incorporados.
Muitos autores, dentre eles SAWYER (op.cit.), no interior desse espaço há surtos de
atividades, denominadas frentes, que avançam ou se retraem, em resposta às mudanças de
seus elementos determinantes. Essas frentes, segundo o autor referido, podem ser englobadas
em quatro categorias:
“frente de agricultura comercial, impulsionada por mercados do núcleo
dinâmico da economia e afetadas por políticas de incentivo e pela expansão da
infra-estrutura”;
22
”frente de agricultura de subsistência ou camponesa moldada pela dinâmica
demográfica e por fatores econômicos e sociais decorrentes do estilo de
desenvolvimento prevalecente”;
”frente especulativa com atividades objetivando ganhos especulativos, tornados
possíveis, em grande parte, por políticas de ocupação de áreas novas”;
”frentes de pecuária extensiva e rudimentar”.
No âmbito do Estado de Mato Grosso e também da região Centro-Oeste, pode-se
reconhecer as frentes apontadas por SAWYER, destacando-se que, em Mato Grosso, a
diversidade de ecossistemas existentes foi também um elemento definidor das formas de
apropriação estabelecidas, na medida em que induziu a adoção de determinados sistemas de
produção, pelo lado das potencialidades ou das restrições do ambiente natural.
Sob uma base natural diversificada, a organização das frentes de expansão fez
surgir um conjunto variado de formas de apropriação do espaço agrário, tornando-se estas
também responsáveis pela transformação da paisagem natural do Estado. Essa transformação
implicou, não somente, na organização de um setor primário dinâmico, baseado numa gama
variada de produtos (extrativos vegetais, agrícolas, pecuários etc.), mas também num leque de
impactos sócio-econômicos e ambientais de natureza e intensidade diversas.
A perda de posição da atividade pecuária em pastagem nativa para a atividade de
lavoura e, ao mesmo tempo, a expansão das tecnologias modernas de produção - em especial,
pastagens cultivadas - em detrimento dos sistemas extensivos tradicionais.
A pecuária tradicional, ao longo dos anos, demonstrou ser uma atividade com elevada
capacidade de inserção no contexto das potencialidades econômicas e ecológicas do Mato
Grosso, embora sem promover o crescimento populacional e o surgimento de um mercado
interno importante.A viabilização das frentes de expansão pecuária tradicional esteve atrelada,
historicamente, à conjunção de três fatores básicos: especulação imobiliária, obtenção de
créditos facilitados e boa rentabilidade face à baixa inversão de capital, necessária à
manutenção da atividade.
Embora esses fatores cumpram ainda um papel importante na viabilização desse
modo de ocupação, ao longo da última década, a capitalização do setor tem diminuído a
capacidade de sustentação econômica da exploração pecuária tradicional. Além disso, não
dispondo mais dos recursos favorecidos de programas como os da SUDAM, a rentabilidade
da atividade tende a ser mais dependente da intensificação do uso de capital, dados os ajustes
necessários à inserção da pecuária no processo de modernização, imposto pela
internacionalização dos mercados.
23
Diante desse quadro, é provável que a pecuária extensiva continue a sustentar um
ritmo de crescimento significativo, apoiando-se nas áreas de expansão de fronteira e
incorporando áreas anteriormente ocupadas por atividades agrícolas tradicionais, mas
inviáveis do ponto de vista econômico, como se constata pelo processo de “pecuarização”
ocorrido em muitas das áreas destinadas a assentamentos de agricultores no Estado.
A expansão pecuária trazem consigo um rastro de profundas alterações no ambiente
natural. Organizadas por grandes empreendedores, essas frentes, na maior parte das vezes,
promovem extensos desmatamentos. Além disso, na medida que avança o processo de
modernização da pecuária no meio rural, as atividades extensivas tendem a perder
competitividade, o que as força a adotar processos produtivos mais intensivos e, portanto,
mais agressivos ao meio ambiente. É o caso da melhoria da capacidade de suporte das
pastagens, valendo-se da implantação de pastagens cultivadas, que substituem a riqueza da
biodiversidade dos ecossistemas florestais e dos cerrados por paisagens homogêneas, onde
dominam as pastagens do gênero Brachiária. Ressalte-se também a execução de obras para
atenuar a influência “negativa” do regime hídrico dos rios (como exemplo a construção de
diques em algumas fazendas do pantanal sul matogrossense).
A pecuária extensiva dos pantanais tem uma feição diferenciada, constituindo-se
numa atividade econômica tradicional do Estado desde o início de sua ocupação. Pouco
alterou as condições primitivas onde se instalou, ou seja, manteve em grande parte a
constituição original do meio natural e não adensou a população, via constituição de núcleos
urbanos significativos ou geração de empregos no meio rural.
Os pantanais, por possuírem pastagem nativa em abundância e estarem sujeitos a
inundações freqüentes, oferecem fortes restrições a outros tipos de ocupação, sendo
apropriados inteiramente pela pecuária extensiva. Cabe ressaltar que as pastagens naturais
apresentam, no entanto, baixa capacidade de suporte animal (cabeças/ha), sendo necessárias
grandes extensões de área para se efetivar a atividade de maneira rentável.
Assim, a viabilização desse tipo de ocupação vem se apoiando na constituição de
grandes fazendas, onde a disponibilidade do fator terra a baixo preço, é determinante, assim
como a pouca utilização de capital na condução da atividade. Entretanto, na medida em que as
condições de mercado passem a exigir da pecuária ganhos de produtividade, a estabilidade da
pecuária extensiva de pantanal tende a ser afetada.
A expansão da agricultura manifesta uma forma de apropriação do espaço mais
diversificada, diferenciando-se entre agricultura tradicional, com base na unidade familiar e
agricultura empresarial (principalmente soja/milho), que se estende até a implantação de
24
unidades agro-industriais voltadas para o processamento de matéria-prima local (basicamente
cana-de-açúcar, soja, algodão, milho e carnes).
No entanto, a diversificação das explorações é ainda pouco significativa, tendo
ocorrido, num primeiro momento, o monocultivo da soja, com destaque para o uso intensivo
de capital (pacotes tecnológicos).
Paralelamente ao desenvolvimento da sojicultura, desenvolveu-se a pecuária de
corte, conduzida por pecuaristas de médio e grande porte, com baixo uso de técnicas
modernas.
De maneira geral, a agricultura empresarial localizou-se nas áreas planas dos
cerrados, cujos solos são potencialmente de boa qualidade. A pecuária, além de estar também
neste tipo de ambiente, tende a ocupar áreas mais antigas, anteriormente exploradas pela
agricultura tradicional, ou expande-se para a região de fronteira de ocupação, em áreas onde
as condições ecológicas, e/ou o fator distância (fretes), são desfavoráveis à grande empresa de
exploração agrícola.
O desenvolvimento e a viabilização de apropriação sustentam-se, por um lado, nas
próprias transformações derivadas do processo de internacionalização e modernização da
agricultura matogrossense e por outro, na estabilização, em um certo patamar, das relações de
interdependência e complementaridade entre os diversos tipos de agentes econômicos
envolvidos.
Isso não quer dizer que o processo de ajuste e estabilização seja necessariamente
harmônico ou o mais “adequado”. Ao contrário, pressupõe relações de subordinação entre os
agentes, gerando desequilíbrios sociais, por vezes significativos, podendo-se citar o exemplo
do surgimento de “bóias frias” nas regiões produtoras de cana.
Esse modelo de ocupação, na medida em que privilegia a agropecuária de caráter
empresarial e as cadeias agro-industriais associadas aos produtos de mercado externo (soja,
cana-de-açúcar e carnes) tende a adequar-se às normas e padrões determinados pelos
mercados nacionais e internacionais, inclusive quanto à mitigação dos impactos ambientais
derivados.
Além disso, o monocultivo da soja tem se desenvolvido às expensas de grandes
áreas de um ecossistema de extrema importância, os cerrados, cuja biodiversidade desaparece
em ritmo acelerado. As regiões dos conhecidos chapadões são as que mais se deterioram.
Providas de extensas áreas planas, facilmente mecanizáveis, com solos de bom potencial
agrícola, essas áreas vêem suas paisagens ser totalmente homogeneizadas, com base em um
único cultivo agrícola. Nessas áreas, são desrespeitados alguns princípios básicos da
25
preservação ambiental, como é o caso da manutenção das matas ciliares e a manutenção da
integridade das áreas de cabeceira das drenagens (pode-se citar o exemplo da realização de
obras de drenagem das áreas de cabeceira, situadas ao longo da BR-163, entre os municípios
de Nova Mutum e Lucas do Rio Verde).
Finalmente, como conseqüências do processo de modernização e
agroindustrialização da agricultura, tem-se os riscos do surgimento de novas pragas e doenças
nas lavouras (como exemplo o nematóide do cisto da soja) e o lançamento de efluentes
contaminantes nos corpos d’água, pelos processos industriais.
A agricultura familiar, por sua vez, predomina em áreas de colonização ou
ocupação espontânea (assentamentos de trabalhadores rurais), organizando-se em torno da
produção de culturas tradicionais (arroz, feijão, milho e mandioca), da pequena pecuária, da
produção leiteira e secundariamente, de algumas poucas culturas comerciais (café, cacau,
banana e algodão). Trata-se de uma agropecuária caracterizada pelo modesto uso de insumos
e técnicas modernas, muitas vezes direcionadas praticamente à subsistência da unidade
familiar.
Desde o final da década de 1980, inúmeros projetos de assentamentos de
trabalhadores sem-terra vêm sendo localizados nas áreas de florestas e de transição, ao norte
do Estado. Além das condições de fertilidade dos solos não serem as mais adequadas, a
ausência de uma infra-estrutura viária e de apoio à produção (armazenagem, crédito, escolas
etc.), específicas para esse tipo de agricultura, somente faz aumentar os condicionantes
desfavoráveis à sua viabilização. Resultado disso é a forte tendência à descapitalização dos
pequenos produtores, tendo como conseqüência última, a sua expropriação e a pecuarização
da área e reconcentração fundiária.
O MMA (2007, p.04) diagnostica que: Do ponto de vista ambiental, os sistemas de produção utilizados, baseados na exploração diversificada de pequenas extensões de terra, praticamente sem fazer uso de técnicas de manejo do solo, além do excessivo número de produtores instalados nessas áreas (em relação à sua capacidade de suporte), provocam degradação dos solos e intensos desmatamentos, com sérias conseqüências sobre os ecossistemas locais.
E ainda o MMA (2007, p.04) conclui que: A exploração madeireira, por sua vez, acompanha as frentes de abertura de novas áreas, vinculadas a colonização/assentamentos ou a grandes empreendimentos pecuários, nas regiões florestais do extremo norte do Estado, no ambiente de transição para a Floresta Amazônica. As regiões florestais localizadas na porção sul do Estado já se encontram excessivamente exploradas, não se verificando atividade madeireira significativa. Em alguns casos, no entanto, a atividade madeireira assume o caráter principal, associada a um organizado setor agro-industrial (complexo de serrarias e unidades moveleiras).
26
O setor madeireiro confere forte dinamismo às regiões onde se instala, seja pela
agregação de grandes contingentes populacionais (cidades e empregos) ou pela movimentação
de um grande volume de recursos financeiros. No entanto, dado o próprio caráter do
extrativismo florestal, a sustentabilidade da atividade madeireira tende a ser limitada pelo
esgotamento do recurso florestal. Não se observa, pelo menos em escala significativa,
resultados satisfatórios quanto a modelos não predatórios de exploração do potencial
madeireiro do Estado.
A exploração madeireira ainda se apóia em formas tradicionais, onde se destaca o
corte puro e simples da vegetação, com aproveitamento apenas das espécies nobres e queima
das demais, ou no corte seletivo de espécies nobres dentro do maciço florestal.
Os impactos ambientais advindos da exploração madeireira são drásticos. No caso dos
cortes sistemáticos da vegetação, o que se tem é a supressão total da biodiversidade, e no caso
do corte seletivo, um grau de perturbação ambiental ainda não devidamente avaliado.
Apesar de a soja ser o vetor mais recente da degradação ambiental no estado de Mato
Grosso, o passivo ambiental da região já existia. Está associado à história de ocupação do
estado de Mato Grosso, marcada pelos projetos da Superintendência de Desenvolvimento da
Amazônia (Sudam), criada em 1966, pelos projetos de colonização do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e de empresas particulares.
O resultado foi a intensa especulação de terras, desencadeada com força na década de
1960, e o incentivo ao desenvolvimento agrícola e pecuário, sem qualquer tipo de cuidado
ambiental, o que gerou um quadro de expressiva degradação ambiental. Para se ter uma idéia,
dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram que a área desmatada no
Mato Grosso passou de 920 mil hectares em 1975 para 6 milhões de hectares, em 1983 e em
2000 para 146 milhões de hectares, já em 2007 esses números se elevaram para 201 milhões
de hectares.
2.1.1 Os militares e o surto desenvolvimentista
Logo após o golpe militar de 1964, o presidente Castelo Branco instituiu a Operação
Amazônia, estratégia que visava introduzir um modelo de desenvolvimento econômico na
região amazônica, com base em obras de infra-estrutura – como a abertura de rodovias - e em
incentivos fiscais e créditos à iniciativa privada. Entre as diretrizes estabelecidas, merece
destaque a criação da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), que
seria a partir daquele momento e até o final dos anos 1980 o principal norteador da ocupação
27
da região a leste do Xingu por grandes projetos agropecuários. Extinta em fevereiro de 2001
sob uma enxurrada de denúncias de desvio de dinheiro público, acaba de ser recriada, em
novas bases, pelo governo Lula.
No relatório do MMA (2007, p.06) pode-se perceber que os ciclos de expansão e
modernização da economia do Estado de Mato Grosso deve-se em parte ao “Programa de
Colonização Dirigida” implementado na década de 70: A política de integração nacional adotada nos anos 70, num esforço para garantir mecanismos fiscais e financeiros que o capacitassem a abrir fronteiras de acumulação, a serem ocupadas através de ajustes negociados entre empresas estatais, multinacionais e nacionais ( “Programa de Colonização Dirigida”).
Se até a década de 1950, grande parte das áreas de floresta amazônica e de cerrados no
norte do estado do Mato Grosso estava bem preservada e praticamente intacta, já nos anos
1960 a estratégia do governo federal de intensificar a ocupação na região, gerou os primeiros
desmatamentos no leste e norte do Estado.
A ocupação da região das nascentes do Rio Xingu - e do norte do Mato Grosso – não
se restringe, no entanto, aos grandes empreendimentos agropecuários. O outro eixo da
estratégia de ocupação e desenvolvimento da região foi a política de colonização, que era
dirigida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e contava com
incentivos fiscais da Sudam para projetos privados de colonização. Essas iniciativas foram
implementadas nas décadas de 1970 e 1980, destinadas ao assentamento de pequenos
produtores do sul, à produção de lavouras alimentares (arroz, milho e mandioca) e ao
desenvolvimento da pecuária bovina. Os projetos de colonização, principalmente os de caráter
privado, tornaram-se marcos importantes na formação de cidades.
2.1.2 Os latifúndios agropecuários
Apesar de todos os programas governamentais de desenvolvimento do Estado de Mato
Grosso estarem de uma forma ou de outra associados ao estímulo ao latifúndio agropecuário,
a política empreendida pela Sudam foi a principal responsável pelo avanço da fronteira
agrícola e das grandes propriedades rurais nos municípios mato-grossenses.
O FBOMS (2005, p.05) relata que uma das conseqüências do avanço da fronteira
agrícola é o latifúndio: Uma das conseqüências do processo de expansão da fronteira agrícola na região Centro-Oeste e Norte é a concentração fundiária, de renda e dos sistemas produtivos - grandes fazendas de gado e monoculturas mecanizadas (caso da soja) - com a subordinação dos padrões culturais e produtivos das comunidades locais e regionais, ao padrão conduzido pelos novos atores sociais, de modo geral imigrantes de outras
28
regiões, com acesso a capital e tecnologia. Este processo tem levado ao aumento do deslocamento de pequenos colonos, em razão de conflitos sociais ou da compra de lotes, resultando em novas fronteiras locais e acrescido desmatamento.
Os Programas de ocupação funcionavam basicamente por meio de financiamentos
concedidos pelo governo para empresas que estavam dispostas a ocupar e produzir na região
leste e norte do Mato Grosso, tendo como enfoque principal a criação de gado. Para se ter
uma idéia, a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável, uma ONG formada
por empresas privadas, que presta serviços ao Funbio e à ONU, revela que até 1985 foram
aprovados pela Sudam 950 projetos em toda a Amazônia. Desses, 631 eram de pecuária.
Além disso, 44% dos créditos da Sudam eram destinados a essa atividade, somando US$ 700
milhões até 1985.
Outra questão é o tamanho médio das fazendas beneficiadas pela Sudam que era de
24.000 hectares. No total, o governo financiou a compra de 8,4 milhões de hectares de terras
em toda a Amazônia. A região leste do Mato Grosso, que compreende as bacias dos rios do
Xingu e do Araguaia foi a que recebeu os maiores incentivos concedidos.
2.1.3 A divisão do Mato Grosso
De acordo com a FAMATO -Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso, a
grande importância da Sudam como financiadora do desenvolvimento agropecuário no Estado
se tornaria ainda maior a partir do ano de 1977, quando se iniciou a formação do pólo
produtor de commodities agrícolas, no norte mato-grossense. Nessa ocasião aconteceu a
divisão territorial e administrativa do antigo estado do Mato Grosso, dando origem ao estado
de Mato Grosso do Sul. Diante da necessidade de ocupação das regiões do Médio-Norte e do
Norte Mato-grossense estimula uma presença maior daquele órgão federal, bem como de
outros programas federais, como o PoloAmazônia, o PoloCentro, o PoloNoroeste, o Programa
de Integração Nacional (PIN), além da Sudam e da Supreintendência de Desenvolvimento do
Centro-Oeste (Sudeco). O Governo Federal viabilizou ainda a construção da rodovia BR-163,
fator decisivo para a formação de cidades como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e
Sinop, localizadas no médio norte de Mato Grosso.
2.1.4 Os primeiros projetos de colonização
29
Segundo Suzuki(2002), o gaúcho Carlos Mazurek foi um dos pioneiros na ocupação
do leste e norte matogrossense pelos projetos de colonização. Os primeiros colonizadores
chegaram em Canarana, uma agrovila em 1976, para garantir o “futuro digno” que não
poderia dar a seus filhos no Rio Grande do Sul, devido à pouca quantidade e ao alto preço da
terra, à falta de crédito e à expansão dos grandes latifúndios sobre as pequenas propriedades.
Ainda segundo Suzuki (2002), os pioneiros relatam que no início da vida no Mato Grosso foi
bem mais difícil do que imaginavam.
A infra-estrutura na região permaneceu extremamente precária de 1972, quando foi
inaugurada a primeira agrovila do Projeto Canarana, até o início dos anos 1980, quando o
governo do Mato Grosso asfaltou quase toda a estrada ligando Canarana a Barra do Garças.
Essa situação se repetia em projetos de colonização da região, conforme revela o
Suzuki(2002) em seu artigo Mato Grosso: na frente de ocupação, a determinação histórica do
espaço. Segundo ele, de 1974 a 1980, duas mil famílias gaúchas foram para a região de Água
Boa (MT). Destas, apenas 35% tiveram sucesso e permaneceram ali - o que é considerada
uma boa média, acima dos 20% a 25% previstos para esse tipo de empreendimento. A
organização dos trabalhadores rurais e pequenos proprietários do Rio Grande do Sul em torno
das cooperativas era um padrão de colonização na região. O grande atrativo eram os lotes de
400 hectares que recebiam. No Rio Grande do Sul o tamanho médio da pequena propriedade
era de 2,5 hectares. É o que a Federação da Agricultura do Mato Grosso classifica de
“migração por reserva de valor”, ou seja, com o dinheiro obtido com a venda das terras no sul,
os agricultores podiam comprar extensões até 100 vezes maiores no centro-oeste.
2.1.5 Propriedades de diferentes tamanhos
Tendo em vista ao modelo de ocupação adotado no estado de Mato Grosso, verifica-se
uma discrepância entre o tamanho das propriedades da região e o de domínios rurais
existentes no Sul e Sudeste do país. Conforme estabelece a lei 8629/93, também chamada de
Lei Agrária ou Noonon, a classificação de uma propriedade é feita de acordo com a
quantidade de módulos fiscais de que dispõe, cujo tamanho mínimo varia em cada região do
país. No norte do Mato Grosso, um módulo fiscal pode ser de até 90 hectares. De um até
quatro módulos, a propriedade é pequena; superior a quatro módulos até quinze módulos, é
classificada como média propriedade. A diferença é que um módulo fiscal no Sul e Sudeste
gira em torno de 20 hectares. Ou seja, enquanto uma propriedade média em São Paulo ou no
30
Rio Grande do Sul não passa de 300 hectares, a propriedade pequena no Mato Grosso chega a
quase 400 hectares.
No nordeste Matogrossense, os projetos privados de colonização administrado pela
Coopercol foram implementados inicialmente pelo projeto Canarana, e quase
simultaneamente a Coopercol comprou mais cerca de 122 mil hectares de terras para a
implementação dos projetos Água Boa I e II, Canarana II e III, Garapu, Vale Serra Azul e
Areões. O sucesso obtido pelos colonos pioneiros não se repetiu com os que vieram depois,
relata Suzuki(2002). É que não houve o apoio necessário por parte da colonizadora, que jogou
para os novos colonos os custos da infra-estrutura básica dos projetos. Além disso, não se
repetiu o incentivo expressivo do governo federal. Empobrecidos e com dívidas dos
empréstimos, a maioria dos colonos desistiu do projeto, voltando para suas terras de origem
ou tornando-se assalariados nas cidades e áreas próximas.
Esses modelos de projeto estavam associados à colonização oficial. Contudo, logo
após a implementação de Canarana, o governo fez concessões em grandes extensões de terra,
na forma de glebas, para projetos de empresas privadas de colonização, que vendiam lotes de
vários tamanhos. Isso acabou estimulando a concentração de terras, já que, muitas vezes, os
pequenos produtores não conseguiam alavancar sua produção e acabavam vendendo seus
lotes para os grandes proprietários. De acordo com o ISA(2003, p.07), um dos fatores que
levaram alguns projetos de colonização a não darem certo, foi a questão do tamanho da
propriedade rural. Este fator fica bem mais evidente no artigo “O Xingu na mira da Soja”,
veja o relato: No final da década de 1970, os projetos de colonização, muitos deles mal sucedidos, já começavam a ser pressionados pelos grandes empreendimentos agropecuários da região, que buscavam comprar novas áreas para a sua expansão, contando ainda com os financiamentos concedidos pela Sudam. Segundo Carlos Mazurek, um dos pioneiros na região, os pequenos e médios produtores só conseguiram adquirir terras até 1977, pelo projeto governamental Pro-Terra. Depois disso, qualquer novo imigrante acabava se dedicando ao comércio, pela impossibilidade de comprar terras frente à expansão dos latifúndios. Mazurek afirma que até o financiamento na década de 1980 foi dificultado para os produtores menores, uma vez que os recursos eram direcionados
Neste diapasão, vem todos os demais projetos de colonização implementado no norte
do estado Mato Grosso.
31
2.2. Desenvolvimento sustentável segundo a economia ecológica
Partindo do princípio que desenvolvimento seja o processo inicialmente concomitante
à fase de crescimento (em um organismo, uma instituição, ...), que mesmo após haver cessado
de crescer, caracteriza-se por: (a) ter capacidade permanente de articulações seletivas por
meio de adaptações e adequações em relação aos meios (interno e externo) que lhe são
pertinentes, (b) apresentar capacidade gradativa de sustentabilidade e ser capaz de favorecer
o desenvolvimento do contexto em que está inserido, por meio de dinâmicas sinérgicas.
Verifica-se que até o final dos anos 70, a questão ambiental no processo de crescimento
econômico foi negligenciada tanto pelos formuladores da política econômica quanto pela
academia. O grande desafio de conciliar crescimento econômico com sustentabilidade
ambiental é a proposição do conceito de desenvolvimento sustentável, no entanto suas
definições e interpretações sejam várias e desprovidas de consenso.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi lançado em 1987 pela World
Commission on Environment and Development no Relatório Brundtland. Entretanto: O
conceito de desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que surgiu com o nome de
ecodesenvolvimento no início da década de 1970, como cita Romeiro (2003). Esse conceito
sugere a busca de um crescimento econômico eficiente e racional, que respeita as pessoas e os
limites do meio ambiente. De acordo com Silva (2008, p.125) ecodesenvolvimento é definido
como um: processo criativo de transformação do meio com a ajuda de técnicas ecologicamente prudentes, concebidas em função das potencialidades desse meio, impedindo o desperdício inconsiderado dos recursos, e cuidando para que estes sejam empregados na satisfação das necessidades de todos os membros da sociedade, dada a diversidade dos meios naturais e dos contextos culturais.
Neste sentido, pode-se afirmar que as estratégias serão múltiplas e só poderão ser
concebidas a partir de um espaço endógeno das populações consideradas. Mas, percebe-se
que ele somente é alcançado por uma sociedade, mediante o planejamento de longo prazo e a
conseqüente implementação de ações econômicas, políticas e sociais que garantam o
atendimento das demandas das gerações presentes sem comprometer as das gerações futuras.
Em outras palavras, para Silva(2008, p.132) o desenvolvimento sustentável: É o processo político, participativo que integra a sustentabilidade econômica, ambiental, espacial, social e cultural, sejam elas coletivas ou individuais, tendo em vista o alcance e a manutenção da qualidade de vida, seja nos momentos de disponibilização de recursos, seja nos períodos de escassez, tendo como perspectivas a cooperação e a solidariedade entre os povos e as gerações.
32
Portanto, o desenvolvimento sustentável exige uma equação que não permite a
concentração ou o mau uso dos recursos naturais e humanos, uma vez que estes são
imprescindíveis na busca de resultados eficientes e eficazes do crescimento econômico.
2.2.1 Sustentabilidade Forte vs. Fraca
Do ponto de vista conceitual a produção visando o desenvolvimento sustentável é
caracterizada pelas correntes da economia do meio ambiente e economia ecológica. Na
abordagem da economia do meio ambiente, que tem raízes na economia neoclássica, o
conceito de desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade fraca, uma vez
que os recursos naturais não representam um limite absoluto à expansão econômica, no longo
prazo. À luz dessa visão, o consumo do capital natural pode ser irreversível e por isso não se
pode basear em preços vigentes devido aos inúmeros impactos que o meio ambiente sofre.
Uma saída para este impasse é a adoção principalmente de instrumentos de mercado através
da eliminação do caráter público dos bens naturais e da definição do direito de propriedades
sobre eles (Coase), da valoração ambiental da degradação ou poluição dos recursos naturais -e
conseqüentemente a implementação da cobrança de taxas pela degradação praticada (Pigou)-,
e a minimização dos custos totais dos agentes econômicos, incluindo os custos de controle de
poluição e a quantia a ser gasta com o pagamento de taxas por poluir (“poluição ótima”)
(MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003).
Neste contexto Romeiro(2003, p.01) diz que: “O que seria uma economia da
sustentabilidade é visto como um problema, em última instância, de alocação intertemporal
de recursos entre consumo e investimento por agentes econômicos racionais, cujas
motivações são fundamentalmente maximizadoras de utilidade”. Por oportuno, a
racionalidade dos agentes econômicos neoclássicos se fundamenta na presença de informação
plena, por supor a existência de mercados que naturalmente se equilibram e, naturalmente, por
explicar a conduta humana a partir das ações de indivíduo maximizador de satisfação, entre
outras.
Por outro lado, segundo a abordagem da economia ecológica, o conceito de
desenvolvimento sustentável é conhecido como sustentabilidade forte, ou seja, o crescimento
é limitado pela escassez dos recursos naturais, pois a economia internaliza os custos
ambientais, e o processo científico e tecnológico é visto como fundamental para aumentar a
eficiência na utilização dos recursos naturais, não podendo ser superado apenas por meio de
33
progresso tecnológico. Esta corrente faz uso do conceito termodinâmico de entropia. Mais
especificamente, conforme Ferreira (2004, p. 36): 1. Função termodinâmica do estado, associada à organização espacial e energética das partículas de um sistema, e cuja variação, numa transformação desse sistema, é medida pela integral do quociente da quantidade infinitesimal do calor trocado reversivelmente entre o sistema e o exterior pela temperatura absoluta do sistema. 2. Medida da quantidade de desordem dum sistema.
O trabalho de Nicholas Georgescu Roegen, por oportuno, foi o pioneiro na aplicação
desse conceito na análise econômica (MAY, LUSTOSA & VINHA, 2003).
Daly(1991) ressalta que, para a abordagem da economia ecológica, o
desenvolvimento sustentável se realiza desde que, a escala da economia esteja dentro da
capacidade de suporte dos ecossistemas. Diz ainda que, para os economistas ecológicos a
economia do homem passou da fase em que o fator limitante para o crescimento econômico
era o capital produzido pelo ser humano, para uma em que o fator limitante é o capital natural
remanescente.
Para Romeiro, Keydon & Leonardi (2001), referir-se ao desenvolvimento sustentável
significa abandonar os supostos discutíveis do crescimento sem limites, tão caro à tradição de
pensar dos economistas (e daqueles que os consultam). Portanto, qualificar o
desenvolvimento sustentável significa reduzir os graus de liberdade do processo econômico,
sujeitando-o a condicionamentos ecológicos, procurando simultaneamente torná-lo mais
eqüitativo e socialmente justo.
2.2.2 Economia Ecológica vs Economia do Meio Ambiente
Contrastando a economia ecológica e a economia do meio ambiente, Muller (2007)
ressalta que, para a economia do meio ambiente a sustentabilidade envolve algum grau de
conservação do capital natural, pois este tem fim e, de muitas formas é frágil. Já os
ecologistas vêm argumentando que a preservação das condições de bem-estar das gerações
futuras pode depender, de forma crucial, de tal conservação, visto que um uso inadequado do
capital natural pode anular a possibilidade de que seja sustentável o desenvolvimento de uma
sociedade. Sob esse entendimento, o desenvolvimento sustentável se pauta pela
sustentabilidade forte.
Nesse sentido, para Muller (2007), segundo abordagem do documento “Estratégia
Mundial para a Conservação” (EMC), o desenvolvimento sustentável é basicamente
conservacionista, uma vez que sua preocupação volta-se principalmente para os impactos
antrópicos sobre todos os seres vivos. Em particular, o foco do EMC é basicamente o
34
ecossistema global, embora ressalte que está no funcionamento do sistema econômico a
origem dos principais problemas que atualmente afetam o ecossistema global. Por outro lado,
o enfoque do Our Common Future, não está voltado à preservação da natureza, mas sim ao
funcionamento do sistema econômico. A economia é vista como dependendo
fundamentalmente dos recursos naturais fornecidos pelo ecossistema global, bem como da
capacidade deste de suportar a agressão promovida pela humanidade e de assimilar os
resíduos e a poluição, resultantes dos processos de produção e de consumo.
Portanto, a partir da discussão da necessidade de implementação do desenvolvimento
sustentável enquanto política pública em Mato Grosso, analisar atividades produtivas como
parte do modelo de desenvolvimento para o Estado se reveste de elevada importância, visto
que, os aspectos sociais e ambientais também se constituem em importantes elementos a
serem incorporados na dinâmica econômica. Para que isso se concretize, por lógico, é preciso
que a produção esteja alicerçada nos preceitos do desenvolvimento sustentável.
Segundo esse entendimento, o fluxo de recursos naturais de baixa entropia (inputs),
experimenta transformações na produção, bem como no consumo, voltando à natureza sob a
forma de resíduos (outputs) para a acumulação ou para ingresso em ciclos biogeoquímicos
através da energia solar, e finalmente, retorna a fazer parte de estruturas de baixa entropia,
podendo, dessa forma, novamente ser úteis à economia. Trata-se, portanto, de um conceito
meramente físico, onde se constata o reconhecimento explícito do papel da entropia, visto que
os materiais utilizados não podem ser totalmente reciclados e, além disso, nesse processo e à
luz dessa compreensão, a energia não é reciclada (DALY, 1991).
Sob esse prisma, é importante a discussão levantada pelos economistas ecológicos
sobre o tamanho do subsistema econômico em relação ao ecossistema total, uma vez que há
indícios que a atual escala é insustentável. A razão disso é que a economia é um subsistema
aberto inserido em um sistema total finito e fechado, contradizendo o relatório Brundtland,
assinalando que para o alcance do tal almejado desenvolvimento sustentável se necessitaria do
crescimento da economia mundial da ordem de cinco a dez vezes. Em síntese, pode-se
constatar que o tamanho da economia em relação ao ecossistema total é outro fator a ser
considerado na busca do crescimento com sustentabilidade. Dessa forma, tudo está baseado
numa escala ótima, mas definir qual seria esta escala ótima é a grande questão (DALY, 1991).
Existem atualmente duas definições sobre a escala ótima: uma é puramente
antropocêntrica, que entende que deve haver crescimento até o ponto em que os benefícios
marginais (humanos) se igualem aos custos marginais, enquanto a outra é biocêntrica: o
tamanho ótimo do nicho humano seria menor que o ótimo do ponto de vista antropocêntrico.
35
Ambas, contudo, concordam que esse “ótimo” busca a sustentabilidade, ou seja, buscam
escalas de produção que respeitem os limites do ecossistema. Destarte, para se atingir a
sustentabilidade é necessária uma “redução da escala da economia humana que não tem
precedentes nos tempos modernos”, conforme menciona Daly (1991).
A economia ecológica ressalta que há três políticas para se alcançar os seguintes
objetivos, segundo Daly (1991): alocação ótima (enquanto instrumento dos preços relativos -
objetivo de eficiência), a distribuição ótima (enquanto instrumentos de distribuição da renda e
da riqueza atuam - objetivo da eqüidade), e a escala ótima (enquanto instrumento, atualmente
inexistente, de controle do uso de throughputs, isto é, um instrumento de limitação de
população e/ou limitação do uso per capta de recursos naturais - objetivo de sustentabilidade).
De acordo com os preceitos da Economia Neoclássica, na visão do “Ótimo de Pareto”
a população pode dobrar ou diminuir pela metade, ainda assim o mercado continuará
alocando otimamente os recursos entre os seus usos alternativos, no entanto, não há quem
argumente que em função do problema da eficiência os custos da injustiça deveriam ser
internalizados nos preços. Ainda neste tocante, pode-se perceber que juntamente com outras
razões, os preços certos e ajustados estão levando, por exemplo, ao desaparecimento da
biodiversidade, dada a presente escala da economia, excessivamente grande e ainda crescente.
Para os economistas ecológicos, conforme abordado, essa dimensão do subsistema em
relação ao ecossistema total está na escala ótima, e a atividade humana em nível
suficientemente baixo, de forma a não destruir o funcionamento automático dos sistemas que
sustentam a vida, evitando forçá-los a ingressar no domínio da administração humana. Ainda
que a “mão invisível” dos ecossistemas é auto-regulável, não acontece o mesmo com a mão
invisível do mercado, uma vez que se realize a alocação, não se tem condição de determinar
nem a escala, nem a distribuição ótima. Cabe à economia limitar a macroeconomia em escala
tal que a “mão invisível” possa funcionar ao máximo em ambos os domínios.
Para Daly (1991), a definição de sustentabilidade em termos biofísicos e tratá-los
então, utilizando modelos neoclássicos, como uma restrição à maximização da utilidade,
evidencia ser mais simples e concreto. No entanto, percebe-se que o grau de limitação dos
ecossistemas dependerá do grau de substitutibilidade na produção entre capital produzido pelo
homem e recursos naturais. A visão neoclássica acredita em uma substitutibilidade quase
perfeita entre capital e recursos, enquanto a visão ecológica acredita que estes são
basicamente complementares, com uma possibilidade muito restrita de substituição marginal.
Neste sentido, a economia ecológica considera a restrição ao uso de recursos naturais
como condição à manutenção da sustentabilidade como muito comprometedora, uma vez que
36
capitais e recursos naturais são fatores complementares e, desta forma, a falta de um (recursos
naturais) limita radicalmente a produtividade do outro. Ao contrário, se os fatores podem ser
substituídos mutuamente sem problemas, então a falta de um não diminui a produtividade do
outro. Assim, no caso de substitutibilidade perfeita, não existe qualquer possibilidade de que
algum dos fatores seja limitante. Já no caso de complementaridade, o fator em menor
suprimento torna-se limitante, neste caso, o capital natural.
Os ecologistas entendem ainda que, o capital natural é o estoque que permite o fluxo
de recursos naturais: de que serve as produções agropecuárias sem o cerrado, a floresta
amazônica, a qualidade do solo? Parece evidenciado que se entra em uma nova era na qual o
capital natural remanescente é o fator limitante do crescimento.
Diante disso: “A lógica econômica nos orienta no sentido de maximizar a
produtividade e aumentar o suprimento do fator limitante. Uma das maneiras de maximizar a
produtividade do capital é adotar tecnologias que utilizem intensamente os recursos naturais,
sacrificando, assim, a produtividade desses recursos”, conforme observa Daly (1991, p.25),
sendo os recursos naturais, o novo fator limitante.
Baseando-se em Daly (1991), pode-se dizer que o desenvolvimento sustentável
contempla uma lógica econômica (mercados, regulações e competitividade), uma lógica de
equidade (moral, justiça e solidariedade) e uma lógica de sustentabilidade (ecossistemas,
biosfera). Lógicas essas que na prática requerem negociações de ordem política, ou seja,
acordos sobre como se pode viver juntos nessa diversidade de interesses, visões do presente e
aspirações em relação ao futuro.
3 – O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO
A partir dos anos 50 o agronegócio brasileiro e em especial o matogrossense passou
por diversas transformações orientadas pela modernização do campo. Neste viés Oliveira
(2003) afirma que a industrialização deu-se no campo, formando uma unidade contraditória
com a indústria, isso posto devido a transformação do capitalista em também latifundiário. A
expansão da fronteira agrícola em direção ao oeste do território nacional, trouxe para Mato
Grosso agricultores oriundos principalmente do Sul do Brasil.
O agronegócio matogrossense, nas ultimas décadas tem se destacado na produção de
algodão, soja, milho, cana de açúcar e na produção de Carne bovina, contribuindo desta forma
para as exportações brasileiras.
É bom frisar que a produção matogrossense assim como a nacional não cresceu apenas
como resultado da expansão da área cultivada. Houve também um grande aumento na
produtividade brasileira, devido a uma rápida e eficiente difusão de tecnologia, incluindo
sementes, agroquímicos, fertilizantes e outros insumos para cultivo.
Neste diapasão vale ressaltar que enquanto o aumento de produtividade alivia a
pressão sobre a terra, produz também efeitos negativos sobre o emprego de mão-de-obra rural.
Além disto, más práticas de preparação das plantações causam erosão e degradam a qualidade
do solo. Agrotóxicos comumente usados para controlar pragas, doenças e ervas invasoras
podem causar impactos ao meio ambiente, contaminando o solo e a água, bem como para a
saúde humana, se os métodos preventivos não forem cuidadosamente utilizados.
3.1 – Produção de Algodão herbáceo
A produção de algodão herbáceo no Brasil concentrava-se nas regiões Sul, Sudeste e
Nordeste até o início da década de 90. Em meados da década de 90, há um significativo
desenvolvimento da cultura do algodão herbáceo de forma empresarial no cerrado.
Portanto, a produção de Algodão surge como alternativa para rotação com a soja,
sendo assim, os produtores do Centro-Oeste detentores de grandes áreas de plantações de soja,
viram no algodão uma grande oportunidade de negócios. A segunda metade da década de 90
significou um marco na migração da cultura do algodoeiro, das áreas tradicionalmente
produtoras, tais como o nordeste, para o cerrado brasileiro. Segundo o IBGE(2008) a Região
Centro-Oeste responde por 84% da produção brasileira de algodão, tendo o estado de Mato
38
Grosso como maior produtor brasileiro.
O sucesso da cultura do algodoeiro no cerrado matogrossense tem sido impulsionado
pelas condições de clima favorável, terras planas, que permitem mecanização total da lavoura,
programas de incentivo à cultura implementada pelos estados da região e, sobretudo, o uso
intensivo de tecnologias modernas. Este último aspecto tem feito com que o cerrado brasileiro
detenha as mais altas taxas de produtividades na cultura do algodoeiro no Brasil e no mundo,
em áreas não irrigadas.
A Embrapa tem sido uma importante parceira na aventura do algodão no cerrado
através da geração e transferência de tecnologias. A cada ano, vêm sendo lançadas pelo
menos dois novos tipos de sementes e sendo desenvolvidos novos sistemas de produção e de
manejo integrado de pragas e doenças, visando atender a uma demanda crescente por novas
tecnologias.
O presente sistema de produção de algodoeiro no cerrado que a Embrapa está
disponibilizando, resulta da necessidade dos clientes, de acesso imediato a informações
precisas sobre temas que envolvem toda a cadeia produtiva do algodoeiro no cerrado.
Constitui-se em uma contribuição a mais e espera-se que seja de grande utilidade para o
desenvolvimento da cultura do algodoeiro nesta região e de grande importância para o
agronegócio brasileiro.
A plantação de algodão herbáceo no estado de Mato Grosso está concentrada nas
Mesorregiões Norte e Sudeste, com mais de 90% da área plantada do Estado, o que representa
em mais de 520.000 hectares em 2007.
Tabela 1 - Evolução da área de Produção de Algodão em caroço (2001-2007), em Hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 % Brasil 875.107 100,0 712.556 100 1.258.308 100 1.125.256 100 Mato Grosso 412.315 47,1 290.531 40,8 482.391 38,3 560.838 49,8 Mesorregião Norte 178.953 43,4 93.085 32,0 206.477 42,8 269.686 48,1 Nordeste 30.262 7,3 30.720 10,6 28.757 6,0 32.323 5,8 Sudoeste 3.480 0,8 51 0,0 1.566 0,3 2.568 0,5 Centro-Sul 3.918 1,0 3.250 1,1 3.620 0,8 4.200 0,7 Sudeste 195.702 47,5 163.425 56,3 241.971 50,2 252.061 44,9
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados do IBGE (2008)
39
Gráfico 1 - Distribuição da Produção de Algodão Herbáceo por Mesorregião em Mato Grosso
Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE(2008)
Dessa forma, é possível verificar que a participação na plantação de Algodão
Herbáceo do estado de Mato Grosso em relação ao Brasil, tem aumentado em quase 3% no
período de 2001/2007. No entanto, fica evidenciada uma significativa oscilação na área de
cultivo do algodão, chegando a quase 10% de um período pra outro, sugerindo que a cultura,
ainda continua sendo usada, como alternativa para rotação com a soja.
Gráfico 2 - Evolução da área de Produção de Algodão Herbáceo em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Mato Grosso ocupa, atualmente, a primeira posição em área cultivada, produção e
produtividade de Algodão em caroço no Brasil. O estado contribuiu com 49,8% da produção
nacional em 2007, sendo que de 93% desta produção esta concentrada nas Microrregiões
Norte e Sudeste.
40
Mato Grosso é uma das mais importantes áreas de expansão da cultura do algodão
herbáceo no Brasil. Ao comparar a área de produção e produtividade pode-se observar que a
área de produção de algodão em MT passa de 412.315 hectares e uma produção de 1.252.376
toneladas em 2001, passou a cultivar 560.838 hectares, com uma produção de 2.204.457
toneladas em 2007. Conforme dados do IBGE (2008) a produtividade cresceu 29,4% no
período, passando de 3.037 kg/ha em 2001 para 3.930 kg/ha na safra 2007, enquanto que a
evolução da área plantada cresceu no patamar de 36,02% no período de 2001 a 2007.
3.2 – Produção de Cana de Açúcar
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) é a principal cultura utilizada no Brasil
para a produção de álcool e açúcar sendo que 50% da área localizada no estado de São Paulo
(AGRIANUAL, 2001).
Mato Grosso que em 2007 detém aproximadamente 2,73% da produção nacional de
cana de açúcar, vem crescendo no cenário Brasileiro no cultivo da cana-de-açúcar. Esse
cultivo por ser relativamente fácil de ser implantado e manejado, com baixo custo, podendo
atingir rendimentos de massa verde superiores a 120 t/ha. ano (União dos produtores de
bioenergia (udop), 2008), tem atraído o interesse de muitos produtores no estado. Na região
sudoeste de Mato Grosso, municípios como Lambari D’Oeste, Mirassol D’Oeste, Barra dos
Bugres, Denise e Tangara da Serra que possuem usinas sucroalcoleiras, representam em torno
de 58% da área plantada no estado e ainda em crescimento (Cooperb, 2008).
Para o cultivo da cana-de-açúcar é necessária a realização de inúmeras operações de
preparo de solo, como a utilização de arados, grades pesadas e subsoladores além de um
grande tráfego de tratores e implementos que causam a degradação da estrutura do solo para a
efetuação do plantio (CEDDIA et al., 1999).
Esse preparo intensificado do solo para o cultivo da cana, segundo Cerri et al. (1991)
causa modificação na estrutura do solo, afetando a aeração, a retenção de água e
consequentemente a disponibilidade de água para as plantas, causando um declínio na
produtividade da lavoura e a busca por novas áreas de terras.
Este declínio na produção foi constatado por DIAS (2001) quando testou alguns
métodos de preparo de solo e percebeu que a diminuição das técnicas de preparo resultou no
aumento da produtividade.
Para GOES (2005) saber e quantificar as propriedades do solo auxilia na formação de
bases sustentáveis para a produtividade, já que, conhecer essas propriedades é essencial para a
tomada de decisões para o preparo e manejo adequado do solo.
41
Tabela 2 - Evolução da área plantada de Cana de Açúcar (2001-2007), em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %
Brasil 4.957.897 100,0 5.371.020 100,0 5.805.518 100,0 7.080.920 100,0
Mato Grosso 166.510 3,4 196.684 3,7 205.961 3,5 219.217 3,1
Mesorregião
Norte 31.105 18,7 35.538 18,1 42.049 20,4 51.509 23,5
Nordeste 5.630 3,4 5.062 2,6 5.584 2,7 6.900 3,1
Sudoeste 96.955 58,2 115.086 58,5 113.673 55,2 126.175 57,6
Centro-Sul 11.773 7,1 13.924 7,1 15.118 7,3 7.239 3,3
Sudeste 21.047 12,6 27.074 13,8 29.537 14,3 27.394 12,5 Fonte: elaborado pelo autor com base em dados do IBGE (2008)
Devido à abundância de terras cultiváveis, Mato Grosso entra no cenário nacional na
produção de Álcool Hidratado e Anidro além do Açúcar, produtos derivados da cana de
açúcar. O estado contribuiu com 2,73% da produção nacional em 2007, sendo que 81% desta
produção esta concentrada nas Microrregiões Sudoeste e Norte, vale ressaltar que a
mesorregião sudoeste mantém uma participação de 58% da área plantada no estado, enquanto
que a região Norte expandiu sua participação na área de cultivo de cana-de-açúcar em 4%.
Gráfico 3 - Distribuição da área de Produção de Cana de Açúcar por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Ao analisar o comportamento do cultivo da cana-de-açúcar no estado de Mato Grosso em
relação ao cultivo nacional, pode-se verificar que a participação do estado no período de 2001 a
2007 ficou entre 3% e 4%, demonstrando uma evolução muito parecida com a produção Nacional.
42
Gráfico 4 - Evolução da área de Produção de Cana de Açúcar em Mato Grosso comparativo com a área de produção do
Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Mato Grosso tem de expandido no cultivo da cana de açúcar nos últimos anos. De
166.510 hectares em 2001, passou a cultivar 219.217 hectares em 2007, tendo desta forma a
evolução da área plantada em 31,65% no período de 2001 a 2007, observou-se que a produção
maior encontra-se na região sudeste com mais do 50% da produção total em Mato Grosso.
3.3 – Produção de Milho (1ª e 2ª Safra)
A evolução da produção de milho em Mato Grosso, também corrobora a hipótese da
rentabilidade do milho em partes da Região de fronteira Agrícola. Como mostram os dados da
Tabela 3, o crescimento da Produção do milho em Mato Grosso, concentra-se nas
Microrregiões: Parecis, Alto Teles Pires, Primavera e Rondonópolis, que respondem pela
maior parte do crescimento do cultivo do milho neste estado ou seja 76,95%, provocando o
avanço da fronteira agrícola. Vale ressaltar que em 2007 a 1ª Safra do milho ocupou uma área
de 674.772 hectares, enquanto que a 2ª safra ou safrinha reutilizou a área de 975.699 hectares
utilizada no cultivo da soja e mesmo da 1ª safra do milho de verão, portanto o plantio da
safrinha não deve ser entendido como expansão de área cultiváveis no estado.
Além do estado participar 12% do cultivo de milho nacional, pode-se verificar que
ainda há uma tendência de crescimento, de acordo com os dados apresentados nos últimos
anos. As taxas médias de crescimento do cultivo do milho no estado de Mato Grosso entre
2001 e 2007 foi de 207,34%, enquanto foi de apenas 11,61% no plano nacional. Como
demonstrado na Tabela 3 a seguir:
43
Tabela 3 - Evolução da área de Produção de Milho (2001-2007), em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %
Brasil 12.335.175 100,0 12.965.678 100,0 11.549.425 100,0 13.767.431 100,0 Mato Grosso 536.420 4,3 880.623 6,8 1.043.815 9,0 1.648.671 12,0
Mesorregião
Norte 314.423 58,6 613.390 69,7 762.638 73,1 1.217.718 73,9
Nordeste 44.030 8,2 52.703 6,0 41.647 4,0 56.633 3,4
Sudoeste 30.960 5,8 34.098 3,9 31.497 3,0 40.145 2,4
Centro-Sul 18.689 3,5 23.482 2,7 32.883 3,2 28.309 1,7
Sudeste 128.318 23,9 156950 17,8 175150 16,8 305866 18,6 Fonte: IBGE (2008)
Gráfico 5 - Distribuição da área da Produção de Milho por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Gráfico 6 - Evolução da área da Produção de Milho em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
44
A produção de milho na região Norte, teve um significativo crescimento no período de
2001/2007, chegando a 73,9% da produção total deste estado em 2007, contra os 58,6% que a
região tinha em 2001, enquanto que a mesorregião Sudeste teve um recuo de 5,3% na
participação da produção matogrossense deste cultivo no mesmo período (ver tabela 3). Este
crescimento de produção se dá pela reutilização das áreas de cultivo da soja e não pela
expansão de novas áreas cultivadas.
3.4 – Produção de Soja em Grão
A soja aparece com importância no cenário mundial a partir do século XIX na China.
No Brasil, o cultivo da soja se expandiu a partir da década de 1950, como sendo a alternativa
de verão mais interessante para suceder ao trigo plantado no inverno. Na década de 1970,
consolidou-se como a principal cultura agrícola do país. Àquela época, mais de 80% da
produção nacional se concentrava na Região Sul, onde a planta encontrou condições
climáticas e de solo similares às de sua região de origem (sudeste dos Estados Unidos).
Portanto a transformação das lavouras de subsistência e de culturas diversificadas,
junto a uma grande maioria de pequenos e médios produtores do Noroeste gaúcho, em
culturas modernas de trigo, com forte uso de máquinas, implementos agrícolas, insumos
químicos em geral, levou a um determinado desenvolvimento do agronegócios que, para se
viabilizar efetivamente, necessitava de uma alternativa no verão. A cultura da soja veio
exatamente preencher esta lacuna já nos anos de 1960 no Brasil.
Segundo Pasin (2004 p.197) foi na década de 1980 que a soja chegou ao Centro-Oeste,
e foi primeira plantada em terras do estado de Mato Grosso do Sul. Com a obtenção de
variações mais adaptadas ao cerrado, avançou na direção norte, expandindo sua área cultivada
na velocidade permitida pela competitividade do produto, limitada pela distância dos centros
consumidores. A Soja por tratar-se de uma commodity, o preço no mercado de destino é o
fator determinante da viabilidade da plantação, e os grandes diferenciais nessa questão são a
produtividade do cultivo, as quais foram o solo e os custos dos insumos: terra, implementos
agrícolas, mão-de-obra e custos de transporte.
O que deu força ao plantio de soja no cerrado brasileiro, foi os investimentos em
infra-estrutura logística como: concessões de ferrovias e arrendamentos portuários, realizados
pelo governo federal em meados dos anos 1990. Já no final da década de 1990, o
estabelecimento de rotas alternativas para escoar a produção permitiu uma expansão ainda
maior da cultura, especialmente nas propriedades situadas no norte de Mato Grosso. Sendo
45
que em 2001, o estado tornou-se o maior exportador da oleaginosa do Brasil, posição que
ostenta até os dias de hoje, com exceção do ano de 2003, em que foi temporariamente
superado pelo Paraná.
Ainda segundo a Pasin(2004, p.198) os principais componentes do sucesso da soja
mato-grossense foram os seguintes:
a abundância de terras férteis em topografia suave (favorável à mecanização); as persistentes pesquisas que, através de sucessivos cruzamentos, levaram à obtenção de sementes mais adaptados ao clima e ao solo da região; a disponibilidade de mão-de-obra barata; os incentivos oficiais à agricultura; e os ganhos em eficiência na cadeia de transporte do produto.
O Crescimento da produção da soja no estado de Mato Grosso no período de 2001 a
2007, foi de mais de 60% enquanto que o crescimento da produção nacional ficou em 53%
(tabela 4).
Tabela 4 - Evolução da área de Produção de Soja (2001-2007), em hectares
2001 % 2003 % 2005 % 2007 %
Brasil 13.985.099 100,0 18.524.769 100,0 22.948.874 100,0 20.565.279 100,0
Mato Grosso 3.121.353 22,3 4.413.271 23,8 6.106.654 26,6 5.075.079 24,7
Mesorregião
Norte 2.052.824 65,8 2.888.932 65,5 3.970.615 65,0 3.426.391 67,5
Nordeste 224.183 7,2 395.185 9,0 651.648 10,7 522.986 10,3
Sudoeste 25.137 0,8 39.201 0,9 96.401 1,6 75.960 1,5
Centro-Sul 33.433 1,1 58.115 1,3 94.545 1,5 54.609 1,1 Sudeste 785.776 25,2 1.031.838 23,4 1.293.445 21,2 995.133 19,6
Fonte: IBGE (2008)
Gráfico 7 - Distribuição da área de Produção de Soja por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
46
Gráfico 8 - Evolução da Produção de Soja em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
A produção de Soja no estado de Mato Grosso em 2007, encontra-se concentrada com
aproximadamente de 67,5% na região Norte e 10,3% na região Nordeste, portanto mais de
77% da produção de soja do estado encontra-se dentro do arco de desmatamento da Amazônia
Legal, deve se destacar também que existe uma concentração da produção de Soja de 19,6%
na região Sudeste. Como é observada na tabela 4.
3.5 – Produção de Carne Bovina
Além do uso do solo, as evidências sobre a evolução do rebanho bovino no Mato
grosso também corrobora a hipótese da rentabilidade da pecuária em partes da Região de
fronteira Agrícola. Como mostram os dados da Tabela 5, o crescimento do rebanho bovino
em Mato Grosso, onde as Mesorregiões Norte e Nordeste, respondeu pela maior parte do
crescimento do rebanho bovino neste estado, sugerindo uma expansão da fronteira pecuária
em direção ao norte. No período 2001-2007, por exemplo, 100% do crescimento do rebanho
de Mato Grosso, 63% ocorreu nas duas Mesorregiões do Arco do Desmatamento – Norte e
Nordeste, (nas outras Mesorregiões de fronteira já consolidada houve um crescimento bem
menor ou seja 37%). As taxas médias de crescimento do rebanho bovino no estado de Mato
Grosso entre 2001 e 2007 foi de 29%, por exemplo, foram de 42,0% (Norte-MT), 35,0%
(Nordeste-MT), 18% (Sudoeste-MT), 19% (Centro-Sul MT) e 2% (Sudeste-MT), enquanto
foi de apenas 13% no plano nacional.
Tabela 5. Evolução da área de Pastagem para o rebanho bovino (2001-2007), em hectares 2.001 % 2.003 % 2.005 % 2.007 %
Brasil 176.388.726 100,0 195.551.576 100,0 207.156.696 100,0 199.752.014 100,0
Mato Grosso 19.921.615 11,3 24.613.718 12,6 26.651.500 12,9 25.683.031 12,9
47
Mesorregião
Norte 7.457.971 37,4 9.384.573 38,1 10.712.771 40,2 10.598.322 41,3 Nordeste 4.179.662 21,0 5.049.854 20,5 5.518.462 20,7 5.655.003 22,0 Sudoeste 3.488.496 17,5 4.387.567 17,8 4.569.816 17,1 4.130.003 16,1 Centro-Sul 2.405.213 12,1 3.006.020 12,2 3.209.216 12,0 2.862.465 11,1
Sudeste 2.390.273 12,0 2.785.704 11,3 2.641.235 9,9 2.437.238 9,5 Fonte: IBGE (2008)
Gráfico 9- Distribuição da área de pastagem do Rebanho Bovino Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Gráfico 10 - Evolução da área de criação de Rebanho Bovino em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Segundo estudos realizados por (Castro, 2004), o crescimento do rebanho bovino se
deu em parte às custas de desmatamentos e em parte pelo processo de intensificação. Ainda,
48
por meio de regressões, analisou-se a relação entre expansão da área desmatada e o
crescimento do rebanho bovino (em unidades de animal). Essas regressões foram feitas em
termos de variações nas densidades. Os resultados mostraram que para o período 1970/95, o
aumento de uma unidade de animal por hectare significou um aumento médio de 1,2 pontos
percentuais na taxa de desmatamento em relação à área do município. O resultado interessante
é a comparação dos valores entre 1985/95 e 1970/85: o coeficiente reduziu-se à menos da
metade entre os dois períodos (de 1,26 para 0,53), sugerindo um forte processo de
intensificação. Para cada UA (unidade animal) por hectare, foram reduzidos os percentuais de
desmatamento no município necessários para comportá-lo (de 1,24% para 0,53%).
Desta forma segundo Schneider et al., (2000) , até meados da década de 80 mostrava-
se que a pecuária tradicional não tinha desempenho financeiro satisfatório com o uso de
tecnologia tradicional. Só era positiva se houvessem incentivos fiscais, ganhos especulativos
com a terra, ou uma favorável relação preço do gado/insumos. Na década de 90 começou-se a
indicar a viabilidade da pequena pecuária leiteira (com taxas de retorno de 12%) e da pecuária
de corte em pastagens reformadas (taxas de 12-21%). Mais recentemente, confirmou-se taxas
de retorno muito baixas em pecuária extensiva tradicional (3-5%), e 9% para pequena
produção leiteira próxima a estradas.
Na mesma linha, algumas simulações de Hecht, Norgaard e Possio (1988) indicavam
que a pecuária “moderna” seria viável somente em condições muito especiais. A suspeita é
que os grandes fazendeiros buscam não incentivos para o gado, mas para outros objetivos: a
pecuária é praticamente isenta de imposto de renda, o gado é uma garantia de posse sobre a
terra, a floresta em pé ainda é considerada improdutiva, e existem incentivos e créditos
subsidiados para a pecuária.
Alguns estudos têm sugerido, contrariamente, não apenas a viabilidade financeira da
pecuária na Amazônia (por exemplo, Young & Fausto, 1998), como também argüido em
favor de uma série de fatores que não são captados nos modelos que tentam estimar taxas de
retorno “teóricas” da atividade. Num dos livros provavelmente mais abrangentes a respeito,
Faminow (1998) argumenta que muitos dos estudos são inconsistentes com a prática
observada: os modelos econômicos em geral admitem tecnologias fixas, o que é muito
inadequado para a Amazônia; quase nunca incorporam as óbvias diferenças nos sistemas de
produção – leiteira, corte, e múltiplo – que implicam estruturas do gado, processamento e
comercialização, investimentos, custos e receitas, enfim, economias completamente distintas.
Faminow (1998, p.27) sugere ainda diversas vantagens adicionais da pecuária em
relação a outros usos do solo, tais como:
49
· ainda que conhecida, o gado é uma óbvia forma de garantir a posse da terra, o que é uma prioridade absoluta na fronteira como já visto;
· em relação à agricultura, principalmente às culturas temporárias, o risco da atividade é baixíssimo em termos de mercados, de comercialização, de preços dos produtos (a despeito da leve tendência de queda, o preço da carne tem crescido em relação ao das principais culturas agrícolas), das condições climáticas e de pragas;
· também em relação à agricultura, a pecuária demanda menores investimentos iniciais e apresenta retornos num período muito menor;
· o gado é uma forma de capital líquido, facilmente transacionável; · o transporte é relativamente fácil; · a atividade tem baixíssima demanda por mão-de-obra; · a pecuária é ótima para tapear todo tipo de fiscalização (ao contrário da terra
plantada); · no caso dos pequenos produtores, há benefícios indiretos, como outros produtos
animais, a tração, a adubação, além da venda da madeira, que vale também para os grandes;
· no caso dos grandes proprietários, existe o poder político e cultural de ser um grande latifundiário/fazendeiro.
Até o momento, a experiência vem apontando as enormes dificuldades de se manejar o
gado na região, mas ao mesmo tempo também o enorme aprendizado, com mudanças de
técnicas de manejo de gado, de pastagens, e de tecnologias. A intensificação e a
especialização podem trazer altos retornos, mas demandam longos períodos de tempo, o que
pode explicar horizontes de planejamento também dilatados. Isto sugere que a despeito da
ânsia “acadêmica” de se obter resultados conclusivos sobre os processos dos desmatamentos e
a sua economia, os agentes estão ainda numa fase (bastante) inicial da curva de aprendizado,
com os números atuais não refletindo mais do que uma pequena tendência. A experiência do
oeste americano aponta no sentido semelhante ao que aqui se delineia, qual seja, o fracasso
econômico inicial não estanca a expansão da fronteira, mas acelera a adaptação técnica e
gerencial.
Vai ficando evidente, ao mesmo tempo, que os agentes locais vêm se profissiona-
lizando rapidamente por força dos próprios mercados cada vez mais competitivos, e que
portanto há uma inexorável tendência de intensificação dos sistemas e aumento generalizado
de eficiência produtiva. Os sistemas de pecuária intensiva sempre pareceram economicamente
viáveis em todos os estudos: uma possível explicação para a pecuária extensiva são os lucros
por hectare muito baixos, o que força a produção em larga escala. Isto ficou claro numa das
análises econômicas bastante pormenorizadas a que tivemos acesso na pesquisa de campo.
As novas tecnologias de produção certamente irão resultar de misturas de iniciativas
de pecuaristas inovadores com resultados de pesquisa da EMBRAPA e de outras agências
internacionais; e os custos de transporte dependerão do fôlego do governo de investir na
provisão de infra-estrutura, em particular de estradas, conforme contemplado principalmente
50
pelo Programa Avança Brasil. O efeito da crescente urbanização da Amazônia sobre a
pecuária permanece largamente desconhecido, e faltam análises.
Para concluir, cabe a pergunta crucial se mesmo com o aumento da densidade
(intensificação), novas áreas precisarão ainda ser incorporadas? Nossa percepção é a de que
vai se manter a tendência de aceleração do crescimento do gado e da área de pastagens. A
pressão pela crescente expansão da fronteira pecuária decorrerá não só da dinâmica da própria
pecuária, que fica cada vez mais rentável e consolidada, conquistando além dos mercados
locais os mercados do Sul e externos, mas também da pressão da fronteira agrícola. Os
últimos trabalhos do Banco Mundial em parceria como IMAZON sugerem que há barreiras
naturais à expansão da pecuária e da fronteira agrícola. Esta fronteira está dada
principalmente pelos altíssimos índices pluviométricos nas áreas coincidentes e ao redor do
“coração” da floresta densa, que estão cada vez mais próximos.
4 – O PROBLEMA DO DESMATAMENTO A globalização e crescente demanda de grãos, carnes e produtos extraídos da natureza
(floresta) para atender a necessidade de exportações brasileira têm provocado mudanças
substancias no campo econômico e social da região amazônica.
A Amazônia Legal perdeu cerca de 143,1 mil km2 de cobertura vegetal (florestas) no
período de 2000 a 2007, segundo estimativas do INPE (2008). A região é uma das últimas
reservas de floresta nativa do globo terrestre, contempla quase dois terços das florestas ainda
existentes no mundo e sua área representa em torno de 40% do território brasileiro. Os estados
da Amazônia Legal concentram 33,9% da produção nacional de soja e algo em torno de
33,2% do rebanho de gado bovino brasileiro (IBGE, 2008). Cerca de 13,5% da produção
mineral do país é extraída da região, com destaque para os minérios de ferro, alumínio, ouro,
níquel e bauxita. Do total de toras de madeira exploradas no Brasil, os estados da Amazônia
Legal responderam com 81,4% desse volume, cerca de 14,6 milhões de m3 (IBGE, 2008).
Tabela 6– Incremento do desmatamento em Mato Grosso de 2001-2007, em hectares 2001 % 2003 % 2005 % 2007 %
Brasil 1.816.500 100,0 2.515.100 100,0 1.879.300 100,0 1.001.000 100,0 Mato Grosso 715.500 39,4 1.080.640 43,0 852.370 45,4 257.800 25,8
51
Mesorregião
Norte 466.090 65,1 833.640 77,1 664.180 77,9 205.490 79,7 Nordeste 160.560 22,4 179.760 16,6 141.280 16,6 41.490 16,1
Sudoeste 64.260 9,0 50.000 4,6 27.790 3,3 6.440 2,5
Centro-Sul 23.480 3,3 15.640 1,4 16.170 1,9 4.050 1,6 Sudeste 1.110 0,2 1.600 0,1 2.950 0,3 330 0,1
Fonte: IBGE (2008)
Gráfico 11- Distribuição da área desmatada por Mesorregião em Mato Grosso Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Gráfico 12- Evolução da área de desmatamento em Mato Grosso comparativo com a produção do Brasil Fonte: Elaborado pelo autor com base em dados IBGE
Sendo assim é possível que não exista uma força principal que impulsione ou que
explique sozinha o desmatamento em Mato Grosso. As causas são várias e decorrem de uma
combinação sofisticada de diversas variáveis e fatores. Kaimowitz e Angelsen (1998), por
exemplo, sugerem em relação à interação entre os diversos agentes que “na prática, a
52
interação entre os distintos agentes freqüentemente torna impossível separar os impactos
causados por cada um e sua importância relativa. Pecuaristas e madeireiros muitas vezes
facilitam a entrada de pequenos colonos em áreas de florestas, os fazendeiros se dedicam a
alguma atividade madeireira para financiar a expansão agrícola, e pecuaristas seguem
pequenos colonos e fazendeiros em áreas de fronteira agrícola”.
Para melhor visualização da área de estudo da incidência da problemática do
desmatamento no território matogrossense, traz se o mapa 01, para que se possa visualizar as
fronteiras da Amazônia legal, o arco do desmatamento e a BR-163, a qual vários
pesquisadores, atribui como sendo uma das principais causas do desmatamento em Mato
Grosso.
Figura 1 - Municípios brasileiros que indicaram desmatamento, com destaque para a Amazônia Legal, o Arco do Desmatamento e a BR-163 - Brasil - 2002
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Pesquisa de Informações Básicas Municipais 2002.
53
Na década de 70 e até princípio dos anos 80, a agricultura de exportação no cerrado
diminuiu a demanda por mão-de-obra. A concentração de terras no Sul/Sudeste empurrou os
pequenos fazendeiros e colonos para a fronteira, provocando um crescimento no preço da
terra que só parou com a explosão da taxa de juros real no fim dos anos 80. A razão
arrendamento/preço da terra caiu continuamente (especulação e demanda por ativos físicos).
A crise econômica (custo oportunidade da mão-de-obra mais baixo) incentivou o sonho do
Eldorado do Norte (garimpos). Os prefeitos, por sua vez, fizeram (e ainda fazem) de tudo para
atrair migrantes, madeireiros e fazendeiros, única forma de aumentar o ICMS, o FPM, e
eventualmente seus votos: crédito e infra-estrutura que viabilizariam estes agentes vêm
depois, mas apenas eventualmente.
A dinâmica dos desmatamentos é diferente entre os estados da Amazônia, que tem
suas políticas fundiárias e históricos de ocupação distintos. O processo dos desmatamentos
em Rondônia, caracterizado pela ocupação de pequenos colonos, é bastante distinto dos
ocorrentes no Pará e no Mato Grosso. É diferente também em relação à localização ao longo
do arco do desmatamento, dependendo principalmente do grau de consolidação da fronteira –
isto é, da distância aos mercados, da existência de mão-de-obra e de infra-estrutura,
particularmente de estradas, da disponibilidade de terras devolutas em relação às privadas – e
também do tipo de vegetação (e portanto da existência de madeiras comercializáveis).
Em formações pioneiras e campinaranas, por exemplo, a participação dos grandes
desmatamentos é literalmente zero. De acordo com dados do INPE, nas florestas ombrófilas
densa e aberta, os desmatamentos maiores que 500 hectares não chegam a representar 20 por
cento, enquanto que aqueles menores que 50 hectares representam cerca de 50 por cento. Mas
na região de contato, que é coincidente com o Arco, os desmatamentos maiores que 500
hectares representam um terço do total, enquanto que a contribuição dos desmatamentos
menores que 15 hectares tem caído continuamente até representar hoje menos que 5 por cento.
Os dados de desmatamento do INPE para o período 2001-2007 indicam um aparente
crescimento da participação dos pequenos colonos nos desmatamentos totais. No entanto não
é possível inferir isto com os dados do INPE que não detectam áreas menores que 6 hectares e
que não são cumulativos. Mesmo assim, como os dados não foram publicados na íntegra,
nossa reação inicial é a de que este crescimento em princípio não parece significativo, não
muda a importância capital dos grandes pecuaristas, e não altera as lógicas e interações entre
os diversos agentes. Os dados disponíveis tampouco qualificam se foram desmatamentos em
áreas já consolidadas (desmatamentos autorizados) ou se em áreas sem ocupação antrópica.
De qualquer forma, o processo de posterior compra e concentração da posse da terra
54
definitivamente não se altera em função de um ligeiro crescimento da participação relativa
dos pequenos desmatamentos.
Do ponto de vista econômico, a expansão da fronteira pode ser explicada i) pela
pressão causada pela expansão da atividade agropecuária, ii) pela existência de agentes com
custos de oportunidade bastante diferenciados, que geram uma ocupação aonde os direitos de
propriedade evoluem gradualmente até a consolidação da posse e titulação da terra, e iii) pela
visão de curtíssimo prazo dos primeiros agentes, que tem todo o incentivo de minerar o mais
rapidamente possível a base de recursos naturais (Schneider, 1995). Com o amadurecimento
da fronteira, fazendeiros de médio e grande porte compram as terras ocupadas pelos primeiros
ocupantes, cobrindo seus próprios custos de oportunidade. O acesso dos primeiros agentes é
em grande medida viabilizado pela atividade madeireira que, ainda que não contribua
diretamente para os desmatamentos, termina por ser um importante vilão do processo. Os
desmatamentos causados pelos grandes proprietários em áreas já consolidadas, que hoje
respondem pela maior parte dos desmatamentos na Amazônia, obedecem menos a uma lógica
de ocupação de fronteira e mais àquela de capitalistas que decidem investir na expansão de
suas atividades.
O processo de "abertura de novas frentes" depende portanto inicialmente de um
casamento entre dois principais atores: de um lado os madeireiros e de outro os trabalhadores
rurais e agricultores despossuídos. Estes últimos são exatamente os agentes que tem menores
custos de oportunidade. Os madeireiros necessitam da escassa mão-de-obra nas regiões
distantes onde a madeira é abundante, as terras não tem dono, e a fiscalização (de todo tipo) é
inexistente. Estes trabalhadores são atraídos às vezes com a promessa de futuros
assentamentos privados, às vezes se incorporam ao pequeno contingente de trabalhadores do
setor, ou simplesmente se instalam nestas distantes fronteiras iniciando uma prática de
agricultura de subsistência, que depende totalmente da chamada "mineração de nutrientes"
oferecidos pela base de recursos naturais da floresta. E iniciam assim uma conhecida trajetória
de sobrevivência extremamente penosa e ao mesmo tempo destruidora do meio ambiente.
Estes agentes, entretanto, têm uma contribuição cada vez menor nos desmatamentos totais da
Amazônia.
A partir da penetração inicial em terras devolutas, inicia-se um processo de aquisição e
consolidação de direitos de propriedade, assunto por sua vez intimamente ligado à evolução
do mercado de terras. Este mesmo processo vai se dar em terras já demarcadas e/ou com um
maior grau de "apropriação". Em ambos os casos, os direitos de propriedade na fronteira só
podem ser assegurados com a ocupação física da terra. Esta ocupação nos momentos iniciais
55
obviamente é mais importante do que qualquer eventual documento de posse. A grande
incerteza sobre a posse da terra e a perspectiva de uma eventual titulação posterior, mesmo
que decorrente de uma invasão e ocupação violenta, induz a existência de exércitos de
grileiros e posseiros, agentes especializados em ocupar terras e garantir sua posse até uma
eventual legalização, muitas vezes financiados por grandes madeireiros e latifundiários. Estes
grileiros freqüentemente incentivam as invasões de terras por pequenos colonos para depois
comprá- las novamente, o que lhes garantirá a futura titulação.
No caso dos projetos de assentamento, os colonos podem ficar na mesma terra por
alguns anos, e somente mais tarde vender seus lotes, dependendo das condições de produção
(voltada para a subsistência) e do apoio do INCRA. Este apoio inclui não apenas uma ajuda
direta através de cestas básicas por um período de até três anos e o financiamento a fundo
perdido da pequena produção, mas também a titulação da terra. Ainda que teoricamente estas
terras não sejam comercializáveis nos primeiros anos, há uma evidente pressão pela revenda.
Entre os principais determinantes da rotatividade estão menos a perda da fertilidade e mais o
fato de que, com o tempo, a posse da terra fica mais segura.
De qualquer forma, uma boa parte das terras de assentamento do INCRA são distantes
e de acesso apenas parcial durante o ano. Mesmo com crédito facilitado, muitos colonos não
agüentam e migram, vendendo seus pequenos lotes (50-100 ha). Sendo de difícil acesso, estas
terras são vendidas por preços muito baixos a grandes fazendeiros, que tem condições de
esperar o avanço da fronteira para eventualmente iniciar algum tipo de atividade. Fica de todo
modo difícil de entender, ou de aceitar como justa, a lógica do INCRA quando assenta esta
gente em terras totalmente improdutivas e distantes. Não há como descartar interesses
políticos e econômicos no sentido de perpetuar o processo que principia com uma fachada
social mas que termina por passar a titularidade de terras para grandes fazendeiros e
pecuaristas, concentrando a posse.
Entre a primeira ocupação de uma terra florestada e a titulação desta terra em cartório
já convertida em pasto, pode haver um aumento de mais de cem vezes no valor da terra. Do
ponto de vista econômico este processo especulativo se origina na característica de livre
acesso das terras originalmente desocupadas (devolutas ou não). Quando os direitos de
propriedade não são bem definidos, o horizonte de planejamento dos agentes diminui
enormemente, de modo que as perdas com a mineração do capital natural não se incorporam
em suas decisões (lucros) no curto prazo. Isto quer dizer que há uma maior pressão por
desmatamentos.
56
Quanto a este processo, Kaimowitz & Angelsen (op.cit.) sugerem que “as florestas
podem ser desmatadas além do ponto onde os benefícios correntes líquidos são zero (solução
de um regime de propriedade privada) por pelo menos três motivos: i) as florestas são
desmatadas até o ponto em que o valor presente líquido da terra vale zero. Mesmo que o lucro
seja negativo nos primeiros anos, o progresso tecnológico, novas estradas, etc., vão fazê- lo
rentável no futuro; ii) a floresta é desmatada para capturar um lucro esperado através de venda
futura, um fenômeno parecido com o observado na bolsa de valores (“rational bubbles”); iii)
em situações com poucos atores competindo pela terra florestada, o desmatamento de um
agente afeta os custos dos outros agentes, alguns grupos podem ter o incentivo de “espremer
os outros” desmatando o máximo possível”.
Este processo violento, em grande medida ilegal, de conversão de florestas em
propriedades particulares tituladas não seria possível sem a “generosa” concessão fraudulenta
de títulos de propriedade e a corrupção generalizada no mercado de terras. Este assunto foi
discutido pessoalmente com procuradores de alguns Ministérios Públicos Estaduais da região
que reconheceram ser este não apenas um dos pontos cruciais em todo o processo de
ocupação de terras na Amazônia, mas também ser ele o mais extraordinariamente complexo
de se reverter.
Os próprios MPs sentem-se incapacitados de deslanchar operações que possam
minimamente ameaçar as práticas estabelecidas. O fato é que inúmeras terras hoje tituladas
poderiam ser legalmente contestadas, pois a transformação de terras devolutas em terras
privadas com títulos reconhecidos em cartórios depende da prévia revisão do histórico de
titularidade da terra, o que simplesmente não é feito pelos cartórios na esmagadora maioria
das vezes.
A despeito da ocorrência deste processo especulativo em larga medida como
conseqüência da corrupção e das fraudes cartoriais, a percentagem de área cultivada sem
direitos de propriedade tem diminuído substancialmente, sugerindo que os novos
desmatamentos tem se dado mais em áreas já consolidadas e em terras privadas. Além disto, a
demanda por direitos de propriedade pode também estar diminuindo na nova fronteira, como
também atesta a forte tendência decrescente do preço das terras, enfraquecendo a especulação.
A evolução do mercado de terras em Mato Grosso reflete diretamente o próprio
processo dos desmatamentos na região. A possibilidade de ganhos de capital com a compra e
venda de terras promove potencialmente uma corrida pela posse, e o desmatamento é a
principal forma de se garantir direitos de propriedade.
57
4.1 - Desmatamento por corte raso
Entre as mais diferentes causas do desmatamento na Amazônia brasileira, e
principalmente no Estado de Mato Grosso, a principal tem sido a conversão de florestas em
pastagens extensivas para a criação de gado (Margulis, 2003, Alencar et al., 2004), sobretudo
quando associadas à situação fundiária menos clara ou sem controle. Neste início de Século
XXI, ainda é possível verificar que mais de 70% do desmatamento na região resultam da
formação de pastagens. O processo de desmatamento por corte raso é aquele que resulta na
remoção completa da cobertura florestal em um curto intervalo de tempo. Nesse processo, a
cobertura florestal é totalmente removida e substituída por outras coberturas e usos (agrícola,
pastagem, urbano, hidroelétricas, etc.). O processo normalmente se inicia antes ou durante o
período chuvoso que precede o corte de fato da floresta com o que é localmente denominado
de “brocagem”. É o corte com foice ou machado das árvores menores e, principalmente, das
lianas (cipós), para facilitar o corte das árvores de maior porte que se dará na próxima fase.
Durante a estação chuvosa essas plantas se degradam e com isso evita-se acidentes na fase de
corte propriamente dito. As árvores de maior porte são derrubadas com motosserras no início
da estação seca.
Fica a biomassa no solo, que é queimada basicamente entre julho e setembro. No final
desse processo pode-se ou não agregar a biomassa remanescente em leiras para queimas
subseqüentes. Forma-se a pastagem por semeadura de gramíneas africanas, que se dão bem na
Amazônia porque resistem ao fogo. Esse foi o processo mais comum na região durante as
décadas de 80 e 90.
Processo de desmatamento por corte raso, denominado “corte e queima”, em que toda
a vegetação é derrubada e queimada em pouco tempo.
4.2 O Desmatamento por degradação florestal
O desmatamento por degradação, consiste no mesmo processo de desflorestamento
anterior, entretanto neste sistema as árvores de maior valor econômico são extraídas antes dos
procedimentos de limpeza por queimadas. Sendo assim, primeira etapa deste tipo de
desmatamento dar-se-á pela retirada das madeiras nobres. Logo na seqüência o capim é
plantado, e ao mesmo tempo que ocorre o desmatamento, levando um certo tempo para
crescer. No ano seguinte o gado e a pecuária entram na floresta, enquanto ela ainda não
desapareceu. Após plantação do capim e a alocação do rebanho nesta área, inicia-se a
primeira queimada, com o objetivo de limpar a vegetação rasteira e dar lugar ao pasto. Com
58
este procedimento, algumas árvores de porte menor vão morrerem, as outras sobreviverão até
a segunda queimada, quando o processo estará devidamente completado e só restará o capim
necessário à atividade agropecuária. Devido à resolução espacial das imagens de satélites e do
tempo que este processo dura – geralmente mais de 3 anos - é difícil indicar a existência de
degradação antes que o corte atinja 50% do processo. Nas sessões que seguem são definidos
os processos de desmatamento detectados pelo DETER e apresentados exemplos de padrões
identificados e confirmados com dados de campo, de corte raso e degradação florestal
progressiva, com diferentes intensidades.
Regiões Críticas De 2003 a 2005, a região Centro-Norte(conf. Mapa abaixo) foi a região com maior
participação (42%) no desmatamento em Mato Grosso. Em uma situação intermediária
aparecem as regiões Noroeste (18%), Extremo Norte (16%) e Nordeste (12%). Por último, as
outras regiões possuem áreas menores de remanescentes florestais e o desmatamento foi
proporcionalmente bem menor [Sudoeste(6%), Sudeste (5%) e Sul (2%)] (Tabela 6). Com
base no SAD(Sistema de Alerta de Desmatamento), as regiões mais afetadas pelo
desmatamento no período de agosto de 2005 a julho de 2006 são Centro Norte, Extremo
Norte e Nordeste (Figura 02).
Figura 2 - Distribuição do desmatamento em áreas de florestas no Estado de Mato
Grosso Fonte: SEMA-MT (2006)
5- METODOLOGIA
5.1 Materiais e métodos
5.1.1 Área de Estudo A área de estudo e teste da metodologia situa-se no estado de Mato Grosso que ocupa
uma área de 906.806 Km2 dentro do Brasil, corresponde a aproximadamente 18,2% da
Amazônia Legal, localiza-se a oeste do Meridiano de Greemwich a sul da Linha do Equador
com fuso horário de -4 horas em relação a hora mundial GMT. No Brasil, o estado faz parte
da região Centro-Oeste pela divisão do IBGE, e pela divisão geoeconômica faz parte da
Região geoeconomica Anazonica do Brasil ao centro-norte, e também da região
geoeconomica centro-sul ao centro-sul. O estado de Mato Grosso faz fronteiras com os
estados de Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Pará, Amazonas, Rondonia e um país, a
Bolívia. Conforme figura 3 abaixo:
Figura 3 – Localização geográfica do estado de Mato Grosso Fonte: IBGE
60
O estado de Mato Grosso tem mostrado altas taxas de desflorestamento, chegando à
perdas de frações consideráveis da cobertura florestal (Alves,1999). Como pode ser observado
no mapa 4 abaixo, uma grande parte do território matogrossense se encontra inserida no arco
do desmatamento, principalmente as regiões Norte e Nordeste:
Figura 4 - Arco do desmatamento na Amazônia legal Fonte: MMA, 2002
A ocupação desta região se deu à partir dos anos 50 e com maior intensidade nos anos
60 e 70 quando da abertura da BR-364 como eixo de penetração e criação de políticas
governamentais de incentivo a colonização, resultando em grandes fluxos migratórios,
provenientes principalmente do sul do país (Becker, 1997). O tipo de ocupação predominante,
é o dos assentamentos estabelecidos pelo INCRA, permeado por áreas de grandes e médios
estabelecimentos rurais e de ocupação espontânea. A pecuária é a principal atividade
desenvolvida na região, que também inclui áreas de agricultura de subsistência e culturas de
Arroz e milho.
61
5.1.2 Fontes de Dados
O segundo procedimento de pesquisa utilizado neste trabalho foi à obtenção de
informações de fontes secundárias (levantamento de dados), que, sintetizadas e analisadas,
traçaram o panorama das principais atividades agrícola e pecuária nos municípios do Estado
de Mato Grosso.
Os dados foram obtidos junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN) e Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE).
5.1.2.1 Dados da Produção Agrícola Municipal do IBGE:
Os dados do IBGE, foram usados para caracterizar a produtividade agrícola por hectare na
área de estudo. As informações utilizadas nesta dissertação referem-se às áreas de produção
da Cana de açúcar, algodão, Milho e Soja(em hectare) anualmente nos municípios de Mato
Grosso, durante o período de 2001 e 2007. Estas variáveis foram pesquisadas pela Produção
Agrícola Municipal – PAM e faz parte do banco de dados agregados, disponível no Sistema
IBGE de Recuperação Automática - SIDRA (IBGE, 2008).
A área de produção de Algodão em caroço refere-se à área colhida em hectares no
município na data de referência da pesquisa, assim como à área de produção Cana de
Açúcar, produção de Milho e a produção de Soja (IBGE, 2008). Estas informações foram
usadas como indicadores da expansão ou retração das áreas de cultivo do Algodão, Cana de
Açúcar, Milho e Soja.
Tabela 7 - Principais Atividades agrícolas para fins comerciais de Mato Grosso Variável Descrição Unidade Fonte Algodão Herbáceo
Hectares IBGE - PAM Cana de Açúcar Milho 1ª e 2ª Safra Soja Em grão
Fonte: Elaborada pelo autor
5.1.2.2 Dados da Produção Pecuária Municipal do IBGE:
Dados obtidos do IBGE, foram usados para caracterizar a evolução da pecuária na área
de estudo. As informações utilizadas neste trabalho referem-se a área de pastagens com a
62
alocação do efetivo do rebanho bovino (cabeças) estimado anualmente para os municípios do
Mato Grosso, durante o período entre 2001 e 2007. Esta variável foi pesquisada pela
Produção da Pecuária Municipal – PPM e faz parte do banco de dados agregados, disponível
no Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA (IBGE, 2008).
O efetivo do rebanho bovino refere-se ao número total de cabeças de bovinos existentes
no município na data de referência da pesquisa, considerando o gado comum ou de raça,
independentemente do sexo e idade, em todas as categorias do rebanho (IBGE, 2008), a qual
foi transformada para área de pastagens, com utilização de uma UA(média) de 1 cabeça por
hectare para todos os município de Mato Grosso. Estas informações foram usadas como
indicadores do aumento ou diminuição da área de pastagens (plantadas) preenchida com a
criação do rebanho bovino.
Tabela 8 - Atividade Pecuária (Bovinos) de Mato Grosso
Variável Descrição Unidade Fonte
Bovinos Área de Pastagens Plantadas e natural
Hectares IBGE - PPM
Fonte: Elaborada pelo autor
5.2 Metodologia Estatística
A metodologia utilizada no desenvolvimento desse trabalho pode ser dividida em três
etapas principais. A primeira, refere à aquisição e à manipulação inicial dos dados; a segunda
e a terceira, referem-se respectivamente, ao tratamento e análise dos dados coletados,
referente a área do desmatamento e a área de cultivo das principais atividades agropecuárias
realizadas no estado de Mato Grosso no período de 2001 a 2007.
5.2.1 Tipo de pesquisa Os objetivos desta pesquisa são atingidos com a utilização da pesquisa quantitativa e
uma complementar qualitativa.
A pesquisa quantitativa, segundo Richardson (1999) é caracterizada pelo emprego
tanto nas modalidades de coleta de informações quanto no tratamento destas por meios
estatísticos desde as mais simples, como percentual, média, desvio-padrão, ás mais
complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outras.
63
Com a finalidade de analisar a existência de associação linear entre o desmatamento e
os tipos de produção em estudo (Algodão, Bovino, Cana de Açúcar, Milho e Soja) será
necessário do uso coeficiente de correlação de Pearson, considerando como elementos as
microrregiões e os anos 2001 até 2007, após com a finalidade de identificar como se encontra
o desmatamento em cada região se aplicará o mesmo coeficiente.
As fórmulas para o cálculo da correlação de Pearson serão feitas através de:
( 1 )
Em que, segundo Martins (1999), o coeficiente de correlação apresenta algumas
características importantes: primeiro é adimensional; segundo indica se a correlação é perfeita
e positiva será igual a (+1) e se for perfeita mas negativa, então o coeficiente será igual a (- 1);
e por fim se não existir correlação linear perfeita, os valores estarão entre -1 e 1.
Ainda, segundo Hill et al.(2003), se a correlação for igual a 0, isto significa que não
existe qualquer correlação entre as variáveis. Enquanto que dentro desse intervalo, existem
diferentes níveis de correlação, conforme apresentado a seguir: a) 0 a 0,2 ou -0,2: Correlação muito fraca;
b) 0,2 a 0,4 ou -0,2 a -0,4: Correlação baixa ou fraca;
c) 0,4 a 0,6 ou -0,4 a -0,6: Correlação moderada;
d) 0,6 a 0,8 ou -0,6 a -0,8: Correlação boa ou forte;
e) 0,8 a 1 ou -0,8 a -1: Correlação muito boa ou quase perfeita.
Para realização dos cálculos foi utilizado o pacote Excel 2007. Nesse mesmo contexto
um teste para identificar conjuntamente o comportamento das variáveis e analisar se os
resultados de coeficiente de Pearson são os mais adequados é a utilização do método de
Análise de Fator, que é um método multivariado.
Para Ferreira (1996), os métodos estatísticos multivariados são estudados a partir de
um conjunto de muitas variáveis, onde os dados são coletados ou mensurados. Para analisar
os dados coletados existem alguns objetivos de técnicas multivariadas:
• Redução de dados ou simplificação estrutural;
• Ordenação e agrupamento;
• Investigação da dependência entre variáveis;
• Predição de uma ou mais variáveis com base na observação de outras variáveis.
Em BARROSO (2003), esta técnica possibilita saber o quanto cada fator está
associado a cada variável e o conjunto de fatores explica a variabilidade total dos dados
64
originais. A análise fatorial possibilita trabalhar com um número reduzido de variáveis sem
perda significativa de informações. Um dos métodos mais utilizados baseia-se na análise de
componentes principais, sendo que neste método não há pressuposição da normalidade dos
dados. Na técnica multivariada, a análise fatorial via método das componentes principais tem
o intuito de resumir o padrão de correlação entre as variáveis e muitas vezes é possível chegar
a um conjunto de variáveis que não sejam correlacionadas umas com as outras.
Algebricamente, os componentes principais são combinações lineares das variáveis originais.
Segundo Ferreira (1996), a técnica de análise de fatores com o propósito essencial de
descrever, se possível, as relações de covariância entre diversas variáveis em função de
poucas, não observáveis, quantidades aleatórias denominadas de fatores. Sob o modelo de
fatores cada variável resposta é representada por uma função linear de uma pequena
quantidade de fatores comuns, não observáveis, e de uma simples variável latente específica.
Os fatores comuns geram as covariâncias entre as variáveis observadas e os termos
específicos contribuem somente para as variâncias de suas respostas relacionadas. Os
coeficientes dos fatores comuns não são restritos a condição de ortogonalidade, o que confere
generalidade, apesar de se exigir normalidade dos dados e a determinação, a priori, do número
de fatores.
Supondo que o sistema multivariado consiste de “p” resposta descritas pelas “p”
variáveis observáveis aleatórias X1, X2, ... , Xp. Assumindo que o vetor de observações
multivariadas X possui média µ e covariância Σ, então, o modelo de fatores pressupõe que o
vetor X é linearmente dependente de algumas poucas variáveis não observáveis F1, F2, ..., Fm
chamadas de fatores comuns, e “p” fontes de variações adicionais ε1, ε2, ..., εp chamadas de
erro ou de fatores específicos. O modelo de fatores pode ser especificado por:
Considerando a notação matricial
O interessante desta metodologia é evidenciar o grau de associação entre os fatores
em estudo, para a elaboração computacional será considerada o software Minitab 15.0.
Até esta parte estar-se-á conseguindo identificar que tipo de produção em estudo esta
relacionada ou associada ao desmatamento, é evidente que esta pesquisa busca descobrir qual
65
tipo de produção afeta ou estimula ao desmatamento no estado de Mato Grosso. Para isto, será
considerado o método de cointegração, a idéia da aplicação desta metodologia é identificar se
historicamente o desmatamento tem um comportamento parecido com algum tipo de
produção importante de Mato Grosso, isto é, se o desmatamento cresce é porque algum fator
de produção cresce quase na mesma proporção. Uma definição apresentada por Da Mata
(2005), afirma que duas ou mais series estão cointegradas se elas se movimentam
conjuntamente ao longo do tempo e que as diferencias entre elas são estáveis, isto é, são
estacionarias, mesmo que cada serie tenha um componente de tendência estocástica e seja por
tanto não estacionária.
A idéia é aplicar o método de Johansen que utiliza o modelo de vetor autorregressivo
(VAR) a qual permite obter o teste de causalidade, a qual se caracteriza por determinar que
variável endógena pudesse considerar-se como exógena, com a finalidade afirmar que essa
variável exógena está explicando à outra que é endógena. Para rodar o método de Johansen
será utilizado o pacote econométrico EVIEWS V. 5.1
6. RESULTADOS
Neste trabalho utilizam-se informações contidas no banco de dados (PRODES -INPE),
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – SIDRA (PAM e PPM) e Secretaria
de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (SEPLAN). Serão consideradas as atividades
de produção de Algodão, Cana de Açúcar, Milho, Soja e Pecuária sobre o desmatamento nos
municípios de Mato Grosso.
Os dados que constam neste trabalho foram obtidos no INPE (áreas desmatadas por
hectares nos ano de 2001 a 2007) e IBGE e SEPLAN (área de produção de Algodão, Cana de
Açúcar, Milho e Soja; e atividade pecuária (área de Pastagens), no período de 2001 e 2007).
Na análise de correlação de Pearson, a variável dependente é a área desmatada por hectares
nos 141 municípios de Mato Grosso, agrupadas em Mesorregiões, e as variáveis
independentes: a área de produção em hectare das atividades de cultivo de Algodão, Cana de
Açúcar, Milho, Soja e criação Pecuária em área de pastagens entre 2001 a 2007.
6.1 Correlação entre as variáveis Para esta da pesquisa foi considerado o coeficiente de Pearson em seu conjunto, obtendo a Tabela 9. Tabela 9 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias
em Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 0,31916 -0,06208 0,934859 0,902293 0,969922 Período 2001-2005 0,336331 -0,06322 0,906615 0,874551 0,948883 Período 2001-2006 0,321457 -0,05879 0,809903 0,785735 0,863226
Período 2001-2007 0,284689 -0,05868 0,641066 0,747347 0,805864 Fonte: Base de dados da pesquisa
Pode-se observar nesta tabela que se considerarmos a linha de desmatamento o Milho,
Soja e Bovino, estão fortemente correlacionados com o desmatamento em Mato Grosso, neste
viés pode-se dizer que o algodão possui uma fraca correlação com o desmatamento e a cana
de açúcar possui uma correlação muito fraca, ficando muito próximo de zero.
67
Com a finalidade de aprofundar mais um pouco o estudo sobre esta correlação, se
considerou as tabelas a seguir que é uma medição do comportamento do desmatamento frente
as principais atividades agropecuárias em cada uma das 05 Mesorregião do Estado de Mato
Grosso.
Tabela 10 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Norte de Mato Grosso
Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 -0,00389 0,803814 0,988065 0,986537 0,986435 Período 2001-2005 -0,11312 0,545975 0,634801 0,4869 0,629128 Período 2001-2006 -0,1398 -0,09887 0,038042 -0,11166 0,033007
Período 2001-2007 -0,4771 -0,43994 -0,44967 -0,17865 -0,16078 Fonte: Base de dados da pesquisa
Segundo esta tabela pode-se observar que no período 2001 a 2007, na região norte de
Mato Grosso, não existe nenhuma atividade agropecuária que poderia ser responsável pelo
desmate na região. Fato este muito estranho, pois toda a literatura indica que a região norte do
estado é uma das regiões que mais tem desmatado no Brasil nesta última década. Numa busca
investigatória, afim de esclarecer tal fato, passou-se a efetuar novos cálculos de correlação
avaliando períodos mais curtos, para isto, optou-se em excluir o ano de 2007 da base de
cálculos para a mesorregião Norte de Mato Grosso, realizou a analise de correlação apenas do
período de 2001 a 2006, os resultados conforme demonstrado na tabela acima, passaram a
apontar para uma correlação muito fraca entre o desmatamento e as atividades agropecuárias
do milho e bovinos. Excluindo-se os dados dos anos 2006 e 2007, portanto levando em
consideração tão somente os dados de 2001 a 2005, como é apresentado na tabela acima, estes
passaram a apontar para uma correlação moderada para as atividades Cana de Açúcar e Soja e
uma correlação forte para as atividades Milho e Bovinos. Diante dos resultados alcançados,
resolveu-se excluir também os dados de 2005, passando a realizar a análise de correlação do
período de 2001 a 2004, onde os resultados apontaram para uma correlação muito boa ou
quase perfeita para as atividades Cana de Açúcar, Milho, Soja, Bovinos e o desmatamento.
No intuito, de evidenciar a tendência apresentada na tabela acima, onde foi estudado a
Mesorregião Norte do Estado de Mato Grosso, foi realizado os mesmos procedimentos para
as demais regiões do estado.
68
Tabela 11 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Nordeste de Mato Grosso
Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 -0,24838 -0,80016 0,180324 0,236126 0,477852 Período 2001-2005 0,222295 -0,77254 0,263058 -0,55517 -0,30026 Período 2001-2006 0,877707 -0,64149 0,193644 -0,55851 -0,55801
Período 2001-2007 0,474129 -0,78527 -0,38524 -0,53204 -0,64965 Fonte: Base de dados da pesquisa
A partir desta tabela para o período 2001 a 2007, pode-se indicar que apenas a
atividade algodão está moderadamente correlacionada ao desmate na região, enquanto que as
demais atividades estão cedendo área para outras atividades produtivas, exercendo assim uma
pressão pela desaceleração do desmatamento na região. Nessa mesma tabela, onde são
analisados os dados do período 2001 a 2006, percebe-se que a atividade produtiva algodão
nesta região está fortemente correlacionada com o desmatamento, enquanto que o milho está
correlacionado com o desmate de forma muito fraca e as demais atividades não possui relação
positiva com o desmatamento. Para o período de 2001 a 2005, somente as atividades algodão
e milho existem com uma relação positiva com o desmatamento na região Nordeste, no
entanto esta correlação e bastante fraca. Para o período 2001 a 2004, pode-se observar que as
atividades Milho, Soja e Bovinos apresentam correlação fraca/moderada em relação ao
desmatamento na região.
Tabela 12 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias
na Mesorregião do Sudoeste de Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 0,362952 -0,97941 -0,89108 -0,89387 -0,9903 Período 2001-2005 0,157975 -0,72372 -0,24995 -0,97563 -0,83755 Período 2001-2006 0,150048 -0,68582 0,113931 -0,93898 -0,70477
Período 2001-2007 -0,1268 -0,82853 -0,43229 -0,8542 -0,47187 Fonte: Base de dados da pesquisa
A partir desta tabela no período 2001 a 2007, pode-se indicar que nenhuma variável
esta relacionada ao desmate na região. Considerando o período 2001 a 2006, pode-se indicar
que apenas algodão e milho possui correlação positiva com o desmate na região, mas em
níveis muito fraco. Para o período 2001 a 2005, observa-se que apenas a área de cultivo de
algodão possui correlação positiva com o desmate na região, em níveis muito fracos. Já para o
período 2001 a 2004, pode-se evidenciar que a produção de algodão está relacionada ao
desmate da região.
69
Tabela 13 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na Mesorregião do Centro Sul de Mato Grosso
Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 0,409417 -0,68994 -0,25463 -0,41805 -0,62879 Período 2001-2005 0,357031 -0,69301 -0,36622 -0,47812 -0,65737 Período 2001-2006 0,38693 0,012748 -0,4654 -0,53967 -0,65635
Período 2001-2007 -0,04558 0,641977 -0,37352 -0,15073 -0,30973 Fonte: Base de dados da pesquisa
Na região Centro Sul de Mato Grosso no período 2001-2007, pode se observar que a
produção de Cana de Açúcar esta relacionada linearmente com o desmatamento,
correlacionada de forma positiva e forte. Os dados para período 2001-2006, pode se observar
que a produção de Algodão e Cana de Açúcar esta relacionada linearmente com o
desmatamento, correlacionada de forma fraca e muito fraca respectivamente. No período
2001-2005 na presente tabela, pode-se observar que apenas a área de cultivo de algodão
possui correlação positiva com o desmate na região, em níveis fracos. Já para o período 2001-
2004, pode-se dizer que também apenas a área de cultivo de algodão possui correlação
positiva com o desmate na região, mas em níveis moderados.
Tabela 14 – Correlação entre o Desmatamento e as principais atividades agropecuárias na mesorregião do Sudeste de Mato Grosso Desmatamento Algodão Cana Milho Soja Bovino
Período 2001-2004 0,121817 0,330753 0,239217 0,334858 0,468728 Período 2001-2005 0,512051 0,569022 0,596718 0,643113 0,380578 Período 2001-2006 0,51068 0,489182 0,198232 0,610723 0,386788
Período 2001-2007 -0,1164 0,274289 -0,56199 0,526484 0,534756 Fonte: Base de dados da pesquisa
Considerando a tabela acima, tomando por base os dados do período 2001 a 2007, pode-se
observar que as atividades Soja e Bovinos estão relacionadas com o desmate da região
sudeste, a um nível moderado, enquanto que a atividade Cana de Açúcar está relacionada com
o desmate da região ao nível de correlação fraca. Para o período 2001 a 2006, aponta que
todas as atividades agrícolas estejam relacionadas com o desmate da região sudeste, sendo
que o algodão e cana se relacionam a um nível moderado e a soja a um nível forte e ainda a
cultura do milho se relaciona a um nível muito fraco, enquanto que a atividade pecuária esta
relacionada com o desmate da região ao nível de correlação fraca. Considerando o período
2001 a 2005, na tabela é possível analisar que todas as atividades agrícolas estão relacionadas
com o desmate da região sudeste, a um nível moderado/forte, enquanto que a atividade
pecuária esta relacionada com o desmate da região ao nível de correlação fraca. Para o
70
período 2001 a 2004, pode-se observar que todas as atividades produtivas Algodão, Cana de
Açúcar, milho, Soja e a Produção de Bovino estão relacionadas com o desmatamento ao nível
bastante fraco/moderado, isto é, não muito correlacionado.
Com a finalidade de comprovar que a produção de Algodão e da Cana de Açúcar não
esta relacionada ao desmatamento, foi considerada o Método Multivariado de Análise de
Fator, que graficamente apresenta o seguinte resultado:
2,52,01,51,00,50,0-0,5-1,0
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
-0,5
-1,0
-1,5
Primeiro Fator
Segu
ndo
Fa
tor
DesmatamentoBovino
SojaMilho
Cana
Algodão
Gráfico 13 – Relação entre o Desmatamento e principais atividades produtivas em MT Fonte: Base de dados da pesquisa
Observe-se no gráfico que a produção de Cana de Açúcar não vai no mesmo sentido
que o desmatamento, enquanto que a produção de Bovino, Milho, Soja encontram-se no
mesmo sentido que o desmatamento em Mato Grosso, o algodão vai no mesmo sentido mas
de uma maneira mais lenta, esta proposta coincide com os resultados apresentados na tabela 9.
Uma pergunta ficaria no ar, qual de eles se relaciona majoritariamente ao
desmatamento?
6.2 Análise de relação causal Nesta parte será usado o método de cointegração considerando o método de Johansen,
os resultados a seguinte metodologia se apresentam a continuação:
71
Tabela 15 – Relação entre o Desmatamento no período de 2001-2007 e Atividades do Agronegócio por Mesorregião usando o teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test
Fonte: Base de dados da pesquisa
Considerando a tabela 15, pode-se constatar que a produção de Cana de Açúcar em
definitiva não explica o desmatamento no estado de Mato Grosso no período em análise,
também é possível identificar que o crescimento da produção Bovina assim como da produção
de Soja são dois fatores que influenciam no desmatamento no estado de Mato Grosso, além
disso pode-se constatar que a produção de Milho também exerce alguma influência sobre o
desmatamento em Mato Grosso, mais isto em menor escala que a produção Bovina e da Soja,
ainda em menor escala encontra-se a produção de Algodão. Confirmando-se desta forma o
indicativo apontado no gráfico 13 e na tabela 9 por Messoregião.
Tabela 16 – Relação entre o Desmatamento no período de 2001-2007e Atividades do Agronegócio por Município usando o teste VAR Grander Causality/Block Exogenety Wald Test
Fonte: Base de dados da pesquisa
72
Quando se faz uma avaliação mais ampla do problema e se avalia por Município, se
observa que o algodão não é muito responsável pelo desmatamento de Mato Grosso, isto é
devido a que esse tipo de produção é mais concentrado em certas regiões e não esta muito
disperso, em quanto a cana observa-se que é mais disperso mas em pequenas áreas, já as
outras três produções são de caráter mais extensiva.
Tabela 17 – Comparativo da evolução das atividades agropecuária em relação ao Desmate em Mato Grosso
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Algodão 257.762 412.315 328.050 290.531 470.780 482.391 392.408 560.838 Cana 135.029 166.510 176.750 196.684 206.829 205.961 202.182 219.217 Milho 562.582 536.420 723.135 880.623 941.125 1.043.815 1.079.980 1.648.671 Soja 2.906.648 3.121.353 3.818.231 4.413.271 5.279.928 6.106.654 5.822.867 5.075.079 Bovinos 18.924.532 19.921.615 22.183.695 24.613.718 25.918.998 26.651.500 26.064.332 25.683.031 Desmate 650.000 715.500 990.610 1.080.640 1.237.590 852.370 322.630 257.800
Fonte: Elaborada pelo Autor com base em dados do IBGE (SIDRA)
Ao observar a tabela acima, verifica-se que as atividades Cana de açúcar, Milho e
Bovinos tiveram um crescimento linear no período de 2001 a 2007, bem diferenciado do
comportamento do desmatamento que cresce acentuadamente no período de 2001 a 2004, e
no período de 2005 a 2007 tem uma desaceleração no incremento do desmatamento também
bastante acentuado, a qual pode ser atribuída às políticas governamentais implementadas em
2003 a nível federal e 2006 a nível estadual.
Ao observar os números da soja, pode-se verificar que existe uma semelhança ao
comportamento dos números do desmatamento, no entanto apresenta uma pequena defasagem
temporal. Já o cultivo do algodão, não assemelha com nenhuma das atividades produtivas
estudadas, demonstrando muitas oscilações no período, como pode ser observado no gráfico
abaixo.
Gráfico 14 – Evolução percentual das principais atividades agropecuária e do desmatamento em MT Fonte: Base de dados da pesquisa
73
6.3 Análise dos resultados
Uma problemática que sofre o Estado de Mato Grosso é o aumento do Desmatamento
para fins agropecuários, o grande dilema é sempre quem seja o responsável, que tipo de
produção de alguma forma estimula as queimadas e o desmatamento.
No presente trabalho se obteve como resultado importante que a produção de Cana de
Açúcar e Algodão, que são duas importantes produções do Estado de Mato Grosso, de alguma
forma, não são as responsáveis pelo incremento no desmatamento em Mato Grosso.
Não obstante, ficou constatado com as técnicas estatísticas que as produções de Milho,
Soja, e Bovino de alguma forma afetam o crescimento do desmatamento na região.
Quando se avalia a Mesorregião Norte do Estado, é possível afirmar que nenhuma das
atividades produtivas estudadas, exercem pressão sobre o desmatamento nesta região. Por
tratar de uma região que encontra-se no arco do desmatamento, que existem uma atividade
produtiva bastante intensa. Resolve-se refazer os cálculos, utilizando apenas os dados de 2001
a 2006, com o argumento de que houve uma redução muito grande no incremento no
desmatamento do ano de 2007, a análise dos dados sem 2007 evidenciou que apenas as
atividades produtivas Milho e pecuária estava relacionando com o desmatamento da região
mas ainda assim de forma muito fraca.
Tendo em vista que no ano de 2006, também havia apresentada um acentuada taxa de
redução no incremento do desmatamento de 2005 para 2006, passa a analisar somente o
período de 2001 a 2005, retirando os dados de 2006.
Ao analisar este novo período, os resultados apontam que somente a atividade
produtiva algodão não está relacionada com o desmatamento da região Norte.
Portanto, como os resultados do período 2001 a 2005 apontam no sentido contrario aos
apontados no período de 2001 a 2007, passa-se a investigar os motivos que levaram a este
novo resultado.
A primeira e importante informação obtida, foi que diante dos alarmantes índices de
desmatamento na região amazônica, no período de 2000 a 2002 e início de 2003, o Governo
Federal cria um Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para a redução dos índices de
desmatamento da Amazônia Legal, através do Decreto de N° 3 de Julho de 2003, o qual passa
a implementar o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia.
No entanto, tais medidas só começam a surtir efeitos em Mato Grosso a partir de 2005,
quando pode-se notar uma redução acentuada da taxa de desmatamento, ficando próximo de
74
31% em relação ao ano anterior. Pode-se observar que essa tendência na redução do
desmatamento, continuou em ritmo acelerado nos anos seguintes 2006 e 2007.
Outra relevante intervenção foi em 2006, quando o governo do estado de Mato Grosso
coloca em ação o Plano de Desenvolvimento de Mato Grosso MT + 20, que busca regularizar
a ocupação do solo Matogrossense e implementa medidas de preservação do meio ambiente.
Com tais medidas e intensificação do combate ao desmatamento, através da
fiscalização estadual e federal, houve redução do desmatamento em níveis bem maior que a
redução apresentada nas atividades produtivas, desta forma os resultados apresentados nos
anos 2005, 2006 e 2007 foram retirados nas analises por Mesorregião.
Quando se avalia a Mesorregião Nordeste não houve evidencias para identificar
alguma produção que possa registrar como motivador pelo crescimento do desmatamento. O
mesmo acontece com a Mesorregião de Sudoeste.
Na Mesorregião Centro Sul, observa-se que a produção de cana de açúcar é aquele que
registrou como motivador pelo crescimento do desmatamento na região.
Quando se avalia a Mesorregião Sudeste, se constatou que a produção de Soja e de
Bovino são os responsáveis pelo crescimento do desmatamento da região.
Diante dos resultados apresentados com a utilização dos Métodos coeficiente de
correlação de Pearson e o método de Analise de Fator, foi possível identificar que tipo de
produção em estudo esta relacionada ou associada ao desmatamento.
No entanto, é evidente que esta pesquisa, buscou descobrir qual tipo de produção afeta
ou estimula ao desmatamento no estado de Mato Grosso. Para tanto, passou a realizar a
aplicação do método de cointegração, o qual apresentou resultados dos quais foram possíveis
inferir, se historicamente o desmatamento tem um comportamento parecido com algum tipo
de produção importante de Mato Grosso, isto é, se o desmatamento cresce é porque algum
fator de produção cresce quase na mesma proporção.
Com a finalidade de investigar efetivamente quem é o responsável do desmatamento,
com a análise de cointegração se constatou que a produção de soja, milho e bovinos é quem
esta estimulando ao desmatamento no Estado de Mato Grosso no período 2001 a 2007.
Desta forma, é possível visualizar a distribuição da responsabilidade do desmatamento
por Mesorregiões em Mato Grosso, conforme apresentado na figura 5 abaixo:
75
Figura 5 – Distribuição das principais produtos por Mesorregiões no Estado de Mato Grosso.
Fonte: Base de dados da pesquisa
Na mesorregião Norte do estado de Mato Grosso, concentra a maior área de floresta
do estado, desta forma ficou evidenciada que as atividades produtivas Soja, Milho e Bovinos,
são as atividades que exercem diretamente pressão sob o desmatamento na região.
Na mesorregião Nordeste do estado de Mato Grosso, onde possui uma das maiores
reservas indígenas do estado, em área que concentra a maior parte das florestas da região e
que o restante da região é composta de cerrado, os resultados ali apresentados, não apontam
nenhuma ação da atividade produtiva sobre o desmatamento.
Na mesorregião Sudoeste do estado, por ser um região já aberta a mais tempo, não
houve grande incidência de desmatamentos no período em estudo, portanto os resultados
apurados neste período também não apontam nenhuma ação da atividade produtiva sobre o
desmatamento nesta região.
Já na Mesorregião Centro-Sul do estado de Mato Grosso, foi possível identificar uma
forte ação da atividade produtiva Cana de Açúcar sobre o desmatamento da região. Vale
ressaltar que nesta região, já quase não possui mais florestas nativa.
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Por fim, na mesorregião Sudeste do estado de Mato Grosso, os resultados apontam que
as atividades produtiva bovino e soja são as responsáveis pelo desmatamento na região.
7. CONSIDERACÕES FINAIS
Dentre relevantes atividades produtivas praticadas nos municípios de Mato Grosso
(Sojicultura, Canavieira, algodoeira e Pecuária), a pesquisa buscou encontrar causas do
desmatamento. Em outras palavras, investigou-se se a variação, entre 2001 e 2007, na área de
produção de cada dessas atividades, provocou ou não efeitos positivos ou diretos sobre o
desmatamento nos municípios mato-grossenses, no período de 2001 a 2007. Com base nos
indicadores de desmatamento de Mato Grosso dos anos mais recentes, as hipóteses
formuladas foram que a natureza dessas influências é positiva ou direta. As evidências
amostrais, efetivamente, revelaram que a hipótese (o efeito da alta variação na área de
produção de soja sobre o desmatamento) revelou ser significativa, como demonstrado nas
tabelas 9 e 33.
Do ponto de vista empírico, esse resultado foi obtido graças à expansão da agricultura
e vendas de sementes de soja no estado de mato-grossense nos anos mais recentes, enquanto a
produção bovino, cresceu bastante no periodo entre 2001 a 2007, exibindo desempenho muito
acima dos padrões convencionais, que coloca o Estado como um dos mais importantes no
cenário nacional. Salienta-se que, ao sabor dessa dinâmica, as áreas desmatadas foram
ocupadas inicialmente com pastagens, assegurando à pecuária a condição de atividade
predominante no uso e ocupação de terras novas, com expressivo crescimento das áreas de
pastagens plantadas, refletindo a grande evolução do rebanho bovino em Mato Grosso. Esta
expansão da pecuária nas terras do Estado deve ter sido impulsionada pela demanda do
mercado externo (nacional e inernacional) que, conforme as evidências amostrais deste estudo
sugerem, exercem influência indireta sobre o aumento do desmatamento, restringindo, em
função disso, a presença de indicadores de desenvolvimento sustentável da economia
agropecuária do Estado.
Portanto, a expansão da pecuária mato-grossense nos últimos anos está relacionada à
dinâmica do mercado nacional e internacional, além das características da estrutura fundiária
do Estado, moldadas pela presença de número expressivo de latifúndios que, por seu turno,
define escala produtiva causadora de degradações ambientais. Essa escala, muito
provavelmente, é incompatível com a capacidade de sustentação do ecossistema total,
atuando, desse modo, como fator limitante para o crescimento e o desenvolvimento
econômico de Mato Grosso, conforme preceitua a economia ecológica. Assim, para se atingir
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a sustentabilidade da pecuária bem como de outras relevantes atividades para a economia do
Estado, seria necessária a implementação de uma política agrícola diferenciada, contemplando
as suas características geográficas, ambientais, econômicas e sociais.
Contudo, os resultados econométricos tenham apontado a Pecuária e a produção de
Soja e Milho, como os principais responsáveis pelo desmatamento em Mato Grosso no
período de 2001 a 2007, não se deve omitir que a produção de Cana de Açúcar e a de algodão,
também devem ser responsabilizadas pelo desmatamento, pois, se, de um lado, a conversão
em pastos de áreas dos três ecossistemas existentes no Estado (cerrado, florestas e pantanal),
ao implicar em crescimento econômico, de outro lado, a posterior conversão desses pastos em
atividades agrícolas, implica que a atividade canavieira e a algodoeira também causam, do
ponto de vista funcional, efeitos sobre o desmatamento e queimadas. Essa conversão molda e
define relevantes caracteres do crescimento ora sendo praticado na economia agropecuária
mato-grossense. Esses caracteres se particularizam pela acentuada presença de sérios
impactos sobre o meio ambiente físico e social, com destaque para as mudanças climáticas,
degradação do solo, diminuição da biodiversidade, dentre outros. Ratificando essa inferência,
com foco no cenário amazônico do País, Margulis (2001) descreve que o principal fator do
desmatamento é a pecuária, pois afirma que sem a conversão inicial do solo da Amazônia em
pastagens é impossível se plantar soja, algodão herbáceo, milho e até mesmo a cana de
açúcar.
No entanto este estudo, indica que a produção de soja, Milho e Pecuária se relacionam
de forma direta e positiva com o desmatamento do Estado de Mato Grosso, mas que é bem
possível que não existe um único agente ou atividade econômica responsável pelo
desmatamento no estado de mato grosso, mas sim um conjunto de fatores, como política de
ocupação do território, atividades agropecuária, abertura de estradas entre outras que
necessitam serem melhores investigadas. Ainda pode-se estudar a influência dos preços dos
produtos ou commodity no avanço da fronteira agrícola. Afinal o que explica o desmatamento
da região Amazônica?
79
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ANEXOS
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Tabela A - Quantidade produzida, valor da Produção, área plantada e área colhida da lavoura temporária Variavel = Área Plantada (hectare) Lavoura temporária = Soja(em grão) Período = 2000 até 2007
Município 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Acorizal - MT - - - - - - - - Água Boa - MT 10.383 15.691 17.395 32.577 44.800 50.000 48.000 26.770 Alta Floresta - MT - 300 200 600 117 810 1.015 - Alto Araguaia - MT 15.000 15.000 20.600 26.300 31.409 40.048 34.555 13.978 Alto Boa Vista - MT - - - 500 1.270 1.200 1.000 1.500 Alto Garças - MT 56.077 70.000 69.000 85.780 79.000 90.000 92.000 71.000 Alto Paraguai - MT 2.470 2.800 5.180 5.038 8.460 6.660 8.140 6.690 Alto Taquari - MT 61.000 57.000 63.000 65.000 85.000 80.000 69.000 44.449 Apiacás - MT - - - 10 - - - - Araguaiana - MT 770 600 - - 600 - - - Araguainha - MT - - - - - 527 300 - Araputanga - MT - - - - - - - - Arenápolis - MT 120 - - 500 500 500 1.000 - Aripuanã - MT - - - 10 - - - - Barão de Melgaço - MT - - - - - - - - Barra do Bugres - MT - - - 250 2.473 5.127 3.906 2.500 Barra do Garças - MT 2.200 2.400 3.000 6.193 14.103 17.611 19.878 14.516 Bom Jesus do Araguaia - MT - 660 4.000 9.000 7.000 25.000 18.000 24.900 Brasnorte - MT 52.660 65.000 78.200 95.000 118.090 159.139 140.000 83.000 Cáceres - MT - - - - 520 3.000 3.483 3.000 Campinápolis - MT - - - 690 730 300 - - Campo Novo do Parecis - MT 291.070 283.000 300.000 320.186 325.882 343.301 350.000 298.000 Campo Verde - MT 95.000 75.000 118.501 130.720 150.600 161.206 147.200 120.000 Campos de Júlio - MT 110.000 125.923 152.162 174.379 197.951 214.915 229.943 152.157 Canabrava do Norte - MT - 400 1.700 3.000 9.000 12.000 9.000 3.500 Canarana - MT 35.000 41.250 53.000 69.880 95.000 110.117 89.759 80.000
85
Carlinda - MT - - 240 301 281 90 - - Castanheira - MT - - - - - - - - Chapada dos Guimarães - MT 5.116 1.650 5.346 8.208 12.022 16.000 17.859 7.950 Cláudia - MT 300 2.990 4.500 9.656 13.758 38.046 28.500 15.000 Cocalinho - MT 290 1.742 150 5.891 8.560 4.000 1.950 450 Colíder - MT 400 - - - 330 330 400 200 Colniza - MT - - - - - - - - Comodoro - MT 4.620 7.700 8.500 10.000 19.917 40.000 48.940 44.000 Confresa - MT - - - - - - - - Conquista D'Oeste - MT - - - - 1.600 1.640 1.500 500 Cotriguaçu - MT - - - - - - - - Cuiabá - MT - - - - - - - - Curvelândia - MT - - - 40 70 70 400 - Denise - MT - - - - - - - - Diamantino - MT 200.000 202.000 220.542 259.327 290.410 300.000 276.000 276.660 Dom Aquino - MT 25.255 25.395 28.050 29.800 33.000 33.000 30.360 26.500 Feliz Natal - MT 350 1.000 2.500 2.434 14.600 24.022 34.379 42.000 Figueirópolis D'Oeste - MT - - - - - - - - Gaúcha do Norte - MT 8.550 6.000 - 12.000 22.000 27.762 30.000 37.000 General Carneiro - MT 36.450 36.000 36.000 36.083 50.506 68.848 38.155 50.600 Glória D'Oeste - MT - - - 77 171 17 - - Guarantã do Norte - MT - - 500 900 1.320 1.500 560 350 Guiratinga - MT 49.250 43.000 49.660 49.660 57.350 67.410 63.000 59.500 Indiavaí - MT - - - - - - - - Ipiranga do Norte - MT - - - - - 140.264 140.000 120.000 Itanhangá - MT - - - - - 46.000 43.000 34.480 Itaúba - MT 1.800 3.500 3.373 6.500 10.245 22.580 17.300 16.800 Itiquira - MT 118.500 113.500 136.000 142.000 175.000 200.480 163.000 180.000 Jaciara - MT 23.500 19.500 23.550 25.200 25.800 37.300 31.450 24.300 Jangada - MT 405 550 300 1.000 700 300 250 300 Jauru - MT - - - - - - - - Juara - MT - 150 - - - - - - Juína - MT - - - 46 46 700 400 - Juruena - MT - - - - - - - - Juscimeira - MT 14.270 15.000 15.000 22.460 31.200 35.840 30.464 31.670 Lambari D'Oeste - MT 13 264 500 312 740 1.805 2.850 1.700 Lucas do Rio Verde - MT 160.000 175.000 180.000 200.500 216.237 221.906 224.420 215.535 Luciára - MT - - - - 200 - - - Marcelândia - MT - 200 500 1.500 3.610 4.000 4.000 3.400 Matupá - MT 50 1.700 2.500 3.028 3.915 4.632 2.000 1.400 Mirassol d'Oeste - MT - - - 800 1.550 1.500 500 1.350 Nobres - MT 4.300 2.550 3.000 5.010 2.500 29.590 12.860 6.000 Nortelândia - MT 5.981 7.525 11.876 11.460 13.514 16.576 14.696 11.091
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Nossa Senhora do Livramento - MT - - - - - - - - Nova Bandeirantes - MT - - - - - - - - Nova Brasilândia - MT - - 190 180 2.970 1.500 1.200 - Nova Canaã do Norte - MT - 300 300 1.200 2.490 3.000 4.220 3.200 Nova Guarita - MT - 200 300 1.350 1.886 6.000 2.000 2.000 Nova Lacerda - MT 800 480 480 4.500 5.000 1.360 1.100 7.000 Nova Marilândia - MT 10.500 10.924 11.293 13.858 14.450 17.040 12.430 6.000 Nova Maringá - MT 14.000 15.020 24.810 46.000 35.240 61.625 63.580 50.224 Nova Monte Verde - MT - - - - - - - - Nova Mutum - MT 175.500 160.000 195.000 245.045 297.120 333.780 329.242 310.000 Nova Nazaré - MT - - 710 2.860 4.000 2.620 2.000 1.230 Nova Olímpia - MT - - - - - - - - Nova Santa Helena - MT - - 677 - 350 1.100 2.000 1.500 Nova Ubiratã - MT 85.200 57.669 123.150 126.911 160.946 193.135 226.026 205.557 Nova Xavantina - MT 16.000 18.000 20.000 26.912 36.250 36.000 26.416 20.000 Novo Horizonte do Norte - MT - - - - - - - - Novo Mundo - MT - 1.000 2.200 3.175 6.509 5.427 2.430 2.000 Novo Santo Antônio - MT - - - - - - - - Novo São Joaquim - MT 127.105 27.680 58.200 68.100 78.250 80.000 60.000 57.000 Paranaíta - MT - 300 526 1.000 1.532 848 500 - Paranatinga - MT 6.085 13.450 20.235 33.532 58.000 71.520 47.000 42.000 Pedra Preta - MT 42.244 29.607 40.000 36.000 37.500 38.288 37.500 34.000 Peixoto de Azevedo - MT - 200 700 1.550 2.730 3.010 1.000 800 Planalto da Serra - MT - 300 2.000 4.800 8.500 2.800 5.000 350 Poconé - MT - - - - 340 300 - - Pontal do Araguaia - MT - - - - - - - - Ponte Branca - MT - - - - 400 420 420 - Pontes e Lacerda - MT - - - 17 640 4.950 4.000 3.700 Porto Alegre do Norte - MT 18 - - 1.370 6.050 7.300 9.884 3.900 Porto dos Gaúchos - MT 1.500 2.800 7.000 8.000 31.975 47.001 30.800 28.950 Porto Esperidião - MT - - - 5 - 280 260 260 Porto Estrela - MT - 180 220 - 726 1.060 1.300 1.100 Poxoréo - MT 35.000 35.000 37.450 45.400 48.000 51.000 40.800 39.800 Primavera do Leste - MT 170.000 183.000 220.000 251.500 262.680 278.189 220.000 200.000 Querência - MT 14.400 21.200 27.000 48.330 80.000 115.716 145.000 145.000 Reserva do Cabaçal - MT - - - - - - - - Ribeirão Cascalheira - MT - - 6.000 4.640 5.500 15.000 9.500 6.500 Ribeirãozinho - MT 7.140 7.300 7.500 10.700 12.000 12.000 12.500 8.940 Rio Branco - MT - - - - - 121 150 -
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Rondolândia - MT - - - - - - - - Rondonópolis - MT 49.500 42.000 55.000 54.550 68.383 68.300 69.000 59.000 Rosário Oeste - MT 600 1.500 200 200 3.600 4.500 1.600 1.600 Salto do Céu - MT - - - 740 560 500 500 - Santa Carmem - MT 4.752 9.729 17.477 25.958 34.787 59.221 38.700 30.960 Santa Cruz do Xingu - MT - - - 1.000 2.000 6.000 6.500 3.200 Santa Rita do Trivelato - MT - 65.000 84.700 90.000 120.120 129.670 157.710 144.000 Santa Terezinha - MT 70 70 70 700 - 4.000 2.500 2.500 Santo Afonso - MT 100 484 - - 600 720 550 1.200 Santo Antônio do Leste - MT - 94.490 94.400 110.000 120.268 130.634 125.100 113.000 Santo Antônio do Leverger - MT 2.647 8.000 2.698 17.811 24.360 28.879 17.723 16.778 São Félix do Araguaia - MT - - - 3.542 3.500 18.650 14.150 10.500 São José do Povo - MT - - - - - - - - São José do Rio Claro - MT 32.000 35.537 66.056 51.585 66.793 79.642 83.262 71.599 São José do Xingu - MT 500 - - - 6.500 6.500 6.000 6.000 São José dos Quatro Marcos - MT - - - - 470 1.400 1.550 1.500 São Pedro da Cipa - MT - - - - - - - - Sapezal - MT 209.560 243.406 293.052 322.584 347.150 376.877 367.350 324.600 Serra Nova Dourada - MT - - - - 5.300 7.000 - - Sinop - MT 12.000 20.000 30.000 38.400 84.495 130.326 115.000 80.000 Sorriso - MT 360.000 390.000 475.000 523.000 547.867 582.356 597.858 543.000 Tabaporã - MT 1.500 6.000 9.252 12.400 39.200 69.914 87.000 52.200 Tangará da Serra - MT 27.650 24.213 30.000 32.500 45.000 71.061 55.000 48.000 Tapurah - MT 81.000 133.555 190.000 219.000 260.800 108.706 97.813 112.274 Terra Nova do Norte - MT - 300 700 1.700 3.287 4.390 2.324 1.395 Tesouro - MT 12.200 13.000 15.000 15.000 26.650 29.000 29.000 24.357 Torixoréu - MT 6.620 6.474 7.000 6.910 8.000 8.689 9.231 7.039 União do Sul - MT - - 160 175 1.500 5.615 6.000 3.800 Vale de São Domingos - MT - - - - - 1.130 - 1.550 Várzea Grande - MT - - - - - - - - Vera - MT 9.307 21.100 23.000 30.000 71.547 81.535 98.366 70.000 Vila Bela da Santíssima Trindade - MT - - - - 500 4.450 7.450 6.800 Vila Rica - MT - - - - 1.000 2.000 2.000 2.520
Fonte: IBGE Produção Agrícola Municipal (2008)
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Fonte: IBGE – PAM (2008)
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Fonte: IBGE – PAM(2008)
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Fonte: IBGE- PAM ( 2008 )
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Tabela E – Efetivo do Rebanho Bovino/área de pastagem plantada/nativo Variavel = Área Plantada Pastagem (hectare) Criação de Bovinos Período = 2000 até 2007
Município 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Acorizal - MT 60.178 32.000 32.901 39.750 42.912 51.162 43.189 40.154
Água Boa - MT 380.866 351.920 419.348 394.386 390.597 388.200 420.325 417.360
Alta Floresta - MT 519.887 539.676 569.134 657.834 723.871 753.434 732.246 748.572
Alto Araguaia - MT 158.185 140.838 157.099 196.314 195.175 188.549 159.073 158.284
Alto Boa Vista - MT 92.023 59.444 74.785 83.839 82.125 93.410 101.432 102.963
Alto Garças - MT 96.971 70.000 73.449 73.650 59.733 61.967 57.636 58.210
Alto Paraguai - MT 57.342 52.898 54.529 71.148 78.517 77.822 71.476 58.916
Alto Taquari - MT 37.182 30.000 34.770 34.200 30.048 26.163 25.577 25.500
Apiacás - MT 75.580 84.382 103.307 127.063 176.485 198.253 199.950 196.569
Araguaiana - MT 230.918 203.800 196.008 247.859 268.740 283.538 253.453 264.056
Araguainha - MT 22.160 23.717 30.444 25.394 27.388 26.409 28.487 27.399
Araputanga - MT 191.117 204.508 209.775 223.590 230.244 210.274 196.063 190.415
Arenápolis - MT 41.831 36.770 39.694 43.644 40.732 38.954 36.231 42.674
Aripuanã - MT 226.161 155.185 214.870 232.176 319.447 393.136 430.864 389.132
Barão de Melgaço - MT 139.520 129.529 136.114 155.828 153.520 148.390 150.251 153.144
Barra do Bugres - MT 208.982 211.358 223.932 236.047 253.106 247.365 214.046 220.845
Barra do Garças - MT 398.230 403.230 441.788 452.195 468.378 476.019 420.030 419.710 Bom Jesus do Araguaia - MT - 13.907 46.092 96.010 95.639 103.193 139.038 144.036
Brasnorte - MT 243.168 255.000 302.671 334.729 348.602 352.826 319.608 308.852
Cáceres - MT 636.517 710.000 735.756 892.348 943.577 995.076 932.083 832.292
Campinápolis - MT 167.277 186.138 205.994 231.653 244.838 251.844 240.571 230.732 Campo Novo do Parecis - MT 42.841 43.666 37.586 34.374 37.055 37.587 35.615 43.154
Campo Verde - MT 109.481 100.000 114.439 125.995 119.458 125.047 78.995 73.299
Campos de Júlio - MT 8.750 10.836 11.224 13.924 16.028 13.895 16.757 14.567 Canabrava do Norte - MT 144.621 139.894 163.327 159.800 182.673 207.630 223.738 174.903
Canarana - MT 297.241 320.553 323.236 347.071 347.630 322.125 321.926 359.521
Carlinda - MT 157.428 185.617 209.540 250.425 252.874 243.997 220.403 236.604
Castanheira - MT 226.099 243.208 277.504 282.014 336.207 374.457 363.007 334.125 Chapada dos Guimarães - MT 110.112 110.112 129.843 149.657 158.209 163.866 158.862 147.504
Cláudia - MT 43.600 45.788 50.814 49.708 47.372 43.056 43.062 42.201
Cocalinho - MT 273.169 271.169 294.987 326.825 371.649 364.900 349.291 371.092
Colíder - MT 311.607 322.679 345.341 378.416 401.578 384.443 345.081 320.921
Colniza - MT - 32.138 47.013 81.043 96.960 152.714 197.001 217.796
Comodoro - MT 315.354 236.751 247.294 280.000 273.485 281.244 279.036 280.809
Confresa - MT 173.369 184.569 203.240 294.887 351.045 368.361 409.500 369.014
Conquista D'Oeste - MT - 41.696 38.499 36.978 53.673 59.299 54.557 51.014
99
Cotriguaçu - MT 38.492 42.175 64.354 83.259 116.894 142.009 187.381 208.111
Cuiabá - MT 90.000 88.452 89.790 102.989 101.965 111.375 114.932 109.783
Curvelândia - MT - 33.904 37.650 51.321 51.483 50.206 49.302 49.628
Denise - MT 65.334 65.334 66.004 69.348 70.132 74.206 68.217 68.367
Diamantino - MT 74.699 83.303 83.363 89.629 87.709 90.751 91.211 82.330
Dom Aquino - MT 83.984 83.984 95.007 101.875 96.220 99.327 99.440 86.279
Feliz Natal - MT 11.780 15.066 13.401 11.130 9.980 11.291 14.158 13.022 Figueirópolis D'Oeste - MT 113.377 105.000 120.671 138.826 127.599 127.426 124.301 119.215
Gaúcha do Norte - MT 130.357 145.498 174.936 177.863 188.471 197.711 190.000 173.979
General Carneiro - MT 111.245 113.249 118.497 118.374 112.784 127.917 105.379 107.577
Glória D'Oeste - MT 71.711 85.231 91.687 102.114 107.605 99.977 87.002 89.991 Guarantã do Norte - MT 181.512 225.227 266.874 264.479 274.929 266.670 257.250 278.219
Guiratinga - MT 114.694 116.000 131.978 147.766 140.155 133.897 134.662 134.311
Indiavaí - MT 47.934 52.565 55.719 57.112 58.910 66.548 59.202 58.201
Ipiranga do Norte - MT - - - - - 28.000 11.728 17.639
Itanhangá - MT - - - - - 11.000 15.977 32.137
Itaúba - MT 168.813 126.337 127.600 140.107 145.273 141.865 124.402 125.289
Itiquira - MT 269.022 242.000 276.825 306.634 254.261 233.092 216.124 227.324
Jaciara - MT 90.890 84.784 91.074 84.537 72.944 73.076 67.834 67.701
Jangada - MT 39.950 36.927 51.494 59.781 59.945 65.132 61.325 49.777
Jauru - MT 140.000 156.000 186.520 205.257 201.039 192.782 174.394 178.414
Juara - MT 720.717 740.776 789.300 874.413 919.964 915.161 894.127 813.217
Juína - MT 410.863 428.941 472.639 509.494 533.199 564.408 533.595 532.901
Juruena - MT 91.124 91.758 106.560 96.083 108.428 129.756 153.971 162.012
Juscimeira - MT 152.347 137.160 164.598 157.099 154.622 150.660 135.886 142.449
Lambari D'Oeste - MT 96.000 115.024 112.419 141.636 147.503 152.205 139.965 121.704 Lucas do Rio Verde - MT 27.537 25.044 24.762 20.501 17.044 15.456 15.543 27.789
Luciára - MT 26.862 28.000 31.007 44.446 39.086 41.963 40.452 39.709
Marcelândia - MT 118.530 128.154 159.457 177.208 189.350 197.548 188.273 180.850
Matupá - MT 93.303 127.156 131.129 166.740 176.826 183.994 192.345 189.892
Mirassol d'Oeste - MT 99.496 111.777 131.780 142.329 150.361 142.745 140.453 139.907
Nobres - MT 71.500 74.222 78.743 103.007 98.266 104.346 103.196 94.624
Nortelândia - MT 46.626 49.105 52.881 54.972 49.302 47.487 47.988 42.071 Nossa Senhora do Livramento - MT 105.083 101.083 116.018 176.184 167.322 174.517 128.671 162.333 Nova Bandeirantes - MT 88.346 119.375 149.150 169.984 201.877 252.525 294.286 344.010
Nova Brasilândia - MT 94.178 94.142 97.152 145.532 138.589 142.093 141.871 141.984 Nova Canaã do Norte - MT 262.182 312.392 334.398 363.283 392.884 397.974 386.629 366.890
Nova Guarita - MT 84.352 89.811 111.232 120.549 135.224 138.587 134.439 122.602
Nova Lacerda - MT 74.300 152.381 139.204 142.244 157.342 161.727 148.376 157.096
Nova Marilândia - MT 73.645 83.276 86.229 97.564 100.147 100.300 91.692 85.492
Nova Maringá - MT 52.156 61.876 75.325 78.593 77.908 78.871 81.237 73.753
Nova Monte Verde - MT 167.380 198.941 244.739 260.536 301.039 336.538 341.268 339.766
Nova Mutum - MT 139.072 98.275 114.384 109.244 112.335 104.897 114.637 133.776
100
Nova Nazaré - MT - 49.311 63.913 65.756 60.633 64.979 74.906 69.775
Nova Olímpia - MT 59.334 59.696 68.063 68.619 68.619 69.591 67.890 65.407 Nova Santa Helena - MT - 121.782 123.609 125.500 136.037 126.536 132.624 123.246
Nova Ubiratã - MT 19.086 24.403 31.324 30.500 39.619 31.666 47.299 69.465
Nova Xavantina - MT 222.513 243.970 274.800 276.594 270.929 283.373 259.140 254.307 Novo Horizonte do Norte - MT 60.000 66.948 78.794 82.672 93.279 94.294 86.808 84.552
Novo Mundo - MT 92.773 124.842 195.662 249.277 294.515 319.661 317.643 306.634 Novo Santo Antônio - MT - 4.115 10.025 13.687 14.292 18.646 19.427 21.453 Novo São Joaquim - MT 219.145 173.415 194.713 202.218 216.561 236.388 223.960 236.999
Paranaíta - MT 133.136 133.136 181.332 224.165 288.117 320.394 331.603 328.432
Paranatinga - MT 316.497 355.926 409.852 454.784 473.473 483.383 473.577 473.760
Pedra Preta - MT 249.009 249.009 263.093 278.002 261.201 256.786 252.459 252.519 Peixoto de Azevedo - MT 107.540 157.545 157.436 202.584 254.839 276.046 269.599 262.222
Planalto da Serra - MT 66.804 80.447 88.205 104.072 119.674 106.167 86.738 79.435
Poconé - MT 290.761 290.761 346.468 384.281 417.280 403.935 385.646 374.293 Pontal do Araguaia - MT 94.859 97.319 106.501 104.083 125.706 132.965 112.940 108.065
Ponte Branca - MT 22.110 22.617 26.458 27.593 29.298 27.514 24.522 24.689
Pontes e Lacerda - MT 536.457 545.936 544.916 610.898 639.389 657.876 619.661 553.688 Porto Alegre do Norte - MT 76.929 85.651 84.636 92.556 103.320 108.558 109.405 104.723 Porto dos Gaúchos - MT 97.069 107.935 127.745 145.554 150.807 161.964 139.224 151.777
Porto Esperidião - MT 284.511 338.859 410.628 493.669 496.594 514.515 495.563 465.265
Porto Estrela - MT 73.000 76.930 93.118 98.371 116.081 105.864 104.426 99.854
Poxoréo - MT 241.572 260.000 291.903 304.610 300.752 300.907 291.289 284.249 Primavera do Leste - MT 66.956 52.934 54.778 56.291 54.519 55.591 52.681 66.074
Querência - MT 160.348 176.841 193.611 186.611 167.497 153.584 193.743 201.808 Reserva do Cabaçal - MT 24.200 28.660 28.917 28.611 31.574 31.614 29.978 29.074 Ribeirão Cascalheira - MT 204.396 205.471 223.964 256.637 267.939 263.773 262.167 270.710
Ribeirãozinho - MT 22.403 22.685 24.118 26.690 28.816 26.660 27.059 27.851
Rio Branco - MT 47.139 50.555 54.814 58.272 58.287 61.404 53.598 47.608
Rondolândia - MT - 135.983 165.094 202.185 219.936 235.381 268.169 262.871
Rondonópolis - MT 293.374 293.374 310.952 319.369 310.484 298.862 287.518 288.209
Rosário Oeste - MT 162.979 143.171 180.414 232.587 228.658 237.490 214.953 203.321
Salto do Céu - MT 127.903 123.068 134.723 156.314 151.897 146.466 125.757 119.250
Santa Carmem - MT 26.685 32.114 33.299 25.437 27.426 30.611 32.313 38.441 Santa Cruz do Xingu - MT - 14.039 89.504 101.939 92.887 96.942 109.536 108.192 Santa Rita do Trivelato - MT - 20.139 28.028 28.938 27.429 26.175 24.416 24.940
Santa Terezinha - MT 112.819 96.399 98.349 131.605 145.228 171.116 165.941 188.158
Santo Afonso - MT 60.728 65.295 65.532 85.906 90.258 80.942 76.641 80.600 Santo Antônio do Leste - MT - 57.337 57.337 52.040 53.277 49.185 48.733 46.375 Santo Antônio do Leverger - MT 411.000 425.000 409.191 387.621 412.535 435.424 411.175 409.452
101
São Félix do Araguaia - MT 240.179 206.346 233.162 199.428 209.728 196.450 221.932 229.005
São José do Povo - MT 51.738 55.677 62.688 64.107 66.305 64.914 61.090 58.091 São José do Rio Claro - MT 63.260 78.134 80.107 86.125 84.421 87.336 85.617 88.332
São José do Xingu - MT 369.232 364.954 325.943 347.494 348.287 362.992 357.789 333.172 São José dos Quatro Marcos - MT 154.707 146.000 154.787 178.592 187.972 187.855 173.621 173.406
São Pedro da Cipa - MT 15.337 14.297 15.951 19.492 18.310 17.482 14.377 13.125
Sapezal - MT 43.576 36.382 39.329 38.156 36.320 40.842 38.586 37.896 Serra Nova Dourada - MT - 4.616 13.219 17.738 17.124 16.632 51.874 51.080
Sinop - MT 61.941 59.014 58.572 61.597 61.000 61.771 58.365 66.879
Sorriso - MT 63.135 68.000 66.723 62.908 65.148 57.829 62.666 71.226
Tabaporã - MT 103.111 118.729 132.873 149.752 168.959 169.103 179.476 180.852
Tangará da Serra - MT 249.779 205.533 283.980 303.683 298.238 290.822 275.406 264.609
Tapurah - MT 92.215 106.000 125.197 127.397 99.179 49.199 77.478 60.736 Terra Nova do Norte - MT 193.700 201.000 213.596 245.272 287.288 291.127 257.627 244.779
Tesouro - MT 64.096 63.006 78.056 84.400 82.588 83.122 80.978 78.378
Torixoréu - MT 106.250 117.623 123.547 129.229 137.648 130.328 126.524 127.655
União do Sul - MT 19.432 20.787 23.531 33.149 39.288 40.268 39.354 35.275 Vale de São Domingos – MT - 27.385 66.542 87.230 72.597 79.155 86.376 77.204
Várzea Grande - MT 16.930 16.930 19.463 20.439 25.834 27.138 26.314 21.031
Vera - MT 24.590 25.330 27.533 21.209 17.537 22.525 18.133 18.478 Vila Bela da Santíssima Trindade - MT 515.000 585.000 648.701 807.827 863.079 890.100 872.290 839.469
Vila Rica - MT 355.129 334.573 401.479 426.580 526.000 594.661 616.151 646.150
Fonte: IBGE Pesquisa Pecuária Municipal
102
103
104
Fonte: INPE (Prodes Digital)
105
Tabela G - Divisão, político - administrativa, lei e data de criação dos municípios, área e localização geográfica - MT/2000.
Código Municípios
Data Lei Área
Criação Número Geográfica km² Capital (km)
Total Estadual 909.939,09
1 MR 488.153
1 1 MR 129.783,48
1 1 1 Aripuanã 31/12/43 545 62.859,26 992,30
1 1 2 Brasnorte 05/09/86 5047 11.885,45 567,80
1 1 3 Castanheira 04/07/88 5320 3.678,68 768
1 1 4 Cotriguaçu 20/12/91 5912 8.938,39 920,30
1 1 5 Colniza 26/11/98 7.064 - 1.044,10
1 1 6 Juína 09/05/82 4456 26.351,89 724,50
1 1 7 Juruena 04/07/88 5313 3.368,81 880,30
1 1 8 Rondolândia 28/01/98 6.984 12.701,00 1.133,00
1 2 MR 54.723,88
1 2 1 Alta Floresta 18/12/79 4.157 9.310 757,10
1 2 2 Apiacás 06/07/88 5.322 20.630 964,10
1 2 3 Carlinda 31/12/95 9.100/95 2.426,90 727,10
1 2 4 Nova Bandeirantes 20/12/91 5.903 9.601 980,10
1 2 5 Nova Monte Verde 20/12/91 5.915 7.898 919,60
1 2 6 Paranaíta 13/05/86 5.004 4.857 806,10
1 3 MR 42.191,00
1 3 1 Colider 18/12/79 3.746 4.026,00 617,10
1 3 2 Guarantã do Norte 13/05/86 5.008 2.440,00 690,60
1 3 3 Matupá 04/07/88 5.317 7.213,00 665,60
1 3 4 Nova Canaã do Norte 13/05/86 4.997 4.951,00 665,10
1 3 5 Nova Guarita 19/12/91 5.899 1.114,00 667,10
1 3 6 Novo Mundo 31/12/95 9.100/95 5.887,00 720,60
1 3 7 Peixoto de Azevedo 13/05/86 4.999 14.384,00 661,60
1 3 8 Terra Nova do Norte 13/05/86 4.995 2.176,00 617,10
1 4 MR 63.738,00
1 4 1 Campo Novo do Parecis 04/07/88 5.315 15.308,00 384,50
1 4 2 Campos de Júlio 31/12/95 9.100/95 6.773,00 710
1 4 3 Comodoro 13/05/86 5.000 22.252,00 656,60
1 4 4 Diamantino 24/10/1818 C. Régia 1811 5.713,00 199,60
1 4 5 Sapezal 31/12/95 9.100/95 13.692,00 480
1 5 MR 46.760,00
1 5 1 Juara 23/09/81 4.349 22.610,00 628,30
1 5 2 Nova Maringá 19/12/91 5.878 9.488,00 391,60
1 5 3 Novo Horizonte do Norte 13/05/86 5.013 897,00 595,30
1 5 4 Porto dos Gaúchos 11/11/73 1.945 755,00 576,30
1 5 5 São José do Rio Claro 20/12/79 4.161 4.511,00 315,60
1 5 6 Tabaporã 20/12/91 5.913 8.499,00 643,20
1 6 MR 54.053,00
1 6 1 Lucas do Rio Verde 04/07/88 5.318 3.927,00 332,40
1 6 2 Nobres 11/11/63 1.943 3.894,00 142
1 6 3 Nova Mutum 04/07/88 5.321 13.003,00 242,10
1 6 4 Nova Ubiratã 31/12/95 9.100/95 12.737,00 487,70
106
1 6 5 Santa Rita do Trivelato 28/12/99 7.234 - 357
1 6 6 Sorriso 13/05/86 5.002 8.902,00 393,20
1 6 7 Tapurah 04/07/88 5.316 11.590,00 387,30
1 7 MR 49.696,00
1 7 1 Claúdia 04/07/88 5.319 3.596,00 578,20
1 7 2 Feliz Natal 31/12/95 9.100/95 11.988,00 500,05
1 7 3 Itaúba 13/05/86 5.005 6.215,00 568,10
1 7 4 Marcelândia 13/05/86 4.992 13.044,00 703,20
1 7 5 Nova Santa Helena 28/01/98 6.982 - 592,10
1 7 6 Santa Carmem 19/12/91 5.897 4.003,00 493,50
1 7 7 Sinop 17/12/79 4.156 3.142,00 472,40
1 7 8 União do Sul 31/12/95 9.100/95 4.721,00 645,70
1 7 9 Vera 13/05/86 5.003 2.987,00 458,50
1 8 MR 47.208,00
1 8 1 Gaúcha do Norte 31/12/95 9.100/95 16.958,00 534
1 8 2 Nova Brasilândia 11/02/91 5.878 3.560,00 194,60
1 8 3 Paranatinga 17/12/79 4.155 24.267,00 368,80
1 8 4 Planalto da Serra 20/12/91 5.905 2.423,00 253,80
2 MR 176.943,00
2 1 MR 81.855,00
2 1 1 Alto Boa Vista 19/12/91 5.849 6.038,00 1.063,50
2 1 2 Bom Jesus do Araguaia 29/09/99 7.174 - 1.027,90
2 1 3 Canabrava do Norte 19/12/91 5.896 3.494,00 1.132,50
2 1 4 Confresa 20/12/91 5.808 5.484,00 1.165,50
2 1 5 Luciara 11/11/63 1.940 4.291,00 1.166,50
2 1 6 Novo Santo Antônio 29/09/99 7.173 - 1.118,00
2 1 7 Porto Alegre do Norte 13/05/86 5.010 3.933,00 1.127,50
2 1 8 Ribeirão Cascalheira 03/05/88 5.267 12.655,00 877,60
2 1 9 Santa Cruz do Xingú 28/12/99 7.232 - 1.221
2 1 10 Santa Terezinha 04/03/80 4.177 5.739,00 1.313,50
2 1 11 São Felix do Araguaia 13/05/76 3.689 19.513,00 1.143
2 1 12 São José do Xingu 20/12/91 5.904 13.164,00 1.158
2 1 13 Serra Nova Dourada 29/09/99 7.172 - 1.046
2 1 14 Vila Rica 13/05/86 5.001 7.544,00 1.260,50
2 2 MR 59.971,00
2 2 1 Água Boa 27/12/79 4.166 11.470,00 720,30
2 2 2 Campinápolis 13/05/86 4.994 5.829,00 577,60
2 2 3 Canarana 26/12/79 4.165 10.871,00 822,70
2 2 4 Nova Nazaré 28/12/99 7.235 - 798,70
2 2 5 Nova Xavantina 03/03/80 4.176 5.566,00 635
2 2 6 Novo São Joaquim 13/05/86 5.007 8.659,00 504,60
2 2 7 Querência 19/12/91 5.895 17.576,00 912,70
2 2 8 Santo Antônio do Leste 28/01/98 6.983 - 367,90
2 3 MR 35.117,00
2 3 1 Araguaiana 13/05/86 5.006 6.393,00 554,50
2 3 2 Barra do Garças 08/07/13 121 9.172,00 500,50
2 3 3 Cocalinho 13/05/86 5.009 19.552,00 747,50
3 MR 74.339,00
3 1 MR 31.313,00
107
3 1 1 Conquista D'Oeste 28/12/99 7.233 - 538,90
3 1 2 Pontes e Lacerda 29/12/79 4.167 14.747,00 442,90
3 1 3 Nova Lacerda 31/12/95 9.100/95 4.387,00 444,00
3 1 4 Vale de São Domingos 28/12/99 7.231 - 443
3 1 5 Vila Bela Sta. Trindade 19/03/1752 4.014 12.179,00 521,10
3 2 MR 24.798,00
3 2 1 Barra do Bugres 31/12/43 360 5.716,00 159,60
3 2 2 Denise 06/05/82 4.453 1.212,00 203,20
3 2 3 Nova Olímpia 13/05/86 4.996 1.449,00 198,20
3 2 4 Porto Estrela 19/12/91 5.901 2.054,00 198,40
3 2 5 Tangará da Serra 13/05/76 3.687 14.367,00 238,80
3 3 MR 18.228,00
3 3 1 Araputanga 14/12/79 4.153 1.602,00 330,60
3 3 2 Figueirópolis D'Oeste 13/05/86 5.015 897,00 376,90
3 3 3 Glória D'Oeste 20/12/91 5.911 942,00 303,70
3 3 4 Indiavaí 13/05/86 4.998 599,00 357,40
3 3 5 Jauru 20/12/79 4.164 1.210,00 400,60
3 3 6 Lambarí D'Oeste 20/12/91 5.913 1.706,00 326,90
3 3 7 Mirassol D'Oeste 14/05/76 3.698 1.039,00 288,60
3 3 8 Porto Esperidião 13/05/86 5.018 5.834,00 317,40
3 3 9 Reserva do Cabaçal 13/05/86 5.011 1.409,00 386,10
3 3 10 Rio Branco 13/12/79 4.151 378,00 342,40
3 3 11 Salto do Céu 13/12/79 4.152 1.337,00 357,50
3 3 12 São José dos Quatro Marcos 14/12/79 4.154 1.275,00 302,60
4 MR 98.596,10
4 1 MR 6.195,10
4 1 1 Alto Paraguai 16/12/53 709 2.059,90 214,10
4 1 2 Arenápolis 15/12/53 704 416,20 249,50
4 1 3 Nova Marilândia 19/12/91 5.900 1.495,00 261,30
4 1 4 Nortelândia 16/12/53 712 1.339,00 244,30
4 1 5 Santo Afonso 20/12/91 5.909 885,00 266,30
4 2 MR 10.687,00
4 2 1 Acorizal 12/12/53 691 857,00 58,70
4 2 2 Jangada 11/09/88 5.051 1.136,00 72,60
4 2 3 Rosário Oeste 31/12/1843 8 8.694,00 124,00
4 3 MR 28.010,00
4 3 1 Chapada dos Guimarães 15/12/53 701 6.494,00 62,80
4 3 2 Cuiabá 8/4/1726 Lei. Prov.1722 3.225,00 0
4 3 3 Nossa Senhora do Livramento 21/05/1883 593 5.332,00 32,30
4 3 4 Santo Antonio do Leverger 10/3/1890 1.023 12.009,00 34,00
4 3 5 Várzea Grande 29/09/1848 126 950,00 7
4 4 MR 53.704,00
4 4 1 Barão de Melgaço 12/12/53 690 11.612,00 128,70
4 4 2 Curvelândia 28/01/98 6.981 - 269
4 4 3 Cáceres 28/06/1850 8 24.966,00 209,70
4 4 4 Poconé 25/10/1831 C. Régia 17.126,00 94,80
5 MR 71.907,63
5 1 MR 10.318,00
5 1 1 Campo Verde 04/07/88 5.314 4.785,00 127,40
108
5 1 2 Primavera do Leste 13/05/86 5.014 5.533,00 230,40
5 2 MR 26.930,00
5 2 1 Araguainha 11/11/63 1.946 684,00 462,30
5 2 2 General Carneiro 13/12/63 2.051 3.640,00 441,10
5 2 3 Guiratinga 25/09/29 145-38 5.020,00 315,70
5 2 4 Pontal do Araguaia 20/02/91 5.907 2.730,00 518,50
5 2 5 Ponte Branca 01/12/53 652 687,00 493,20
5 2 6 Poxoréo 26/10/38 208 6.908,00 290,60
5 2 7 Ribeirãozinho 20/12/91 5.910 622,00 464,70
5 2 8 Tesouro 10/12/53 664 4.206,00 366,60
5 2 9 Torixoréu 10/12/53 665 2.433,00 560,90
5 3 MR 24.058,50
5 3 1 Dom Aquino 22/12/58 1.196 2.182,00 142,20
5 3 2 Itiquira 01/12/53 656 8.837,00 347,70
5 3 3 Jaciara 20/12/58 1.188 1.801,00 142,70
5 3 4 Juscimeira 10/12/89 4.148 2.244,50 156,10
5 3 5 Pedra Preta 13/05/76 3.688 3.907,00 234,50
5 3 6 Rondonópolis 10/12/53 666 4.259,00 211,70
5 3 7 São José do Povo 04/06/76 3.733 485,00 261,70
5 3 8 São Pedro da Cipa 19/12/91 5.906 343,00 148,80
5 4 MR 10.601,13
5 4 1 Alto Araguaia 26/10/38 208 5.417,24 418,10
5 4 2 Alto Garças 10/12/53 660 3.740,76 357,30
5 4 3 Alto Taquari 13/05/86 4.993 1.443,13 482,20
Fonte: AMM-Associação Matogrossense dos Municípios, 2000.
109
Tabela H - Distribuição da cobertura dos Municípios de MT – Área Total, Área de Floresta, Área de Não Floresta, Hidrografia e Área desflorestadas até 2007
110
111
112
Figura A - Mapa de Mato Grosso com a localização dos municípios com Pressão Alta, Media e Baixa de Desmatamento em 2007.
Fonte: SEMA- MT (2007)