Post on 27-Sep-2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI
CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
PREVALÊNCIA DE HELMINTOSES DE EQUINOS DO CAMPO DAS
VERTENTES, MINAS GERAIS, BRASIL
NATÁLIA AZEVEDO RESENDE
SÃO JOÃO del -REI, MG
JUNHO/ 2017
II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI
CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES - CTAN
BACHARELADO EM ZOOTECNIA
PREVALÊNCIA DE HELMINTOSES DE EQUINOS DO CAMPO DAS
VERTENTES, MINAS GERAIS, BRASIL
NATÁLIA AZEVEDO RESENDE
Graduanda em Zootecnia
SÃO JOÃO del-REI, MG
JUNHO/2017
III
NATÁLIA AZEVEDO RESENDE
PREVALÊNCIA DE HELMINTOSES DE EQUINOS DO CAMPO DAS
VERTENTES, MINAS GERAIS BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em Zootecnia,
da Universidade Federal de São João del-Rei - Campus Tancredo de Almeida Neves,
como parte das exigências para a obtenção do diploma de Bacharel em Zootecnia.
Comitê de Orientação:
Orientadora: Profa. Dra. Raquel Moreira Pires dos Santos Melo (UFSJ/CTAN)
SÃO JOÃO del-REI, MG
JUNHO/2017
IV
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos, da Biblioteca da
UFSJ/CTAN.
Bibliotecário(a): __________________________________________
RESENDE, N. A.
Prevalência de helmintoses de equinos do Campo das Vertentes, Minas Gerais, Brasil /
Natália Azevedo Resende – 2017. 37f
Defesa (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de São João Del Rei
– Campus Tancredo de Almeida Neves, São João Del Rei, 2011.
Bibliografia.
Orientadores: Raquel Moreira Pires dos Santos Melo.
1. Equinos. 2. Helmintoses
I- Melo, R.M.P.S. (Orientador).
CDU:
VII
AGRADECIMENTOS
À Deus, por sempre guiar meus caminhos.
À minha orientadora Raquel pela oportunidade e confiança.
À UFSJ por todo suporte para tornar meus sonhos possíveis, e aqui incluo professores,
alunos e demais funcionários por toda contribuição e tempo passados juntos.
Aos colegas de projeto pelo empenho e dedicação. A amiga Fernanda Sousa pela
amizade, pelo carinho e que nunca mediu esforços para realização do mesmo.
A todos os criadores que aceitaram participar do estudo, aos funcionários dos haras e
amigos que nos receberam de braços abertos sempre prontos para nus ajudar.
Aos meus familiares especialmente minha Vó Zeli, Tia Zulmira, pela atenção, prontidão
e ensinamentos, sempre me apoiando.
Ao meu irmão Felipe, por todo carinho.
As grandes amigas Franciane, Fabrícia e Ana Carolina pelo incentivo e alegria.
À minha afilhada Maria Eduarda pelos momentos de ternura.
Aos amigos da República Aldeia pelos momentos de alegria.
Ao meu namorado Marcelo por toda paciência, incentivo e amor.
Às famílias Resende e Azevedo pela torcida.
A família do cavalo que me proporcionou grandes amizades.
As minhas companheiras de graduação, Flávia, Camilla, Isabela, Ana Flávia, Aline,
com quem tive oportunidade de dividir vários momentos, sou grata pelo afeto de todas.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte desta jornada, meu muito obrigado.
VIII
LISTA DE QUADRO E TABELAS
Quadro 1. Número de animais, separados por categoria e por estação do ano..23
Tabela 1. Contagem média de OPG separadas por categoria e por período do
ano, agosto de 2014 à janeiro de 2016................................................................26
Tabela 2. Prevalência de larvas de nematódeos e ovos de cestódeos, por meio
das técnicas de Coprocultura e Martins, respectivamente..................................27
IX
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................13
2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................15
2.1 Panorama da Equideocultura....................................................................................15
2.2 Importância das Helmintoses na Equideocultura.....................................................15
2.3 Ciatostomíneos.........................................................................................................16
2.4 Grandes Estrôngilos..................................................................................................16
2.4.1 Strongylus vulgaris ...........................................................................................17
2.4.2 Strongylus edentatus .........................................................................................17
2.4.3 Strongylus equinus ............................................................................................18
2.4.4 Triodontophorus................................................................................................18
2.5 Parascaris Equorum.................................................................................................17
2.6 Controle dos Helmintos............................................................................................18
2.6.1 Diagnóstico........................................................................................................18
2.6.2 Controle Químico..............................................................................................20
2.6.3 Controle Biológico............................................................................................20
2.7 Manejo de Pastagens ...............................................................................................21
2.7.1 Rotação de Pastagens.........................................................................................21
2.7.2 Pastejo alternado................................................................................................21
2.7.3 Controle Integrado.............................................................................................22
3 MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................. ...23
3.1 Local de desenvolvimento do estudo....................................................................23
3.2 Coleta de amostras............................................................................................... 23
3.3 Técnicas Coproparasitológicas.............................................................................24
3.4 Análise dos Dados...............................................................................................24
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................25
X
5 CONCLUSÕES..........................................................................................................30
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................31
XI
RESUMO
O presente estudo objetivou avaliar a prevalência de helmintos gastrintestinais de
equinos criados no Campo das Vertentes de Minas Gerais entre agosto de 2014 à janeiro
de 2017. Participaram do estudo um total de 344 equinos, 154 equinos no período da
seca e de 190 na estação das águas, de ambos os sexos e raças e idade entre seis meses
aos 25 anos. As amostras fecais foram colhidas diretamente da ampola retal,
armazenadas em caixas isotérmicas e encaminhadas para o Laboratório de Parasitologia
e Higiene Zootécnica do Departamento de Zootecnia/UFSJ, onde foram realizadas as
análises coproparasitológicas. Do total de equinos amostrados, 273 animais (79,68%)
estavam parasitados, desses 190 cavalos (55,23%) apresentaram-se infectados por
apenas um gênero parasitário e 83 animais (24,12%) apresentaram infecção parasitária
múltipla. A maior prevalência foi na estação das águas, os nematódeos mais prevalentes
na coprocultura foram os ciatostomíneos, seguidos por Strongylus sp. O cestódeo
Anoplocephala sp. teve baixa prevalência na técnica de Baerman. De todos os animais
avaliados, os potros apresentaram maior incidência ao parasita P. equorum (4,65%). O
controle de helmintos em todos os haras avaliados se dava exclusivamente através de
controle químico, sem avaliação prévia das taxas parasitárias, prática esta não
recomendada.
Palavras-chave: controle parasitário, equinos, nematóides.
XII
ABSTRACT
The present study aimed to evaluate the prevalence of gastrointestinal helminths of
horses raised in Campo das Vertentes in Minas Gerais, between August 2014 and
January 2017. A total of 344 horses of both sexes and races and age between six months
to 25 years were examined for presence of helminthic eggs, 154 horses in the dry season
and 190 in the season of the waters. Fecal samples were collected directly from the
rectal ampoule, stored in isothermal boxes and sent to the Laboratory of Parasitology
and Zootechnical Hygiene of the Department of Animal Science/UFSJ, where they were
performed as coproparasitological analyzes. Of the total sampled horses, 273 animals
(79.68%) parasantis, 190 horses (55.23%) were infected with only one parasitic genus
and 83 animals (24.12%) had multiple parasitic infections. The highest prevalence was
in the water season, not always more prevalent in coproculture were the cyatostomines,
followed by Strongylus sp. The cestode Anoplocephala sp. had low prevalence in the
Baerman technique. Of all the animals, the foals presented higher incidence to the P.
equorum parasite (4.65%). The control of helminths in all products based on air safety,
without prior assessment of parasite rates, is not recommended.
Key words: equines, nematodes, parasite control.
13
1. INTRODUÇÃO
Durante a evolução da raça humana os equinos tiveram um papel muito
importante, primeiramente sendo utilizados na alimentação, como animais de tração
para diversos trabalhos, conquistas de territórios e nas últimas décadas vem se
consolidando através dos esportes, lazer e do trabalho terapêutico, tal a equoterapia.
Em termos de agronegócio, a equinocultura no Brasil movimenta cerca de 7,5
bilhões por ano gerando empregos diretos e indiretos. O rebanho equino brasileiro é o
maior da América do Sul e o terceiro maior do mundo, com efetivo de 5,43 milhões de
cabeças (BRASIL, 2014).
O estado de Minas Gerais abriga o maior plantel nacional, com 14,4% do
efetivo, seguida pela região Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte do Brasil. Minas gerais
é o polo das consolidações de diversas raças nacionais como o Mangalarga Marchador,
Campolina e dos asininos o Jumento Pêga (IBGE, 2010).
Os helmintos que acometem equinos, têm impacto negativo no
desenvolvimento desses animais e podem causar desde um pequeno desconforto
abdominal até episódios fulminantes de cólicas e morte (KLEI & CHAPMAN, 1999).
Os equinos, desde a sua domesticação, passaram a desenvolver condições
favoráveis a uma grande diversidade de infecções parasitárias, que trazem prejuízos ao
desempenho de suas atividades e é um grande potencial disseminador de infestações
principalmente se for assintomática.
Os equinos são apontados como sendo um dos animais mais susceptíveis a
uma diversidade parasitária, e podem abrigar várias espécies em um mesmo momento
(REHBEIN; MARTIN; RENATE, 2013), nomeadamente nematóides (Ascarídeos,
Oxiurídeos, Estrongilídeos, Tricostrongilídeos), céstodes (Anoplocefalídeos) e
ectoparasitas (carrapatos, ácaros) (BALÁN et al., 2014).
Além dos pequenos estrôngilos ou cyathostominos, são considerados os
principais parasitas de equídeos, os grandes estrôngilos (Strongylus vulgaris, S. equinus
e S. edentatus), Parascaris equorum, Strongyloides westeri, Trichostrongylus axei e
Oxyuris equi, (MOLENTO, 2005b). Os grandes estrôngilos causam sérios danos a
mucosa intestinal, Strongylus vulgaris é um dos mais patogênicos, devido às lesões
ocasionadas pela sua migração causando quadro de cólicas severas.
Segundo Barbosa et al. (2001), os cyathostomíneos são os parasitas mais
prevalentes em animais jovens (12 a 14 meses) e adultos (acima de 60 meses). Sugere
14
se ainda que, com a idade, os equinos passam a adquirir resistência aos pequenos
estrôngilos, em uma resposta lenta na qual não se faz necessário o contato parasitário
constante (KLEI; CHAPMAN,1999).
O controle da parasitose é fundamental, pois resulta em um melhor
desempenho dos animais, especialmente quando estão com elevada carga animal por
área (MOLENTO, 2005). A maioria dos criadores faz o controle baseado no uso de
produtos químicos com base em febendazole e ivermectina por sua praticidade e
eficiência. Os febendazoles são vermífugos antigos que atuam inibindo o transporte de
glicose e esgotando todas as reservas energéticas do parasito. Já as ivermectinas atuam
na transmissão neuromuscular paralisando e causando a morte dos parasitos (ROSA,
2014).
Para o criador, é relevante utilizar métodos mais eficazes de controle das
helmintoses, evitando gastos desnecessários, baixa performance dos animais, morte dos
equinos e ocorrência de resistência parasitária.
O presente estudo teve como objetivo identificar a prevalência das helmintoses
de equinos do Campo das Vertentes, Minas Gerais, com intuito de contribuir com o
controle parasitário.
15
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Panorama da equideocultura
A equinocultura no Brasil movimenta cerca de 7,5 bilhões por ano gerando
empregos diretos e indiretos. O rebanho equino brasileiro é o maior da América do Sul
e o terceiro maior do mundo, com efetivo de 5,43 milhões de cabeças (BRASIL, 2014).
O estado de Minas Gerais abriga o maior plantel nacional, com 14,4% do
efetivo, seguida pelas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Norte do Brasil. Minas
gerais é o polo das consolidações de diversas raças nacionais como o Mangalarga
Marchador, Campolina e dos asininos o Jumento Pêga. (IBGE, 2010).
Segundo Lima (2006), o agronegócio do cavalo forma um complexo com
dimensão social e econômica expressiva. Nos últimos anos o mercado ficou mais
competitivo devido aos animais de alto valor e geneticamente superior.
2.2 Importância das Helmintoses na Equideocultura
Os equinos podem ser parasitados por várias espécies de parasitas
gastrintestinais, que são comuns e responsáveis por diversos quadros clínicos, gerando
um grande prejuízo econômico para o criador, seja por morbidade ou mortalidade
(ROSA, 2014).
De acordo com Costa (2011), as pastagens atuam como depósito e acabam
sendo um meio de transmissão de larvas infectantes. Ao ingerir essas pastagens, o trato
gastrointestinal e o ambiente fornecerem condições favoráveis para a sobrevivência e
desenvolvimento de diversos parasitos (EGAN; SNELLING; MCEWAN, 2010). Os
equinos parasitados, podem apresentar diversas enfermidades como cólica, anemia,
queda de rendimento, fadiga e mortalidade (COSTA, 2011).
Os parasitas mais importantes, pertencem ao Filo Plathelminthes com a classe
Cestoda e do Filo Nemathelminthes com a classe Nematoda. Os nematóides da família
Strongylidae estão divididos em duas subfamílias: Strongylinae e Cyathostominae
(LICHTENFELS, 1975).
Os pequenos estrôngilos ou ciastostomíneos são usualmente os mais
abundantes nematóides de equinos. Em relação aos grandes estrôngilos, Strongylus
vulgaris é considerado um dos helmintos mais patogênicos, principalmente na sua
16
forma imatura, devido às lesões ocasionadas pela sua migração, que podem levar a
alterações na artéria mesentérica e causar cólicas severas nos cavalos parasitados
(DUNCAN et al., 1974; OGBOURNE et al., 1985).
Ciatostomíneos e estrongilíneos se diferem morfologicamente, no ciclo de
vida, localização no hospedeiro, forma de alimentação, patogenicidade das larvas e
adultos e a resistência às drogas (STUDZIŃSKA et al., 2012).
2.3 Ciatostomíneos
O ciclo de vida dos ciatostomíneos inicia-se na pastagem, até as larvas
atingirem um estágio infectante (L3). Uma vez ingeridas essas se aderem às paredes
intestinais, podendo causar cólicas e diarreias bem como perda de mobilidade, apetite e
peso. Um número elevado de larvas pode causar a ruptura da parede intestinal, e outros
danos nos tecidos assim como, por exemplo, uma elevada perda de fluidos e proteínas
(LYONS et al., 1999).
Localizam-se no intestino grosso de equinos e apresentam um maior
parasitismo em animais jovens quando comparado com equinos de outras idades
(KAPLAN, 2002);
Sua forma larvar ou encistada (ciatostomíase larvar), e formas adultas,
presentes na mucosa intestinal, passam a se alimentar desta, resultando em pequenas
feridas ou ulcerações, hemorragias e extravasamento de proteínas plasmáticas para a luz
intestinal (REICHMANN et al., 2001).
Os equinos, segundo molento (2005), adquirem resistência com a idade e isso é
confirmado através da diminuição da carga parasitária e da contagem de ovos nas fezes.
2.4 Grandes estrôngilos
Os grandes estrôngilos são considerados muito importantes, devido a sua
patogenicidade, são encontrados parasitando o intestino grosso em especial o ceco e o
cólon (FORTES, 2004).
Faz parte desse gênero Strongylus vulgaris, S. equinus, S. edentatus e
Triodontophorus sp.
17
Os ovos são eliminados pelas fezes e demoram cerca de duas semanas a
desenvolverem-se até L3. A infecção ocorre por ingestão das L3. A partir de então o
desenvolvimento difere nas 3 espécies, devido aos diferentes tipos de migrações
teciduais que as larvas realizam (URQUHART, 1996).
Em ocasiões muito raras, as migrações larvares provocam alterações
cerebrospinais, lesões eosinofílicas no pâncreas, e granulomas eosinofílicos no fígado e
epicárdio (SELLON & LONG 2007).
O diagnóstico é baseado essencialmente na história clínica e na
sintomatologia. No entanto, podem ser encontrados ovos do tipo “estrongilídeo” (casca
fina, ovais e morulados) nos exames coprológicos qualitativos e quantitativos. A
identificação do género e/ou espécie só se torna possível após coprocultura e obtenção
de larvas infectantes (FOREYT & FOREYT, 2001; PAYNE & CARTER, 2007).
2.4.1 Strongylus vulgaris
Strongylus vulgaris é considerado o agente mais patogênico das helmintoses
de equídeos, principalmente na sua forma imatura, em decorrência das lesões que
causam no seu processo de migração pelo sistema arterial mesentérico, sendo
responsáveis por quadro de cólica severo (DUNCAN e PIRIE et al. 1974).
As L3 de S. vulgaris realizam a muda para L4 na submucosa sete dias após a
ingestão, estas migram para a artéria mesentérica anterior (cranial), onde mudam para
L5 e retornam à parede intestinal. Formam nódulos principalmente na parede do cólon e
ceco. Ao se romperem, os nódulos liberam os adultos na luz do intestino. O período pré-
patente para esta espécie é de seis meses (BOWMAN, 2010).
2.4.2 Strongylus edentatus
As maiores lesões de S. edentatus ocorrem no fígado, sendo visíveis
macroscopicamente em necropsia. As larvas chegam pela veia porta e ao migrar por
debaixo da cápsula, localizam-se em nódulos hemorrágicos durante aproximadamente
três meses. Depois, migram até o intestino grosso formando novos nódulos
hemorrágicos, penetram no lúmen intestinal e alcançam o estádio adulto. O ciclo de S.
edentatus é o mais longo dos grandes estrôngilos, superando facilmente um ano
(MOLENTO, 2005).
18
82.4.3 Strongylus equinus
As L3 de S. equinus atravessam as paredes do ceco e do cólon e formam
nódulos para a muda L4, onde alcançam o fígado, migrando por várias semanas,
podendo causar pancreatite e hepatite. Na cavidade peritoneal pode ocorrer o encontro
entre a L4 e L5.
Strongylus equinus é o menos frequente dos estrôngilos (CABAÇO, 2014).
2.4.4 Triodontophorus sp
As L3 do gênero Triodontophorus ao atingirem a mucosa intestinal formam
nódulos a nível do ceco e do cólon como resultado das migrações que realizam nestas
regiões e que se restringem única e exclusivamente à parede daqueles orgãos
(MADEIRA DE CARVALHO, 2011).
A infecção por este parasita provoca perda de peso, letargia, anemia e por
vezes diarreia (URQUHART, 1996).
2.5 Parascaris equorum
Estes parasitas encontram-se principalmente em potros e cavalos jovens, e em
menor frequência em adultos, possivelmente pelo desenvolvimento de imunidade ao
longo da infecção (SAMSON-HIMMELSTJERNA, 2008).
Os animais infectam-se ao ingerirem os ovos que se encontram no ambiente,
que foram eliminados pelos potros dos anos anteriores (LINDGREN, et al., 2008;
LAUGIER, et al., 2012). Isto é possível devido à ótima capacidade de sobrevivência dos
ovos e das larvas. Os ovos possuem uma casca grossa a qual lhes imputa uma
resistência que lhes permite suportar condições ambientais adversas, nomeadamente
temperaturas altas e outras agressões físicas e químicas, como condições de anaerobiose
(KOUDELA& BODECEK, 2006; BOWMAN,2004).
A infeção por P. equorum, causa doença clínica denominada Parascariose.
Infecções elevadas por Parascaris adultos pode causar invaginação, impactação, volvo,
obstrução e até ruptura intestinal, a qual poderá resultar em peritonite potencialmente
fatal (LAUGIER, et al., 2012; BOWMAN, 2004).
19
2.6 Controle dos Helmintos
Um programa de controle de helmintos nos equinos deve ser baseado em
vários aspectos, como a utilização de anti-helmínticos, manejo adotado e as
características de cada criatório, a fim de obter um resultado satisfatório no controle
desses parasitas, segundo Umar et al (2013).
O desenvolvimento de resistências por parte dos parasitas aos anti-helmínticos
deve-se, principalmente, ao excesso de uso da mesma família de anti-helmínticos, a
falta de critério para sua utilização, subdosagens, rotação de várias classes de produtos
durante o ciclo produtivo, alta densidade de animais e o excesso de desparasitação,
(MADEIRA DE CARVALHO, 2006), menosprezando-se a dinâmica das parasitoses, o
seu diagnóstico, a avaliação da eficácia do desparasitante, a idade dos animais, a
influência das condições climáticas, a densidade animal, entre outros (REINEMEYER
& NIELSEN, 2013).
Assim, mais recentemente, tornou-se clara a necessidade de uma nova
abordagem integrada das parasitoses, que envolva não só uma administração de
fármacos, seletiva e sustentada na vigilância, que tenha como objetivo reduzir a
população parasitária para valores basais que não tenham repercussões na saúde dos
animais, mas também outras medidas de manejo que reduzam a transmissão dos
parasitas (NIELSEN, 2015).
2.6.1 Diagnóstico
O monitoramento da taxa de infecção e identificação parasitária dos equinos é
necessário ao longo do ano. O exame de ovos por grama de fezes (OPG) deve ser rotina
no haras, pois possibilita monitorar a prevalência dos helmintos, avaliar a eficácia dos
produtos, definir intervalos entre os tratamentos de acordo com o surgimento de ovos
para assim estabelecer um sistema de controle eficaz. (MOLENTO, 2005).
A falta dessas informações, pode levar a utilização inadequada de anti-
helmínticos, seu tratamento ineficaz, e o aumento de casos clínicos, perda produtiva e
principalmente econômica, manifestando assim o desenvolvimento de resistências
(MOLENTO, 2005).
20
De acordo com Kaplan et al (2004), as populações de refúgio podem ajudar na
resistência nas populações de parasitos, visto que elas não foram expostas na seleção
pelos anti-helmínticos, e a maioria dos haras trata todos os animais da mesma forma
sem a realização de análises de OPG para determinar quais animais realmente
necessitam de tratamento, ao mesmo tempo que controla os parasitas de alguns, oferece
resistência à outros.
2.6.2 Controle Químico
Dentre os compostos anti-helmínticos disponíveis, existem quatro grupos
químicos diferentes que são mais utilizados: benzimidazóis (albendazole,oxibendazole,
febendazole), pirimidinas, imidazotiazois (pamoato de pirantel e levamisole) e o grupo
das lactonas macrocíclicas (ivermectina e moxidectina).Esses grupos, apresentam
mecanismos de ação e formas de eliminação parasitárias diferentes. Amplamente
utilizados pela sua praticidade de aplicação e compra, e por apresentar custo-benefício
ao criador, porém é a maior causa de resistência parasitária, devido ao uso
indiscriminado sem rotação de bases químicas (MARTIN, 1997).
As bases químicas mais utilizadas no controle de estrôngilos de equinos são
os benzimidazóis, lactonas macrocíclicas, compreendendo associação de ivermectina
com pirantel e ivermectina com praziquantel (PÉREZ-ÁLVAREZ et al., 2013). Os
benzimidazóis, pirimidinas e lactonas macrocíclicas são anti-helmínticos utilizados para
o controle dos ciatostomíneos (KAPLAN et al., 2004).
Deve- se propor um calendário que promova o controle parasitário com o
menor número de tratamentos possível, a fim de melhorar a utilização dos compostos
antiparasitários (MOLENTO, 2005).
2.6.3 Controle Biológico
Referido por Mota (2003), o termo controle biológico se refere à utilização de
antagonistas naturais que se encontram no ambiente, com especificidade de ação e que
suportem as condições ambientais no local onde o controle é exercido a fim de diminuir
as populações de agentes causadores de perdas produtivas das atividades de pecuária ou
agrícolas.
21
Na equideocultura, o controle biológico da estrôngilose equina através da
administração regular de fungos nematófagos da espécie Duddingtonia flagrans, tem
contribuído para uma medida eficaz na redução da contaminação do ambiente (COSTA,
2011).
2.7 Manejo de Pastagens
As formas de criação dos equinos, principalmente em pastagens favorecem a
grande incidência de infecções parasitárias.
As associações de diversas estratégias de manejo como rotação de pastagem,
pastejo alternado e controle integrado, contribuem para redução do número de formas
infectantes nas pastagens (MOLENTO, 2005).
2.7.1 Rotação de Pastagens
A rotação de pastagens já utilizada no uso racional das forrageiras é também
recomendada como profilaxias das verminoses, resultando numa diminuição de uso de
medicamentos.
O processo consiste em ausentar os animais, de uma determinada parcela da
pastagem por um período suficiente que impeça a evolução do ciclo de vida dos
parasitos. Não tendo como completar a fase parasitária no animal as larvas acabam
morrendo no ambiente, durante sua fase não parasitária (LÁU et al. 2002).
Os animais após vermifugados têm que ser transferidos para uma pastagem
descontaminada a fim de diminuir a carga parasitaria e novas infecção (LIMA, 2004).
2.7.2 Pastejo Alternado
Segundo Borda (1995), o pastejo alternado é uma eficiente alternativa, pois
reduz a contaminação da pastagem, já que os parasitas encontrados nas fezes são
diferentes dos encontrados em outras espécies não havendo a transmissão de uma
espécie para outra otimizando a diminuição da população de helmintos presente nas
pastagens.
De acordo com Amarante (1992), esse manejo pode favorecer as categorias mais
susceptíveis visto que ocorre a descontaminação.
22
2.7.3 Controle Integrado
O controle integrado propõe a inclusão de diversas estratégias do controle
parasitário no manejo da criação, contribuir para a diminuição das infecções
parasitárias, redução do número de tratamentos com anti-helmínticos reduzindo as
larvas infectantes nas pastagens. Tem como objetivo estratégias de controle visando
reduzir o desenvolvimento da resistência parasitária (MOLENTO, 2005).
No controle integrado o tratamento químico irá ocorrer nas épocas de maior
eliminação de ovos e maior abundância de larvas, a rotação de pastagens e pastejo
alternado também farão parte do proposto (MADEIRA DE CARVALHO, 2006).
Programas com uso rotacional de anti-helmínticos ao longo do ano também são
bastante eficazes no controle de parasitas e que usar produtos que apresentem eficácia
comprovada nas dosagens que são recomendadas com isso mantém a saúde
gastrointestinal, melhora a condição corporal e reduz a contaminação de pastos
(NICHOLS et al 2008).
23
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local de desenvolvimento do estudo
O estudo foi realizado no Campo das Vertentes, região sudeste do estado de
Minas Gerais, Brasil, caracterizada por verões quentes e úmidos, apresentando média
térmica anual de 19,2℃, temperatura mínima de 3℃ e máxima de 38℃.
3.2 Coleta de Amostras
De forma randômica, 16 criatórios pertencentes aos municípios de São João
del-Rei, Tiradentes, Nazareno e Madre de Deus de Minas foram selecionados.
Duas visitas para coletas de amostras fecais dos animais foram realizadas
entre agosto de 2014, a janeiro de 2017, sendo uma visita no período das águas e outra
no período da seca. Os animais coletados estavam a mais de 60 dias sem tratamento
anti-helmíntico.
Foram coletadas as fezes diretamente da ampola retal, com auxilio de um saco
plástico lubrificado com vaselina líquida e devidamente identificado de 154 equinos no
período da seca e de 190 no período das águas, de diferentes raças, ambos os sexos e
idade entre seis meses aos 25 anos, onde a criação é em baias, piquetes ou pastejo
extensivo. Deste total, 25 foram provenientes de uma propriedade localizada no
município de São João del-Rei, 127 animais foram de 9 propriedades localizadas no
município de Tiradentes, 25 animais de uma propriedade do município de Nazareno e
167 animais oriundos de 4 propriedades do município de Madre de Deus de Minas.
Quadro 1. Número de animais, separados por categoria e por estação do ano.
Categoria Estação Seca Estação Águas
Garanhão 31 26
Fêmea 57 74
Macho 32 41
Potra 21 26
Potro 13 23
TOTAL 154 190
24
Foi considerada idade acima de três anos para os equinos adultos e para os equinos
jovens (potras e potros) até 36 meses, os machos são denominados castrados e os
garanhões como animais inteiros.
Após coleta, as amostras foram identificadas e transportadas em caixas
isotérmicas com gelo para o Laboratório de Parasitologia e Higiene Zootécnica do
departamento de zootecnia da Universidade Federal de São João del-Rei, onde realizou-
se a avaliação coproparasitológica para identificação dos parasitos gastrointestinais.
3.3 Técnicas Coproparasitológicas
As amostras foram submetidas à quatro técnicas diferentes. Inicialmente à
técnica quantitativa de Gordon & Whitlock (2013) modificada com solução
hipersaturada de açúcar para contagem de ovos por grama de fezes (OPG), este
procedimento foi seguido pela técnica de Coprocultura (ROBERTS E
O’SULLIVAN,1950), onde foram usadas amostras positivas para obtenção de larvas e
identificação dos gêneros de nematóides gastrointestinais, e em seguida às técnicas
qualitativas de Baermann modificada e de Sedimento-centrífugo-flutuação por Martins
et al.(2003). Para identificação das larvas infectantes (L3), utilizou-se a chave proposta
por Bevilaqua et al. (1993).
3.4 Análise dos Dados
Os dados coletados foram submetidos à análise descritiva.
25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o presente trabalho constatou-se que há alta incidência de parasitismo
por helmintos nos equinos avaliados, onde 273 animais (79,68%) apresentaram OPG
positivo, com prevalência de ovos de Strongylus spp. (68,60%), Oxyuris equi sp.
(2,03%), Parascaris equorum sp. (4,65%), Strongyloides spp.(31,68%) e 71 animais
(20,63%) OPG negativo. Apresentaram-se infectados por apenas um gênero parasitário
190 cavalos (55,23%), enquanto 83 animais (24,12%) apresentaram infectados por mais
de um gênero. Os resultados de Rosa (2014) foram semelhantes aos achados nesse
estudo, onde 80% dos animais avaliados encontravam-se parasitados e 20% com OPG
negativo.
Andrade et al (2009), ao trabalharem com equinos de tração no estado de
Sergipe reportaram que 58% dos animais estavam parasitados por Strongylidae, 17,24%
Oxyuris equi e 3,45% P. equorum. Segundo Umar et al. (2013) com estudo realizado na
Nigéria, os animais positivos foram 70,8%, sendo que 68,8% estavam parasitados por
Strongylus spp, 27,1% de Oxyuris equi, 25% de Strongyloides spp. e 6,3% por P.
equorum.
Tais resultados são preocupantes, visto que muitos criadores adotam como
prática de manejo o uso excessivo, contínuo e profilático de compostos anti-
helmínticos, o que pode ser um indício de resistência anti-helmíntica. Sem contar que
esses parasitas demarcam o lúmen intestinal ou fazem migrações por diversos órgãos,
causando diversas síndromes (DUNCAN, 1974).
Foi demostrado que 20,05% dos potros de ambos os sexos, 59,88% dos
adultos (incluindo fêmeas, garanhões e machos) apresentaram OPG positivo. Contagem
de OPG igual ou superior a 200 foi relatada na maioria dos animais (56,10%), segundo
Madeira de Carvalho (2001) animais que apresentam uma contagem acima de 450 estão
num quadro de infecção média.
Na categoria das fêmeas adultas 31,97% apresentaram-se parasitadas. Em
estudo com éguas na região do Médio Paraíba no Rio de Janeiro, Martins et al (2009),
retrataram que 96% das fêmeas adultas encontravam- se parasitadas, e apontaram que as
causas associadas a alta prevalência é devido a elevada densidade de animais, visto que
são usadas como matrizes para reprodução, a ausência de rotação de pastagem e a
menor frequência de tratamento devido ao grande número de fêmeas presente nos
criatórios. A situação reportada por tais autores e similar a do presente estudo.
26
Tanto na estação da seca como das águas as coleta das fezes constataram altas
prevalências, sendo que nas águas a prevalência foi maior se comparada com a seca
(Tabela 1). Isso coincide com o ciclo dos parasitas, a maior sobrevivência das larvas no
ambiente (MOLENTO, 2005).
Tabela 1. Contagem média de OPG separadas por categoria e por período do ano,
agosto de 2014 à janeiro de 2017.
Categoria
Médias de OPG (McMaster)
Strongyloidea Strongyloides Parascaris Oxyurus Total
Seca Águas Seca Águas Seca Águas Seca Águas Seca Águas
Garanhão 187 298 10 117 2 0 0 0 199 415
Fêmea 238 325 25 191 2 5 0 24 265 545
Macho 355 216 6 91 5 7 0 0 366 314
Potra 498 763 34 137 40 4 0 2 572 906
Potro 165 430 0 222 3 11 0 2 168 665
Média 288,6 406,4 15 151,6 10,4 5,4 0 5,6 314 569
Tais resultados contrariam os achados de Rosa (2014) que ao trabalhar com
equinos da raça Mangalarga Marchador no sul de Minas Gerais reportou que no período
seco ocorreu maior índice de parasitismo, o autor justificou tal fato à baixa qualidade
das forragens estação do ano e sem uma suplementação adequada, causando um
declínio no sistema imunológico. Em contrapartida, equinos estudados no Paquistão,
não demostraram nenhuma diferença entre as estações do ano, nem entre as idades e
sexo dos equinos avaliados (SAEED et al, 2010).
Os resultados da categoria dos garanhões indicaram a menor média, onde 37
animais (10,75%) apresentaram parasitados. Isso pode ser justificado pelo menor
número de animais presentes nos haras, o seu manejo diferenciado devido aos seus altos
valores comerciais e reprodutivos e por passarem a maior parte do tempo em baias.
Somente 17,15 dos machos (59 equinos), estavam parasitados por algum
helminto.
Os valores médios de OPG dos animais jovens apresentaram maior infecção do
que os equinos adultos no período das águas, o que pode ser explicado pela maior oferta
de forragem nesse período e consequentemente maior contaminação das pastagens e
forragens ofertadas no cocho. Esse resultado foi semelhante ao estudo de Rosa (2014)
onde a relação de OPG foi significativamente maior nos equinos juvenis e influenciada
27
pela estação do ano, porém não foi afetada pelo sexo. Como os machos nas
propriedades visitadas estavam geralmente estabulados, provavelmente o desafio de
infecção foi menor para eles do que para as fêmeas, que se encontravam em sua maioria
alocadas durante todo o ano em pastagens, isso justificaria a maior prevalência
parasitária nas mesmas no período das águas.
De acordo com (MOLENTO, 2005) a idade dos equinos favorece a infecção por
estrôngilos e a eliminação de ovos nas fezes, principalmente do helminto P. equorum,
que coloca em risco o desenvolvimento de animais jovens, e que com a idade adquirem
resistência, fato que pode ser confirmado com a redução da contagem de ovos nas fezes,
com o avançar da idade dos animais.
A contagem média para Oxyuris equi foi baixa, o que pode ser explicado
através da sua eliminação não ocorrer nas fezes e sim na região perianal, e como o
estudo foi feito através de coletas diretamente no reto dos equinos, não houve contato
com esse helminto.
Neste estudo não foram encontrados larvas de Dyctiocaulus arnifield, sendo
relevante considerar que esse nematóide é mais frequente em asininos e muares.
Em estudo na região oeste do estado de São Paulo em diferentes rebanhos Vera
(2014), e Rosa (2014) observaram que ciatostomíneos constituíam a maioria dos
estrongilídeos presentes. Assim como no presente estudo a prevalência foi alta para
todas as categorias (Tabela 2).
Tabela 2. Prevalência de larvas de nematódeos e ovos de cestódeos, por meio das
técnicas de coprocultura e Martins, respectivamente.
Categoria
Larvas de Nematódeos Ovos de
Cestódeos
Cyathostominae Strongylus Outros Anoplocephala
Seca Águas Seca Águas Seca Águas Seca Águas
Garanhão ˖˖˖ ˖˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖˖ -
Fêmea ˖˖˖ ˖˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖˖ ˖˖
Macho ˖˖˖ ˖˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ - -
Potro ˖˖˖ ˖˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ -
Potra ˖˖˖ ˖˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖˖ ˖ - +++ Alta; ++ Média; + Baixa; - Inexistente
28
Segundo Ferreira (2013) numa pesquisa em três municípios do estado de
Pernambuco, os ciatostomíneos representavam de 80 a 100% das L3 encontradas em
culturas de fezes de equinos. Foi similar aos achados de Martins et al (2001) em um
estudo com equinos no Rio de Janeiro, reportaram 100% de prevalência para
ciatostomíneos. São os nematóides mais frequentes nos equídeos, permanecendo em
todas as idades e sua prevalência é um dado expressivo, uma vez que pode trazer
retardo do crescimento, cólicas, perda de peso e a ciastotomíase larval que é uma
síndrome que causa diarreia aguda (FERREIRA, 2013).
A prevalência para Anoplocephala sp. foi positiva na maioria das categorias
avaliadas (Tabela 2), indo de encontro com os achados de Martins (2005) e Andrade et
al (2009), onde poucos animais apresentaram a infecção por esse cestóide. A
prevalência pode estar relacionada com a contaminação da pastagem por ácaros
oribatídeos, que são hospedeiros intermediários, e o hábito raspador dos equinos, o que
facilita a ingestão desse helminto principalmente no período de escassez de pastagens.
A falta de rotação de piquetes das pastagens e alta carga animal por área
proporcionam infecções e reinfecções parasitárias. Os criadores fazem a alternância das
marcas comerciais mais não se atentam aos princípios ativos, e acabam usando o
mesmo fármaco, porém com nomes diferentes, isso acarreta resistência aos
medicamentos utilizados (MOLENTO, 2005).
Rosanova (2012) estudando a determinação da prevalência parasitológica em
cavalos crioulos no estado de Tocantins verificou que a alta taxa de parasitismo estava
ligada a falta de tratamento antiparasitário regular e ao planejamento de forma
preventiva, sem acompanhamento de exames de fezes, e que os animais eram tratados
em épocas pré-estipuladas de acordo com a estação do ano. Foi semelhante ao
observado nesse estudo onde os criadores não tinham uma elaboração de tratamento e
nem o hábito de exames clínicos, onde os animais eram vermifugados de acordo com as
suas condições de escore corporal e de períodos estabelecidos de acordo com cada
animal e sua categoria.
Segundo Rosanova (2012) e os resultados deste estudo, corroboram com o
manejo de controle das helmintoses empregados nos haras, visto que todos os criatórios
visitados realizavam o uso de anti-helmíntico, como prática exclusiva de controle
parasitário. O melhor seria integrar práticas de controle, tais como alternância de bases
químicas, diagnóstico coproparasitológico e tratamento estratégico.
29
Há necessidade de difusão da prática de opg nos haras, pois esta é uma
ferramenta barata e indispensável, evitando que as verminoses não passem
despercebidos, causando transtornos para os animais e para os criadores. Haja dito, que
o uso indiscriminado de anti-helmíntico, acelera o processo de resistência dos helmintos
aos fármacos e onera o custo da criação.
30
5. CONCLUSÕES
Com base nos resultados deste estudo, observou-se que grande parte dos equinos
estavam parasitados por Strongylus sp e que os equinos jovens apresentaram uma maior
média de Parascaris equorum.
Os animais jovens apresentaram maior incidência de parasitismo do que os
equinos adultos em ambas as estações do ano.
A maior ocorrência de helmintoses foi na estação das águas.
A prevalência no período de seca foi maior para machos, potras e fêmeas e na
estação das águas foi maior para potros de ambos os sexos e fêmeas.
31
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
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