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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE
Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
SIMONE MONFORT ABITBOL
MANAUS 2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais Usos
Orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella
MANAUS
2008
FICHA CATALOGRAacuteFICA
(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)
A149a
Abitbol Simone Monfort
Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008
73 f il
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e
Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade
Federal do Amazonas 2008
Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella
1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo
CDU 5814(0433)
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade
na Amazocircnia da Universidade Federal do
Amazonas como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura
e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de
concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais
Usos
APROVADA 11 de junho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas
Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia
Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas
A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada
Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais Usos
Orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella
MANAUS
2008
FICHA CATALOGRAacuteFICA
(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)
A149a
Abitbol Simone Monfort
Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008
73 f il
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e
Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade
Federal do Amazonas 2008
Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella
1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo
CDU 5814(0433)
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade
na Amazocircnia da Universidade Federal do
Amazonas como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura
e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de
concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais
Usos
APROVADA 11 de junho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas
Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia
Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas
A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada
Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
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2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
FICHA CATALOGRAacuteFICA
(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)
A149a
Abitbol Simone Monfort
Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008
73 f il
Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e
Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade
Federal do Amazonas 2008
Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella
1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo
CDU 5814(0433)
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade
na Amazocircnia da Universidade Federal do
Amazonas como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura
e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de
concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais
Usos
APROVADA 11 de junho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas
Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia
Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas
A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada
Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
SIMONE MONFORT ABITBOL
ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade
na Amazocircnia da Universidade Federal do
Amazonas como requisito parcial para
obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura
e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de
concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais
Usos
APROVADA 11 de junho de 2008
BANCA EXAMINADORA
Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas
Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia
Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas
A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada
Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada
Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
AGRADECIMENTOS
A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos
maravilhosos na minha vida
Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a
realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial
Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva
Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a
buscar e querer o melhor pra mim
Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal
do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso
Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo
apoio financeiro
A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios
professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara
Elias Juliana Diogo e Leonor
A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e
confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho
A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo
disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo
Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional
de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas
que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho
Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e
apoio
A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela
Cristiane e Liane
A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a
minha formaccedilatildeo
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
LISTA DE FIGURAS
CAPIacuteTULO I
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24
Figura 2 Semente de O lagopus 29
Figura 3 Tegumento de O lagopus 32
Figura 4
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O
lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36
CAPIacuteTULO II
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48
Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57
Figura 7
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59
Figura 8
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash
B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do
hipocoacutetilo de O lagopus 60
Figura 9
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62
Figura 10
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de
Toluidina (A ndash D) 64
Figura 11
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com
Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67
Figura 12
Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul
de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA i
AGRADECIMENTOS ii
LISTA DE FIGURAS iii
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1
2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5
21 Famiacutelia Malvaceae 5
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7
24 Morfologia da semente 9
25 Morfologia da placircntula 10
3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13
CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae 18
RESUMO 18
ABSTRACT 20
1 INTRODUCcedilAtildeO 21
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23
21 Material botacircnico 23
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25
24 Microscopia de Luz 25
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27
31 Teor de umidade da semente 27
32 Morfoanatomia da semente 27
321 Morfologia geral da semente 27
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34
4 CONCLUSAtildeO 37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38
CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de
Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41
RESUMO 41
ABSTRACT 43
1 INTRODUCcedilAtildeO 45
2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47
21 Processo Germinativo 47
22 Morfologia da placircntula 48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49
24 Anatomia da placircntula 50
25 Diafanizaccedilatildeo 50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
32 Morfologia da placircntula 55
33 Anatomia da placircntula 58
331 Raiz primaacuteria 58
332 Hipocoacutetilo 59
333 Cotileacutedone 61
334 Epicoacutetilo 63
335 Eofilos 64
4 CONCLUSAtildeO 70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL
A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do
ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para
obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica
(KUNIYOSHI 1983)
Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido
atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das
espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para
espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas
No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio
obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando
proporcionar o manejo adequado das espeacutecies
Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da
placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica
(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos
da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave
medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as
populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo
desmatamento contiacutenuo
Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das
sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo
1
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o
ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema
florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas
(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)
A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs
direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos
taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES
1987)
Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite
caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal
de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo
na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma
vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo
Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo
da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso
et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp
Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos
morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da
anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural
fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais
Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute
constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em
2
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar
e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos
(LOUREIRO et al 1979)
Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se
conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de
produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta
espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta
Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O
lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre
esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de
espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)
crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela
agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de
dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al
2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a
influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de
sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al
2006)
Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia
das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico
3
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo
germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil
4
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
2 REVISAtildeO DE LITERATURA
21 Famiacutelia Malvaceae
O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny
Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas
famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)
Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al
2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na
Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100
espeacutecies (BARROSO et al 1978)
22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw
O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-
jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)
tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre
no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica
e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute
(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO
et al 1979)
Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo
em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute
quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente
quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma
espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro
5
a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento
no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras
naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem
cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies
poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente
De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas
podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com
tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute
constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras
abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no
enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave
recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido
crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne
castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou
roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI
1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos
jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As
sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor
marrom opaco (CONABIO 2006)
A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100
mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)
As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver
problemas intestinais (CARDENAS 2000)
6
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
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Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
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A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas
Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos
morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou
agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de
placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)
Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas
vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para
conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica
registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de
todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas
florestais nos seus estaacutegios iniciais
Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo
do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na
anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo
de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da
Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia
externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp
Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e
desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e
pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)
ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e
placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de
sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal
7
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
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73
Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e
placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos
de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I
Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)
ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da
morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae
Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de
frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e
tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp
K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae
Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim
como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos
apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a
identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua
regeneraccedilatildeo
Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e
placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo
gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das
sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo
das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula
Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da
placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes
florestais
8
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
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MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das
placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a
realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)
24 Morfologia da semente
Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da
maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que
comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da
semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre
germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura
As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e
internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa
rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou
papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a
semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam
que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo
sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes
enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares
oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes
satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o
desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento
(TOLEDO e FILHO 1977)
9
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
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anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como
a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de
angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas
diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente
Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e
internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas
definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as
formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente
Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes
satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a
identificaccedilatildeo
25 Morfologia de Placircntula
Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural
a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)
A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de
eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula
(OLIVEIRA 1993)
Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia
da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser
empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz
primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo
10
As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de
identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e
ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees
adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)
Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e
mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No
Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais
levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)
Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)
descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e
identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas
leguminosas
Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos
cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas
obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual
no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das
sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas
Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo
cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute
onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das
espeacutecies no campo
11
1
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
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epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
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1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
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amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
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2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
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Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
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33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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73
Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto
que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees
e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria
Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das
estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio
identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo
bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie
12
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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17
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-
balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no
Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute
relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com
potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os
aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a
coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da
morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da
Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia
no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de
MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees
de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros
morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de
teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo
anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol
Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e
Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute
estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O
tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o
embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na
18
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas
lipiacutedios e amido
19
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash
Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-
balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the
state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their
wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation
in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of
pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo
Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash
INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de
Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical
analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and
the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)
Been made measurements of length width thickness and moisture content The
parameters were observed morphological external and internal seed for morphological
description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy
to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile
Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio
Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed
is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons
The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the
embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of
the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic
compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch
20
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como
pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)
Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute
macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo
de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande
importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada
em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e
africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor
florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)
Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito
tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas
ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia
realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de
Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso
(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais
inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et
al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus
(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato
sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-
21
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento
e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo
Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-
Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui
dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que
caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-
se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no
tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp
Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como
subsiacutedios ateacute para a taxonomia
Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o
presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de
sementes de O lagopus
22
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
21 Material botacircnico
Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores
matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura
Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da
BR-174 em ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade
Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes
isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram
feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais
larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em
contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01
mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo
23
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus
Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido
de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24
horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso
seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1
Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)
P ndash t
Onde
P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida
p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca
t = tara peso do recipiente
O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees
(BRASIL 1992)
24
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica
Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados
atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio
estereoscoacutepico Carls Zeissreg
a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma
posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe
b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone
eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor
A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por
Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)
Ferreira e Borguetti (2004)
24 Microscopia de Luz
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol
70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica
(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais
com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico
(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40
(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol
diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram
posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a
documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF
Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo
25
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez
natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA
CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm
Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido
submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das
substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes
especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do
Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)
Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais
(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias
(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)
Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas
(JOHANSEN 1940)
As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem
foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)
25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram
fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material
foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e
fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com
ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando
microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de
Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV
26
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
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73
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Teor de umidade da semente
Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de
umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)
onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua
Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e
respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de
aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)
32 Morfoanatomia da semente
321 Morfologia geral da semente
A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute
estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda
(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as
seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106
ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm
O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho
pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado
proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe
eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro
A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa
chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia
cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)
27
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta
arredondada e lisa (Figura 2 F)
As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme
(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma
fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno
do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial
invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos
foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e
2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno
da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo
hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)
28
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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73
Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen
29
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente
Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por
Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma
A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e
Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no
teacutegmen
Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com
conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado
tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante
esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um
obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a
semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente
germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel
torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em
sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-
Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de
O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de
espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do
tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No
trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=
Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade
das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula
espessa e compostos fenoacutelicos)
30
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente
madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em
Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo
grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em
paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar
neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)
seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico
Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta
vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar
diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da
semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e
Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-
Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida
contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como
linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas
demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo
Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como
especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em
sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem
onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente
impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo
fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora
do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo
31
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen
De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos
resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados
O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento
principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)
O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina
baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)
32
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva
(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e
intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada
Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O
lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)
essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp
Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas
aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp
Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior
dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao
ataque de patoacutegeno
33
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico
323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente
O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo
possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos
Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o
Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo
(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes
de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que
34
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
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73
apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados
revelando substacircncias de natureza proteacuteica
O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando
lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e
5J)
O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo
pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)
confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute
um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo
caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)
Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela
coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram
positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)
Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)
(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos
(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente
encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido
eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas
tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento
35
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo
36
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
4 CONCLUSAtildeO
A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O
embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no
embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e
tamanho variaacutevel
A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de
polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo
foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras
A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres
estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para
posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos
37
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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40
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
CAPIacuteTULO II
PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE
PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave
famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica
Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e
constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia
Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos
morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos
das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi
realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade
Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade
Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos
foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais
foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas
processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise
morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea
com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes
epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com
base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo
mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e
gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e
o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O
41
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com
presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e
com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada
por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e
anatomia da placircntula natildeo antes descritos
42
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF
SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae
ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the
family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works
on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good
basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this
work understand better the germination process and the morphological and anatomical
aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with
the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical
the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the
morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)
da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia
da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon
epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which
were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization
and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The
morphological analysis enabled the following observations the germination is the type
fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons
obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos
simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts
cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of
starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The
hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The
43
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of
trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many
trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some
authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling
not described before
1 INTRODUCcedilAtildeO
44
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
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73
1 INTRODUCcedilAtildeO
Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae
(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se
distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)
Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve
(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante
caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al
1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros
(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em
plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo
permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta
(VASQUEZ-YANES 1974)
Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja
para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas
espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com
finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e
anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997
ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma
carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo
do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais
nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)
Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a
respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES
45
amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO
1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
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1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)
Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia
informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de
fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de
germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas
Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase
plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus
46
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
2 MATERIAL E MEacuteTODOS
Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca
de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em
ManausAM
Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal
(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM
(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e
obtenccedilatildeo de placircntulas
O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do
Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do
PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os
cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)
21 Processo Germinativo
Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio
de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre
papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)
47
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri
Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria
ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do
estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram
consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades
que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de
representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos
22 Morfologia da placircntula
A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da
primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi
acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas
48
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
23 Obtenccedilatildeo de placircntula
Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de
Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato
areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para
manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)
Figura 2 Placircntulas de O lagopus
Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de
desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo
3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-
se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice
base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos
A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo
e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)
Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando
representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de
estereomicroscopia
49
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
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73
24 Anatomia da placircntula
Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50
(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em
etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo
primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado
em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as
recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos
em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems
Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em
seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol
para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente
montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica
foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)
equipado com sistema U-Photo
25 Diafanizaccedilatildeo
Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras
foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10
por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e
lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma
soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma
seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas
em resina sinteacutetica (Permount)
50
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura
Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz
primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas
em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi
desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado
em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em
metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio
eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo
de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV
51
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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73
3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO
31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula
A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a
hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave
medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente
toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o
processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde
inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o
alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados
(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa
glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)
Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro
conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os
cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)
assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para
Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave
semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o
desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones
satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e
BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se
membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia
oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos
52
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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71
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72
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73
com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz
primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem
evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas
para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram
encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e
SIQUEIRA 2008)
53
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
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334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
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73
Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento
54
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
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73
Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus
32 Morfologia da placircntula
A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras
raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto
eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente
O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas
abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da
placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com
Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)
Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e
persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado
discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces
sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice
arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute
55
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se
uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula
A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento
menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta
(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos
cotileacutedones
O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada
margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos
evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e
nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos
De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria
coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos
da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo
ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo
par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes
autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do
metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)
O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e
47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)
56
Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
57
33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
59
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
60
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo
Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia
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33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
58
Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
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334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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33 Anatomia da placircntula
331 Raiz primaacuteria
A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex
com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)
Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas
parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que
os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres
poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram
encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas
justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais
e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A
regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)
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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
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334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema
332 Hipocoacutetilo
A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e
tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute
apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica
pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de
xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o
exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com
acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)
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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
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72
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73
Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma
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333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
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334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
333 Cotileacutedone
A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de
tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo
estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos
principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas
ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute
heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da
folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como
dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos
intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como
algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados
de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)
levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica
61
Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
62
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico
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334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
71
FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
72
RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
334 Epicoacutetilo
O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do
hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura
10B) natildeo sendo observado o amido
A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos
fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou
ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute
composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas
podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo
encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela
coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo
de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema
secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo
observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica
onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido
63
Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma
335 Eofilos
Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A
epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes
anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso
indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)
Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo
caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos
situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa
(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente
64
ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em
ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe
amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a
famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram
observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma
ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves
(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo
de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases
Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo
mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium
O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e
parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com
conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas
apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos
intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e
Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)
Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal
e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila
marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um
canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui
dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa
diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e
65
adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta
seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo
Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo
subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por
feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado
(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os
feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero
variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores
apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos
como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae
66
Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
67
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
73
Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema
68
Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
69
4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
70
5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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4 CONCLUSAtildeO
A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia
curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura
A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias
distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e
glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones
isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo
mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com
tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de
amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares
com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido
A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento
desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p
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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004
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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976
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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
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