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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
CURSO DE MESTRADO
PATRÍCIA DE MENEZES GONDIM
ASPECTOS DA ECOLOGIA TRÓFICA E USO DO MICROHÁBITAT (DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL) DE UMA POPULAÇÃO DE Dendropsophus gr. microcephalus (ANURA, HYLIDAE) EM UMA ÁREA DE MATA DE TABULEIRO LITORÂNEO DO NORDESTE
BRASILEIRO
FORTALEZA – CE
2012
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PATRÍCIA DE MENEZES GONDIM
ASPECTOS DA ECOLOGIA TRÓFICA E USO DO MICROHÁBITAT (DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL) DE UMA POPULAÇÃO DE Dendropsophus gr. microcephalus (ANURA, HYLIDAE) EM UMA ÁREA DE MATA DE TABULEIRO LITORÂNEO DO NORDESTE
BRASILEIRO
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ecologia.
Área de Concentração: Ecologia e Recursos Naturais
Linha de Pesquisa: Ecologia Terrestre - Ecologia e Biologia da Macrofauna
Orientador: Prof. Dr. Paulo Cascon
Co-orientadora: Profa. Dra. Diva Maria Borges-Nojosa
FORTALEZA – CE
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências e Tecnologia
G635a Gondim, Patrícia de Menezes.
Aspectos da ecologia trófica e uso do microhábitat (distribuição vertical) de uma população de Dendropsophus gr. microcephalus (anura, hylidae) em uma área de mata de tabuleiro litorâneo do nordeste brasileiro / Patrícia de Menezes Gondim – 2012.
54 f. : il., enc. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Departamento de
Biologia, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, Fortaleza, 2012. Área de Concentração: Ecologia e Recursos Naturais.
Orientação: Prof. Dr. Paulo Cascon. Coorientação: Prof. Dr. Diva Maria Borges-Nojosa.
1. Dieta. 2. Hábitos Alimentares. 3. Estratificação Vertical. I. Título.
CDD 577
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PATRÍCIA DE MENEZES GONDIM
ASPECTOS DA ECOLOGIA TRÓFICA E USO DO MICROHÁBITAT (DISTRIBUIÇÃO
VERTICAL) DE UMA POPULAÇÃO DE Dendropsophus gr. microcephalus (ANURA, HYLIDAE) EM UMA ÁREA DE MATA DE TABULEIRO LITORÂNEO DO NORDESTE
BRASILEIRO
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ecologia.
Aprovada em ____ / ____ / _____.
BANCA EXAMINADORA
________________________________ Prof. Dr. Paulo Cascon (Orientador)
Universidade Federal do Ceará - UFC
______________________________ Profa. Dra. Carla Ferreira Rezende
Universidade Federal do Ceará - UFC
________________________________ Prof. Dr. Tiago da Silveira Vasconcelos
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - UNESP
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À minha família pelo apoio
e aos amigos por existirem.
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AGRADECIMENTOS
Deixo minha gratidão a várias pessoas que contribuíram para que este trabalho fosse
concretizado, tanto as que aqui são citadas quanto àquelas que não foram mencionadas, mas
que ajudaram de alguma forma.
Primeiramente a Deus, por me fortalecer nos momentos difíceis e por estar sempre à
frente guiando os meus passos, principalmente quando eu não conseguia vislumbrar com
clareza onde eu ia chegar.
Aos meus pais, Luzia e Maurilo, por não medirem esforços para que eu me realizasse
nos estudos, por me ajudarem a vencer as dificuldades e me consolarem perante as incertezas.
Às minhas irmãs, Priscila e Paula, e ao meu irmão, Bergson, pela parcela de contribuição a
este trabalho, que de alguma maneira me ajudaram com favores indispensáveis.
Ao orientador, Paulo Cascon, por ter acreditado em mim e ter confiado em minhas
escolhas. Suas sugestões, críticas e correções foram essenciais para a melhoria deste trabalho.
Obrigada por ter me passado a tranqüilidade necessária para que eu pudesse chegar até o fim.
À co-orientadora, Diva Maria Borges-Nojosa, também pela orientação, apoio, amizade
e carinho. Obrigada pelos conselhos, elogios, críticas e os cuidados de sempre. Minha
“mãerientadora”.
Ao simpático casal Sr. Borges e Dona Nancy por permitirem minhas coletas na
Fazenda Maceió e me acolherem tão bem durante os trabalhos de campo nesse lugar que mais
parece um cantinho do paraíso.
Ao Luan Tavares por ter me ajudado, não só nos trabalhos de campo, mas também
com as referências bibliográficas e edição das fotos.
Aos amigos da turma: Marco Mourão, Romilson Lopes, Ribamar Paiva, Ana Pina,
Jonathas Pereira, Juliana Borges, Marcela Bernardes e Débora Praciano (esse trio é amizade
especial, irmãs nascidas do NUROF). Com vocês e os demais colegas da turma, a vida de
pós-graduando foi menos difícil e os momentos de descontração foram essenciais para que a
normalidade da vida, algo que já não nos pertencia mais, pudesse ser lembrada de vez em
quando.
À banca de qualificação composta pelos professores Ivan Botero, Conrado Galdino e
Rogério Parentoni pela contribuição ao amadurecimento do projeto.
À Juliana Borges e Demontier Moraes, pessoas com quem também compartilhei os
dias no campo e todos, a sua maneira, fizeram desses momentos os mais descontraídos e
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alegres possíveis em meio ao árduo e divertido trabalho das coletas. Em especial à Juliana
pela amizade, apoio, incentivo, troca de idéias e de artigos.
Ao Daniel Cassiano pelo apoio, motivação e conselhos. Ele é o tipo de amigo que
sempre mostra preocupação contigo, querendo saber como vão as coisas. Suas dicas são
valiosas orientações de vivência e sobrevivência na vida acadêmica.
Ao Daniel Passos, Djan Zanchi, Talita Santos, Profa. Carla Rezende e Prof. Lorenzo
Zanette pela ajuda nas análises estatísticas. Em especial ao Djan Zanchi pela ajuda com
alguns testes e com a identificação dos artrópodes. Sua experiência com o estudo de dieta e
conselhos nos momentos mais complicados me ajudaram bastante. Não poderia deixar de
agradecer ao Daniel Passos e a Marcela Bernardes, por terem contribuído especialmente com
a identificação dos artrópodes.
Aos amigos do NUROF, citando aqui os nomes dos que ajudaram em algumas coletas:
Fabrício, Castiele, Gabriele, Raquel e Diego. Valeu, turma!
Aos meninos da fazenda, Felipe, ‘Lôro’ e ‘Moreno’, que foram meus estagiários
mirins em várias coletas.
Às amigas Lidianne Leal Rocha e Flávia Bezerra Lima Verde, companheiras da época
da graduação que fazem parte da minha vida até hoje. É o tipo de amizade que é para a vida
toda.
À FUNCEME pela disponibilização dos dados de precipitação e temperatura.
Ao ICMBio pela licença da coleta com autorização número 26666-1 do Sistema de
Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO.
À SEMACE pelo apoio e incentivo a minha formação acadêmica.
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“Tenho a impressão de ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso oceano da verdade continua misterioso diante de meus olhos.”
(Isaac Newton)
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RESUMO
Neste trabalho foram realizados estudos sobre a dieta e a estratificação vertical em D. gr.
microcephalus em uma área de tabuleiro litorâneo do nordeste brasileiro. Em relação à dieta,
foram identificados os principais itens alimentares, a ocorrência de variação sexual,
ontogenética e estacional quanto às presas consumidas, bem como a relação do comprimento
e volume destas com o comprimento rostro-cloacal e a largura da mandíbula. Quanto à
estratificação vertical, foram analisadas possíveis diferenças sexuais, ontogenéticas e
estacionais na altura de empoleiramento. Os trabalhos de campo ocorreram mensalmente de
março até dezembro de 2011, totalizando dez meses de coletas, obtendo-se uma amostra total
de 229 indivíduos (177 machos, 52 fêmeas). Foram quantificadas 464 presas distribuídas em
15 categorias, sendo Diptera, Coleoptera, Araneae e Hemiptera os principais itens
consumidos, composição alimentar encontrada na maioria das espécies do gênero. O
predomínio de dípteros na composição alimentar aponta Dendropsophus como um grupo
importante de biocontroladores de insetos prejudiciais. Fêmeas apresentaram valores maiores
do que machos em relação ao comprimento rostro – cloacal (CRC), largura da mandíbula e
massa corpórea, sendo largura da mandíbula a responsável pelas diferenças sexuais e
ontogenéticas quando relacionada com comprimento e volume dos itens consumidos. Quanto
à variação estacional, comprimento e volume dos itens alimentares tiveram valores maiores
durante a estação chuvosa, sugerindo uma abundância maior de presas nesse período. A altura
de empoleiramento em D. gr. microcephalus foi semelhante ao encontrado em outras espécies
do gênero. Adultos se empoleiraram em alturas inferiores, enquanto jovens alcançaram alturas
maiores, diferenças que estão relacionadas com a largura da mandíbula e, possivelmente, com
CRC e massa corpórea. Estratificação vertical devido a variações estacionais pode estar ligada
a fatores abióticos como temperatura, umidade relativa do ar e/ou vento, porém, outros
estudos devem ser realizados para confirmar a relação desses fatores, não só com as variações
estacionais, mas também com as variações sexuais e ontogenéticas.
Palavras-chave: Dendropsophus, Dieta, Hábitos Alimentares, Estratificação Vertical,
Microhábitat.
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ABSTRACT
In this work, it was studied the diet and vertical stratification in D. gr. microcephalus in an
area of coastal tableland of northeastern Brazil. Regarding diet, it was identified the main
food items, the occurrence of sexual, ontogenetic and seasonal variation in relation to the
consumed prey, as well as the ratio of length and volume of these with the snout-vent length
and jaw width. As for the vertical stratification, it was analyzed possible sex, ontogenetic and
seasonal time differences for perch height. The field work took place monthly from March to
December 2011, totalizing ten months of collections, obtaining a sample of 229 individuals
(177 males, 52 females). It was quantified 464 prey distributed in 15 categories, being
Diptera, Coleoptera, Araneae e Hemiptera the main items consumed, food composition found
in most species of the genus. The predominance of Diptera in dietary composition points out
Dendropsophus as an important group of biocontrol of harmful insects. Females had higher
values than males in relation to snout-vent length (SVL), jaw width (JW) and body mass,
being jaw width the responsible for the sexual and ontogenetic differences when related to
length and volume of items consumed. With regard to seasonal variation, length and volume
of food items were greater during the rainy season, suggesting a greater abundance of prey
during this period. The height of perch D. gr. microcephalus was similar to that found in other
species of the genus. Adults perched at lower altitudes, while youngsters have reached greater
heights, differences that are related to the jaw width and possibly to the SVL and body mass.
Vertical stratification due to seasonal variations may be linked to abiotic factors such as
temperature, relative humidity and / or wind; however, further studies should be conducted to
confirm the relationship of these factors, not only with seasonal variations, but also with
sexual and ontogenetic variations.
Keywords: Dendropsophus, Diet, Eating Habits, Vertical Stratification, Microhabitat
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dendropsophus gr. microcephalus. Foto: Luan Pinheiro...................... 15
Figura 2 – Média mensal de temperatura e precipitação mensal em 2011. Fonte:
Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME)...............
18
Figura 3 – Mapa de localização do município de São Gonçalo do Amarante - CE.
Fonte: Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
(IPECE).................................................................................................................... 20
Figura 4 – Área de estudo nas proximidades da lagoa, localizada na Fazenda
Maceió, município de São Gonçalo do Amarante, Ceará, Brasil. Foto: Patrícia de
Menezes Gondim.....................................................................................................
20
Figura 5 – Comparação sexual, ontogenética e estacional do comprimento dos
itens alimentares em Dendropsophus. gr. microcephalus em uma área de mata de
tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de
2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em
vermelho...................................................................................................................
34
Figura 6 – Comparação sexual, ontogenética e estacional do volume dos itens
alimentares em Dendropsophus. gr. microcephalus em uma área de mata de
tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de
2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em
vermelho...................................................................................................................
35
Figura 7 – Comparação sexual, ontogenética e estacional da altura de
empoleiramento em Dendropsophus gr. microcephalus em uma área de mata de
tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de
2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em
vermelho...................................................................................................................
36
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Composição da dieta de Dendropsophus gr. microcephalus (n = 140) em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (V mm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR).................................................................... 26
Tabela 2 – Composição da dieta de machos (n = 90) e fêmeas (n = 12) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR)................................................................................................................................ 28
Tabela 3 - Composição da dieta de jovens (n = 38) e adultos (n = 102) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR)................................................................................................................................ 30
Tabela 4 – Composição da dieta na estação chuvosa (n = 52) e na estação seca (n = 88) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR)................................................................................................................................ 32
Tabela 5 – Resultados da ANOVA (Análise de Variância): regressão linear múltipla (p<0,05) entre comprimento médio dos itens alimentares e LM e sexo em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011................................................................................................................................ 33
11
Tabela 6 – Resultados da ANOVA (Análise de Variância): regressão linear múltipla (p<0,05) entre volume médio dos itens alimentares e LM e sexo em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011................................................................................................................................
34
Tabela 7 – Resultados da ANODEV (Análise de Desvio): modelo linear generalizado com os valores dos desvios em relação à LM e Massa e os seus respectivos testes qui-quadrado em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011........................................................................................................... 36
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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS
CRC Comprimento Rostro – Cloacal
F Frequência de ocorrência de uma categoria alimentar no estômago
F% Percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada
FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia
IIR Índice de Importância Relativa
IPECE Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará
LM
MLG
Largura da Mandíbula
Modelo Linear Generalizado
N Número de itens alimentares consumidos
N% Porcentagem do número de itens alimentares consumidos
V Volume dos itens alimentares consumidos
V% Porcentagem do volume dos itens alimentares consumidos
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 14
1.1. Ecologia Trófica................................................................................................................... 14
1.2. Uso do microhábitat (Distribuição Vertical)........................................................................ 16
2. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................... 18
2.1. Área de Estudo..................................................................................................................... 18
2.2. Procedimentos de Campo e de Laboratório......................................................................... 21
2.3. Análise dos Dados................................................................................................................ 22
2.3.1. Relações Morfométricas Entre Machos e Fêmeas............................................................ 22
2.3.2. Ecologia Trófica................................................................................................................ 22
2.3.3. Relação Entre Medidas Morfométricas e Comprimento e Volume das Presas................ 24
2.3.4. Uso do Microhábitat (Distribuição Vertical).................................................................... 24
3. RESULTADOS....................................................................................................................... 25
3.1. Diferenças Morfométricas Entre Machos e Fêmeas............................................................ 25
3.2. Composição da Dieta........................................................................................................... 25
3.3. Variação Sexual na Dieta..................................................................................................... 26
3.4. Variação Ontogenética na Dieta........................................................................................... 29
3.5. Variação Estacional na Dieta............................................................................................... 31
3.6. Relação Entre Tamanho Corporal, Sexo e Estágio de Maturidade do Predador com o
Comprimento e Volume das Presas............................................................................................
33
3.7. Uso do Microhábitat (Distribuição Vertical)....................................................................... 35
4. DISCUSSÃO........................................................................................................................... 37
4.1. Dieta..................................................................................................................................... 37
4.2. Uso do Microhábitat (Distribuição Vertical)....................................................................... 42
5. CONCLUSÃO........................................................................................................................ 45
6. REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 46
APÊNDICE................................................................................................................................. 53
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Ecologia Trófica
Aspectos dos hábitos alimentares em anuros têm sido estudados de forma intensiva,
contribuindo com informações novas e importantes sobre a dieta e o entendimento do papel
trófico desempenhado por esse grupo em vários sistemas ecológicos (CARAMASCHI, 1981;
COGALNICEANU; PALMER; CIUBUC, 2001; KUZMIN, 1995; MENÉNDEZ-
GUERRERO, 2001; PARMELEE, 1999; PIATTI, 2009; TOFT, 1981; VIGNOLI; LUISELLI,
2011).
Os anfíbios anuros podem ser considerados predadores oportunistas ou seletivos,
dependendo dos hábitos de forrageio (JAKSIC, 2001). Geralmente, eles são consumidores
oportunistas com dietas que refletem a disponibilidade de alimentos de tamanhos apropriados.
Há dois tipos de comportamento de forrageamento em anuros: o tipo ativo, no qual os
indivíduos buscam ativamente até encontrarem um grupo de presas, e o passivo (senta-e-
espera), no qual eles esperam o aparecimento de presas no local (DUELLMAN; TRUEB,
1986). Eles também podem ser generalistas ou especialistas, classificação que considera a
largura do seu nicho trófico (JAKSIC, 2001).
De acordo com a teoria da competição intraespecífica, indivíduos da mesma espécie
com tamanhos similares e que habitam a mesma área são mais prováveis de competirem pelos
mesmos recursos (STEBBINS; COHEN, 1995). Entretanto, a composição de presas pode
variar sazonal e ontogeneticamente e, ainda, sexualmente quando há diferenças morfológicas
no tamanho do corpo e da boca, massa corpórea, entre outras características (BLACKBURN;
MOREAU, 2006; MIRANDA et al., 2006; QUIROGA; SANABRIA; ACOSTA, 2009;
RODRIGUES; UETANABARO; PRADO, 2004; VITT; CALDWELL, 2009; YILMAZ;
KUTRUP, 2006).
O gênero Dendropsophus Fitzinger, 1843 é composto por 95 espécies e possui ampla
distribuição geográfica, ocorrendo desde o Norte da Argentina e do Uruguai até o Sul do
México, nas Américas do Sul e Central (AMPHIBIAWEB, 2012; FROST, 2012). Essas
espécies possuem 30 cromossomos e a maioria estão inseridas em nove grupos, dentre eles o
grupo de Dendropsophus microcephalus, com 33 espécies (FAIVOVICH et al., 2005). Como
todas as espécies do gênero, esse grupo faz parte do complexo de anuros arborícolas da
família Hylidae, de tamanhos pequenos e predominantemente amarelos (quando ativos à
15
noite), e que possuem complexas vocalizações de anúncio (DUELLMAN, 1982). Espécies de
Dendropsophus habitam principalmente florestas tropicais, bem como bordas de mata,
clareiras e outras áreas abertas, como cerrado, e geralmente, estão associadas a corpos d'água
e áreas alagadas (KOK; KALAMANDEEN, 2008). Embora haja muitas semelhanças de
Dendropsophus gr. microcephalus (Figura 1) com a espécie D. microcephalus, não foi
atribuído epíteto específico à espécie aqui estudada devido à taxonomia confusa do grupo.
Nos trópicos americanos, é considerado um grande complexo de espécies de hilídeos e
provavelmente o mais frustrante taxonomicamente, devido aos altos níveis de semelhanças
morfológicas entre as espécies e altos níveis de variação intraespecífica, sendo necessária a
revisão taxonômica do gênero Dendropsophus (DUELLMAN, 1982; DUELLMAN;
FOUQUETTE, 1968; FOUQUET et al., 2011).
Figura 1 – Dendropsophus gr. microcephalus. Foto: Luan Pinheiro.
Os hábitos alimentares de Dendropsophus têm sido investigados em vários trabalhos e
dietas similares entre espécies do gênero foram encontradas em alguns estudos. Ao analisar
estratégias de seleção alimentar durante o período reprodutivo em três hilídeos, Macale,
Vignoli e Carpaneto (2008) encontraram dietas similares para D. nanus e D. sanborni,
resultados também encontrados por Menin, Rossa-Feres e Giaretta (2005). Dendropsophus
16
minutus (SOLÉ; PELZ, 2007), D. microcephalus (MUÑOZ – GUERRERO; SERRANO;
RAMÍREZ – PINILLA, 2007) e D. columbianus (HOYOS-HOYOS et al., 2012) também
apresentaram dietas semelhantes entre si.
Informações sobre dieta é importante para o entendimento da história de vida dos
anuros, flutuações populacionais e o impacto da modificação do hábitat sobre esse grupo de
anfíbios. Estudos sobre os hábitos alimentares de anuros no domínio semi-árido do Brasil,
localizado na região nordeste, são ainda escassos (SANTOS; ALMEIDA; VASCONCELOS,
2004), principalmente em seus tabuleiros litorâneos, como os presentes na área de estudo em
questão, localizada no município que abriga o Complexo Industrial e Portuário do Pecém –
CIPP, que tem causado vários impactos ambientais na região.
1.2. Uso do microhábitat (Distribuição Vertical)
Os hilídeos podem constituir a maior parcela da diversidade de espécies de anuros que
apresentam estratificação vertical na vegetação, pois a presença de discos adesivos na ponta
dos dedos os adaptam a explorar a vegetação verticalmente (CARDOSO; ANDRADE;
HADDAD, 1989; PRADO; POMBAL JR., 2005), além de poderem procurar, igualmente aos
outros anuros, diferentes microhábitats como rochas e serrapilheira. Dessa forma, essas
espécies podem ocupar microhábitats diferenciados, permitindo a coexistência entre elas e
minimizando a competição pelos recursos (CARAMASCHI, 1981).
A maioria dos trabalhos que abordam a estratificação vertical em anuros fazem
estudos comparativos entre espécies de uma comunidade, tratando sobre a partição de recurso
espacial com finalidades reprodutivas, como sítios de vocalização. Hödl (1977), por exemplo,
registrou a ocorrência de partilha espacial, enquanto Blamires et al. (1997) e Pombal (1997)
verificaram a sobreposição das espécies no uso de microambientes. Rossa-Feres e Jim (2001)
encontraram segregação vertical entre espécies taxonomicamente relacionadas que
vocalizaram empoleiradas na vegetação, mas não entre espécies que vocalizaram no chão.
Van Sluys e Rocha (1998) e Prado e Pombal Jr. (2005) registraram a ocorrência de
distribuição vertical diferenciada para os hilídeos correlacionada com fatores ambientais,
fisiológicos, tamanho e massa corpórea. Segundo os autores, diferenças taxonômicas,
tamanho do corpo e diferenças de microhábitat podem influenciar os hábitos alimentares em
espécies sintópicas. Diferentemente de outros anuros, os hilídeos se alimentam
oportunisticamente sobre a vegetação, local em que as presas voadoras são de grande
importância (MENÉNDEZ-GUERRERO, 2001).
17
Altura de empoleiramento foi estudada em hilídeos, tais como: Hypsiboas
albopunctatus (ARAÚJO; BOCCHIGLIERI; HOLMES, 2007), Hypsiboas semilineatus
(LISBOA et al., 2011) e Hypsiboas raniceps (GUIMARÃES; BASTOS, 2003). Prado e
Pombal Jr. (2005) e Bertoluci e Rodrigues (2002) encontraram diferenças significativas para a
distribuição vertical dos hilídeos da Mata Atlântica. O uso de microhábitat, além de variar
entre espécies diferentes, também pode variar entre indivíduos da mesma espécie, por
exemplo, ontogeneticamente (ALFORD; CRUMP, 1982; ALFORD, 1986; ETEROVICK et
al., 2010). Diferenças intersexuais com relação à posição vertical (altura de empoleiramento)
foram investigadas em Phyllomedusa azurea, não sendo encontradas diferenças entre as
alturas de empoleiramento adotadas por cada um dos sexos (FREITAS et al., 2008).
Estratificação vertical envolvendo o gênero Dendropsophus também foi investigada
por vários autores. Ao estudar o uso de microhábitat em quatro hilídeos, Muñoz - Guerrero,
Serrano e Ramírez - Pinilla (2007) compararam a altura de empoleiramento entre Hypsiboas
pugnax, Scarthyla vigilans, Scinax rostratus e Dendropsophus microcephalus, encontrando
sobreposição do recurso espacial entre as espécies de tamanhos semelhantes. Melo, Rossa –
Feres e Jim (2007) também avaliaram a altura de empoleiramento para Dendropsophus
minutus, D. nanus, D. sanborni e D. elianeae dentre outros hilídeos, e encontraram alturas de
sítios de vocalização variando em função da temperatura e pluviosidade. Apesar das pesquisas
relacionadas ao uso do microhábitat serem importantes para os planos de conservação e
monitoramento das populações de anuros, tais estudos são escassos (ETEROVICK;
BARROS, 2003). Os poucos estudos que comparam alturas de empoleiramento o fazem entre
espécies de uma comunidade (BERTOLUCI; RODRIGUES, 2002; BLAMIRES et al., 1997;
MELO; ROSSA-FERES; JIM, 2007; POMBAL, 1997; PRADO; POMBAL, 2005; ROSSA-
FERES; JIM, 2001), deixando uma lacuna no conhecimento sobre segregação vertical
intraespecífica.
Este trabalho objetivou estudar aspectos da ecologia trófica, bem como a
distribuição vertical de uma população de Dendropsophus do grupo microcephalus (Figura 1)
em uma área de mata de tabuleiro litorâneo do nordeste brasileiro, respondendo às seguintes
questões: a) qual a composição da sua dieta? b) Ocorre variação sexual, ontogenética e/ou
estacional da composição dos itens alimentares? c) Há diferenças de tamanhos corporais
(comprimento rostro-cloacal - CRC e largura da mandíbula - LM) e massa corpórea entre
machos e fêmeas? d) Existe variação sexual e/ou ontogenética entre o tamanho do predador
(CRC e LM) e o tamanho das presas consumidas (comprimento e volume)? e) A estratificação
18
vertical varia entre machos e fêmeas, entre jovens e adultos e/ou entre os períodos seco e
chuvoso?
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. Área de Estudo
As coletas ocorreram na Fazenda Maceió da Taíba (S 03º30’54,9” / W 38º55’07,7”),
localizada no distrito da Taíba, em São Gonçalo do Amarante (3º 36' 26" S / 38º 58' 06" W
Gr). Este município localiza-se a cerca de 58 km de Fortaleza, situado no litoral oeste do
Estado do Ceará. O clima da região é tropical quente semi-árido brando com temperatura e
pluviosidade médias anuais de 26°C e 1.026,4 mm, respectivamente (Perfil Básico Municipal
de 2011 - INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ -
IPECE, 2011). O período chuvoso ocorre durante os meses de janeiro a junho, enquanto o
seco vai de julho a dezembro (FUNDAÇÃO CEARENSE DE METEOROLOGIA E
RECURSOS HÍDRICOS - FUNCEME, 2012). Abaixo, a figura 2 mostra a temperatura e a
precipitação dos meses do ano em que as coletas ocorreram.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses 2011
Tem
pera
tura
(ºC
)
0
40
80
120
160
200
240
280
320
360
Pre
cip
itação
(m
m)
Temperatura
Precipitação
Figura 2 – Média mensal de temperatura e precipitação mensal em 2011. Fonte: Fundação Cearense de
Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME).
19
A vegetação é considerada integrante do Complexo Vegetacional Litorâneo
(INSTITUTO DE PESQUISA E ESTRATÉGIA ECONÔMICA DO CEARÁ - IPECE, 2011),
composto de vegetação pioneira psamófila I, vegetação pioneira psamófila II, floresta de
dunas fixas e retaguarda de dunas, vegetação dos tabuleiros pré-litorâneos e vegetação
aquática e paludosa de lagoas e brejos (FIGUEIREDO, 1997). A fitofisionomia predominante
da região é do tipo mata de tabuleiro, que é considerada como formações vegetacionais
residuais que percorrem os tabuleiros litorâneos atrás da faixa de dunas (OLIVEIRA FILHO,
2000). O levantamento florístico da região realizado por Castro, Moro e Menezes (2012)
registrou 382 espécies distribuídas em 96 famílias, entre elas Fabaceae, Cyperaceae,
Rubiaceae, Poaceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae, Malvaceae e Bignoniaceae. A coleta se deu
nas proximidades de uma lagoa, com vegetação de porte herbáceo e, segundo Borges-Leite
(2012), a área está sob influência de ações antrópicas, como pequenos cultivos, criação de
animais domésticos, presença de usina eólica, extração de madeira para lenha de consumo
doméstico e presença de moradores. Abaixo, a figura 3 mostra a localização do município de
São Gonçalo do Amarante e a figura 4, o local da Fazenda Maceió onde foram realizadas as
coletas.
20
Figura 3 – Mapa de localização do município de São Gonçalo do Amarante - CE. Fonte: Instituto de Pesquisa e
Estratégia Econômica do Ceará (IPECE).
Figura 4 – Área de estudo nas proximidades da lagoa, localizada na Fazenda Maceió, município de São Gonçalo
do Amarante, Ceará, Brasil. Foto: Patrícia de Menezes Gondim.
.
21
2.2. Procedimentos de Campo e de Laboratório
Os trabalhos de campo ocorreram mensalmente de março até dezembro de 2011,
totalizando dez meses de coletas. Em cada mês, as atividades de campo duraram o tempo
suficiente para a obtenção de 20 animais em média, variando entre um a três dias, totalizando
15 dias de atividades de coleta. As capturas foram manuais e ocorreram no período noturno.
Para cada indivíduo coletado, foram registrados os seguintes dados:
• Ocorrência de atividade de vocalização.
• Data e horário da coleta.
• Altura em centímetros do empoleiramento em relação ao solo ou a água, medida com
uma trena (precisão 1cm).
Os anuros foram eutanasiados no campo com pomada anestésica dermatológica de
lidocaína 50 mg/g e pesados com balança de precisão (0,01g). As seguintes medidas foram
tomadas, com o auxílio de um paquímetro digital (precisão 0,01mm): comprimento rostro-
cloacal (CRC) e largura da mandíbula (LM). Em seguida, foram fixados com formol 10%. Em
laboratório, foi realizada a dissecação desses animais para a remoção do estômago e a
sexagem, através da observação direta das gônadas. Os itens alimentares encontrados foram
quantificados e identificados até o nível taxonômico de ordem por ser uma classificação muito
utilizada em estudos de dieta, o que facilita comparações entre estudos. A exceção foi para a
ordem Hymenoptera, cuja identificação foi especificada para aqueles que pertencessem à
família Formicidae por ser uma categoria de presas importante na dieta dos anuros. Foram
utilizados estereomicroscópio para a identificação e quantificação dos itens alimentares e
paquímetro digital (precisão 0,01mm) para medições de seus comprimentos e larguras. O
comprimento de presas fragmentadas foi estimado baseado em espécimes intactos da mesma
espécie com mesma largura.
Foram considerados machos jovens aqueles com CRCs menores do que o do menor
macho encontrado vocalizando, enquanto que foram consideradas fêmeas jovens aquelas com
CRCs menores do que o da menor fêmea encontrada com óvulos maduros.
Os exemplares encontram-se tombados na Coleção de Herpetologia da Universidade
Federal do Ceará (CHUFC).
22
2.3. Análises dos Dados
Em todas as análises estatísticas foram realizados testes paramétricos quando os dados
apresentaram distribuição normal, e testes não paramétricos quando os dados não tiveram
distribuição normal. O valor 0,05 foi escolhido como limite de significância.
Todas as análises estatísticas foram feitas através do Programa de Estatística R (R
DEVELOPMENT CORE TEAM, 2008).
2.3.1. Relações Morfométricas Entre Machos e Fêmeas
Para comparar diferenças de tamanhos corporais (CRC e LM) e massa corpórea entre
machos e fêmeas (indivíduos adultos) foi utilizado o teste não paramétrico U de Mann-
Withney. Nas demais análises relativas à comparação sexual, foram considerados, igualmente,
somente indivíduos adultos.
2.3.2. Ecologia Trófica
O volume de cada item consumido foi calculado pela equação de elipsóide: V = 4/3π
(1/2C)(1/2L)2, onde C é o comprimento e L a largura da presa.
A composição da dieta foi analisada sexual, ontogenética e estacionalmente,
quantificando-se cada categoria alimentar em termos de número de itens alimentares
consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), de volume dos itens alimentares
consumidos (V) e sua percentagem na dieta V(%), de freqüência de ocorrência nos estômagos
(F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada
F(%). Foi calculado, ainda, o índice de importância relativa (IIR) proposto por Pinkas,
Oliphant e Iverson (1971):
IIR = (POt)x(PIt+PVt), onde:
POt = porcentagem de ocorrência da presa t em relação ao total de presas em todos os
estômagos
PIt = porcentagem de itens de presas t em relação ao total de presas em todos os estômagos
PVt = porcentagem de volume da presa t em relação ao total de presas em todos os estômagos
23
A largura do nicho trófico foi calculada para machos, fêmeas, jovens, adultos, estações
seca e chuvosa através do índice de Levins (KREBS, 1999):
B = 1/Σpi2 , onde:
B = largura do nicho trófico da espécie
i = categoria do recurso utilizado
p = proporção volumétrica da categoria i utilizada por essa espécie
O índice de Levins foi padronizado para o índice de Hurlbert (KREBS, 1999) através
da seguinte equação:
B’ = B–1 / n–1, onde:
B’ = amplitude de nicho padronizada de Levins
B = medida de amplitude de nicho de Levins
n = número de recursos utilizados.
A largura de nicho padronizada de Levins varia de zero (mínima amplitude), quando
há uso exclusivo de uma única categoria de recurso, a um (máxima amplitude), quando todas
as categorias de recursos são utilizadas igualmente (KREBS, 1999). A espécie é considerada
como tendo uma grande amplitude no uso dos recursos quando B’ ≥ 0,5 (CALDART, 2011).
A sobreposição da dieta entre os grupos machos/fêmeas, jovens/adultos e estação
seca/chuvosa foi avaliada usando o índice de Pianka (PIANKA, 1973), que mede o grau em
que duas espécies dividem uma série de recursos em comum:
Ojk= ∑ PijPik/ √ ∑ Pij2∑ Pik2, onde:
pij e pik são a proporção do recurso i usado pelas categorias pareadas j e k em cada
tratamento. A escala varia de zero (nenhuma sobreposição) a um (sobreposição total).
Para as análises de largura e sobreposição de nicho, foi usado o programa Ecological
Metodology (KREBS, 1999), considerando a proporção volumétrica das categorias de presas.
24
2.3.3. Relação entre Medidas Morfométricas e Comprimento e Volume das Presas
Variações sexuais, ontogenéticas e estacionais quanto ao tamanho das presas
consumidas (comprimento e volume) foram avaliadas através do teste não paramétrico U de
Mann- Whitney. Para investigar a relação entre as medidas das presas consumidas com o sexo
e a idade de D. gr. microcephalus, foram realizadas duas regressões lineares múltiplas. Uma
que utilizou o comprimento como variável resposta e a outra, o volume dos itens alimentares,
ambas com as seguintes variáveis explicativas testadas em conjunto: comprimento rostro-
cloacal, largura da mandíbula, sexo e idade, dentre as quais, foram selecionadas aquelas
significativas para o modelo de acordo com o método Stepwise. Este método é utilizado para
seleção de variáveis em modelos de regressão, em que se verifica a importância das variáveis
explicativas, incluindo-as ou excluindo-as do modelo de acordo com uma determinada regra
de decisão. A importância da variável no modelo é definida em termos de uma medida de
significância estatística do coeficiente associado à variável no modelo. Para as regressões,
verificou-se a normalidade através do teste de Shapiro Wilk e, em seguida, foi realizada a
análise de variância (ANOVA) para verificar o bom ajuste dos modelos.
2.3.4. Uso do Microhábitat (Distribuição Vertical)
Variações sexuais, ontogenéticas e estacionais quanto à altura de empoleiramento
foram avaliadas através do Teste U de Mann-Whitney. Para investigar a relação entre altura
de empoleiramento com sexo, idade e estação foi utilizada a técnica não paramétrica de
regressão conhecida como MLG (Modelo Linear Generalizado) com uso da distribuição
Gama. Foram incluídas, como covariáveis, comprimento rostro cloacal e massa corpórea. O
modelo também passou pela técnica de Stepwise, que retirou todos os parâmetros não
significativos. Para avaliar o bom ajuste do modelo, por meio de sua dispersão, foi realizada a
análise de desvio (ANODEV), que utiliza os valores dos desvios em relação a cada variável
explicativa e os respectivos testes qui-quadrado. A significância do modelo se dá à medida
que se adiciona cada uma das variáveis testadas.
25
3. RESULTADOS
3.1. Diferenças Morfométricas Entre Machos e Fêmeas
Foram coletados 229 indivíduos de Dendropsophus gr. microcephalus, dos quais 177
machos e 52 fêmeas. O menor macho encontrado vocalizando apresentava 13,57mm de CRC,
medida abaixo da qual os indivíduos foram considerados jovens. A menor fêmea com óvulos
maduros media 16,04mm, portanto, aquelas com valores inferiores a este foram consideradas
jovens.
O CRC médio dos machos foi de 16,22 ± 1,39 mm, n = 164, enquanto que o CRC
médio das fêmeas foi de 18,42 ± 1,74 mm, n = 17. As fêmeas foram significativamente
maiores do que os machos (Teste U, W = 2428, p = 0,0000).
A largura média da mandíbula dos machos foi de 5,28 ± 0,36 mm, n = 163, enquanto
que a das fêmeas foi de 5,95 ± 0,40 mm, n = 16. A mandíbula das fêmeas foi
significativamente mais larga que a dos machos (Teste U, W = 2326, p = 0,0000).
A massa corpórea média dos machos foi de 0,29 ± 0,06 g, n = 163, enquanto que a das
fêmeas foi de 0,43 ± 0,11 g, n = 16. A massa corpórea das fêmeas foi significativamente
maior do que a dos machos (Teste U, W = 2238, p = 0,0000).
3.2. Composição da Dieta
Em 229 indivíduos, 89 não continham itens alimentares, correspondendo a 39% de
estômagos vazios. Foram quantificadas 464 presas, distribuídas em 15 categorias (Tabela 1),
com média de 2,05 ± 2,42 itens por estômago e média de volume das presas por estômago de
2,86 ± 5,92 mm3.
A dieta de D. gr. microcephalus na área estudada foi composta quase que
exclusivamente por artrópodes, especialmente insetos (Tabela 1). Os itens mais consumidos
em termos de frequência numérica foram Diptera (63,58%), Hymenoptera (Formicidae)
(7,97%) e Araneae (5,82%). Volumetricamente, houve um consumo proporcional maior de
Diptera (37,84%), Coleoptera (15,88%) e Araneae (13,03%). As maiores freqüências de
ocorrência foram de Diptera (41,85%), Hemiptera (10,57%), Araneae (9,25%) e Coleoptera
(9,25%). Os itens com maiores índices de importância relativa foram Diptera (4244,16),
Coleoptera (194,75), Araneae (174,38) e Hemiptera (160,35).
26
Tabela 1 – Composição da dieta de Dendropsophus gr. microcephalus (n = 140) em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (V mm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR) .
Itens Alimentares N N% V V% F F% IIR
Acari 7 1,51 2,57 0,41 5 2,20 4,24
Araneae 27 5,82 80,79 13,03 21 9,25 174,38
Blattodea 3 0,65 11,18 1,80 3 1,32 3,24
Coleoptera 24 5,17 98,45 15,88 21 9,25 194,75
Dermaptera 1 0,22 0,76 0,12 1 0,44 0,15
Diptera 295 63,58 234,58 37,84 95 41,85 4244,16
Hemiptera 26 5,60 59,29 9,56 24 10,57 160,35 Hymenoptera (Formicidae) 37 7,97 11,00 1,77 20 8,81 85,89
Hymenoptera (outros) 7 1,51 23,00 3,71 7 3,08 16,09
Larva de inseto 4 0,86 56,25 9,07 4 1,76 17,51
Lepidoptera 13 2,80 6,22 1,00 7 3,08 11,73
Odonata 1 0,22 2,25 0,36 1 0,44 0,25
Orthoptera 7 1,51 28,75 4,64 7 3,08 18,95
*Outros 9 1,94 3,86 0,62 8 3,52 9,03
Elemento vegetal 3 0,65 1,05 0,17 3 1,32 1,08
Total 464 100,00 620,00 100,00 227 100,00
3.3. Variação Sexual na Dieta
A dieta dos machos foi composta por 14 categorias de presas, com predomínio
numérico de Diptera (49,26%), Hymenoptera (Formicidae) (12,32%) e Araneae (10,34%). A
dieta das fêmeas foi composta por 8 categorias de presas, com predomínio numérico de
ordens Diptera (72,55%), Hemiptera (5,88%) e outros (5,88%) (Tabela 2).
Volumetricamente, machos consumiram proporção maior de insetos da ordem Diptera
(25,99%), além de Coleoptera (16,01%) e larvas de insetos (15,29%), enquanto que as fêmeas
consumiram mais indivíduos das ordens Diptera (58,50%), Coleoptera (14,50%) e Araneae
(14,15%) (Tabela 2).
Os itens de maior freqüência de ocorrência na dieta dos machos pertenceram às ordens
Diptera (38,97%), Araneae (14,71%) e Hemiptera (13,24%), enquanto que na dieta das
fêmeas as presas mais freqüentes também pertenceram à ordem Diptera (40,00%), seguidos
de Outros (15,00%), Coleoptera (10,00%), Hemiptera (10,00%) e Hymenoptera (Outros)
(10,00%) (Tabela 2).
Na dieta dos machos os itens de maior índice de importância relativa foram Diptera
(2932,59), Araneae (325,18) e Hemiptera (288,15), ao passo que na dieta das fêmeas as presas
*Outros = Artrópodes não identificados
27
de maior índice de importância relativa foram Diptera (5241,91), Coleoptera (184,17) e
Hymenoptera (Outros) (120,47) (Tabela 2).
A largura do nicho alimentar dos machos (Bm) foi maior do que a das fêmeas (Bf) (Bm
= 0,42; Bf = 0,26). A sobreposição da dieta de machos e fêmeas (Omf) foi igual a 0,73.
28
Tabela 2 – Composição da dieta de machos (n = 90) e fêmeas (n = 12) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR).
Machos (n= 90) Fêmeas (n=12)
Itens Alimentares N N% V V% F F% IIR N N% V V% F F% IIR
Acari 1 0,49 1,03 0,28 1 0,74 0,57 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Araneae 21 10,34 43,28 11,77 20 14,71 325,18 2 3,92 17,82 14,15 1 5,00 90,38
Blattodea 2 0,99 7,78 2,12 2 1,47 4,56 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Coleoptera 12 5,91 58,9 16,01 10 7,35 161,22 2 3,92 18,25 14,50 2 10,00 184,17
Dermaptera 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Diptera 100 49,26 95,59 25,99 53 38,97 2932,59 37 72,55 73,65 58,50 8 40,00 5241,91
Hemiptera 19 9,36 45,65 12,41 18 13,24 288,15 3 5,88 3,72 2,95 2 10,00 88,37
Hymenoptera (Formicidae)
25 12,32 7,97 2,17 10 7,35 106,49 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Hymenoptera (outros) 3 1,48 12,31 3,35 3 2,21 10,64 2 3,92 10,23 8,13 2 10,00 120,47
Larva de inseto 4 1,97 56,25 15,29 4 2,94 50,78 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Lepidoptera 2 0,99 4,88 1,33 2 1,47 3,40 1 1,96 0,9 0,71 1 5,00 13,38
Odonata 1 0,49 2,25 0,61 1 0,74 0,81 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Orthoptera 6 2,96 28,75 7,82 6 4,41 47,53 1 1,96 0 0,00 1 5,00 9,80
*Outros 4 1,97 2,1 0,57 3 2,21 5,61 3 5,88 1,33 1,06 3 15,00 104,08
Elemento vegetal 3 1,48 1,05 0,29 3 2,21 3,89 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Total 203 100,00 367,79 100,00 136 100,00 3941,42 51 100,00 125,9 100,00 20 100,00 5852,57
*Outros = Artrópodes não identificados
29
3.4. Variação Ontogenética na Dieta
A dieta dos adultos foi composta por 14 categorias de presas, com predomínio
numérico de Diptera (53,94%) e Hymenoptera (Formicidae) (9,84%), seguidos de Araneae
(9,06%) (Tabela 3). A dieta dos jovens foi composta por 11 categorias de presas, com
predomínio numérico das ordens Diptera (75,24%), Hymenoptera (Formicidae) (5,71%),
Coleoptera (4,76%) e Lepidoptera (4,76%).
Volumetricamente, os três itens mais representativos foram os mesmos para adultos e
jovens. Adultos: Diptera (34,28%), Coleoptera (15,63%) e Araneae (12,38%). Jovens: Diptera
(51,73%), Coleoptera (16,86%) e Araneae (15,59%) (Tabela 3).
A maior freqüência de ocorrência na dieta dos adultos foi de Diptera (39,10%),
Araneae (13,46%) e Hemiptera (12,82%), enquanto que na dieta dos jovens os itens mais
freqüentes pertenceram aos táxons Diptera (45,21%), Hymenoptera (Formicidae) (13,70%) e
Coleoptera (12,33%) (Tabela 3).
Na dieta dos adultos os itens de maior índice de importância relativa foram Diptera
(3449,54), Araneae (288,50) e Hemiptera (239,25), enquanto que na dieta dos jovens as
presas de maior índice de importância relativa foram Diptera (5739,65), Coleoptera (266,61) e
Hymenoptera (Formicidae) (111,14) (Tabela 3).
A largura do nicho alimentar dos jovens (Bj) foi menor do que a dos adultos (Ba) (Bj =
0,21; Ba = 0,34). A sobreposição da dieta de jovens e adultos (Oja) foi igual a 0,90.
30
Tabela 3 – Composição da dieta de jovens (n = 38) e adultos (n = 102) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR).
Jovens (n= 38) Adultos (n= 102)
Itens Alimentares N N% V V% F F% IIR N N% V V% F F% IIR
Acari 6 2,86 1,54 1,22 4 5,48 22,34 1 0,39 1,03 0,21 1 0,64 0,39
Araneae 4 1,90 19,69 15,59 3 4,11 71,89 23 9,06 61,1 12,38 21 13,46 288,50
Blattodea 1 0,48 3,4 2,69 1 1,37 4,34 2 0,79 7,78 1,58 2 1,28 3,03
Coleoptera 10 4,76 21,3 16,86 9 12,33 266,61 14 5,51 77,15 15,63 12 7,69 162,61
Dermaptera 1 0,48 0,76 0,60 1 1,37 1,48 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Diptera 158 75,24 65,34 51,73 33 45,21 5739,65 137 53,94 169,24 34,28 61 39,10 3449,54
Hemiptera 4 1,90 9,92 7,85 4 5,48 53,47 22 8,66 49,37 10,00 20 12,82 239,25 Hymenoptera (Formicidae) 12 5,71 3,03 2,40 10 13,70 111,14 25 9,84 7,97 1,61 10 6,41 73,44
Hymenoptera (outros) 2 0,95 0,46 0,36 2 2,74 3,61 5 1,97 22,54 4,57 5 3,21 20,94
Larva de inseto 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 4 1,57 56,25 11,39 4 2,56 33,25
Lepidoptera 10 4,76 0,44 0,35 4 5,48 28,00 3 1,18 5,78 1,17 3 1,92 4,52
Odonata 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 1 0,39 2,25 0,46 1 0,64 0,54
Orthoptera 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 7 2,76 28,75 5,82 7 4,49 38,50
*Outros 2 0,95 0,43 0,34 2 2,74 3,54 7 2,76 3,43 0,69 6 3,85 13,27
Elemento vegetal 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 3 1,18 1,05 0,21 3 1,92 2,68 Total 210 100,00 126,31 100,00 73 100,00 254 100,00 493,69 100,00 156 100,00
*Outros = Artrópodes não identificados
31
3.5. Variação Estacional na Dieta
Na estação chuvosa a dieta continha 13 categorias de presas, com predomínio
numérico de Diptera (48,09%), Araneae (12,98%) e Hemiptera (12,21%). Na estação seca a
dieta foi composta por 14 categorias de presas, com predomínio numérico de Diptera
(69,67%), Hymenoptera (Formicidae) (8,11%) e Coleoptera (4,80%) (Tabela 4).
Na estação chuvosa, os itens que mais contribuíram volumetricamente na dieta da
espécie pertenceram aos táxons Diptera (40,18%), Araneae (14,58%) e Coleoptera (14,32%)
(Tabela 4), enquanto que na estação seca os itens de maior volume foram Diptera (35,58%) e
Coleoptera (17,37%), além de larvas de insetos (17,30%).
Os itens mais freqüentes na dieta de D. gr. microcephalus na estação chuvosa
pertenceram às ordens Diptera (30,95%), Hemiptera (17,86%) e Araneae (14,29%), enquanto
que na estação seca as presas mais freqüentes foram Diptera (48,25%), Hymenoptera
(Formicidae) (9,79%) e Coleoptera (9,09%) (Tabela 4).
Durante a estação chuvosa os itens de maior índice de importância relativa foram
Diptera (2732,29), Hemiptera (410,62) e Araneae (393,73), enquanto que na estação seca as
presas de maior índice de importância relativa foram Diptera (5078,72), Coleoptera (201,60) e
Hymenoptera (Formicidae) (98,19) (Tabela 4).
A largura do nicho alimentar de D. gr. microcephalus foi a mesma nas estações
chuvosa (Bec = 0,29) e seca (Bes = 0,29) e a sobreposição da dieta (Oeces) foi de 0,91.
32
Tabela 4 – Composição da dieta na estação chuvosa (n = 52) e na estação seca (n = 88) de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011, expressa em número de itens alimentares consumidos (N) e sua percentagem na dieta N(%), volume dos itens alimentares consumidos (Vmm3) e sua percentagem na dieta V(%), freqüência de ocorrência no estômago (F), também expressa como a percentagem de estômagos em que uma categoria foi observada F(%) e índice de importância relativa (IIR).
Estação Chuvosa (n= 52) Estação Seca (n= 88)
Itens Alimentares N N% V V% F F% IRI N N% V V% F F% IIR
Acari 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 7 2,10 2,57 0,81 5 3,50 10,19
Araneae 17 12,98 44,26 14,58 12 14,29 393,73 10 3,00 36,53 11,54 9 6,29 91,54
Blattodea 2 1,53 7,78 2,56 2 2,38 9,74 1 0,30 3,4 1,07 1 0,70 0,96
Coleoptera 8 6,11 43,47 14,32 8 9,52 194,57 16 4,80 54,98 17,37 13 9,09 201,60
Dermaptera 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00 1 0,30 0,76 0,24 1 0,70 0,38
Diptera 63 48,09 121,95 40,18 26 30,95 2732,29 232 69,67 112,63 35,58 69 48,25 5078,72
Hemiptera 16 12,21 32,72 10,78 15 17,86 410,62 10 3,00 26,57 8,39 9 6,29 71,73 Hymenoptera (Formicidae) 10 7,63 4,92 1,62 6 7,14 66,11 27 8,11 6,08 1,92 14 9,79 98,19
Hymenoptera (outros) 3 2,29 20,77 6,84 3 3,57 32,62 4 1,20 2,23 0,70 4 2,80 5,33
Larva de inseto 2 1,53 1,48 0,49 2 2,38 4,80 2 0,60 54,77 17,30 2 1,40 25,04
Lepidoptera 2 1,53 4,88 1,61 2 2,38 7,46 11 3,30 1,34 0,42 5 3,50 13,03
Odonata 1 0,76 2,25 0,74 1 1,19 1,79 0 0,00 0 0,00 0 0,00 0,00
Orthoptera 4 3,05 16,79 5,53 4 4,76 40,88 3 0,90 11,96 3,78 3 2,10 9,82
*Outros 2 1,53 1,95 0,64 2 2,38 5,16 7 2,10 1,91 0,60 6 4,20 11,35
Elemento vegetal 1 0,76 0,27 0,09 1 1,19 1,01 2 0,60 0,78 0,25 2 1,40 1,18
Total 131 100,00 303,49 100,00 84 100,00 333 100,00 316,51 100,00 143 100,00
*Outros = Artrópodes não identificados
33
3.6. Relação entre Tamanho Corporal, Sexo e Estágio de Maturidade do Predador com o
Comprimento e Volume das Presas
O comprimento e volume médios das presas ingeridas foram 2,29 ± 1,41 mm, n = 138
e 2,14 ± 5,14 mm3, n = 138, respectivamente.
O comprimento médio das presas ingeridas diferiu entre os sexos, com valores
maiores para machos (2,54 ± 1,56 mm, n = 89) do que para fêmeas (2,38 ± 1,17 mm, n = 12),
porém a diferença não se mostrou significativa (Teste U, W = 515,5, p = 0,8501). Quanto aos
estágios de desenvolvimento, os valores foram significativamente maiores (Teste U, W =
2755, p < 0,0000) para adultos (2,52 ± 1,52 mm, n = 101) do que para jovens (1,66 ± 0,77
mm, n = 37), como pode ser visto na figura 5. Na estação chuvosa, o comprimento médio das
presas foi de 2,78 ± 1,43 mm, n = 52), enquanto que no período seco foi de 1,99 ± 1,32 mm, n
= 86), cuja diferença se mostrou significativa (Teste U, W = 3222,5, p < 0,0000). O
comprimento médio dos itens alimentares apresentou uma relação positiva com sexo e LM
(tabela 5).
G.L.
Soma de
Quadrados
Quadro
Médio
Valor
F ValorValorValorValor----pppp
Largura da Mandíbula 1 0,5719 0,572 7,2735 0,0082
Sexo 1 0,4808 0,481 6,1152 0,0151
Resíduo 97 7,6269 0,079
Tabela 5 – Resultados da ANOVA (Análise de Variância): regressão linear múltipla (p<0,05) entre comprimento médio dos itens alimentares e LM e sexo em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011.
O volume médio dos itens alimentares dos machos (2,70 ± 6,12 mm3, n = 89) foi
também maior que o das fêmeas (2,34 ± 4,27 mm3, n = 12), sendo a diferença se mostrado,
mais uma vez, não significativa (Teste U, W = 459, p = 0,4342). Houve diferença significativa
(Teste U, W = 2553, p = 0,0010) entre o volume médio dos itens alimentares dos adultos (2,66
± 5,92 mm3, n = 101) e jovens (0,71 ± 0,75 mm3, n = 37) (figura 6). Na estação chuvosa, o
volume médio dos itens alimentares foi de 2,75 ± 3,05 mm3, n = 52, enquanto que no período
seco foi de 1,77 ± 6,06 mm3, n = 86, cuja diferença se mostrou significativa (Teste U, W =
3265, p < 0,0000). O volume médio dos itens alimentares apresentou uma relação positiva
com Largura da Mandíbula e sexo (tabela 6).
34
G.L.
Soma de
Quadrados
Quadro
Médio Valor F Valor-p
Largura da mandíbula 1 9,296 9,296 6,3022 0,0137 Sexo 1 12,636 12,636 8,5661 0,0042 Resíduo 97 143,085 1,4751
Tabela 6 – Resultados da ANOVA (Análise de Variância): regressão linear múltipla (p<0,05) entre volume médio dos itens alimentares e LM e sexo em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011.
Figura 5 – Comparação sexual, ontogenética e estacional do comprimento dos itens alimentares em Dendropsophus gr. microcephalus em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em vermelho.
Fêmea Macho Adulto Jovem Chuvosa Seca
35
3.7. Uso do microhábitat (Distribuição Vertical)
A altura média de empoleiramento na vegetação foi de 29,13 ± 36,93 cm, n = 222. A
altura média de empoleiramento das fêmeas (24,50 ± 23,25 cm, n = 16) foi maior que dos
machos (19,18 ± 20,96 cm, n = 158), tendo a diferença se mostrado não significativa (Teste
U, W = 1481,5, p = 0,2575) (figura 7). A altura média de empoleiramento dos jovens (63,46 ±
56,82 cm, n = 48) apresentou maior valor que dos adultos (19,66 ± 21,17 cm, n = 174), sendo
a diferença estatisticamente significante (Teste U, W = 2136, p < 0,0000) (figura 7). A altura
média de empoleiramento também diferiu entre as estações, com os valores registrados
durante a estação seca (36,44 ± 44,96 cm, n = 124) sendo significativamente maiores (Teste
U, W = 5120, p = 0,0044) que os registrados durante a estação chuvosa (19,87 ± 19,75 cm, n
= 98) (figura 7).
Fêmea Macho Adulto
Jovem
Chuvosa
Seca
Figura 6 – Comparação sexual, ontogenética e estacional do volume dos itens alimentares em Dendropsophus gr. microcephalus em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em vermelho.
36
Uma vez que os testes não paramétricos identificaram diferenças significativas dentro
dos grupos idade e estação quanto à estratificação vertical, foi aplicado o modelo de regressão
generalizado. Este teste identificou que a altura de empoleiramento esteve relacionada com
LM, mas não com a massa (tabela 7).
GL
residual Deviance Residual
Teste Chi-
Quadrado(χ²)
(p-valor)
Constante 96 +Largura da Mandíbula 95 10,9689 0,0013 +Massa 94 3,7786 0,0585
Tabela 7 – Resultados da ANODEV (Análise de Desvio): modelo linear generalizado com os valores dos desvios em relação à LM e Massa e os seus respectivos testes qui-quadrado em uma população de Dendropsophus gr. microcephalus, em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará, de março a dezembro de 2011.
Fêmea Macho Adulto
Jovem
Chuvosa
Seca
Figura 7 – Comparação sexual, ontogenética e estacional da altura de empoleiramento em Dendropsophus
gr. microcephalus em uma área de mata de tabuleiro litorâneo, São Gonçalo do Amarante, Ceará de março a dezembro de 2011. Boxs plots mostrando medianas, quartis, extremos e médias em vermelho.
37
4. DISCUSSÃO
4.1. Dieta
Neste estudo, a amostra de Dendropsophus gr. microcephalus foi composta
predominantemente por indivíduos machos adultos. A discrepância se deve ao método de
coleta, que ao utilizar captura manual dos indivíduos, guiada principalmente pela vocalização
dos machos sexualmente maduros, acabou favorecendo a localização destes, quando se
encontravam escondidos em meio à vegetação.
A dieta apresentada pela população de Dendropsophus. gr. microcephalus estudada
apresentou semelhanças com a de populações de outras espécies do mesmo gênero. Por
exemplo, D. minutus do planalto de araucária do Rio Grande Sul se alimentou principalmente
de Araneae, Diptera, e Homoptera (SOLÉ; PELZ, 2007). No trabalho de Menin, Rossa-Feres
e Giaretta (2005), quando foram comparadas largura e sobreposição de nichos entre D. nanus
e D. sanborni em três poças vizinhas em São Paulo, foi mostrado que ambas as espécies
consumiram principalmente Diptera. O estudo realizado por Macale, Vignoli e Carpaneto
(2008), na Argentina, revelou também a representatividade de Diptera e Araneae na dieta de
D. nanus e preponderantemente Diptera na de D. sanborni. Em outros trabalhos na Argentina,
D. nanus consumiu preponderantemente Diptera (BASSO, 1990), Formicidae e Araneae
(PELTZER; LAJMANOVICH, 2000), enquanto D. sanborni consumiu mais Diptera e
Homoptera (BASSO, 1990). Muñoz - Guerrero, Serrano e Ramírez - Pinilla (2007) relataram
as ordens Orthoptera, Arachnida, Coleoptera, Hymenoptera e Diptera como as mais comuns e
freqüentes na dieta de Dendropsophus microcephalus e, em menor proporção, Blattaria,
Isoptera, Hemiptera e Lepidoptera. As ordens Hemiptera, Araneae e Diptera também foram
encontradas na dieta de D. columbianus (HOYOS-HOYOS et al., 2012).
Há vários fatores que estão relacionados direta ou indiretamente com a dieta dos
anuros, tais como a filogenia, o comportamento da presa e do predador, o modo de forrageio,
a morfologia e o microhábitat (CARAMASHI, 1981; FREED, 1980; HUEY; PIANKA,1981;
MENÉNDEZ-GUERRERO, 2001; MIRANDA et al., 2006; PARMELEE, 1999; TOFT,
1981; YILMAZ; KUTRUP, 2006). Os altos valores de importância de Diptera, Coleoptera,
Araneae e Hemiptera encontrados na dieta de D. gr. microcephalus neste estudo tendem a ser
um padrão para o gênero, uma vez que os estudos citados anteriormente apresentam
resultados similares. As semelhanças encontradas entre as dietas das espécies deste gênero
talvez reflita a proximidade filogenética entre elas, pois as espécies D. nanus, D. sanborni e
38
D. microcephalus citadas aqui são filogeneticamente mais próximas entre si e pertencem ao
grupo Dendropsophus microcephalus (FAIVOVICH et al., 2005). Espécies do mesmo gênero
são estreitamente relacionadas e as dietas são mais similares (PARMELEE, 1999).
Insetos são artrópodes abundantes em quase todos os ambientes. A ordem Diptera é
um dos grupos mais diversos (PINHO, 2008), sendo Coleoptera a maior ordem da classe
Insecta, com cerca de 400 mil espécies em todo o mundo (SEGURA; VALENTE-NETO;
FONSECA-GESSNER, 2011). A ordem Araneae, pertencente à classe Arachnida, também
está entre os táxons de artrópodes mais abundantes e ricos em espécies (RAIZER et al.,
2005). Aranhas são artrópodes relativamente grandes, com exoesqueleto pouco rígido que
pode ser mais facilmente digerido, e podem, portanto, ser selecionadas pelos anuros
(AQUINO, 2010). Caramashi (1981) relacionou o predomínio de presas aladas (Diptera) ou
de hábitos trepadores (Araneae) na dieta de D. sanborni ao uso do microhábitat vertical desta
espécie. Neste estudo, em D. gr. microcephalus, prevaleceu também itens alimentares de
hábitos voadores como dípteros e coleópteros, e de hábitos trepadores, como as aranhas,
sendo o esperado por se tratar de uma espécie arborícola. Níveis diferentes de atividade das
presas também podem ter contribuído para o predomínio de dípteros e coleópteros em relação
às aranhas na composição da dieta. Segundo Freed (1980), presas mais ativas podem ser mais
predadas, pois seus movimentos orientam os anuros na captura. Portanto, experimentos
laboratoriais são necessários para confirmar se a atividade das presas interfere
significativamente em sua predação por estes anuros.
Apesar de Formicidae configurar entre os artrópodes mais abundantes do mundo
(TRIPLEHORN; JOHNSON, 2005) e ter sido um item alimentar expressivo numericamente
(7,97%) da dieta de Dendropsophus gr. microcephalus neste trabalho, não esteve entre os
principais itens, quando foram considerados os parâmetros volumétricos, freqüência de
ocorrência e de importância relativa. Embora Peltzer e Lajmanovich (2000) tenham
encontrado formigas como um item alimentar importante na dieta de D. nanus, trabalhos
como os de Menéndez-Guerrero (2001) e Vrcibradic, Teixeira e Borges-Júnior (2009) não
encontraram Formicidae como item relevante na dieta dos hilídeos, embora estivessem
disponíveis. Parmelee (1999) explica a pouca representatividade dessa categoria na dieta de
espécies arborícolas ao sugerir que alguns hilídeos seriam mais suscetíveis a certos tipos de
alcalóides presentes em formigas ou simplesmente pelo fato de não reagirem aos tamanhos
pequenos delas, ou ainda, devido as suas estruturas muito quitinosas, difíceis de serem
digeridas. Hilídeos podem, talvez, ter menos oportunidades de se alimentar de Formicidae por
este ser um táxon cuja maioria das espécies, segundo Pereira (2006); Wall e Moore (1999),
39
está associada ao solo e à serapilheira, embora interações variadas entre formigas e plantas
sejam evolutivamente antigas e muito comuns (DELABIE; OSPRINA; ZABALA, 2003).
A composição da dieta pode ser útil na determinação do potencial dos anuros como
agentes no controle biológico de insetos prejudiciais. Attademo, Peltzer e Lajmnovich (2005),
ao pesquisarem a população de anuros em um agroecossistema de soja e a variedade de
artrópodes por eles consumidos, sugeriram que os anuros são um fator importante nesse
controle. É notória a importância que dípteros tiveram para a dieta de Dendropsophus gr.
microcephalus e, consequentemente, o potencial que essa espécie tem como agente de
controle de vetores de doenças. Raghavendra, Sharma e Dash (2008) afirmam que o uso de
anuros adultos e girinos para esse tipo de controle ainda não é bem explorado, embora esses
animais sejam uma parte importante do ecossistema e desempenhem papel de
biocontroladores de insetos e pestes, incluindo mosquitos (Diptera).
A dieta de Dendropsophus. gr. microcephalus se mostrou relativamente estreita, com
valores baixos de largura de nicho. De fato, os itens mais importantes quando analisados em
proporções numérica, volumétrica, de freqüência de ocorrência e de importância relativa
foram Diptera, Coleoptera, Araneae e Hemiptera. Embora Menin, Rossa-Feres e Giaretta
(2005) tenham considerado D. nanus e D. sanborni generalistas em suas dietas, Macale,
Vignoli e Carpaneto (2008) mostraram que D. nanus se caracterizou por uma leve
especialização em Diptera e Araneae, ao passo que D. sanborni mostrou ser mais especialista
em Diptera, sendo que ambas espécies apresentaram larguras de nicho estreitas. Não é
possível estabelecer para este estudo, se o consumo elevado de Diptera, Coleoptera, Araneae e
Hemiptera significa uma tendência especialista de D. gr. microcephalus ou um consumo
oportunista dos itens alimentares, tendo em vista que não foram empregados métodos de
amostragem de artrópodes do ambiente para obter uma possível relação com sua maior
disponibilidade no meio. A maioria dos anfíbios é considerada generalista e oportunista, cuja
dieta é determinada pela disponibilidade de presas no meio, conjuntamente às limitações de
tamanhos corporais do predador em relação aos das presas (CARAMASHI, 1981). A ingestão
de grupos com baixos índices de importância relativa, tais como Acari, Blattodea, Dermaptera
e Odonata e a predação atípica de uma larva grande de Lepidoptera, que mediu 10,90 mm de
comprimento e volume de 53,79 mm3, sugere oportunismo em Dendropsophus gr.
microcephalus.
Fragmentos vegetais frequentemente são relatados como de ingestão acidental por
anuros (SOLÉ; PELTZ, 2007). Elemento vegetal foi pouco representativo na dieta de D. gr.
microcephalus, devendo sua ingestão ter sido ocasional quando da ingestão das presas.
40
A proporção de estômagos vazios encontrados em Dendropsophus gr. microcephalus
no presente estudo (39%) é semelhante ao registrado por Menin, Rossa-Feres e Giaretta
(2005) em três diferentes poças no Estado de São Paulo. Nesse estudo, D. nanus apresentou
36, 40 e 48% de estômagos vazios, enquanto D. sanborni apresentou 48, 66 e 72%, que foram
associados à interrupção da alimentação durante as atividades de vocalização. Valores altos de
estômagos vazios para D. nanus (29,04%) também foram encontrados por Peltzer e
Lajmanovich (2000). Os hilídeos tendem a ter altas percentagens de estômagos vazios e a
consumir presas maiores e em pequenas quantidades quando comparados a outras famílias de
anuros (MENÉNDEZ - GUERRERO, 2001; PARMELEE, 1999).
O tipo e a quantidade de presas encontradas na dieta estão correlacionadas, dentre
outros fatores, com o modo de forrageamento dos predadores. Se a presa é móvel, o predador
se comporta como forrageador do tipo senta-e-espera, e geralmente o número de presas por
estômago é baixo. Se as presas têm hábitos sedentários, seus predadores são ativos e o
número de presas consumidas geralmente é alto (HUEY; PIANKA, 1981; TOFT, 1981). Ao
estudarem a dieta de Hypsiboas pulchellus, Maneyro e da Rosa (2004) inferiram uma
estratégia de busca combinada, apresentando os modos de forrageamento do tipo ativo e do
tipo senta-e-espera, este baseado na composição predominante de Araneae, Coleoptera e
Diptera, que são presas móveis. Essa composição alimentar foi predominante também para
Dendropsophus gr. microcephalus no presente trabalho e o número médio de presas por
estômago foi baixo, o que sugere o mesmo modo de forrageamento do tipo senta-e-espera,
conforme esperado para os hilídeos (FREED, 1980). Para Menéndez-Guerrero (2001), a
relação do modo de forrageamento e a alta porcentagem de estômagos vazios em hilídeos se
deve à espera de presas, que são capturadas à medida que passam próximos aos anuros,
fazendo com que esses animais se alimentem em intervalos maiores de tempo. Entretanto,
mudanças intraespecíficas no modo de forrageamento podem ocorrer em resposta à
disponibilidade de alimento e são documentadas em várias espécies de répteis e anfibios. Em
outros casos, restrições morfológicas e fisiológicas, dentre outras, podem interferir em tal
plasticidade (HUEY; PIANKA, 1981; TOFT, 1981). Ao comparar modos de forrageamento
entre três espécies de Hylidae, Macale, Vignoli e Carpaneto (2008) encontraram o modo de
forrageamento ativo para D. sanborni, senta-e-espera para Lysapsus limellum, enquanto D.
nanus exibiu o modo intermediário. Os autores também relatam tendência à plasticidade
quando comparam os resultados com outros estudos que mostram as estratégias adotadas em
diferentes tipos de hábitats e condições de sintopia. Portanto, é importante que se estude o
comportamento alimentar de Dendropsophus gr. microcephalus também através de
41
observações em campo para corroborar o forrageamento do tipo senta-e-espera que os dados
aqui apontam.
A elevada sobreposição de nicho entre os períodos chuvoso e seco, embora não se
proponha a revelar competição por recursos por se tratar de um grupo temporalmente
separados, indicou similaridade na dieta entre os períodos. Houve, também, elevadas
sobreposições de nicho da dieta entre machos e fêmeas e jovens e adultos, sem significar,
necessariamente, competição por recursos. Se ocorre muita disponibilidade de alimento e/ou
diferenças no uso do microhábitat, uma alta sobreposição de nicho não leva à competição
(MENIN; ROSSA-FERES; GIARETTA, 2005; PIANKA, 1986). Embora neste estudo não
tenha havido coleta de amostras da comunidade de artrópodes no ambiente, sugere-se que não
houve competição por alimento, pois diferenças intersexuais e ontogenéticas no tamanho das
presas podem ter contribuído para o consumo diferenciado desse recurso. Além disso, em
assembléias naturais de anfíbios, competição por alimento não parece ser um evento comum,
como demonstrado por Kuzmin (1995).
Dimorfismos sexuais quanto aos tamanhos corporais e massa corpórea foram
encontrados para Dendropsophus gr. microcephalus neste trabalho, onde as fêmeas tiveram
CRC, LM e massa corpórea maiores que os dos machos. Em anuros, fêmeas são maiores e
mais pesadas em 90% das espécies (SHINE, 1979). Em outras espécies do gênero, as fêmeas
também são maiores que os machos, como em D. ruschii (CASSINI et al., 2007), D. werneeri
(MIRANDA et al., 2008), D. nanus e D. sanborni (DEL-GRANDE, 1995) e D. berthalutzae,
D. elegans, D. giesleri e D. minutus (HARTMANN; HARTMANN; HADDAD, 2010).
A presença de diferenças sexuais quanto à largura de nicho e ao tamanho dos itens
consumidos (cmia e vmia) pode resultar das diferenças morfológicas intersexuais, resultado
obtido quanto à largura da mandíbula, que se apresentou maior em fêmeas da população de
Dendropsophus gr. microcephalus. Embora o tamanho dos itens consumidos não tenha sido
significativamente diferente entre os sexos, é possível que a discrepância das amostras entre
os grupos tenha interferido no encontro dessa diferença e até mesmo de um resultado inverso
entre os sexos, o que possibilitaria explicar o consumo de presas levemente maiores pelas
fêmeas, de acordo com o tamanho da largura da mandíbula. O consumo elevado de dípteros
por machos e fêmeas pode, também, ter sido responsável pela similaridade no tamanho dos
itens ingeridos entre os sexos.
Variações ontogenéticas quanto à largura de nicho e ao tamanho dos itens consumidos
eram esperadas devido às diferenças de tamanhos corporais, fato que impõe mais restrições
aos jovens do que aos adultos quanto ao tamanho dos itens alimentares. Isso pode explicar
42
porque Formicidae, embora não tenha sido uma das principais presas na dieta da espécie
como um todo, teve participação maior na dieta dos jovens do que na dos adultos, quando foi
considerado o terceiro item com maior IIR. Formigas são invertebrados menores do que os
hemípteros encontrados neste trabalho, que foi o terceiro item mais importante na dieta dos
adultos. Embora ambas as idades apresentem Diptera como principal item consumido, os
jovens notoriamente apresentaram quantidades mais elevadas em termos de F%, V% e IIR,
provavelmente devido à necessidade de ingerir uma maior quantidade desses itens, que
também são pequenos, para obter a quantidade de energia necessária. A relação entre o
volume e o comprimento das presas e o CRC e LM do predador é comum entre os anuros,
tendo em vista que estes consomem suas presas inteiras, sem mastigá-las. Essa relação foi
verificada por Duré (1999), Menéndez - Guerrero (2001), Maneyro et al. (2004), Muñoz -
Guerrero, Serrano e Ramírez - Pinilla (2007), dentre outros, que constataram que indivíduos
que têm maiores tamanhos corporais têm cabeças e bocas maiores e, conseqüentemente,
podem se alimentar de presas maiores. Portanto, em D. gr. microcephalus, o tamanho da boca
é o fator limitante quanto ao tamanho máximo das presas consumidas.
Variações estacionais quanto ao comprimento e volume dos itens consumidos foram
demonstrados pelos gráficos de Boxplots (figuras 5 e 6), sendo mais representativos na
estação chuvosa. A abundância de presas está relacionada ao período chuvoso, momento de
maior disponibilidade alimentar para esses artrópodes, bem como da eclosão de larvas de
diversas espécies de insetos, após passarem o período seco em desenvolvimento (RIEVERS,
2010; VASCONCELLOS et al., 2010; WOLDA, 1978). No presente trabalho, larva de inseto
foi o terceiro item mais consumido em termos volumétricos na estação seca. No entanto,
afirmações mais consistentes só podem ser realizadas mediante coletas de artrópodes do meio
nos dois períodos.
4.2. Uso do microhábitat (Distribuição Vertical)
Neste estudo, Dendropsophus gr. microcephalus se empoleirou no estrato herbáceo a
uma altura média de 29,13 cm, resultado semelhante ao encontrado em estudos com outras
espécies do gênero. Muñoz - Guerrero, Serrano e Ramírez - Pinilla (2007) encontraram uma
altura de empoleiramento entre 40 e 50 centímetros para Dendropsophus microcephalus.
Menin, Rossa-Feres e Giaretta (2005) encontraram alturas entre 20,1 cm e 50,6 cm para D.
nanus e 43,3 cm e 54,2 cm para D. sanborni. O empoleiramento médio encontrado por
Afonso e Eterovick (2007) em D. minutus foi de 15 cm, enquanto em Eterovick et al. (2010)
43
foi de 50 cm e, ainda, 33 cm em D. seniculus. Nos estudos citados acima houve amplitude na
altura de empoleiramento entre 15 cm e 50,6 cm nas espécies do gênero Dendropsophus,
dentro da média encontrada para D. gr. microcephalus no presente estudo. Eterovick et al.
(2010) mostraram que, na fase adulta, algumas espécies relacionadas podem fazer uso similar
do microhábitat (altura em relação ao solo foi um dos critérios de definição). Em
contrapartida, populações da mesma espécie podem diferir no uso do microhábitat de local
para local, como em D. minutus. Eles concluem que o uso do microhábitat em anuros é um
traço plástico e variável, sendo pouco útil para inferências filogenéticas.
Muñoz - Guerrero, Serrano e Ramírez - Pinilla (2007) afirmam que a altura de
empoleiramento é um fator de segregação entre espécies de tamanhos corporais similares para
evitar sobreposição de nicho. Da mesma forma, é possível que comparações entre grupos
dentro de uma mesma espécie também possam revelar estratificação vertical, como as
variações sexual, ontogenética e estacional encontradas em D. gr. microcephalus no presente
trabalho. Freitas et al. (2008) estudaram a distribuição vertical entre os sexos na espécie
Phyllomedusa azurea, sendo um dos poucos trabalhos que avaliam estratificação vertical
intraespecífica. A maioria dos estudos aborda esse tema de forma interespecífica ao analisar
espécies de uma comunidade (BERTOLUCI; RODRIGUES, 2002; BLAMIRES et al., 1997;
MELO; ROSSA-FERES; JIM, 2007; POMBAL, 1997; PRADO; POMBAL, 2005; ROSSA-
FERES; JIM, 2001).
No presente trabalho, adultos de Dendropsophus gr. microcephalus se empoleiraram
em alturas médias inferiores às dos jovens. Em conseqüência das diferenças na altura de
empoleiramento, é possível que esse grupo possa consumir presas de tipos e tamanhos
diferentes. Caramashi (1981), ao estudar variação espacial e alimentação de populações de
hilídeos, afirma que as faixas de alturas diferenciadas entre D. sanborni e Hypsiboas
albopunctatus podem afetar a disponibilidade de presas para ambas, de forma que D.
sanborni, por estar sobre a vegetação em alturas maiores, teve maior disponibilidade de
organismos voadores e trepadores do que H. albopunctatus, que ao estar próximo ao chão,
teve mais acesso a presas de hábitos mais terrestres. No entanto, não podemos concluir, neste
trabalho, se a estratificação vertical também foi responsável pela utilização diferenciada dos
itens alimentares, pois a relação entre a altura de empoleiramento e os itens consumidos não
foi testada. Soma-se a isso o fato de que não há como prever se as presas foram ingeridas no
mesmo local em que o indivíduo se encontrava empoleirado, pois ocorrência de
deslocamentos verticais posteriores à alimentação poderia causar um viés na interpretação dos
dados. Tais deslocamentos podem ter finalidades reprodutivas quando a procura por outras
44
posições possibilitam um aumento na efetividade da vocalização para aumentar a chance de
atrair as fêmeas, como em D. bipunctatus, cuja altura média de empoleiramento foi de 40,6
cm (WOGEL; POMBAL JR., 2007). Portanto, comportamentos reprodutivos diferenciados
entre machos e fêmeas podem influenciar a variação intraespecífica na distribuição vertical.
Podemos inferir que variação ontogenética no tamanho corporal tenha contribuído
para diminuir a sobreposição na utilização do estrato vertical. Embora CRC e massa corpórea
não tenham sido significativos para explicar a ocupação de alturas maiores para jovens e
alturas menores para adultos, é possível que a discrepância das amostras entre os grupos tenha
causado um viés que limitou o encontro da relação significativa desses parâmetros com a
altura de empoleiramento. Largura da mandíbula, por ter se mostrado significativa e por estar
provavelmente correlacionado com CRC, reforça tal idéia. Muñoz - Guerrero, Serrano e
Ramírez - Pinilla (2007) observaram que a sobreposição no uso do hábitat entre quatro
espécies simpátricas de hilídeos foi minimizado pelo uso diferenciado do microhábitat
relacionado com o tamanho corporal. Em Oliveira (2011), D. werneri apresentou maior
amplitude no uso do estrato vertical da vegetação do que D. elegans, D. microps, D. minutus
por ser a espécie de menor tamanho e massa.
Fatores abióticos também podem explicar variações na altura de empoleiramento das
espécies. Prado e Pombal Jr. (2005), ao estudarem a distribuição espacial e temporal de
anuros em um brejo da Reserva Biológica de Duas Bocas, SE, Brasil, relacionaram fatores
como umidade relativa do ar, temperatura, vento, dentre outros, na distribuição vertical das
espécies de hilídeos daquela comunidade e indicam que diferenças fisiológicas como
tolerância à temperatura e perda de água podem refletir na seleção do microambiente. Melo,
Rossa-Feres e Jim (2007) afirmam que a distribuição vertical entre os hilídeos variou mais em
função da temperatura, possivelmente por ser um pouco mais alta próxima ao solo ou ao
corpo d’água. Os fatores abióticos mencionados aqui possivelmente expliquem porque
indivíduos de D. gr. microcephalus utilizaram alturas maiores no período seco que no
chuvoso. Estudos futuros poderão investigar se fatores abióticos podem influenciar na
variação ontogenética e estacional e, possivelmente, na variação sexual, quanto à
estratificação vertical de D. gr. microcephalus.
45
5. CONCLUSÃO
− Os principais itens alimentares de Dendropsophus gr. microcephalus foram Diptera,
Coleoptera, Araneae e Hemiptera, composição alimentar encontrada na maioria das
espécies do gênero.
− O predomínio de dípteros na composição alimentar aponta Dendropsophus como um
grupo importante de biocontroladores de insetos, dentre os quais vários são prejudiciais
aos agroecossistemas e/ou vetores de doenças.
− Houve dimorfismo sexual quanto ao CRC, LM e massa corpórea, com valores maiores
para fêmeas. Variações sexuais e ontogenéticas quanto ao comprimento e volume dos
itens consumidos se relacionam com a largura da mandíbula, refletindo na composição
alimentar.
− A variação estacional relacionada ao comprimento e volume dos itens alimentares sugere
uma abundância maior de presas no período chuvoso, afirmação que seria mais
consistente se houvesse coleta de artrópodes do meio.
− Dendropsophus gr. microcephalus se empoleirou no estrato herbáceo a uma altura média
semelhante à encontrada em estudos com outras espécies do gênero.
− Variações ontogenéticas e possivelmente sexuais na altura de empoleiramento estão
relacionadas à largura da mandíbula e provavelmente ao CRC e à massa corpórea
também.
− A variação estacional na altura de empoleiramento pode estar ligada a fatores abióticos,
tais como temperatura, umidade relativa do ar, vento, dentre outros. Mais estudos são
necessários para confirmar a influência desses fatores na variação estacional, bem como
também nas variações sexuais e ontogenéticas.
46
6. REFERÊNCIAS
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53
APÊNDICE
Número de tombo dos indivíduos coletados durante este estudo e depositados na
Coleção de Herpetologia da Universidade Federal do Ceará (CHUFC).
Dendropsophus microcephalus: CHUFC A 5906; CHUFC A 5907; CHUFC A 5908; CHUFC
A 5909; CHUFC A 5911; CHUFC A 6009; CHUFC A 6011; CHUFC A 6012; CHUFC A
6014; CHUFC A 6015; CHUFC A 6016; CHUFC A 6018; CHUFC A 6019; CHUFC A 6020;
CHUFC A 6021; CHUFC A 6022; CHUFC A 6023; CHUFC A 6024; CHUFC A 6028;
CHUFC A 6029; CHUFC A 6030; CHUFC A 6031; CHUFC A 6032; CHUFC A 6033;
CHUFC A 6034; CHUFC A 6035; CHUFC A 6036; CHUFC A 6037; CHUFC A 6038;
CHUFC A 6039; CHUFC A 6040; CHUFC A 6041; CHUFC A 6042; CHUFC A 6043;
CHUFC A 6044; CHUFC A 6045; CHUFC A 6046; CHUFC A 6047; CHUFC A 6048;
CHUFC A 6049; CHUFC A 6050; CHUFC A 6052; CHUFC A 6053; CHUFC A 6054;
CHUFC A 6055; CHUFC A 6056; CHUFC A 6057; CHUFC A 6058; CHUFC A 6059;
CHUFC A 6060; CHUFC A 6061; CHUFC A 6062; CHUFC A 6063; CHUFC A 6064;
CHUFC A 6065; CHUFC A 6066; CHUFC A 6067; CHUFC A 6068; CHUFC A 6069;
CHUFC A 6070; CHUFC A 6071; CHUFC A 6072; CHUFC A 6073; CHUFC A 6074;
CHUFC A 6075; CHUFC A 6076; CHUFC A 6077; CHUFC A 6078; CHUFC A 6079;
CHUFC A 6080; CHUFC A 6081; CHUFC A 6082; CHUFC A 6083; CHUFC A 6084;
CHUFC A 6085; CHUFC A 6086; CHUFC A 6087; CHUFC A 6088; CHUFC A 6089;
CHUFC A 6090; CHUFC A 6091; CHUFC A 6092; CHUFC A 6093; CHUFC A 6094;
CHUFC A 6095; CHUFC A 6096; CHUFC A 6097; CHUFC A 6098; CHUFC A 6099;
CHUFC A 6100; CHUFC A 6101; CHUFC A 6102; CHUFC A 6103; CHUFC A 6104;
CHUFC A 6105; CHUFC A 6106; CHUFC A 6107; CHUFC A 6108; CHUFC A 6109;
CHUFC A 6110; CHUFC A 6111; CHUFC A 6112; CHUFC A 6113; CHUFC A 6114;
CHUFC A 6115; CHUFC A 6116; CHUFC A 6117; CHUFC A 6118; CHUFC A 6119;
CHUFC A 6121; CHUFC A 6122; CHUFC A 6123; CHUFC A 6124; CHUFC A 6127;
CHUFC A 6128; CHUFC A 6129; CHUFC A 6130; CHUFC A 6131; CHUFC A 6132;
CHUFC A 6133; CHUFC A 6136; CHUFC A 6137; CHUFC A 6138; CHUFC A 6139;
CHUFC A 6140; CHUFC A 6141; CHUFC A 6142; CHUFC A 6143; CHUFC A 6145;
CHUFC A 6146; CHUFC A 6147; CHUFC A 6148; CHUFC A 6149; CHUFC A 6150;
54
CHUFC A 6151; CHUFC A 6152; CHUFC A 6153; CHUFC A 6154; CHUFC A 6155;
CHUFC A 6156; CHUFC A 6157; CHUFC A 6158; CHUFC A 6159; CHUFC A 6160;
CHUFC A 6161; CHUFC A 6162; CHUFC A 6163; CHUFC A 6164; CHUFC A 6187;
CHUFC A 6189; CHUFC A 6190; CHUFC A 6192; CHUFC A 6193; CHUFC A 6194;
CHUFC A 6195; CHUFC A 6196; CHUFC A 6197; CHUFC A 6198; CHUFC A 6200;
CHUFC A 6201; CHUFC A 6203; CHUFC A 6204; CHUFC A 6205; CHUFC A 6206;
CHUFC A 6207; CHUFC A 6208; CHUFC A 6209; CHUFC A 6210; CHUFC A 6212;
CHUFC A 6213; CHUFC A 6215; CHUFC A 6216; CHUFC A 6217; CHUFC A 6218;
CHUFC A 6220; CHUFC A 6221; CHUFC A 6222; CHUFC A 6223; CHUFC A 6224;
CHUFC A 6225; CHUFC A 6226; CHUFC A 6227; CHUFC A 6228; CHUFC A 6229;
CHUFC A 6230; CHUFC A 6231; CHUFC A 6233; CHUFC A 6234; CHUFC A 6235;
CHUFC A 6236; CHUFC A 6237; CHUFC A 6238; CHUFC A 6239; CHUFC A 6240;
CHUFC A 6241; CHUFC A 6243; CHUFC A 6244; CHUFC A 6245; CHUFC A 6246;
CHUFC A 6247; CHUFC A 6248; CHUFC A 6249; CHUFC A 6250; CHUFC A 6252;
CHUFC A 6253; CHUFC A 6255; CHUFC A 6256; CHUFC A 6257; CHUFC A 6258;
CHUFC A 6259; CHUFC A 6260; CHUFC A 6261; CHUFC A 6262; CHUFC A 6263;
CHUFC A 6264; CHUFC A 6265; CHUFC A 6266; CHUFC A 6267; CHUFC A 6268;
CHUFC A 6269; CHUFC A 6270; CHUFC A 6271; CHUFC A 6272; CHUFC A 6273;
CHUFC A 6274; CHUFC A 6275; CHUFC A 6276; CHUFC A 6277; CHUFC A 6278