Post on 07-Feb-2018
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN
Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade
Curso de Medicina Veterinria
LETCIA ARAJO FERNANDES
MUCOCELE SALIVAR EM CO MACHO REVISO DE LITERATURA E
RELATO DE CASO
CURITIBA
2016
LETCIA ARAJO FERNANDES
MUCOCELE SALIVAR EM CO MACHO REVISO DE LITERATURA E
RELATO DE CASO
Relatrio de estgio curricular apresentado ao curso de Medicina Veterinria da Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade da Universidade Tuiuti do Paran, como requisito parcial para obteno do ttulo de mdica veterinria. Orientador: Prof; AdjMilton Mikio Morishin Filho.
CURITIBA 2016
Reitor
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
Pr-Reitora Promoo Humana
Prof. Ana Margarida de Leo Taborda
Pr-Reitor
Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos
Pr-Reitora Acadmica
Prof. Carmen Luiza da Silva
Pr-Reitor de Planejamento
Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos
Diretor de Graduao
Prof. Joo Henrique Faryniuk
Secretrio Geral
Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz
Coordenador do Curso de Medicina Veterinria
Prof. Welington Hartmann
Supervisora de Estgio Curricular
Prof. Elza Maria Galvo Ciffoni Arns
Campus Barigui
Rua Sydnei A Rangel Santos, 238
CEP: 82010-330 Curitiba PR
Fone: (41) 3331-7958
TERMO DE APROVAO
Letcia Arajo Fernandes
MUCOCELE SALIVAR EM MACHO Canis lupus failiaris REVISO DE
LITERATURA E RELATO DE CASO
Este trabalho de Concluso de Curso foi julgado e aprovado para obteno do ttulo de Mdico Veterinrio no Curso de Medicina Veterinria da Universidade Tuiuti do
Paran.
Curitiba, ____ de _______ de 2016.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
__________________________________________
__________________________________________
Prof. AdjMilton Mikio Morishin Filho
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos a todos que de alguma forma colaboraram
para que a concluso deste trabalho fosse possvel. Agradeo minha famlia, em
especial a minha me Ana que sempre fez o seu melhor por mim, o professor
orientador Msc Milton Mikio Morishin Filho, pelo apoio e incentivo, a Universidade
Tuiuti do Paran e aos meus professores que contriburam para a minha formao
profissional.
APRESENTAO
Este trabalho de Concluso de Curso, apresentado ao curso de medicina
veterinria da Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade, da Universidade Tuiuti
do Paran, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mdica veterinria,
composto pelo relatrio de estgio, onde so descritas as atividades realizadas
durante o perodo de 1 de agosto a 21 de outubrode 2016, na CVE - PUC/PR,
localizada no municpio de Curitiba, local de cumprimento do estgio curricular.
Foram acompanhados e auxiliados 233 procedimentos cirrgicos no perodo, sendo
que na especialidade de oncologia houveram mais casos cirrgicos. Foi descrito 1
caso de mucocele salivar em um co macho, abordando primeiramente o
atendimento clnico do paciente e posteriormente o tratamento definitivo que foi o
cirrgico.
RESUMO
O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de relatar o estgio curricular realizado de 1 de agosto a 21 de outubro de 2016, em uma clnica veterinria escola no municpio de Curitiba/PR. Foi descrito 1 relato de caso de mucocele salivar em um co macho. A Mucocele salivar (sialocele, cisto salivar) uma coleo de saliva secretada por uma glndula ou ducto salivar lesionado que envolvida por tecido de granulao. As causas de mucoceles salivares raramente so identificadas, mas histricos de trauma brusco, corpos estranhos e siallitos podem sugerir a etiologia da doena (FOSSUM, 2014). O diagnstico da doena baseia-se no histrico do animal e no aumento de volume na regio afetada, com consistncia macia e ausncia de dor. A drenagem do liquido do local acometido, compatvel com a saliva sugerem a mucocele. No relato de caso deste trabalho o animal foi diagnosticado com mucocele salivar clinicamente em um primeiro momento e aps foi realizada a sialoadenectomia mandibular e sublingual monostomtica bilateral, sendo este o tratamento definitivo, aps o material foi encaminhado para histopatolgico e no houveram alteraes dignas de nota. Palavras-chave: Glndulas salivares, rnula, sialoadenectomia, sialoadenocentese
LISTA DE ABREVIATURAS
bpm Batimentos por minuto
BID Bis in die (a cada 12 horas)
C - Grau Celsius
CVE Clnica veterinria escola
H Hora
IM Intramuscular
IV Intravenoso
kg Kilograma
ml Mililitro
mg Miligrama
mrm Movimentos respiratrios por minuto
MPA Medicao pranestsica
MVR Mdico veterinrio residente
N - Nmero
ND Normodipsia
NQ Normoquesia
NR Normorexia
NU Normoria
pH Potencial hidrognionico
PUCPR Pontifcia Universidade Catlica do Paran
PR - Paran
OSH - Ovariosalpingohisterectomia
SID Semel in die(a cada 24 horas)
TID Ter in die(a cada 08 horas)
TPC Tempo de preenchimento capilar
VO Via oral
% - Por cento
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Tcnica utilizada para resseco das glndulas mandibular e sublingual. Mostrando a veia jugular, a glndula mandibular (rea pontilhada) e o local de inciso (rea tracejada) (a); Prolapso da glndula mandibular aps inciso de sua cpsula (b); Disseco da glndula sublingual profundamente ao msculo digstrico (c); Glndula sublingual afastada e ligada (d) ...........................................
24
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Procedimentos realizados durante o estgioCVE PUCPR Curitiba/2016 ..............................................................................
23
QUADRO 2 Procedimentos realizados no centro cirrgico por
especialidade cve PUCPR; Curitiba/2016 ...............................
24
QUADRO 3 Diviso dos pacientes atendidos no CVE PUCPR Curitiba/2016 por espcie e gnero sexual ................................
26
SUMRIO
1 INTRODUO........................................................................................... 11
2 DESCRIO DO LOCAL DE ESTGIO................................................... 12
2.1 Estrutura fsica e funcionamento................................................................ 12
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................................. 15
4 DESCRIO DA CASUSTICA ACOMPANHADA................................... 17
5 REVISO DE LITERATURA MUCOCELE SALIVAR............................... 20
5.1 Anatomia da glndula salivar .................................................................... 20
5.2 Etiologia...................................................................................................... 21
5.3 Diagnstico................................................................................................. 22
5.4 Tratamento................................................................................................. 23
6 RELATO DE CASO................................................................................... 25
6.1 Mucocele salivar em co macho................................................................ 25
6.1.1 Histrico e anamnese................................................................................ 25
6.1.2 Exame fsico............................................................................................... 25
6.1.3 Exames complementares........................................................................... 25
6.1.4 Tratamento................................................................................................. 25
7 TRATAMENTO CIRRGICO..................................................................... 27
7.1 Preparo do paciente................................................................................... 27
7.1.2 Descrio da tcnica cirrgica................................................................... 27
7.1.3 Ps-operatrio............................................................................................ 28
8 DISCUSSO.............................................................................................. 30
9 CONCLUSO............................................................................................ 32
REFERNCIAS.......................................................................................... 33
11
1 INTRODUO
O estgio curricular uma disciplina realizada no ltimo semestre do curso
de graduao, sendo um item obrigatrio para a concluso. Todo o conhecimento
terico adquirido durante a formao, o acadmico coloca em prtica durante o
estgio curricular, agregando conhecimentos e melhorando a sua habilidade prtica
para que obtenha sucesso em sua vida profissional.
um momento para desenvolver relacionamento interpessoal, pois estar
em contato com mdicos veterinrios, proprietrios, estagirios e colaboradores do
local, esse relacionamento tambm auxilia na formao profissional.
O estgio foi realizado entre os dias 01 de agosto a 21 de outubro de 2016,
totalizando 420 horas, na rea de clnica cirrgica de pequenos animais, na CVE,
pertencente a PUC/PR, sob a superviso do professor Dr. Jorge Luiz Costa Castro.
Este trabalho de concluso de curso tem como finalidade a apresentao do
relatrio de estgio curricular obrigatrio, bem como o relato de um caso de
mucocele salivar em um co macho.
12
2 DESCRIO DO LOCAL DO ESTGIO
O local de estgio nomeado Clnica Veterinria Escola PUCPR (CVE-
PUCPR), pertencente Pontifcia Universidade Catlica do Paran, localizada na
cidade de Curitiba, Paran.
A CVE-PUCPR oferece atendimentos a toda comunidade,
disponibilizando atendimentos nas especialidades de alergologia, cardiologia,
dermatologia, endocrinologia, nefrologia, neurologia, odontologia, oftalmologia e
oncologia, alm de atendimento emergencial, procedimentos anestsicos e
cirrgicos, servio de diagnstico por imagem e laboratorial.
Os atendimentos clnicos, procedimentos anestsicos, procedimentos
cirrgicos, diagnstico por imagem e diagnstico laboratorial so realizados pelos 12
MRV, sendo eles entre nvel um e dois nas reas de clnica mdica, anestesiologia,
clnica cirrgica, diagnstico por imagem e patologia clnica, sendo que algumas
consultas so destinadas ao atendimento pelos professores especialistas das reas
em dias de aula dos alunos da universidade.
2.1 Estrutura fsica e funcionamento
Na recepo, os proprietrios so recepcionados no balco onde realizam
o cadastro, agendam procedimentos e retornos clnicos e cirrgicos e tambm
aguardam nesta mesma sala na rea de espera serem chamados pelos MVR
responsveis ou estagirios para os devidos setores de atendimento.
A clnica conta com trs ambulatrios para atendimento clnico e um para
atendimento clnico cirrgico e consultas pr-anestsicas, sendo este ltimo
chamado de ambulatrio.
A primeira abordagem ao paciente feita pela equipe de clnica mdica.
Os casos em que a abordagem cirrgica necessria so encaminhados para
consulta pr-cirrgica, onde o MVR junto com os estagirios de clnica cirrgica
fazem a avaliao do animal e do continuidade ao caso.
O local conta tambm com um ambulatrio para triagem, para
atendimentos sem horrio marcado, se for emergncia o paciente encaminhado
13
para estabilizao ou procedimento cirrgico, se for urgncia ser atendido o mais
breve possvel para no trazer maiores riscos a vida do animal. Se for apenas uma
consulta de rotina, ou alguma doena que no oferea risco eminente de morte para
o paciente o tutor agendar uma consulta para comparecer com dia e hora
agendados. Alm destes, a clnica equipada com uma sala prpria para
atendimentos emergenciais.
As salas de internamento so divididas em internamento geral,
internamento de felinos, sala de nutrio (onde so preparados os alimentos dos
animais internados) e isolamento de animais com suspeita de doenas
infectocontagiosas.
O internamento ps-operatrio o local para onde se destinam os
animais que passam por procedimentos cirrgicos e l permanecem at a alta
cirrgica. Sendo assim, os pacientes de cirurgia so separados dos pacientes em
internamento clnico geral. Neste internamento tambm permanecem todos os
pacientes com complicaes ps-operatrias que necessitam de internamento,
sendo que todos os procedimentos como curativos, medicaes e monitoraes
constantes so realizados neste local. Os itens de utilidade veterinria e medicaes
se encontram no dispensrio de itens veterinrios. As coletas de sangue so
realizadas na sala especfica para este procedimento.
Quanto ao setor de diagnstico por imagem, a CVE possui uma sala para
realizao de exames e laudos ultrassonogrficos, onde tambm so realizados
ecocardiodoppler, bipsia guiada e cistocentese guiadas por ultrassom.
A clnica conta tambm com setor de quimioterapia. O setor de
laboratrios conta com laboratrio de microbiologia, laboratrio de patologia clnica e
laboratrio de anatomopatologia.
A clnica possui uma sala de odontologia, sendo isolada do centro
cirrgico devido ao nvel de contaminao.
A sala de pr-operatrio dividida em duas salas, sendo que a primeira
utilizada para realizao de exame fsico, medicao pr-anestsica e tricotomia. A
segunda sala destinada a realizao do acesso venoso e em seguida o animal
transferido para o centro cirrgico.
Os vestirios so divididos em masculino e feminino. O centro cirrgico
possui sala de esterilizao, sala de armazenamento de materiais esterilizados,
expurgo, pia de paramentao e uma sala de ps-operatrio imediato, onde os
14
animais que passam por procedimentos cirrgicos so monitorados constantemente
at a estabilizao para aps serem encaminhados para a sala de ps-operatrio.
Por fim, a clnica possui dois centros cirrgicos onde ocorrem cirurgias
simultaneamente.
Alm destes, a clnica possui outros setores como espao para lavagem de
gaiolas, trs auxiliares de limpeza, sala dos professores, hall dos alunos, sala de
residentes, sala de colaboradores, central de resduos, central de gases medicinais e
sala de aula onde acontecem seminrios, palestras, discusso de casos clnicos,
reunies e atividades dos grupos de estudo.
15
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Durante o perodo de estgio curricular, compreendido entre 01 de agosto
de 2016 21 de outubro de 2016, o aluno acompanhou a rotina na rea de clnica
cirrgica de pequenos animais juntamente com trs professores e trs residentes de
clnica cirrgica sendo dois mdicos veterinrios residentes nvel dois, e um mdico
veterinrio residente nvel um.
As atividades eram divididas entre dois grupos de estagirios seguindo
uma escala diria. No primeiro dia o grupo 1 auxiliava no centro cirrgico e no dia
seguinte este mesmo grupo acompanhava as consultas ambulatoriais e era
responsvel pelos cuidados no ps-operatrio, intercalando com o grupo 2. Os
mdicos veterinrios residentes tambm seguiam uma escala intercalando entre si
as atividades dentro do centro cirrgico e rotina ambulatorial.
O estagirio tinha vrias responsabilidades como consultas cirrgicas,
consultas de retorno cirrgico, triagem dos pacientes, realizar anamnese, exame
clnico, confeccionar curativos e retirada de pontos, preencher fichas de
atendimento, realizar tricotomia da rea cirrgica, realizar acesso venoso,
instrumentar no centro cirrgico, auxiliar o cirurgio e/ ou apenas observar o
procedimento, prestar assistncia ao paciente pr e ps cirrgico mantendo-os
aquecidos, monitorao constante dos parmetros clnicos e mantendo o ambiente
limpo, evitando infeces secundrias no paciente.
Alm destas atividades o estagirio tambm pode acompanhar e auxiliar
em exames de otoscopia, ultrassonografia, endoscopia, rinoscopia, coletas de
sangue, procedimentos odontolgicos. As principais atividades realizadas pelo
estagirio durante o estgio curricular em clnica cirrgica de pequenos animais est
descrita no quadro 1.
16
Quadro 1 Procedimentos realizados durante o estgio CVE PUCPR;
Curitiba/2016
PROCEDIMENTOS N DE PROCEDIMENTOS
Acesso venoso 40
Auxilio em cirurgias 100
Coleta de sangue 30
Consulta 55
Curativo 50
Reconsulta 40
Triagem 25
Total: 340
FONTE: PUCPR, 2016.
17
4. DESCRIO E CASUSTICA ACOMPANHADA
Os animais primeiramente passam por atendimento na clnica mdica, e se
necessrio, so encaminhados para procedimentos cirrgicos.
Por ms, so realizados muitos procedimentos cirrgicos em vrias
especialidades, os pacientes que passaram pelo centro cirrgico foram divididos por
procedimento e especialidade, sendo na rea de oncologia que ocorreram mais
procedimentos realizados (quadro02). No quadro 3 os pacientes atendidos foram
divididos por espcie e gnero.
Quadro 2 Procedimentos realizados no centro cirrgico do CVE PUCPR
Curitiba/2016 por especialidade
ESPECIALIDADE/ SISTEMA PROCEDIMENTO REALIZADO N DE
PROCEDIMENTOS
CIRURGIA GERAL
Herniorrafia perineal
Herniorrafia inguinal
Herniorrafia umbilical
Herniorrafia diafragmtica
Lobectomia heptica parcial
Laparotomia exploratria
Sntese de ferida
6
4
2
1
1
5
3
ONCOLOGIA
Criocirurgia
Exrese de tumor vaginal
Mastectomia
Nodulectomia
Exrese de tumor cutneo
Bipsia de tumor cutneo
Cirurgia reconstrutiva
Hemimandibulectomia
8
3
25
10
8
4
10
1
OFTALMOLOGIA Sepultamento da glndula 3
plpebra
Enucleao
Correo de entrpio
4
1
5
18
OTORRINOLARINGOLOGIA Tcnica de zeep
Correo de hematoma aural
Ablao total do conduto
auditivo
2
2
3
ODONTOLOGIA Profilaxia + exodontia dentria
Profilaxia dentria
20
10
ORTOPEDIA
Amputao de membro
Amputao de dgito
Bipsia ssea
Colocefalectomia femoral
Correo de luxao de patela
Osteossntese de rdio e ulna
Ostessntese de mandbula
Reparao de ruptura de
ligamento cruzado cranial
2
2
2
3
5
3
1
4
SISTEMA REPRODUTOR DA
FMEA
OSH
Ovariosalpingohisterectomia
teraputica
Cesrea
10
18
3
SISTEMA REPRODUTOR DO
MACHO
Orquiectomia eletiva
Orquiectomia teraputica
Penectomia
15
4
2
SISTEMA RESPIRATRIO Correo de estenose nasal
Lobectomia parcial pulmonar
Correo de prolongamento de
palato
2
1
1
SISTEMA
GASTROINTESTINAL
Esofagotomia
Gastrotomia
Enterotomia
enterectomia
1
2
2
1
19
SISTEMA GENITOURINRIO Uretrostomia
Nefrectomia
Cistotomia
Cistostomia
1
2
2
3
SISTEMA HEMOLINFTICO Esplenectomia 3
TOTAL: 233
FONTE: PUCPR, 2016.
Quadro 3 Diviso dos pacientes atendidos no CVE PUCPR Curitiba/2016por
espcie e gnero sexual
ESPCIE MACHO FMEA N DE ANIMAIS
CO 44 164 208
GATO 10 15 25
TOTAL: 54 179 233
FONTE: PUCPR, 2016.
20
5 REVISO DE LITERATURA MUCOCELE SALIVAR
Mucocele salivar (sialocele, cisto salivar) uma coleo de saliva secretada
por uma glndula ou ducto salivar lesionado que envolvida por tecido de
granulao. As causas de mucoceles salivares raramente so identificadas, mas
histricos de trauma brusco, corpos estranhos e siallitos podem sugerir a etiologia
da doena (FOSSUM, 2014).
5.1 Anatomia da glndula salivar
Os ces apresentam quatro pares de glndulas salivares maiores, e outras
diversas glndulas chamadas de glndulas menores. As glndulas maiores esto
localizadas bilaterais na regio da cabea, sendo elas partida, zigomtica,
mandibular e sublingual monostomtica e polistomtica. J as menores so
chamadas de lingual, labial, bucal e palatina, e se encontram em grande quantidade
na cavidade oral. As glndulas maiores possuem seus ductos que desembocam na
boca (KONIG, 2004).
A glndula partida possui forma triangular e est situada prximo ao
conduto auditivo nos ces. A zigomtica, tambm chamada de orbitria tem formato
irregular, localiza-se prximo ao arco zigomtico e relaciona-se ao msculo
masseter. A glndula mandibular ovide e encontra-se prxima ao osso hiide e
parcialmente recoberta pela glndula partida. A ramificao do nervo facial corre na
superfcie dorsocranial da glndula (ROZA, CORRA & GIOSO, 2013).
A glndula sublingual monostomtica est em contato com a mandibular
rostralmente a mesma, e ambas possuem contato ntimo em suas bordas
rostroventrais, enquanto que a polistomtica consiste em vrios lbulos conectados
e encontra-se abaixo da mucosa oral (WIGGS & LOBPRISE, 1997).
As glndulas salivares so responsveis pela produo de saliva, a qual tem
papel de iniciar a digesto enzimtica dos alimentos na cavidade oral no momento
da mastigao, alm de regular o pH dos alimentos, umidificar, amaciar e formar o
bolo alimentar tornando-o mais fcil a sua digesto (COLVILLE, 2010).
21
5.2 Etiologia
A mucocele salivar, tambm chamada de sialocele consiste em acmulo de
saliva no tecido subcutneo e causada por obstruo e/ou lacerao do ducto
salivar ou lacerao das glndulas salivares. A causa pode ser de origem
traumtica, siallitos ou corpo estranho, sendo trauma por briga a causa mais
comum. Porm, muitas vezes a causa idioptica, no tendo conhecimento da
origem (HEDLUND, 2007), e correspondem a cerca de 9% das afeces das
glndulas salivares (ROZA, CORRA & GIOSSO, 2013).
Os ces so mais acometidos em relao aos gatos (RAHAL et al., 2003), e
a incidncia maior em ces machos no castrados (WILLARD, 2006). Andrade et
al., (2011) relata que a incidncia de afeces das glndulas salivares em ces de
0,3%. No existe predisposio racial, qualquer animal pode desenvolver a
mucocele, porm a afeco tem sido relatada em ces das raas poodle, pastor
alemo e dachshund (DUNNING, 2007; PIGNONI et al., 2009).
Os siallitos consistem em estruturas mineralizadas que se formam nas
glndulas salivares ou em seus ductos, constitudos por minerais, muco, bactrias e
clulas epiteliais (MATSUMOTO et al., 2005; PIGNONI et al., 2009). Segundo
Dunning (2007), a formao de siallitos rara em ces.
Existem diferentes tipos de mucoceles, dependendo do local de acmulo de
saliva. A mucocele cervical caracteriza-se por acmulo de saliva na regio
intermandibular, na parte cranial da regio cervical. Tem como principal sinal clnico
aumento de volume nesta regio com um aumento progressivo regular em regio
cervical, podendo ser uni ou bilateral, no aderido e sim flutuante e flcido, com
superfcie lisa e sem dor a palpao e inflamao. Inicialmente pode haver presena
de inflamao e conseqentemente hipertermia (WILLARD, 2006; PEREIRA &
MALM, 2011).
J a mucocele sublingual, tambm conhecida como rnula, consiste no
acmulo de contedo no tecido sublingual.Dificuldade na preenso de alimentos,
movimentos anormais da lngua, presena de hemorragias e hematomas orais
tambm esto associados mucocele sublingual (VISNIESKI, 2013).
A mucocele zigomtica, caracterizada por aumento de volume na regio
ventral ao globo ocular, podendo ocorrer como consequncia a afeco protruso da
glndula terceira plpebra, exoftalmia e estrabismo divergente (COSTA et al., 2013).
22
Na mucocele farngea, ocorre o acmulo de saliva na regio da faringe
podendo levar a obstruo das vias areas, neste caso o animal apresentar
dispnia, sendo necessrio instituir terapia de emergncia (HEDLUND, 2007).
5.3 Diagnstico
Quando no possvel identificar o lado de origem da mucocele, coloca-se o
animal em decbito dorsal e a saliva tende a regredir para o lado de origem, ou no
trans-operatrio pode-se posicionar o animal em decbito lateral e realizar uma
pequena inciso em estocada na mucocele, e inspecionar digitalmente para
identificao do lado acometido (HEDLUND, 2007).
O diagnstico baseado no histrico, anamnese, exame fsico e exames
complementares, como, exame radiogrfico, ultrassonografia, sialografia e anlise
do contedo puncionado (WILLARD, 2006). Quando realizado a sialoadenocentese
o contedo pode apresentar liquido mucoso, viscoso, com colorao amarela
sanguinolento sendo compatvel com saliva (HEDLUND, 2007).
As alteraes laboratoriais so raras e ocasionalmente os animais podem
apresentar leucocitose e neutrofilia devido inflamao aguda (DIAS et al., 2013). A
hipoalbuminemia est relacionada disfuno heptica, m absoro, m nutrio
ou perda protica (LOPES & BIONDO, 2009).
A radiografia e ultrassonografia so indicadas em casos de sialolitase ou
neoplasia, podendo ser utilizadas para diagnstico diferencial (KEALY &
MCALLISTER, 2005). A sialografia consiste em radiografia contrastada aps injetar
0,5 a 1,5 ml de contraste radiopaco no ducto da glndula salivar, podendo indicar
qual lado foi acometido, porm este exame de difcil execuo, no sendo comum
na rotina clnica (JAEDER et al., 2013).
A mucocele salivar cervical pode ser confundida com outras afeces que
cursam com aumento de volume no mesmo local (WILLARD, 2006). As sialodenites,
neoplasia salivar, glnglios linfticos csticos ou neoplsicos e abscesso cervical so
diagnsticos diferenciais. Os cistos e as neoplasias podem ser diferenciados da
mucocele salivar com exame histopatolgico, onde possvel diferenciar o
revestimento epitelial presente nos cistos do tecido de granulao presente nas
mucoceles salivares, ou identificar tecidos neoplsicos. Pode ser associada a
23
radiografia de trax para pesquisa de metstase, quando a suspeita for neoplasia
(HEDLUND, 2007; PIGNONI et al., 2010).
5.4 Tratamento
Pode optar-se por tratamento conservativo, que consiste em drenagem do
contedo e uso de antiinflamatrios no esteroidais, porm a ocorrncia de recidiva
alta (FISCH et al., 2008). Dunning (2007) citou que o tratamento baseado apenas
em drenagem no eficaz, pois dentro de 48 horas houve recidiva em 42% dos
animais presentes em seu estudo.
O tratamento definitivo consiste em resseco das glndulas e ductos
acometidos, para resoluo total da afeco. Nos casos em que as glndulas
partida e zigomtica so acometidas, opta-se por resseco cirrgica das mesmas,
e em casos de mucocele sublingual, faz-se a marsupializao da mucocele, que
consiste em suturar o tecido de granulao na mucosa sublingual para drenagem de
contedo salivar. Recomenda-se resseco da glndula sublingual monostomtica e
da mandibular no lado acometido, pois ambas compartilham o ducto salivar da
glndula sublingual monostomtica. E se no for possvel a identificao do lado
acometido recomendada a resseco das glndulas sublinguais monostomticas e
mandibulares bilaterais (ROZA, CORRA & GIOSO, 2013).
Conforme descrito por Dunning (2007) identifica-se a glndula mandibular,
faz-se a inciso de pele sobre a mesma, a cpsula tambm incisada, expondo a
glndula. Faz-se a ligadura dos vasos que a irrigam e continua-se a disseco no
sentido rostral, afastando o msculo digstrico expondo a glndula sublingual
monostomtica, ligando-a e incisando-a para total remoo. O tecido subcutneo
aproximado com fio absorvvel multifilamentar e a pele suturada com fio
inabsorvvel monofilamentar.
Os cuidados ps-operatrios consistem em manter a higiene do curativo,
principalmente em casos onde o dreno de penrose posicionado para drenagem de
seroma, e remov-lo em um perodo de 24 a 72 horas. As complicaes no so
comuns, e o prognstico considerado excelente quando as glndulas acometidas
so removidas, porm os seromas, infeces e recidivas podem ocorrer (HEDLUND,
2007).
24
Figura 1 Tcnica utilizada para resseco das glndulas mandibular e sublingual. Vista
lateral, mostrando a veia jugular, a glndula mandibular (rea pontilhada) e o local de
inciso (rea tracejada) (a); Prolapso da glndula mandibular aps inciso de sua cpsula
(b); Disseco da glndula sublingual profundamente ao msculo digstrico (c); Glndula
sublingual afastada e ligada (d).
FONTE: DUNNING, 2007.
25
6 RELATO DE CASO
6.1 Mucocele salivar em co macho
6.1.1 Histrico e anamnese
Paciente canino, macho, sem raa definida, ntegro, com oito anos de idade,
pesando treze quilos.
O paciente chegou Clnica Veterinria Escola PUCPR apresentando
aumento de volume submandibular com evoluo de 30 dias aps briga com outros
ces na rua. O co vivia solto com outros animais, pois se tratava de um animal
errante, no era vacinado e nem vermifugado. O responsvel relatou que
disponibilizava gua, rao e cuidados veterinrios para o animal, o mesmo tambm
relatou no ter administrado medicaes aps o incidente.
6.1.2 Exame fsico
Ao exame fsico, o animal apresentou frequncia cardaca de 145 bpm,
frequncia respiratria 35 mrm, temperatura retal 38,6C, TPC em 1 segundo, pulso
normal, mucosas normocoradas, normohidratado e linfonodos no reativos. No foi
possvel a palpao dos linfonodos submandibulares devido ao grande aumento de
volume na regio submandibular, sendo esta a nica alterao no exame fsico
geral.
6.1.3 Exames complementares
Foi realizado hemograma completo e bioqumica srica, como resultado
ocorreu linfopenia e hipoalbuminemia respectivamente, sem demais alteraes.
6.1.4 Tratamento
Suspeitando-se de mucocele salivar, foi realizada uma puno na regio
submandibular utilizando agulha hipodrmica 40x12 e seringa de 20 ml, onde
26
visualmente o contedo drenado mostrou-se compatvel com saliva. Neste primeiro
momento foram drenados 350 ml de saliva. Aps trs dias o animal realizou o
retorno para consulta cirrgica e foram drenados 320 ml de contedo. O animal foi
ento encaminhado para sialoadenectomia mandibular e sublingual monostomtica
bilateral, sendo este o tratamento definitivo.
27
7 TRATAMENTO CIRRGICO
7.1 Preparo do paciente
O paciente permaneceu em jejum alimentar e hdrico durante 12 horas at o
momento da cirurgia. Aps a realizao do exame fsico, foi aplicado como MPA
metadona 0,3 mg/kg/IM, aps alguns minutos foi realizada a tricotomia na regio
submandibular, cervical cranial e no membro torcico para acesso venoso e
colocao de um cateter nmero 18 para infuso de fluidoterapia com ringer lactato
na taxa de 5ml/kg/h.
Como antibioticoterapia profiltica foi utilizado cefalotina 30mg/kg/IV. Em
seguida, o paciente foi encaminhado para a sala de cirurgia e para induo foi
utilizado midazolan 0,1mg/kg/IV associado ao propofol 4mg/kg/IV, e intubao com
sonda traqueal nmero 6. A manuteno da anestesia foi realizada com isoflurano
vaporizado ao efeito. O paciente foi posicionado primeiramente em decbito lateral
esquerdo para abordagem das glndulas mandibular e sublingual direita, onde foram
marcadas as veias maxilar e sublingual, em seguida foi realizada a devida
antissepsia local primeiramente utilizando lcool 70% de forma no estril, e aps
duas aplicaes de lcool iodado e duas de iodopovidine de forma estril.
7.1.2 Descrio da tcnica cirrgica
Primeiramente, foi utilizado uma agulha 40x12, seringa de 60 ml e uma cuba
rim para drenagem de contedo submandibular, onde foram drenados 360 ml de
saliva, e ento, foi realizada uma inciso na regio da glndula mandibular direita,
que se situa na bifurcao da veia jugular externa direita.
A glndula mandibular direita foi exposta, sua cpsula foi incisada e o tecido
granular foi exposto. A glndula foi ento pinada com uma pina anatmica e
afastada para facilitar a remoo. Foram pinados os vasos sanguneos que irrigam
e drenam a glndula mandibular, ramos da artria e veia auricular, e ligados com fio
absorvvel multifilamentoso poliglactina 910 n 0. A disseco seguiu no sentido
rostral, afastando o msculo digstrico, expondo o ducto mandibular e a glndula
sublingual monostomtica. A glndula foi ento afastada, pinada e ligada com fio
absorvvel multifilamentoso poliglactina 910 n 0 e, por ltimo, incisada obtendo-se
28
sua total remoo. Foi posicionado um dreno de penrose na regio da mucocele,
realizando um tnel subcutneo com auxlio de uma pina hemosttica halsted entre
o local de inciso cirrgica e a parte ventral caudal a mandbula. Foi realizada a
aproximao dos tecidos subcutneos com sutura interrompida Sultan utilizando fio
absorvvel monofilamentoso poliglecaprone n 2-0. Por ltimo, foi realizada a
dermorrafia com fio inabsorvvel monofilamentoso nylon n 2-0.
O animal foi reposicionado na mesa cirrgica em decbito lateral direito para
acesso as glndulas mandibular e sublingual esquerdas, onde foram marcadas as
veias maxilar e sublingual, sendo dessa forma a resseco bilateral, pois no foi
possvel a identificao de qual lado as glndulas mandibulares e sublinguais
monostomticas estavam acometidas.
Aps exrese, as glndulas foram encaminhadas para exame
histopatolgico, posteriormente o resultado do exame ficou pronto, e no houve
evidncias de anormalidades teciduais diante do exame histopatolgico.
7.1.3 Ps cirrgico
Ao trmino da cirurgia, foi realizada uma bandagem no compressiva na
regio dos pontos de pele e dreno para absoro do contedo do dreno e manter a
ferida limpa livre de contaminaes. Aps alta anestsica, o paciente foi
encaminhado para casa com prescrio medicamentosa de tramadol (analgsico)
4mg/kg, VO, TID durante 5 dias, amoxicilina com clavulanato de potssio
(antibitico) 22mg/kg, VO, BID, durante 10 dias, dipirona 25mg/kg (analgsico) VO,
TID, durante 5 dias, meloxicam 0,1mg/kg (anti-inflamatrio no esteroidal) VO, SID,
durante 3 dias e omeprazol 1mg/kg (protetor gstrico) VO, BID, durante 10 dias. Foi
recomendado que o responsvel mantivesse o animal em restrio de espao,
trocada bandagem no compressiva uma vez ao dia e uso de colar elizabetano 24h
por dia at a retirada de pontos.
Aps 24 horas o animal retornou ao CVE para avaliao ps-operatria. O
responsvel relatou que o animal estava em timo estado geral, em NR, ND, NU e
NQ. O animal apresentava sobra de pele e seroma que estava sendo drenado pelo
dreno de penrose, apresentando secreo serosanguinolenta no curativo. Os pontos
estavam ntegros e secos.
29
No quarto dia de ps-operatrio, o animal retornou a CVE novamente para
retirar o dreno. O seroma havia diminudo e a sobra de pele tambm devido
retrao da mesma. Os pontos mantinham-se ntegros e secos. O paciente estava
NR, ND, sem dificuldades e o responsvel estava satisfeito com a diminuio rpida
do volume submandibular. Foi orientado continuar com o curativo dirio at a
retirada de pontos para facilitar a remoo total do seroma.
Aps 14 dias do procedimento cirrgico o paciente voltou para retirada de
pontos, o mesmo estava em timo estado geral, sem mais alteraes, em NR, ND,
NU e NQ. O acmulo de seroma na regio submandibular estava totalmente
ausente, a pele estava quase totalmente retrada e os pontos encontravam-se
ntegros, com presena de ulcerao no lado esquerdo devido prurido local, sendo
assim foi pescrito sulfadiazina de prata/BID/ via tpica por 10 dias. Ao final do 14
dia foi alcanado o objetivo final da cirurgia, e o animal recebeu alta cirrgica.
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8 DISCUSSO
Quando no possvel identificar o lado de origem da mucocele, coloca-se o
animal em decbito dorsal e a saliva tende a regredir para o lado de origem
(HEDLUND, 2007). Neste caso no foi possvel, pois o volume de saliva era muito
intenso, optou-se por fazer a exciso bilateral das glndulas mandibular e sublingual
monostomtica.
O paciente relatado apresentou mucocele cervical, sendo o aumento de
volume nesta regio a queixa principal, com ausncia de dor, assim como citado na
literatura, onde os animais apresentam-se geralmente com esse aumento
progressivo regular, podendo ser uni ou bilateral, no aderido e sim flutuante e
flcido, com superfcie lisa, sem dor a palpao e sem inflamao (WILLARD, 2006;
PEREIRA & MALM, 2011).
As alteraes laboratoriais so raras e ocasionalmente os animais podem
apresentar leucocitose e neutrofilia devido inflamao aguda (DIAS et al., 2013).
Neste caso, foram solicitados exames pr-operatrios hemograma completo e
anlises bioqumicas.
Foi observado linfopenia no exame bioqumico, os esterides podem levar a
diminuio dos linfcitos por causarem a sua redistribuio, portanto a linfopenia
pode estar associada ao estresse, devido liberao de cortisol endgeno em
situaes que causam desconforto aos animais, como estar em um ambiente
desconhecido, e devido ao estresse na conteno para coleta de material (SILVA et
al., 2008). No caso do paciente, a linfopenia provavelmente ocorreu devido ao
estresse, pois no havia uso de medicamentos esterides. Mas no pode-se
descartar acometimento por alguma doena infecciosa, pois trata-se de um animal
errante que no possui acompanhamento por um mdico veterinrio.
A hipoalbuminemia est relacionada disfuno heptica, m absoro, m
nutrio ou perda protica (LOPES & BIONDO, 2009). No caso do paciente relatado
nesse caso clnico a hipoalbuminemia pode ser explicada pelo fato de se tratar de
um animal de rua, pois provavelmente no possui uma alimentao balanceada.
Devido as condies financeiras do responsvel optou-se por no realizar
exames de imagem, pois com histrico de briga, exame fsico com aumento de
volume na regio submandibular, ausncia de dor e puno do contedo compatvel
31
com saliva ao exame visual. Concluiu-se que tratava-se de mucocele salivar, e no
neoplasia (LOPES & BIONDO, 2009). Posteriormente com resultado do exame
histopatolgico pode-se concluir que tratava-se de mucocele salivar, pois no
haviam alteraes histopatolgicas compatveis com neoplasia
Dunning (2007) citou que o tratamento baseado apenas em drenagem no
eficaz apresentando taxa de falha de at 42%. Foi possvel observar a falha do
tratamento conservativo no presente relato pois dentro de 48 horas houve recidiva,
mesmo aps mais 2 punes posteriores, no foi possvel evitar o procedimento
cirrgico.
Seromas, infeces e recidivas podem ocorrer (HEDLUND, 2007), assim
como foi observado no caso relatado, porem em 14 dias j havia sido drenado e
reabsorvido.
Os cuidados ps-operatrios consistem basicamente em manter a higiene
do curativo, principalmente em casos onde o dreno de penrose posicionado para
drenagem de seroma, como no caso supracitado, e remov-lo em um perodo de 24
a 72 horas (DUNNING, 2007).
32
9 CONCLUSO
O estgio curricular foi de grande valia para a minha formao profissional,
pude aprender na prtica tudo o que foi ministrado em aulas tericas.
No caso relatado por se tratar de um co macho e inteiro, a predisposio
para o acometimento da afeco est de acordo com a literatura, pois em histricos
de briga com outros animais pode ocorrer leso das glndulas salivares atravs da
mordedura em regio cervical principalmente.
O diagnstico clnico preconizado, se realizado precocemente o
prognstico excelente, como ocorreu neste relato de caso, a doena foi
diagnosticada com acurcia e a exciso das glndulas sublinguais monostomticas
e mandibulares bilateral foi realizada, no sendo prejudicial ao paciente pois as
outras glndulas salivares continuaro a produzir saliva.
O tratamento conservativo pode ser realizado,mas o tratamento definitivo o
cirrgico, o qual foi institudo para o paciente citado neste trabalho.
33
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