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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANAacute
Bianca Marchini Garmatter Roveda
Henry Shimabukuro
DOCUMENTAacuteRIO FOTOGRAacuteFICO
FIM DE FEIRA
Curitiba
2008
2
FIM DE FEIRA
CURITIBA
2008
3
BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA
HENRY SHIMABUKURO
FIM DE FEIRA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de
Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais
aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de
Bacharel em Jornalismo
Orientador Ana Maria Melech
CURITIBA
2008
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo
deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao
pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes
5
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundiacutecie do paacutetio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Natildeo examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho natildeo era um catildeo
Natildeo era um gato
Natildeo era um rato
O bicho meu Deus era um homem
Manuel Bandeira
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RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
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SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
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1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
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Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
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Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
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5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
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O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
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Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
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consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
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54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
2
FIM DE FEIRA
CURITIBA
2008
3
BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA
HENRY SHIMABUKURO
FIM DE FEIRA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de
Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais
aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de
Bacharel em Jornalismo
Orientador Ana Maria Melech
CURITIBA
2008
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo
deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao
pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes
5
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundiacutecie do paacutetio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Natildeo examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho natildeo era um catildeo
Natildeo era um gato
Natildeo era um rato
O bicho meu Deus era um homem
Manuel Bandeira
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
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4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
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KODAK Disponiacutevel em
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
3
BIANCA MARCHINI GARMATTER ROVEDA
HENRY SHIMABUKURO
FIM DE FEIRA
Trabalho de Conclusatildeo de Curso ao Curso de
Jornalismo da Faculdade de Ciecircncias Sociais
aplicadas da Universidade Tuiuti do Paranaacute como
requisito parcial para a obtenccedilatildeo do grau de
Bacharel em Jornalismo
Orientador Ana Maria Melech
CURITIBA
2008
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo
deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao
pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes
5
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundiacutecie do paacutetio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Natildeo examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho natildeo era um catildeo
Natildeo era um gato
Natildeo era um rato
O bicho meu Deus era um homem
Manuel Bandeira
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
4
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que de alguma forma contribuiacuteram para a execuccedilatildeo
deste trabalho a nossa Professora Orientadora Ana Maria Melech e ao
pequeno Natan que trouxe mais alegria e sensibilidade a todos noacutes
5
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundiacutecie do paacutetio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Natildeo examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho natildeo era um catildeo
Natildeo era um gato
Natildeo era um rato
O bicho meu Deus era um homem
Manuel Bandeira
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
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1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
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progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
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PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
5
O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundiacutecie do paacutetio
Catando comida entre os detritos
Quando achava alguma coisa
Natildeo examinava nem cheirava
Engolia com voracidade
O bicho natildeo era um catildeo
Natildeo era um gato
Natildeo era um rato
O bicho meu Deus era um homem
Manuel Bandeira
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
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No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
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Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
6
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo dar visibilidade agraves pessoas que vivem sob a
incerteza da fome e por isso tecircm que buscar no desperdiacutecio alheio alimentos para
consumo O conceito de Curitiba Cidade Modelo eacute relevado para discutir a existecircncia
dessas pessoas O fotojornalismo eacute utilizado como ferramenta para a visualizaccedilatildeo
delas Como fontes utilizam-se pesquisas bibliograacuteficas entrevistas participaccedilotildees
de palestras e pesquisas de campo
Palavras-chave fotojornalismo jornalismo social cidade modelo desperdiacutecio fome
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
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httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
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CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
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mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO10
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA11
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO12
22 A FOME NO BRASIL12
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA13
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA15
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO15
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres17
251 Fim de feira desperdiacutecio19
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO19
3 OBJETIVO21
31 GERAL21
32 ESPECIacuteFICO21
4 JUSTIFICATIVA22
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA24
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO24
52 A TECNOLOGIA FOTOGRAacuteFICA26
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES27
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO31
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil 31
542 Fotojornalismo de guerra32
55 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL34
6 METODOLOGIA36
7 DELINEAMENTO DO PROJETO38
71 FORMATO38
72EQUIPAMENTO38
73 CIRCULACcedilAtildeO38
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA38
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES39
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS40
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
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2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
8
9 REFEREcircNCIAS41
ANEXOS47
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
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Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
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3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
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4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
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Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
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5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
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O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
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Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
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FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
9
LISTA DE SIGLAS
ODM ndash Objetivos do Milecircnio11
ONU ndash Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas11
FAO ndash Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e
Alimentaccedilatildeohelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip11
IBGE ndash Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutesticas12
MDS ndash Ministeacuterio do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome13
UFMG ndash Universidade Federal de Minas Gerais13
IBASE ndash Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas13
UERJ ndash Universidade Estadual do Rio de Janeiro14
ORBIS ndash Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade15
FGV ndash Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas15
FAS ndash Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social15
UFPR ndash Universidade Federal do Paranaacute16
APPUC ndash Assessoria de Pesquisa e Planejamento16
IPPUC ndash Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba16
MD ndash Mini disc24
CEASA PR ndash Central de Abastecimento do Paranaacute34
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
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15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
10
1 INTRODUCcedilAtildeO
O desperdiacutecio de comida hoje no Brasil eacute imenso Cerca de 20 de toda a
produccedilatildeo agriacutecola produzida no paiacutes torna-se inadequada para o consumo Milhares
de toneladas de alimentos satildeo jogados no lixo
Em contrapartida a esse nuacutemero haacute os dados contundentes da fome
Problema discutido desde a deacutecada de 1930 pelo socioacutelogo Josueacute de Castro atingiu
o seu auge na miacutedia com as mobilizaccedilotildees sociais de Herbert de Souza o Betinho
nos anos 90 Acabar com essa chaga atinge milhotildees de brasileiros eacute um dos
Objetivos do Milecircnio
Muitas pessoas que vivem nessa situaccedilatildeo se aproveitam do desperdiacutecio
para ter o que comer Satildeo homens mulheres crianccedilas de todas as idades que
reviram os lixos em busca de alimentos que ainda podem julgam apropriados para o
consumo O objetivo deste projeto eacute mostrar que haacute pessoas que vivem do
desperdiacutecio em Curitiba uma cidade conhecida como ldquoCapital Socialrdquo e ldquoCidade
Sorrisordquo
As feiras livres satildeo tradicionais pontos de comeacutercio de hortifrutigranjeiros
Toda semana satildeo negociadas cerca de 900 toneladas de frutas e verduras de terccedila
a domingo Nessa rotatividade de alimentos ocorre o descarte de frutas e verduras
improacuteprias para a venda Satildeo esses que vatildeo para a mesa das pessoas que natildeo tecircm
condiccedilatildeo de comprar Eacute nas sobras das feiras livres que muitos curitibanos buscam
o sustento de suas famiacutelias
Para revelar este cotidiano a fotografia foi a ferramenta mais eficiente para
mostrar estes fatos Pela sensibilidade e significaccedilatildeo as fotos sempre
representaram algo especial nas vidas das pessoas aleacutem de serem consideradas
uma forma de linguagem universal
Para tratar o presente tema seraacute abordada a questatildeo da fome em Curitiba e
como o fotojornalismo pode mostrar agrave sociedade as mazelas deste problema
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
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Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
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5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
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O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
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Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
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consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
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incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
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Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
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54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
11
2 DELIMITACcedilAtildeO DO TEMA
Acabar com a fome e a extrema miseacuteria satildeo as primeiras metas dos
Objetivos do Milecircnio (ODM) idealizadas durante a Cuacutepula do Milecircnio em 2000 na
cidade de Nova York Na ocasiatildeo liacutederes de 191 naccedilotildees comprometeram-se a
tornar o mundo mais justo e solidaacuterio ateacute 2015 (ODM 2007)
No Brasil nota-se que a miseacuteria acarreta a inseguranccedila alimentar1 que estaacute
cada vez mais latente no paiacutes Em contraste com isso estaacute outro problema o
enorme desperdiacutecio de alimentos A presente delimitaccedilatildeo iraacute mostrar um breve
panorama dessa dualidade e os conceitos de Cidade Sorriso Capital Social e
Ecoloacutegica de Curitiba
21 NUacuteMEROS DA FOME E DO DESPERDIacuteCIO
O Brasil produz cerca de 120 mil toneladas de gratildeos diariamente nuacutemero
que coloca entre os maiores produtores do mundo Alimentos como o arroz e o
feijatildeo indispensaacuteveis na mesa do brasileiro satildeo produzidos o ano todo e abastecem
o mercado interno e externo (BATISTA 2007)
Segundo dados da Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) 30 de tudo
que eacute produzido eacute desperdiccedilado ou seja um gasto de U$160 bilhotildees por ano
dinheiro que poderia ser utilizado para a distribuiccedilatildeo de oito milhotildees de cestas
baacutesicas para famiacutelias brasileiras (DESPERDICIO 2007)
Apesar de o Brasil produzir uma quantidade de alimentos auto-sustentaacutevel
cerca de 14 milhotildees de pessoas passam fome e mais de 72 milhotildees vivem sob a
inseguranccedila alimentar segundo dados da Pesquisa Nacional Domiciliar (PNAD) de
2006 (PESQUISA 2006)
Baseandondashse na Teoria Populacional Malthusiana2 ldquoa populaccedilatildeo cresce em
1Usaremos o termo inseguranccedila alimentar para designar agravequeles que natildeo tecircm garantia alimentar
assegurada Esta definiccedilatildeo foi criada em 1996 na carta de Declaraccedilatildeo de Roma Sobre a Seguranccedila
Alimentar realizada pelas Organizaccedilotildees das Naccedilotildees Unidas para agricultura e alimentaccedilatildeo
conhecida como FAO (ORGANIZACcedilOtildeES 2007) 2Teoria proposta pelo economista Thomas Malthus em 1798 Ele observava a relaccedilatildeo entre o
crescimento populacional com problemas sociais dentre elas uma possiacutevel falta de alimentos
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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Acesso em 3 mar 2008
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
12
progressatildeo geomeacutetrica e a produccedilatildeo de alimentos cresce em progressatildeo aritmeacuteticardquo
estima-se que no futuro a produccedilatildeo de alimentos precisaraacute ser dobrada no paiacutes
Tendo em vista que a populaccedilatildeo do Brasil cresce aumenta a necessidade de
uma produccedilatildeo superior de alimentos e consequentemente o nuacutemero de produtores
Dados estimativos afirmam que dentro de dez anos o Brasil se tornaraacute o maior
produtor de alimentos do planeta (DIA 2005)
22 A FOME NO BRASIL
A primeira pesquisa sobre Seguranccedila Familiar concluiacuteda pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) em 2006 constatou que 14 milhotildees de
brasileiros viveram em inseguranccedila alimentar ou seja situaccedilatildeo pela qual passaram
fome pelo menos um dia no ano segundo mateacuteria publicada na site da Folha de S
Paulo (Gomide Soares 2003)
Para minimizar os problemas causados pela fome como a desnutriccedilatildeo e a
mortalidade infantil foi criado pelo Governo Federal em 2004 o Ministeacuterio do
Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome (MDS) responsaacutevel pela administraccedilatildeo
de programas de desenvolvimento social de seguranccedila alimentar e nutricional de
assistecircncia social e de renda de cidadania do Paiacutes
Segundo o site oficial do MDS para o estado do Paranaacute satildeo repassados por
ano cerca de R$ 105 bilhotildees para a execuccedilatildeo de programas sociais sendo que os
recursos para a seguranccedila alimentar alcanccedilam R$ 24 milhotildees atendendo 633 mil
de pessoas (MINISTEacuteRIO 2008)
A fome eacute um problema jaacute discutido desde a deacutecada de 1940 com a
publicaccedilatildeo do livro Geografia da Fome de Josueacute de Castro
[] a fome coletiva eacute um fenocircmeno social bem mais generalizado Eacute um fenocircmeno geograficamente universal natildeo havendo nenhum continente que escape agrave sua accedilatildeo nefasta Toda a terra dos homens tem sido tambeacutem ateacute hoje terra da fome Mesmo nosso continente chamado o da abundacircncia () sofre intensamente com o flagelo da fome E se os estragos desse flagelo na Ameacuterica natildeo satildeo tatildeo dramaacuteticos como sempre foram no Extremo Oriente nem tatildeo espetaculares como se apresentam nos uacuteltimos anos na Europa nem por isso satildeo menos traacutegicos visto que entre noacutes esses estragos se fazem sentir mais sorrateiramente minando a nossa riqueza humana numa persistente accedilatildeo destruidora geraccedilatildeo apoacutes geraccedilatildeo (1992 p 56)
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
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consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
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incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
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6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
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8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
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Documentaacuterios
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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
13
No mesmo trabalho Josueacute de Castro afirma que o problema da fome no
Brasil
eacute consequumlecircncia antes de tudo de seu passado histoacuterico com seus grupos humanos sempre em luta e quase nunca em harmonia com os quadros naturais Luta em certos casos provocada e por culpa portanto da agressividade do meio que iniciou abertamente as hostilidades mas quase sempre por inabilidade do elemento colonizador indiferente a tudo que natildeo significasse vantagem direta e imediata para os seus planos de aventura mercantil (1992 p 280)
Josueacute de Castro considera que na regiatildeo Centro Sul o fenocircmeno da fome eacute
mais discreto em relaccedilatildeo ao sudeste e ao nordeste a subnutriccedilatildeo e a carecircncia de
nutrientes satildeo mais acentuadas (1992 p 265)
Levando isso em consideraccedilatildeo a meacutedica sanitarista Zilda Arns desenvolveu
junto com seu irmatildeo o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns a Pastoral da Crianccedila em
1981 O projeto se instalou no Paranaacute com o objetivo de acompanhar o
desenvolvimento de crianccedilas desde a concepccedilatildeo ateacute os seis anos de idade
Segundos dados do IBGE as regiotildees onde ocorrem as accedilotildees da Pastoral o iacutendice
de mortalidade infantil eacute a metade da meacutedia nacional (PASTORAL 2003)
Atualmente os dois programas brasileiros mais populares acerca o tema satildeo
governamentais o Fome Zero que trouxe o assunto como prioridade poliacutetica e o
Bolsa Famiacutelia que assiste financeiramente famiacutelias mais pobres
23 BETINHO E SUA CRUZADA CONTRA A FOME E A MISEacuteRIA3
Herbert Joseacute de Souza mais conhecido como Betinho nasceu no dia 3 de
novembro de 1935 na cidade mineira chamada Bocaiuacuteva Criado na regiatildeo de Belo
Horizonte se formou em Sociologia Poliacutetica e logo depois em Administraccedilatildeo Puacuteblica
ambas na UFMG Trabalhou como teacutecnico em avaliaccedilatildeo de projetos no Banco de
Desenvolvimento Econocircmico de Minas Gerais foi assessor do ministro da
Educaccedilatildeo Paulo de Tarso no governo Joatildeo Goulart
Como estava sempre envolvido na poliacutetica foi perseguido pelo regime militar
e permaneceu no Brasil clandestinamente ateacute os anos 70 quando se exilou
3O presente texto teve como referecircncia de apoio HERBERT de Souza (on-line)
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
14
Lecionou em universidades na Escoacutecia e no Canadaacute voltando ao Brasil em 1980
sob anistia
Em 1981 criou o Instituto Brasileiro de Anaacutelises Sociais e Econocircmicas
(IBASE) instituiccedilatildeo sem fins lucrativos que tem como objetivo promover o combate
agraves desigualdades sociais Em artigo publicado na deacutecada de 90 ele vislumbrou o
problema da fome
Com a produccedilatildeo agriacutecola atual poderia alimentar 300 milhotildees de pessoas Nada em sua economia impede que sejam gerados agora 9 milhotildees de empregos de emergecircncia Se a posse da terra fosse democratizada de maneira raacutepida e decidida abriria lugar para 12 milhotildees de famiacutelias Se coisas assim acontecessem 32 milhotildees de pessoas que estatildeo passando fome teriam comida pelos menos comida (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p17)
Nesse mesmo artigo ele afirma
No combate a fome haacute o germe da mudanccedila do paiacutes Comeccedila por rejeitar o que era tido como inevitaacutevel Todos podem e devem comer trabalhar e obter uma renda digna ter escola sauacutede saneamento baacutesico educaccedilatildeo acesso agrave cultura Ningueacutem deve viver na miseacuteria Todos tecircm direito agrave vida digna agrave cidadania A sociedade existe para isso Ou entatildeo ela simplesmente natildeo presta para nada O Estado soacute tem sentido se eacute um instrumento dessas garantias A poliacutetica os partidos as instituiccedilotildees as leis soacute servem para isso Fora disso soacute existe a presenccedila do passado presente projetando no futuro o fracasso de mais uma geraccedilatildeo (SOUZA em REFLEXOtildeES 1993 p 20)
A Campanha da Fome comeccedilou logo apoacutes o impeachment de Collor no iniacutecio
dos anos 90 e foi lanccedilada dia 24 de abril em solenidade realizada na Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Ela tinha o nome de Accedilatildeo da Cidadania e
contra a Fome e a Miseacuteria e pela Vida mas ficou conhecida e era mais identificada
como a Campanha do Betinho Tinha como finalidade duas accedilotildees combater a fome
e mudar a forma de agir do brasileiro fazer uma reforma estrutural na sociedade
Herbert via a democracia incompatiacutevel da miseacuteria visto pelo olhar de
esquerda e com um novo conceito de poliacutetica Dizia que a luta tinha que ser feita
pela cidadania pressionando o Estado e o poder puacuteblico que eacute quem tem o dinheiro
nas matildeos usando a campanha contra fome para basear e exemplificar a maneira de
accedilatildeo de cada cidadatildeo e dando novos conceitos de eacutetica puacuteblica e poliacutetica social
Com o sucesso da campanha Betinho comeccedilou a ser chamado de santo
chegou ateacute dizer que natildeo queria ser visto como Madre Teresa de Calcutaacute Conforme
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
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GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
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12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
15
a campanha foi se alastrando pelo paiacutes vaacuterios comitecircs comeccedilaram a ser criados de
forma livre sem hierarquia sem centralizaccedilatildeo e com a tarefa principal de distribuir
comida para quem tem fome
Em 1993 foi realizada a primeira grande campanha de arrecadaccedilatildeo de
alimentos promovida pela Accedilatildeo da Cidadania No primeiro ano do Natal Sem Fome
foram arrecadadas 580 toneladas de alimentos que beneficiaram 290000 pessoas
em situaccedilatildeo de miseacuteria Os alimentos foram distribuiacutedos entre os 75 comitecircs
cadastrados na Accedilatildeo da Cidadania no ano de 1993 O projeto idealizado por
Betinho natildeo visa somente agrave falta de comida atua tambeacutem na aacuterea cultural por isso
diversifica todos os anos o tema da campanha da fome
24 A EXTREMA POBREZA E A FOME NO PARANAacute E EM CURITIBA
Segundo o Observatoacuterio Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade
(ORBIS) o Paranaacute possui cerca de 23 milhotildees de pessoas sob situaccedilatildeo de
pobreza sendo um terccedilo delas em condiccedilatildeo de indigecircncia Em 2006 uma em cada
cinco famiacutelias viviam nesta situaccedilatildeo Estudos realizados pela Fundaccedilatildeo Getulio
Vargas (FGV) colocaram o estado em 21ordm no ranking brasileiro de miserabilidade
(ORBIS 2006)
Em Curitiba existem cerca de 140 mil pessoas que vivem com uma renda
per capita de meio salaacuterio miacutenimo segundo pesquisa da Fundaccedilatildeo Accedilatildeo Social
(FAS) realizada em 2005 (SANTOS 2005)
25 CURITIBA CONCEITO DE CIDADE MODELO4
Amplamente conceituada como ldquoCidade Modelordquo ldquoCidade Sorrisordquo ou
ldquoCapital Ecoloacutegicardquo em razatildeo de proporcionar oportunidades de emprego renda e
bem estar social para algumas pessoas Curitiba apresenta hoje problemas comuns
em grandes metroacutepoles Vaacuterias situaccedilotildees delicadas de desenvolvimento e
planejamento urbano como favelas desigualdade social e o crescimento da
4O presente texto teve como referecircncias de apoio CAMARA Municipal de Curitiba (online) 1999 e
PREFEITURA Municipal de Curitiba (online) 2001
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
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httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
16
violecircncia natildeo satildeo devidamente divulgados devido agrave estrateacutegia de marketing de
imagem que acompanhou a evoluccedilatildeo da cidade (ZIRKL 2003)
Capital do estado paranaense desde 1853 tinha na eacutepoca 6000 habitantes
e jaacute foi chamada de ldquoNossa Senhora da Luz dos Pinhaisrdquo logo apoacutes de ldquoCampos
Limposrdquo e por fim Curitiba Com o respectivo crescimento do Brasil e de sua
economia tambeacutem se desenvolvia continuamente a cada periacuteodo que se passava
O Slogan ldquoa Cidade sorrisordquo foi divulgado por vaidade em um documento
sobre a cultura curitibana Neide Michael considerou a origem da dedicatoacuteria da
Cidade Sorriso ldquoRetornando algumas deacutecadas no tempo pode-se imaginar o que
levou um literato a traccedilar rimas para unir definitivamente o nome de Curitiba a um
franco e acolhedor sorriso Hermes Fontes veio a passeio por estas paragens
Sentiu-se em casa agrave vontade entre sua gente Circulou sem pressa pelos
logradouros e comoveu-se diante da facilidade com que lhe retribuiacuteam os
cumprimentos() Foram sorrisos - ou sorriso de algueacutem especial - que inspiraram
versos que formataram o lema mais conhecido da capital paranaenserdquo Hermes
Fontes se apaixonou com o sorriso de uma polaca e escreveu no Jornal Gazeta do
povo que foi publicado no dia 25 de fevereiro de 1929 deixando essa alcunha para
Curitiba por mais de 70 anos (UNINTER 2006)
No ano de 1949 foi iniciada na capital o Plano Agache criada pelo urbanista
francecircs Alfred Agache Essa empreitada consistia na melhoraria da vida econocircmica
e social da cidade no saneamento e na locomoccedilatildeo da populaccedilatildeo O plano acabou
virando um insucesso graccedilas agraves falhas econocircmicas e ao crescimento populacional
que se mostrou mais acentuado nas deacutecadas seguintes
Com o fracasso do Plano Agache arquitetos e urbanistas da Universidade
Federal do Paranaacute (UFPR) apresentam um novo projeto urbaniacutestico para um melhor
planejamento da cidade Foram criados a Assessoria de Pesquisa e Planejamento
Urbano de Curitiba (APPUC) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de
Curitiba (IPPUC) (FENIANOS 2006)
Curitiba tem um dos sistemas de coleta seletiva de lixo mais eficiente do
paiacutes e vaacuterios programas sociais como por exemplo o Cacircmbio Verde que segundo
o site da Prefeitura trocou em 2002 trecircs toneladas de lixo reciclaacutevel por uma
tonelada de alimentos para famiacutelias carentes Outro programa municipal o Coopnutri
trabalha aliada ao CEASA entregando cerca de 750 toneladas de hortifrutigranjeiros
para entidades assistenciais
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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Acesso em 4 abr 2008
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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
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SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
17
No iniacutecio da deacutecada de 1990 a capital exalta-se como uma cidade
preocupada com o meio ambiente possuindo uma inovaccedilatildeo superior em
planejamento urbano de todas as outras capitais brasileiras A campanha dos
caminhotildees de lixo SE-PA-RE um projeto que conscientiza a populaccedilatildeo curitibana a
separar os lixos reciclaacuteveis com suas folhinhas de mascotes iniciou haacute mais de 15
anos e passou por vaacuterias administraccedilotildees Se o curitibano realmente ajudasse na
colaboraccedilatildeo da reciclagem do lixo natildeo seria necessaacuterio uma campanha tatildeo grande
quanto essa Para isso temos na Capital Paranaense os populares catadores de lixo
reciclaacuteveis mais conhecidos como carrinheiros que puxam os seus pesados
carrinhos colaborando com a cidade
O slogan ldquoCuritiba da Genterdquo seria lindo se fosse realmente de todos os
moradores da cidade A Curitiba de todos agraves vezes esquece das favelas e dos
grandes bairros pobres e distantes A pobreza muitas vezes fica longe dos olhares
civilizados a populaccedilatildeo natildeo quer enxergar esse fato
Dados do IBGE de 2004 afirmam que aproximadamente 3 da populaccedilatildeo
curitibana satildeo consideradas pobres ou seja possuem uma renda per capita de ateacute
meio salaacuterio miacutenimo
251 A tradiccedilatildeo das feiras livres5
Popular na cidade e entre famiacutelias as feiras livres tecircm uma origem antiga
Alguns estudos datam da Idade Meacutedia quando produtores agriacutecolas feudais
ofereceram os excedentes da colheita em troca de outras mercadorias A
popularizaccedilatildeo ocorreu durante o crescimento da civilizaccedilatildeo europeacuteia no seacuteculo XVI
com o contato comercial com o Oriente Especiarias como pimentas temperos e
ervas eram produtos muitos procurados
Em Curitiba essa tradiccedilatildeo teve iniacutecio no seacuteculo 19 com produtores de origem
europeacuteia que ofereciam hortifrutigranjeiros em carroccedilas no centro da cidade
Hoje a capital possui cerca de 40 feiras livres de terccedila a domingo que
comercializam 900 toneladas de frutas e verduras
5O presente texto teve como referecircncias de apoio BEM Paranaacute (online) PREFEITURA Municipal de
Curitiba (online) e A ORIGEM das Feiras (online)
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
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httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
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CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
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mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
18
Endereccedilos das feiras livres
Terccedila-feira
Rua Nunes Machado (Rebouccedilas)
Rua Coronel Joatildeo da Silva Sampaio (Jardim Botacircnico)
Rua D Pedro I (Aacutegua Verde)
Rua Fernando de Souza Costa (Santa Ameacutelia Fazendinha)
Rua Theodorico Guimaratildees (Fanny)
Rua Coronel Joseacute Carvalho de Oliveira (Vila Satildeo Paulo Uberaba)
Rua Tenente Muniz de Aragatildeo (Barreirinha)
Quarta-feira
Rua Duque de Caxias (Satildeo Francisco
Rua Aristides Athayde Jr (Bigorrilho)
Rua Professor Dario Vellozzo (Vila Isabel)
Rua Jornalista Adherbal Stresser (Cajuru
Rua Boliacutevia (Bacacheri)
Avenida Nossa Senhora de Nazareacute (Boa Vista)
Rua Raul Leite (Bairro Alto)
Rua Cascavel (Xaxim)
Quinta-feira
Rua Colombo (Ahuacute)
Rua D Pedro II (Batel)
Rua Faacutebio de Souza (Santa Quiteacuteria)
Rua Gabriel Corisco Domingues (Boqueiratildeo)
Rua Carlos Essenfelder (Boqueiratildeo)
Sexta-feira
Rua Coronel Dulciacutedio (Aacutegua Verde)
Rua Siacutelvio Romero (Jardim Social)
Praccedila Maestro Bento Mossurunga (Jardim das Ameacutericas)
Rua do Herval (Cristo Rei)
Rua Neoraci Neves do Nascimento (Santa Felicidade
Saacutebado
Rua Alberto Bolliger (Alto da Gloacuteria)
Rua Pedro Hansaul (Portatildeo)
Rua Rio de Janeiro (Guaiacutera)
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
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O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
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Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
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consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
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incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
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Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
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54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
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Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
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6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
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abr 2008
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2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
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CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
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mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
19
Rua Henrique Itiberecirc da Cunha (Bom Retiro)
Rua Satildeo Domingos (Cruz do Pilarzinho)
Rua Professor Joatildeo Argemiro de Loyola (Seminaacuterio)
Rua Joatildeo Dembinski (Campo Comprido)
Praccedila Joaquim Menelau de Almeida Torres (Hauer)
Domingo
Rua Francisco Nunes (Prado Velho)
Praccedila 29 de Marccedilo (Mercecircs)
Rua Rio do Sul (CIC)
Rua Joseacute Gulin (Bacacheri no Conjunto Solar)
Rua Maria Hohmann Wisniewski (Campo Comprido)
Avenida Anita Garibaldi (Barreirinha)
Rua Albino Potulski (Santo Inaacutecio)
252 Fim de feira desperdiacutecio
Apoacutes o expediente de trabalho os feirantes guardam suas mercadorias em
caixas para levarem nos caminhotildees Eacute nessa hora que acontece a ldquoxepardquo
expressatildeo popular usada para resignar aquelas frutas e verduras que sobram e satildeo
vendidas mais baratas no fim da feira O desperdiacutecio deste resto eacute a uacutenica opccedilatildeo de
algumas pessoas
Segundo o gari Valdir Vieira quando as bancas jaacute estatildeo desmontadas satildeo
coletados cerca de 50 sacos grandes de lixo soacute com frutas e verduras
26 PROBLEMATIZACcedilAtildeO
Curitiba sempre vem adotando alcunhas de exemplo para as grandes
capitais do paiacutes como ldquoCapital Ecoloacutegicardquo ldquoCidade Sorrisordquo ldquoCidade Modelordquo
ldquoCapital Socialrdquo de gestatildeo em gestatildeo municipal a referecircncia a cidade muda
Programas sociais podem ateacute comprovar a responsabilidade soacutecio-ecoloacutegica da
cidade mas se existem programas para solucionar problemas sociais natildeo seria por
que esses problemas jaacute atingiram o maacuteximo de saturaccedilatildeo
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
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Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
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incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
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Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
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6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
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7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
20
Por que a miacutedia natildeo abre espaccedilo para mostrar as pessoas que se alimentam
do desperdiacutecio de alimentos e que passam fome em funccedilatildeo disso alimentam-se do
que eacute descartado
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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Acesso em 3 mar 2008
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
21
3 OBJETIVO
31 GERAL
Dar visibilidade agraves pessoas que natildeo tecircm condiccedilotildees de obter comida e por
isso alimentam-se de hortifrutigranjeiros descartados (considerados improacuteprios para
a venda) em feiras livres
32 ESPECIacuteFICO
- Demonstrar a questatildeo da inseguranccedila alimentar existente em Curitiba
- Demonstrar o desperdiacutecio com relaccedilatildeo ao descarte de alimentos de
qualidade
- Questionar o conceito de ldquoCapital Socialrdquo de Curitiba dado que a
inseguranccedila alimentar eacute um problema social grave
- Informar a populaccedilatildeo curitibana em relaccedilatildeo agrave questatildeo da inseguranccedila
alimentar em Curitiba e desperdiacutecio de alimentos
- Retratar a vida e cotidiano dessas pessoas
- Publicar as fotos realizadas neste projeto numa possiacutevel exposiccedilatildeo
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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mar 2008
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
22
4 JUSTIFICATIVA
Tornar visiacuteveis as pessoas que convivem com a realidade de buscar nos
restos de alimentos a sua sobrevivecircncia e dar a elas uma chance de contar suas
estoacuterias de vida foi o mote para dar continuidade a este trabalho O uso da fotografia
eacute imprescindiacutevel para isso pois eacute atraveacutes das lentes que seraacute conseguida
sensibilidade nas imagens
O assunto aqui tratado jaacute foi inspiraccedilatildeo para documentaristas
cinematograacuteficos como Jorge Furtado com seu filme Ilha das Flores (1989) e Marcos
Prado com Estamira (2005) Na arte estaacutetica fotoacutegrafos como Ceacutesar Muniz Euler
Paixatildeo Vera Jursys e o proacuteprio Marcos Prado jaacute realizaram exposiccedilotildees sobre a
relaccedilatildeo homemlixofomedesperdiacutecio
O socioacutelogo Betinho jaacute afirmou que democracia e miseacuteria satildeo mutuamente
exclusivas a fome eacute um problema poliacutetico e para reverter a situaccedilatildeo eacute necessaacuterio
uma mobilizaccedilatildeo pela cidadania para pressionar o poder puacuteblico mas a accedilatildeo deve
ser individual (BETINHO 1996) Essa ideacuteia de atuaccedilatildeo particular eacute a mais sensata
para acabar com a fome Pode parecer piegas mas o velho pensamento de que se
cada um fizer sua parte o mundo seraacute melhor eacute vaacutelido para o presente tema
Aqueles que vivem numa realidade onde a fome eacute constante estatildeo sob a
cortina da propaganda de Curitiba Enquanto muitos vatildeo agraves feiras livres com seus
carrinhos de feira para fazer compras existem outros que ficam escondidos atraacutes
das barracas fazendo dos restos o almoccedilo de domingo e do resto da semana As
pessoas vecircem mas natildeo se perguntam a razatildeo para isso natildeo procuram uma
resposta Natildeo lhes interessam
O mais consagrado foto documentarista do Brasil Sebastiatildeo Salgado
sucessivamente manteve-se engajado na causa humanitaacuteria Desde trabalhos
premiados como Ecircxodo e Trabalhadores Salgado sempre procurou retratar as
classes sociais que sofrem com o descaso e com as desigualdades sociais e
econocircmicas Haacute 11 anos em entrevista concedida agrave ediccedilatildeo de maio de 1997 da
Revista Sem Fronteiras Sebastiatildeo afirmou que natildeo trabalha com a miseacuteria mas sim
com pessoas mais pobres e considera que elas satildeo muito ricas em dignidade e
buscam de forma criativa uma vida melhor Com isso o fotoacutegrafo busca provocar
um debate na sociedade
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
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abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
23
Esse tambeacutem eacute objetivo deste trabalho Buscar debate reflexatildeo para
encontrar um porquecirc para explicar as pessoas que vivem sob a situaccedilatildeo de
inseguranccedila alimentar numa cidade considerada ldquoCapital Socialrdquo
Haacute uma lacuna na miacutedia sobre esse tema Dados sobre a fome em Curitiba
satildeo pouco divulgados e essa realidade parece ser surreal para uma cidade que se
auto-considera ldquoCidade Modelordquo Mas o fato eacute que existem pessoas buscando nas
sobras o seu proacuteprio sustento Segundo o fotojornalista Silvio Ribeiro fotos com
cunho social satildeo pouco divulgados devido a interesses poliacuteticos
Para a melhor compreensatildeo do que se pretende transmitir seraacute usado o
meio fotograacutefico Porque parafraseando Sebastiatildeo Salgado a fotografia eacute uma
linguagem universal e as pessoas natildeo precisam falar a mesma liacutengua para entender
o que se passa A fotografia retrata um fato um acontecimento uma situaccedilatildeo
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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Acesso em 3 mar 2008
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
24
5 FUNDAMENTACcedilAtildeO TEOacuteRICA
A fotografia surgiu em decorrecircncia a vaacuterios estudos desde o seacuteculo XIX O
seu aperfeiccediloamento teacutecnico decorreu em prol a vaacuterios estudos no Brasil Franccedila
Estados Unidos e Inglaterra Com o seu desenvolvimento as fotos tambeacutem puderam
ter uma importacircncia vital na comunicaccedilatildeo midiaacutetica
51 A FOTOGRAFIA NO COTIDIANO6
A palavra fotografia surgiu da uniatildeo das palavras gregas foacutes luz e grafis
grafia Assim sendo fotografia significa ldquoescrever com a luzrdquo Eacute uma imagem obtida
por meio de um aparelho fotograacutefico munido de material sensiacutevel Trata-se de um
documento que registra importantes cenas do passado constatando uma verdade
que estaacute registrada A captura da imagem eacute feita pela transformaccedilatildeo da luz em
teacutecnicas quiacutemicas ou digitais em imagens imoacuteveis impressas (LAROUSSE 1998)
Com o surgimento da fotografia vaacuterias pessoas perceberam que natildeo era
mais necessaacuterio contratar pintores para realizar os importantes retratos de famiacutelia
por exemplo ou ateacute retratos de paisagens O fotoacutegrafo poderia fazer a imagem
idecircntica ao real em muito menos tempo e com um custo bem inferior Os artistas
plaacutesticos tiveram os seus trabalhos ameaccedilados e uma adaptaccedilatildeo foi necessaacuteria
Eles empregaram a fotografia como um instrumento auxiliar para realizar seus
desenhos e pinturas (KUBRUSLY 1991)
Em 1839 John Herschel apresentou pela primeira vez a palavra fotografia na
academia de ciecircncias na Inglaterra Mas segundo registros nos diaacuterios de Antoine
Florence um francecircs que residia no Brasil comprova que ele utilizava o termo pelo
menos cinco anos antes de Herschel Em seu diaacuterio ele relata que em 15 de agosto
de 1832 enquanto passeava pela varanda de sua casa veio a ideacuteia de fixar imagens
em uma cacircmara escura por meio de um corpo que mude de cor pela accedilatildeo da luz
Um farmacecircutico chamado Joaquim Correcirca de Mello o aconselhou a usar nitrato de
prata no processo E foi ele que o ajudou a formar a palavra photographia
6O presente texto teve como referecircncia de apoio os seguintes autores LIMA 1988 KODAK (online)
2007 e BAURET 1992
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
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4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
25
O surgimento da fotografia obteve por meio de um estudo aprofundado por
seus estudiosos pois o aprimoramento dessa teacutecnica evoluiu com estudos
posteriores e distintos
Johannes Kepler fez os primeiros esboccedilos de imagem em 1620 onde
utilizou uma cacircmara escura para a elaboraccedilatildeo de desenhos topograacuteficos O primeiro
resultado bem sucedido fotograficamente foi por Niceacutephore Nieacutepce que utilizou uma
placa de estanho e uma longa exposiccedilatildeo de oito horas para obter a primeira
fotografia permanente do mundo Pioneiro junto com Nieacutepce Louis Daguerre criou
um processo chamado daguerreoacutetipo que consistia em uma placa de prata e uma
cacircmara escura Mais de uma deacutecada depois o ato de fotografar pessoas se tornava
quase impossiacutevel pois a permanecircncia imoacutevel por longos periacuteodos era algo que
dificultava essa tarefa Em 1941 Daguerre trouxe chapas sensiacuteveis mais luminosas
e um processo quiacutemico mais acelerado tornando possiacutevel a realizaccedilatildeo de um
retrato
Willian Talbot criou o processo fotograacutefico que modernizou a fotografia Ele
utilizava folhas de papel com cloreto de prata e aacutecido gaacutelico que em exposiccedilatildeo
atraveacutes de uma cacircmera escura registrava o negativo fazendo com que a produccedilatildeo
de coacutepias de uma mesma imagem fosse realizada Esse meacutetodo ajudou a
popularizar o uso domeacutestico da fotografia Nas deacutecadas seguintes os fotoacutegrafos
junto com os cientistas se uniram para aperfeiccediloar ainda mais os equipamentos e
teacutecnicas da eacutepoca
O novo invento tomou conta dos paiacuteses da Europa e Estados Unidos Em
Londres e Paris os fotoacutegrafos enchiam as farmaacutecias a procura de instrumentos
oacutepticos No ano de 1853 nos Estados Unidos mais de trecircs milhotildees de fotografias
foram tiradas Em 1856 A Universidade de Londres adicionou a fotografia como
parte do curriacuteculo
Mas a grande popularizaccedilatildeo da fotografia domeacutestica deve-se a George
Eastman Em 1888 ele colocou no comeacutercio a primeira cacircmera portaacutetil do mundo
Kodak A partir desse momento a fotografia natildeo estaria somente destinada a
profissionais Qualquer pessoa poderia registrar seus momentos era soacute mirar
apertar o botatildeo e pronto a foto estaria pronta
Com o passar dos anos as cacircmeras fotograacuteficas ficaram mais leves
menores e mais sensiacuteveis reduzindo o tempo de exposiccedilatildeo durante a captaccedilatildeo da
imagem
26
Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
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ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
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7 - 8 -
9 -
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15 - 16 -
17 - 18 -
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21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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Em 1907 os irmatildeos Lumiegravere aperfeiccediloaram a reproduccedilatildeo das imagens O
processo autochrome fez com que as fotografias fossem reveladas a cores
Tambeacutem foram inovadas as condiccedilotildees oacutepticas para se fotografar podendo se
aproximar ou recuar do tema sem o fotoacutegrafo se deslocar
No ano de 1947 Edwin Land revolucionou totalmente Lanccedilou a Polaroid ndash
maacutequina fotograacutefica que auto-revelava instantaneamente as fotografias em plena luz
do dia
Nas deacutecadas seguintes surgiria entatildeo a digitalizaccedilatildeo da fotografia ou da
imagem Com o avanccedilo da tecnologia o primeiro destaque foi o gravador de viacutedeo
em 1951 Seguindo depois a televisatildeo e as maacutequinas digitais que eram chamadas
de digitais pelo processo que era utilizado para enviar as imagens captadas e natildeo
como foram captadas Processo qual era analoacutegico e usava um tipo de sensor para
captar a luz
Em 1972 a Texas Instruments patenteou uma cacircmera eletrocircnica A cacircmera
natildeo utilizava os tradicionais rolos de filmes mas sim um processo de captaccedilatildeo
analoacutegico Na deacutecada de 70 a Kodak desenvolveu sensores que convertiam a luz
em fotografias digitais
A primeira cacircmera com um dispositivo de carga acoplado (charge coupled
device ou CCD) para fotografia foi desenvolvida pela Kodak em 1975 Ela realizava
fotos em preto e branco e era necessaacuterio meio minuto para guardar a imagem em
uma fita cassete No ano de 1981 foi lanccedilada no mercado pela Sony a Mavica
(Magnetic Video Camera) que tirava fotos com dimensatildeo de 570x490 pixeis Esta
gravava as imagens em um mini-disc (MD) A Nikon F-3 foi o primeiro aparelho
fotograacutefico profissional digital lanccedilada pela Kodak em 1991 a cacircmera possuiacutea um
sensor digital de 13 megapixels
522 A tecnologia fotograacutefica7
Com a constante evoluccedilatildeo tecnoloacutegica da fotografia e de seus processos satildeo
perceptiacuteveis as melhorias e facilidades que os fotoacutegrafos tecircm hoje em comparaccedilatildeo agrave
7O presente texto teve como referecircncias entrevistas de CAMPOS 2008 CASTELLANO 2008 RIBEIRO 2008 e SERAacutePIO 2008 concedidas a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
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eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
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Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
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eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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abr 2008
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2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
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BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
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mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
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JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
27
eacutepoca da era analoacutegica (filme) Para Jonathan Campos fotojornalista do jornal
Gazeta do Povo que no inicio da carreira utilizava cacircmeras analoacutegicas fotografar
era uma forma de arte Tinha que ter o cuidado com a luz certa com o
enquadramento com o ampliador e com os quiacutemicos para a revelaccedilatildeo Agora basta
apertar um botatildeo e usar o Photoshop (programa que manipula a imagem por meio
de recursos computarizados)
O fotojornalista Pedro Seraacutepio desconsidera a manipulaccedilatildeo de imagens Para
ele a fotografia digital surgiu para deixar mais aacutegil o envio de fotos do local onde ela
eacute tirada para a redaccedilatildeo do jornal Seraacutepio lembra de quando se usava maquinas
analoacutegica e da demora e esforccedilo de montar um estuacutedio de revelaccedilatildeo misturar
quiacutemicos e enviar por via telefoto
Com relaccedilatildeo ao espaccedilo dado nos perioacutedicos para as fotografias Seraacutepio
acredita satildeo mais valorizados e as imagens estatildeo em um tamanho maior para
chamar a atenccedilatildeo do leitor Opiniatildeo partilhada pelo tambeacutem fotoacutegrafo Silvio Ribeiro
que considera que tanto nos jornais quanto na qualificaccedilatildeo profissional haacute uma
atenccedilatildeo especial para a apresentaccedilatildeo visual da reportagem
53 ETERNIZANDO O MOMENTO ATRAVEacuteS DAS LENTES
Segundo Claacuteudio Arauacutejo Kubrusly (1991 p 7) fotografar eacute simplesmente o
ato de parar o fluir de uma imagem jaacute existente
A imagem tambeacutem eacute uma forma de comunicaccedilatildeo Natildeo haacute certeza sobre
como se teve origem a troca de informaccedilotildees entre seres humanos Sons com a boca
ou batidas ritmadas com as matildeos e com os peacutes poderiam ter sido as primeiras
formas de comunicaccedilatildeo entre os homens primitivos De qualquer forma jaacute eacute
comprovado que o homem teve a necessidade de atribuir significados a esses
movimentos entatildeo surgiram os signos (BORDENAVE 1982) Bordenave afirma que
a atribuiccedilatildeo de significados a determinados signos eacute precisamente a base da
comunicaccedilatildeo em geral e da linguagem em particular (1982 p24)
Para Martine Joly
O exemplo da ldquoimagemrdquo eacute ainda mais eloquumlente e pode ajudar a compreender melhor sua natureza de signo uma fotografia (significante) que apresenta um grupo alegre de pessoas (referente) pode significar de acordo com o contexto ldquofoto de famiacuteliardquo ou em uma publicidade ldquoalegriardquo ou ldquoconviacuteviordquo (significados) (p34)
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
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MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
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OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
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PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
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4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
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PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
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PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
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SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
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mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
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VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
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otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
28
Segundo Ivan Lima (1988 p 23) a leitura de uma foto passa por trecircs fases
a percepccedilatildeo a identificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo A percepccedilatildeo eacute a quando os olhos
percebem apenas as tonalidades da imagem A identificaccedilatildeo eacute o registro
mentalmente que o leitor faz do conteuacutedo imageacutetico A interpretaccedilatildeo depende muito
da formaccedilatildeo soacutecio-cultural do leitor Cada um pode interpretar uma foto da sua
forma Lima ainda afirma que para o fotojornalista eacute necessaacuterio orientar-se pela
relaccedilatildeo sujeitocircunstanciaambiente para explicar o fato de forma clara
ressaltando a sua predominacircncia (LIMA p25)
Apesar de apresentar essa dualidade para Boris Kossoy a fotografia eacute uma
representaccedilatildeo a partir do real (2002 p31) e partindo deste pressuposto ele afirma
que a fotografia eacute aceita como prova definitiva e testemunho da verdade (ibid p
19) pois ela representa com perfeiccedilatildeo o seu objetivo
Para o fotojornalista Milton Guran
A fotografia eacute uma extensatildeo da nossa capacidade de olhar e se constitui em uma teacutecnica de representaccedilatildeo da realidade que pelo seu rigor e particularismo se expressa atraveacutes de uma linguagem proacutepria e inconfundiacutevel Sendo a participaccedilatildeo do autor (fotoacutegrafo) balizada por uma teacutecnica completamente vinculada agraves especialidades de uma determinada realidade a foto resultante pode traduzir com bastante rigor a evidecircncia dessa realidade (1992 p15)
O fotoacutegrafo Joatildeo Urban acredita na foto-verdade que uma imagem eacute a
reproduccedilatildeo da realidade Ele percebe que o conteuacutedo da realidade fica constrangido
pela visatildeo particular do personagem Para ele a fotografia documental natildeo existe
sozinha nem eacute isenta do comentaacuterio pessoal de cada fotoacutegrafo Quando se registra
algo que aconteceu em um momento a foto vira um registro importante A
linguagem da fotografia eacute um tipo de gramaacutetica (URBAN citado por PERSICHETTI
2000)
O fotoacutegrafo mundialmente conhecido Henri Cartier Bresson diz que a
fotografia deve fazer uma composiccedilatildeo sensata em um universo por vezes caoacutetico
(1952 citado por BAURET 1992 p29)
Um fato que demonstra a relevacircncia da fotografia no quesito de veracidade
foi quando o Governo Roosevelt quis fazer uma avaliaccedilatildeo econocircmica social e
trabalhista na populaccedilatildeo estadunidense apoacutes o crack da bolsa na deacutecada de trinta A
pesquisa foi encomendada pela Farm Security Adminitration (FSA) Foram
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
29
consultados vaacuterios especialistas e foi concluiacutedo que a melhor forma de obter
resultados significativos era por meio da fotografia O socioacutelogo Roy E Styker
recrutou os fotoacutegrafos Walker Evans Ben Sahn Arthur Rothstein Dorothea Lange e
Russel Lee para a empreitada Os resultados desse trabalho entraram para o
celebre hall das grandes fotografias mundiais (BAURET 1996)
O foto documentarista Sebastiatildeo Salgado define suas imagens como
As pessoas ainda natildeo se datildeo conta da potecircncia da imagem Finalmente descobrimos a linguagem universal que eacute a imagem A imagem que faccedilo aqui no Brasil ela vai ser difundida em dez doze paiacuteses sem uma linha de traduccedilatildeo Qualquer um que ler minha imagem no Japatildeo vai compreender quem ler minha imagem na Iacutendia vai compreender Realmente eacute uma escrita uma linguagem universal Vocecirc natildeo precisa nem ser alfabetizado Eu acho que qualquer pessoa que vecirc uma imagem lecirc a imagem (PERSICHETTI 2000)
54 CONTANDO OS ACONTECIMENTOS POR MEIO DE IMAGENS
FOTOJORNALISMO
A alianccedila entre imagem (foto) e escrita (texto) tem se mostrada eficiente
desde a criaccedilatildeo da imprensa de Gutenberg pois a fotografia eacute usada como uma
ferramenta para suprir a escrita (BAURET 1992)
A fotografia faz uma associaccedilatildeo agrave ideacuteia de documento pois ela tem como
objetivo servir como testemunho da realidade e ser arquivada como memoacuteria assim
sendo ela eacute como um informaccedilatildeo visual que auxilia na compreensatildeo de fatos
ocorridos juntamente com a escrita O termo fotojornalismo surgiu desse conceito
(ibid p 23)
Para Jorge Pedro de Sousa
As primeiras manifestaccedilotildees do que viria a ser o fotojornalismo notam-se quando os primeiros entusiastas da fotografia apontaram a cacircmara para um acontecimento tendo em vista fazer chegar essa imagem a um puacuteblico com intenccedilatildeo testemunhal Tambeacutem seria uma questatildeo de tornar a espeacutecie humana mais visiacutevel a ela proacutepria (2000)
Sebastiatildeo Salgado faz uma analogia entre a fotografia documental e
jornaliacutestica
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
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Reportagens
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Documentaacuterios
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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
30
Natildeo vejo grande diferenccedila entre a fotografia documental e o fotojornalismo Satildeo partes de mesmo todo O que eu acho interessante na nossa fotografia eacute o instantacircneo que tanto o que faz fotografia documental quanto o que trabalha em jornal tem Ele tem de ir em busca da novidade Captar num fraco de segundo a novidade dessa sociedade em que vive Ele tem de estar disposto e aberto a todas as novidades da vida Para mim a fotografia jornaliacutestica e a documental tecircm essa abertura para novas novidades da vida Hoje com a globalizaccedilatildeo da informaccedilatildeo com a utilizaccedilatildeo do digital no qual a capacidade de siacutentese eacute importante eu vejo um futuro bastante promissor para a fotografia para a imagem fixa Para sustentar qualquer tipo de discurso vocecirc precisa de uma imagem simboacutelica tatildeo forte eacute a imagem da novidade do mundo (SALGADO citado por PERSICHETTI 2000)
Calder e Garret afirmam que para o fotojornalista
obter uma sequumlecircncia de imagens que consiga narrar uma histoacuteria constitui o mais gratificante e proveitoso de todos os trabalhos pois lhe oferece a oportunidade de vislumbrar a essecircncia da condiccedilatildeo humana Antigamente as fotografias desse gecircnero eram publicadas nas principais revistas ilustradas [] Graccedilas agrave sua versatilidade a maacutequina de 35 mm constitui a escolha perfeita quando se deseja registrar os momentos mais representativos de uma histoacuteria (1982 p110)
Natildeo haacute certeza de como se teve a gecircnese do jornalismo ilustrado Desde a
antiguidade povos do Oriente Meacutedio faziam inscriccedilotildees ilustradas retratando o
cotidiano poliacutetico da eacutepoca Com o surgimento da xilogravura aproximadamente no
seacuteculo VI na China abriu-se a opccedilatildeo de artistas publicarem seus trabalhos a vaacuterias
pessoas pois agora era possiacutevel fazer um sem nuacutemero de coacutepias Os europeus
foram os primeiros a usarem a xilogravura para a confecccedilatildeo de perioacutedicos Mas foi
soacute em 1870 que o processo da fotogravura foi se aperfeiccediloando para que em 21 de
janeiro de 1897 uma ilustraccedilatildeo de S H Morgan fosse publicada no Tribune
perioacutedico que circulava em Nova York (JEHOVAH 1965)
Os jornais diaacuterios se embasbacaram com a possibilidade de ilustrar com
fotos suas imagens Nasciam na Inglaterra os tabloacuteides jornais com tamanho
compacto onde era dada clara ecircnfase agraves ilustraccedilotildees (id p34)
A fotografia foi entrando na imprensa pouco a pouco No ano de 1870 o
processo de fotogravura foi atingido SH Morgan obteve meio tons de uma gravura
razoavelmente bons para reproduccedilatildeo em um jornal A ilustraccedilatildeo de Morgan saiu no
Tribune de Nova York no dia 21 de Janeiro de 1897
Em 1914 o jornalismo ilustrado evoluiu com certa moderaccedilatildeo Os jornais
precisavam de um processo mais raacutepido para incluir a imagem em seus jornais Em
Abril de 1914 o New York Times organizou um suplemento em rotogravura que
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
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ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
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Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
31
incluiacutea em suas paacuteginas vaacuterios tipos de fotografias e desenhos que chamavam a
atenccedilatildeo do puacuteblico leitor Com o sucesso das ilustraccedilotildees os norte-americanos
criaram as agecircncias fotograacuteficas (Pictures Sindicates) com profissionais
especializados que supriam de fotografias o mercado A empolgaccedilatildeo com a gravura
impressa chegou aos jornais diaacuterios Na Inglaterra surgiram tabloacuteides onde as
ilustraccedilotildees dominavam os textos Um dos mais famosos foi o Daily Mirror que
alcanccedilou a venda de grandes tiragens
No ano de 1919 surgiu em Nova York o Daily News um jornal diferente
alegre que tinha por sua base a fotografia Os leitores aprovaram e foi por esse
motivo que o Daily News se tornou o jornal de maior circulaccedilatildeo do paiacutes
Na franccedila a Lrsquo Ilustration e na Inglaterra a Illustrated London News
conceituadas revistas apresentavam em seu conteuacutedo principal a fotografia que
tornaram-se assim as mais importantes do mundo (SOUSA 2000)
Na Ameacuterica apesar de jaacute conter tabloacuteides com fotografias ainda natildeo existira
uma revista ilustrada Foi no ano de 1936 com a chegada da revista Life e logo
depois a Look que os americanos deram o passam que necessitavam Com essa
nova aacuterea as revistas mandaram equipes de fotoacutegrafos em todo o mundo em busca
de assuntos sensacionais para um puacuteblico que estava sedento de novas
informaccedilotildees e de imagens de faacutecil interpretaccedilatildeo com um texto resumido Com isso
as empresas foram obrigadas a lanccedilar enormes tiragens das revistas (JEHOVAH
p36 p 37)
Com o advento da televisatildeo como meio de comunicaccedilatildeo de massa a
fotografia na imprensa teve que mudar modificar sua forma e conteuacutedo A imagem
teve que se adequar agrave linguagem televisiva Aleacutem disso a maneira de produccedilatildeo
tambeacutem teve que evoluir Surgiram assim nas deacutecadas de 60 e 70 as grandes
agecircncias internacionais de fotografia como por exemplo a Magnum (GURAN
1992 p52)
541 Revista Cruzeiro Pioneira no Brasil8
Na deacutecada de 20 movimentos com um jornalismo sensacionalista e
conglomerados de imprensa caracterizavam a imprensa no Rio de Janeiro e
8O presente texto teve como referecircncias MENDES 2008 e PESCHIZZA 2005
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
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httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
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tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
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httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
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httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
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MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
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ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
32
eram representados pelos jornais parceiros de Assis Chateaubriand Esses jornais
lanccedilaram em 1928 o que foi a principal revista ilustrada do Brasil O Cruzeiro
Alguns dias antes quatro milhotildees de exemplares foram jogados dos
arranha-ceacuteus do rio de janeiro Quem passava na Avenida Central tomava um
banho de exemplares que anunciavam o aparecimento de uma revista semanal e
colorida Estrateacutegias para prender o leitor foram vaacuterias Uma delas saiu no primeiro
exemplar Um concurso de fotografia onde um fotoacutegrafo profissional amador
ganharia o precircmio de 500 mil cruzeiros se trouxesse uma foto instantacircnea e ineacutedita
de um acontecimento sensacional pelo assunto e pela teacutecnica de execuccedilatildeo
No final da deacutecada de 30 vaacuterios fotoacutegrafos alematildees imigraram para o Brasil
fugindo do regime militar de Hitler Eles trouxeram consigo influecircncias de teacutecnicas
fotograacuteficas da Escola de Bauhaus como o grafismo dupla exposiccedilatildeo etc Os anos
40 marcaram uma nova fase do fotojornalismo no Brasil A Revista Cruzeiro passou
por uma grande reformulaccedilatildeo e acabou mudando de nome para O Cruzeiro
influenciando nas atividades dos profissionais fotograacuteficos Os nomes consagrados
da revista satildeo Thomas Farkas Joseacute Oiticica Filho Eduardo Salvatore Chico
Albuquerque Joseacute Yalenti Gaspar Gasparian Geraldo de Barros entre outros
Foi nesse periacuteodo que os fotoacutegrafos passaram a ter a atividade reconhecida
como profissionais O Fotojornalismo teve mudanccedilas e uma moralizaccedilatildeo do
trabalho graccedilas ao estrangeiro Jean Manzon pois os primeiros fotoacutegrafos vestiam-
se inadequadamente e natildeo eram aceitos moralmente pela populaccedilatildeo Com a
chegada de Manzon a profissatildeo comeccedilou a ser respeitada Ele fez com que o
trabalho dos fotoacutegrafos fosse valorizado aleacutem de acelerar o desenvolvimento
tecnoloacutegico Surgia assim nas paacuteginas da Cruzeiro a fotorreportagem
A quantidade de imagens preparava o Brasil para a chegada da televisatildeo O
fotojornalismo da eacutepoca foi marcado pelos leitores que participavam e sugeriam
pautas para serem fotografadas Esse ato fez com que os olhares dos fotoacutegrafos
evoluiacutessem para as tendecircncias da eacutepoca
Em 1955 as vendas da revista O Cruzeiro comeccedilaram a cair pois a TV era
o destaque da eacutepoca O surgimento da revista manchete tambeacutem contribuiu para a
decadecircncia de O Cruzeiro que dava enfoque agrave visualidade das imagens
542 Fotojornalismo de guerra
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
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dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
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41
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BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
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DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
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FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
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Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
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Fundo 1992
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Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
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1988
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Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
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Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
33
Pode-se afirmar que o fotojornalismo firmou-se como meio jornaliacutestico de
informaccedilatildeo a partir das coberturas de guerras Com o advento das fotos as pessoas
poderiam ter uma noccedilatildeo imageacutetica de qual era a situaccedilatildeo do campo de batalha
A Guerra da Crimeacuteia em 1855 teve como fotoacutegrafo oficial Roger Fenton e
durante a Guerra Civil Americana Mathew Brady ia aos campos de batalha para
manter informada a populaccedilatildeo de qual era a situaccedilatildeo das frentes armadas
(JEHOVAH 1965)
Poreacutem as imagens obtidas eram precaacuterias Para Bauret isso era devido as
limitaccedilotildees tecnoloacutegicas e praticas da eacutepoca
As teacutecnicas da fotografia natildeo lhes permitem mostrar os proacuteprios combates mas unicamente o que deles resta ou seja os cadaacuteveres dos soldados ou um regimento em sentido durante a revista ou antes do ataque Soacute por volta de 1880 eacute que o aperfeiccediloamento do instantacircneo fotograacutefico vai permitir uma visatildeo se assim se pode dizer mais dinacircmica do acontecimento (1992 p33)
Uacutenico fotografo brasileiro a cobrir a Guerra do Iraque Juca Varela editor do
jornal Estado de Satildeo Paulo afirmou em palestra durante o 4ordm Precircmio New Holland
de Fotojornalismo que o fotojornalista deve sempre estar exposto e ficar na linha de
frente com ousadia e cuidado Segundo ele fotos produzidas durante o conflito
principalmente de crianccedilas feridas foram usados em demasia como propaganda dos
ataques frustrados dos Estados Unidos Varela considera tambeacutem importante a
cobertura jornaliacutestica aliada a fotografia pois para ele quem tira a foto natildeo eacute quem
aperta o botatildeo pois existe toda uma histoacuteria por traacutes da imagem
Uma das imagens de guerra mais famosas eacute a do soldado miliciano no exato
momento que uma bala impacta sob seu corpo durante a Guerra da Espanha A
foto feita por Robert Capa representou um acontecimento tatildeo real que encarnou a
ideacuteia de reportagem (BAURET 1992)
De fato a guerra do Vietnatilde foi uma das mais marcantes para o
fotojornalismo pois demonstrava o grau de avanccedilo teacutecnico e profissional dos
fotoacutegrafos Uma das imagens mais marcantes do conflito foi com certeza a fotografia
que mostrava uma garotinha vietnamita fugindo nua do bombardeio estadunidense
feita em 1972 por Nick Ut Muitas imagens feitas durante esse periacuteodo de guerra (de
1959 a 1975) tornaram siacutembolos pacifistas e de anti-guerra
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
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PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
34
54 JORNALISMO E CIDADANIA A RESPONSABILIDADE SOCIAL
O jornalismo comunitaacuterio ldquoatua como um instrumento de mobilizaccedilatildeo social
para atender as necessidades da cidadaniardquo (PENA 2005 p185) Para Gilberto
Dimenstein o jornalismo comunitaacuterio representa mais do que um simples
acompanhamento de acontecimentos sociais eacute tambeacutem um olhar que prioriza os
fatos que ajudam ou prejudicam a sociedade
No caso da fotografia Gabriel Bauret afirma
Por humanismo fotograacutefico deve entender-se que o homem estaacute no centro da imagem e no centro das preocupaccedilotildees do seu criador Mas isso subtende talvez uma crenccedila no valor do homem e das suas qualidades (1992 p 32 33)
Como jaacute foi citado anteriormente no toacutepico Fotojornalismo de Guerra as
fotos de batalhas satildeo marcantes Vale-se agora lembrar de um fato ocorrido no
Vietnatilde que pocircs em xeque a responsabilidade do fotoacutegrafo no caso Eddie Adams
Durante o conflito havia vaacuterias miliacutecias armadas do norte que atuavam no sul do
Vietnatilde E Adams captou o exato momento da execuccedilatildeo de um liacuteder dessas miliacutecias
A foto mostra o general Nguyen Ngoc Loan com o braccedilo em riste apontando uma
arma para a cabeccedila de Nguyen Van Lem A expressatildeo do executado demonstra
medo e pavor enquanto o carrasco se manteacutem indiferente Eacute isso que a foto mostra
Uma execuccedilatildeo fria e cruel Foi essa a imagem que chocou o mundo
Mas para Adams ocorreu uma espeacutecie inversatildeo de papel e valores a vitima
era o vilatildeo Nguyen Van Lem havia acabado de matar toda a famiacutelia de um soldado
do batalhatildeo de Nguyen Ngoc Loan A imagem em si encobriu os fatos que estavam
por traacutes dela Adams tentou reparar o equivoco mas foi em vatildeo Nas palavras dele
ldquoo general matou o vietcongue e eu matei o general Fotografia satildeo meias
verdadesrdquo (GABASSI 2005)
A frustraccedilatildeo de Adams pode ter acontecido natildeo soacute por causa da maacute
interpretaccedilatildeo das pessoas devido ao juiacutezo de valor que as fotos da guerra do Vietnatilde
impregnavam mas tambeacutem a falta de uma legenda adequada
Segundo Lima a legenda ldquofunciona como mediadora entre a realidade vivida
pelo fotoacutegrafo e a imagem posteriormente vista pelo receptorrdquo (1988 p31)
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
35
Na fotografia de imprensa a legenda faz a relaccedilatildeo entre a imagem e o texto referindo-se ao fato e portanto ao espaccedilo e ao acontecimento de forma mais especiacutefica Nesses casos a legenda tanto pode endossar o que se passa na imagem como modificar inteiramente o que se vecirc na fotografia Algumas vezes essa mudanccedila de leitura que a legenda produz na imagem natildeo eacute expressiva daquele acontecimento que se desenrolou de forma dinacircmica e natildeo teve um registro fixo que representasse Em outros casos a proacutepria intenccedilatildeo da reportagem pretendida natildeo encontra na fotografia que tem caracteriacutesticas realistas um correspondente utilizando-a como um mero e mau exemplo de ilustraccedilatildeo (LIMA p 32)
Lima ainda assegura que
O fotoacutegrafo eacute a pessoa certa para fazer a legenda da sua imagem Ele conhece bem as razoes de ter apertado o botatildeo de seu aparelho assim como as condiccedilotildees daquele instante A ele tambeacutem cabe preservar a transmissatildeo da sua mensagem jaacute que uma legenda pode modificar inteiramente uma obra original Satildeo significativos os exemplos de profissionais que se empenham na preservaccedilatildeo de suas obras (LIMA p 34)
Claacuteudio Abramo afirma que o jornalista natildeo deve ter eacutetica proacutepria a eacutetica do
profissional deve ser a mesma do cidadatildeo O que eacute ruim para o cidadatildeo eacute ruim para
o jornalista (ABRAMO 1988 p 109) Portanto o fotoacutegrafo tambeacutem deve ter esse
conceito de eacutetica e responsabilidade Como jaacute foi citado anteriormente por Sebastiatildeo
Salgado as fotografias devem funcionar como ferramenta de debate na sociedade
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
36
6 METODOLOGIA
O surgimento da ideacuteia desse trabalho deu-se primeiramente na seacuterie de
reportagens ldquoVivendo das Sobrasrdquo exibida pela Rede Record de Televisatildeo e
produzida por Ricardo Andreoni que demonstrava o desperdiacutecio de
hortifrutigranjeiros e as pessoas que coletavam esses alimentos em vaacuterias unidades
do Ceasa de diferentes regiotildees do Brasil As mateacuterias tinham alto teor social A
equipe de reportagem percorreu vaacuterias capitais do paiacutes mas Curitiba natildeo foi incluiacuteda
entre os relacionados
Em segundo lugar observamos no Ceasa-PR a realidade em relaccedilatildeo ao
desperdiacutecio de alimentos em Curitiba Apesar de a coleta independente de restos de
frutas e verduras serem proibidos nas imediaccedilotildees da sede paranaense constatamos
que havia pessoas que burlavam os vigias para recolher restos dos lixotildees
A linha de pesquisa comeccedilou com ponderaccedilotildees sobre a fome no Brasil que
consequentemente agregou temas como o desperdiacutecio de comida e desnutriccedilatildeo O
conceito de Curitiba capital social se pocircs em xeque em nossas pesquisas ao
constatar que havia desperdiacutecio na Ceasa e pessoas buscavam alimentos
descartados e improacuteprios para a venda
A observaccedilatildeo da existecircncia dessas pessoas mostrou-se mais marcante nas
feiras livres A dualidade entre as famiacutelias que iam para fazer compras e as famiacutelias
que iam juntar restos de hortifrutigranjeiros porque natildeo tinham outra opccedilatildeo
possivelmente renderia um oacutetimo campo de trabalho
As visitas agraves feiras sempre ocorreram no horaacuterio de teacutermino do expediente
quando feirantes guardavam os hortifrutigranjeiros nas caixas e descartavam os
improacuteprios para a venda Os personagens deste trabalho sempre se mostravam
simpaacuteticos e abertos a entrevistas e conversas poreacutem no momento de tirar a
fotografia o clima agradaacutevel dava lugar a um ar de desconfianccedila sentiam-se pouco
a vontade em frente agraves lentes e a nossa presenccedila Foram necessaacuterias varias idas
ateacute que a confianccedila fosse restabelecida
Para justificar a nossa opccedilatildeo pelo fotojornalismo foi realizada uma
observaccedilatildeo em obras teoacutericas sobre a proacutepria fotografia linguagem jornalismo
semioacutetica e analises de perioacutedicos como por exemplo as revistas Cruzeiro e
Realidade aleacutem de citaccedilotildees dos fotoacutegrafos Sebastiatildeo Salgado Milton Guran e Silvio
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
37
Ribeiro A pesquisa sucedeu-se por meio de analises de outras obras literaacuterias
artigos acadecircmicos reportagens sites e depoimentos
A escolha das fotos para compor o trabalho teve como criteacuterios valores que
compotildeem o fotojornalismo As imagens seguem uma ordem cronoloacutegica para
retratar o cotidiano dessas pessoas Natildeo desejamos expor-las demais por isso
optamos por fotos somente de perfil ou de detalhes que justificassem nossos
objetivos
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
38
7 DELINEAMENTO DO PROJETO
71 FORMATO
A exposiccedilatildeo Fim de Feira teraacute fotos no tamanho 20 x 30 cm e seraacute
acompanhada por uma projeccedilatildeo audiovisual
72 EQUIPAMENTOS
Os equipamentos dispostos para a realizaccedilatildeo deste projeto foram
Cacircmeras
Canon EOS 650
Canon Rebel XT
Nikon FM 2
Nikon Coolpix 5200
Objetivas
Canon EF-S 18-55mm 135-56
Nikkor 75-300mm 14-4530
Sigma Zoom 28-200mm 135-56
73 CIRCULACcedilAtildeO
A exposiccedilatildeo seraacute itinerante e poderaacute ser montada em espaccedilos culturais como
bibliotecas museus bares restaurantes universidades e escolas
74 VIABILIDADE ECONOcircMICA
Salaacuterio jornalistas R$ 366558
Filmes fotograacuteficos R$ 3150
Revelaccedilatildeo R$ 2535
Ampliaccedilatildeo 20x30 cm R$ 5520
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
39
Total 377763
75 POSSIacuteVEIS PATROCINADORES
- Material e serviccedilos fotograacuteficos
Ticcolor
Diafilme
- Exposiccedilatildeo e divulgaccedilatildeo
Nuacutecleo de Fotojornalismo 56
Petrobraacutes
Fundaccedilatildeo Cultural de Curitiba
Ongs ligadas a causas sociais
Lei de incentivo a cultura
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
40
8 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Ao iniciar este projeto foi realizada uma pesquisa qualitativa com relaccedilatildeo a
dados sobre a fome e miseacuteria em Curitiba Natildeo foram constatadas informaccedilotildees
oficiais sobre a fome em Curitiba natildeo se sabe o motivo Apoacutes algumas pesquisas
bibliograacuteficas em sites e entrevistas foi relevada a denominaccedilatildeo de ldquoCidade
Modelordquo dada a Curitiba Jaacute havia sido averiguado que haacute pessoas que vivem sob
inseguranccedila alimentar e que se subsidiam a custa de programas assistencialistas
Foi observada na CeasaPR um grande desperdiacutecio de alimentos fato
contrastante com a realidade de quem natildeo tem alimentos para pocircr a mesa A coleta
desses hortifrutigranjeiros descartados por produtores foi proibida por ser
considerada um ato de incentivo ao descarte pois natildeo havia preocupaccedilatildeo com o
desperdiacutecio caso houvesse quem coletasse essas frutas e verduras O programa
Banco de Alimentos foi implantando para minimizar esse problema e assistir
famiacutelias carentes
A falta de informaccedilatildeo perante o assunto fome foi determinante para o
engajamento no projeto dado que quando natildeo se haacute noticia essa eacute a noticia
O conceito de Curitiba Capital Social eacute questionado devido ao paradoxo
encontrado natildeo soacute nas feiras livres mas tambeacutem no Ceasa enquanto pessoas se
subordinam a realidade de buscar nos restos de alimentos o que por a mesa a
grande maioria da populaccedilatildeo ignora essa existecircncia
A fotografia eacute utilizada como ferramenta para a visualizaccedilatildeo da realidade
dessas pessoas devido a capacidade de poder causar vaacuterias emoccedilotildees no
observador
Espera-se com este trabalho conseguir mais visibilidade a elas ao problema
do desperdiacutecio e questionar se a capital paranaense eacute mesmo a ldquoCidade Modelordquo
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
41
9 REFEREcircNCIAS
Livros
ABRAMO Claacuteudio A Regra do Jogo ndash Jornalismo e a eacutetica do marceneiro 1 ed
Satildeo Paulo Companhia das Letras 1988
BAURET Gabriel A Fotografia 3 ed Lisboa Ediccedilotildees 70 1992
BETINHO No Fio da Navalha 1 ed Rio de Janeiro Editora Revan 1996
BORDENAVE Juan E Diaz O que eacute Comunicaccedilatildeo 6 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense sa 1982 (Primeiros Passos)
CALDER Julian GARRET John Manual de Fotografia 35mm 1 ed Satildeo Paulo
Melhoramentos 1982
DUBOIS Philippe O ato fotograacutefico e outros ensaios 3 ed Campinas Papirus
1999
FENIANOS Eduardo Manual Curitiba A Cidade em suas matildeos 2 ed Curitiba
Univer Cidade 2003
Grande Enciclopeacutedia Larousse Cultural 1 ed Satildeo Paulo Nova Cultural Ltda 1998
GURAN Milton Linguagem Fotograacutefica e Informaccedilatildeo 1 ed Rio de Janeiro Rio
Fundo 1992
JEHOVAH F Fundamentos do Jornalismo Fotograacutefico 1 ed Satildeo Paulo Agecircncia
Editora Iacuteris 1965
JOSUEacute de Castro Geografia da Fome 11 ed Rio de Janeiro Gryphus 1992
JOLY Martine Introduccedilatildeo a analise da imagem 7 ed Lisboa Papirus 1996
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
42
LIMA Ivan A Fotografia eacute a sua linguagem 2 ed Rio de Janeiro Espaccedilo e Tempo
1988
PENA Felipe Teorias do Jornalismo 1 ed Satildeo Paulo Contexto 2005
PERSICHETTI Simonetta (org) Imagens da Fotografia Brasileira Vol I 2 ed Satildeo
Paulo Editora SENAC 2000
REFLEXOtildeES para o Futuro Vaacuterios autores Satildeo Paulo Editora Abril 1993
SANTAELLA Luacutecia WINFRIED Noumlth IMAGEM COGNICcedilAtildeO SEMIOacuteTICA MIacuteDIA
4 ed Satildeo Paulo ed Iluminuras 2005
KOSSOY Boris Realidades e ficccedilotildees na trama fotograacutefica 3 ed Cotia Ateliecirc
Editorial 2002
KUBRUSLY Claacuteudio Arauacutejo O que eacute Fotografia 4 ed Satildeo Paulo Editora
Brasiliense 1991 (Primeiros Passos)
Internet ndash sites ndash arquivos online
ACcedilAtildeO da Cidadania Contra a Fome a Miseacuteria e Pela Vida Disponiacutevel em
httpacaodacidadaniainfolinkcombrtemplatesacaonovoindexasp Acesso em 12
abr 2008
A ORIGEM das Feiras Disponiacutevel em
httpwwweumednetcurseconlibreria2004lgs-mem32htm Acesso em 3 jul
2008
BATISTA FILHO Malaquias O Brasil e a inseguranccedila alimentar Rev Bras Sauacutede
Matern Infart Recife 7(2)121-122 abr jun2007 Disponiacutevel em
httpwwwscielobrpdfrbsmiv7n201pdf Acesso em 3 mar 2008
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
47
ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
43
BEM Paranaacute ndash Um dia nas feiras e nas tradiccedilotildees curitibanas Disponiacutevel em
httpwwwbemparanacombrindexphpn=32172ampt=um-dia-na-feira-e-nas-
tradicoes-urbanas-de-curitiba Acesso em 3 jul 2008
CAMARA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em wwwcmcprgovbr Acesso em 4
abr 2008
CENTRAIS de Abastecimento do Paranaacute SA Disponiacutevel em wwwceasaprgovbr
Acesso em 12 fev 2008
DESPERDICIO de alimentos Disponiacutevel em
httpwwwvoluntariosembratelorgbrsitepaginaphpidconteudo=321 Acesso em 4
mar 2008
DIA do Agricultor Disponiacutevel em
httpwwwbungecombrsharedfilescampoBNC13_julhopdf Acesso em 4 mar
2008
FOME Zero Disponiacutevel em httpwwwfomezerogovbr Acesso em 12 abr 2008
GOVERNO do Paranaacute Disponiacutevel em httpwwwparanaprgovbr Acesso em 12
abr 2008
GOMIDE Raphael SOARES Pedro Fome atinge 14 milhotildees de pessoas no paiacutes
diz IBGE Disponiacutevel em httpwww1folhauolcombrfolhabrasilult96u78678shtml
Acesso em 4 mar 2008
HERBERT de Souza Disponiacutevel em httpwwwaidsgovbrbetinhobetinhohtm
Acesso em 12 abr 2008
INSTITUTO de Pesquisas e Planejamento Urbano de Curitiba Disponiacutevel em
httpwwwippucorgbr Acesso em 12 abr 2008
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
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ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
44
JORNALISMO Comunitaacuterio Disponiacutevel em
httpwww1folhauolcombrfolhadimenstein Acesso em 22 abr 2008
MENDES Ricardo Anuacutencios de Fotografia Disponiacutevel em
httpwwwgirafamaniacombrmontagemfotografia-brasil-anuncioshtm Acesso em
12 abr 2008
MINISTEacuteRIO do Desenvolvimento Social e Combate agrave Fome Disponiacutevel em
wwwmdsgovbr Acesso em 3 mar 2008
ODM do Brasil Disponiacutevel em httpwwwodmbrasilorgbr Acesso em 4 abr 2008
ORGANIZACcedilOtildeES das Naccedilotildees Unidas para Agricultura e Alimentaccedilatildeo Disponiacutevel
em httpswwwfaoorgbr Acesso em 4 abr 2008
OS EXCLUIacuteDOS da luz Disponiacutevel em
httpospitipeacelinkitzumbinewssemfro250sf250p05html Acesso em 4 abr
2008
PESCHIZZA Revista Cruzeiro - Uma revista contemporacircnea dos arranha-ceacuteus
Disponiacutevel em
httpwwwtribunaribeiraocombrmemoriolmateria=NbcMjjTkerswWKe Acesso em
4 abr 2008
PESQUISA mostra que 14 milhotildees passam fome no Brasil Disponiacutevel em
httpnoticiasterracombrbrasilinterna0OI1008628-EI30600html Acesso em 4
mar 2008
PORTAL Ibase Disponiacutevel em httpwwwibaseorgbrindexphp Acesso em 3 maio
2008
PORTAL do Governo Brasileiro Disponiacutevel em httpwwwbrasilgovbr Acesso em
4 abr 2008
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
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ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
45
PREFEITURA Municipal de Curitiba Disponiacutevel em httpwwwcuritibaprgovbr
Acesso em 4 abr 2008
PROGRAMA Bolsa Famiacutelia Disponiacutevel em httpwwwmdsgovbrbolsafamilia
Acesso em 12 ar 2008
SCIELO ndash Scientific Electronic Library Online Disponiacutevel em wwwscielobr Acesso
em 3 mar 2008
SOUSA Jorge Pedro Uma Histoacuteria Critica do Fotojornalismo Ocidental Disponiacutevel
em httpboccubiptpagsousa-jorge-pedro-historia_fotojorn1html Acesso em 12
mar 2008
UNINTER ndash A revista eletrocircnica do grupo educacional Uninter Disponiacutevel em
httpwwwgrupounintercombrrevistaanterioresindexphpedicao_id=5ampmenu_id
=8ampid=109 Acesso em 4 mar 2008
VOLUNTAacuteRIOS Embratel Disponiacutevel em wwwvoluntariosembratelorgbr
Acesso em 3 mar 2008
KODAK Disponiacutevel em
httpwwwbrkodakcomBRptconsumerfotografia_digital_classicapara_uma_boa_f
otohistoria_fotografiahistoria_da_fotografiashtmlprimeiro=1 Acesso em 20 abr
2008
ZIRKL Frank Desenvolvimento Urbano de Curitiba (Brasil) Cidade Modelo ou
Exceccedilatildeo Disponiacutevel em httpwwwwgsruweduplpubuploadsactas0307-
FRANKpdf Acesso em 5 mar 2008
Reportagens
ANDREONI Ricardo Vivendo das Sobras Exibido na Rede Record de Televisatildeo
Documentaacuterios
46
ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
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ANEXOS
Fotos
1 - 2 -
3- 4 -
5 - 6 -
48
7 - 8 -
9 -
49
10 - 11 -
12 -
50
13 - 14 -
51
15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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ESTAMIRA Direccedilatildeo de Marcos Prado 2005 121 min cor
ILHA DAS FLORES Direccedilatildeo de Jorge Furtado 1989 13 min cor
Entrevistas
CAMPOS Jonathan Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida
a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 3 de junho de 2008
CASTELLANO Daniel Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista
concedida a Bianca Marchini em 7 de junho de 2008
RIBEIRO Silvio Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevistas concedidas a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 11 de maio de 2008 e 8 de outubro
ROCHA Edite Coordenadora do Banco de Alimentos do Ceasa Entrevista
concedida a Henry Shimabukuro em 23 de maio de 2008
SERAacutePIO Pedro Fotojornalista do jornal Gazeta do Povo Entrevista concedida a
Bianca Marchini e Henry Shimabukuro em 5 de junho de 2008
VIERA Valdir Gari Entrevista concedida a Bianca Marchini e Henry Shimabukuro
em 4 de agosto de 2008
Artigos
GABASSI Alex Gravar ou natildeo gravar Revista Trip P 43 mar 2005
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ANEXOS
Fotos
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15 - 16 -
17 - 18 -
19 - 20 -
52
21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
53
Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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21 -
22 - 23 ndash
24 - 25 -
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
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17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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Legendas
1 ndash As feiras livres jaacute satildeo tradicionais em Curitiba
2 ndash As mais de 40 feiras de Curitiba reuacutenem mais de 250 feirantes
3 ndash Muitos fregueses vatildeo a busca de frutas frescas
4 ndash A variedade de produtos eacute imensa
5 ndash Aleacutem de frutas e verduras eacute possiacutevel encontrar condimentos e temperos
6 ndash Muitas frutas apresentam preccedilos chamativos
7 ndash Mas aleacutem desta feira ocorre outra
8 - Para ajudar os pais as crianccedilas colaboram levando alimento para irmatildeos e
irmatildes
9 ndash O garoto D junto com o seu irmatildeo levam um carrinho com frutas e verduras para
casa Os alimentos duram um mecircs
10 - Ao inveacutes de uma crianccedila o carrinho eacute tomado por frutas e verduras que
alimentaraacute cerca de uma semana uma famiacutelia inteira
11 - Em meio a tanto lixo e frutas estragadas tenta-se recolher o que sobrou de uma
antiga barraca de frutas que estava no local
12 - Cada fruta batida tornam-se ouro nas matildeos dessas pessoas
13 - O que para poucos eacute lixo para muitos eacute a uacutenica forma de uma alimentaccedilatildeo
digna
14 - No fim da feira o que se vecirc satildeo carrinhos de vaacuterias formas e tamanhos de
vaacuterios tipos de rodas e de ferros apenas com um objetivo traccedilado levar alimento
para a casa
15 ndash Eles nem recordam quando comeram o consta neste cardaacutepio exposto O
almoccedilo de domingo eacute bem diferente
16 ndash
17 ndash As crianccedilas natildeo se escondem das cacircmeras mas ficam aleacutem dos olhos da
sociedade
18 ndash Crianccedilas natildeo se importam de esperar ateacute o teacutermino do expediente dos
feirantes
19 ndash Os carrinhos de feira dessas pessoas satildeo sacolas plaacutesticas
20 ndash As crianccedilas ficam sentadas em caixotes enquanto aguardam a hora da ldquoxepardquo
21 ndash Natildeo se importam em comer o que consegue
22 ndash As sacolas plaacutesticas chegam vazias e sempre saem cheias
54
23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
55
C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
Realizaccedilatildeo Apoio Institucional
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23 ndash Os dedos descascam a fruta e a fruta descasca o esmalte da unha
24 ndash Com sua fragilidade e inocecircncia seus pequenos braccedilos empurram grandes
quantidades de alimento Mesmo estando nessa situaccedilatildeo ela
nunca perde a vaidade
25 ndash Ao final da xepa ainda ficam restos de alimentos na sarjeta
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C E R T I F I C A D O
Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
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Certificamos que Henry Shimubumuro participou da mesa redonda Educando para acabar com a fome e a miseacuteria promovida pelo Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba e Movimento Noacutes Podemos Paranaacute no dia 08 de agosto de 2008 das 14h agraves 16h em CuritibaPR e que teve como palestrantes Cristina Gonccedilalves Prof Jus celino de Castro Vera Coimbra M de Oliveira e Padre Joseacute Aparecido Pinto perfazendo um total de 02 horas
Maria de Lourdes Silva Nunes Maria Aparecida Zago Presidente Coordenadora Centro de Accedilatildeo Voluntaacuteria de Curitiba Movimento Noacutes Podemos Paranaacute
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