Post on 10-Feb-2019
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
CAMILE COSTA
MANEJO DE REBANHO DE OVINOS NA REGIÃO DE SÃO JOSE DOS PINHAIS - PR
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do
Paraná como requisito parcial para a obtenção do
grau de Médico Veterinário.
Professor Orientador: Prof. Dr. Celso Grigoletti
Orientador Profissional: Guilherme França
CURITIBA
2016
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
REITOR
Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Carlos Eduardo Rangel Santos
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva
DIRETOR DE GRADUAÇÃO
Prof. Dr. João Henrique Faryniuk
COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Prof. Dr. Welington Hartmann
TERMO DE APROVAÇÃO
CAMILE COSTA
MANEJO DE REBANHO DE OVINOS NA REGIÃO DE SÃO JOSE DOS PINHAIS - PR
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do
título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina
Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Comissão Examinadora:
Curitiba, 24 de Novembro de 2016
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Celso Grigoletti
Presidente
__________________________________________
Prof.Dr. Welington Hartmann
__________________________________________
Prof. Msc. Elza Ciffoni
DEDICATÓRIA
Dedico aos meus pais Amilton Martins Costa a
minha irmã Caroline Costa, a minha Vó Marilu,
a Tia Caica. Jane e Celso pelo incentivo,
dedicação, apoio,amor e paciência, sem vocês
este sonho não teria se realizado.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por ter me dado forças para chegar até aqui.
Ao meu querido pai Amilton, pelo incentivo, dedicação, apoio, amor e paciência,
sem você este sonho não teria se realizado.
A minha mãe postiça tia Caica que desde de pequena cuidou de mim, me deu
carinho e me ensinou as primeiras palavras.
Aos meus tios Celso e Regiane sem você não teria chegado ate aqui.
A minha avó Marilu que se preocupou comigo e minha formação.
A minha querida irmã Caroline que nunca me abandonou e esteve ali para tudo.
Aos meus queridos mestres, que com carinho e dedicação me ensinaram a cada
dia a amar minha profissão. As minhas amigas de sala. Em especial ao meu professor
orientador Celso Grigoletti e aos professores Wellinton Hartmamm, pela paciência e apoio
nesta reta final.
SUMARIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO ................................................................................ 13
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO ............................................................................. 13
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL......................................................................... 13
2.3 HORAS DE ESTÁGIO ........................................................................................ 13
3 ATIVIDADES REALIZADAS .................................................................................. 20
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 24
4.1. INSTALAÇÕES .................................................................................................. 24
4.1.1. Centro de Manejo ........................................................................................... 24
4.1.2. Abrigos ............................................................................................................ 25
4.1.3 Comedouros e Bebedouros ............................................................................. 26
4.1.4 Saleiros ............................................................................................................ 26
4.1.5 Cercas ............................................................................................................. 26
4.2 MANEJO NUTRICIONAL .................................................................................... 28
4.2.1 Escore corporal ................................................................................................ 28
4.2.2 Alimentação da Fêmeas .................................................................................. 28
4.2.3 Alimentação do Macho Adulto ......................................................................... 29
4.2.4. Alimentação de Cordeiros ............................................................................... 29
4.3. Alimentação na Gestação .................................................................................. 30
4.3.1 Alimentação na Lactação ................................................................................. 31
4.3.2. Alimentação no Desmame .............................................................................. 33
4.4. MANEJO SANITÁRIO ........................................................................................ 34
4.4.1 Controle de Parasitas ...................................................................................... 35
4.4.2. Esquema de Vacinação .................................................................................. 38
4.4.3. Biossegurança ................................................................................................ 38
4.5 MANEJO REPRODUTIVO .................................................................................. 39
4.5.1. Escolha do reprodutor e Matrizes ................................................................... 39
4.5.2. Cobertura ........................................................................................................ 40
4.5.3. Estação de Monta ........................................................................................... 41
4.5.4 Monta Natural ................................................................................................. 42
4.5.5 Monta Controlada ........................................................................................... 42
4.5.6 A Inseminação artificial ................................................................................... 42
4.5.7 Métodos de Diagnóstico .................................................................................. 42
4.5.8 Manejo Pré-Parto e Parição ............................................................................ 43
4.5.9 Manejo do Recém Nascido .............................................................................. 44
5 MANEJO DOS OVINOS DA FAZENDA PÉ DA SERRA ........................................ 45
5.1 MANEJO NUTRICIONAL .................................................................................... 45
5.2. MANEJO SANITÁRIO ........................................................................................ 46
5.3. MANEJO REPRODUTIVO ................................................................................. 47
5.4. INSTALAÇÕES .................................................................................................. 47
6 RELATO DE CASO ............................................................................................... 51
6.1. LINFADENITE CASEOSA ................................................................................. 51
6.1.1 Introdução ........................................................................................................ 51
6.1.2 Etiologia e Aspectos Epidemiológicos ............................................................ 52
6.1.3 Impacto Econômico da Linfadenite Caseosa (LC ............................................ 53
6.1.4 Patogenia ......................................................................................................... 53
6.1.5 Sinais Clínicos ................................................................................................. 54
6.1.6 Diagnóstico ...................................................................................................... 55
6.1.7 Potencial Zoonótico ......................................................................................... 55
7 CONCLUSÃO DO ESTÁGIO ................................................................................. 56
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NA
FAZENDA PÉ DA SERRA ………………………………………………………………20
TABELA 2 - COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS NO TERÇO FINAL
DE GESTAÇÃO, LACTAÇÃO ATÉ A COBERTURA………………………...27
TABELA 3 - COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS
SECAS………………………………………………………………………………..........31
TABELA 4 - RAÇÃO BALANCEADA PARA CORDEIROS DOS 15 AOS 150
DIAS………………………………………………………………………….....................32
TABELA 5 - OUTRAS ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO
NA FAZENDA PÉ DA SERRA NA
OVINOCULTURA…………………………………………............................................33
TABELA 6 - ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTAGIO NA
FAZENDA NA FAZENDA PÉ DA SERRA NA OVINOCULTURA..............................44
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - FAZENDA PÉ DA SERRA - LEITERIA…………………………………...15
FIGURA 2- FAZENDA PÉ DA SERRA - BOVINOCULTURA……………………......15
FIGURA 3 - FAZENDA PÉ DA SERRA -EQUIDEOCULTURA……………………….16
FIGURA 4 - FAZENDA PÉ DA SERRA - SUINOCULTURA…………………………16
FIGURA 5- FAZENDA PÉ DA SERRA - CAPRINOCULTURA……………………....17
FIGURA 6 - FAZENDA PÉ DA SERRA - OVINOCULTURA …………………...........17
FIGURA 7 - SISTEMA DE ORDENHA ESPINHA DE PEIXE 2x6……………….......18
FIGURA 8 - TANQUE RESFRIADOR DE LEITE………………………………….......18
FIGURA 9 - FAZENDA PÉ DA SERRA - HOSPITAL VETERINÁRIO……………....19
FIGURA10- FLUIDOTERAPIA INTRAVENOSA EM OVINOS……………………...21
FIGURA 11 - TRANSFUSÃO DE SANGUE E EM OVINOS……………………......21
FIGURA 12- MANEJO DE NEONATOS………………………………………….........22 FIGURA 13- CIRÚRGICA DE ABOMASOPEXIA……………………………..........…22
FiIGURA14 - ULTRASSONOGRAFIA EM OVINOS……………………………….....23
FIGURA 15 - TRATAMENTO PERIODONTAL……………………………..............…23 FIGURA 16 - FAMACHA 1 E 5, RESPECTIVAMENTE………………………............35 FIGURA 17- TABELA MÉTODO FAMACHA………………………………….........…36 FIGURA 18- ÁREA DE RASTEJO DAS FÊMEAS E CORDEIROS ………………..45 FIGURA 19- CENTRO DE MANEJO.........................................................................47
FIGURA 20- CENTRO DE MANEJO.........................................................................47
FIGURA 21- APRISCO……………………………..……………............................…..48
FIGURA 22-APRISCO………………………..…………............................................48
FIGURA 23- LINFADENITE CASEOSA ……………............................................…50
RESUMO
O estágio para obtenção do título de Médico Veterinário, foi realizado na fazenda Pé da
Serra, da Universidade Tuiuti Do Paraná localizada na região de Sao José Dos Pinhais-
PRno período de 01 de Agosto à 7 de Outubro de 2016. O presente trabalho descreveu
as atividades de manejo de rebanho de ovinos, assim como acompanhamentos no
hospital veterinário, realizados pelos professores médicos veterinários, abrangendo a
clinica médica e cirúrgica de pequenos animais assim como recomendações técnicas
realizadas com intuito de melhorar a eficiência dos sistemas de produção desenvolvidas.
Palavras-chave: Manejo, Ovinos, Rebanho.
12
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo relatar as atividades realizadas na Fazenda Pé da
Serra, localizada em Sao José dos Pinhas PR, cumprindo uma carga horária de 360
horas, através de trabalhos executados nas áreas de manejo nutricional, sanitário e na
área de clínica médica dos animais da propriedade, com ênfase em ovinos.
O rebanho ovino brasileiro conta com um efetivo da ordem de aproximadamente 18
milhões de cabeças, onde a região nordeste representa 57,7% do rebanho, a região sul
29,3% e as demais regiões variando 3 a 8% (IBGE, 2014).
A criação de pequenos ruminantes é uma atividade com potencial econômico,
sendo socialmente integradora e de baixo impacto ambiental. Apresenta como vantagens
comparativas o curto ciclo de produção e permite a criação em áreas menores,
aproveitando instalações ociosas na propriedade, resultando como produto final a carne
da ovelha com sabor peculiar agradável e excelente qualidade nutricional (TONISSI et al.,
2009).
Tanto a ovinocultura quanto a caprinocultura de corte podem se planejadas em
modelos de associativismo ou cooperativismo para produção de carne, pele, lã e leite, o
que aumenta as alternativas de opções de trabalho e de renda no campo (EMBRAPA,
2009).
Dentre os fatores que determinam a produção de ovinos, destacam-se a genética,
nutrição, sanidade e o manejo. A nutrição e a sanidade apresentam impacto marcante,
pois determinam a saúde e desempenho do animal. além de apresentar elevada
participação nos custos de produção. (EMPRAPA, 2009).
13
2 DADOS SOBRE O ESTÁGIO
As atividades durante o estágio curricular na Universidade Tuiuti do Paraná
Fazenda Experimental - UTP em São José dos Pinhais, Paraná, envolveram
acompanhamento na bovinocultura de leite, equideocultura, ovinocultura, caprinocultura e
suinocultura e pequenos animais..
2.1 ORIENTADOR ACADÊMICO
A orientação durante o estágio curricular foi realizada pela Prof.Celso Grigoletti,
médico veterinário responsável pela disciplina de Produção e Doenças de Aves e Suínos,,
do curso de Medicina Veterinária na UTP.
2.2 ORIENTADOR PROFISSIONAL
No setor de clínica e cirurgia sempre há um professor médico veterinário presente
no hospital, de segunda, quarta e sexta - feira, no horário das 8:00 horas às 17:00 horas.
Nos horários em que o professor responsável não se encontra no Hospital há sempre um
residente, principalmente nos fins de semana e feriados. Também há atendimento externo
realizado pelos médicos veterinários, para a população em geral. Em emergências, o
monitoramento do paciente deve ser mais intenso, devendo sempre haver um médico
veterinário responsável pelos animais, durante 24 horas.
2.3 HORAS DE ESTÁGIO
O período de estágio no estabelecimento foi de 01 de Agosto a 7 de outubro de
2016, com 40 horas semanais, totalizando um período de 400 horas.
14
2.4 DADOS SOBRE O LOCAL DE ESTÁGIO
A Fazenda Pé da Serra (Figura 1) localiza-se no município de São José dos
Pinhais, no Estado do Paraná, Estrada do Taquaral, Bairro Contenda. A área total da
propriedade é de 1.061.363,20 m².
Possui um rebanho leiteiro de 72 animais entre vacas e bezerros (Figura 2), sob
manejo semi-intensivo, totalizando 25 vacas secas, 22 vacas em produção, 2 em período
pré-parto, 9 bezerros sendo 3 machos e 6 fêmeas e 11 novilhas a partir de 12 meses de
idade. A equideocultura consta com 20 animais entre machos, fêmeas e potros (Figura 3).
A suinocultura com 12 leitões, sendo13 reprodutoras e 1 macho (Figura 4). Com relação a
caprinocultura foi observado 21 fêmeas adultas, 2 machos adultos (Figura 5). Na
ovinocultura foi relacionado 44 fêmeas e 20 borregos ( Figura 6).
As vacas em produção são ordenhadas duas vezes ao dia iniciando pelas
novilhas, vacas que não apresentaram CMT alto e vacas mais velhas com mastite, com
sistema de ordenhadeira mecânica de tipo espinha de peixe 2x6 (Figura 7). O leite é
armazenado em um tanque refrigerador até ser devidamente transportado (Figura 8).
Atualmente, o manejo dos animais dentro do sistema de ordenha é realizado por uma
funcionaria.
Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná (Figura 9) localizado na
Fazenda Pé da Serra e tem atendimento de pequenos, médios e grandes animais. Os
atendimentos clínicos e cirúrgicos são realizados por um médico veterinário clínico com o
auxilio de 2 residentes e professores do corpo docente do Curso de Medicina Veterinária
da UTP. São realizados atendimentos internos e externos aos produtores da região.
O Hospital Veterinário da Universidade Tuiuti do Paraná possui uma infra-
estrutura de 1.100m2, divididos nas áreas de laboratórios clínicos e de reprodução, sala
de raio-X e ultrassonografia, centro cirúrgico, baias de internamento de grandes animais,
ambulatórios de pequenos animais, quarentena e salas de aula.
20
3 ATIVIDADES REALIZADAS
Dentre as atividades desenvolvidas durante o período de estágio houve
acompanhamento aos atendimentos clínicos com realização de anamnese, administração
de medicamentos, vacinas e fluidoterapia, seguindo os protocolos do médico veterinário
responsável, exames detalhados e coleta de material para exames laboratoriais,
acompanhamento nas propriedades rurais para atendimento clínico e cirúrgico. Na Tabela
1 estão relacionados os casos acompanhados em clínica médica e cirúrgica de pequenos
animais.
TABELA 1 - ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTAGIO
NA FAZENDA NA FAZENDA PÉ DA SERRA.
ATIVIDADES REALIZADAS Nº DE CASOS
Orquiectomia 7
Ovário salpingohisterectomia 12
Otite 2
tratamento dentário 6
Erliquia 7
Casqueamento em Equinos 3
Tratamento de miíase em equinos 1
Fluidoterapia em equinos 2
Cólica Equina 1
Parto em gado 1
Descornea em gado 1
Abomasopexia 1
Linfoadenite Caseosas 2
24
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.1. INSTALAÇÕES
As instalações devem ser bem planejadas, permitindo agrupar, conter e manipular
os animais com o mínimo de estresse, evitando lesões aos animais e pessoas (PUGH,
2005). A impotência se deve a facilidade e reprodução de mão-de-obra para as tarefas
diárias, facilidade de manejo do rebanho e controle das doenças, diviso de pastagens,
favorecendo, assim, maior eficiência produtiva (EMBRAPA, 2009).
4.1.1. Centro de Manejo
O centro de manejo é uma instalação destinada a conter os animais nas situações
de administração de medicação antiparasitária, desmama, aparos de cascos, vacinações,
entre outros. Estes deve estar localizado em lugar estratégicos de fácil acesso, e que
contenha as demais instalações necessárias a facilitar o manejo (SOBRINHO, 1990).
O centro de manejo deve conter as seguintes estruturas:
Curral de recepção: são construções de média grande extensão, com a finalidade
de receberem os animais para o manejo necessário (ABCOS, 2015).
Funil ou seringa: é um estreitamento do curral de recepção que conduz ao tronco,
de modo a facilitar a entrada dos animais (ABCOS, 2015).
Tronco de contenção:deve ser feito de maneira unida, sem frestas, de tal modo que
o animal só olhe para frente, não penetrando as extremidades em orifícios evitando
fraturas (ABCOS, 2015).
A largura da base deve ser de 0,30m e no ápice 0,50m de modo que passe um
animal por vez, impedindo-o de virar ou saltar o tronco de contenção (ABCOS, 2015).
O piso pode ser de chão batido ou de cimento. O piso de cimento é a melhor
opção, pois funcionará como pedilúvio, este deve ser construído em nível e ter
profundidade de 10 a 15 cm para os animais mergulhem os cascos em solução curativa
(SOBRINHO, 1990). Segundo um estudo feito por Aguiar et al., 2009, o uso de sulfato de
25
cobre a 5% no pedilúvio reduz em 80% as lesões de pododermite nos animais
acometidos, em especial o footrot.
Porteira de classificação: são portões de aparte, que se ligam o tronco a varias
subdivisões do curral, de modo a permitir a separação do rebanho categorias (ABCOS,
2015).
Balança: é um instrumento do qual obteremos dados do desenvolvimento ponderal
do rebanho. Pode ser acoplado ao tronco ou instalado em um lugar a parte (ABCOS,
2015)
4.1.2. Abrigos
Aprisco de chão batido: este é o tipo de instalação mais utilizados pelos criadores
do nordeste. Para a construção deste, antes devemos analisar algumas condições de
terreno que deve ser estrutura bem consistente a ter boa drenagem, com um declive de 2
a 5% (EMBRAPA, 2009).
Apriscos suspensos: devem ter 0,8 a 1,2 m de altura do chão, utilizando piso
ripado, com ripas de 5 cm espaçadas 1,5 cm umas das outras. Paredes de alvenaria ou
madeira e telhas de barro ou metálicas, com altura de modo a permitir ventilação não
excessiva em áreas de clima frio ou com bastante ventilação nas zonas de intenso calor
(ABCOS).
Isolamento: é um local que tem por finalidade abrigar animais doentes. Sua
construção deve seguir a mesma recomendações do aprisco, porém deve estar bem
distante, para evitar o contato com os animais sadios. O isolamento deve fornecer o bem-
estar e boas condições de higiene para os animais doentes (EMBRAPA, 2009).
Área coberta por categoria de animal: (EMBRAPA, 2009)
• 1m² / matriz
• 0,8 m²/ jovem de reposição (recria)
• 0,5 m² / cria
• 3,0 m²/ reprodutor
26
4.1.3 Comedouros e Bebedouros
Os comedouros e bebedouros devem estar localizados fora das baias para evitar
contaminação fecal da água e alimentos. Para a colocação externa faz-se necessária a
existência de canzis para passagem de cabeça do animal. Por estarem fora das baias
devem estar em área coberta ou com alguma proteção (EMBRAPA, 2009).
Para bebedouros devem ser evitados recipientes muitos grandes pela dificuldade
da limpeza e renovação da água (EMBRAPA, 2009).
Os comedouros podem ser construídos de alvenaria, madeira, ou outros materiais
como pneus. De modo geral, recomenda-se 0,25 m lineares de cocho para cada animal
adulto, o fundo do cocho deve estar 20 cm do piso de instalações. Se o animal estiver
recebendo forragem verde ou silagem como volumoso, as sobras devem ser coletadas
diariamente, a fim de evitar o consumo de alimento fermentado pelo animal, podendo
prejudicar sua saúde (EMBRAPA, 2009).
4.1.4 Saleiros
No pasto os cochos para sal mineral podem ser feitos de madeira ou de alvenaria,
sempre cobertos (ABCOS,2015).
As dimensões recomendadas para saleiros são 30 a 40 cm altura acima do piso,
20 cm de profundidade por 30 cm de largura e comprimento não deve ultrapassar os dois
metros (EMBRAPA, 2009).
4.1.5 Cercas
Nos sistemas de produção que visam o aproveitamento da pele com qualidade, as
cercas devem ser arame liso que pode ser usado da mesma forma convencional que o
arame farpado, com até 8 fios com uso da cerca elétrica na questão econômica é mais
viável que a convencional, porém alguns animais conseguiam fugir, correndo misturando
lotes. Os animais abaixavam os membros dianteiros e como a lã é um isolante, ocorria a
fuga dos mesmos.
27
A cerca de tela tem apresentado com muita eficiência na contenção dos animais. O
custo de implantação é mais alto, porém o custo de manutenção é menor. Para reduzir
estes custos, pode-se usar tela fixa na região periférica e tela móvel cercando apenas a
região a ser passeada, semelhante ao que ocorre em sistemas de rastejo em faixas
(EMBRAPA, 2009). As cercas externas deve conter 9 fios de arame, conforme a tabela 5
indica (EMBRAPA, 2009).
TABELA 2- DISTÂNCIA ENTRE FIOS E ALTURA DE CERCA PARA CAPRINOS E
OVINOS
Distância entre fios/altura (m) Externa Interna
Do solo ao primeiro fio 0,20 0,20
Do primeiro ao segundo fio 0,13 0,13
Do segundo ao terceiro fio 0,13 0,13
Do terceiro ao quarto fio 0,13 0,13
Do quarto ao quinto fio 0,13 0,13
Do quinto ao sexto fio 0,14 0,15
Do sexto ao sétimo fio 0,15 0,20
Do sétimo ao oitavo 0,20 -
Altura 1,21 1,07
Fonte: Orientação Técnica (2002)
28
4.2 MANEJO NUTRICIONAL
O consumo de carne ovina e de seus subprodutos vem crescendo notavelmente no
mercado nacional e mundial. A produção de animais para abate tem sido a principal meta
dos criadores, uma vez que uma parcela significativa da carne consumida no Brasil é de
origem importada (TONISSI et, al., 2009).
No que se refere ao aspecto nutricional, para que os animais possam expressar o
seu potencial produtivo, há a necessidade do conhecimento do valor nutritivo dos alimen-
tos e das necessidades nutricionais dos animais (TONISSI et al.,2009).
4.2.1 Escore corporal
Teoricamente, a quantidade exata de nutrientes necessários para cada estágio de
produção deve ser fornecidas; no entanto, isso quase sempre não é prático em condições
de campo e o animal que fica sujeito a períodos sazonais de carência ou excesso de
nutrientes (PUGH, 2005).
A avaliação do escore corporal é extremamente útil na determinação da condições
nutricional do rebanho, onde a pontuação varia de 1 a 5 e animais com extrema
obesidade, (PUGH, 2005).
Este procedimento é realizado mediante a palpação de uma animal, investigando o
conteúdo de gordura que recobre os processos espinhosos e processos transversos da
região lombar. Preferencialmente, a maior parte dos rebanhos deve apresentar escore
corporal 2,5 a 3 na época do acasalamento e parição (PUGH, 2005).
4.2.2 Alimentação da Fêmeas
Na manutenção,durante este período o objetivoé manter o peso e a saúde das fêmeas e
recuperar qualquer perda que ocorreu durante a lactação. A a maioria das pastagens
proporciona consumo de teor adequado de nutrientes para a manutenção de ovelhas não
prenhas e não lactantes (PUGH, 2005), mas a continuação da suplementação nesta fase
é importante por proporcionar algumas melhoras neste curto período até a fecundação
(TONISSI et al., 2009)
29
4.2.3 Alimentação do Macho Adulto
Ovinos são animais ruminantes e devem ser alimentados com forrageiras de boa
qualidade, produzidas a baixo custo. Um sistema intensivo de produção animal, com
grande número de cordeiros produzidos durante o ano inteiro, necessita de alimentos de
boa qualidade, o que pode ser conseguido através de uma produção vegetal eficiente.
(MILKPOINT, 2010).
Deve-se planejar o plantio de boas pastagens para as ovelhas, com correção de
solo (acidez e fósforo) e aplicação de nitrogênio para aumentar a capacidade de suporte e
o valor nutritivo da forrageira. Também é necessário o cultivo de forrageiras de corte para
animais estabulados. Deve-se planejar o plantio de milho ou outro cereal, quando
possível, para colheita e armazenamento em grão ou espigas, ou ainda a confecção de
silagem para uso durante o período de estiagem (MILKPOIT, 2010).
Na estação de monta os animais devem estar em boa condição corporal, sem
excesso de gordura. Os ovinos reprodutores devem ser mantidos em escore corporal pré-
acasalamento entre 3 a 4, pois eles podem perder, mais de 10% de seu peso corporal em
um mês e meio de estação de monta. Em geral é benéfico fornecer suplemento de
concentrado energético-proteico começando, aproximadamente 4 a 6 semanas antes
estação de monta (PUGH, 2005).
Após a estação de monta, pode ser necessário o fornecimento de algum
concentrado para auxiliar na recuperação da condição corporal adequada.Não restante
do ano, podem ser alimentadas com níveis de manutenção (PUHG, 2005).
4.2.4. Alimentação de Cordeiros
Creep Feeding:este método visa proporcionar a ingestão adequada de alimentos
palatáveis que contem todos os nutrientes necessários ao menos preço possível. Os
cordeiros ficam mordiscando no creep feed até que alcancem 3 a 4 semana de idade
(PUGH, 2005).Utiliza cercados móveis, com altura aproximada de 80 centímetros e
espaçamento entre ripas de 15 a 20 centímetros, para a suplementação alimentar de
cordeiros em fase de aleitamento, com uso de rações de elevada qualidade, em locais
30
onde suas mães não têm acesso. É também conhecido por alimentação privativa
(NORDESTERURAL, 2015).
Os alimentos fornecidos neste programa não necessitam ser complexos, mas devem ser
palatáveis, pois eles estão competindo com o leite; quando peletizados ou grosseiramente
moídos, em geral aumenta o consumo (PUGH, 2005).
Em geral este sistema deve proporcionar um ganho adicional de 0,5 Kg para cada 1,8 a
3,2Kg de alimento consumido. Essa eficiência varia de uma condição para outra, porém
quando o custo de alimento é baixo e o preço de venda é alto, torna-se lucrativo (PUGH,
2005).
Em geral este sistema deve proporcionar um ganho adicional de 0,5 Kg para cada 1,8 a
3,2Kg de alimentos consumido. Essa eficiência varia de uma condição para outra, porém
quando o custo de alimento é baixa e o preço de venda é alto, torna-se lucrativo (PUGH,
2005).
4.3. Alimentação na Gestação
No inicio, a ovelha deverá ser alimentada de forma a atender as suas necessidades de
manutenção, uma vez que o feto tem desenvolvimento muito lento no 1º período, onde
apenas as pastagens poderão suprir suas necessidades (TOSSINI et al., 2009).
Os últimos 45 a 60 dias de gestação (terço final), são críticos no que se refere a nutrição,
pois 70% do crescimento do feto acontece neste período. Tem importância nesta fase a
quantidade de proteína oferecida pelas pastagens e a suplementação energética
(TONISSI et al., 2009).
Dieta inadequada pode ocasionar baixa produção de colostro, nascimento de cordeiros
abaixo de 2 Kg, pode resultar em um maior numero de mortes nas primeiras 24 horas. Por
outro lado, o fornecimento excessivo de energia pode acarretar obesidade e contribuir
para distocia (PUGH, 2005).
Durante o final da gestação deve-se adotar uma dieta que minimiza a utilização de
energia pelo organismo á partir da reserva de gordura, o excessivo catabolismo de
gordura pode resultar em toxemia da prenhez, caracterizado pela formação de corpos
cetônicos no sangue. A manutenção do escore corporal 2,5 a 3 e o fornecimento de
quantidades adequada de energia que auxilia na prevenção desta afecção (PUGH, 2005).
31
Alimentos ou suplementos minerais que contém ionóforo, antibiótico ou decoquinato
podem auxiliar no controle ou prevenção de coccidiose, abortamento de toxemia de
prenhez (PUGH, 2005).
4.3.1 Alimentação na Lactação
Ovelhas em lactação , o pico de lactação ocorre 2 a 3 semanas após o parto e, a partir
daí, declina rapidamente até 8 a 10 semanas de lactação. Uma fêmea com parto gemelar,
produz cerca de 30% mais leite que aquela que pariu apenas uma cria (PUGH, 2005).
A maior ou menor produção de leite esta intimamente relacionado com o nível nutritivo
proporcionando a ovelha no final da gestação e não na lactação. Esta é uma fase muito
desgastante para ovelha e a sua exigência pode ser aumentada em até três vezes em
relação à exigência para manutenção. Se não receberem nutrientes em quantidade
adequadas, como demostra a tabela 2 e 3, começam a perder peso e a apresentar sinais
de debilidade, comprometendo a produção de leite de energia durante o final da gestação
e inicio da lactação resulta em taxa de mortalidade de cordeiros acima do esperado,
principalmente em partos gemeres ou resulta em cordeiros apáticos, fracos e magros
(PUGH, 2005).
Caso a produção de leite seja insuficiente, os cordeiros podem compensar aumentando o
consumo de alimentos é menor que a do leite e os animais acabam não consumindo a
quantidade suficiente para suprir a carência de leite. Isso resulta em animais com taxa de
rendimento abaixo do normal no início da lactação (PUHG, 2005).
32
TABELA 3- COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS DO TERCO FINAL
DA GESTAÇÃO, LACTAÇÃO ATÉ A COBERTURA (VALORES DIÁRIOS POR ANIMAL)
Ingredientes Quantidade (g) Percentagem
Milho moído 160,5 53,5
Farelo de algodão 21 7
Farelo de soja 21 7
Ureia 21 7
Suplemento Vitamínico 1,2 0,4
Calcário 7,8 2,5
Fosfato de bicalcio 7,5 2,6
Núcleo mineral 6,0 2,0
TOTAL 300 100
Fonte: TONISSI et al., 2009.
TABELA 4 - COMPOSIÇÃO DO CONCENTRADO PARA OVELHAS SECAS (VALORES
DIÁRIOS POR ANIMAIS)
Ingredientes Quantidade (g) Percentagem
Milho moído 78 52
Farelo de soja 9 6
Farelo de algodão 12 8
Ureia 9 6
Calcário 3 2
Fosfato de bicalcio 3,75 2,5
Núcleo mineral 32,25 23,5
TOTAL 300 100
Fonte: TONISSI et al., 2009.
33
4.3.2. Alimentação no Desmame
É importante que os cordeiros consumam uma pastagem de qualidade superior
logo após a desmama, pois o estresse neste período é grande; o cordeiro é separado de
sua mãe e tem a necessidade de buscar suprir suas exigências por si só, tais que
permanecem altas neste período (TOSSINI, 2009).
O período de desmame pode ser precoce, 3 a 4 semanas de idade, ou tardio, 8 a
12 semanas de idade. A decisão em desmamar os cordeiros baseia-se na idade, na
época do nascimento, na aptidão em se alimentar em creep feeding, problemas com
parasitas ou com predadores na propriedade e preço do mercado (PUGH, 2009).
Animais recém desmamados podem receber apenas uma forragem de excelente
qualidade ou recebem uma alimentação a base de concentrado em volume equivalente a
cerca de 1% do peso vivo/dia (PUGH, 2005).
Na fase de lactação, as exigências nutricionais estão diariamente correlacionadas
com a condição corporal. Considerando a terminação a partir do desmame, o tipo de
suplementação utilizados até 150 dias, como indica a tabela 4, constatará um equilíbrio
de energia e proteína, sendo suficiente para estimular a formação de uma cobertura de
gordura adequada a conservação da carcaça próximo ao abate (TOSSINI et al., 2009).
O tipo de alimentação pode correlaciona concentrado e volumoso ou somente
volumoso, de acordo com a quantidade deste (TONISSI et al., 2009).Um estudo feito por
Bernardi, Alves e Marin (2006), mostra o desempenho de cordeiros sob quatro sistemas
de produção, e detectaram que a produção de cordeiros precoces em sistema de rastejo
é viável.
34
TABELA 5- RAÇÃO BALANCEADA PARA CORDEIROS DOS 15 AOS 150 DIAS
(CONSUMO DIÁRIO POR ANIMAL)
Ingredientes Quantidade (g) Percentagem
Milho moído 74,4 49,6
Farelo de soja 18 12
Farelo de algodão 13,5 9
Ureia 6 4
Suplemento Vitamínico 0,45 0,3
Calcário 4,2 2,8
Fosfato de bicalcio 3,45 2,3
Núcleo mineral 30 20
TOTAL 300 100
Fonte: TOSSINI et al., 2009.
4.4. MANEJO SANITÁRIO
A sanidade abrange uma série de atividades técnicas, conduzidas para manter as
condições de saúde dos animais, as quais são influenciadas pelo meio ambiente, práticas
inadequadas de manejo, pelo genótipo, entre outras causas. Os problemas de erro de
manejo incluem: nutrição inadequada, limpeza, desinfecção e higiene precária, instalaç-
ões mal planejadas, manejadores despreparados, criação conjunta de animais de
diferentes espécies, presença de ratos, pássaros e moscas. (AGROLINK, 2012).
O programas de manejo sanitário e de medicina preventiva do rebanho são
elaborados para minimizar os riscos de efeitos adversos de enfermidade previsíveis e
para proteger os animais de outras doenças. O objetivo é melhorar a produtividade do
rebanho mediante a adoção de manejo adequado no controle de parasitas, vacinação e
manejo ambiental (PUGH, 2005).
35
4.4.1 Controle de Parasitas
O parasitismo gastrintestinal é responsável por grande parte das perdas
observadas na criação de ovinos, reduzindo o desempenho produtivo dos animais,
podendo levar a morte (MOLENTO., 2004).
O controle eficiente de verminoses se torna essencial para atingir melhores
produtividades, porém inicialmente é necessário ter conhecimento dos principais vermes
que parasitam os ovinos. São muitos os endoparasitas que se alojam no sistema
gastrointestinal do animal, sendo os principais pertencentes à família Trichostrongilidae, e
as espécies responsáveis pelos maiores danos aos produtores são respectivamente:
Haemonchus contortus, que parasita o abomaso e que parasita o intestino delgado do
animal. (AMARANTE, 2014).
Existem varias espécies de helmintos gastrintestinais, porém em regiões com clima
tropical e sub-tropical, as duas espécies são predominante Haemonchus contortuse
Trichostrongylus colubriformis, sendo a primeira a principal espécie parasita de pequenos
ruminantes. (BASSETTO et al., 2009). O uso indiscriminado de anti-helmínticos teve
como consequência a seleção da produção de helmintos resistentes aos diferentes
grupos químicos utilizados no tratamento de ovinos. Varias alternativas para o controle
desses parasitas tem sido desenvolvida e pesquisadas dentre as quais podemos
destacar: manejo de pastagem, seleção de animais geneticamente resistentes
desenvolvimento de vacinas e controle biológico. uma das mais promissoras é o controle
biológico com a utilização de fungos nematófagos predadores de larvas infectastes na
pastagem (TOSSINI, 2009).
Em um estudo feito por BASSETO et al., 2009, ovelhas mais resistentes aos
vermes tem um ganho de peso maior do que aquelas susceptíveis, portanto as ovelhas
menos resistente apresentando constantemente sinais clínicos de verminose, devem ser
eliminados do rebanho.
A realização de exames periódicos como o de contagem de ovos por grama de
fezes (OPG) em 5 a 10% dos animais nos auxilia no controle das verminoses,
administrados antiparasitario somente conforme a necessidade e em conjunto me a
ocorrência de sintomas. Um esquema de tratamento estratégico para o rebanho é
36
medicar as fêmeas no terço final da gestação logo após o parto e no desmame realizado
na mãe e no filhote (TOSSINI, 2009).
Outro método para a orientação do tratamento com antiparasitário é a observação
de mucosa ocular, método Famacha. Este método consiste em verificar se há
necessidade de medicação através da coloração da parte medial da mucosa da
conjuntiva. Para tal técnica há necessidade de uma tabela que contem graduação
(Figura11) de 1 a 5 de acordo coma coloração, onde 1 é bom e 5 é ruim, a aplicação do
antiparasitário deve ser feita com a graduação a partir de 3 (EMBRAPA, 2009).
Segundo MOLENTO et al., 2004, o uso do método famacha pode reduzir em até
75% do uso de anti-helmínticos, associado a exame de OPG e hematócrito, lembrando
que este método é para controle somente de Haemonchus contortus. A associação com
outros métodos alternativos no controle parasitário aumenta ainda mais a eficácia do
mesmo.
FIGURA 16 - FAMACHA 1 E 5, RESPECTIVAMENTE
38
4.4.2. Esquema de Vacinação
Segundo o MAPA, não existe vacina obrigatória para ovinos, mas algumas são
importantes para manter a sanidade do rebanho.
A vacina contra a raiva deve ser feita em animais jovens, reprodutores e matrizes,
a partir dos quatro meses de idade e repetida anualidade, somente em regiões em que
haja casos confirmados (EMBRAPA, 2009).
A vacina contra clostridiose também é muito importante. As clostridioses são
doenças causadas por bactérias anaeróbias que produzem toxinas com propriedade
letais, necrosante, hemolíticas e neurotóxicas de acordo com a espécie de clostridium
(PUGH, 2005). O esquema de vacinação deve ser realizado da seguinte maneira:
• Animais não vacinados aplicar duas doses com intervalo de 4 semanas entre as
vacinações e reforço anual;
• Em filhos de mães não vacinadas, as primeiras dose deve ser feita a partir da 3ª semana
de idade, com reforço após 30 dias;
• Em filhos de mães vacinadas á partir da 9ª semana de idade, com reforço após 30 dias.
A vacina contra Linfadenite Caseosa deve ser realizada a partir dos 3 meses com
reforço aos 30 dias e repetir anualmente (EMBRAPA, 2009). O desafio maior esta na
eficiência da vacina, as vacinas fabricadas em cepa morta não demostram resultados
satisfatórios, uma vez que o agente bacteriano age dentro da célula. Estudos recentes,
realizados através da utilização de cepas vivas que promove, imunidade celular, tem
demostrado resultados melhores, eficiência em 100% do rebanho (HAGE et al., 2009).
4.4.3. Biossegurança
Os programas de biossegurança envolvem a compra de animais diretamente da
propriedade de origem, seu transporte em veículos apropriados e prática de isolamento
durante 30 dias (PUGH, 2005).
39
A quarentena é uma medida adotada na propriedade que permite adaptação do
animal ao novo ambiente, com o mínimo de estresse, além da prevenção da entrada de
novas doenças no rebanho, observando regulamente o aparecimento prurido,
claudicação, tumefação externa e perda de peso inexplicável . Além disso, os animais
devem ser submetidos ao programa de vacinação, desverminação e apara dos cascos,
investigando possível presença de podridão dos cascos. Devem ser avaliados também
contra possíveis doenças contagiosas ou infecciosas como estomatite vesicular,
conjuntivite contagiosa aguda, parasitas externos, linfodenite caseias, scrapie, dermatite
proliferava e dermatofilose (PUGH, 2005).
4.5 MANEJO REPRODUTIVO
A base para organização de um sistema de produção para carne e pele esta na
adoção de épocas de acasalamento bem definidas ao longo do ano de tal forma a
proporcionar um intervalo entre parto médio de oito meses (EMBRAPA, 2009).
A seleção dos animais indispensável ao longo dos ciclos de reprodução, buscando
manter os rebanhos apenas animais férteis, precoces sexualmente, com alta velocidade
de ganho de peso, fêmeas pardieiros e boas mães (EMBRAPA, 2009).
4.5.1. Escolha do reprodutor e Matrizes
A escolha do reprodutora puberdade pode ser definida como o momento a partir do
qual o animal tem capacidade de reproduzir-se, o que nos machos traduz-se com o início
da produção espermática. Na maioria dos carneiros a idade à puberdade depende do
peso, nutrição, raça e fatores ambientais, e normalmente é atingida entre 5 e 9 meses de
idade. Porém, embora a puberdade tenha sido atingida com essa idade, o carneiro só
deverá ser considerado um reprodutor após atingir a maturidade sexual (ou seja, após
aprender o comportamento sexual inerente à espécie) (MILKPOIT, 2008).
Os machos são animais muito precoces, podendo chegar a puberdade aos quatro
meses (GRANADOS et al., 2006)e nesta idade a relação macho/fêmea deve ser de um
macho para quinze fêmeas (EMBRAPA, 2015). A melhor proporção macho/fêmea
depende da idade das fêmeas, circunferência escrotal, idade e tamanho dos machos,
40
além da topografia do terreno. Se o carneiro for saudável e fértil, e não houver restrição
geográfica, um carneiro pode cobrir 50-60 ovelhas, no caso de borregas, reduzir a taxa
para 25-30 borregas, e no caso de machos novos (1 ano de idade), a taxa também deve
ser reduzida. (MILKPOIT, 2008).
A partir de dois anos de idade é considerado adulto, quando atinge o peso ideal,
desenvolvimento corporal e produção espermática adequada (GRANADOS et al., 2006).
Segundo Granados et al, 2006, a escolha do reprodutor, deverá ser pautada nas
seguintes características:
• Procedência do animal
• Padrão racial
• Características testiculares (simétricos, ovoides, firmes e presentes na bolsa escrotal),
observar problemas se criptorquidia, orquite e hipoplasia;
• Ausência de alterações prefaciais e peniana.
• Presença de boa libido;
• Cascos e aprumos adequados;
Recomenda-se a realização de um espermograma antes de adquirir um reprodutor.
Seleção das matrizesdevem ser escolhidas as fêmeas jovens que apresentem 70%
do peso adulto das fêmeas do rebanho, da mesma raça.
A seleção pela conformação baseia-se no julgamento do exterior do animal,
procurando-se encontrar indivíduos com qualidades desejáveis para a formação do
plantel. As características mais aplicadas a esta seleção são: raciais, aprumos, número de
pares de tetas (fêmeas), aparelho genital (machos e fêmeas), harmonia das formas, e
capacidade corporal. Devem ser selecionadas quanto a fertilidade (MILKPOIT, 2013).
Todas as fêmeas devem ser criteriosamente examinadas, 21 dias antes da estação
de cobertura quanto os aspectos clínicos, ginecológicos, sanitários e nutricionais
(EMBRAPA, 2009).
4.5.2. Cobertura
O peso vivo das ovelhas tem uma importância muito grande durante o período do
acasalamento. Ovelhas bem alimentadas produzem cordeiros mais forte, com maior
índice de partos gemelares e diminuindo os riscos de alta mortalidade durante a parição.
41
Recomenda-se cobrir ou inseminar artificialmente as fêmeas jovens quando atingirem, no
mínimo, 60% do peso das matrizes adultas da mesma raça e sob o mesmo regime
alimentar (TONISSI et al., 2009).
Na época do acasalamento, tem-se utilizado a prática do flushing em fêmeas com algum
êxito. Com bom estado corporal e uma melhor nutrição, especificamente uma fonte de
energia, aumenta a taxa de ovulação e consequentemente a taxa de parição de cordeiros
(PUGH, 2005).
4.5.3. Estação de Monta
As características positivas vindas desta importante ferramenta de manejo são
devido ao fato desta facilitar as operações de manejo e centralizar o foco das atenções no
período em questão (monta, parição, lactação, desmame engorda). (MILKPOIT, 2007)
A mesma permite programar com antecedência a data de nascimento dos
cordeiros e assim obter maior uniformidade do lote. (SOBRINHO, 1990).
A duração da gestação de uma ovelha é de 150 dias, podendo variar de acordo
com a ração e com cada fêmea. As raças precoces e as altamente prolíficas tem períodos
de gestação mais curtos do que as raças de lã, de luta maturidade (HAFEZ e HAFEZ,
2004).
A escolha da época para realização da estampavvvvv de cobertura deve estar
baseada nas condições climáticas da região, capacidade de reprodução do macho e da
fêmea e na disponibilidade de alimento durante o nascimento das crias e matrizes paridas
(GRANADOS et al, 2006).
A prática realizada no verão faz com que os nascimentos vv ocorram no inverno,
quando há menor incidência de miíases nos cordeiros e ovelhas, embora sempre existam
riscos de mortes com cordeiros nascidos em noites muitos frias e unidas (Américo da
Silva Garcia Sobrinho, 1990).
A duração do ciclo estar de uma ovelha é de 17 dias (HAFEZ e HAFEZ, 2004).
O primeiro ano de implantação, a estação dura de 51 a 61 dias,vvvv três chances a
ovelha e a partir da segunda estação, reduz-se para 34 dias (EMBRAPA, 2009).
42
Outra técnica utilizada para sincronizar o estro, é de uso do “efeito macho”. São
rufiões que colocadas no plantel 20 dias antes de iniciar as coberturas, induzem as
fêmeas a exteriorizarem o estro pela primeira ou segunda vez, concentrando este
aparecimento nas primeira suas semanas da estação de acasalamento, o que facilitara o
manejo da estação de parição (EMBRAPA, 2009).
4.5.4 Monta Natural
A monta natural é o método mais simples de acasalamento, os os produtores são
introduzidos junto as fêmeas na proporção de 3%. As fêmeas são deixadas
constantemente com os machos, sem qualquer controle de cobertura por parte do criador.
Este tipo de acasalamento é utilizado em criações extensivas (GRANADOS et al., 2006).
4.5.5 Monta Controlada
Este sistema de acasalamento é necessário o uso de rufiões para detecção do cio,
sendo coberta apenas as fêmeas intensificadas (GRANADOS et al., 2006) O uso do
rufião promove uma otimização do uso do reprodutor, tornando possível a cobertura de
até 60 fêmeas (EMBRAPA 2009).
4.5.6 A Inseminação artificial
Consiste na coleta do sêmem do reprodutor e sua posterior deposição no trato
genital da fêmea. A coleta do sêmem pode ser feita através de vagina artificial ou
eletroejaculador. O sêmem coletado pode ser utilizado fresco, resfriado ou congelado
(GRANADOS et al., 2006).
4.5.7 Métodos de Diagnóstico
43
Para diagnostico de prenhez existem métodos simples e outros mais sofisticados .
Entre eles, os mais utilizados são: índice de retorno ao cio avaliação clínica e
ultrassonografia (GRANADOS et al., 2006).
O índice de retorno ao cio é método mais simples, necessita apenas de saber se a
fêmea retornou ao cio após o acasalamento ou inseminação artificial, por o diagnóstico
pode ser tardio e se perde o período de acasalamento adotado na propriedade
(GRANADOS et al., 2006).
No caso de avaliação clínica, realiza-se a palpação abdominal e do úbere. Aos 3
meses após o acasalamento, chega-se a uma eficiência de diagnostico superior a 90%.
No entanto é um tempo relativamente longo para diagnosticar prenhez (GRANADOS et
al., 2006).
Atualmente utiliza-se com freqüência o aparelho de ultra-som, por via trans-retal e
abdominal, tendo a possibilidade de determinar a viabilidade da gestação por observação
do batimento cardíaco e numero de fetos aos 30 e 50 dias respectivamente (GRANADOS
et al., 2006).
4.5.8 Manejo Pré-Parto e Parição
Para que o manejo reprodutivo seja eficiente numa propriedade é fundamental que
as fêmeas tenham boas condições corporais e sanitárias no momento do parto, por isso
um mês antes desta data devemos começar a tomar alguns cuidados
(PORTALEDUCACAO, 2013).
As duas práticas de manejo são muito importantes na sobrevivência e saúde do
recém nascido. A primeira é a imersão do cordão umbilical em tintura de iodo a 10%,
como o objetivo de impedir o ingresso de agentes causadores de enfermidade. A segunda
é o fornecimento de colostro possui anticorpos imprescindíveis para a sobrevida do recém
nascido, uma vez que estas estruturas protéica não apresentam permeabilidade
plancentária suficiente para promover um eficiente defesa. O fornecimento de colostro
não deve ultrapassar as 18 horas após o parto, devido a maior permeabilidade intestinal
para estas estruturas neste período, comprovadamente após este período a absorção
deste componentes tendem a diminuir drasticamente (GRANADOS et al., 2006).
44
4.5.9 Manejo do Recém Nascido
As duas práticas de manejo são muito importantes na sobrevivência e saúde do
recém nascido. A primeira é a imersão do cordão umbilical em tintura de iodo a 10%,
como o objetivo de impedir o ingresso de agentes causadores de enfermidade.
A segunda é o fornecimento de colostro possui anticorpos imprescindíveis para a
sobrevida do recém nascido, uma vez que estas estruturas protéica não apresentam
permeabilidade plancentária suficiente para promover um eficiente defesa. O
fornecimento de colostro não deve ultrapassar as 18 horas após o parto, devido a maior
permeabilidade intestinal para estas estruturas neste período, comprovadamente após
este período a absorção deste componentes tendem a diminuir drasticamente
(GRANADOS et al., 2006).
45
5 MANEJO DOS OVINOS DA FAZENDA PÉ DA SERRA
As atividades realizadas no período de estagio na Fazenda Pé da Serra, voltadas
para o manejo nutricional, sanitário dos ovinos assim como atendimentos clínicos, como
demostra a tabela 6
TABELA 6 - ATIVIDADES REALIZADAS DURANTE O PERÍODO DE ESTAGIO NA
FAZENDA NA FAZENDA PÉ DA SERRA NA OVINOCULTURA
ATIVIDADE REALIZADA NA OVINOCULTURA Nº DE CASOS
Apara de casco 5
Fluidoterapia 2
Identificação com brinco 10
Transfusão 2
Tratamento de Abcessos 2
Vacina contra clostridiose 44
5.1 MANEJO NUTRICIONAL
A Fazenda Pé da Serra não possui manejo nutricional separado por categoria
animal.
As fêmeas gestantes, as em lactação, os cordeiros destinados ao abate e borregas
destinadas à reprodução, recebem basicamente silagem de milho pela manha e a tarde
no recolhimento do rebanho. Durante o dia, os animais ficam soltos em uma área de
rastejo basicamente formado por grama nativa (Figura 12 ) e recebiam suplementação
mineral esporadicamente.
A alimentação dos machos reprodutores também é basicamente formada por
silagem de milho, recebendo pela manhã e pela tarde. Durante o dia, são solto por
algumas horas para rastejo em um piquete próximo formado por azevém e grama nativa
(Figura 18). Este também recebiam suplementação mineral esporadicamente.
46
FIGURA 18 - ÁREA DE PASTEJO DAS FÊMEAS E CORDEIROS
5.2. MANEJO SANITÁRIO
Os ovinos da propriedade recebem avaliação semanal por um grupo de alunos
através do método Famacha, o qual avalia o grau de infestação causado pela presença
do Haemonchus contortus. Os animais são medicados quando apresentam Famacha 3 ou
4, e quando estão totalmente debilitados apresentando Famacha 5, são levados ao
hospital Veterinário para realização do atendimento clínico. Esporadicamente é realizado
exame de OPG que determina a quantidade de ovos por gramas de fezes.O maior
desafio da propriedade está no período de férias dos alunos, onde os animais não são
avaliados com tanta freqüência e ficam vulneráveis a infestação graves por verminoses,
podendo chegar á morte.
47
O manejo de vacinas é realizado de acordo com o que é recomendado. Os animais
são vacinados contra clostridiose de seguinte maneira: as fêmeas gestantes são
vacinadas no terço final da gestação, os cordeiros são vacinados com 1 mês de idade e
reforço apos 30 dias e os machos reprodutores, vacinados anualmente. A vacina contra
raiva é realizado quando há surtos na região, como foi o caso deste ano; os animais
receberam uma dose de reforço após 30 dias.
5.3. MANEJO REPRODUTIVO
O tipo de manejo reprodutivo utilizado na Fazenda Pé da Serra é monta natural. As
fêmeas são selecionadas de acordo com o padrão racial e deixadas durante o período de
acasalamento com o seu respectivo macho. Existem lotes que o cruzamento é para
melhorar o padrão racial e lotes em que o cruzamento é industrial, ou seja, mistura de
raças resultando cordeiros com um melhor desenvolvimento para o abate.
O padrão racial das fêmeas da fazenda é variado. Há as puras Sulfok, Santa Inês e
Texel, Dorper e também há um macho Criolo que não é destinado a reprodução.
São realizadas duas estação de monta na fazenda, separando as fêmeas em dois
lotes diferentes. Uma inicia no mês de agosto, utilizando do efeito macho com o próprio
reprodutor, onde este fica com as fêmeas até o mês de novembro, concentrado assim os
nascimentos para fevereiro e março. A outra inicia no mês de março até o mês de junho,
utilizando também o efeito macho para que as fêmeas entrem em cio, concentrando
assim os nascimentos para setembro e outubro. Este protocolo é utilizado para que os
alunos possam acompanhar o manejo no ano todo.
Quando os cordeiros nascem é feita a desinfecção o umbigo com iodo a 10% e
logo são identificados com o brinco.
5.4. INSTALAÇÕES
A Fazenda Pé da Serra conta com um aprisco para alojamento das fêmeas e dos
cordeiro durante a noite e nos dias de chuva. Ali eles recebem a silagem e o sal mineral.
Há um centro de manejo ao lado do aprisco para realização de procedimentos e
também utilizados na época da reprodução para separação das fêmeas de acordo com o
48
padrão racial. Os machos produtores ficam em um piquete próximo ao Hospital
Veterinário, os quais vão para área de ovinocultura somente na época de reprodução.
51
6 RELATO DE CASO
6.1. LINFADENITE CASEOSA
Quando os animais apresentam sinais clínicos de linfadenite caseosa, são
devidamente examinados e separados do rebanho, em baias isoladas. Os animais são
separados antes que o abscessos drene espontaneamente, isso impede a contaminação
do rebanho geral e melhor controle de disseminação da doença.
6.1.1 Introdução
É uma doença crônica conhecida popularmente por doença “mal do caroço”
acomete ovinos e caprinos, causada pelo bastonete Gram-positivo Corynebacterium
pseudotuberculosi, frequentemente encontrado no esterco, no solo, na pele e em órgão
infectados (CIFFONI et al., 2005). Embora a doença seja economicamente de grande
importância na ovinocultura e caprinocultura, em razão de condenação de carcaças, é
conhecida principalmente por causar linfadenitepatia periférica. A taxa de prevalência
pode atingir 50 a 60%ou mais. Essa infecção pode espalhar rapidamente pelo rebanho. O
microorganismo penetra no animal em especial por ferimentos superficiais ou de
membranas mucosas ou indiretamente mediante o uso de fômites, como lâminas de
tosquia, alimentadores, escovas e cama. A transmissão também pode ocorrer por
inalação ou ingestão. Em varias animais o microorganismo se dissemina até as vísceras,
principalmente linfonodos mediastinicos ou pulmão, resultando em dispnéia e taquipnéia.
Portanto alguns animais podem apresentar quadro de doença respiratória (PUGH, 2005).
Os microorganismos podem sobreviver durante períodos longos em locais escuros
e que contém matéria orgânica. A drenagem espontânea do abcesso provoca
aglutinações de lã ou de pêlos em consequência do exsudato, a secreção do abcesso
(Figura 23 ) pode contaminar o ambiente por período de 37 dias após a sua drenagem.
52
FIGURA 23 - LINFADENITE CASEOSA
6.1.2 Etiologia e Aspectos Epidemiológicos
A linfadenite caseosa (LC) é uma importante enfermidade que afeta ovinos e
caprinos, podendo acometer outras espécies de animais, inclusive humanos o que a torna
uma potencial zoonose (MOURA-COSTA et al., 2008). A LC possui prevalência elevada
em muitas partes do mundo e causa perdas econômicas significativas,principalmente por
causa da desclassificação e condenação das carcaças que se encontram infectadas ao
abate e desvalorização da pele (BAIRD e FONTAINE, 2007).
Em ovinos, esses abcessos, de inicio contêm material verde-claro e se transforma
em massa calcificada. Em geral, os abscessos de caprino mantêm coloração creme
esverdeada e consistência pastosa. Esses nódulos cutâneos podem se apresentar em
forma de cadeia ou isolados. No caso de abscessos visceral, pode-se constar perda de
peso crônica, fato mais comum em ovinos que caprinos. também ocorre subfertilidade,
diminuição na produção de leite. O microorganismo pode alcançar o sistema nervoso
53
central ou linfonodo inguinais e a glândula mamária, resultando em sinais neurológicos e
mastite (PUGH, 2005).
O agente etiológico da doença é o bacilo Gram-positivo e intracelular facultativo
Corynebacterium pseudotuberculosis (BATEY, 1986; BENHAM; SEAMAN; WOODBINE,
1962; CAMERON; MINNAAR, 1969; NOCARD, 1896). Essa bactéria pertence ao gênero
Corynebacterium e está inserido no grupo dos actinomicetos, os quais fazem parte as
bactérias dos gêneros Mycobacterium, Nocardia e Rhodococcus. Juntas, essas bactérias
formam o grupo CMNR (Corynebacterium, Mycobacterium, Nocardia e Rhodococcus). C.
pseudotuberculosis pode infectar outros animais como bovinos, equinos e inclusive o
homem (DORELLA et al., 2006).
6.1.3 Impacto Econômico da Linfadenite Caseosa (LC)
A LC tem trazido uma série de prejuízos a caprino-ovinocultura mundial e brasileira
com perdas significativas para a economia rural (MEYER et al., 2002; ARSENAULT et al.,
2003; FONTAINE & BAIRD, 2008; GUIMARÃES et al., 2011). Caracterizada por formação
de lesões necróticas encapsuladas caseosas, a LC tem causado grande impacto nos
criatórios, além de provocar significativas perdas aos produtores de ovinos e caprinos em
todos os países, sendo estas decorrentes dos prejuízos causados pela redução do
rendimento da carne, lã, leite, pele, diminuição da eficiência reprodutiva, atraso no
crescimento, menor ganho de peso, descarte precoce de animais e comercialização dos
animais por valor inferior ao praticado no mercado (SOUZA et al., 2011). A LC é a
principal causa de condenação de carcaças de ovinos em matadouros na Austrália (AR-
SENAULT et al., 2003).
6.1.4 Patogenia
O mecanismo de desenvolvimento das lesões começa logo após a penetração do
C. pseudotuberculosis no hospedeiro geralmente através da mucosa oral, nasal e ocular,
ou por meio de feridas na pele, onde o micro-organismo propaga-se rapidamente pelo
sistema linfático até o linfonodo, onde produz a exotoxina, responsável pela formação do
abscesso e infiltração contínua de células inflamatórias, aumentando a permeabilidade
54
vascular. Assim, a doença pode ocorrer nos linfonodos, apresentando abscesso caseoso
externo ou também manifestar-se na forma visceral, caracterizada por lesões internas
principalmente nos linfonodos mediastinais, mas também podendo ocorrer no fígado, rins,
coração, medula espinhal, testículos, glândula mamária e via respiratória. Observa-se que
lesões pulmonares são bastante comuns e podem apresentar-se como a principal fonte
de contaminação no rebanho através da produção de aerossóis infectados (FONTAINE
et. al., 2006, BAIRD & FONTAINE, 2007, FONTAINE & BAIRD, 2008).
Uma vez que a infecção tenha se estabelecido uma expansão gradual do linfonodo
pode ocorrer e dependendo da sua localização, a ruptura pode ocorrer para extrair o
conteúdo purulento. Inicialmente, o pus dentro dos abscessos é macio e semi-líquido, ao
longo do tempo o material torna-se mais sólido, pela presença de pequenos nódulos de
mineralização. Esses focos calcificados tendem a se formar em camadas, mostrando uma
aparência de lesões lamela (FONTAINE & BAIRD, 2008).
6.1.5 Sinais Clínicos
A LC é marcada por um processo inflamatório nos linfonodos, caracterizado pela
formação de abscessos com conteúdo purulento, de aspecto caseoso e amarelado. A
doença se inicia com o aumento do volume dos linfonodos, que com a evolução, tornam-
se flutuantes. Os linfonodos acometidos com maior frequência são os pré-parotídeos e
pré-escapulares, podendo ocorrer abscessos em linfonodos internos como os bronquiais,
mediastínicos e nos pulmões, causando quadros respiratórios como tosse crônica e nos
mesentéricos, determinando o emagrecimento progressivo do animal (SANTA ROSA,
1996; RIBEIRO, 1997).
Nos casos crônicos com lesões viscerais, o animal apresenta anemia e
hipoproteinemia. Estes abscessos podem ser localizados em qualquer sistema do
organismo. A forma visceral da doença é a que possui maior gravidade, visto que o dia-
gnóstico clínico é muito difícil e ela pode levar à debilidade do animal, disseminação de
abscessos no organismo, condenação de vísceras e carcaça e, até mesmo, morte de
animais (SANTA ROSA, 1996).
55
6.1.6 Diagnóstico
Para o diagnóstico é necessário identificar os animais com presença clínica da lin-
fadenite caseosa, realizando a palpação dos linfonodos externos, sendo necessário isolar
os animais positivos. Após isolamento dos animais, coleta-se o exsudado para cultivo da
amostra em laboratório (BAIRD & FONTAINE, 2007).
6.1.7 Potencial Zoonótico
Na Austrália, Pell et al. (1997), descreveram dez casos de linfadenite caseosa em
humanos, a maioria, relativos a doença ocupacional, já que esses pacientes foram
expostos anteriormente a ovinos. A série de casos em humanos, quase 26
duplica o número de notificações da doença em humanos na Austrália. Esses casos
foram tratados por incisão e drenagem da linfadenite suparativa e utilização de
antibióticos. No entanto, o aumento do uso de uma vacina contra linfadenite caseosa em
ovinos na Austrália, resultou na diminuição dessa zoonose.
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7 CONCLUSÃO DO ESTÁGIO
O estágio na Fazenda Pé Serra foi de grande importância no conhecimento e
aperfeiçoamento de trabalho do Médico Veterinário na ovinocultura e nos demais
sistemas de produção, tanto na parte clínica como zootecnica. Como é uma “Fazenda-
Escola”, além das técnicas, a literatura sempre me auxiliou no conhecimento e nas
dúvidas que surgiram, além do auxilio de profissionais presentes, sendo extremamente
satisfatório para o início da minha carreira profissional
58
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