Uso da adubação foliar na cultura do amendoim Prof. Dr. Renato de Mello Prado Depto. de Solos e...

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Uso da adubação foliar na cultura do

amendoim

Prof. Dr. Renato de Mello Prado

Depto. de Solos e AdubosUnesp Câmpus Jaboticabal

Histórico

Aspectos anatômicos

Fatores externos e

internos que afetam a

absorção

Resultados de Pesquisa

1844 - Relatos de aplicação de Fe em videira;

1874 - aplicação de chorume diluído em água em plantas de jardim na Alemanha;

1940-45 - grande impulso na absorção iônica devido a sobras de radioisótopos;

1945 - Início de pesquisas com adubação foliar no Brasil, pelo IAC e pela ESALQ;

Absorção iônica foliar

Aspectos anatômicos e processos ativos e passivos de absorção

O que é absorção

Entrada do elemento (M) na planta

em forma iônica ou molecular,

atingindo os espaços intercelular (sem gasto energético) e/ou vencendo a membrana (gasto energético).

Aspectos anatômicos e processos ativos e passivos de absorção

As pesquisas & absorção de nutrientes:

· Seletividade - sendo que certos elementos são

absorvidos preferencialmente;

·  Acumulação – a concentração dos elementos,

de modo geral, é muito maior no suco celular do

que na solução externa;

Genótipos – existem diferenças entre

espécies de plantas nas características de

absorção.

HOAGLAND e BROYER (1936): raízes de cevada

• contra um gradiente de concentração•Necessidade de energia respiratória (ATP)

Primeiras pesquisas sobre a absorção

LUNDEGARDH, BRUSTROM, ROBERTSON (1930/50):

•Necessidade do ATP

OSTERHOUT, JACOBSON, OVERSTREET (final do séc. XIX e começo do séc. XX):

•Teoria do carregador (membrana)

EPSTEIN (1952/53): CINÉTICA DE ABSORÇÃO

• reação enzima/substrato (CARREGADOR)

MITCHELL: TEORIA QUIMIOSMÓTICA

•ATPase (membranas – ativada por íons)

HOJE:

•Teoria do carregador ATIVO (membrana)

•CANAIS, POROS OU BOMBAS – ATPase ativada pelo Ca2+

Fases da absorção de nutrientes

a)Fase passiva - penetração cuticular

b) Fase ativa – absorção celular

Semelhante a absorção radicular, com uma diferença: presença cutícula

Estrutura cuticular.

ceras cuticulares pectina cutina

celulose MEMBRANA

Aspectos anatômicos da folha e os processos ativos e passivos da absorção

Retenção:Cu > Zn > Mn

Detalhe da parede celular e membrana plasmática

Aspectos anatômicos e processos ativos e passivos de absorção

Figura. Detalhe da membrana plasmática, ilustrando os processos passivo e ativo

Aspectos anatômicos e processos ativos e passivos de absorção

Figura. Detalhe da membrana plasmática, ilustrando o processo ativo de absorção, por meio do carregador dependente do ATP.

Aspectos anatômicos e processos ativos e passivos de absorção

Aspectos anatômicos da folha e os processos ativos e passivos da absorção

Esquema da anatomia foliar a partir de um corte transversal da lâmina e um detalhe da nervura.

Aspectos anatômicos da folha e os processos ativos e passivos da absorção

Esquema da anatomia foliar a partir de um corte transversal da lâmina e um detalhe da nervura.

Fatores externos

ângulo de contato

temperatura e umidade

concentração da solução

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Luz

ângulo de contato

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

ângulo de contato

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Diminuir a velocidade de secamento da solução aplicada

Aumentar a Absorção

Aplicação em períodos com temperatura amena e sem orvalho

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Temperatura e Umidade do Ar

Velocidade absorção: + lento que a via radicular

Efeito salino “herbicida”

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Concentração da solução

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Composição da solução

• Velocidade de absorção e transporte DIFEREM ENTRE OS ELEMENTOS

• Mobilidade também depende da fonte de nutrientes (Namídico > Nnítrico> Namoniacal)

• Uréia (Namídico) – alta velocidade de absorção – aumento da [NH3] – atividade da urease nas folhas – toxidez à planta

Velocidade de absorção de nutrientes aplicados as folhas (Malavolta, 1980)

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Nutriente Tempo para 50% de absorção N - Uréia 0,5 a 36 h. P - H2PO4

- 1 a 15 dias K - K+ 1 a 4 dias Ca - Ca2+ 10 a 96 h. Mg - Mg2+ 10 a 24 h. S- SO4

2- 5 a 10 dias Cl - Cl- 1 a 4 dias Fe - Fe-EDTA 10 a 20 dias Mn - Mn2+ 1 a 2 dias Mo - MoO4

2- 10 a 20 dias Zn - Zn2+ 1 a 2 dias

Composição da solução

Grupo de nutrientes

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Composição da solução

- Facilmente laváveis (> 25%): Na e Mn- Moderadamene laváveis (1 a 10%): K, Ca, Mg e S- Dificilmente laváveis (< 1%): Fe, Zn, Cl e P

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Composição da solução

• Íon acompanhante altera velocidade de absorção (Mg2+ - NO3

- > Cl- > SO4

2-)

• Antagonismo - inibição competitiva (micronutrientes catiônicos) e inibição não competitiva BxZn) e sinergismo (MgxP)

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Composição da solução

Fontes de zinco Zu - folhas (ppm) Índice

Testemunha 13 46

Sulfato de zinco 28 100

Cloreto de zinco 56 200

Nitrato de zinco 43 154

Sulfato de Zn + KCl 39 139

Fonte: Adaptado de GARCIA & SALGADO (1981).

Efeito das fontes de zinco na absorção donutriente pelo cafeeiro

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Luz

• Fotossíntese – CHO (respiração – ATP)

• Permeabilidade das membranas x abertura estomática

Percentagem do N aplicado, recuperado na planta de algodão, em função do pH da solução e do tempo de absorção (Rosolem et al.,1990).

10

30

50

70

90

0 3 6 9 12 15 18 21 24Tempo, horas

N r

ecup

erad

o pe

la p

lant

a, %

pH 7,5

pH 4,0

pH 6,0

pH 3,0

Diferença de 6h

5,5 11,5

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

pH da solução

0

50

100

0 30 60

Tempo / minutos

Ab

so

ão

%

LUZ, 30°C, pH 3,0

ESCURO, 30°C, pH 6,0

LUZ, 30°C, pH 6,0 + B ou Cu

LUZ, 30°C, pH 6,0

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Fatores que influenciam a absorção do zinco pelas folhas do cafeeiro.

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Fatores internos

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Umidade da cutícula => caminhamento do nutriente na fase passiva

Superfície da folha => página inferior => estômatos

Fatores internos

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Estado iônico interno

Planta sob suficiência x deficiência?

Qto > a conc. de nutriente nas folha, maior será a dificuldade na absorção de novos elementos

Fatores internos

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Idade da folha

> desenvolvimento da cutícula: BARREIRAS e < Fotossíntese

Fatores internos

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Genético

Absorção ativa => Carregadores

Genótipos

≠ Km

Fatores internos

Fatores internos e externos que afetam a absorção de nutrientes

Genético

[C]

Ve

loc

ida

de

de

ab

so

rçã

oV

máx

.V

máx

./2

KmCmin.

Concentração da solução

Relação da concentração iônica da solução e a velocidade de absorção (eq. de Michaelis-Menten).

(Km: concentração do elemento que garante ½ de Vmáx. = medida da afinidade do nutriente pelo carregador; Cmin. = concentração inicial mínima em que não há absorção).

Classificação da mobilidade comparada dos nutrientes aplicados nas folhas (Marschner, 1986)

Móveis Parcialmente/pouco móveis Imóveis S, Zn, Cu B N, P, K, Mg, Cl

Mn, Fe, Mo Ca

Fatores externos e internos que afetam a absorção de nutrientes pelas folhas

Qual aplicação prática da mobilidade de nutrientes no floema?

Vantagens da adubação foliar

Alto índice de utilização pelas plantas dos nutrientes aplicados via foliar

Correção de deficiência de micros em curto prazo

Possibilidade de aplicação dos nutrientes junto com defensivos

Resultados de pesquisa

Exigência nutricional do amendoim

N:300; P=27; K=244 kg ha-1 (Halevy e Hartzook, Peanut Science,v.15,1988)

SoloFolha

Resultados de Pesquisa

Co+Mo (via foliar, semente e semente+foliar) em Amendoim (cv. Runner IAC 886) em 2 solos (em vasos).

Sem efeito no número e massa de nódulos e na MSPA (Moatans et al. (Unimar,2008)

Resultados de Pesquisa

Halevy et al. Nutrient Cycling in Agroecosystems,v.14,1987), estudaram aplicação foliar em amendoim na fase de formação de vagens, de P (1), N (10), K (3) e S (0,5 kg ha-1), em solo arenoso em Israel.

Não houve efeito na produção nos 2 anos avaliados.

Resultados de Pesquisa

Singh et al. Nutrient Cycling in Agroecosystems,v.24,1990), estudaram aplicação de altas doses de calcário e avaliaram aplicação Fe via foliar e solo em amendoim. A via foliar (0,5% Fe-EDTA) foram aplicadas aos 20, 35, 50, 65 DAE.

Houve efeito na produção, destacando a aplicação via foliar, reduzindo a queda na produção de 30% para 17% em relação ao controle.

Resultados de Pesquisa

Powell et al. (Peanut Science,v.23,1996), estudaram aplicação foliar de Mn em amendoim cultivado em solo arenoso da Virginia.

Houve efeito na produção nos 2 anos avaliados.

A dose de Mn indicada foi de 3-6 kg ha-1 por aplicação, na forma de Mn-EDTA, iniciando 4 a 6 semanas após o plantio, com pelo menos três aplicações em intervalos de 2 semanas.

Resultados de Pesquisa

Sistani e Morrill. Journal of Environmental Science and Health,v.27,1992), estudaram aplicação foliar de P (3,5mg L-1), na forma de KH2PO4, em amendoim, em Oklahoma.

Não houve efeito na produção no 1º.ano, entretanto, houve no 2º.ano.

Resultados de Pesquisa

Walker et al. (Peanut Science,v.9,1982), estudaram aplicação foliar em amendoim em diferentes fases de desenvolvimento e doses de N, P, K e S.

Não houve efeito na produção nos 4 anos avaliados.

Resultados de Pesquisa

P via foliar (20 a 25 e 30 a 35 dias) em 10 aplicações aumentaram o rendimento do amendoim em cultivo hidropônico. (Malakondaiah e Rajeswararao – Plant and Soil, 1979).

Resultados de Pesquisa

Indicação técnica de adubação foliar Vietna

Nacional Institute for Soil and Fertilizers (Hanoi)

Aplicar fosfato monopotássico a 0,25% em 2 aplicações (estádio 5-6 folhas e antes do florescimento).

Resultados de Pesquisa

Indicação técnica de adubação foliar

Korndorfer

(Doses recomendadas por bomba de 2000 L de água)

1a aplicação: 15 dias após a emergência c/4 kg de 10-50-10 e 4 kg de micron.

2a aplicação: 30 dias após a emergência, c/4 kg de 10-50-10 e 4 kg de micron.

3a aplicação: No ínico do florescimento c/2 kg de 10-50-10, 2 kg de micron. e 4 kg de Ca.

4a aplicação: Em pleno florescimento c/2 kg de 10-50-10, 2 kg de micron. e 4 kg de Ca.

5a aplicação: Emissão do esporão ou ginóforo c/2 kg de 10-00-40 e 6 kg de Ca.

Resultados de Pesquisa

Boletins Oficiais de recomendação de adubação

Não consta indicação de adubação foliar para cultura do

amendoim

Considerações finais

A resposta da planta em função da adubação foliar

Depende

Solo – teores baixo de nutrientes

Planta – estado nutricional deficiente

Nutriente (Se “nutriente problema” é macro ou micronutriente)

Ambiente (T e UR do Ar adequadas; déficit hídrico momentâneo)

Épocas ideais (estratégia de aplicação)

Considerações finais

Planta – estado nutricional deficiente

O que seria planta de Amendoim deficiente?

Macronutrientes Micronutrientes

g kg-1 mg kg-1

N 30-45 B 25-60

P 2-5 Cu 5-20

K 17-30 Fe 50-300

Ca 12-20 Mn 20-350

Mg 3-8 Mo 0,1-5,0

S 2-3,5 Zn 20-60

Valores referente ao tufo apical do ramo principal, na época do florescimento, tem 50 plantas por talhão homogêneo (Ambrosano et al., 1997) (Gillier & Silvestre, 1969)

Considerações finais

Planta – estado nutricional deficiente

O que seria planta de Amendoim deficiente?

g kg-1

N 33-39

P 1,5-2,5

K 10-15

Ca 2

Mg 3

S 1,9-2,5

7ª folha aos 40 dias após o plantio. Plank, 1989

Considerações finais

Implicações do fornecimento de nutrientes via folha

Macronutrientes

Alta Exigência nutricional

Pouca área foliar no início da cultura

Problemas de queima de folhas

Formas de P e K pouco se adaptam a aplicação foliar

Custo de operação

Considerações finais

Implicações do fornecimento de nutrientes via folha

Micronutrientes

Considerar: Exigência e a Mobilidade

Considerações finais

Alta qualidade da água

Controle pH da solução

Não atende exigência dos

macros

Considerações finais

Em Micros: > frequencia

Tecnologia de aplicação adequada: regulagem

Horário adequado de aplicação

Uso de espalhantes

Considerações finais

A aplicação foliar não deve ser utilizada como regra de substituição da via solo e sim um complemento

Obrigado!

rmprado@fcav.unesp.br