Post on 22-Apr-2015
Usuários de drogas HIV+Usuários de drogas HIV+
Propondo respostas mais eficazesPropondo respostas mais eficazes
Mônica Malta
Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro
E-mail: momalta@cict.fiocruz.br
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Na cena de drogas brasileira, a substância ilícita mais utilizada é a cocaína. Devido aos padrões específicos de uso desta droga – uso repetitivo e continuado – usuários de cocaína freqüentemente se envolvem em comportamentos de maior risco: sexo desprotegido, múltiplos parceiros e envolvimento em sexo comercial.
Estes comportamentos colocam usuários de cocaína sob risco acrescido frente ao HIV/AIDS e demais ISTs.
IntroduçãoIntrodução
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As principais rotas de tráfico e áreas produtoras de cocaína estão localizadas na América Latina.
Segundo o UNODC (2006), a vasta maioria da cocaína disponível mundialmente é produzida na Colômbia (54%), Peru (30%) e Bolívia (16%) – Mapa 1.
Conseqüentemente, as principais rotas de tráfico da droga iniciam-se nestes países e passam, muitas vezes, pelo continente brasileiro – Mapa 2.
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Mapa 1: Principais áreas de cultivo de Mapa 1: Principais áreas de cultivo de
coca mundiais. Colômbia, Peru e Bolívia. 2003-2005coca mundiais. Colômbia, Peru e Bolívia. 2003-2005
Fonte: UNODC, 2005
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Mapa 2: Apreensão de cocaína entre 2002-2004 e rotas de tráfico de Mapa 2: Apreensão de cocaína entre 2002-2004 e rotas de tráfico de cocaína, entre países que relataram apreensão de cocaína, entre países que relataram apreensão de 10kg do produto10kg do produto
Fonte: UNODC, 2006
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Mapa 3: Uso de cocaína 2003 – 2005 (ou último ano disponível)Mapa 3: Uso de cocaína 2003 – 2005 (ou último ano disponível)
Fonte: UNODC, 2006
0.5-1% da população:
900.000 – 1.800.000
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Fonte: UNAIDS, 2006
Mapa 4: Visão Global da Epidemia de HIV/AIDS38 milhões de pessoas [33.4 – 46 milhões] vivendo com HIV, 2005
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A epidemia de HIV/AIDS associada aos UDIs no Brasil seguiu, no seu início, basicamente as rotas de tráfico da cocaína que interligam a fronteira oeste (Bolívia/Colômbia) aos principais portos localizados no SE.
Mais recentemente, o tráfico e o consumo de cocaína e a difusão do HIV e de outras infecções transmitidas pelo sangue têm sido observados na costa sul do Brasil.
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Em alguns municípios desta faixa litorânea, mais de 50% de todos os casos de AIDS notificados foram reportados entre UDIs.
Itajaí, Camboriú e Balneário de Camboriú, no estado de Santa Catarina, estão entre os municípios com as mais elevadas taxas de incidência de AIDS do Brasil, sendo a maioria destes casos de AIDS registrada entre UDIs e seus parceiros sexuais
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Mapa 5: Incidência acumulada de AIDS (por 100.000 habitantes) entre Mapa 5: Incidência acumulada de AIDS (por 100.000 habitantes) entre UDIs. Brasil, 1984-2000.UDIs. Brasil, 1984-2000.
Fonte: Hacker et al., Cad Saude Publica. 2006 Apr;22(4):751-60.
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O papel central dos UDIs na dinâmica da epidemia
de HIV/AIDS no do sul do Brasil explica, em parte,
a rápida e continuada expansão do HIV na região,
a qual afeta também um grande número de
mulheres (a maioria parceiras de UDIs) e prole
(Figura 1), contribuindo para um declínio menos
acentuado da mortalidade por AIDS no sul do país,
se comparado às taxas observadas no Brasil como
um todo (Figura 2).
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Figura 1: Taxas de incidência (por 100 mil habitantes) de AIDS em mulheres (com parceiro UDI) em idade fértil (15 a 49 anos). Brasil, 1984-2000
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Sudeste
Sul
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Incidência de HIV/AIDS entre UDIsIncidência de HIV/AIDS entre UDIs
Figura 2: Incidência de AIDS (por 100.000 habitantes) para categoria de exposição UDI entre 15 - 54 anos. Brasil, 1984-2000
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Sudeste Sul
SE começa a decrescer início 90s
S incidência continua aumentando até fim 90s
96/97 – S > SE desde então
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Usuários de cocaína têm um padrão de uso contínuo e repetitivo
O compartilhamento e/ou reutilização de seringas/canudos/cachimbos é freqüente
Muitos usuários de cocaína estão envolvidos no sexo comercial
O uso de drogas influencia a adoção de sexo desprotegido
Risco para parceiras/os e prole
Principais questõesPrincipais questões
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Na maioria dos países, uma grande parcela dos UDs HIV+ não tem acesso a uma assistência integral e adequada
Novas formas de abordagem precisam ser elaboradas para localizar e engajar UDs HIV+ que não costumam procurar tratamentos de saúde
O HIV é um dentre uma enorme gama de problemas que estes indivíduos enfrentam
A questão em siA questão em si
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A redução das diversas barreiras de acesso que UDs HIV+ enfrentam requer:Um atendimento multidisciplinar voltado às
necessidades de cada paciente;Abordar e responder a prioridades
aparentemente “não médicas” do paciente;Um contínuo suporte psico-social;Abordar as necessidades específicas de UDs
(acesso a materiais estéreis, a tratamento para DQ, manejo de recaídas…)
Cuidar da pessoa como um todo e não apenas da infecção pelo HIV
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Questões que deveriam guiarQuestões que deveriam guiaras ações voltadas para UDs HIV+as ações voltadas para UDs HIV+
Aonde podem ser encontrados UDs HIV+ ou UDs vulneráveis ao HIV, que ainda não estejam engajados em serviços de saúde?Quem são eles? Quais suas necessidades?Quais as ações de RD que podem ser oferecidas àqueles que não querem ou não se sentem prontos a se engajar no tratamento ARV?Como podemos mensurar a eficácia e avaliar a replicabilidade das ações?
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DificuldadesDificuldades
Localizar indivíduos sob vulnerabilidade acrescida,
Acessá-los através de um modelo eficaz de redução de danos
Engajá-los e apoiar sua retenção nos níveis apropriados de assistência primária, secundária e terciária, serviços voltados para a prevenção, serviços de saúde mental, de apoio social e/ou tratamento de DQ.
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Uma ação em RD paraUma ação em RD paraestimular a aderência à terapia ARVestimular a aderência à terapia ARV
Para assegurar que UDs HIV+ tenham acesso a serviços voltados para a aderência nos diversos momentos de seu tratamento com HAART
Para envolver clientes no desenho de intervenções voltadas à aderência que estejam de acordo com suas necessidades específicas, tendo como base os conhecimentos atuais sobre aderência e as vivências específica do grupo acessado
Para responder às necessidades específicas de UDs HIV+ (DQ, recaídas, moradias instáveis, co-infecções mais freqüentes– HCV/HBV…)
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Prevenção-Assistência-Prevenção-Assistência-PrevençãoPrevenção
Manejo abrangente do processo de adoecimento
Manejo abrangente da sensação de “bem estar” e possíveis recaídas ligadas ao fato de ‘sentir-se com saúde’ e otimismo
Manejo abrangente da dependência química
Manejo de riscos adicionais através de uma ampla gama de ações (aconselhamento, trabalho de campo…)
Oferecer permanente acesso a insumos de prevenção (camisinhas, materiais estéreis…)
Disponibilizar ações educativas voltadas para a prevenção e assistência que sejam culturalmente adequadas
Estabelecer links eficazes entre diferentes serviços – CTAs, PRDs, tratamento de DQ, Centros de HIV/AIDS...
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Objetivos de um modelode serviço mais aberto e acessível
Disponibilizar Disponibilizar serviços de prevenção aonde estão os indivíduos mais vulneráveis
Estimular Estimular o acesso a medidas preventivas e diagnóstico precoce
TrazerTrazer indivíduos para serviços de assistência
ManterManter os clientes em tratamento
ReduzirReduzir riscos adicionais
EstabelecerEstabelecer links entre ações de prevenção e tratamento
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Trabalho Trabalho de campode campo
Tratamento Tratamento e apoioe apoio
PrevenPrevenção & ção & AssistênciaAssistência
Um programa de suporte ideal deveria responder às multiplas necessidades da população atendidaAcesso a estratégias de prevençãoSuporte psico-socialReinserção socialCidadaniaTratamento...
Para isso é necessário construir uma rede de serviços e profissionais trabalhando em conjunto
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Aderência requer umAderência requer umcontínuo trabalho de equipecontínuo trabalho de equipe
Através de uma rede eficiente de profissionais trabalhando no campo e no serviço de saúde, é possível identificar as diversas necessidades dos indivíduos acessados e/ou de sua comunidade.
Esta rede possibilita uma melhor interlocução entre serviço e comunidade, facilitando a testagem, o engajamento de indivíduos em HAART, o acompanhamento mais eficaz destes indivíduos e um melhor manejo de recaídas.
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Reduzindo a separaçãoReduzindo a separaçãoentre clientes e profissionais de saúde.entre clientes e profissionais de saúde.
Ter uma equipe que conte com:
Profissionais na linha de frente (no serviço e em campo)
Profissionais de saúde e atendimento Psico-social
Elaborar melhores links entre prevenção e assistência
Estabelecer constantes reuniões de equipe, facilitando o manejo de casos específicos e o controle de qualidade
Estabelecer melhores links entre CTAs, serviços de HIV/AIDS, serviços para DQ e ONGs comunitárias
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Uma metodologia de RDUma metodologia de RDvoltada para Aderênciavoltada para Aderência
Os pacientes podem estar prontos para:Os pacientes podem estar prontos para: Ir ao serviço de triagem, mas não ao atendimento individual Participar de um grupo de terapia ocupacional, mas não de
um acompanhamento psicológico individual Fazer um exame de sangue, mas não um exame médico
completo Ir ao dentista, mas não ao infectologista Engajar-se em um tratamento de detox, mas não começar
uma profilaxia para Pneumonia/TB Tomar AZT para reduzir o risco de transmissão perinatal,
mas não começar seu próprio tratamento ARV
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Lições AprendidasLições Aprendidas
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O Brasil representa um paradigma
entre países em desenvolvimento, por possuir uma ampla rede de programas de prevenção voltados para diversas populações mais vulneráveis (UDs, profissionais do sexo, MSM) a grande maioria financiado ou co-financiado pelo MS.
O país também foi o primeiro a oferecer acesso universal e gratuito à terapia ARV, sendo possivelmente o único a oferecer uma gama tão ampla de serviços para assistência de PLWHAs.
Tendo isto em mente, a experiência brasileira apresenta diversas lições a serem aprendidas por outros países, alguns dos quais mais ricos, com mais infra-estrutura, mais profissionais, mais serviços disponíveis...
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Porém, principalmente
nas áreas metropolitanas do sul e sudeste do país, UDIs e seus parceiros sexuais têm desempenhado um papel central na dinâmica da epidemia de HIV/AIDS.
Esta incidência elevada de HIV/AIDS entre UDIs e usuários de drogas em geral representa um importante desafio para a saúde pública.
O manejo de usuários de drogas HIV-positivos é complexo, requer uma equipe bem treinada e intervenções mais complexas
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Muito já foi alcançado através dotrabalho conjunto de profissionais, ativistas, formuladores de políticas, representantes da sociedade civil e redes de agências nacionais/internacionais.
Porém ainda existe muito a ser feito em um país com dimensões continentais, no qual as desigualdades sociais e econômicas, o estigma e o preconceito voltado a comunidades mais vulneráveis e a minorias diversas ainda chega a níveis inaceitáveis.
Tais problemas muitas vezes acabam influenciando o acesso de populações mais vulneráveis a ações preventivas e assistenciais, como UDs/UDIs, seus parceiros/as e descendentes.
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Etapas futuras: Treinamento
Elaboração de normas para manejo de UDs
Elaboração de manual para manejo de UDs HIV+
Manual a ser adotado pela OPAS e pelo PN DST/AIDS
Treinamentos nacionais e na América Latina, para Profissionais de Saúde
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““Há uma coisa dentro de mim, contagiosa e Há uma coisa dentro de mim, contagiosa e
mortal, perigosíssima, chamada VIDA, que mortal, perigosíssima, chamada VIDA, que
lateja como desafio...”lateja como desafio...”
Herbert DanielHerbert Daniel