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MEMÓRIAS DA BELÉM DE ANTIGAMENTE EM CARTAS E DIÁRIOS DE MÁRIO DE
ANDRADE
JAYNA KAROLYNE DE SOUZA SANTOS1
RESUMO
O presente artigo centra-se na viagem que o escritor Mário de Andrade, um dos líderes do Modernismo no Brasil, realizou à Amazônia em 1927, a convite de Dona Olívia Guedes Penteado, aristocrata do café e mecenas dos modernistas. Durante o périplo, Mário conheceu várias cidades, mas nenhuma o encantou tanto como Belém do Pará. Os relatos do poeta sobre a cidade encontram-se nas cartas, trocadas com o amigo Manuel Bandeira, e no diário de viagem “O turista aprendiz”. Entretanto, apesar de as correspondências e o diário de Mário estarem sendo temas de artigos e dissertações nas principais universidades do país, a bibliografia disponível sobre esse assunto ainda é muito pequena, especialmente aquela que trata a passagem de Mário por Belém do Pará. Assim sendo, busco analisar as experiências de Mário de Andrade na Amazônia, particularmente na capital paraense, por meio das cartas que o escritor trocou com Manuel Bandeira, uma vez que elas funcionam como aperitivo para os relatos contidos no diário “O turista aprendiz”. Como metodologia, desenvolvi uma pesquisa de natureza qualitativa. Esta pesquisa está dividida em três momentos. No primeiro, trataremos da discussão teórica acerca do movimento modernista e da obra de Mário de Andrade como um todo, a fim de fundamentar a nossa análise, a qual terá como base as reflexões de estudiosos, como: Alfredo Bosi (2006), Massaud Moisés (2001), entre outros. No segundo momento, apresentaremos as cartas que Mário de Andrade trocou com Manuel Bandeira, dando ênfase às suas experiências em Belém do Pará. Por fim, no terceiro momento, faremos algumas considerações sobre o que foi observado nessa pesquisa. A partir deste trabalho, compreendeu-se a importância dos arquivos pessoais para os estudos históricos e literários.
Palavras-chave: Cartas. Belém do Pará. Mário de Andrade.
INTRODUÇÃO
Produzimos arquivos pessoais de nossas vidas diariamente nas mais diversas situações, de
modo que, segundo Philippe Artières (1998, p. 9), se imaginássemos um lugar onde tivéssemos
1Universidade do Estado do Pará (UEPA), graduanda em Letras – Língua Portuguesa, jaynakarolyne@gmail.com.
XXII Semana Acadêmica do CCSE/UEPA. “O que será o amanhã: escola, universidade e cidadania”. Belém, v.xx, n.xx, p. xxx – xxx, mês/mês. 2017http://ccse.uepa.br/ccse /anais
e-ISSN: 2237-9320
conservado todos esses arquivos, encontraríamos cartas, bilhetes, contracheques, fotos antigas,
diários, entre outros papéis.
Poucos sabem que os arquivos pessoais são uma preciosa fonte de estudo para as pesquisas
históricas e literárias, pois neles quase tudo pode ser encontrado – diários, correspondências,
recortes de jornais e/ou revistas, por exemplo – e utilizado para a compreensão de uma determinada
época e/ou sociedade, aponta Pimenta (2010, p. 1).
Ao estudarmos os arquivos pessoais de um escritor, como a sua correspondência e o seu
diário, temos a oportunidade de vivenciar as suas preocupações, sentimentos, opiniões, preferências,
hábitos, experiências, além de vislumbrar, conforme Vasconcellos (2001, p. 10), outros pontos de
sua obra que passariam despercebidos se esses arquivos não fossem preservados.
Em 1927, Mário de Andrade participou de uma excursão em companhia da aristocrata do
café e mecenas dos modernistas, Olívia Guedes Penteado, de sua sobrinha Margarida Guedes
Penteado e de Dulce do Amaral Pinto, filha de Tarsila do Amaral. A viagem durou três meses,
compreendendo “do Rio de Janeiro até a Bolívia e o Peru, navegando por toda a costa brasileira até
Belém e depois por rios da região, entre eles, Amazonas, Negro, Solimões e Madeira” (TORELLY.
In: ANDRADE, 2015, p. 11). Suas experiências foram registradas em cartas, trocadas com Manuel
Bandeira, e no diário “O turista aprendiz”, em que o poeta narra, além desta viagem, uma outra
realizada em novembro de 1928/29 ao Nordeste. Entretanto, apesar de as correspondências e o
diário de Mário estarem sendo temas de artigos e dissertações nas principais universidades do país,
a bibliografia disponível sobre esse assunto ainda é muito pequena, especialmente aquela que trata a
passagem de Mário por Belém do Pará.
Nas cartas e no diário de viagem do escritor, podemos encontrar memórias da Belém de
antigamente, isto é, traços importantes da sociedade e da história de nossa cidade, que naquele
período apresentava resquícios de um passado recente: por três décadas (1891-1918) Belém
experimentou as riquezas proporcionadas pela extração do látex.
Assim sendo, busco analisar as experiências de Mário de Andrade na Amazônia,
particularmente na capital paraense, por meio das cartas que o escritor trocou com Manuel
Bandeira, uma vez que elas funcionam como aperitivo para os relatos contidos no diário “O turista
aprendiz”. Como metodologia, desenvolvi uma pesquisa de natureza qualitativa, pois ela, conforme
Neves (1996, p. 1), costuma ser direcionada ao longo de seu desenvolvimento, não procura
enumerar ou medir eventos e, geralmente, não faz uso de instrumentos estatísticos para a análise
dos dados, além disso, seu foco de interesse é amplo.
Esta pesquisa está dividida em três momentos. No primeiro, trataremos da discussão teórica
acerca do movimento modernista e da obra de Mário de Andrade como um todo, a fim de
fundamentar a nossa análise, a qual terá como base as reflexões de estudiosos, como: Alfredo Bosi
(2006), Massaud Moisés (2001), entre outros. No segundo momento, apresentaremos as cartas que
Mário de Andrade trocou com Manuel Bandeira, dando ênfase às suas experiências em Belém do
Pará. Por fim, no terceiro momento, faremos algumas considerações sobre o que foi observado
nessa pesquisa.
1. O Modernismo no Brasil
Conforme Antonio Candido (1997, p. 68-69), o Modernismo, assim como o Romantismo,
foi, além de um movimento literário, um movimento cultural e social de grande amplitude. Ele
proporcionou a reavaliação da cultura brasileira, principalmente, por coincidir com outros fatos
importantes no campo político e artístico, causando a impressão de que na altura do Centenário de
Independência (1922) o Brasil realizava uma cartesiana reflexão sobre si mesmo e abria novas
perspectivas após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), cujas transformações aceleraram o
processo de industrialização e iniciaram um breve período de prosperidade para o principal produto
de exportação brasileiro, o café. Vale ressaltar que o movimento está intimamente relacionado a um
acontecimento datado e público, que marcou a sociedade brasileira por suas ideias inovadoras: A
Semana de Arte Moderna, realizada no período de 13 a 19 de fevereiro de 1922, na cidade de São
Paulo, como aponta Alfredo Bosi (2006, p. 323).
De acordo com o autor, como os organizadores da Semana de Arte Moderna traziam ideias
estéticas originais em relação às duas últimas correntes literárias, o Parnasianismo e o Simbolismo,
os historiadores da cultura brasileira acreditaram que “modernista” fosse adjetivo suficiente para
exprimir o estilo da nova estética que surgira, e “Modernismo” tudo o que viesse a se escrever sob a
égide da Semana de Arte Moderna. No entanto, Bosi (2006, p. 323) considera esses termos pouco
esclarecedores, sendo necessário definir alguns pontos por trás dessa vaguidade, tais como: as
situações socioculturais que marcaram o Brasil desde o início do século e as correntes de vanguarda
europeias, que tinham modificado a herança do Realismo e do Decadentismo. É por meio da análise
desses pontos que podemos entender o porquê de São Paulo ter sido o centro irradiador do
Modernismo; as instâncias nacionalistas e cosmopolitas do movimento; suas faces ideologicamente
conflitantes; e, a partir do conhecimento das vanguardas europeias, as opções estéticas da Semana
bem como a evolução dos escritores que dela participaram.
De acordo com Cotrim (2005, p. 458), a porção da história política brasileira que vai de
1889 a 1930 costuma ser classificada pelos estudiosos, como: República Oligárquica, República do
Café com Leite, República Velha ou Primeira República. Esse período, especificamente de 1894 a
1930, foi marcado pelo controle político e econômico dos grandes proprietários rurais de São Paulo
(grande produtor de café) e de Minas Gerais (grande produtor de leite), que exerciam a política do
“café com leite”, afirma Bosi (2006, p. 323).
A durabilidade desse sistema dependia, em grande parte, do equilíbrio entre a produção e as
exportações de café; o que foi logo percebido pelos fazendeiros, que deram ao Estado o papel de
comprador dos excedentes para a garantia de preços em virtude das oscilações do mercado,
acrescenta Bosi (2006, p. 323-324). E continua, essa “nobreza” fundiária não esgotava a faixa do
que se costuma chamar “classes dominantes”. Havia, ainda, uma principiante burguesia industrial
em São Paulo e no Rio de Janeiro; profissionais liberais; e o exército, grupo fundamental que,
embora economicamente preso às camadas sociais médias, vinha exercendo desde a proclamação da
república um papel político de grande relevo.
Em meio a essa organização política e social, a sociedade brasileira vai se modificando em
virtude dos processos de urbanização e a vinda de imigrantes europeus para o centro-sul.
Simultaneamente, ignoram-se os antigos escravos em várias regiões do país. Ampliam-se,
consequentemente, a classe média, a classe operária e a classe do subproletariado. A cultura
canavieira no Nordeste entra em colapso por não poder competir nem em capitais, nem em mão-de-
obra, com o crescimento do café paulista, aponta Bosi (2006, p. 324).
Para o autor, esse cenário nos mostra que os polos da vida pública nacional estavam cada
vez mais divididos: de um lado, conjuntos políticos controlados pelas oligarquias rurais; de outro, as
novas camadas socioeconômicas que o poder oficial não representava. Por isso, havia ideologias em
conflito: o conservadorismo agrário não se adaptava à mente inquieta dos centros urbanos,
vulnerável às influências europeias e norte-americanas na sua faixa burguesa, e repleta de pontos
radicais nas suas camadas média e operária. Em resumo, a situação comportava: a) uma visão
estática do mundo; b) um pensamento liberal com traços indefinidos; c) um complexo mental
pequeno-burguês, de classe média, oscilante entre o puro ressentimento e o reformismo; e d) uma
atitude revolucionária.
No entanto, devemos associar esse panorama social à realidade de um Brasil plural, uma vez
que os conflitos ocorreram em tempos e lugares diferentes, parecendo exprimir tensões meramente
locais. Como exemplos, o autor cita:
O núcleo jagunço de Canudos, matéria de Os Sertões de Euclides da Cunha, o fenômeno do cangaço, o “caso” do Padre Cícero em Juazeiro, no primeiro quartel do século, refletiram a situação crítica de um Nordeste marginalizado e, portanto, aderente a soluções arcaicas. Os movimentos operários em São Paulo, durante a guerra de 1914-18 e logo depois, eram sintoma de uma classe nova que já se debatia em angustiantes problemas de sobrevivência numa cidade em fase de industrialização. E as tentativas militares de 22, de 24, e a Coluna Prestes, em 25, significavam a reação de um grupo liberal-reformista mais afoito que desejava golpear o status quo político, o que só ocorreria com a Revolução de 30 (BOSI, 2006, p. 325).
Esses movimentos possuem desfechos isolados, mas juntos exibem uma nação que se
desenvolvia às custas de graves desequilíbrios políticos, sociais e econômicos. E é em meio a essa
conjuntura que o intelectual brasileiro da década de 20 foi sendo moldado, as suas ideias iriam
definir o Modernismo brasileiro, comenta o autor.
De acordo com Bosi (2006, p. 325), o contato que os setores mais agitados de São Paulo e
do Rio de Janeiro mantinham com a Europa exerceu grande influência nas decisões tomadas por
esses intelectuais. Nesse período começam a ser lidos os futuristas italianos, os dadaístas e os
surrealistas franceses. Ouve-se as músicas de Debussy e Millaud. Assiste-se ao teatro de Pirandello
e ao cinema de Chaplin. Conhece-se o cubismo de Picasso, o primitivismo da Escola de Paris e o
expressionismo plástico alemão. Fala-se da psicanálise de Freud, do relativismo de Einstein e do
intuicionismo de Bergson. Chegam os primeiros ecos da Revolução Russa, do anarquismo
espanhol, do sindicalismo e do fascismo italiano.
O fato cultural mais importante antes da Semana, que serviu como uma espécie de
termômetro da opinião pública paulista em relação às novas tendências, foi a Exposição da artista
plástica Anita Malfatti em dezembro de 1917. De acordo com Bosi (2006, p. 356), Monteiro Lobato
a atacou ferozmente num artigo intitulado “Paranoia ou Mistificação?”. A contradição moderno-
antimodernista dividia a mente de Lobato, afirma o autor.
2. Da Semana de Arte Moderna ao Modernismo
Para Castro (1999, p. 39), a Semana de Arte Moderna não foi o acontecimento mais
importante do movimento modernista e, por isso, não deve ser tomada como um evento que lançou
uma nova literatura ou uma nova época cultural. Conforme o autor, a Semana não representa uma
síntese teórica em si mesma e não deve ser vista como um fator histórico condicionador do futuro.
Em sua concepção, a Semana é, portanto, um evento importante historicamente, fruto de uma
programação racional que almejava atividades e resultados duradouros, sendo, então, referência
essencial para compreendermos o sistema da modernidade inaugurado pelos modernistas brasileiros
de 1922.
Na matéria apresentada e na forma usada para a própria representação, a Semana quis ser,
nas palavras de Castro (1999, p. 40), radical, irracional e aberta. No entanto, para o autor, ela
configurou-se como uma denúncia pública da literatura passadista e da cultura conservadora de
apoio.
O autor recorda que os jovens escritores brasileiros se apropriaram das propostas futuristas e
marinettianas, dando ênfase aos princípios do Manifesto-Fundação, de 1909, bem como aos
posteriores manifestos técnicos da vanguarda italiana. Paralelamente à linha futurista, as
contribuições do expressionismo e do dadaísmo influenciaram os vanguardistas que nasciam. No
entanto, a Semana apresenta-se dadaísta, opta pelo sistema dos espetáculos de choque que
caracterizam o movimento de Tzara desde as primeiras manifestações públicas do “Café Voltaire”,
de Zurique, aponta Castro (1999, p. 41).
Quanto ao espaço, escolheu a cidade de São Paulo, particularmente, o Teatro Municipal
como sede, embora os organizadores da Semana tivessem em mente que o movimento devia ser
nacional e não somente no eixo cultural Rio-São Paulo. Quanto ao tempo, realizou-se entre 13 e 17
de fevereiro de 1922, conforme explica Castro (1999, p. 41).
De acordo com Massaud Moisés (2001, p. 18), a Semana de Arte Moderna foi
provavelmente sugerida por Di Cavalcanti e aceita por Graça Aranha, que logo tomou a iniciativa
de colocá-la em prática. Assim, três festivais compuseram o evento, que incluía uma parte literária,
uma musical e uma plástica. Conforme, detalhadamente, explica o autor:
No dia 13, segunda-feira, teve lugar o primeiro festival, aberto com uma conferência de Graça Aranha, “A emoção Estética na Arte Moderna”, ilustrada com música executada por Ernâni Braga e poesia por Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho, seguida de execução de música de Villa-Lobos; da segunda parte, constou uma conferência de Ronald de Carvalho, “A Pintura e a Escultura Moderna no Brasil”, e a seguir solos de piano por Ernâni Braga. Na quarta-feira, dia 15, transcorreu o segundo festival; o programa consistia numa palestra de Menotti del Picchia, “ilustrada por poesias e trechos de prosa por Oswald de Andrade, Luís Aranha, Sérgio Milliet, Tácito de Almeida, Ribeiro Couto, Mário de Andrade, Plínio salgado, Agenor Barbosa e dança pela senhorinha Yvone Daumerie”; a seguir, solos de piano de Guiomar Novais; no intervalo, Mário de Andrade proferiu palestra na escadaria interna do teatro, acerca da exposição de artes plásticas; na segunda parte, Renato Almeida falou da “Perennis Poesia”, seguindo-se números de canto e piano; o programa do terceiro festival, no dia 17, incluía música de Villa-Lobos. Ao mesmo tempo, o saguão do teatro exibia pintura de Anita Malfatti, Di Calvacanti, John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, J. F. de Almeida Prado, Ferrignac (Inácio da Costa Ferreira), Vicente do Rêgo Monteiro; arquitetura de Antônio Moya e George Przirembel; escultura de Victor Brecheret e W. Haarberg (MOISÉS, 2001, p. 19).
Segundo Castro (1999, p. 44), a vanguarda brasileira nascente buscava a integração das
artes. Como o movimento modernista era predominantemente literário, a maioria de seus membros
não ignorava a importância para a linguagem poética do inter-relacionamento com as linguagens
específicas das outras expressões artísticas. Além disso, os produtos artísticos de tipo visual, antes
de quaisquer outros, podiam provocar o público e romper com as expressões de arte conservadora.
Ainda conforme o autor, os produtos dos artistas plásticos de vanguarda apresentam-se como os
melhores instrumentos para a ruptura com o gosto artístico tradicional pela especificidade da sua
natureza espacial e pelo imediatismo da correspondente recepção por parte do espectador. Esse
mesmo processo ocorria, em menor escala, com os produtos da vanguarda musical.
De acordo com Coutinho (2004, p. 21), a Semana repercutiu entre as famílias de São Paulo
como algo escandaloso e até mesmo imoral. As testemunhas da época, segundo o autor, apontam
que à Semana não se referiam na presença de crianças, especialmente meninas. Nos lares
cochichava-se o assunto e desconversava-se com a chegada de pessoas do sexo feminino ou de
menores.
Para Candido (1997, p. 70), o movimento modernista brasileiro foi complexo e
contraditório, porém iniciou um período de transformações importantíssimas. Após ser considerado
excentricidade e afronta ao bom-gosto, acabou tornando-se um ícone de renovação e referência à
atividade artística e literária. O autor acredita que o Modernismo iniciou a fase mais produtiva da
literatura brasileira, uma vez que já estava maduro o suficiente para trabalhar com originalidade a
cultura nacional. E prossegue, a principal contribuição do Modernismo foi a defesa da liberdade de
criação e experimentação, pois os modernistas valorizaram na poesia os temas quotidianos tratados
com prosaísmo e quebraram a hierarquia dos vocábulos, adotando as expressões coloquiais mais
singelas, mesmo vulgares. Com essa postura, combateram a mania gramatical e defenderam a
diversidade linguística brasileira.
Os modernistas, segundo o autor, também, ignoraram as distinções entre os gêneros:
acrescentaram poesia à narrativa em prosa, abandonaram as formas poéticas tradicionais,
misturaram documento e fantasia, lógica e absurdo, além de recorrer ao primitivismo do folclore, ao
português deformado dos imigrantes, e ao uso de certas ordenações sintáticas com base nas línguas
indígenas. Além disso, o autor destaca que os românticos adocicaram a imagem do índio. Os
modernistas, ao contrário, buscaram no índio e no negro o primitivismo, que injetaram nos padrões
da civilização dominante como renovação. Entretanto, muitos modernistas acabaram caindo num
artificialismo semelhante ao dos românticos, principalmente os que foram buscar na tradição
indígena munição para um patriotismo ornamental.
Após este percurso histórico, conheceremos um pouco mais sobre o grande poeta que
inspirou a produção desse trabalho: Mário de Andrade.
3. Mário de Andrade: um escritor completo
Segundo os autores Benjamin Abdala Junior & Samira Youssef Campedelli (1997, p. 213),
Mário de Andrade foi um escritor completo, pois, além de poeta, contista e romancista, foi,
também, grande ensaísta, interessado em música, desenho, pintura, escultura e folclore. E, apesar da
vasta área de interesses, Mário não era um estudioso superficial, haja vista que buscou aprofundar-
se cada vez mais em tudo que fazia.
Mário estreou em 1917 com “Há uma Gota de Sangue em Cada Poema”, em que demostrou
sua sensibilidade ao caos promovido pela Primeira Guerra Mundial. Mas, é com a “Paulicéia
Desvairada” que o poeta obtém destaque. De acordo com Abdala Junior & Campedelli (1997, p.
213) esse livro de poemas tornou-se uma espécie de bandeira do movimento modernista em virtude
do liberalismo formal da obra. É em “Paulicéia Desvairada” que podemos encontrar o poema
“Inspiração”, em que a associação livre de ideias junto aos versos aparentemente desconexos
contribui para a imagem do “desvairismo” e da “polifonia” que o poeta quer transmitir.
Mário segue o mesmo princípio adotado em “Paulicéia Desvairada” para produzir “Losango
Cáqui”. Esses princípios estariam presentes em “Clã Jabuti” e em “Remate de Males”, acrescidos de
uma lírica mais contida e equilibrada, como no poema “Eu sou trezentos”. Já, em “Lira Paulistana”,
Mário concentra-se novamente na cidade de São Paulo em que emerge uma poesia político-
militante, apontam Abdala Junior & Campedelli (1997, p. 214).
A obra ficcional de Mário de Andrade revela um escritor engajado nas técnicas narrativas
vanguardistas e na incorporação de expressões puramente brasileiras, o que imprime a sua obra uma
originalidade sem precedentes, destacam os autores.
Mário buscou escrever as suas obras com base na língua corrente e nos modismos populares.
Com isso, derrubou a pureza vernácula e o culto da forma. Porém, para Candido (1997, p. 72), a
postura de Mário resultou num “pedantismo às avessas”, que dá à sua linguagem, principalmente na
fase inicial do Modernismo, um tom inverso àquilo que ele desejava anular. Mas, apesar disso, sua
linguagem não deixa de ser original, expressiva e harmoniosa.
Em “Amar, Verbo Intransitivo”, o poeta descreve a vida burguesa de São Paulo. Mas, é em
“Macunaíma, o Herói sem Nenhum Caráter”, que Mário produz sua obra-prima em matéria
ficcional.
Mário, conforme os autores, foi um escritor preocupado com o Brasil e expressava esse
sentimento de diversas maneiras em tudo o que escrevia: ora de forma melancólica, ora de forma
irônica, ora explicitamente, ora implicitamente.
Massaud Moisés (2001, p. 52) acrescenta que, ao publicar “Paulicéia Desvairada” em 1922 e
“Macunaíma” em 1928, Mário completava um círculo: iniciava o movimento e anunciava seu
término.
Além das obras mencionadas, Mário nos presenteou, ainda, com outros livros, são eles:
contos: Primeiro Andar (1926), Belazarte (1934), Contos Novos (1946); [...]; ensaio: A escrava que não é Isaura (1925), O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935), O Movimento Modernista (1942), O Baile das Quatro Artes (1943), Aspectos da Literatura Brasileira (1943), O Empalhador de Passarinho (1944); crônica: Os Filhos da Candinha (1943); vária: Compêndio de História da Música (1929), Modinhas Imperiais (1930), Música, Doce Música (1933), A Música e a Canção Popular no Brasil (1936), Namoros com a Medicina (1939), A Expressão Musical nos Estado Unidos (1940), Música do Brasil (1941), Danças Dramáticas do Brasil (3 vols., 1959), Música e Feitiçaria no Brasil (1963); diário: O Turista Aprendiz (1977) (MASSAUD MOISÉS, 2001, p. 52).
4. Cartas e Diário
Durante muito tempo a carta permaneceu guardada nos arquivos públicos e privados, e, só
recentemente, adquiriu valor como documento de maior importância. Os pesquisadores
compreenderam que a carta pode trazer informações preciosas, uma vez que ela funciona como
testemunho vivo de uma determinada época, documenta uma história pessoal e registra situações,
ações e reflexões, nos explica a autora.
Em 1927, Mário de Andrade, um dos líderes do Modernismo brasileiro, participou de uma
excursão à Amazônia a convite de Dona Olívia Guedes Penteado, aristocrata do café e mecenas dos
modernistas. As memórias dessa viagem, que compreendem desde o seu planejamento à sua
realização, foram registradas em cartas que o poeta enviou ao amigo Manuel Bandeira.
Em 6 de abril de 1927, Mário escreve ao amigo comunicando a sua possível viagem à
Amazônia:
Estava planejando dar um pulo até Pouso Alto ver você, porém de supetão de domingo pra cá minha vida deu um salto-mortal danado. Creio que vou embora pro Norte mês que vem, numa bonitíssima duma viagem. Dona Olívia faz tempo que vinha planejando uma viagem pelo Amazonas a dentro. E insistia sempre comigo pra que fosse no grupo. Eu ia resistindo,
resistindo e amolecendo também. Afinal quando quase tudo pronto, resolvi ceder mandando à merda esta vida de merda. Vou também. Isto é, ainda não sei bem se vou, só falta saber o preço da viagem. Se ficar aí por uns quatro contos, vou, se ficar pra cima de cinco não vou. Tenho que emprestar dinheiro pra ir e isso vai me deixar a vida bem difícil depois e os projetos no tinteiro. (ANDRADE. In: MORAES, 2001, p. 339-340).
Mário de Andrade era um homem simples, vivia do próprio trabalho e financiava a
publicação dos seus livros. Suas dificuldades financeiras eram proeminentes, por isso não havia
espaço para luxos ou desperdícios. Nesse cenário, a sedutora viagem para a Amazônia só poderia
concretizar-se mediante empréstimo, como o poeta confidencia a Manuel Bandeira.
Ainda nesta missiva, o autor de “A escrava que não é Isaura” tece comentários sobre o
roteiro da viagem:
Puxa! creio que nem contei pra você por onde vai ser a nossa viagem. É melhor mesmo do que falar noutras coisas. Vamos pelo Lóide Brasileiro parando de porto em porto até Manaus. De lá subimos o Amazonas já com tudo determinado pelo Geraldo Rocha pra pararmos em todas as partes interessantes continuamos pelo Madeira e vamos parar na Bolívia. Depois não sei como é a volta, sei que tomamos a Madeira-Mamoré até parece que Guaíra-Mirim e depois não sei mais nada. Vamos Dona Olívia, Paulo Prado, o Afonso de Taunay e parece que mais uma pessoa. Como você vê as perspectivas são as melhores deste mundo. Peço quatro meses de férias. Parece que a viagem dura três. Se durar e achar jeito, na volta me desligo da comitiva pra parar um pouco mais com o Cascudinho, em Natal, e no Recife e na Bahia. Isso porém ainda está muito problemático. Aliás a viagem toda pra mim... (ANDRADE. In: MORAES, 2001, p. 341).
Apesar da grande possibilidade de Mário participar da excursão, podemos perceber que o
roteiro da viagem ainda lhe era bastante confuso, o que nos permite inferir, com base em Vasti
Araújo (2008, p. 21), que seu conhecimento sobre a Amazônia se restringia a leituras.
Mário revela, ainda, os nomes de algumas pessoas que até então iriam compor o grupo de
viajantes e a sua intenção de afastar-se da comitiva para rever o amigo Luis da Camara Cascudo, a
quem chama carinhosamente de “Cascudinho”. A bela viagem, os acompanhantes e a oportunidade
de reencontrar um amigo distante parecem ser ofertas irresistíveis ao poeta.
Em 7 de maio de 1927, Mário embarca no vapor “Pedro I”, em reduzida comitiva: ele, Dona
Olívia e a sobrinha dela Margarida Guedes Nogueira – Mag – e Dulce do Amaral Pinto – Dolur –, a
filha de Tarsila do Amaral. O grupo viajava recomendado aos presidentes dos Estados, como se
chamavam os governadores da época, e às autoridades peruanas pelo então presidente do Estado de
São Paulo e logo adiante da República do Brasil, Washington Luís Pereira de Souza, amigo de
Dona Olívia. O diário de viagem “O turista aprendiz” e o romance inacabado “Balança, trombeta e
battleship” resultaram desta viagem, aponta Moraes (2001, p. 341).
Após passarem pelo Nordeste, os viajantes chegaram a Belém do Pará no dia 19 de maio. Na
coluna “Mares e Rios”, do jornal “Folha do Norte”, consta, datada de 20 de maio, segundo Araújo
(2008, p. 22), a melhor crônica sobre a chegada da comitiva:
Belém hospeda desde ontem, vinda de Santos, via Rio de Janeiro, no “Pedro I”, Mme. Olívia Guedes Penteado, abastada fazendeira em São Paulo. A ilustre senhora, que representa uma das mais grandes fortunas da terra dos bandeirantes, faz esta viagem no intuito de conhecer de perto a Amazônia. Devendo, neste intuito, estender sua excursão a Iquitos, Guajará-Miri e Rio Negro. Fazendo parte da sua comitiva, acompanham-na as senhorinhas Madalena e Helena Nogueira e Dulce Amaral e o Prof°. Mário Raul de Moraes Andrade, figura de destaque na vida intelectual paulista (FOLHA DO NORTE, 1927, nº 11.470. In: ARAÚJO, 2008, p. 23; grifos da autora).
Como podemos perceber, Dona Olívia foi a figura que mais se destacou na notícia. Por ser
rica fazendeira e proprietária de imensos cafezais, “era considerada uma espécie de mecenas das
artes por patrocinar grande parte dos eventos que envolviam a geração modernista de 1922”
(ARAÚJO, 2008, p. 23). E prossegue, os adjetivos utilizados pela imprensa para reverenciá-la, não
deixavam dúvidas acerca de sua posição em relação ao grupo: abastada fazendeira, ilustre senhora,
entre outros. Na época da excursão, Dona Olívia estava com 56 anos de idade e era viúva.
Segundo Araújo (2008, p. 24), apesar de Mário ter sido apresentado pela imprensa como um
mero “secretário” de Dona Olívia, sua presença foi percebida pelos intelectuais da cidade. Esta
situação causou certo desconforto, principalmente naqueles que o tinham como líder do movimento
modernista paulista de 1922.
Em Belém, o grupo foi recepcionado pelas autoridades e representantes da sociedade local:
o governador enviou seu secretário geral, Sr. Deodoro de Mendonça, e o ajudante de ordem, Major
Antônio Nascimento; o Sr. Samuel Mac-Dowell e sua família, também compareceram. Após serem
recebidos, os viajantes foram conduzidos ao Grande Hotel, nos explica a autora.
De acordo com Araújo (2008, p. 26), este luxuoso hotel foi inaugurado em 1911 e não
possuía similar fora do eixo Rio-São Paulo. Dispunha de apartamentos de luxo, amplo salão de
recepção, cozinha regional e internacional, american bar, quadra de tênis, barbearia, salão de
leitura, teatro: o Palace – Theatre, e um terraço parisiense, com mesas e cadeiras, que era o lugar
preferido da intelectualidade local.
Para Mário de Andrade, o conforto proporcionado pelo Grande Hotel e a beleza da capital
paraense se fundiam e resultavam em algo espetacularmente prazeroso. Sobre isso, escreve em
carta, datada de junho de 1927, ao amigo Manuel Bandeira:
Amanhã se chega a Manaus e não sei que mais coisas bonitas enxergarei por este mundo de águas. Porém me conquistar mesmo a ponto de ficar doendo no desejo, só Belém me conquistou assim. Meu único ideal de agora em diante é passar uns meses morando no Grande Hotel de Belém. O direito de sentar naquela terrasse em frente das mangueiras tapando o Teatro da Paz, sentar sem mais nada, chupitando um sorvete de cupuaçu, de açaí, você que conhece o mundo, conhece coisa melhor do que isso, Manu? Me parece impossível. Olha que tenho visto bem coisas estupendas. Vi o Rio em todas as horas e lugares, vi a Tijuca e a Sta. Teresa de você, vi a queda da Serra pra Santos, vi a tarde de sinos em Ouro Preto e vejo agorinha mesmo a manhã mais linda do Amazonas. Nada disso que lembro com saudades e que me extasia sempre ver, nada desejo rever como uma precisão absoluta fatalizada do meu organismo inteirinho. Porém Belém eu desejo com dor, desejo como se deseja sexualmente, palavra. Não tenho medo de parecer anormal pra você, por isso que conto esta confissão esquisita mas verdadeira que faço de vida sexual e vida em Belém. Quero Belém como se quer um amor. É inconcebível o amor que Belém despertou em mim. E como já falei, sentar de linho branco depois da chuva na terrasse do Grande Hotel e tragar um sorvete, sem vontade, só pra agir, isso me dá um gozo incontestavelmente realização de amor de tão sexual (ANDRADE. In: MORAES, 2001, p. 345-346).
Para André Botelho (2013, p. 18), poucas vezes uma carta terá expressado tão bem a
complexidade das experiências de uma viagem como esta que Mário enviou a Bandeira.
Mário estava em êxtase com cada detalhe da Amazônia: suas cidades, florestas, rios e
pessoas eram deslumbrantes, tudo era perfeito e encantador, ao ponto de o poeta mostrar-se cético
em relação ao que estava por vir. Será que haviam coisas mais lindas que aquelas já vistas? Mas,
ressalta que apenas Belém o conquistou de fato.
Mário estava tão entusiasmado com a cidade que chega a confessar a Bandeira o seu ideal de
“passar uns meses morando no Grande Hotel de Belém”. Em seguida justifica sua preferência,
mencionando as belezas de outras cidades.
Ao que parece, nada superava a magnificência de Belém do Pará e Mário desejava revê-la.
De acordo com Botelho (2013, p. 23), ao leitor de hoje, talvez esta afirmação seja desconcertante,
pois para os padrões atuais de mobilidade, deslocamentos espaciais e viagens, Mário de Andrade
seria um viajante pouco experiente para um homem de 34 anos de idade, de classe média e
altamente instruído.
Ainda nesta carta, segundo Botelho (2013, p. 18), Mário chega a mencionar uma espécie de
diário que estaria cultivando durante a viagem:
Vou tomando umas notinhas porém estou imaginando que viagem não produzirá nada não. A gente percebe quando sairá alguma coisa do que vai sentindo. Desta vez não percebo nada. O êxtase vai me abatendo cada vez mais. Me entreguei a uma volúpia que nunca possuí à contemplação destas coisas, e não tenho por isso o mínimo controle sobre mim mesmo. A inteligência não há meios de reagir nem aquele poucadinho necessário para realizar em dados ou em bases de consciência o que os sentidos vão recebendo (ANDRADE. In: MORAES, 2001, p. 346).
Sobre a recepção paraense, Mário comenta:
Não sei se já contei pra você que por aqui vou bancando o jornalista célebre. Fazem tudo por nos agradar é lógico que por causa de Dona Olívia e eu passo por homem ilustre e uma grande inteligência aí do Sul. Só vendo quanta amabilidade e quanta coisa preparada só pra gente. Navegamos no mel. Se não fosse a cacetada dos protocolos oficiais, palavra que não faltava nada pra isto ser um paraíso pra mim. Imagine porém que até um discurso de improviso tive de fazer respondendo a uma saudação do Dionisio Bentes, presidente do Pará! Sou incapaz de improvisar. Falei um quarto de dúzia de coisas familiares e me assentei tremendo feito bobo. Pelo menos asneira creio que não saiu nenhuma não! (ANDRADE. In: MORAES, 2001, p. 346).
Mário percebia que toda a atenção, pompa e circunstância dispensada ao grupo eram, na
verdade, direcionados à Dona Olívia, mas isso não o incomodava: ao contrário, o escritor gostava
de usufruir de toda esta hospitalidade. Porém, lamenta os excessivos protocolos oficiais que o
deixavam constrangido e irritado, como o discurso que teve de fazer em resposta a uma saudação do
então governador do Pará, Dionisio Bentes.
De acordo com Botelho (2013, p. 19-20), o autor de “Paulicéia desvairada” manteve os
apontamentos de que dava notícias incertas em umas das cartas enviadas ao amigo, chegando a
revisá-los, com a intenção de publicá-los como livro, e a escrever para eles um prefácio datado de
30 de dezembro de 1943. No entanto, o relato só foi publicado em 1976, junto ao relato de uma
viagem ao Nordeste realizada em 1928, no livro “O turista aprendiz”, organizado pela professora
Telê Porto Ancona Lopez. Ao relato da viagem à Amazônia, Mário chamou de “O turista aprendiz:
viagens pelo Amazonas até o Peru pelo Madeira até a Bolívia e por Marajó até dizer chega!”, numa
paródia ao título do livro de viagem de seu avô dr. Joaquim Leite Moraes, escrito quando este
deixou São Paulo para assumir a presidência, isto é, o governo da Província de Goiás.
Considerações Finais
A partir do que foi exposto, podemos perceber a importância que os arquivos pessoais têm
para os estudos históricos e literários, uma vez que, por meio das cartas de Mário, compreendemos
que Belém ainda exalava o perfume das riquezas proporcionadas pela extração do látex quando o
poeta a visitou. Além disso, constatamos que, as cartas que Mário de Andrade enviou a Manuel
Bandeira durante o périplo à Amazônia, nos servem de guia para a apreciação de um relato maior,
isto é, são um aperitivo para a leitura do diário de viagem “O turista aprendiz”.
REFERÊNCIAS
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