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VASCO DA GA~A (1469-1524)
Dom Manuel I, o Venturoso, confiou-lhe em 1497o comando da armada que ultimou o ciclo marítimodo descobrimento do caminho das Indias.
Durante a travessia, Vasco da Gama. teve quemandar queimar a náu São Gabriel, na baía de SãoBraz. Sofreu tremendo temporal antes de aportara Moçambique. Precisou sufocar uma revolta damarinhagem e a expedição escapou de ser vítima dacilada, contra ela urdida pelo piloto mouro, que osultão de Moçambique oferecera a Vasco da Gamapara guiar a armada. á India, e que secretamenteestava incumbido de entregar os navios aos arabesem Mombaça,
Em Melinde, o rei lhe forneceu um pilôto fielpara conduzí-lo a Calecut.
Dom Manuel recompensou-o, nomeando-o almi-rante-mór das Indias, com uma dotação de 300 milréis de renda anual.
, Naceu Vasco da Gama em 1469, na vila deSines, de que seu pae, Estevam Gama, era alcaide-mór, e faleceu em 1524.
PO TO I - LIÇÃO 2a
ESPANHÓIS E PoRTUGUESES. A LINHA DE TORDESILLAS
Os dois povos ibericos salientaram-se por seusfeitos marítimos no Oceano Atlantico, desde os finsda idade média.
Rivalizando com os navegadores de Amalfi, Ge-nova e Veneza, assinalavam-se já no seculo XII osespanhóis de Catalunha e da ilha Maiorca.
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Nesta última possuiam um estabelecimento denautica, geografia e cosmografia, o mais completodaquela época.
Manejavam a carta maritima dêsde antes de1286, e fabricavam instrumentos do systema dos ara-bes e de Raymundo Lull, para determinação, a bordo,do tempo e altura do polo.
Fenicios e genoveses conheciam em parte c lito-ral africano até Guiné, bem como as ilhas Afortuna-das (Canarias).
Nos mapas antigos indicavam os cartografos umacomunicação marítima entre a Africa e a India, quea alguns se afigurava ser um braço do Nilo.
Em principio do seculo XV, constituiram-se porsua vez os Portugueses em povo de marinheiros au-dazes, guiados pelo genio do infante dom Henrique, oN aoeqador .
Afluiram então á côrte de Lisbôa cosmografos enautas, inaugurando-se em Portugal uma era deatividade maritima, corôada com a emprêsa de Vascoda Gama e o descobrimento do Brasil.
Entretanto, os irmãos Pinzón, espanhóis, arma-ram, sob a proteção da rainha Isabel, de Castela, trescaravelas - Santa Maria, Niua e Pinta, que sob o co-mando chefe de Cristovão Colombo partiram de Pa-Ios a 3 de Agosto de 1492, em busca de "el Levantepor el Poniente",
Após dois meses de viagem, chegaram a 12 deOutubro ao arquipelago das Lucaias, á Guanahanidos selvagens (San Salvador), supondo ser o Ex-tremo-Orien te.
Colombo descobriu, a seguir, as ilhas de Cuba eHaiti, que denominou Hispaniola, e, por fim, apar-tou á terra firme, realizando ao todo quatro viagens.
A America Boreal, entretanto, já era conhecidapelas incursões normandas dos seculos IX ou X, pos-sivelmente.
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o dr. Monetario (citado por Faustino da Fon-seca - O descobrimento do Brasil, pag. 124), nacarta a dom João lI, parecia acreditar que a Groen-landia fosse a ponta oriental da Asia; e o viking es-candinavo Leif Eriksen desembarcara na Vinlandiacinco seculos antes de Colombo.
Aliás, nos mapas-mundi de Bechario (1435) eportirlano de André Bianco (1436-1448) já figuramas ANTILHAS(não a ANTILHA,de Aristoteles), o mar deSARGAÇOS,com a sua denominação em português(mar de BAGA),na sua verdadeira posição geografica,e a costa do Brasil em fórma de continente sem liga-ção com o litoral da Asia, com a extrema oriental docabo de São Roque em face da costa africana, emsua aproximada situação geografica e á mesma dis-táncia de 1.500 milhas entre Cabo-Verde e SãoRoque.
Em 1468 os Portugueses já haviam descoberto edemarcado uma das ANTILHAS,e João Vaz Côrte-Real, em 1472, aportara á TERRADOLAVRADOR,tambemchamada TERRADOBACALHÁUe de JoÃo VAZ.
Até o fim do seculo XV, os Espanhóis e Portugue-ses haviam dobrado os conhecimentos geográficos emaritimos da época, e, por garantia da posse imemo-ria! das novas terras descobertas e a descobrir, ape-laram para a Santa Sé, a quem exclusivamente com-petia reconhecer ás nações cristãs os direitos e titulossôbre as terras dos infiéis.
Foi assim que o infante dom Henríque, grão-mes-tre da Ordem de Cristo, obteve as bulas de 8 de Ja-neiro de 1454 e de 13 de Março de 1455, dos papasNicoláu V e Calixto III (Torre do Tombo), pelasquais todas as terras até então descobertas e por des-cobrir pelos Lusitanos, a partir do cabo Bojador atéás Indias, seriam administradas pela Ordem deCristo.
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Por falecimento de dom Henrique, foi, por bulade 21 de Junho de 1481, de Xisto IV, incorporado á
Corôa Portuguesa o Grão-Mestrado da Ordem deCristo.
Pelo tratado de Alcaçovas, não só a costa daAfrica, mas todas as ilhas do Atlantico, passaram apertencer a Portugal, com exceção das Canarías.
Em consequencia, o papa Alexandre VI, por bulade 3 de Maio de 1493 (Arquivo de Simancas), fez ana-Ioga concessão aos reis catolicos da Espanha, quantoás terras ocidentais.
Dom João 11, de Portugal, reclamou, e, no diaimediato, foi, em outra bula (Torre do Tombo), to-mado um meridiano a 100 leguas de Cabo Verde,sendo as terras de léste do dominio português e asde oeste do de Espanha.
O soberano português, firmado em seus direitosde precedencia ás terras americanas, não se confor-mou, lavrando protesto perante a Curia Romana, echegou a preparar uma esquadra para dar combateás naus de Colombo, no mar das Antilhas.
A 15 de Agosto de 1493, chegavam a Castela osembaixadores portugueses Ruy de Leme e DuartePacheco Pereira ("o grão Pacheco", de Camões, eautor do Esmeraldo), para as negociações do tratadode Tordesillas, que teve a data de 7 de Junho de1494, levando doze anos para ser confirmado pelopapa Julio 11.
O rei de Castella concordou afinal em renunciará linha de demarcação estabelecida pela bula de 4 deMaio de 1493, do papa Alexandre VI, a qual foi afas-tada até 370 léguas de Cabo-Verde, abrangendo as-sim o Brasil, a Terra-Nova e a Groenlandia.
A légua era de 162/3 ao gráu.No mapa de Cantino (1502), a linha de Torde-
sillas traz a seguinte legenda: - "Este he o marco
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dentre castella y portugall" - e vem assinalada á
direita com a bandeira portuguesa das quinas e á
esquerda com a dos leões de Castella.Os limites então se demarca.vam pelo ponto de in-
tersecção entre a linha equinocial e o meridiano, nacosta americana.
Considerando-se a faixa de Tordesillas desde seulimite de extrêmo Oeste, a ponta de Tarrafal da ilhaSanto Antão a barlavento (lado onde sopra o vento)de Cabo-Verde, a 17° e 5 de latitude Norte, vemosque êsse meridiano divisor corta o Brasil na ilha deMarajó, a 10° e 34' a Oeste do Pará e ao Sul a 5° e 50',na altura de Imbituba, istmo de Laguna (Santa Ca-tarina).
O dominio de Portugal prolongara-se a.qui até28°1/3, aproximadamente, como reconheceu domJoão IH, na divisão do Brasil em capitanias heredi-tarias.
Só a secção oriental do Brasil pertencia de di-reito a Portugal, ou seja todo o planalto interior etoda a vertente do Atlantico até ao estuario do Ama-zonas, com exclusão, ao Sul, da bacia do Prata, dedominio castelhano, embora disputasse Portugal aprioridade do seu descobrimento.
Em seu recente trabalho "Descobridora do Bra-sil" (Porto, 1931), Duarte Leite, - corroborando comargumentos novos o que Zeferino Candido já haviaafirmado dêsde 1900 em seu livro "Brasil" (pag.114),- além de pôr em dúvida que Duarte Pacheco Pe-reira haja costeado o nosso litoral, ainda contestoua famosa prioridade castelhana, isto é, que VicentePinzón, Alonso de Hojeda e Diego de Lepe tenhamestado, antes de Pedro Alvares Cabral, em qualquertrecho do territorio brasileiro, concedido a Portugalpelo convenio de Tordesillas.
Casa de Christovão Colombo em Oenova
Sobre as janelas ha a seguinte inscrição:
NVLLA. DOMVS. TlTVLO. DIO IOR.Heic
Paternis in aedibvsCHRISTOPHORVS COLVMBVS
pveritiamprimamqve ivventam transegit.
(Nenhuma casa é mais digna deste titulo. ChristovãoColombo, na casa paterna, passou a meninice
e a primeira mocidade.
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QUADRO SINóTICO
No fim do seculo XV, os Espanhóis e os Por-tugueses avantajaram-se muito nos conhecimentosgeograficos e nauticos. O infante dom Henrique, oNavegador, fundando a Escola de Sa.gres (1430),inaugurara uma nova época de atividade maritima.
Iniciaram então os Portugueses o ciclo africanode navegação para a India (1432) e America Boreal(1472).
Os Espanhóis demandaram tambem o Oriente,mas pelo Poente (Colombo, 1492-1502).
Regulando a posse das novas terras, o tratadode Tordesillas, de 7 de Junho de 1494, dispoz queas terras a Léste de um meridiano, que se convencio-nou passar a 370 léguas de Cabo-Verde, fossem re-conhecidas do dominio português; e a Oéste, do do-minio espanhol.
TRAÇOS BIOGRAFICOS
CRISTOVÃO COLOMBO (1446-1506)
Descendente de nobre familia'Seus primeiros estudos em Pavia.diterraneo e Norte do Atlantico.
Pelejou contra os mouros e tomou parte na lutanaval contra Veneza, durante a qual, em um com-bate, se incendiou sua caravela; conseguiu, porém,salvar-se a nado, recolhendo-se a Porto Santo, na ilhada Madeira, onde passou a viver e constituiu fami-lia, casando-se com a filha do 1° donatario, Bartho-lomeu Perestrello.
De parceria com o sogro, instruido por exce-lentes mapas e roteiros, que lhe pertenciam, cruzou
de Placencia, fezViajou pelo Me-
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repetidas vezes o Atlantico meridional e o mar deGuiné.
No estudo dos antigos geografos e cosmografos.classicos e do tratado da Imago mundi, do cardealPierre d'Ailly, por ele anotado, baseou-se na es-fericidade da terra para empreender o ciclo do Ori-ente pelo Poente, que realizou em 1492.
Vítima de formidaveis intrigas dos invejosos desua glória de vice-rei, foi prêso em 1500 por Fran-cisco Bobadilla e conduzido á Espanha, carregadode algemas, que ele conservava, dizendo serem "asreliquias e lembranças de seus serviços".
Viu-se afinal reduzido a extrêma penuria, fale-cendo num hospital, em Valladolid, em 1506. Afir-mam alguns historiadores ter ele nacido em 1446,em Genova. Outros atribuem seu nacimento a 143&ou a 1441.
PONTO I - LIÇÃO 3a
o DESCOBRIMENTO DO BRASIL
Em virtude do litígio suscitado pelo feito deColombo e consequente assinatura do tratado deTordesillas (1494), enquanto não era o mesmo con-firmado (1506), buscou Portugal, na iminencia de:r:ompe!"hostilidades com a Espanha, resguardar sobsigilo diplomatico as descobertas feitas pelas explo-rações lusitanas, dentro das raias do meridianoconvencional.
Dificuldades surgiram na demarcação da áreageografica partilhada entre Portugal e Espanha,devido ainda ao fato de não se especificar na bulade Alexandre VI qual a especie de unidade das370 léguas maritimas, isto é, si a légua seria a cas-telhana ou a portuguesa.