1243861-terra cia-edi_o_200

72
1 Safra pode alcançar 213,5 milhões de toneladas CTC inaugura complexo de laboratórios Alfafa pode reduzir custos de produção Usinas modelos da coragem nordestina GRÃOS BIOTECNOLOGIA LEITE PUMATY E CRUANGI Caderno Ribeirão Preto SP Outubro 2015 Ano 17 nº 200 R$ 25,00 A cara do Brasil Cooperativismo A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Transcript of 1243861-terra cia-edi_o_200

Page 1: 1243861-terra cia-edi_o_200

1

Safra pode alcançar 213,5 milhões de toneladas

CTC inaugura complexo de laboratórios

Alfafa podereduzir custos de produção

Usinas modelos da coragem nordestina

GRÃOS BIOTECNOLOGIA LEITEPUMATY E CRUANGI

CadernoCaderno

Ribeirão Preto SP • Outubro 2015 • Ano 17 • nº 200 • R$ 25,00

A cara do Brasil

Cooperativismo

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Page 2: 1243861-terra cia-edi_o_200

2

Page 3: 1243861-terra cia-edi_o_200

3

Editor Chefe: Doca Pascoal

Reportagem: Alexandre Carolo, Doca Pascoal

e Marcela Falsarella

Colaboradores desta edição: Paolo Buzollo, Laís

Forti Thomaz e Marcos Antônio Zordan

Foto Capa: Ale Carolo / alecarolo.com

Revisão: Agostinho Francisco Nicolas

Editor Gráfico: Jonatas Pereira

Contato: [email protected]

Outras publicações da Agrobrasil:

Guia Oficial de Comprasdo Setor Sucroenergético

Revista CanaMix

Portal CanaMix

Publicidade:

Alexandre Richards (16) 98828 [email protected]

Fernando Masson (16) 98271 [email protected]

Marcos Afonso (11) 94391 [email protected]

Nilson Ferreira (16) 98109 [email protected]

Plínio César (16) 98242 [email protected]

Assinaturas: [email protected]

Grupo AgroBrasil

Av. Brasil, 2780 - 14075-030

Ribeirão Preto - SP

16 3446 3993 / 3446 7574

www.canamix.com.br

Para assinar, esclarescer dúvidas sobre suaassinatura ou adquirir números atrasados:

SAC 16 3446 3993 e 3446 7574 -

2º a 6º feira, das 9h às 12h e das

13h30 às 18h.

Artigos assinados, mensagens publicitárias e o cadernoMarketing Rural refletem ponto de vista dos autores e nãoexpressam a opnião da revista. É permitida a reproduçãototal ou parcial dos textos, desde que citada a fonte.

Diretor: Plínio César

A VOZ DO AGRONEGÓCIO

Plínio CésarDiretor

Editorial

Modelo de sucessoA matéria de capa desta edição é mais do que es-

pecial. Estive em Pernambuco no início de outubro e testemunhei a alegria dos novos donos da Usina Cruangi, na Mata Norte do Estado. Em recuperação judicial, fechada desde 2012, a unidade produtiva foi arrendada pela Cooperativa do Agronegócio dos For-necedores de Cana (COAF) e voltou a operar em setembro deste ano. Centenas de plantadores de cana daquela região agora são fornecedores e proprietários da planta, que nesta safra pretende esmagar 400 mil toneladas de cana.

Um ano atrás, o mesmo aconteceu com a usina Pu-maty, na Mata Sul pernambucana. A Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan) assumiu a unidade que entra em sua segunda safra com boas perspectivas, já que no ciclo passado gerou um fa-turamento bruto de R$ 50 milhões. Este modelo de cooperativismo tem sido importante para reequilibrar o setor sucroenergético de Pernambuco e pode ser adotado em outros estados nordestinos. Parabéns ao Alexandre Lima (COAF) e ao Gerson Leão (AgroCan) pela liderança neste processo.

Esta edição traz um conceito geral sobre cooperativis-mo e um breve histórico de como tudo começou, na Inglaterra do século 19. Fala sobre os pioneiros deste modelo no Brasil e revela que a cooperação se destaca especialmente nos períodos de crise, como esta que o País enfrenta atualmente. Entre os vários setores nos quais o cooperativismo atua, o agropecuário é o mais repre-sentativo. No segmento de cana, talvez seja a hora de considerar a possibilidade de utilizar este sistema para salvar as dezenas de usi-nas que fecharam no Centro-Sul.

O Grupo AgroBrasil, através da revista Terra&Cia, está aberto para promover este tipo de discussão. Boa Leitura!

Divulgação

Page 4: 1243861-terra cia-edi_o_200

4

08CapaA hora é de cooperação

14EntrevistaLaís Forti Thomaz:

País necessita de política

estável e permanente

Para o etanol

13 Caderno CanaMix

Matéria de capa

18 - Produtores do Nordeste comemoram sucesso do cooperativismo26 - Colaboradores retomam atividades motivados28 - CCT da Cruangi é parceria na prática29 - Feira em Recife reúne produtores de cana do NE 33 - Paulo Leal recebe medalha do Mérito Canavieiro 35 - Subvenção para 2015 está engavetada em Brasília

Tecnologia Agrícola

36 - Novo implemento colhe canaem inclinação de até 31,5°

Crise

38 - CEISE Br repudia projeto que reduz recursos do Sistema “S”

50GrãosSafra brasileira

de grãos pode chegar

a 213,5 milhões

de toneladas

60SustentabilidadeBrasil tem tecnologia para

reduzir emissões além da

meta do Plano ABC

Mercado

39 - Consumo interno de etanol ajuda na recuperação de preços

Pesquisa &

Desenvolvimento

42 - CTC inaugura complexo de laboratórios de biotecnologia45 - Monsanto encerra negócios no mercado brasileiro de cana

Eventos

46 - Udop e Stab realizam 8º Congresso Nacional da Bioenergia 47 - Seminário discute produtividade e redução de custos

Sumário

Produção Agropecuária

53 - Riquezas produzidas no campo somam quase R$ 481,4 bi54 - Matopiba se destaca por sua vocação agrícola

Fruticultura

56 - Projeto de Irrigação benefi cia produtores de frutas e hortifrutigranjeiros em Tocantins57 - Mapa defi ne regras para importaçãode uva e morango

Leite

64 - Alfafa pode reduzir custos na produção leiteira66 - Agência de fomento libera R$ 75 mil para pequenos agricultores do sertão alagoano

Agricultura Familiar

67 - Alagoas libera R$ 75 mil para pequenos produtores do sertão68 - Bahia busca apoio da FAO para pequenos projetos agrícolas69 - Extrativistas de 16 estados receberão apoio técnico

Opinião

70 - A nova doença dos suínos brasileiros, por Paola Buzollo

Page 5: 1243861-terra cia-edi_o_200

5

Opinião

Crise e cooperativismo*Marcos Antônio Zordan

Eu faço a apologia do cooperativismo porque sou apaixonado por essa doutrina de organização dos talentos e esforços humanos e, também, porque conheço seus resultados nas sociedades rurais e urbanas. Nesse cenário de crise polí-

tica e econômica que vergasta importantes setores e gera inquietação em trabalha-dores e empresários, podemos constatar, com cristalina clareza, que as cooperativas contribuem para levar tranquilidade e confiança onde a incompetência do Estado e a ganância de homens públicos criaram instabilidades.

Recentemente, no Fórum de Dirigentes que presidi em Florianópolis, dis-se que as cooperativas crescem nas crises – e isso não é retórica. Com sua vocação para agregar talentos, organizar a produção e buscar a eficiência, as cooperativas catarinenses registram altas taxas de crescimento, ano a ano, inclusive nos períodos de crise. Em 2014, por exemplo, o crescimento foi de 16% e, em 2015, ficará em torno de 12%. O resultado líquido (sobras) deve ficar abaixo do ano passado em razão da elevação dos custos, especialmente dos preços administrados pelo Governo, como combustíveis, energia elétrica, água, gás etc.

As empresas de natureza cooperativista não têm privilégios tributários e não sofrem mais nem menos que as empresas mercantis em geral. Entretanto, o ca-pital humano que cada uma reúne permite agir e reagir com a força e a criatividade que somente o associativismo consegue proporcionar.

A crise brasileira é endógena, gerada pelos erros da política macroe-conômica do governo federal. Durante os últimos 12 anos, a economia planetária registrou o maior crescimento da história de todos os países emergentes – exceto o Brasil. O quadro atual, marcado por recessão e inflação alta, configurando uma das piores patologias da atualidade, é uma criação genuinamente brasileira, revelando a deterioração dos fundamentos da economia, a inflação de 2015 fechará em 9,3% e o crescimento do PIB será de aproximadamente 1,8% negativos. Já sabemos que o PIB levará pelo menos dois anos para voltar a crescer.

Nos doze ramos do cooperativismo, as sociedades cooperativas vencem o imobilismo, lançam novos produtos ou serviços, reinventam planos e programas, encaram a crise como um potencial de oportunidades e reagem com convicção, oti-mismo e firmeza. É assim que se constroem caminhos: avançar sempre, acovardar--se, jamais.

*Marcos Antônio Zordan é presidente da Organização das Cooperativas do Esta-

do de Santa Catarina (OCESC)

MB Comunicação

Marcos Antônio Zordan

Page 6: 1243861-terra cia-edi_o_200

6

Obtenha melhor performance na produção e aumente seus resultados.

O Promagma 2103® é um clarificante inorgânico que auxilia na remoção de materiais corantes.

Entre suas vantagens competitivas estão:

Maior uniformidade na formação dos cristais de sacarose.Maior rendimento de açúcar. Maior estabilidade na cor do açúcar durante a produção.Menor viscosidade nas massas cozidas. Menor consumo de insumos químicos, o que elimina a aplicação de tensoativos e enzimas.Melhora a filtrabilidade e flocos alcoólicos no açúcar final.

www.prosugar.com.br

Um produto com a qualidade

Faça o máximo do VHP.

Page 7: 1243861-terra cia-edi_o_200

7

Obtenha melhor performance na produção e aumente seus resultados.

O Promagma 2103® é um clarificante inorgânico que auxilia na remoção de materiais corantes.

Entre suas vantagens competitivas estão:

Maior uniformidade na formação dos cristais de sacarose.Maior rendimento de açúcar. Maior estabilidade na cor do açúcar durante a produção.Menor viscosidade nas massas cozidas. Menor consumo de insumos químicos, o que elimina a aplicação de tensoativos e enzimas.Melhora a filtrabilidade e flocos alcoólicos no açúcar final.

www.prosugar.com.br

Um produto com a qualidade

Faça o máximo do VHP.

Page 8: 1243861-terra cia-edi_o_200

8

Capa

A hora é de cooperaçãoO Brasil conta com 6,8 mil cooperativas ligadas à OCB divididas em 13 ramos de atuação, com mais de 11,5 milhões de associados e em torno de 340 mil empregos diretos

Uma cooperativa possui gestão democrática, na qual

seus membros participam economicamente de forma igualitária, com autonomia,

independência, transparência e forte senso comum

TWCordoba

Alexandre Carolo

Movimento livre da influência do Estado, o cooperativismo se revela um modelo surpreendente de ações voluntárias abertas, cujo conceito prevê a convivên-cia equilibrada entre o econômico e o social. Uma cooperativa possui gestão

democrática e livre, na qual seus membros participam economicamente de forma igua-litária, com autonomia, independência, transparência e forte senso comum. É um mo-vimento universal, mas que, no Brasil, ganha contornos fundamentais e estratégicos, especialmente neste período longo de crise.

Page 9: 1243861-terra cia-edi_o_200

9

Márcio Lopes de Freitas: “As cooperativas são empreendimentos sustentáveis que valorizam a participação dos seus associados, a gestão democrática e o interesse pela comunidade”

Diário do Poder

De acordo com Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasilei-ras), o cooperativismo sempre fica mais forte em momentos de crise. “Foi assim em 2009, quando a economia global ba-lançou. Naquele momento, as cooperati-vas tiveram papel decisivo na recupera-ção econômica das regiões onde estavam instaladas. Tanto que a Organização das Nações Unidas homenageou nosso mo-delo de negócios, estipulando que 2012 seria o Ano Internacional das Cooperati-vas.”

De acordo com Freitas, “as cooperativas são empreendimentos sus-tentáveis, que valorizam a participação dos seus associados, a gestão demo-crática e o interesse pela comunidade. O espírito da cooperação nos faz encontrar soluções inovadoras, capazes de gerar retorno financeiro não só para os coope-rados, mas para toda a comunidade. Um crescimento revertido em emprego, em renda e no aquecimento da economia como um todo.”

De acordo com o documento Proposta do Sistema OCB à Presidência da República 2015-2018, enviado ano passado para os candidatos ao Planal-to, com ações e demandas do coopera-tivismo nacional, o Brasil possui mais de 6,8 mil cooperativas ligadas à entidade, distribuídas em 13 ramos de atividades (2013). O crescimento de cooperados nos últimos 10 anos foi de 87,9%, passando do patamar de 11,5 milhões de associa-dos. As cooperativas brasileiras geram hoje cerca de 340 mil empregos formais, crescimento de 83,2% na última década.

A força do cooperativismo no mundo foi muito bem ilustrada no Relató-rio de Atividades 2014 da OCB. Baseado em dados de 2013, o documento mostra

que se as 300 maiores cooperativas do mundo fossem um país, seriam a oitava economia mundial, com um PIB de US$ 2,2 trilhões – valor que corresponde ao fa-turamento/volume de negócios. Ou seja, é indiscutível que este modelo, além de socialmente justo, cujo conceito condena qualquer discriminação social, de gênero, racial, política ou religiosa, é um sistema economicamente eficiente.

No Brasil, dos 13 ramos de atividades cooperativistas, a Agropecuá-ria é a mais representativa, tanto no nú-mero de cooperativas quanto na geração de empregos diretos. Este ramo, formado por cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de pesca, cujos meios de produção pertencem ao cooperado, é representado por cerca de 1,6 mil coo-perativas com mais de um milhão de as-sociados, gerando empregos para aproxi-madamente 165 mil pessoas.

Quase metade (48%) das ati-vidades agropecuárias do País é formada por produtores associados ao coopera-tivismo. Dados do IBGE (2006) mostram

Page 10: 1243861-terra cia-edi_o_200

10

que a cultura do trigo conta com a parti-cipação de 74% de produtores coopera-dos. Em seguida aparecem a soja (57%); café (48%); algodão (44%); milho (43%); arroz (35%); e feijão (18%). De acordo com o ranking de 2012 da revista Exame, das 100 maiores empresas agropecuárias do Brasil, 16 são cooperativas que juntas possuem 179,3 mil associados e volume de vendas de R$ 30,8 bilhões.

De acordo com o presiden-te da Cooperativa de Fornecedores de Cana de Açúcar (COAF) de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima, a caracterís-tica essencial de uma cooperativa é ser uma organização democrática que atua no mercado para comercializar produtos e serviços, sendo que o associado é, ao mesmo tempo, dono e usuário. Ele afirma que o cooperativismo tem um forte com-ponente ideológico, mas admite que a adesão a este modelo possa ter um viés de “absoluta necessidade”.

E foi esta “necessidade” que fez Alexandre encabeçar um movimento que tem ajudado centenas de plantado-res de cana da Mata Norte de Pernam-buco. A COAF decidiu arrendar a usina Cruangi, no município de Timbaúba, que enfrenta um processo de Recuperação Judicial. Fechada desde 2012, a unidade foi reativada em setembro deste ano, com a previsão de moer 400 mil toneladas de cana para produção de 350 milhões de litros de etanol hidratado. Colaboradores recuperaram seus empregos e autoestima e os fornecedores de cana sua fonte de receita.

Em 2014, a mesma experiên-cia foi vivida pelos canavieiros da Mata Sul pernambucana. Organizados através da Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan), sob a batuta do sindicalista e produtor rural Gerson Carneiro Leão, os

CapaAle Carolo / alecarolo.com

Ale Carolo / alecarolo.com

Segundo Alexandre Andrade Lima, o cooperativismo tem um

forte componente ideológico, mas admite que a adesão a

este modelo pode ter um viés de “absoluta necessidade”

Gerson Carneiro Leão e o neto, que desde cedo já conhece a

importância da cooperação

Page 11: 1243861-terra cia-edi_o_200

11

fornecedores arrendaram a usina Puma-ty, no município de Joaquim Nabuco. Já na primeira safra, que começou em no-vembro de 2014 e foi encerrada em maio deste ano, a usina faturou R$ 50 milhões, movimentação que rendeu aos cofres do Estado cerca de R$ 7 milhões em tributos. (Leia a matéria completa nesta edição)

No Brasil - A cultura da coo-peração no País existe desde a época da colonização portuguesa. Contornos mais sistematizados são observados no final do século 19, com o Movimento Cooperativis-ta Brasileiro, organizado por funcionários públicos, militares, profissionais liberais e operários. A primeira cooperativa de con-sumo de que se tem registro no Brasil foi criada em 1889, denominada Sociedade

Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em Minas Gerais.

No Rio Grande do Sul do fi-nal do século 19, os agricultores viviam em um contexto de dificuldades. Naque-le período, o padre jesuíta suíço Theodor Amstad, que vivia no Brasil desde 1885, identificou a necessidade de ir além da evangelização das comunidades. Em 1900, no município de Feliz, a 85 quilôme-tros de Porto Alegre, Amstad criou a Asso-ciação Interconfessional de Agricultores, com a participação de aproximadamente 5 mil agricultores, a maior parte formada por alemães e italianos.

O padre jesuíta conseguiu unir agricultores que tinham na bagagem diferentes influências religiosas, uma vez

Praça em Nova Petrópolis, RJ, que leva o nome do

padre jesuíta suíço Theodor Amstad, criador da primeira

cooperativa de crédito da América Latina

Eugenio Hansen, OFS

Page 12: 1243861-terra cia-edi_o_200

12

Wikimedia Commons

Pioneiros de Rochdale, grupo de tecelões que em

1844 formou a primeira cooperativa moderna do

mundo, em Rochdale/Manchester, na Inglaterra

que fervilhavam na Europa os conflitos entre católicos e protestan-tes. A Amstad é atribuída a seguinte frase: “Se uma grande pedra se atravessar no caminho e vinte pessoas quiserem passar, não conseguirão se, uma a uma, procurarem removê-la individualmen-te. Mas, se vinte pessoas se unirem e fizerem força ao mesmo tem-po, sob a orientação de uma delas, conseguirão, solidariamente, afastar a pedra e abrir caminho para todos”.

A dedicação do Padre Amstad lhe rendeu o apelido de “Pai dos Colonos”. A história conta que ele viajou 129 mil quilôme-tros, noite e dia, durante décadas, no lombo da sua mula “Diana”, para visitar os colonos de vários municípios, levando conforto espi-ritual e os incentivando a se organizarem em cooperativas. Amstad também foi responsável pela criação da Sociedade Cooperativa Caixa de Economia e Empréstimos de Nova Petrópolis, do tipo Rai-ffeisen, hoje Sicredi Pioneira, primeira cooperativa de crédito da América Latina.

O padre, que morreu em 1938 aos 87 anos, chegou a fundar 62 cooperativas de crédito, das quais oito ainda estão em funcionamento, sendo sete no Rio Grande do Sul e uma no município de Itapiranga, em Santa Catarina, a mais antiga em funcionamento naquele Estado. Do Rio Grande, o Cooperativismo de Crédito Rural se estendeu a vários outros Estados do País.

Legislação - A Lei 5.764 de 1971, editada no período da ditadura militar, disciplinou a criação de cooperativas, mas res-tringiu a autonomia dos associados, interferindo na criação, funcio-namento e fiscalização do empreendimento cooperativo. Tal limita-ção, no entanto, foi superada pela Constituição Brasileira de 1988,

que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início à autogestão do cooperativismo.

Pioneiros de Rochdale - A primeira cooperativa do mundo surgiu for-malmente na cidade de Rochdale - hoje um bairro de Manchester -, na Inglaterra, em 1844. O grupo formado por 28 tecelões é reconhecido como a primeira coopera-tiva moderna, a Rochdale Equitable Pio-neers Society Limited, a qual estabeleceu princípios morais e de conduta que são até hoje considerados a base do cooperativis-mo autêntico. O grupo criou um armazém que fornecia produtos a eles mesmos com preços abaixo do mercado. O sucesso da iniciativa se espalhou rapidamente e, em 1881, cerca de mil cooperativas de consu-mo já operavam em todo o planeta, com cerca de 550 mil associados.

Page 13: 1243861-terra cia-edi_o_200

13

Canadá MM15Novo implementofaz colheitaem inclinaçãode até 31,5º

Mérito CanavieiroPaulo Leal,da Feplana,é homenageado em Recife

EtanolConsumointerno ajuda na recuperação de preços

USINA CRUANGIUSINA CRUANGIProdutores de PE comemoram sucesso do cooperativismo

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

Page 14: 1243861-terra cia-edi_o_200

E N T R E V I S T A

14

| Laís Forti Thomaz

País necessita de política estável e permanente para o etanol

Pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos sobre os Estados Unidos (INCT-INEU), Laís concedeu entrevista ao Instituto de Políticas Públicas e Relações Interna-

cionais (IPPRI) da Unesp para falar sobre a política energética dos EUA e de que forma ela infl uencia o mercado brasileiro do etanol.

Segundo ela, o governo brasileiro manteve o preço da gasolina artifi cial por muito tempo, tornado o etanol pouco competi-tivo. A mudança dessa política, com a possibilidade de retorno gra-dual da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre a gasolina e derivados do petróleo, acende uma esperança, “mas não é sufi ciente”.

O que motivou o governo dos EUA a substituir a ma-

triz energética de combustível fóssil para biocombustível?

Laís – Os choques do petróleo de 1973 e 1979 tiveram grande impacto na busca de alternativas aos combustíveis fósseis

tanto no Brasil como nos EUA. As motiva-ções têm várias origens, entre elas garantir a segurança energética e se tornar menos dependente dos países importadores de petróleo, mitigar os efeitos das mudanças climáticas por meio da redução da emis-são de CO2 e agregar valor à cadeia pro-dutiva do milho, principal matéria-prima do etanol nos EUA. Desde 1978 existem incentivos à utilização do etanol na mistu-ra da gasolina por meio da Lei do Imposto de Energia (Energy Tax Act). Mas o gran-de impulso veio em 2004, quando o éter--metil-terciário-butílico (MTBE, em inglês) foi banido como aditivo da gasolina por ser considerado nocivo. O seu substituto foi o

Divulgação

Laís: “Desde o final de 2011 o mercado de etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio”

Page 15: 1243861-terra cia-edi_o_200

E N T R E V I S T A

15

etanol, o que gerou uma demanda de pelo menos 10% na mistura de toda gasolina vendida naquele país.

Como é a política energética

dos EUA para o etanol?

Laís – A partir de 2005, a po-lítica energética para o etanol se baseia no Renewable Fuels Standard (RFS), o qual é basicamente um mandado de demanda. Em 2007 o RFS foi ampliado e estabelece-ram uma meta de 36 bilhões de galões de etanol para o ano de 2022. Diante disso, foi feita uma projeção anual que estabele-ce metas de consumo, as quais são revisa-das pela Environmental Protection Agency (EPA). Vale ressaltar que dentro do RFS existe uma classificação dos combustíveis renováveis. O etanol de milho, considera-do convencional, não é tão eficiente quan-to o etanol de cana-de-açúcar, incluído na categoria de avançado. Para além do RFS, existem programas do U.S. Department of Agriculture (USDA) e do U.S. Department of Energy (DoE) que estimulam projetos de usinas de etanol de segunda geração por exemplo. O USDA acabou de lançar um projeto de estímulo à infraestrutura dos postos de combustíveis e promoção de bombas de combustível que ofereçam o E85 (combustível que contém até 85% de etanol na mistura) e de E15 (15% de eta-nol na mistura). Outros órgãos do gover-no, especialmente Forças Armadas e Ma-rinha, também estimulam a diversificação da matriz energética como forma de ga-rantir a segurança do país. Vale ressaltar que existe um lobby contrário muito forte, liderado pelos produtores de petróleo, que argumentam que tais políticas como o RFS fazem com que eles percam mercado.

De que forma essa política

influencia o mercado brasileiro de etanol

para exportação?

Laís – O setor agroenergéti-co brasileiro, juntamente com o apoio do Agroicone, comprovaram que o etanol de cana-de-açúcar brasileiro se encaixa na categoria de avançado dentro dos pa-drões do RFS. Com isso, os EUA são um mercado com potencial enorme para ex-portação do etanol brasileiro. Os Estados da Califórnia, Washington e Oregon tam-bém trabalham no sentido de banir o uso de etanol de milho por meio da criação do Low Carbon Fuels Standards (LCFS), o que acaba reforçando esse potencial. Mas se a demanda é certa, atualmente a oferta de etanol brasileiro não é das melhores.

O ano de 2011 é um marco

na política para o etanol nos EUA. O que

aconteceu?

Laís – No final de 2011, o Congresso americano encerrou suas ati-

“O setor se sente traído pelo governo desde a descoberta

do pré-sal”

vidades sem ter renovado o VEETC (Volu-metric Ethanol Excite Tax Credit), um crédi-to tarifário por galão de etanol, destinado aos misturadores de etanol na gasolina, além do imposto de importação, o qual era composto pela alíquota de 2,5% ad valo-rem, de responsabilidade da United State International Trade Commision (USITEC) mais uma tarifa secundária de US$0.54 por galão importado (US$0.143 por litro). Por muito tempo, essa era uma demanda da UNICA (União da Indústria de Cana-de--açúcar). Vários são os motivos que con-

Page 16: 1243861-terra cia-edi_o_200

E N T R E V I S T A

16

| Laís Forti Thomaz

tribuíram nesse desfecho. Entre os fatores internos, destacam-se alterações nas es-tratégias e recursos das coalizões de defe-sa do etanol. Entre os externos, a posição de liderança mundial nas exportações do etanol, atingida em 2011, mudanças de co-ligações de governo advindas das eleições de 2010, mudanças na opinião pública no debate sobre biocombustíveis e alimentos, surgimento de novas alternativas energéti-cas, bem como cortes orçamentários para diminuir o déficit público advindo da crise financeira de 2008. Minha tese de doutora-do foca exatamente em demonstrar como foi esse processo e quais desses fatores realmente foram decisivos. Por essa razão, o estágio de Pesquisa nos EUA foi funda-mental, já que pude ter acesso a funcio-nários do governo, lobistas e acadêmicos que são especialistas e participaram des-ses acontecimentos.

Essa mudança na política de

subsídios dos EUA beneficia o Brasil?

Laís – Beneficia no sentido de que o etanol brasileiro pode ter acesso ao mercado norte-americano sem ser taxado. Ou seja, desde o final de 2011 o mercado de etanol entre Brasil e EUA é de livre comércio.

É sustentável a política de

produção de etanol no Brasil?

Laís – A produção de etanol no Brasil passou por uma evolução nos úl-timos anos. Estima-se que desde a criação do Pró-Álcool foram gerados 1 milhão de em-pregos diretos e cerca de 42% do consumo da gasolina foram substituídos por etanol, o que valeria dizer que houve uma redução de 800 milhões de toneladas de gás carbô-nico equivalente. A colheita foi mecanizada, o que tecnicamente pôs fim as queimadas e exigiu uma mão de obra mais qualificada. Além disso, como subprodutos da cana-de--açúcar, ainda podem ser gerados eletrici-dade e bioplástico, por exemplo. Atualmen-te, o etanol de segunda geração ou etanol celulósico está sendo produzido nas Usinas da GranBio em Alagoas e Raízen em Piraci-caba, SP. A Usina São Manoel, em parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira, tem capacidade de processar 100 toneladas de biomassa por dia. As usinas da Odebrecht e a Petrobras estimam atingir escala comer-cial em 2016. Por outro lado, o setor se sente traído pelo governo desde a descoberta do pré-sal. A partir de então, juntamente com os efeitos da crise de 2008, o setor está pas-sando por um momento complicado. O go-verno brasileiro manteve o preço da gasolina artificial por muito tempo, fazendo com que o etanol não se tornasse tão competitivo. Ago-ra que abandonou essa política e inclusive estabeleceu o retorno gradual da Contribui-ção de Intervenção no Domínio Econômi-co (CIDE) sobre a gasolina e derivados do petróleo, existe uma esperança, mas não é suficiente.

“O etanol de milho, considerado convencional, não é tão eficiente quanto o etanol de cana-de-açúcar,

incluído na categoria de avançado”

Divulgação

Page 17: 1243861-terra cia-edi_o_200

E N T R E V I S T A

17

www.quimicareal.com.brTel: +55 (31) 3057.2000Fax: +55 (31) 3057.2036

Proteja seu fermento nas paradaspor chuva com

Kamoran e HJ Emulsão!!

Page 18: 1243861-terra cia-edi_o_200

18

Capa (cont.)

Produtores do Nordeste comemoram sucesso do cooperativismoUnião de forças transforma plantadores de cana em proprietários de usinas em Pernambuco, com um modelo de gestão transparente que resgata empregos e autoestima dos trabalhadores, além de gerar riqueza para o Estado

Alexandre Carolo, de Recife

Modelo de gestão relativamente simples, largamente adotado em outras culturas agrícolas no Brasil, o cooperativismo já é uma realidade de sucesso no setor su-croenergético da região Nordeste. Em setembro de 2015, duas unidades indus-

triais de Pernambuco iniciaram a safra canavieira 2015/16 seguindo este sistema. As usinas Cruangi, na Mata Norte, e a Pumaty, na Mata Sul do Estado, podem alcançar uma moagem superior a 1 milhão de toneladas de cana na atual temporada, prevista para terminar em

Divulgação

Page 19: 1243861-terra cia-edi_o_200

19

Usina Pumaty, no município de Joaquim Nabuco, experimenta o modelo de

cooperativismo desde a safra 2014/15

maio de 2016.Em processo de recuperação

judicial, após um período de paralisação de atividades que quase sucateou as instala-ções, as usinas podem gerar aos cofres do Estado algo em torno de R$ 100 milhões na safra 15/16. Desafio este que tem mobiliza-do milhares de produtores de cana-de-açú-car que aceitaram participar de um modelo de gestão onde os cooperados dividem responsabilidades e riscos, mas também lucros. O resgate dos ganhos e da autoesti-ma dos trabalhadores, além do aumento de receita para o Estado, são legados desta iniciativa.

A usina Pumaty, localizada no município de Joaquim Nabuco, a 123 qui-lômetros da capital Recife, experimenta o

modelo de cooperativismo desde a safra passada, iniciada em se-tembro de 2014, e que gerou um faturamento de R$ 50 milhões, movi-mentação que rendeu aos cofres públicos cerca de R$ 7 milhões em tributos. A unidade foi reativada a partir da iniciativa de produtores de cana ligados à Associação dos Fornecedores de Cana de Pernam-buco (AFCP) e ao Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindicape).

Antes de retomar as operações, em setembro do ano passado, a Pumaty permaneceu dois anos fechada, comprometendo o emprego de mais de quatro mil trabalhadores e gerando um exce-dente de produção de 700 mil toneladas de cana. Diante da crise, os plantadores se viram obrigados a reagir sob o risco de desencadear um sério desequilíbrio econômico e social na região. Com isso, a ad-ministração da unidade passou a ser compartilhada pelos produtores, através da Cooperativa dos Produtores de Cana (AgroCan).

O grupo contou com o apoio do governo do Estado, que promoveu uma queda de 50% na carga tributária das operações com etanol hidratado - álcool comum vendido nos postos - e, posterior-mente, a redução nas alíquotas do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) do eta-nol, de 25% para 23%. Já a alíquota da gasolina subiu de 27% para 29%, mudança que deve incentivar a substituição do combustível fós-sil pelo renovável.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara, destacou, durante a cerimônia de início de safra, a importância da recupera-ção dos empregos diretos e indiretos, além do incremento econômico que a usina Pumaty representa para a região da Mata Sul. “Estamos mostrando ao Brasil, onde muita coisa está fechando, que nós aqui na Zona da Mata pernambucana estamos reabrindo usinas; fazendo com que emprego e renda sejam gerados de maneira muito mais efe-tiva, e de maneira muito mais rápida e ágil.”

Sobre a política do governo federal para o setor sucro-energético pernambucano, o chefe do Executivo estadual disse que não se pode deixar de trabalhar, “esperando que as intuições públi-cas federais voltem a funcionar em favor do crescimento econômi-co, em favor da geração de empregos. Nós temos que fazer com que Pernambuco não pare. Que Pernambuco volte a gerar emprego, cada vez mais”, disse Câmara, destacando o crescimento do setor em 2015, mesmo em cenário de crise, sendo 8% no primeiro trimestre e 7% no segundo trimestre.

Motivados pelo desempenho positivo alcançado pela Pumaty, que está sob a batuta do presidente do Sindicape e AgroCan, Gerson Carneiro Leão, plantadores de cana da Mata Norte também

Page 20: 1243861-terra cia-edi_o_200

20

Page 21: 1243861-terra cia-edi_o_200

21

Page 22: 1243861-terra cia-edi_o_200

22

Cooperativa reativou a destilaria da Cruangi no dia 15 de setembro com a previsão de moer 400

mil toneladas de cana no ciclo 2015/16

decidiram se unir para administrar a usina Cruangi, em Timbaúba, a 108 km de Recife. Sob a coordenação do presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, o grupo coopera-do reativou a destilaria no dia 15 de setem-bro com a previsão de moer 400 mil tonela-das de cana no ciclo 2015/16. A produção

de etanol hidratado está estimada em 350 milhões de litros.

A exemplo da Pumaty, os co-operados da Cruangi fi zeram um investi-mento inicial de R$ 10 milhões e fi rmaram um contrato de locação da unidade fabril que prevê o repasse de 4% do faturamento

Capa (cont.)

Ale Carolo / alecarolo.com

Colaboradores da Usina Cruangi vestem o uniforme da empresa, que é de todos

Divulgação COAF

Page 23: 1243861-terra cia-edi_o_200

23

para a conta-depósito do processo de re-cuperação judicial da unidade, que estava fechada desde 2011. Quando paralisaram as operações, a usina tinha uma dívida de cerca de R$ 8 milhões com os fornecedores de cana, além de outro montante em passi-vos trabalhistas. A usina está sendo admi-nistrada pela Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF).

Apoio - Em 2014, mesmo em meio a uma das maiores crises da história do sucroenergético, a COAF conseguiu um faturamento de R$ 4 milhões, com uma sobra de R$ 208 mil, dos quais R$ 108 mil foram aplicados em um fundo de investi-mento e o restante distribuído entre os co-operados. “Este montante repartido propor-cionou para cada um dos benefi ciados um volume de compras de produtos dentro da própria cooperativa deles”, disse Alexandre Andrade Lima.

Segundo o presidente da en-tidade, fundada há quatro anos, a partilha das sobras contribui para fortalecer o gru-po, uma vez que incentiva os seus coo-perados a adquirirem produtos nela. Lima lembra que a COAF foi criada com o objeti-

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

Alexandre Andrade Lima está à frente da COAF, cooperativa

que reequilibrou o mercado de fornecimento de cana na Zona da Mata Norte de Pernambuco

vo de diminuir os custos de produção dos cooperados em relação à aquisição de insumos para o canavial, como herbicidas, inseticidas, fungicidas, ferramentas e equipamentos diversos. Desde a sua cria-ção, comercializa produtos com preços abaixo do valor de mercado.

A expectativa a partir de agora é que o desempenho da COAF seja ainda maior, por conta da diversifi cação do mix de produ-tos, que está sendo ampliado para o segmento pecuário, atendendo a uma demanda do próprio setor canavieiro. “Com a diversifi cação das áreas de cana se convertendo em pecuária, começamos a co-mercializar sementes, arames e outros tipos de produtos de acordo com as necessidades dos nossos cooperados”, observa Alexandre.

Futuro - Com as boas perspectivas, a Cruangi já plane-

Colônia onde vivem alguns dos colaboradores da usina Cruangi. Salto de qualidade de vida após

reativação da unidade

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 24: 1243861-terra cia-edi_o_200

24

ja retomar a produção de açúcar em 2017. Para isso, a COAF pretende fazer investi-mentos nas instalações do galpão, entre ou-tras adequações industriais. Durante a safra, os cooperados também pretendem investir na recuperação de uma caldeira que ficou deteriorada pelo tempo de inatividade. Aos poucos, a unidade vai tomando forma. Cerca de 350 colaboradores atuam diretamente na usina, todos sem medir esforços, com o pro-pósito de tornar a empresa lucrativa e dividir a receita de forma mais justa.

De acordo com Alexandre Lima, neste sistema de cooperativa o plan-tador de cana consegue aumentar suas margens, uma vez que o modelo leva a um ponto de equilíbrio, sem tanta influência do que o mercado dita. O dirigente da asso-ciação reforça que se trata de um sistema mais justo e transparente, no qual todos os cooperados são agentes fiscalizadores das atividades e do desempenho, desde o plan-tio até o produto final. Esta configuração de negócio, por si só, é capaz de reestabelecer a relação de confiança entre usina e forne-cedores, por exemplo.

No olho do furacão da crise,

durante o fechamento da Pumaty e Cruan-gi, a situação dos plantadores de cana do Estado já não andava nada bem. Segundo Lima, os produtores sofreram com o atraso ou inadimplência das usinas. Com a mar-gem apertada, em meio a discussões e questionamentos referentes ao ATR, além da difícil relação pessoal entre plantadores e usinas, a classe dos produtores de cana só não ruiu de vez por conta de um subsídio do governo, que ajudou, mas não o suficien-te para permitir investimentos, por exemplo, em tratos culturais.

A Cooperativa de Fornece-dores de Cana (AgroCan), que administra a Pumaty, beneficia aproximadamente 1,2 mil fornecedores ativos, dos quais 98% são pequenos produtores. Já a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF), da Cruangi, conta com cerca de 700 cooperados. Com a reativação das duas unidades industriais, o sorriso de mi-lhares de produtores e seus familiares que vivem nas regiões de atuação da usina vol-taram a refletir a alegria do povo pernambu-cano, de um dos mais tradicionais estados canavieiros do Brasil.

Parte do conselho de administração da usina Cruangi

Desempenho positivo alcançado pela Pumaty,

que está sob a batuta do presidente do

Sindicape, Gerson Carneiro Leão, motivou

a reabertura da Cruangi

Ale Carolo / alecarolo.com

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 25: 1243861-terra cia-edi_o_200

25

Variedades CTC.Novas e com 46 anosde experiência.

Precocidade com alto teor de açúcar.

Força e robustez gerandomais produtividade.

Power CTC9004M e Sweet CTC9005HP. De um lado produtividade, do outro alto teor de açúcar. Mas acima de tudo, o conhecimento, a experiência e a visão inovadora da marca CTC, construídas em mais de quatro décadas de desenvolvimento e melhoramento genético. O resultado? Variedades com qualidades únicas.

Page 26: 1243861-terra cia-edi_o_200

26

Capa (cont.)

Colaboradores retomam atividades motivados

Aos 44 anos, metade deles casado, pai de três filhos - Paulo André, Paulo Alexandre e Paulo Oberdan

- Paulo Roberto dos Santos mora nas de-pendências da usina Cruangi há 24 anos. Começou a atuar em pequenos serviços de elétrica e foi ganhando experiência até assumir responsabilidades na área de ser-ralheria mecânica. Quando a usina fechou as portas, em 2012, Paulo ficou quatro me-ses sem receber salário. Apaixonado pela usina, passou apertado, mas nunca per-deu as esperanças.

Durante os mais de três anos de interrupção das atividades na Cruangi, Paulo foi trabalhar na área de rolamento de motores, em uma empresa próxima à usina. Em uma manhã, acompanhando a entrevis-ta do presidente da Associação dos Forne-cedores de Cana de Pernambuco (AFCP), Alexandre Andrade Lima, em uma rádio lo-cal, ficou sabendo que a usina iria retomar as operações e que muita gente iria reaver seus empregos. Mais do que depressa, Paulo entrou em contato com a AFCP.

Ao receber a notícia de que seria recontratado, Paulo chorou. “Nunca perdi a esperança”, conta. O colaborador a partir de então prometeu a si mesmo que faria o que fosse possível para ver a usi-na operar em sua plenitude novamente. “Quando eu vim pra cá tive que ‘me virar nos 30’ para dar conta do trabalho e fazer de tudo para a usina partir na data combi-nada. Tenho muito a agradecer a todos que me apoiaram, principalmente a associação

e a cooperativa, que confiaram no meu tra-balho”, disse Paulo.

“Amo o que faço”. A afirma-ção é de Shirlene Maria da Silva, atual-mente responsável pelo departamento de compras da Cruangi. Casada com Francis-co Antônio, que hoje atua na oficina mecâ-nica da usina, Shirlene, mãe de um garoto de 13 anos, ficou em prantos quando se viu obrigada a sair da unidade em 2012, após 14 anos e oito meses de trabalho. Na ocasião, a empresa estava atrasada com o pagamento de salários e tornou a situação insustentável.

Shirlene entrou na usina aos 18 anos, a partir da “escolinha”, um pro-grama cujo objetivo era dar oportunidades para filhos de funcionários da usina. Ela passou por um treinamento de seis meses e foi contratada inicialmente como auxiliar de escritório. “Em seguida passei a ser au-xiliar de compras e posteriormente assumi a função de compradora”, conta, orgulho-sa da carreira. Ao sair da usina, em 2012, Shirlene passou a atuar na área de com-pras em uma empresa fabricante de tape-tes de borracha para veículos.

Ao saber, através de amigos e colegas, que a Cruangi seria reativada, Shirlene se animou. Não demorou muito para o engenheiro químico Plácido Borba, responsável pelas indicações de antigos colaboradores para a nova fase da usina, convidar Shirlene para voltar ao trabalho. “Fiquei muito feliz. Aceitei de imediato. Quando se começa a amar uma usina, é

Paulo, 44 anos, que mora na colônia da

Usina Cruangi desde os 20, se emocionou ao ter

seu emprego de volta

Artur Aranha Neto afirma que a usina é de todos. Todos

são fiscais, cobram, buscam resultados e acima de tudo trabalham com motivação,

do campo à indústria

Ale Carolo / alecarolo.com

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 27: 1243861-terra cia-edi_o_200

27

Shirlene entrou na usina como aprendiz aos 18 anos. Depois do susto de ver o fim da unidade tão de perto, em 2012, está aliviada por ter reassumido a coordenação de

compras da empresa este ano

Ale Carolo / alecarolo.compra sempre”, disse a colaboradora que vive com a família no mu-nicípio de Aliança, próximo à usina, na Zona da Mata Norte do Estado.

Experiência - Quatro décadas cultivando cana fo-ram sufi cientes para que Artur Aranha Neto, de 62 anos, pudesse afi rmar que o cooperativismo é realmente o modelo ideal para reequilibrar o setor sucroenergético de Pernambuco. Proprietário de uma área de 120 hectares, na qual produz 9 mil toneladas de cana, Artur é um dos conselheiros administrativos da COAF e atua na área de operações agrícolas na área de recepção da usina Cruangi.

Pai de Artur Filho, 36 anos, e de André, 34, Artur explica que neste sistema de gestão o compromisso dos co-operados vai além do que é satisfatório para administrar uma empresa sucroenergética. Isso porque a usina é de todos. To-dos são fi scais, cobram, buscam resultados e acima de tudo trabalham com motivação, do campo à indústria. Realmente não é preciso andar muito para encontrar cooperados e cola-boradores satisfeitos, que vivem um momento de recuperação fi nanceira, muito trabalho, resgate da autoestima, fé e, acima de tudo, esperança. (AC)

2727

Embalado em saches hidrossolúveis de 100 gramas em baldes invioláveis de 8 kg.

Ingrediente ativo: Monensina Sódica 100%

Protemosto LAM é uma atividade padrão antimicrobina com Monensina Sódica. É eficaz contra uma grande variedade de bactérias Gram-positivas que normalmente infectam a fermentação do etanol combustível.

Fale com nosso escritório: [email protected] +55 62 3507 6200

Page 28: 1243861-terra cia-edi_o_200

28

Capa (cont.)

CCT da Cruangié parceria na prática

“Estamos juntos”. A expressão capaz de sintetizar o signifi cado de parceria, companheirismo e fi delidade é a tônica do coopera-tivismo sucroenergético em Pernambuco. A área de Corte, Car-

regamento e Transporte de Cana (CCT) da Cruangi é um exemplo disso. O coordenador do CCT da usina, Francisco Rabelo, faz ques-tão de ressaltar o espírito colaborativo dos plantadores que integram a Cooperativa do Agronegócio dos Fornecedores de Cana (COAF), que administra a unidade industrial.

Na antiga gestão, que durou até 2012, todos os equipa-mentos da área de CCT da usina eram próprios. Com o fechamento da planta, os produtores de cana tiveram que comprar suas máqui-nas para poder continuar a fornecer a matéria prima. Hoje, com o sistema de cooperativa, o planejamento de corte, carregamento e transporte é feito a partir de uma planilha que distribui o conjunto de equipamentos para que a atividade seja feita com menor custo, considerando distâncias, topografi as, entre outras variáveis.

Francisco é o responsável por essa distribuição, que respeita o senso comum da frase “o que é meu é seu”. O coorde-nador trabalhou durante 15 anos na gestão anterior da Cruangi. Em 2008 foi coordenar o CCT da usina Cucaú, em Rio Formoso. Este ano, com a retomada da Cruangi, aceitou o convite para retornar à usina, na mesma função. “Voltei por acreditar neste modelo de cooperativismo, onde todos dividem lucros e dividendos. Acho um sistema justo e transparente. Como sou um pequeno produtor de

Ale Carolo / alecarolo.com

cana, estou aqui”, conta.Com uma pequena área

equivalente a três mil toneladas de cana, Francisco, que mora em Recife e passa a semana na usina, direciona toda sua pro-dução para a Cruangi. Com três frentes de CCT 100% terceirizada, ele afi rma que a usina cooperada tornou-se um ponto de equilíbrio para a região. “As outras usinas passaram a negociar o preço da cana de uma forma mais justa”, revela Francisco, que ainda tenta receber o pagamento pela cana fornecida a algumas usinas inadim-plentes.

Em relação ao resgate da confi ança dos fornecedores de serviços, peças e demais insumos à usina, tanto na agrícola quanto na indústria, Francisco afi rma que a situação já está voltando ao normal. Isso porque a usina possui hoje um controle minucioso de suas contas, atreladas a um processo de recuperação judicial, que garante o cumprimento de no-vos contratos. Ou seja, os anos de descon-fi ança do mercado por conta da má gestão anterior já estão fi cando para trás.

Para ele, os investimentos ocorrerão com o tempo. Na área de CCT, Francisco afi rma que há necessidade de mais alguns tratores e máquinas Bell, ca-pazes de carregar a cana queimada em locais inclinados, típicos da região Nor-deste onde fi cam as plantações de cana. Colhedoras convencionais, utilizadas na região Centro-Sul, onde os canaviais são planos, em sua maioria, não conseguem operar em inclinações elevadas. Portanto, equipamentos adaptados e experimentais ainda são necessários. (AC)

Francisco Rabelo está à frente do setor de CCT da Cruangi e destaca o espírito colaborativo dos

plantadores de cana que integram a COAF

Page 29: 1243861-terra cia-edi_o_200

29

Feira em Recife reúne produtores de cana do NEAlexandre Carolo, de Recife

Palestras técnicas, rodadas de negócios, exposição de produtos, implementos e insumos agropecuários, além de lançamentos que podem mudar a dinâmica de colheita de cana no Nordeste, deram a tônica da IV NorCana, feira voltada aos

produtores de cana, realizada dias 5 e 6 de outubro de 2015 na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. Na oportunida-de, centenas de fornecedores, especialistas e autoridades do segmento canavieiro do País, estiveram reunidos para troca de informações.

A NorCana é promovida pela AFCP em parceria com a Cooperativa de Fornecedores de Cana-de-açúcar (COAF). Na edição de 2015, o evento contou com a participação do secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, que proferiu uma palestra inaugural sobre políticas agrícolas. Na oportunidade, Jardim elogiou a iniciativa das cooperativas AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das usinas Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial, promovendo assim um ree-quilíbrio do setor canavieiro em Pernambuco.

O secretário paulista disse que pretende agendar uma visita do governa-dor do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, às instalações das usinas pernambu-

Cerimônia de abertura da NorCana 2015 reuniu

fornecedores de cana, representantes de sindicatos e associações de plantadores e

autoridades políticas

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 30: 1243861-terra cia-edi_o_200

30

canas administradas pelas cooperativas, para mostrar o modelo que tem sido bem sucedido no estado. O setor sucroenergé-tico de São Paulo, que é o principal Es-tado produtor de cana-de-açúcar, passa por difi culdades com o fechamento de dezenas de unidades industriais que não resistiram às difi culdades fi nanceiras e à falta de política federal de incentivo à cul-tura da cana.

Segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), desde 2008 foram fechadas 80 unidades produtoras na região Centro-Sul do Brasil. Só este ano, 10 usinas deixaram de ope-rar e a previsão é de que outras encerrem as atividades em 2016. As mais de 120 companhias associadas à Unica na região Centro-Sul do Brasil são responsáveis por mais de 50% do etanol e 60% do açúcar produzidos no País.

Como o modelo de coope-rativismo tem dado certo em usinas que estão em recuperação judicial em Per-nambuco, a intenção de Arnaldo Jardim e dos representantes dos fornecedores nordestinos, organizados em associações e sindicatos, é mostrar a Geraldo Alckmin que este sistema pode ser adotado em unidades paulistas que estejam vivendo esta realidade de crise.

A iniciativa foi aplaudida pelo presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana-de-açúcar no Estado de Pernam-buco, Gerson Carneiro Leão, que quan-do esteve à frente da Comissão Nacional de Cana-de-açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) le-vou a ideia do cooperativismo a vários for-necedores de cana do Centro-Sul. “Tenho mais de 30 anos de atuação em sindica-tos e sempre acreditei no cooperativismo

Gerson Carneiro Leão: “Tenho mais de 30 anos de atuação em

sindicatos e sempre acreditei no cooperativismo como

modelo ideal de gestão para o setor de açúcar e álcool”

Arnaldo Jardim elogiou a iniciativa das cooperativas AgroCan e COAF, que assumiram a retomada das usinas

Pumaty e Cruangi, ambas em recuperação judicial

Ale Carolo / alecarolo.com

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 31: 1243861-terra cia-edi_o_200

31

Page 32: 1243861-terra cia-edi_o_200

32

como modelo ideal de gestão para o setor de açúcar e álcool”, disse o dirigente.

Essa troca de experiências é válida também no âmbito dos benefícios fiscais. Segundo Arnaldo Jardim, o gover-nador Geraldo Alckmin está empenhado na recuperação e fortalecimento do setor sucroenergético ao manter o menor per-centual de ICMS sobre a venda do etanol hidratado, de 12%, e na promoção de isenção fiscal para o retrofit de caldeiras e turbinas para incentivar a cogeração, simplificando com isso a cadeia tributária do setor.

Um exemplo que pode ser adotado nos estados do Nordeste. Per-nambuco já segue esta linha de apoio ao setor, com a recente decisão de baixar a alíquota do ICMS do etanol hidratado de 25% para 23%. Segundo o presidente da AFCP, Alexandre Andrade Lima, duran-te a NorCana 2015, o secretário paulista

Arnaldo Jardim e o secretário de Agricul-tura e Reforma Agrária de Pernambuco, Nilton Mota, também começaram a dis-cutir a possibilidade da formação de con-vênios de cooperação para verticalizar as atividades de apoio ao setor nos dois Estados.

Lima acredita que a criação de uma força conjunta que possa pres-tar assessoria técnica às cooperativas seja fundamental para garantir melhorias de produtividade, um dos maiores desa-fios da região Nordeste. “Podemos, por exemplo, trabalhar para viabilizar a utili-zação de melhores variedades de cana e tecnologias de irrigação para que a quali-dade da matéria-prima melhore”, observa o dirigente, que também busca parceiros fornecedores de bens de capital, equipa-mentos, insumos e serviços que possam agregar valor aos novos projetos basea-dos no cooperativismo.

Ale Carolo / alecarolo.com

Presidente da AFCP, Alexandre Lima; o secretário

da Agricultura do Estado de São Paulo, Arnaldo

Jardim; e o presidente da AgroBrasil, Plínio César

Page 33: 1243861-terra cia-edi_o_200

33

Paulo Leal recebeu a comenda das mãos do

presidente da Associação dos Fornecedores de Cana

de Pernambuco (AFCP), Alexandre Lima

Paulo Leal recebe medalha do Mérito Canavieiro

Desde a primeira edição, em 2012, a NorCana tem destacado personali-dades do setor agroindustrial e do

segmento político pelos serviços prestados em defesa da manutenção e fortalecimen-to da cultura canavieira na região Nordes-te. Este ano a medalha do Mérito Canaviei-ro foi entregue ao presidente da Federação Nacional dos Produtores de Cana (Fepla-na), Paulo Sergio de Marco Leal. A honra-ria é conferida pela União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida).

Paulo Leal recebeu a comen-da das mãos do presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambu-co (AFCP), Alexandre Lima. Representan-tes de associações e sindicatos dos for-necedores de cana, além de autoridades políticas, prestigiaram a solenidade que aconteceu na noite do dia 5 de outubro, na sede da AFCP, em Recife, PE. Na oportu-nidade, Paulo Leal destacou a importância das entidades nordestinas ligadas ao setor sucroenergético para o fortalecimento da atuação da Feplana, como representante de classe em Brasília, DF.

Em seu discurso, o presidente da Feplana destacou o potencial do setor de açúcar, álcool e bioenergia como gera-dor de riquezas e divisas para o Brasil, mas também criticou os equívocos cometidos pelo atual Governo Federal, especialmente por conta da retirada gradual da Contribui-ção de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) e a opção de se manter artificial-mente congelados os preços da gasolina, causando uma concorrência desleal com o etanol. “Nesses anos de congelamento,

os custos de produção subiram assustado-ramente, sem contar os custos ambientais e trabalhistas aos quais tivemos que nos adaptar”, disse Leal.

De acordo com Paulo Leal, a retirada gradual da Cide, até zerar em 2012, causou um imenso descompasso entre os preços da gasolina e do etanol. A importância desta Contribuição encon-tra eco inclusive dentro do próprio Gover-no, uma vez que a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, tem defendido a elevação da Cide sobre a gasolina como forma de aumentar a com-petitividade do álcool combustível (etanol) e a sua participação na matriz energética nacional.

Outro defensor da Cide é o presidente da Empresa de Pesquisa Ener-gética (EPE), Maurício Tolmasquim. No fim de setembro, durante a Conferência Inter-

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 34: 1243861-terra cia-edi_o_200

34

Capa (cont.)

nacional de Energia realizada na Câmara de Comércio Americana do Rio de Janeiro (Amcham), Tolmasquim disse que “para o merca-do do etanol seria muito importante sair a elevação da Cide. Outra coisa importante é que a desvalorização do real ajuda o etanol, já que o etanol é produzido em reais no Brasil e o petróleo é alinhado ao mercado externo”.

Durante a NorCana, Paulo Leal conversou com a repor-tagem da Terra&Cia sobre o grave problema do aumento do custo de produção. “Com o fim da queima da palha da cana, a mecaniza-ção, que deveria ser uma aliada para reduzir nossos custos de pro-dução, chegou como vilã, pois tivemos novamente que sistematizar nossos canaviais, além de mudar as variedades de cana que ainda não estavam adaptadas ao corte mecânico, diminuindo desta forma a vida útil dos canaviais.”

Como próximos desafios, Leal destaca a necessidade de reestabelecer a situação financeira da indústria, que iniciou a temporada no Centro-Sul, em abril deste ano, devendo quase uma safra e meia, cerca de R$ 80 bilhões. O presidente da Feplana tam-bém lamenta que, de 2008 para cá, mais de 80 usinas quebraram, mais de 40 não moeram este ano e quase 50 entraram em recupera-ção judicial. “Precisamos de um programa robusto de recuperação de ativos, não só para o setor industrial como também para o setor agrícola.”

Paulo também questiona a lentidão no desenvolvimento de um motor flexfuel - que funciona com etanol hidratado ou gasolina - com melhor desempenho. “Não é possível que se passaram mais de duas décadas e ainda não houve melhorias no desempenho des-ses motores. Parece-nos que isto interessa a alguém.”

A Feplana tem defendido algumas bandeiras em Bra-sília, alinhadas ao que o setor busca. Paulo Leal tem defendido a criação de um seguro-renda ou uma política de garantia de preços mínimos que, segundo ele, ainda encontra objeção em alguns Mi-nistérios. “Precisamos fortalecer nossas associações, de forma a melhorar as negociações com as indústrias e a convivência com os associados. Também temos que incentivar e apressar a transgenia da cana, além de mostrar à sociedade os benefícios ou as externa-lidades positivas do etanol.”

Segundo Leal, “a sociedade brasileira aparenta não ver as externalidades positivas do etanol, pois esquece que se trata de uma energia limpa, renovável e genuinamente brasileira. A socie-dade olha apenas o preço e abastece seu veículo com combustível mais barato, que nem sempre é o melhor para o País, nem sempre é o melhor para os brasileiros”, observa.

Em recente discurso em Brasí-lia, Paulo Leal criticou o aumento de juros do Plano Safra. “Saímos de 6,75% para 8,75%, causando um prejuízo aos nossos produtores de R$ 1,8 bilhão, saindo de 4,5 bilhões para 3 bilhões, diminuindo, assim, o financiamento do Programa ABC (Agricul-tura de Baixo Carbono) e aumentando de 4,5% para 9% os juros do ModerFrota. Mais uma vez, nosso setor está servindo como mourão de aroeira, suportando o PIB nacio-nal e, agora, ainda, sendo penalizado com o aumento de juros. É preciso não esquecer que parte desse dinheiro é oriundo dos re-cursos obrigatórios dos bancos nacionais. Assim, não dá para engolir esse aumento de juros criado pelo Governo.” (AC)

Ale Carolo / alecarolo.com

De acordo com Paulo Leal, a retirada gradual da Cide, até zerar em 2012, causou um imenso descompasso

entre os preços da gasolina e do etanol

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

Page 35: 1243861-terra cia-edi_o_200

35

Subvenção para 2015 está engavetada em Brasília

Produtores de cana do Nordeste e do Rio de Janeiro estão em com-passo de espera para a liberação

da subvenção da cana aprovada pela Lei 12.999/2014. No começo deste ano, o go-verno federal publicou a Medida Provisó-ria 666/2014 que determina a liberação de R$ 187 milhões em recursos capazes de beneficiar 35 mil produtores, sendo 91% da agricultura familiar. No entanto, o paga-mento está travado em Brasília, DF, porque a MP ainda não foi aprovada (até o fecha-mento desta edição) e, segundo o presi-dente da União Nordestina de Produtores de Cana de Açúcar (Unida), Alexandre An-drade Lima, perdeu a eficácia.

No início de outubro, Lima e outros representantes de plantadores da região Nordeste foram à Brasília pedir ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que interceda junto ao Ministério da Fazen-da pela liberação da subvenção da cana-

-de-açúcar. A lei da subvenção foi aprova-da em 2014 para socorrer os plantadores nordestinos e cariocas que tiveram preju-ízos com a seca na safra 2012/13. Cada produtor tem direito a receber R$ 12 por tonelada de cana, até o limite de 10 mil to-neladas.

De acordo com o presidente da Unida, se o pagamento for liberado agora, os produtores terão condições de fazer novos plantios, tratos culturais, contratar mais mão de obra e gerar em-prego e renda na região. “Agora está todo mundo praticamente sobrevivendo de plantios anteriores. A produtividade é muito baixa, porque tem que haver uma renovação desse canavial, o que não está acontecendo”, lamentou Andrade. Segundo ele, Renan Calheiros se com-prometeu a conversar sobre o assunto com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. (AC)

Sem a subvenção do governo, os produtores

nordestinos não têm condições de fazer novos plantios e tratos culturais

adequados

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 36: 1243861-terra cia-edi_o_200

36

Tecnologia Agrícola

Novo implementocolhe cana em inclinação de até 31,5°

O setor canavieiro nordestino enfrenta desafi os diários na área agrícola, especialmente por conta do clima seco e da topo-grafi a acidentada. Produtores que contam com sistema de

irrigação efi ciente e possuem lavouras mais planas são abençoados. Já quem não consegue investir em tratos culturais e possui áreas incli-nadas, sofre com a falta de produtividade e com o difícil processo de colheita. Se São Pedro não ajuda no envio de chuvas mais constantes, há uma novidade que pode amenizar o sofrimento dos produtores. Um novo implemento promete colher cana mecanicamente em uma área de inclinação de até 31,5°.

A novidade foi apresentada durante a NorCana 2015, evento voltado aos produtores de cana do Nordeste, realizado dias 5 e 6 de outubro, na sede da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), em Recife, PE. O implemento está sendo pa-tenteado e foi batizado de Canadá MM15. A invenção, que pode ser acoplada a um trator, é resultado de uma pesquisa de quase cinco anos realizada em parceria pelo Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), o soldador e in-ventor do equipamento, Ednaldo Mesquita, e o empresário Fernando Miranda, proprietário do engenho Capim Canela.

De acordo com o coordenador do projeto, Luiz Claudio Melo, que também é consultor do Sindaçúcar, o implemento possibilita o corte de 20 a 30 toneladas de cana-de-açúcar por hora. Cálculos dos criadores da máquina mostram que a colheita mecanizada pode ser capaz de gerar uma economia de aproximadamente R$ 15,00 por to-nelada de cana, partindo de R$ 23/ha no corte manual, para R$ 8/ha na colheita mecanizada. Cinco máquinas estão sendo produzidas, sendo

duas para usinas e três para fornecedores. Cada implemento custa R$ 150 mil.

Desde o início da pesquisa, em 2010, o Sindaçúcar-PE já investiu R$ 1,5 milhão por ano no desenvolvimento do im-plemento. “É um esforço de inovação incre-mental, agregando redução de custos e efi -ciência nas operações”, disse o presidente do Sindaçúcar-PE, Renato Cunha. De acor-do com o presidente da Associação dos Plantadores de Cana da Paraíba (Asplan), Murilo Paraíso, “qualquer tecnologia que venha facilitar a vida do produtor canavieiro é bem-vinda e ainda mais em se tratando de otimização de custos, tempo de colheita e melhoria na produtividade.”

Segundo Luiz Claudio Melo, o processo de mecanização do Nordeste será lento, pois a renovação do canavial va-ria de 10% a 15% ao ano. Além disso, para que o equipamento possa ser usado com efi ciência, deve ser feito um nivelamento do solo durante o plantio. “É um processo lento que não vai ocorrer do dia para a noi-te”, conta. Ele estima que metade da área de declive da Mata Sul continuará tendo colheita manual, porque não será possível fazer corte mecanizado.

O implemento batizado de Canadá MM15 está sendo patenteado e custa R$ 150 mil

Murilo Paraíso: “Qualquer tecnologia que venha facilitar a vida do produtor canavieiro é bem-vinda”

Divulgação

Ale

Car

olo

/ ale

caro

lo.c

om

Page 37: 1243861-terra cia-edi_o_200

37

Leitores Terra&Cia têm descontos especiais

Page 38: 1243861-terra cia-edi_o_200

38

Crise

CEISE Br repudia projeto que reduz recursos do Sistema “S”

Uma ação conjunta entre o CEISE Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombus-

tíveis), o SESI e o SENAI de Sertãozinho, SP, resultou em uma carta encaminhada à presi-dente do Brasil, Dilma Rousseff, manifestan-do a opinião das entidades sobre a proposta do governo federal de reduzir os recursos do Sistema “S”, que reúne as instituições SE-NAI; SESI; SENAC; SESC; SEBRAE; SENAR; SEST; SENAT; e SESCOOP.

A medida proposta pelo Planalto faz parte do pacote de ajustes do orçamento de 2016 e foi anunciada no mês passado pelo governo, que considera essencial contar com o dinheiro do Sistema “S” para obter a meta de superávit primário de 0,7% do Produto In-terno Bruto (o PIB é a soma da produção de bens e serviços) no próximo ano.

O documento do CEISE Br foi elaborado com base na necessidade cons-tante do setor sucroenergético de se desen-volver tecnologicamente, para poder crescer e se manter competitivo no mercado. A carta enviada ao Planalto faz um relato pautado em números, em exemplos reais da importância da continuidade dos serviços do Sistema “S” - na integralidade como foram executa-dos até o momento, e o impacto da redução de 30% no repasse às instituições, o que vai influenciar diretamente na capacidade de in-vestimentos em educação básica e técnica, comprometendo, consequentemente, o de-senvolvimento industrial.

Um dos trechos da carta, que também foi enviada aos presidentes do Se-nado Federal, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ressalta o prejuízo socioeconômico do corte: “Calcula-

-se que o montante que deixaria de ser re-passado às instituições para cobrir déficit da previdência social causaria o fechamento de 1,8 milhão de vagas em cursos profissionali-zantes oferecidos pelo SENAI por ano, com o provável fechamento de mais 300 escolas em todo o país. Outros 735 mil alunos vão deixar de estudar no ensino básico ou na educação de jovens e adultos oferecida pelo SESI, pois estaria na iminência de fechar cer-ca de 450 escolas no Brasil. As duas institui-ções estimam que tenham de demitir cerca de 30 mil trabalhadores em todo o país”.

Segundo o presidente do CEI-SE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho, “a en-tidade reconhece a atuação do Sistema “S” na formação e capacitação de profissionais em diversas áreas, principalmente nas rela-cionadas à tecnologia e inovação do setor sucroenergético – especialmente em Sertão-zinho, onde a entidade está sediada, sendo o munícipio o maior polo industrial dessa ca-deia do país, localizado na região responsá-vel por 60% da produção canavieira brasilei-ra”, disse ele.

“A compreensão de que o Brasil necessita, efetivamente, de um ajus-te fiscal e de uma agenda otimista que nos conduzam à retomada do crescimento sus-tentável, permeia toda a população. Con-tudo, a superação da crise econômica não pode prescindir de medidas e reformas es-truturais pró-competitividade, que permitam a melhora do cenário econômico, dentre as quais, preservar as condições de acesso à educação básica e à educação profissional de qualidade promovida, dentre outras insti-tuições de igual valor, pelo SESI e pelo SE-NAI”, finaliza a carta. (com Assessoria)

Segundo Tonielo, o impacto da redução de 30% no

repasse às instituições vai influenciar diretamente na

capacidade de investimentos em educação básica e

técnica, comprometendo o desenvolvimento industrial

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 39: 1243861-terra cia-edi_o_200

39

Mercado

Consumo interno de etanol ajuda na recuperação de preços

Divulgação

Doca Pascoal

O aumento do consumo interno de etanol no Brasil tem contribuído para a recuperação dos preços

do biocombustível. De acordo com o presi-dente da consultoria Datagro, Plínio Nasta-ri, a participação do etanol vem crescendo neste ano e deve alcançar 42% até o fim de 2015. O especialista citou as mudanças nos regimes de ICMS em alguns Estados, como Minas Gerais, e a maior competitivi-dade do etanol hidratado ante a gasolina como causas desse aumento do consumo.

A Datagro também elevou sua previsão de exportação de etanol do Brasil em 2015/16, de 1,09 bilhão de litros para 1,8 bilhão de litros. Um dos motivos para esta alta, segundo Plínio Nastari, é a ado-

ção do Low Carbon Fuel Standard Program (LCFS) na Califórnia, EUA, que aumenta a demanda pelo etanol de cana-de-açúcar brasileiro. A expectativa é de que as expor-tações do biocombustível para a Califórnia em 2016 alcancem 240 milhões de galões, o equivalente a 908 milhões de litros.

Como resultado, os estoques de etanol no Brasil caíram em relação ao nível observado em 2014. Segundo dados da Datagro, em setembro, os estoques no País somavam 7,2 bilhões de litros, abaixo dos 9 bilhões de litros registrados há um ano. Na medida de estoque em meses de consumo, também houve queda. No mês passado, o volume armazenado era sufi-ciente para atender 3,8 meses de consu-mo, frente aos 5,1 meses registrados em setembro do ano passado.

A participação do etanol deve alcançar 42% em 2015

Page 40: 1243861-terra cia-edi_o_200

40

Mercado

Segundo a consultoria, a pro-dução do biocombustível da cana deve ser recorde, podendo chegar a 30,45 bilhões de litros. Na safra 2014/15 a produção de etanol totalizou 29,49 bilhões de litros. Em relação à moagem, a Datagro prevê que as usinas e destilarias do País processem 663,83 milhões de toneladas na atual safra, sendo 604,6 na região Centro-Sul e 59,18 milhões de toneladas no Norte/Nordeste.

Açúcar - As projeções da Datagro indicam que a produção da com-modity nesta safra alcance 31,39 milhões de toneladas no Centro-Sul. Já no Norte/Nordeste a produção foi estimada em 3,29 milhões de toneladas. O consumo deve cair 2,9% no Centro-Sul, para 9,027 milhões de toneladas. No Norte/Nordeste a queda será de 3% em comparação à safra anterior, pas-sando para 2,098 milhões de toneladas.

O déficit mundial de açúcar no ciclo 2015/16 deverá ser de 2,57 milhões de toneladas, atribuído principalmente à queda na produção da Índia, China e União Europeia. Na temporada anterior, houve um superávit de 3,64 milhões de toneladas. Sendo assim, a relação entre estoque e consumo deve alcançar 45,9% em 30 de setembro de 2016. Este cenário deve favorecer a gradual recuperação de receita das usinas. No entanto, de acordo com Nastari, “ainda precisaríamos de um déficit acumulado de 9 milhões de tonela-das a partir de 2016/17 para alcançar uma relação de 41%, considerada ideal”.

Produção mundial - A pro-dução chinesa de açúcar deve cair para 9,8 milhões de toneladas na safra 2015/16, ante as 10,8 milhões de toneladas registra-das na temporada passada. Já o consumo no país asiático deve crescer das 15,9 mi-lhões de toneladas do ciclo passado, para 16,4 milhões de toneladas na atual safra. A estimativa indica, portanto, que a China

deverá aumentar a importação da com-modity em aproximadamente 5 milhões de toneladas, um recorde. No ciclo passado, os chineses importaram 4,16 milhões de toneladas.

Na Índia, a produção deve cair especialmente por conta das condi-ções climáticas. Ano passado as usinas indianas produziram 27 milhões de tonela-das. Na atual safra este volume deve cair para 26,8 milhões de toneladas. Na safra passada, a Índia produziu 28,4 milhões de toneladas de açúcar. A Datagro estima que este país mantenha uma exportação de 2,8 milhões de toneladas da commodity.

Oportunidade - O açúcar branco brasileiro está ganhando mais es-paço em alguns mercados asiáticos espe-cialmente por conta da restrição de ofer-ta da Tailândia e do frete marítimo global mais barato. De acordo com informações da Reuters, operadores europeus afirmam que as ofertas de açúcar refinado da Índia também estão levando vantagem com a re-dução da disponibilidade do açúcar bran-co da Tailândia, esgotada pela vigorosa demanda chinesa.

Alguns mercados do Extremo Oriente, que preferem o açúcar de alta qualidade da Tailândia, aguardarão a nova safra tailandesa começar no início de ja-neiro. Mas, em mercados preparados para aceitar um açúcar de menor qualidade, os carregamentos brasileiros estão encon-trando compradores, beneficiando-se de fretes competitivos para longas distâncias.

Os operadores também disse-ram que não esperam que a Índia renove licenças de exportação de maneira imi-nente, para a atual temporada, e aposta-ram que o mercado futuro de açúcar bruto precisaria de uma recuperação para 17 centavos de dólar a libra para impulsionar vendas da Índia sem subsídios.

Segundo Plínio Nastari, a produção do biocombustível da

cana deve ser recorde, podendo chegar a 30,45 bilhões de litros

Ale Carolo / alecarolo.com

Page 41: 1243861-terra cia-edi_o_200

41

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

An_PósEvento_ConfSP15_PagSimles-CanaMix.pdf 1 02/10/15 10:10 AM

Page 42: 1243861-terra cia-edi_o_200

42

Pesquisa & Desenvolvimento

CTC inaugura complexo de laboratórios de biotecnologiaDoca Pascoal

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) inaugurou um complexo de laboratórios de biotecnologia, dia 14 de outubro, em Piracicaba, SP, para desenvolver pes-quisas de melhoramento genético da cana-de-açúcar. Com investimento de R$

40 milhões, o laboratório possui 1,4 mil metros quadrados. Entre as inovações a serem realizadas no laboratório estão os tipos de cana

geneticamente melhorados, sementes artificiais e marcadores moleculares. O melhora-mento genético permite que variedades mais produtivas, com maior teor de sacarose,

Equipe de pesquisadores do complexo de laboratórios de

biotecnologia do CTC

Page 43: 1243861-terra cia-edi_o_200

43

nar a maneira como se planta a cultura, proporcionando reduções de custo, melhoria da produtividade e simplificação operacional. “Hoje para o plantio são utilizados pedaços de cana ou mudas. No futuro essa tecnologia vai chegar através de uma semente artificial”, disse o diretor de negócios de Melhoramento Genético do CTC, William Lee Burnquist.

De acordo com a pesquisadora do CTC, Daniela Me-lotto Passarin, a semente artificial no campo inicialmente facilitará a logística. “Vamos plantar a estimativa de 300 quilos de sementes artificiais por hectare, que é diferente do sistema atual, que gira em torno de 20 toneladas. Usaremos 80% menos máquinas, que são pesadas. Além disso, o material não possui doenças ou pragas, o que pode garantir maior produtividade no campo.”

Segundo Burnquist, as inovações são uma solução para tornar o mesmo hectare mais produtivo, o que “fatalmente” vai tornar mais barata a produção. “Quanto mais você produzir por área, mais barata fica a produção unitária. Essa é uma solução para as dificuldades que o setor está passando em termos de aumento de produtividade”, disse o pesquisador.

Economia - De acordo com o CTC, o emprego da bio-tecnologia evita possíveis perdas estimadas em R$ 4 bilhões por ano, além de gerar positivo impacto ambiental, pela redução do uso de agroquímicos e energia. Já o emprego de marcadores molecula-res permitirá a identificação de características desejáveis na cana--de-açúcar por meio da análise de seu DNA.

Segundo William Lee Burnquist, a realização de cru-zamentos genéticos dirigidos é capaz de promover melhoramentos mais rápidos. “Poderemos reduzir o tempo de desenvolvimento de uma nova variedade em até dois anos, diminuindo ainda mais os atuais oito”, afirmou.

O novo complexo de laboratórios pretende dobrar a produtividade da cana-de-açúcar e do setor sucroenergético até 2025. Isso pode ajudar o Brasil a bater uma meta estabelecida pelo governo federal. Segundo a presidente Dilma Rousseff, que esteve presente na inauguração, as novas tecnologias vão aumentar de 30 para 50 milhões de toneladas a contribuição do etanol na matriz de combustível do País.

Segundo o CTC, o aumento da produção também vai ampliar a oferta de alimento, etanol e energia para o País. “Além de dobrar a produção do setor, o laboratório pretende aumentar a ofer-ta de energia, alimento e etanol. As novas tecnologias também vão ajudar a reduzir a emissão de carbono e dos gases de feito estufa para 43%, que é a meta do governo federal”, disse Gustavo Leite.

O Brasil vai ser pioneiro na área de biotecnologia para

tolerância à seca e resistência às pragas, cheguem às indústrias do setor sucroener-gético.

“No final de 2016 entregare-mos à CTNBio o dossiê final para a libe-ração da comercialização da primeira va-riedade resistente”, disse o presidente do CTC, Gustavo Teixeira Leite. Os produtores rurais devem ter acesso à cana transgêni-ca, com tecnologia Bt, em 2017. Já as se-mentes artificiais, inéditas no mundo, de-vem chegar ao mercado em 2019. O CTC já pesquisa protótipos.

A inovação promete revolucio-

Roberto Stuckert Filho / PR

Page 44: 1243861-terra cia-edi_o_200

44

cana-de-açúcar. Segundo Leite, o produto, 100% nacional, precisa ser valorizado pe-los brasileiros. “Empresas multinacionais não vão olhar para a cana. Se nós brasileiros não fizermos nada pela cana-de-açúcar, estaremos perdendo uma oportunidade de ouro porque ela tem potencial incomparável”, disse.

Expertise - O presidente do CTC destacou que para dar salto na tecno-logia é preciso além de laboratórios de ponta. É necessário atrair profissionais com qualificação diferenciada. Nesse sentido, dos 450 profissionais do complexo, 60% são pesquisadores. E para completar o conhecimento brasileiro, 20 são do exterior. O objetivo do intercâmbio de formação é garantir que todo o conhecimento seja englo-bado e acelere as pesquisas.

“Esforçamo-nos para trazer pessoas de outros países do mundo que te-nham conhecimento que precisamos para complementar o nosso conhecimento local. Mapeamos o mundo para descobrir os principais talentos nas linhas de pesquisa de atuação da área. Essa é uma forma de acelerar o processo e reter conhecimento. Queremos indústria brasileira com tecnologia brasileira”, observou Leite.

Recursos - A construção do Laboratório de Biotecnologia contou com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Plano de Apoio Conjunto à Inovação Tecnológica Agrícola no Setor Sucroenergético (PAISS). O governador Geraldo Alck-min participou da inauguração do complexo, em Piracicaba.

“Aqui temos um dos mais sofisticados laboratórios do mundo. É um setor socialmente importantíssimo. Um milhão de empregos diretos, fora os in-diretos. Este é um setor central na geração de emprego e renda do nosso País”, afirmou o governador, que destacou a necessidade urgente de aumentar a produ-tividade dos canaviais.

“Aqui temos um dos mais sofisticados

laboratórios do mundo. É um setor socialmente

importantíssimo. Um milhão de empregos diretos, fora os

indiretos”

Arquivo

Divulgação

Page 45: 1243861-terra cia-edi_o_200

45

A Monsanto, gigante multinacional de sementes e biotecnologia, vai encerrar os negócios no mercado brasileiro de cana-de-açúcar, no qual opera sob a marca CanaVialis. Em comunicado, a companhia afirmou que no Brasil o foco serão as

atividades em sementes, proteção de cultivos, biológicos e agricultura digital. Para isso estima investimentos de US$ 150 milhões.

A empresa vai discutir a possível transferência de tecnologias no segmen-to canavieiro para entidades públicas de pesquisa no Brasil. Com o encerramento das atividades, 150 funcionários serão afetados. No entanto, a empresa garante que nem todos serão dispensados e que estuda meios de transferir “o maior número possível” de pessoas para outros setores.

“Acreditamos que a cadeia de valor da cana-de-açúcar é extremamente im-portante para o país e continuará contribuindo com o meio ambiente, a economia e a sociedade do Brasil e do mundo. No entanto, os mercados globais de energia e bioener-gia mudaram e resolvemos explorar as oportunidades das nossas outras culturas”, diz o comunicado.

“Nós acreditamos fortemente no potencial da agricultura brasileira, que re-presenta nossa segunda maior operação mundial, atrás apenas dos Estados Unidos. Depois de mais de 50 anos no Brasil, a Monsanto continua comprometida em trazer no-vas soluções para contribuir com o sucesso dos agricultores brasileiros”, disse em nota o presidente da Monsanto do Brasil, Rodrigo Santos.

A CanaVialis possui cinco estações de pesquisa no Brasil, sendo uma em Alagoas (Maceió), três em São Paulo (Conchal, Araçatuba e Campinas) e uma no Pa-raná (Mandaguaçú). Em 2012, a empresa lançou três variedades comerciais de cana - CV7870, CV6654 e CV7231. Além de cana-de-açúcar, a CanaVialis também desenvolvia pesquisas em sorgo sacarino.

Monsanto encerra negóciosno mercado brasileiro de cana

Rodrigo Santos, presidente da Monsanto

do Brasil

Divulgação

Page 46: 1243861-terra cia-edi_o_200

46

Celso Franco: “Estamos programando um Congresso à altura de nosso segmento,

para que haja troca de informações e experiências,

muito importante para alavancarmos novamente

nosso setor”

Arquivo

Udop e Stab realizam8º Congresso Nacionalda Bioenergia

A União dos Produtores de Bioener-gia (Udop) e a Sociedade dos Téc-nicos Açucareiros e Alcooleiros do

Brasil (Stab) promovem, dias 11 e 12 de novembro, no campus do UniSalesiano, em Araçatuba, SP, o 8º Congresso Nacional da Bioenergia. Nesta edição, além das salas temáticas já tradicionais, o evento contará com uma sala de Biomassa e Novos pro-dutos e Inovação Tecnológica em Etanol de Milho. O congresso também vai debater os 40 anos do Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool) e o futuro do etanol.

Evento tradicional na progra-mação oficial do setor sucroenergético, o Congresso Nacional da Bioenergia vai dis-cutir novos conceitos, tecnologias e siste-mas de produção altamente aplicáveis ao dia a dia das usinas. Na edição de 2014 mais de 1,3 mil congressistas se dividiram em 12 salas temáticas com palestras e moderação de mais de 200 profissionais de renome de usinas e destilarias, entida-des e instituições de ensino do Brasil e do exterior.

O evento é voltado para pro-fissionais de níveis diretivo, gerencial e técnico de usinas de vários estados; pres-tadores de serviço em diversas áreas do setor bioenergético; fornecedores de cana--de-açúcar; profissionais de empresas de insumos, equipamentos, consultoria e ser-viços. As salas temáticas estão divididas

em áreas de maior impacto das unidades: Administrativa/Financeira; Agrícola; Bio-massa e Novos Produtos; Comunicação; Controladoria, Planejamento e Custos; Di-reito do Agronegócio; Inovação Tecnológi-ca em Etanol de Milho; Industrial; Merca-do, Comercialização e Logística; Recursos Humanos; Saúde, Segurança e Meio Am-biente do Trabalho; e Tecnologia da Infor-mação.

“O governo federal começou a sinalizar com melhorias para o setor bio-energético. Nossa esperança agora é que estas melhorias não parem por aí e que possam trazer o impulso que precisamos para crescer. De nossa parte, estamos pro-gramando um Congresso à altura de nosso segmento, para que haja troca de informa-ções e experiências, muito importante para alavancarmos novamente nosso setor”, disse o presidente da Udop, Celso Torqua-to Junqueira Franco.

O Congresso Nacional da Bioenergia tem apoio institucional da Al-copar, BioSul, Siamig, Sifaeg, Sindalcool/MT, do Fórum Nacional Sucroenergético e do Unisalesiano. As inscrições podem ser feitas no portal da Udop (udop.com.br) no menu UniUDOP – Congresso Nacional da Bioenergia. Dúvidas ou outras informações nos contatos (18) 2103-0528 ou pelo e-mail [email protected]. A revista Terra&Cia é mídia parceira do evento.

Eventos

Page 47: 1243861-terra cia-edi_o_200

47

Udop e Stab realizam8º Congresso Nacionalda Bioenergia

Seminário discute produtividadee redução de custos

Nos dias 2 e 3 de dezembro de 2015, o Centro de Convenções de Ribeirão Preto recebe o 14º Seminário Produtividade & Redução de Custos da Agroindústria Canavieira. Promovido

pelo grupo IDEA, o evento vai retratar as grandes mudanças que as empresas do setor sucroenergético estão promovendo para volta-rem a ser competitivas. “Observamos que as melhores empresas do setor estão preocupadas em reduzir suas perdas, voltando a utilizar de tecnologia para recuperar o que foi perdido”, relata Dib Nunes, diretor do IDEA.

Segundo ele, de modo geral, o setor demorou, mas percebeu que o melhor caminho para reduzir custos é melhorar a produtividade. “Hoje temos novas tecnologias excelentes para ala-vancar as produtividades e, por exemplo, superar os valores que o setor apresentava antes de os grandes impactos da mecanização alcançar o nível atual”, salienta Dib.

O evento também trará um balanço da safra 2015/16 no Centro-Sul, perspectivas para o ciclo 2016/17 e os desafios do setor para o próximo ano no que diz respeito à alta do dólar e à queda da cotação do barril do petróleo. Como nas edições anteriores, o Se-minário terá como palestrantes representantes de órgãos de classe, executivos de grandes grupos produtores, consultores de credibili-dade no mercado, aptos a oferecer aos presentes as informações e análises mais atualizadas.

“A proposta é apresentar um cenário real do setor, per-mitindo uma visão bastante prática e objetiva da realidade e ofe-recendo subsídios aos participantes que ajudem na tomada de decisões e novos conhecimentos que possam ser aplicados ime-diatamente no cotidiano das empresas, seja permitindo redução de custos ou garantindo o aumento da produtividade”, diz Dib. Cerca de 400 pessoas são esperadas para o Seminário. Inscrições podem ser feitas no site ideaonline.com.br até 30 de novembro.

O Seminário terá palestras que vão aprofundar o tema, ao abordar questões variadas como:

- Dados mais atuais de custos para a produção de

cana, etanol e açúcar;- Possíveis grandes mudan-

ças que estão por vir nos mercados interno e externo;

- Apresentações de como as empresas estão alcançando sucesso com o aperfeiçoamento de seus procedimen-tos;

- Novas tecnologias de adu-bação que estão dando excelentes retor-nos financeiros;

- Onde e como proceder para recuperar o ATR perdido etc.

Dib Nunes, diretor do Grupo IDEA

Divulgação

Page 48: 1243861-terra cia-edi_o_200

48

Page 49: 1243861-terra cia-edi_o_200

49

Page 50: 1243861-terra cia-edi_o_200

50

Grãos

Safra brasileira de grãos pode chegar a 213,5 milhões de toneladas

O Brasil deve alcançar mais um recorde no campo. Isso é o que indica a primeira projeção feita pela Companha Nacional de Abastecimento (Conab) – vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – para a safra

2015/2016. Segundo números divulgados este mês pela estatal, em Brasília, DF, o País pode produzir até 213,5 milhões de toneladas de grãos na temporada iniciada há pouco, superando as 209 milhões de toneladas do período 2014/2015.

“O carro-chefe da lavoura continua sendo a soja, que pela primeira vez ul-trapassará os 100 milhões de toneladas. É a grande surpresa desta safra”, destacou o diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, João Marcelo Intini. A produção na safra que começou recentemente poderá alcançar até 102 milhões de toneladas da oleaginosa.

A expectativa é de uma safra expressiva, reforçou o presidente em exercício da estatal, Lineu Olímpio de Souza. “Não haverá, entretanto, aumento signifi cativo de área, que deverá fi car em torno de 59 milhões de hectares”, acrescentou. Com isso, o in-cremento da área plantada pode atingir até 1,5% sobre a safra passada, de 58,1 milhões de toneladas.

De acordo com Lineu, a decisão do agricultor em investir no campo se refl ete na força do agronegócio, que dá sustentação à economia brasileira e tem desempenho

O carro-chefe da lavoura continua sendo a soja, que pela primeira vez

ultrapassará os 100 milhões de toneladas

Arquivo

Page 51: 1243861-terra cia-edi_o_200

51

12º SEMINÁRIO SOBRE CONTROLE DE PRAGAS DA CANA

10º Grande Encontro sobre

VARIEDADES DECANA-DE-AÇÚCAR

HERBISHOW 15ºSeminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana

DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA

15º PRODUTIVIDADE &REDUÇÃO DE CU$TO$

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

CANAMIX_anuncio.pdf 1 07/10/15 16:25

Page 52: 1243861-terra cia-edi_o_200

52

Grãosexpressivo na balança comercial do país.

Culturas - No momento da divulgação do levantamento pela Conab, dia 9 de outubro, apenas as culturas de primeira safra – como algodão, amendoim, arroz, feijão, milho e soja – estavam com o plantio iniciado, fase que se estende até dezembro. As culturas de segunda e ter-ceira safras e as culturas de inverno têm os plantios concluídos em junho.

O maior incremento de área cultivada é o da soja, com expansão de 1,2 milhão de hectares, representando cerca de 33,2 milhões de hectares. Conforme a Conab, há perspectiva de redução de área nas lavouras de milho primeira safra. No entanto, a se confirmar a trajetória da série histórica, haverá ganhos significativos na produção da segunda safra de milho.

De acordo com o prognóstico da Conab, o feijão poderá ter acréscimos na área e na produção devido ao mercado atrativo, com alta nos preços. A estatal tam-bém prevê uma pequena redução na área plantada de algodão, mas o emprego de tecnologias pelo produtor fará com que a cultura alcance a mesma produção da sa-fra 2014/2015, de 1,5 milhão de toneladas.

Ainda segundo a estatal, o cli-ma foi favorável para a colheita do trigo. O Paraná, principal estado produtor, vai co-lher 3,6 milhões de toneladas do cereal. Na avaliação do diretor da Conab, a chuva que está ocorrendo na Região Sul vai ter reflexo no volume a ser produzido de trigo, com previsão de 6,6 milhões de toneladas. “Menos do que se esperava”, acentuou.

Insumos - A estatal consta-tou ainda que houve redução da deman-da por fertilizantes no período de janeiro a agosto deste ano. Essa queda, obser-vou Intini, ocorreu porque o calendário ainda não chegou ao seu principal mo-mento. A partir dos dados de setembro,

acrescentou, será possível observar um aumento do produto. “O volume recebido pelos produtores é inferior ao ano passa-do, não por falta de recursos ou condi-ções tecnológicas.”

O secretário de Política Agrí-cola do Mapa, André Nassar, ressaltou que o país atravessa um ano de muita volatili-dade cambial, o que atrapalhou a decisão do produtor: “Por isso, a tomada de deci-são do produtor foi atrasando e a compra está sendo feita agora, perto da entrada da safra”.

Nassar também apresentou os números da liberação do financiamento da agricultura empresarial entre julho e se-tembro. “O fluxo do crédito rural está ocor-rendo normalmente, principalmente nos bancos públicos, onde há disponibilidade de recursos devido aos depósitos à vista. Ocorreu pequena retração nos bancos pri-vados e nas cooperativas de crédito.”

Os financiamentos para cus-teio, comercialização e investimento no período chegaram perto de R$ 40 bilhões, o que representa 21% do total disponibi-lizado para safra 2015/2016, de R$ 187,7 bilhões.

Pela primeira vez, entidades representativas de classe foram convi-dadas para o anúncio do levantamento da safra de grãos da Conab. Entre elas, a Confederação da Agricultura e Pecuá-ria do Brasil (CNA), Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), As-sociação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), Associação Bra-sileira dos Produtores de Semente de Soja (Abrass), Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e Associação das Em-presas de Cerealistas do Brasil (Acebra), além de representantes da Câmara Temáti-ca de Infraestrutura e Logística.

João Intini, da Conab: soja deve ter colheita expressiva no ciclo agrícola 2015/2016

Antônio Cruz / Agência Brasil

Page 53: 1243861-terra cia-edi_o_200

53

Produção Agropecuária

Riquezas produzidasno campo somam quase R$ 481,4 bi

O valor bruto da produção agrope-cuária (VBP) brasileira de 2015 está estimado, com base em da-

dos de safras do setembro passado, em R$ 481,4 bilhões, segundo a Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O montante é 1,3 % maior em va-lores reais que o obtido no ano passado.

Dos R$ 481,4 bilhões, as lavouras contribuíram com R$ 309,2 bi-lhões, e a pecuária com R$ 172,2 bilhões. A pecuária teve um crescimento real de seu valor de produção de 2,2 %, e as la-vouras, 0,8 %. O valor bruto da produção deste ano é o maior nesta série, cujo le-vantamento teve início em 1989, destaca o coordenador-geral de Estudos e Análi-ses da SPA, José Gasques.

De acordo com ele, as ativi-dades agrícolas que vêm apresentando os melhores resultados do VBP são a ce-bola, com aumento real de 183,6 %; pi-menta do reino, 64,1 %; soja, 4,9 %; milho, 4,2 %; e trigo e algodão, 1,1 %. Na pecu-ária, acrescenta, os melhores resultados foram da carne bovina, com aumento de 7,8 %; suínos, 3,2 %; e ovos, 1,3 %.

Preços - Entre os produtos que têm apresentado redução do VBP em 2015, informa a nota da SPA, destacam-se maçã, -20,8 %; uva, -19,5 %; tomate, -12,9 %; mandioca, -7,7 %; amendoim, -5,7 %; e laranja, -5,3 %. Na pecuária, frango e leite também tiveram queda no faturamen-to neste ano, com -7,3 % e 0,2%, respec-

tivamente.Ainda conforme a SPA, preços agrícolas mais baixos têm

marcado a presente safra. Entre as atividades analisadas neste le-vantamento, a maior parte apresenta preços abaixo dos vigentes em 2014. Em alguns produtos, como soja e milho, o aumento de produ-ção compensou a queda de preços, resultando em ganhos no VBP.

A exemplo de levantamentos anteriores, os dados regio-nais mostram uma superioridade da Região Sul, com VBP de R$ 139,9 bilhões. Em seguida, aparecem o Centro-Oeste, com R$ 130,3 bi-lhões; Sudeste, com R$ 121,0 bilhões; Nordeste, com R$ 47,6 bi-lhões; e Norte, R$ 28,4 bilhões. Em ordem decrescente, Mato Gros-so, São Paulo, Paraná e Minas Gerais são os estados com maior valor da produção neste ano.

Cebola está na lista das atividades agrícolas que vêm apresentando os melhores resultados

do VBP, com aumento real de 183,6 %

Maçã está entre os produtos que têm apresentado redução do VBP em 2015,

com -20,8 %

Page 54: 1243861-terra cia-edi_o_200

54

Produção Agropecuária

Matopiba se destacapor sua vocação agrícola

Em uma área de 315 mil hectares, a produção de

algodão em pluma no Matopiba chegou a 495

mil toneladas na safra 2014/15 – a maior parte

colhida na Bahia

Mais nova fronteira agrícola do país, o Matopiba se consolida como uma região estratégica para aten-

der os mercados interno e externo, com a proximidade de importantes portos do Nor-te, como os de Belém, Itaqui, Pecém e Su-ape. A região, que abrange 337 municípios com 324 mil estabelecimentos agrícolas, é formada por partes dos estados do Mara-nhão (33%), Tocantins (38%), Piauí (11%) e da Bahia (18%).

O território foi responsável por 9,4% da produção das 209,5 milhões de toneladas de grãos na safra 2014/2015. Matopiba produziu na última temporada 19,7 milhões de toneladas de algodão em pluma, soja, arroz e milho, em uma área

de 5,7 milhões de hectares. Estudos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que há um potencial de crescimento futuro da área plantada de cerca de 10 milhões de hectares.

A região tem chamado a aten-ção pela produção e produtividade cada vez mais crescentes. Segundo os técnicos da Conab, o Matopiba produziu 8,7 milhões de toneladas de soja na safra 2013/2014. Na temporada 2014/2015, a produção da oleaginosa teve aumento de 21,7% e che-gou a 10,5 milhões de toneladas. A safra do grão no território já representa 11% da produção brasileira. A Bahia se destaca com 2.940 kg/ha em produtividade e com 4,2 milhões de toneladas colhidas.

Page 55: 1243861-terra cia-edi_o_200

55

No ciclo 2013/2014, o Mato-piba colheu 4,42 milhões de toneladas de milho, obtendo uma variação positiva de 0,7% na safra seguinte, de 4,45 milhões de toneladas – o que equivale a 5% do to-tal nacional. O Maranhão foi o estado que se sobressaiu na produção na temporada 2014/2015, com 1,3 milhão de toneladas. Já o Piauí ganhou em produtividade, com 7.186 kg/ha.

O Matopiba também planta al-godão em pluma. Em uma área de 315 mil hectares, a produção na safra 2014/2015 chegou a 495 mil toneladas – a maior par-te colhida na Bahia. Esse volume equivale a 32% da produção brasileira. Tocantins é o estado que se sobressai em produção (605 mil toneladas) e produtividade (4.745

kg/ha) de arroz no Matopiba. Em 2014/2015 a região produziu 986 mil toneladas do cereal, ou 8% do total nacional.

Assistência técnica - Por suas peculiaridades, como baixo preço das terras e uniformidade do clima, solo e relevo, que permitem e facilitam a mecanização agrícola, a região tem atraído agricultores de todo país. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pretende apoiar o crescimento sustentável dos produtores com investimento em tecnologia, pesquisa em agri-cultura de precisão e assistência técnica.

A Embrapa, que coordena o Grupo de Inteligência Ter-ritorial Estratégica, é responsável por extenso trabalho feito sobre o território, denominado de Desenvolvimento Territorial Estratégico para Região do Matopiba, em parceria com o Incra/MDA. O decreto nº 8.447, de maio deste ano, instituiu o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que tem por finalidade promover e co-ordenar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico sustentável das atividades agrícolas e pecuárias que resultem na melhoria da qualidade de vida da população.

Page 56: 1243861-terra cia-edi_o_200

56

Fruticultura

Projeto de Irrigação beneficia produtores de frutase hortifrutigranjeiros em Tocantins

A fruticultura tocantinense, atividade em franca expansão, tende a crescer com os incentivos proporcionados pelo governo do Tocantins. O Estado conta com o pro-jeto de irrigação São João, em Porto Nacional, onde se produzem atualmente

cerca de 160 mil toneladas de frutas e hortifrutigranjeiros, numa área de 800 hectares, gerando uma receita anual de R$ 16 milhões.

O secretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária do Tocantins (Seagro), Clemente Barros, destacou os incentivos do Governo do Estado para o cresci-mento do setor. “Vamos implementar as ações de assistência técnica aos produtores do projeto São João para que eles possam produzir frutas e abastecer o mercado da capital e, posteriormente exportar para outros Estados”, projetou.

O plantio de açaí no São João é uma das novidades frutíferas para os pro-dutores. O produtor Romildo Paixão iniciou o plantio de açaí, recentemente, apostando no valor econômico do fruto. Nas safras 2015/16 a intenção é alcançar em torno de 100 hectares. “É um fruto de boa aceitação no mercado, portanto queremos implantar, em

Canal de irrigação do Projeto São João, em Porto

Nacional, TO

FACTO

Page 57: 1243861-terra cia-edi_o_200

57

2015, uma indústria no assentamento para processar o fruto e agregar mais valor no produto”, disse.

Já o produtor de banana Mar-cos Ribeiro cultiva uma área atual de 12 hectares de banana, mas a intenção para a safra de 2016 é expandir essa área para chegar aos 25 hectares e colher 360 tone-ladas de banana. “O solo e clima do To-cantins contribuem para chegar numa alta produtividade da banana, aliada às tecno-logias em manejos adequados da produ-ção”, disse.

A produção de abacaxi cor-responde a 50% da produção de frutas do projeto São João. A produção total nas safras 2015/16 deve alcançar 10 milhões de unidades. O produtor Marcelo Galati é um dos investidores desta fruta. Com uma produção de 6 milhões de pés, pretende inovar para conquistar mercado. “A inten-

ção é manter a produção e implantar uma processadora para embalar o abacaxi des-cascado”, destacou.

O projeto de irrigação São João teve início em 2001 e compreende a implantação de infraestrutura para irriga-ção para hortifrutigranjeiros e fruticultores. A localidade conta com produção de ba-nana, maracujá, goiaba, mamão, melancia, mandioca, açaí e coco, por meio de tecno-logias avançadas de irrigação, gotejamen-to e microaspersão.

Localizado à margem direita do reservatório da usina Hidrelétrica Luiz Eduardo Magalhães (rio Tocantins), no sentido Palmas/Porto Nacional, pela rodo-via TO-050, o projeto possui uma área total de 5.129 hectares, sendo 3.654 hectares de área irrigável. A área compreende 326 lotes para pequenos produtores e 38 em-presariais.

Requisitos fi tossanitários para a importação de mudas de mo-rango (Fragaria ananassa) produzidas na Espanha e para frutos de uva (Vitis vinifera) in natura produzidos em Portugal

foram aprovados. As normas estabelecidas foram feitas com base em procedimento específi co de análise de risco visando proteger o país da introdução de pragas.

Os carregamentos de uva de mesa de Portugal e mu-das de morango da Espanha deverão vir acompanhados de certifi -cados fi tossanitários, atestando a ausência de pragas de importân-cia quarentenária para o Brasil.

“As remessas de uva e de mudas de morango ainda se-rão inspecionadas no ponto de ingresso pela fi scalização federal agro-pecuária. Havendo motivos que justifi quem a coleta de amostras, estas serão coletadas e enviadas para análise em laboratórios ofi ciais ou cre-denciados ao Mapa”, diz o diretor de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Luís Rangel. Mudas de morango

(Fragaria ananassa)

Mapa defi ne regras para importação de uva e morango

Florafinder

Page 58: 1243861-terra cia-edi_o_200

5858

Page 59: 1243861-terra cia-edi_o_200

5959

Page 60: 1243861-terra cia-edi_o_200

60

Sustentabilidade

Brasil tem tecnologiapara reduzir emissões alémda meta do Plano ABC

A pecuária é o maior emissor de GEEs e, entre as espécies agrícolas, a cultura do milho é a que

mais produz esses gases, seguida pela cana-de-açúcar, arroz, feijão e

algodão

Estudo realizado pelo Projeto Observatório ABC (Agricultura de Baixo Carbono) revelou que o Brasil tem um potencial de mitigar a emissão de gases de efeito estufa nas atividades

agropecuárias. Se apenas três tecnologias de mitigação geradas pela pesquisa e já disponíveis forem adotadas, o País potencialmen-te pode promover até 2023 uma redução mais de dez vezes maior do que a meta estipulada pelo Plano ABC do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O plano foi originalmente idealizado para recuperar 15 milhões de hectares degradados, mas poderia ser estendido a 60 milhões de hectares.

Se o País recuperar pastagens e promover integração lavoura-pecuária ou integração lavoura-pecuária-floresta, deixa-riam de ser lançadas na atmosfera 1,8 bilhão de toneladas de CO2 equivalente, que são todos os gases de efeito estufa produzidos na atividade e medidos em comparação aos efeitos do gás carbôni-co. “Esse é um cálculo conservador, pois desconsidera outras tec-

nologias preconizadas pelo Plano ABC e abarca apenas os municípios brasileiros com pastagens degradadas”, declara o pesquisador Eduardo Assad, da Embrapa Informática Agropecuária (SP), coordena-dor do estudo intitulado “Invertendo o sinal de carbono da agropecuária brasileira” do Observatório ABC.

Para chegar aos resultados, os pesquisadores estimaram as emissões da agropecuária brasileira caso não hou-vesse a adoção das tecnologias e usaram estimativas de crescimento do setor ela-boradas pelo Mapa e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Nesse cenário hipotético, o Brasil chegaria

Arquivo

Page 61: 1243861-terra cia-edi_o_200

61

Se o País recuperar pastagens e promover

integração lavoura-pecuária ou integração

lavoura-pecuária-floresta, deixariam de ser lançadas na atmosfera 1,8 bilhão de

toneladas de CO2

a 2023 com um saldo de 3,62 bilhões de toneladas de CO2 equivalente. A boa no-tícia é que se somente as três tecnologias consideradas forem empregadas, todas as regiões brasileiras irão neutralizar as emis-sões de gases de efeito estufa (GEE) no campo e ainda armazenariam um adicio-nal de carbono no solo.

O trabalho considerou a pe-cuária bovina e sete culturas agrícolas: arroz, milho, trigo, cana-de-açúcar, fei-jão, algodão e pastagem. A pecuária é o maior emissor de GEEs e, entre as espé-cies agrícolas, a cultura do milho é a que mais produz esses gases, seguida pela cana-de-açúcar, arroz, feijão e algodão. A soja, maior produto de exportação agrícola brasileiro, não apresentou emissões signi-ficativas por utilizar fixação biológica de nitrogênio (FBN), o que dispensa a aplica-ção de fertilizantes nitrogenados, principal fonte de emissão direta de GEE para essa lavoura.

Mais gado, menos gases - A mitigação promovida seria especialmen-te interessante no setor pecuário. Com a recuperação de pastos, de acordo com o documento, poderá haver um adicional de 0,75 unidade animal por hectare. Em 39 milhões de hectares, esse adicional será de 29,3 milhões de bovinos. “Essas cabeças adicionais teriam suas emissões neutralizadas e haveria ainda a vantagem de estocar mais carbono no sistema sem a abertura de novas áreas, é o chamado efeito poupa-terra”, explica Assad. Ou seja, tecnologias como a recuperação de pastagens, além de colaborar para a miti-gação dos GEEs também permitem o au-mento da produção.

Outra pesquisa da Embrapa mostrou que o Brasil pode dobrar a área de suas plantações de grãos, atualmente com 55 milhões de hectares, e aumentar a

lotação de seus pastos sem precisar abrir novas áreas agrícolas. O salto produtivo tem sido observado em propriedades que adotaram técnicas de sistemas de produ-ção que associam a criação de gado à agricultura conhecidas pela sigla ILP (inte-gração lavoura-pecuária).

“A recuperação dessas áre-as representará um salto econômico e so-cial, pois atingirá milhares de famílias que vivem no campo”, aposta o pesquisador João Kluthcousky, da Embrapa Cerrados (DF). O pesquisador conta que a degra-dação veio do costume original do uso do campo no Brasil: o produtor abria a área para o gado, usava até exauri-la e depois abria outra área, e assim sucessivamente, deixando milhares de hectares de pastos degradados para trás.

Essa característica extrativis-ta é típica do modelo de sistema extensivo de produção adotado na pecuária de corte brasileira, segundo lembra o entomologis-ta José Raul Valério, pesquisador da Em-brapa Gado de Corte (MS). Ele explica que as pastagens são a base da alimentação dos rebanhos e, por sua vez, são culturas de baixo valor por unidade de área, o que limita a adoção de medidas de correção e adubação do solo e até fitossanitárias. Assim, o produtor rural assemelha-se a um garimpeiro. “Após o desmatamento, a pastagem recém-aberta conta com a ferti-

Arquivo

Page 62: 1243861-terra cia-edi_o_200

62

Sustentabilidade

lidade natural do solo e raramente é adu-bada”, conta o pesquisador.

A pastagem degradada ge-ralmente sofre com a presença de insetos--praga, possui terra descoberta ou com pouca cobertura vegetal e incidência de doenças e plantas invasoras. Todos esses sintomas, no entanto, são uma parte pe-quena frente ao quadro geral da degrada-ção, o que levou o pesquisador a construir uma analogia com a figura de um iceberg. “Esses sintomas não são a essência do problema que está sob o nível do solo e, por isso, é menos visível”, pontua. O solo nesse estado é mais compactado (duro). Esse componente físico alia-se a fatores químicos como a baixa fertilidade e queda no vigor, na produtividade e na qualidade do solo. Valério acredita que mais do que gerar novas tecnologias, é necessário im-plementar as já existentes.

Por essas razões, os pesqui-sadores mostram que a recuperação dos

pastos degradados, além de promover benefícios ambientais, pode dar um impul-so importante à pecuária bovina. “A carne produzida a pasto no Brasil é majoritaria-mente oriunda de pastagens e muito pouco complementada por grãos, como na Euro-pa e Estados Unidos, na qual a produção se dá primordialmente em confinamentos. Trata-se de uma carne que não oferece riscos à segurança alimentar, se vista pelo ângulo da competição com os humanos, e uma das mais baratas e competitivas do mundo”, afirma do pesquisador Manuel Macedo, da Embrapa Gado de Corte.

Essa competitividade, segun-do ele, já provoca reações do mercado mundial. “Há muita gente preocupada com nosso papel crescente nesse mercado mundial, no qual se tem criado dificulda-des por meio de barreiras sanitárias, por vezes exageradas, e outros óbices, como acusações de grandes emissões de gases do efeito estufa pela nossa pecuária, exa-gerado consumo de água, entre outros”, afirma Macedo que também defende a ampla transferência das tecnologias envol-vidas na recuperação.

Em fazendas do oeste paulis-ta e oeste paranaense, alternar dois anos de plantio de soja seguidos de dois anos de capim permitiu quintuplicar o número de animais no pasto. Além disso, o custo de produção por arroba caiu da faixa en-tre R$ 70 e R$ 100 para um valor entre R$ 30 e R$ 50. O segredo está na melhora da qualidade do pasto obtida pela alternân-cia de espécies vegetais. Solos saudáveis produzem forrageiras de melhor qualidade nutricional e em maior volume. Ao se evi-tar a exaustão do solo a produção de soja também melhora. Vale ressaltar que a pes-quisa obteve esses resultados com solos arenosos, um complicador relevante. “São solos considerados difíceis, mas que com

Plantar feijão guandu associado ao capim

braquiária é ótimo para o solo, nutritivo

para o animal e excelente para a

produtividade

Arquivo

Page 63: 1243861-terra cia-edi_o_200

63

o uso da tecnologia se tornam fáceis de manejar”, declara o pesquisador João Klu-thcouski, da Embrapa Cerrados.

Um experimento realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste (MS) na região conhecida como Bolsão Sul Ma-to-Grossense, que engloba 16 municípios, chegou a resultados surpreendentes. Os pesquisadores estimam que se fosse ado-tado um sistema de integração Lavoura Pecuária (ILP) nos moldes do sistema São Mateus, em apenas um terço da área dis-ponível nessa região, que soma um milhão de hectares, haveria incrementos na pro-dução da ordem de 15 milhões de sacos de soja e 12 milhões de arrobas de carne por ano, o que representaria um acréscimo anual superior a R$1,7 bilhão de reais para a região. O São Mateus é um sistema ILP que consiste na antecipação da correção química e física do solo e do cultivo da soja em plantio direto, no qual a o plantio se dá sobre a palha da cultura anterior. Ele reduz os custos de recuperação da pastagem.

Leguminosas no pasto - Plantar feijão guandu associado ao capim braquiária é ótimo para o solo, nutritivo para o animal e excelente para a produ-tividade. Foi o que demonstraram pesqui-sas realizadas pela Embrapa Pecuária Sudeste (SP), que recuperaram pastagens e promoveram ganho de peso médio de 51% por animal em comparação à situa-ção anterior. O ganho de peso por hectare também foi maior por safra, 55% na primei-ra e 170% na segunda safra. A Embrapa desenvolveu a variedade Guandu BRS Mandarim, utilizada no experimento e que consiste numa opção viável aos pequenos produtores, por seu baixo custo de produ-ção e fácil manejo. O guandu ainda serve de alimento ao gado na estação seca.

Além dessas vantagens, o

guandu promove a chamada adubação verde. “Por ser uma legumi-nosa, o guandu fixa nitrogênio nas raízes. Assim, o produtor recupe-ra o pasto sem usar adubação nitrogenada. É uma maneira eficiente e prática de recuperar uma pastagem, gastando menos”, ressalta o pesquisador Rodolfo Godoy, da Embrapa Pecuária Sudeste.

Régua de manejo de pastagem - Saber o momento ideal para colocar ou retirar o gado no pasto sempre foi um pro-blema para os produtores. Para facilitar na tomada de decisão, a Embrapa desenvolveu a régua de manejo de pastagem. Trata-se de um bastão graduado indicando o momento de introduzir ou retirar animais do pasto de acordo com a altura do capim. A graduação va-ria de acordo com a espécie de forrageira. “O manejo correto varia em função da espécie de capim, da lotação e da época do ano, por isso é um desafio para o pecuarista”, explica o zootecnista Haroldo Pires de Queiroz, um dos idealizadores da ferramenta.

No pastejo contínuo, a régua mostra se é preciso au-mentar ou diminuir a taxa de lotação no campo. No rotacionado, a ferramenta indica quando deve ocorrer a entrada e a retirada de animais. A taxa de lotação mais adequada corresponde àquela que permitir o consumo de toda a forragem entre as alturas de entrada e saída, em um período de um a sete dias. “Dos 200 milhões de hecta-res que temos de pastagens no Brasil, 60 a 70 milhões apresentam--se degradados e o superpastejo, quantidade excessiva de animais na área, é o grande responsável por isso”, ressalta Queiroz.

A régua de manejo de pastagem é um bastão graduado que indica o momento de introduzir ou retirar animais do

pasto de acordo com a altura do capim

Agência Embrapa

Page 64: 1243861-terra cia-edi_o_200

64

Leite

Alfafa pode reduzir custos na produção leiteira

Um incremento de 10% na lucratividade do produtor de leite pode ser conseguido com a utilização de alfafa na alimenta-ção de vacas leiteiras. O principal benefício da forrageira é a

redução do uso de suplementação alimentar e aumento do número de animais por hectare.

Uma pesquisa desenvolvida na Embrapa Pecuária Su-deste comparou um sistema de produção de leite tradicional e outro com uso de alfafa. No tradicional, as vacas foram alimentadas a pas-to e concentrado no período das águas e silagem de milho e con-centrado na época de seca. No experimento com alfafa, diminuiu-se a área de capim (Tanzânia) e a destinada à produção de milho para silagem. A única interferência foi a introdução dessa leguminosa.

Sempre antes de receberem a suplementação, tanto pela manhã quanto à tarde, os animais eram levados ao pastejo na alfafa, para estimular o consumo dessa forrageira. Dessa forma, foi possível reduzir da dieta a utilização de farelo de soja na época da seca e eliminar esse concentrado durante o período das águas.

De acordo com o pesquisador Oscar Tupy, mesmo com um maior número de vacas no sistema que utilizou a alfafa, o consu-

mo de concentrado e de silagem de milho foi reduzido na dieta. Para Reinaldo Ferrei-ra, pesquisador que trabalha com melho-ramento de alfafa, isso se deve ao poten-cial proteico desta leguminosa.

Outro aspecto destacado por Ferreira é que o custo de formação de uma nova área com alfafa, que geralmente é elevado, deve ser dividido em três anos, tempo de vida útil de um alfafal. Ainda, a leguminosa serve de adubo para a pró-xima cultura cultivada, contribuindo com cerca de 100 kg/ha de Nitrogênio. No en-tanto, a alfafa é uma forrageira exigente. A planta requer calagem, adubação de plan-tio e de manutenção, irrigação e controle de plantas daninhas. Para isso, o produ-tor terá que investir em irrigação e mão de obra para manutenção da área.

Uso da alfafa na alimentação de vacas

aumenta produção de leite

Embrapa

Page 65: 1243861-terra cia-edi_o_200

65

Page 66: 1243861-terra cia-edi_o_200

66

Leite

Alagoas será o primeiro estado do NE produtorde leite em pó

O leite em pó será produzido na Unidade de Beneficiamento de Leite da Cooperativa

de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA)

Em 2016, Alagoas vai produzir leite em pó e será o primeiro estado do Nordeste a investir nesse tipo de

produção. Paulo Azevedo, diretor-presi-dente da Globo Lat, ressaltou o impacto econômico e social de um novo segmento chegando na região do Semiárido alagoa-no. A empresa vai fabricar os equipamen-tos da Unidade de Beneficiamento de Lei-te da Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA), localizada no município sertanejo de Batalha.

A Globo Lat está fornecendo uma planta para concentração e secagem do leite com uma capacidade de 160 mil li-tros por dia, o que equivale a 1.000 quilos por hora de leite em pó de qualidade. Atu-almente, Alagoas conta com leite em pó de outros estados para comercialização. “Pro-duzindo na região, vai estimular a venda e

Desenvolve AL a cadeia produtiva do leite. A produção vai dobrar, ajudando o pequeno, médio e gran-de produtores do estado”, disse Azevedo.

O empresário acrescentou que o consumidor também será benefi-ciado porque vai conseguir comprar o lei-te em pó mais barato. “O leite é essencial para todos. Com a produção sendo incen-tivada, consequentemente vai incentivar a produzir mais e o preço do produto vai bai-xar, agradando os consumidores”, disse. Sobre a crise, Azevedo explicou que “na cadeira produtiva do leite, quando ele é retirado diariamente, no fim do mês existe um salário para o produtor, incentivando-o; diferente das outras cadeias produtivas, que dependem da venda”.

“Em Santa Catarina e no Para-ná, após a produção ser feita nas regiões e não importando leite em pó de outros es-tados, o valor do leite em pó diminuiu e au-mentou a produção, ajudando os estados em períodos de crise. A produção de leite em pó acaba sendo uma estratégia para movimentar o mercado e aumentar a lista de produtos já fabricados no Estado no segmento de laticínios”, explicou.

Para ele, a lei governamental de isenção do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da ca-deia produtiva do leite foi inteligente. “Vai incentivar o consumo, que gera a cadeia produtiva. Benefícios de todos os lados: Governo do Estado, consumidores e pro-dutores”, finalizou Azevedo.

Page 67: 1243861-terra cia-edi_o_200

67

Agência de fomento liberaR$ 75 mil para pequenos agricultores do sertão alagoano

A Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve) liberou cré-dito de R$ 75 mil para agricultores e produtores familiares do município de Estrela de Alagoas, no Sertão do Estado.

O recurso será destinado à compra de animais e investimento nas pequenas lavouras que ajudam na subsistência de centenas de fa-mílias do município.

O valor foi liberado pelo Governo do Estado, através da Agência, pela linha Microcrédito Desenvolve/BNDES e vai benefi -ciar, nesta primeira liberação, 14 dos 146 cooperados da Cooperati-va Agropecuária de Estrela de Alagoas (Coopagreal). O objetivo, se-gundo o gerente de Crédito da Desenvolve, Thiago Pires, é realizar a análise de outros projetos ligados à entidade cooperativista para efetivar novas liberações.

Thiago acrescentou que o recurso é essencial para o desenvolvimento do município, que conta com pouco mais de 17 mil habitantes e que sobrevive, essencialmente, da agricultura fami-

liar. “Nosso papel é o de desburocratizar e facilitar o acesso ao crédito para essas pessoas. Essa ação é decisiva para o for-talecimento da região e de outros negócios no seu entorno”, destacou ele, frisando que microempreendedores (comerciantes e prestadores de serviços) também serão benefi ciados pelo crédito.

De acordo com Auneir Balbi-no, presidente da cooperativa, o apoio da Desenvolve aos agricultores e produtores representa o fôlego necessário para con-tinuar vivendo com dignidade em meio às difi culdades que a população em geral tem enfrentado ultimamente. “Esse valor signifi ca muito para todos nós que faze-mos a cooperativa. Ela é o nosso esteio, é o que nos une em torno do objetivo de viver decentemente, através dos nossos esforços que, agora, serão ainda maiores para fazer valer esse apoio do Governo do Estado”, destacou Balbino.

O presidente da Desenvol-ve, Antonio Pinaud, acredita que recur-sos como esse vão ajudar a construir de forma sólida a agricultura do Estado, pois aumentam a produção de alimentos e ga-rantem renda. “A maioria dessas pessoas, tão destemidas e batalhadoras, espera apenas uma oportunidade para assegurar sua sobrevivência e de sua família. E a De-senvolve e o Governo do Estado vem com esse papel de reafi rmar seu compromisso com a agricultura familiar e com o bem--estar do povo do interior”, assinalou.

Presidente da Desenvolve, Antonio Pinaud, acredita que recursos assim vão ajudar a construir de forma

sólida a agricultura do Estado

Divulgação

Agricultura Familiar

Page 68: 1243861-terra cia-edi_o_200

68

Bahia busca apoio da FAO para pequenos projetos agrícolas

O governador da Bahia, Rui Costa, viajou à Itália este mês em busca de apoio da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para pro-jetos da Agricultura Familiar no Estado baiano. Ele se encontrou com o diretor-

-geral da entidade, José Graziano da Silva, para tentar dar continuidade ao memorando de entendimento assinado, anteriormente, entre o governo da Bahia e a FAO, para a cooperação técnica em desenvolvimento agrícola e rural e segurança alimentar.

Recursos - Como parte das atividades previstas no memorando, a FAO apoia-rá o governo da Bahia na captação de recursos do Fundo Internacional para o Desenvolvi-mento da Agricultura (Fida) e de outros fundos. Os recursos serão usados na implantação de um projeto destinado ao programa de capacitação social produtiva de agricultores em dez municípios do semiárido baiano com elevados níveis de pobreza. A iniciativa deve be-nefi ciar 3.901 famílias de agricultores familiares. A participação da FAO se dará por meio do apoio na apresentação do projeto a alguns fundos de fi nanciamento.

Governador da Bahia, Rui Costa, quer apoio da FAO

para agricultura familiar

Mateus Pereira/GOVBA

Agricultura Familiar

16 a 18 de novembro de 2015Praiamar Natal Hotel & ConventionNatal-RN

II I

Informações e inscrições:

algasenergia.com.brEnvio de trabalhosaté 15 de outubro

Organização: Apoio:

Page 69: 1243861-terra cia-edi_o_200

69

Extrativistas de 16 estados receberão apoio técnico

Técnicos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vão realizar, até o fi m do ano, 16 visitas técnicas

e 42 visitas de gestão e orientação a agri-cultores familiares, extrativistas e suas or-ganizações de regiões onde a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Pro-dutos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio) já está sendo ou pode ser implementada. A medida visa o fortalecimento e desenvol-vimento socioeconômico das populações tradicionais, a permanência do homem na fl oresta e a garantia de renda, assim como

a conservação, preservação e uso sustentável dos recursos natu-rais.

As visitas são fruto de parceria entre a Conab e o Ministé-rio do Desenvolvimento Agrário (MDA), que repassou, por meio de um Termo de Execução Descentralizada (TED), R$ 400 mil para ampliar a operacionalização da política junto a estes segmentos. A execução começou em setembro, já tendo sido realizadas 21 visitas.

Os atendimentos contemplam produtores de açaí, bor-racha, castanha, babaçu, andiroba, na região Norte. No Nordeste, serão benefi ciados os extrativistas de babaçu, macaúba, umbu, mangaba e piaçava. No Centro-Oeste, os atendimentos serão para as culturas de borracha, baru, mangaba e pequi. Já nas regiões Su-deste e Sul, as visitas serão para produtores de pinhão.

Pequenos produtores de açaí serão contemplados

pelo apoio técnico da Conab e MDA

Jaime Souzza

Page 70: 1243861-terra cia-edi_o_200

70

Opinião

A nova doença dos suínos brasileiros* Paola Buzollo

Um novo patógeno emergente na suinocultura está no centro dos de-bates em 2015 e deixa a cadeia de

produção de proteína animal brasileira em alerta. Casos de uma doença vesicular, ini-cialmente considerada idiopática devido à etiologia desconhecida, foram registrados em vários estados brasileiros este ano.

O vírus, que até então só ha-

Ale Carolo / alecarolo.com

via sido identificado nos Estados Unidos, causa mortalidade em lei-tões e é responsável pelo surgimento de lesões vesiculares – que são de notificação obrigatória, conforme a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). As lesões são semelhantes a aftas, se localizam no casco, focinho e boca dos animais e dificultam sua locomoção e ingestão de alimentos, resultando em perda de peso e queda da imunidade.

A enfermidade assustou os produtores, pois as lesões assemelham-se grandemente com outra doença vesicular de extrema importância para o setor produtivo mundial: a febre aftosa. Após a comprovação laboratorial pelo Departamento de Defesa Sanitária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) de que não se tratava de febre aftosa, nem de nenhuma outra doença vesicu-lar de notificação obrigatória, a pergunta sobre qual a etiologia desta enfermidade assombrava os produtores e pesquisadores brasileiros.

A resposta veio do Laboratório de Virologia Animal (La-bVir), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Londrina (UEL), que identificaram o vírus Seneca Valley Vírus, ou Se-necavírus A, causador da Doença Vesicular Idiopática Suína (DVIS). A equipe, liderada pelo professor Amauri Alfieri, encontrou dificulda-de na identificação do vírus pelo fato de haver poucas publicações científicas sobre o Senecavírus e seu diagnóstico, mas obtiveram sucesso não somente identificando o vírus, como também desenvol-veram um novo marcador para fazê-lo.

A identificação do vírus é apenas o primeiro passo para se estabelecer definições importantes sobre o controle e a preven-ção da infecção, além de ainda ser necessário saber como o vírus entrou no Brasil. Por ora, os produtores mantêm as mesmas medidas básicas de sanidade e biossegurança utilizadas na prevenção de

outras doenças causadas por Picornaví-rus, como a febre aftosa e a doença vesi-cular do suíno, como restrição de trânsito de animais, pessoas e veículos, a fim de evitar a transmissão entre diferentes reba-nhos.

Como há pouca informação disponível sobre a epidemiologia e pato-genia da doença, estudos nos centros de pesquisa brasileiros devem ser intensifica-dos, pois, até agora, sabemos apenas que a ocorrência concentra-se principalmente em animais na fase de creche, entre 22 e 65 dias de idade, e na terminação. Pesqui-sadores da UEL planejam fazer avaliações em todas as categorias de animais, inves-tigar diferentes formas de manifestações clínicas e fazer estudos comparativos com animais saudáveis para elucidar o curso da infecção e traçar formas de controle e prevenção mais específicas.

A Doença Vesicular Idiopáti-ca Suína não é restritiva para o comércio e nem representa risco para a saúde pública, porém a produtividade pode ser seriamen-te afetada, uma vez que os animais dei-xam de se alimentar normalmente devido às dores que as lesões infligem, afetando diretamente o bem-estar dos suínos aco-metidos. Por enquanto, o foco de atenção dos produtores deve ser na biossegurida-de de suas granjas até conhecermos mais sobre esta nova enfermidade que chegou ao nosso País.

*Paola Buzollo é médica veterinária for-

mada pela Universidade Estadual Pau-

lista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp),

campus de Jaboticabal, SP. E-mail para

contato: [email protected]

Page 71: 1243861-terra cia-edi_o_200

71

Page 72: 1243861-terra cia-edi_o_200

7272

Forte ação preventiva e residual.

Nativo - Protege muito, contra mais doenças.

Nativo é o fator de proteção essencial para todo produtor Canavieiro que busca produtividade. Sua eficácia abrange proteção prolongada nas folhas e no sulco de plantio, em diferentes variedades de Cana, o que auxilia no resultado da produção.

Nativo é o fungicida ideal para Cana.

• Ampla proteção para as folhas e toletes de plantio promovendo vigor para as plantas de Cana;

• Ideal para gramíneas devido ao seu efeito translaminar;

• Resistente a lavagem por chuvas prolongando o período de proteção;

• Potencializa o efeito de outros tratamentos para o sulco de plantio.

Seu braço forte contra as doenças da Cana.

www.bayercropscience.com.br

AF_Nativo CANA An Simples - 205x275.indd 1 6/25/15 3:13 PM