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confraria poética marginal

realização:apoio:

comportamento, sociedade e cultura

ano VII / número 83 / abril de 201 6

5.000 EXEMPLARES

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - VENDA PROIBIDA

FRANCISCO MORATO / FRANCO DA ROCHA - SP

WWW.CONPOEMA.ORGINFORMAÇÕES 4488-8524

um exercício de cidadania

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abril de 201 61

DIGA, ÔXE! Por: Mari Moura e Meire Ramos

JOYCEMILENA

Ôxe!: Pra quem não conhece, quem é a JoyceMilena?

Joyce: É uma escritora que nasceu em Morato, defamília pobre, começou a escrever aos 1 4 anos,escrevendo poemas de cordel, mas que agora já temuma ligação com a literatura marginal,inspirada no Poeta Sérgio Vaz.

Ôxe!: Como e quando vocêpercebeu que gostava deescrever?

Joyce: Fui pegando gosto na escola,a professora de português que medescobriu. Não pensava em ser poeta,mas professora. Fui pegando livros deliteratura e poesia, me desenvolvendo,fiz um poema em cima de Tristão eIsolda, e gostei, daí em diante só fuipesquisando e escrevendo mais. Meinspirei bastante em Patativa do Assaré,e fiz uma comparação com a vida daspessoas do Nordeste e as de Morato.Com o tempo, e naturalmente, hoje estou escrevendoliteratura marginal.

Ôxe!: A escola foi um espaço importante pravocê, então? Como era sua relação com esteespaço?

Joyce: Os alunos não gostavam muito de poesia, eutentava quebrar a ideia de que poesia só era poesiarimada. Também dialogava bastante com os professores,que me incentivavam. A escola foi quem me deu apossibil idade de ter um caminho melhor, ganheipremiações que me fizeram acreditar no meu potencial.Depois de um tempo fui jurada de um concurso depoesias da escola, e isso me deu mais confiança no queeu fazia. Eu sempre fui muito quieta na escola, e tudoo que eu tinha pra dizer, eu coloquei na escrita. A escolame preparou bem.

Ôxe!: Como funciona seu processo de escrita?

Como escolhe os temas dos textos?Joyce: Geralmente os temas que debato, são temas

que estão em discussão no momento, falo muito sobreviolência contra a mulher, crimes, coisas que acontecemna periferia. Quando vejo algo que me incomoda ainspiração vem.

Ôxe!: Ser moradora dessa regiãote influencia muita na escrita,então?Joyce: Sim, a cidade tem muitos

temas a serem tratados. É uma formade dar uma oportunidade dos jovensentrarem em contato com a poesiaatravés de algo que está ligadodiretamente à vida deles.

Ôxe!: Como você avalia seuprocesso de escrita? O quemudou de quando você começou?Joyce: Com 1 4 anos eu era

praticamente uma criança, meu primeiropoema se chama “Ser criança é tudo de bom”, escrevianuma linguagem fácil, mas como o falava através docordel, foi bom porque me aproximei da realidade daminha família, de onde vieram. O Danilo Góes quetambém é escritor, foi meu professor de história, é minhareferência, e influenciou completamente a minha escrita.

Guerra e Paz foi meu primeiro texto crítico, e deu oque falar, foi polêmico. Vejo que esse é um diferencialda minha escrita. Sou uma mulher que não fala apenasde romance, mas da realidade da minha cidade e domeu país.

Ôxe!: Como foi pra você publicar um livro? Comofoi o alcance dessa publicação?

Joyce: Publicar um livro, foi a realização de um sonho.Quando lancei “O olhar da alma”, eu procurei umaeditora online, eu mesma fiz a diagramação e edição,e foi produzido gratuitamente. Mas não fez muito sucesso,porque eu não tinha muita noção de vendas, teve pouco

alcance. Agora vou lançar um novo livro chamado “Eutenho esse dom”, é uma autobiografia, que mostra arelação de como minha professora descobriu meutrabalho, além de ter uma antologia de minhas poesias.E esse vou lançar online e impresso.

Ôxe!: Você tem página no facebook né?! Como éa receptividade do público leitor?

Joyce: Ainda a relação entre mim e o público épequena, e estou querendo me aproximar mais, tambémpra que o próximo livro tenha uma melhor receptividade.

Ôxe!: O que você diria para quem tem interesseem ser escritor ou escritora?

Joyce: Você deve meter as caras primeiramente noslivros. Um livro pode definir seu futuro, de olhar a vida,até a sua linguagem de escrita. O livro pode formar apessoa intelectualmente, para que ela possa se aprofundarem temas que tenha interesse.

Ôxe!: Como você avalia o cenário político ecultural da nossa região, pra quem escreve?

Joyce: Morato precisa mudar bastante, se implantamuitas coisas, vê-se muitas obras, mas não estão focandono principal, que é o estudo. Se tivesse mais espaçosculturais, os jovens estariam mais dedicados. A cidadenão dá oportunidades e espaços para que eles possamse desenvolver. O governo não quer formar pensadores.A política não é muito participativa, precisava dialogarmais, ver o dia-a-dia da população, mas ainda é muitodistante.

Ôxe!: E pro futuro, qual a perspectiva?Joyce: Eu estou lutando pra ser conhecida, ser

escritora é uma profissão que amo, então gostaria depoder levá-la em frente. Eu também gosto muito deensinar, gostaria de poder ajudar outras pessoas quequerem escrever, descobrir pessoas. Também tenho osonho de conhecer o Sergio Vaz, pois ele me inspiramuito. .::

imagem:M

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"Sou uma mulherque não falaapenas deromance, mas darealidade daminha cidade edo meu país. "

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2abril de 201 6

ProgramasUbuntu 12.04 (ubuntu.com)LibreOffice 3.5.7.2 (pt-br.libreoffice.org)GIMP 2.6.1 2 (gimp.org)Scribus 1 .4.1 .svn (scribus.net)Inkscape 0.48.3.1 r9886 (inkscape.org)Mozilla Firefox 22.0 (br.mozdev.org)Audacious 3.4 (audacious-media-player.org)

O que a gente usou nessa edição

Colaboraram nesta ediçãoCarol Stampone(www.carolstampone.blog.br)De Mello Narcizo([email protected])Elves Ferreira([email protected])Joice Aziza([email protected])Messias Silva([email protected])Roger Jose([email protected])

O Informativo Ôxe! é uma iniciati-va da Associação Cultural CONPO-EMA que visa propiciar à populaçãode Francisco Morato e região, um veí-culo de jornalismo cidadão e produ-ção, difusão e divulgação de ideias einformações na área cultural. Todasas informações, i lustrações e imagenssão de responsabil idade de seus res-pectivos autores e obedecem a licen-ça Creative Commons 3.0 BrasilAtribuição-Uso Não-Comercial-Com-partilhamento pela mesma Licença(acesse o site para maiores detalhes),salvo indicações do(a) autor(a) emcontrário. Para ver uma cópia destalicença, visite creativecommons.org/li -censes/by-nc-sa/3.0/br/ ou envie umacarta para Creative Commons, 1 71Second Street, Suite 300, San Fran-cisco, California 941 05, USA.

A Equipe Ôxe! é: Fabia Pierangel i , MariMoura e Roger Neves (digaoxe@gmail .com)

CIRCULAÇÃO DE TEATROPARA CRIANÇAS, EMFRANCO E MORATO

Até o final de agosto desse ano aconte-ce em nossa região o projeto “Conto detodas as cores – colorindo nossoquintal”, contemplado pelo ProAC edi-tais – Programa de Ação Cultural daSecretaria de Estado da Cultura, comuma circulação que está levando gratui-tamente o espetáculo a 1 0 bairros deFrancisco Morato e 1 0 bairros de Francoda Rocha. Em Morato, 9 apresentações jáforam realizadas.

Confira o cronograma das próximasapresentações:

FRANCISCO MORATO

24/04 (domingo): Jd. Olga (próximoda EMEF Prof. Sonia Regina)

FRANCO DA ROCHA

23/04 (sábado): Green Valley (gara-gem do depósito Green Valley)

29/05 (domingo): Mato Dentro (próxi-mo da EMEB Palmiro Gaborim)

12/06 (domingo): Vila Palmares (nocampinho de futebol

19/06 (domingo): Vila Lanfranchi I I(próximo da EMEB Arnaldo Guacieri)

26/06 (domingo): Jd. União (próximoda E. E. Elvira Parada Manga)

07/08 (domingo): Vila Elisa (na PraçaBrasil)

14/08 (domingo): Vila Santista/Pq. StaDelfa (próximo da EMEB Cevero de Oli-veira Moraes)

20/08 (sábado): Jd. dos Reis (próximoda EMEB Maria Hernandez Aguilar)

21 /08 (domingo): Vila Lemar (na RuaMadeira)

28/08 (domingo): Lago Azul Ortiz (nocampinho Água Prata)

Mais informações: www.conpoe-ma.org ou 4488-8524

SARAU CULTURAL DE CAIEIRASO Sarau Cultural de Caieiras aconte-

ce pelo terceiro ano consecutivo no Es-paço Porco a Pá, localizado no bairro doMorro Grande, em Caieiras. Nesse anode 201 6, o Sarau conta, mais uma vez,com o apoio do Programa de Ação Cul-tural, da Secretaria de Estado da Cul-tura, através do ProAC Editais.

Desde o ano passado, a atividadeacontece sempre no terceiro sábado decada mês e o dia do Sarau é sempre umdia de encontros intensos. A programa-ção do Sarau Cultural de Caieiras começasempre às 16h e conta com exposiçãode artesanatos feitos por artesãos dobairro, exibição de filme, bate-papo, canti-nho das crianças e apresentações artísti-cas. Todo mês, duas atrações artísticassão programadas para serem comparti-lhadas com o público, porém, um Sarau ésempre um espaço aberto e por isso,mesmo com as atrações programadas,existe também espaço para aqueles quequerem expor alguma ideia, cantar algu-ma música, recitar alguma poesia, ler umtexto e aí, é só se inscrever, lá mesmo nodia. As atrações de abril são: Oficina deChoro (21 h) e Zé Canela e Amigos doChoro (22h).

Ainda não conhece o Sarau e ficou comvontade de conhecer, então anota aí: opróximo Sarau acontecerá no dia 15 deabril, a partir das 16h, no Espaço de Ar-te e Convivência Porco a Pá, que ficana Av, Olindo Dártora, 4.560, MorroGrande, Caieiras, SP.

Informações: 9691 5-1 735 ou facebo-ok.com/sarauculturaldecaieiras

SHOW PARA CRIANÇAS E JAMDE DANÇA NO CIRCUITO CUL-TURAL PAULISTA DE ABRILCom a missão de ampliar o acesso a

cultura de forma descentralizada, o Go-verno do Estado de São Paulo criou emantém, ano após ano, o programa Cir-cuito Cultural Paulista, que garantemensal e gratuitamente, uma progra-mação de ótima qualidade a mais de 1 00municípios paulistas. Entre música, dança,circo, teatro adulto e programação infantil,o público tem acesso ao melhor do queestá sendo produzido nos palcos de SãoPaulo e do Brasil – de nomes consagra-dos a criações experimentais.

Há 3 anos Franco da Rocha e FranciscoMorato fazem parte do programa e issonos dá a oportunidade de todo mês tercontato com pelo menos 2 espetáculosartísticos, um em Franco e outro em Mo-rato.

A programação 201 6 já está a todo va-por. Confira o que vem pra cá nesse mêsde abril:

29/04 às 17h, na Praça Juvenal Hart-mann, em Morato – Dança: Jam de dan-

ças urbanas (intervenção), com Discípulosdo Ritmo.

30/04 às 20h, no Paço Municipal, emFranco – Show do Bita, com Mundo Bita.

Outras informações: circuitocultu-ralpaulista.sp.gov.br ou pelos telefones4488-21 45 (Secretaria de Cultura deFrancisco Morato) e 4800-7575 (Secreta-ria de Cultura de Franco da Rocha)

TEMPORADA TEATRAL DOGRUPO PANDORA DE TEATRO,

EM PERUSO Grupo Pandora de Teatro, está fi-

nalizando o projeto “Ocupação N/O –Efemeridades de Concreto” contem-plado pela 24ª edição da Lei de Fo-mento ao Teatro, que apoia o trabalhode pesquisa teatral de grupos da Cidadede São Paulo, com uma temporada doespetáculo “Ricardo III não terá lugarou cenas da vida de Meiehorld” no Te-atro do CEU Perus (Rua Bernardo Joséde Lorena, s/n – Vila Fanton – Perus -próx. a estação Perus da Linha – 7 Rubida CPTM). O espetáculo foi concebidoatravés do processo iniciado nos “Núcle-os de Pesquisa em Teatro Russo” rea-lizados nos CEUs da região noroeste eteve como foco de estudo as formas decontrole no regime totalitário soviético noperíodo Stalinista.

Sinopse: Um fuzilamento. Um ensaiode teatro. Um casal que conversa sobre avida. Um filho que nasce. Uma peça cen-surada. Uma visita inesperada. Um chefede Estado que prepara uma refeição aosartistas. Alguém que bate na porta. Umator com medo de interpretar o tirano“Ricardo II I”.

Próximas apresentações: 20/04 às20h (quarta), 23/04 às 18h (sábado) e26/04 às 20h (terça). .::

Be Linux, Be Free!Na confecção destematerial

gráfico foramutilizados

apenas softwares que

atendema licençaGNU/GPL.

NA FAIXA Por: Fabia Pierangeli

Temporada do Grupo Pandora de Teatro vaiacontecer no CEU Perus agora em Abril

Imagem:Divulgação

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abril de 201 63

Você sabia que o acesso a Cultura é um direito de qual-quer cidadão brasileiro e que ele está assegurado pelaConstituição Federal de nosso país?

Sim, existe uma seção na Constituição Federal doBrasil que trata exclusivamente do tema CULTURA, estálá, em seu artigo 21 5, que se inicia assim: “O Estado ga-rantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais eacesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentiva-rá a valorização e a difusão das manifestações culturais.”

A Constituição é um conjunto de leis, normas e regrasque regula e organiza o funcionamento de um país. Ela é alei máxima, que limita poderes e também define nossosdeveres e todos os direitos que nós, cidadãos, temos as-segurados. Todas as outras leis de um país, devem estarde acordo com a Constituição Federal.

Logo, o Estado Brasileiro, como um todo, representadopela presidência da república, com apoio do senado e câ-mara de deputados federais; pelos governadores, comapoio das câmaras de deputados estaduais; prefeituras,com apoio das câmaras de vereadores, tem a obrigaçãode garantir ao povo brasileiro, através de políticas públicaspara a cultura, as condições necessárias para que cada ci-dadão possa exercer plenamente os seus direitos culturais.Esse conceito parece um pouco abstrato demais, né? Ten-tando trazer o conceito um pouco mais pra próximo do re-al e do cotidiano, ter direito ao pleno exercício de nossosdireitos culturais significa que é obrigação dos nossos go-vernantes promover ações que disponibil izem e democra-tizem o nosso acesso a expressões culturais de nosso país.Significa que as cidades precisam oferecer aos seus mo-radores Bibliotecas, Teatros, Centros Culturais, Praças, Es-paços para Exposições e mais, que elas tem obrigação deoferecer uma programação cul-tural gratuita e diversificada parasua população. E mais ainda, queela deve incentivar os seus pro-dutores culturais da forma maisampla possível, do artesão aobailarino clássico, do brincanteda Folia de Reis ao ator, do me-nino que canta RAP ao meninoque sonha em tocar saxofone, dacomunidade quilombola ao cine-asta, para que eles consigamcontinuar produzindo suas mani-festações e compartilhando-as com sua comunidade.Nossas cidades devem manter espaços físicos onde pos-samos ter acesso à cultura e também deve manter condi-ções para que a cultura siga se democratizando e seampliando. De nada adianta manter um Centro Cultural ouum Teatro, se nele nunca há espaço para que os artistasda cidade se apresentem. De nada adianta abrir as portasde um Centro Cultural ou um Teatro para um artista da ci-dade se não se oferece a ele condições dignas para queele siga produzindo sua Arte; e saliento que oferecer con-dições dignas é tanto oferecer um espaço adequado, comequipamentos adequados, com divulgação adequada, co-mo oferecer remuneração pelo seu trabalho.

Pois bem, falar de todas essas coisas, parece até umsonho distante de ser atingido numa região como a nossa.Quem produz Arte, quem produz Cultura por aqui, sabebem do que estou falando. Quem consome, também. Emnossa região, são muito poucas as oportunidades que te-mos, de compartilhar o que produzimos. Como moradores

de uma região periférica e pobre, sabemos bem e senti-mos na carne o que significa não termos nossos direitosassegurados. Sentimos na pele isso, de sermos desrespei-tados como cidadãos, todos os dias, na falta de vaga nasescolas, na demora pra conseguir marcar uma consultamédica, no aperto e no atraso do trem que nos conduz aotrabalho todo santo dia. Conhecemos muito bem a falta deoportunidades e todas as suas con-sequências. E é justamente nesseponto, que eu gostaria de dar umaguinada nesse texto e quiçá nessepensamento…

A partir desse ponto, deixo de la-do, nesse texto (e somente nele,porque a luta pela garantia de nos-sos direitos é imensa e cotidiana), oassunto “falta de oportunidades”,para jogar luz no tema “oportuni-dades de acesso”. Sei que ainda émuito pouco o que se faz em nossopaís, em nosso estado e em nosso município, para nos ga-rantir o acesso à cultura, mas existem algumas oportuni-dades, que estão bem pertinho da gente, e que eu gostariade compartilhar nesse espaço, do Informativo Ôxe! , inici-ativa independente que tem dentre uma de suas principaisfinalidades, democratizar o acesso a leitura e a cultura, eincentivar a produção literária e cultural local.

Existe no Estado de São Paulo, um programa da Secre-taria de Estado da Cultura chamado ProAC - Progra-ma de Ação Cultural. Esse programa tem por objetivofomentar e difundir a produção artística em todas as re-giões do Estado de São Paulo, apoiando financeiramente

projetos artísticos, que são seleciona-dos por meio de Editais Públicos. Di-versas expressões culturais sãocontempladas pelo programa todos osanos, desde 2006, em Editais específi-cos para as áreas de teatro, dança,música, literatura, circo, artes cênicaspara crianças, festivais de arte, audio-visual, museus, diversidade e artes vi-suais. Os Editais são lançadosanualmente através do site da secreta-ria de Estado da Cultura (www.cultu-ra.sp.gov.br) e funcionam comoconcursos, nos quais os projetos inscri-

tos são avaliados por uma comissão composta por especi-alistas do segmento escolhido. Os grupos beneficiadospelo ProAC devem obrigatoriamente oferecer contraparti-das sociais, na forma, por exemplo, de exibição de espetá-culos a preços populares ou gratuitos.

Friso aqui que existem muitas críticas que são feitas aesse programa, críticas das quais eu compartilho, sei queele não é a tábula de salvação da classe artística, mas frisotambém que ele tem sido importante e determinante paramuitos produtores culturais que atuam no interior do Esta-do de SP e que tem nele, e somente nele, uma oportunida-de de continuarem resistindo. Os editais públicos, emboraainda não sejam a política pública ideal para a cultura, emtodas as esferas governamentais que o adotam, a meuver, ainda assim, são os meios mais democráticos de dis-tribuição de recursos.

Nós, da Associação Cultural CONPOEMA, atuamoscom Arte em nossa região desde 2007 e sempre enfrenta-

mos muitos desafios para seguir fomentando nossasações por aqui, desde não ter espaço para apresentarnossos trabalhos, até não ter grana pra produzir um ma-terial de divulgação que convidasse o público para partici-par dessas nossas ações. Mas a gente é uma raça meioteimosa e a gente sempre bateu o pé de que o nosso lugarera aqui e que não íamos sair daqui pra fazer nossa Arte.

E mais, a gente queria que fazerArte fosse nossa profissão, fossenosso ganha pão. Hoje, quase umadécada depois, continuamos lutandopor isso, todos os dias, mas fomos,ao longo do caminho, encontrandoalguns mecanismos que nos possi-bil itaram ampliar e potencializarbastante as ações que começamos arealizar lá em 2007.

Conhecemos o ProAC em 2007 efomos contemplados pela primeiravez nesse programa em 2009,

quando ganhamos um prêmio para circular com nossoespetáculo de teatro para crianças pelo interior do estadode SP. E esse prêmio, foi determinante em nosso processode busca pela profissionalização. Foi a primeira vez emnossa trajetória que pudemos realizar uma ação cultural,produzida por nós, em condições adequadas e dignas. Fo-mos contemplados em alguns outros editais desse pro-grama, ao longo desses anos, e para esse ano de 201 6,todas as nossas ações desenvolvidas em nossa região,estão sendo financiadas com recursos do edital nº38/201 5 – Território das Artes. No meio do ano passadoapresentamos um projeto, o “Território CONPOEMA”,que dentre os 1 41 projetos apresentados ao edital, ficouentre os 30 escolhidos. Com isso conquistamos para nossaregião R$ 1 50.000,00 em investimento público, que serãoaplicados diretamente na promoção de arte e de cultura,com ações que serão oferecidas gratuitamente para toda apopulação, numa programação que pode ser conferida noencarte que faz parte dessa publicação que você tem emmãos.

O Governo do Estado de São Paulo, através de seuProAC – Programa de Ação Cultural, nos ofereceu umaoportunidade para que pudéssemos continuar desenvol-vendo nossas atividades e nós, consequentemente, esten-demos essa oportunidade ao público que será beneficiadodiretamente com os recursos desse programa, através daparticipação nas ações que serão desenvolvidas. Para es-se ano de 201 6, intensificaremos nossas ações no bairroda Vila Suíça, em Francisco Morato, onde fica nossa sedee onde ofereceremos além de atividades de fruição artísti-ca, cursos de teatro e de produção cultural, além de man-ter as portas abertas de segunda a sexta, das 1 3 às 1 8h,para atividades de sensibil ização artística e mediação deleitura para crianças, além de empréstimos dos livros quefomos recebendo de doação ao longo de nossa trajetória eque agora nos possibil ita abrir um espaço de leitura.

Fica aqui o convite para que você confira nossa pro-gramação do primeiro trimestre de projeto, que está noencarte deste informativo e também para que compareçaem nossas atividades, acessem nosso site (www.con-poema.org) e curtam nossa página no facebook(www.facebook.com/coletivoconpoema). Tudo issoque está acontecendo e que ainda vai acontecer, só temsentido se nossa comunidade estiver junto. Vem com agente, vem!! ! . : :

A Arte e a Culturacomo exercício decidadaniaPor: Fabia Pierangeli

imagem: Fabia Pierangeli

Sarau e Biblioteca Comunitária fazem parte doTerritório CONPOEMA e são gratuitas

Imagem:MariMoura

O CONPOEMA Recebe é outra atividade do projetoTerritório CONPOEMA contemplado pelo ProAC

Imagem:MariMoura

O espetáculo "Conto de Todas as Cores" foi a primeira iniciativa liga-da a CONPOEMA contemplada por programa do governo estadual.

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4abril de 201 6

o menino cresceu ouvindo que era o mais bonito,o mais perfeito, o mais esperto

sempre recebeu os melhores pedaços de tudo

sempre tinha vez, para falar, para sapatear, parajogar e até para bater

aprendeu, ainda menino, que era bonito colecio-nar uma penca de namoradas

mais do que isso, era motivo de recompensa

afinal, depois de enumerar as namoradas, o paisempre dava aquele riso grande e dizia orgulhoso

'esse é o meu menino, puxou ao pai'

deve ter sido por isso, que depois de um poucocrescido, quando ouviu falar das amantes todas,

o menino achou normal, ou quase isso

é verdade que ficou chateado, no começo

não era justo com a mãe dele. era?

ela cuidava tão bem deles, não merecia aquilo

mas, daí o pai explicou que ele estava agindoque nem uma menininha boba. ele ainda não tinhaentendido a complexidade de um homem macho?

um homem macho sabia amar com respeito edistância a escolhida para o papel de esposa, e sedivertia, fazia as coisas feias, inapropriadas com asoutras

ele mesmo já não tinha percebido que tinha mu-lher para casar e mulher para fuder?

talvez, se a mãe, a escolhida para o papel de es-posa, tivesse dito algo, tivesse feito algo, o menino,ainda pouco crescido, que carregava preconceitosque ainda dava para contar nos dedos, tivesse di-recionado as suas certezas para outro canto

mas, como boa esposa que era, ela ficou caladae fez de conta que não sabia

carregou a infelicidade pela casa, calada, e narua usou direitinho o traje de esposa e mãeexemplar

o menino cresceu sem nunca precisar lavar umcopo ou um prato, ou arrumar uma cama ou fazerum sanduíche

tudo sempre feito para ele e por ele

não é de estranhar que depois de crescido eleencasquetou que é o dono do mundo

e saiu por aí passando por cima de tantas, sempedir licença e sem dizer obrigado

ele ainda acredita que é melhor do que os outrose que carrega dentro das calças o pipi mais lindodo mundo

que pode enfiar dentro de todas as mulheres fá-ceis e que deve usar limpinho e só na posição 'pa-pai e mamãe' quando achar aquela que há deocupar o lugar de esposa e mãe de seus futuros fi-lhos

que ele tem certeza que vão ser machos e quevão aprender direitinho como dominar o mundo

"Ao mundo livre, em Alagoas num quilombo governado;Como avós, tios, pais, virou mercado, marcado, classificado. . .Aos seis foi capturado.Missionário português, genocida, desgraçado!Francisco o nome a ser-lhe batizado.Modos brancos ensinados, anjos europeus a serem louvados!E por “heróis” da nação, foi escravizado.O português pra falar foi-lhe colocado, ajudar nas missas e

outras lhe foram obrigado.Aculturá-lo, obrigá-lo, domá-lo, chicoteá-lo!Eis-me aqui! D´Mello, século XI, e o mesmo ainda é planejado.20 de novembro pela liberdade;Tua luta estará na imortalidade.Resistente, ousado e insistente;Escapou e ao quilombo retornou com quinze;Já era respeitado e admirado aos vinte;Destreza e astucia os fizeram um líder, um presidente.A proposta de paz é aceita, mas a ele recusa;Previu Falcão, pois “Paz sem voz não é paz, é medo!”O sentido do quilombo não estar liberto, mas sim libertar!Enfrentou a liderança de Ganga Zumbá!Conquistou a liderança e nos deixou a resistência por herdar;Tempos disso se passou. . . O bandeirante, dito na escola herói

planejou.Guerra, facas, armas. . . Apunhalado pelas costas, literalmente!Sobreviveu, mas a traição de Soares foi evidente;Emboscada, pra fincar a faca em quem queria libertar;20 é mais do que uma data pra se passar!20 de novembro pela liberdade;Tua luta estará na imortalidade.20 de novembro de mil seiscentos e noventa e cinco;Um imortal está no ar, e aqui também escrito.Sua cabeça fincada na praça, pra ser vista como uma taça,

implantando a desgraça.Desde sempre é crime procurar justiça.Nego guerreiro junto com Che, Dandara, Marighella;antiga e nova era, mesma guerra, opressor aqui já era!Exemplo pra cada brasileiro!Rebelde!Lutou e sangrou por cada maloqueiro.“20 de novembro pela liberdade;Tua luta estará na imortalidade.”

Te amo. . . amor pueril e único,tão pueril que te sorrio; amor puro,colorido, como a flor do amor-perfeito.

Minh’amiga, mais que amada,tão amiga quão amada, na verdade!

E te amo de um amor cândido e virgem,tão grandemente infindo, como um grande rio corrente;e trago ao peito tal amor risonho, alegre!

Minh’amiga, quão amada,cujo amor me faz contente!

E te amo de um amor liberto, sem qualquer mancha,tão humilde e transparente, que lhe só deseja Vida,como a mãe ama seu filho e o Poeta ama a Arte.

Minh’amiga, tão quão e mais amada;Digo-te agora: de tanto amar-te, sou contente!!!

[SEMTÍTULO]Por: De Mello Narcizo

Por: Carol Stampone

nascido e criado paraser dono do mundo

[SEM TÍTULO]Por: Roger José

imagem: freeimages.com

imagem:freeimages.com

ilustração:RogerNeves

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agem:freeimages.com

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abril de 201 65

(última parte)

Goiás, da antropologia, é Goiânia famosados latifúndios de Anápolis e Itumbiara a mim

Inêsencontrei a goiana formosana jazida do amianto, quartzo, do manganês. . .

Com Inês à cultura do arroz e algodãoda soja, feijão, do milhono estado mais central do Brasil-imensidãoque mantém sua economia nos trilhos. . .

Inês me cobriu de beijos e abraçosonde fez Anhanguera, expediçõesmulher de ouro nos meus braçosà goiana e à goianiense recordações. . .

Para Mato Grosso viajando fui adianteadentrando o Centro-Oeste ao Pantanalquando fui ao diamantevoei por todo o Planalto Central. . .

À morena cuiabana o olhar envieipara ela dirigi o meu risodo seu olhar não desvieime convidou à Barra do Garça e Sorriso. . .

Fomos à história de Cora em Cuiabáao Museu de Pedras Ramis Bucaira obra de Ana Lins dos Guimarães Peixoto

nunca acabartoda manhã até a tarde cair. . .

No Casarão, Casa Cora Coralinaos manuscritos e objetos lá estãodepois ao Cerrado e Colinasamei a mato-grossense até a exaustão. . .

Do rio Xingu ao Paraguaidecidimos ir ao Mato Grosso do Sul

um conhecimento sem igualela mostrou de Norte a Sul. . .

Atingimos o distritoao nosso encontro a sul-mato-grossensenão houve atritotive moderação e bom senso. . .

Em Campo Grande frente a Morada dos Baísalmejei à Cidade Morenaeu visava ao centro do paísfoi pra Corumbá a cuiabana Lorena. . .

Com a sul-mato-grossense fui à Aquidauanasenti o ar puro de Três Lagoaspor aquela mulher quase adiandomas fui à Brasília a despedida magoa. . .

Na Rampa de Niemeyer, com ela subicom a brasiliense eu estava no Distrito FederalJuscelino Kubitschek não sabiaque a sua fundação abala o emocional. . .

Na capital do Brasil em Planaltina de EpitácioPessoa

a Missão Cruls resultado acionoudos estudos que 30 anos se passouo decreto 4.494 Epitácio assinou. . .

A brasileira é amorosa, românticame aprimorei no poder da seduçãoà outros mundos serei semânticono Brasil fiz a pós-graduação. . .

Nos brasileiros Estadosjá tive mulheres sensacionaisserei poliglota já sou, no amor, letradoà conquistar as beldades internacionais. . .

PPoorr:: MMeessssiiaass SSiillvvaa

JJÁÁ TTIIVVEE MMUULLHHEERREESSDDEE TTOODDOO OO BBRRAASSIILL

Obs. Texto inspirado na canção (MULHERES) Interpretado porMartinho da Vila de composição de Toninho Geraes

Nota: Isso é uma inspiração poética com mescla de realidade e utopia mas houve sim um local que estive pessoal-mente e que me marcou e sinto saudades passei várias vezes por ali em frente do histórico monumento da moradados Baís no Mato Grosso do Sul. Sim conheci uma Rondoniana rsrsrsrsrs. Se puder quero voltar lá. Não por ela e simpelo lugar, mas foi bom enquanto durou.

imagem: freeimages.com

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6abril de 201 6

"Cidadão, numpaís em que nãohá nem sombra decidadania, significaapenas cidade

grande."

Millôr Fernandes

Em uma roda de conversa, na qual a fala principal, era de espanhol. Me fez repensar em quem Eu Sou.Ele falava em um "portunhol", que eu conseguia compreender.  Mas na composição dessa roda, havia um homem inquieto,   e era nítido observar que  havia feito uso

de álcool, além do que seu organismo permitia. E que pouco compreendia o que estavaacontecendo.  

E foi esse homem, que cortou  o som do portunhol:- Ok. Resumindo. Onde você quer chegar com isso?O protagonista da roda retrucou:- Quem és tu?Pairou-se um silêncio até que aquele inquieto homem compreendesse a pergunta:- Sou Paulo. E você?O espanhol, no início de sua irritação, diz que aquele homem, não era ninguém. Que era muito

pequeno diante das coisas existentes no Cosmo.Essa fala, me fez lembrar, a antiga história do pequeno grão de areia.  Durante minha passagem pela igreja Católica. Esse sentimento de pequenez, me era presente. Eu era

apenas mais uma na fila da comunhão.  E pensando em quem Eu Sou. Em quem Eu descobri que Sou. Não mais me vejo como um grão de

areia. Não me vejo menos importante do que as "coisas" existentes no Cosmo.Buscar saber de onde meus antepassados vieram, buscar saber sobre meu real passado, conhecer as

diversas histórias dos meus irmãos da Diáspora africana, me fez saber quem eu sou hoje.Depois de tantos descobrimentos, tantos entendimentos. Tanto empoderamento. Tanta busca pela

auto estima. Vou eu me achar um ninguém? Um simples grão de areia?ME RECUSOCertamente dirão: iiii, essa daíse acha.Eu me achando ?????Errado.Eu não me acho. EU SOU!!!

CanaãPor: Elves Ferreira

No fundoNo fundoTodo mundoQuer subirA superfícieQuer suaRespostaSer felizSem motivoDe alguémSer abrigoTer sempreUm abraçoAmigoRetribuir umSorrisoAo solAo diaAo ventoA vidaNo princípioTodo mundoEsperaNo finalTodo mundoEsperaEm serLuzEm ter

CorNa ausênciaDo escuroNão seMachucarNão sentirDorSentir aAlegriaPulsarHarmoniaViver oAmorNo fundoNo fundoTodo mundoQuer serLivreChegar noPontoMais altoLá do altoLá de cimaMas o primeiroPasso pra issoÉ encontrarDentro da genteA nossa terra prometida.

Por: Joice Aziza

Eu? pequeno grão de areia?

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imagem:smazurovem

flickr.com

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