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BDU – Biblioteca Digital da UNIVATES (http://www.univates.br/bdu) CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – PPGAD CONSERVAÇÃO AUDITIVA: ZUMBIDO E MODULAÇÃO SOMÁTICA DO ZUMBIDO NO TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO Sandra Regina Weber Orientador: Prof. Dr. Eduardo Périco Coorientador: Prof. Dr. Atos Prinz Falkenbach (in memorium) Lajeado, agosto de 2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO – PPGAD

CONSERVAÇÃO AUDITIVA: ZUMBIDO E MODULAÇÃO SOMÁTICA DO ZUMBIDO NO

TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO

Sandra Regina Weber

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Périco

Coorientador: Prof. Dr. Atos Prinz Falkenbach (in memorium)

Lajeado, agosto de 2010

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA, EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO – PPGAD

CONSERVAÇÃO AUDITIVA: ZUMBIDO E MODULAÇÃO SOMÁTICA DO ZUMBIDO NO

TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO

Sandra Regina Weber

Dissertação apresentada no Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e Desenvolvimento –

Mestrado, como exigência parcial para a ob-

tenção do título de Mestre em Ambiente e De-

senvolvimento.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Périco

Coorientador: Prof. Dr. Atos Prinz Falkenbach (in memorium)

Lajeado, agosto de 2010

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SANDRA REGINA WEBER

CONSERVAÇÃO AUDITIVA: ZUMBIDO E MODULAÇÃO SOMÁTICA DO ZUMBIDO NO

TRABALHADOR EXPOSTO AO RUÍDO

Dissertação apresentada no Programa de Pós-

Graduação em Ambiente e Desenvolvimento –

Mestrado, como exigência parcial para a ob-

tenção do título de Mestre em Ambiente e De-

senvolvimento.

Prof. Dr. Eduardo Périco (Orientador)

Centro Universitário UNIVATES

Prof. Dr. Odorico Konrad

Centro Universitário UNIVATES

Profa. Dra. Tania Tochetto

Universidade Federal de Santa Maria

Profa. Dra. Isabela Hoffmeister Menegotto

Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

Lajeado, agosto de 2010

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DEDICATÓRIA

Aos meus avós, Leopoldo Aloisio Weber e Maria Spohr Weber; Aloisio Benno

Dullius e Irma Beuren Dullius (in memorium), pelo legado de sensibilidade e de res-

peito a toda e qualquer forma de vida;

Aos meus pais, Paulo Weber e Acilda Maria Weber, pelo exemplo, pela pala-

vra, pela melodia, pelo silêncio...

À minha filha Júlia, fonte da minha energia, “...prá que nossa esperança seja

sempre o caminho que se deixa de herança...” (O Novo Tempo, Ivan Lins e Vitor

Martins)

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador e coordenador do PPG AD Prof. Dr. Eduardo Périco, que

acolheu minha ideia, pacientemente acompanhou sua “metamorfose” e proporcionou

um “ambiente” favorável ao seu “desenvolvimento”. Pelo precioso auxílio e apoio

incondicional. Pelos ensinamentos em metodologia de pesquisa, biologia e estatísti-

ca. Pelo “espírito” interdisciplinar, pela disponibilidade de escuta e paixão ao saber!

Ao Prof. Dr. Atos Prinz Falkenbach (in memorium), coorientador, cujo trabalho

voltado à atividade física e à promoção da qualidade de vida foi uma das inspirações

para esta dissertação. Pelo incentivo, pelo auxílio na finalização do projeto de pes-

quisa, pela participação e contribuições na banca de qualificação.

À Dra. Claudia Couto Barros Coelho, pesquisadora da Universidade de Iowa,

pela inestimável colaboração e incentivo e com quem tenho a oportunidade de parti-

lhar a clínica do zumbido.

À Prof. Dra. Tanit Ganz Sanchez, docente e pesquisadora da FMUSP, pelo

pioneirismo no Brasil em aprofundar os estudos de zumbido, pelo incentivo, auxílio e

interesse.

À Dra. Alice Suter, consultora do NIOSH (National Institute for Occupational

Safety and Health) pela “simplicidade”, pelas indicações bibliográficas e pela forma

afetiva de responder aos meus emails.

À Prof. Dra. Tânia Tochetto, pelo valioso incentivo na banca de qualificação e

pelos ensinamentos desde os tempos da graduação.

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À Prof. Dra. Isabela Hoffmeister Menegotto que prontamente e gentilmente

aceitou participar da banca de defesa.

Ao Prof. Dr. Odorico Konrad, pelo incansável trabalho de “alfabetização” am-

biental e que aceitou participar da banca de defesa.

Ao Prof. Dr. Claus Haetinger, cujas palavras iniciais, de acolhida, apontaram

para a possibilidade de inserção da fonoaudiologia num programa ambiental.

Ao Prof. Raul Stoll, pelo interesse e incentivo constantes.

À Prof. Magali Grave, pelo acolhimento e precioso estímulo.

A todos os docentes do PPG AD, pelo trabalho inovador de inclusão da diver-

sidade acadêmica.

Aos colegas do Mestrado, pelo aprendizado e pelos bons momentos que

compartilhamos.

Às novas amigas deste Mestrado, Alessandra Brito de Farias, Bernardete

Cerutti, Edi Fassini, Giovana Schossler e Simone Schneider, pelo companheirismo,

solidariedade e diversão!

À minha querida amiga, fisioterapeuta Janete Pavanelo, pelas ricas discus-

sões sobre as tensões musculares e sobre nossas tensões cotidianas!

Às queridas colegas fonoaudiólogas Débora Lengler, Fabíola Pereira Cardo-

so, Isabel Knak, Vanessa Spolavori com quem tenho construído a prática fonoaudio-

lógica, pela amizade e grande apoio.

À querida Silvia Bierlmeier, pela amizade, carinho e suporte bilíngue.

À amiga e colega de fecundas interlocuções sobre os transtornos do desen-

volvimento humano, psicanalista Maria Marta Heinz.

Ao amigo, neurologista e professor, Dr. Claudio Cechella, pelas saudosas e

brilhantes aulas de neurologia, pelo apoio e auxílio no entendimento de algumas

questões.

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À direção e funcionários da empresa Florestal Alimentos S.A. que viabilizaram

este trabalho.

À responsável pelo setor de desenvolvimento humano da Florestal Alimentos

S.A., Anete Diehl, pela disponibilidade e grande auxílio

À Denize Welter, que não mediu esforços para organizar os atendimentos, na

empresa.

À Rejane Amaral, pelo trabalho diário de organização da rotina do consultório.

Aos meus pacientes, cujas perguntas e sofrimento impulsionam ao estudo e à

pesquisa.

À minha querida família, irmãos Mara e Paulo, cunhada Nádia e sobrinhos Ca-

rolina, Camila e Caio pelo apoio, interesse e por compreenderem a minha ausência.

À querida amiga Nívia Heinen, pelo apoio e incentivo constantes, pela oportu-

nidade de escutar sobre o “universo da história e do direito”.

Aos amigos, pela palavra carinhosa e pela compreensão.

Aos meus vizinhos, silenciosos, que contribuíram para um ambiente favorável

à leitura e à reflexão.

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‘‘Live as if you were died tomorrow

Learn as if you were lived forever’’

Mahatma Gandhi

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RESUMO Tradicionalmente, zumbido no trabalhador exposto ao ruído tem sido relacionado à per-da auditiva. Entretanto, as inúmeras possibilidades etiológicas e a interação do sistema auditivo com outros sistemas, como o sistema somatossensorial, somada ao impacto negativo que o zumbido pode causar, ampliam esta dimensão. Nesta perspectiva, o presente trabalho visa contribuir para o entendimento do zumbido e a correlação com perda auditiva, modulação somática do zumbido e repercussão na qualidade de vida de trabalhadores expostos ao ruído. Foi realizado estudo transversal e descritivo de traba-lhadores expostos ao ruído e com percepção de zumbido, envolvendo entrevista, audi-ometria tonal, questionário Tinnitus Handicap Inventory e manobras somáticas para pesquisa da modulação do zumbido. De um total de 585 trabalhadores expostos ao ruído, em uma empresa do ramo alimentício, foi encontrada uma prevalência de zumbi-do de 7,2% (n=42), na faixa etária de 20 a 60 anos, tempo médio de exposição ao ruído de três anos e oito meses e tempo médio de percepção do zumbido de três anos e sete meses. Verificou-se predomínio da percepção de zumbido intermitente (88%), bilateral (53,4%), com início progressivo (66,7%), descrito como som único (85,7%). Um total de 50% dos trabalhadores com zumbido não apresentaram perda auditiva. Estresse, silên-cio e barulho foram os fatores de piora mais citados. O zumbido interfere principalmente na concentração. Foi encontrada modulação somática do zumbido em 69% dos indiví-duos. A Correlação de Spearman mostrou diferença significativa (p=0,0094) entre o tempo de exposição ao ruído e o tempo de percepção do zumbido nos indivíduos sem perda auditiva.

Palavras-chave: zumbido, perda auditiva induzida por ruído, modulação somática do zumbido, zumbido somático, qualidade de vida

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ABSTRACT Traditionally, tinnitus in noise-exposure worker has been related to hearing loss. However, the numerous etiologic possibilities and hearing system interaction with other systems, such as somatosensory system, and the negative effect that tinnitus may cause, open up this dimension. From this perspective, the present work wants to help to understand tinnitus and its relation with hearing loss, somatic modulation of the tinnitus and effects on quality of life of noise-exposure workers. We develop a transversal de-scriptive study of workers with perceiving tinnitus, involving interview, pure tone audi-ometry, Tinnitus Handicap Inventory questionnaire and somatic measures to research tinnitus modulation. From 585 noise-exposure workers in a food company, there was a prevalence of tinnitus in 7.2 percent (n=42), in an age range of 20-60 years, about three years and eight months exposed to tinnitus, and about three years and seven months of perceived tinnitus. We have verified prevalence of intermittent (88 percent) and bilateral (53.4 percent) tinnitus with an increasing start (66.7 percent), depicted as a singular sound (85.7 percent). A total of 50 percent of the workers with tinnitus had no hearing loss. Stress, silence and noise were the most often cited factors for aggravating. Tinnitus affects attention. Somatic tinnitus modulation was found in 69 percent of the individuals. The Spearman’s rank correlation showed significant difference (p=0.0094) between noise exposure time and tinnitus perception time of individuals with no hearing loss. Keywords: Tinnitus; Noise- induced hearing loss; Somatic tinnitus modulation; Somatic tinnitus, Quality of life

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema auditivo periférico 22

Figura 2: Representação das CCEs e CCIs 23

Figura 3: Sistema auditivo central 24

Figura 4: Representação da via auditiva clássica 25

Figura 5: Representação esquemática do sistema auditivo, excluindo vias binaurais e conexões inter-hemisféricas 29

Figura 6: Representação esquemática das vias conectando os sistemas somatossensorial e auditivo 36

Figura 7: Porcentagem de indivíduos que apresentam zumbido, distribuídos por local de trabalho e nível de ruído em cada local 44

Figura 8: Porcentagem de indivíduos relacionada aos achados audiométricos 45

Figura 9: Medianas para os limiares audiométricos, dos grupos com limiares audiométricos normais, sugestivos de PAIR e não sugestivos de PAIR, para OD 45

Figura 10: Medianas para os limiares audiométricos, dos grupos com limiares audiométricos normais, sugestivos de PAIR e não sugestivos de PAIR, para OE 46

Figura 11: Porcentagem de indivíduos com perda auditiva em ambas as orelhas (AO), na orelha esquerda (OE) e na orelha direita (OD) 46

Figura 12: Porcentagem de indivíduos de acordo com a localização do zumbido 48

Figura 13: Fatores de piora e frequência com que foram citados 49

Figura 14: Fatores de interferência e frequência com que foram citados 50

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Figura 15: Porcentagem de indivíduos encontrada para cada nível do THI 51

Figura 16: Porcentagem de respostas à cefaléia, cervicalgia, dor na ATM (ou musculatura mastigatória) e otalgia 52

Figura 17: Porcentagem de indivíduos com presença e ausência de zumbido no momento da pesquisa de modulação 53

Figura 18: Presença de modulação no grupo com zumbido presente 53

Figura 19: Presença de modulação no grupo com zumbido ausente 54

Figura 20: Porcentagem de indivíduos que apresentaram e não apresentaram modulação 54

Figura 21: Porcentagem de modulação para cada uma das manobras pesquisadas 55

Figura 22: Número e modalidade de resposta a cada manobra 56

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATM: articulação têmporo-mandibular

AVC: acidente vascular cerebral

Ca: cálcio

CCEs: células ciliadas externas

CCIs: células ciliadas internas

CGM: corpo geniculado medial

CI: colículo inferior

CIc: colículo inferior central

CIx: colículo inferior externo

COS: complexo olivar superior

Cu: núcleo cuneiforme

dB (A): decibel, em escala ponderada ou equalizada A

dB (NA): decibel em nível de audição

GE: gânglio espiral

GR: núcleo grácil

GRD: gânglio da raiz dorsal

GT: gânglio trigeminal

GV: gânglio vestibular

Hz: hertz

kHz: kilohertz

K: potássio

Na: sódio

NCD: núcleo coclear dorsal

NCV: núcleo coclear ventral

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NL: núcleo lateral

NR: norma regulamentadora

OD: orelha direita

OE: orelha esquerda

ORL: otorrinolaringologista

PAIR: perda auditiva induzida pelo ruído

PGM: pontos-gatilho miofascial

PPRA: programa de prevenção de riscos ambientais

THI: tinnitus handicap inventory

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 OBJETIVOS 18 2.1 Objetivo geral 18 2.2 Objetivos específicos 18

3 REFERENCIAL TEÓRICO 19 3.1 Definição e epidemiologia do zumbido 19 3.2 Fatores etiológicos 20 3.3 Fisiologia da audição 22 3.4 Fisiopatologia do zumbido 27 3.5 Modulação somática do zumbido e zumbido somático 32

4 MATERIAL E MÉTODO 40 4.1 Protocolo de investigação 41 4.2 Análise estatística 43

5 RESULTADOS 44

6 DISCUSSÃO 58

7 CONCLUSÕES 68

8 REFERÊNCIAS 70

9 ANEXOS E APÊNDICES 76 9.1 Lista de anexos e apêndices 77

10 GLOSSÁRIO 88

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1 INTRODUÇÃO

No cenário contemporâneo, paradoxal, de avanço no entendimento dos efei-

tos deletérios do ruído na saúde humana e de incrementos constantes nos níveis de

pressão sonora, desenvolver políticas de conservação da saúde de uma forma geral,

e de conservação da saúde auditiva de forma particular, torna-se fundamental.

Neste sentido, o desenvolvimento de ações proativas que garantam o bem-

estar biopsicossocial do indivíduo, indubitavelmente, implica em interdisciplinaridade e

contextualização ambiental, situando o indivíduo no ambiente em que está inserido.

No ambiente laboral, o ruído é considerado o fator de risco que mais atinge os

trabalhadores (Brasil, 2006). A fim de mitigar seus efeitos, a legislação brasileira prevê

a elaboração e execução de programas de conservação auditiva, conforme a Norma

Regulamentadora NR – 9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA

(Brasil, 1994) e Portaria 19 do Ministério do Trabalho -Diretrizes e parâmetros míni-

mos para avaliação e acompanhamento da audição em trabalhadores expostos a ní-

veis de pressão sonora elevados (Brasil, 1998). O trabalho em conservação auditiva é

multiprofissional e se destina a prevenir a instalação ou evolução de perdas de audi-

ção provocadas pela exposição ao ruído (Santos e Matos, 1994; Ibanez, 1997; ASHA,

2004; Cavalli, 2005; Barbosa Filho, 2008; Verbeek et al. 2009).

A perda auditiva induzida pelo ruído (PAIR) é caracterizada por uma degenera-

ção irreversível do sistema auditivo periférico, com lesão das células ciliadas do órgão

de Corti, devido a uma exaustão metabólica (Comitê Nacional de Ruído e Conserva-

ção Auditiva, 1999). Em estágios iniciais, é imperceptível, porém se estiver acompa-

nhada de zumbido, este poderá comprometer dramaticamente a qualidade de vida do

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indivíduo. Pesquisa realizada pela Public Health Agency of America em 1985/ 1986

(Sanchez e Ferrari, 2004) apontou o zumbido severo como o terceiro pior sintoma que

pode acometer o indivíduo, sendo o primeiro a dor intensa intratável e o segundo, a

tontura intensa intratável.

Múltiplas causas estão relacionadas ao zumbido (Sanchez et al. 1997;

Jastreboff et al. 1998; Sanchez e Bento, 2000; Sanchez e Ferrari, 2004), porém,

zumbido relacionado à perda auditiva induzida pelo ruído tem sido apontado como a

causa mais comum (Barnea et al. 1990; Axelsson e Prasher, 2000; Toh, 2002). Se-

gundo Dobie (2004), a exposição ao ruído, assim como a idade e o gênero, são os

principais fatores de risco para perda auditiva e zumbido.

O zumbido pode ser o primeiro indicativo da exposição excessiva ao ruído e o

desenvolvimento da perda auditiva ocorrer mais tarde (Kileny, 2008). Em estudo re-

trospectivo de 15 anos, com trabalhadores expostos a ruído, Griest e Bishop (1998),

observaram que a queixa de zumbido antecedeu alterações significativas nos limia-

res audiométricos.

O zumbido é um sintoma complexo, de diversidade etiológica e de fisiopatolo-

gia não completamente esclarecida. As concepções atuais postulam o envolvimento

do sistema auditivo periférico e central, aferente e eferente e a interação com outros

sistemas (Jastreboff, 1990; Eggermont e Roberts, 2004; Kaltenbach, 2006; Tyler et

al. 2008).

A interação do sistema auditivo com o sistema somatossensorial foi demons-

trada em estudos com cobaias (Wright e Rhyugo, 1996; Shore et al. 2008) e tem si-

do evidenciada clinicamente nos indivíduos com zumbido (Moller et al. 1992;

Rubinstein et al. 1993; Pinchoff et al. 1998; Levine, 1999a; Sanchez et al. 2002; Le-

vine et al. 2003; Lanting et al. 2010). Estimulações do sistema somatossensorial po-

dem modificar as características psicoacústicas do zumbido ou induzi-lo. Este fenô-

meno é conhecido como modulação somática do zumbido ou zumbido somático e

vem sendo estudado pela sua possível influência nos mecanismos de geração e

percepção do zumbido (Levine, 1999a; Levine, 1999b; Sanchez et al. 2003; Shore et

al. 2007; Shore et al. 2008).

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Diante deste cenário multifacetado e complexo, o presente estudo destina-se a

contribuir para o entendimento da relação entre ruído, zumbido e modulação somática

do zumbido em trabalhadores expostos ao ruído, com vistas à conservação auditiva

em uma dimensão ampliada. O impacto que o zumbido pode ter na vida do indivíduo

justifica esforços para contribuições neste campo.

A inserção deste estudo num Programa Ambiental busca novos diálogos e re-

flexões, consolidando abordagens a partir de um paradigma de complexidade, distin-

to da tradicional linearidade nexo-causal.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Contribuir para o entendimento do zumbido e sua correlação com perda audi-

tiva e modulação somática em trabalhadores expostos ao ruído.

2.2.Objetivos específicos

Estimar a ocorrência do zumbido nos trabalhadores expostos ao ruído, em uma

empresa do ramo da alimentação do município de Lajeado-RS;

Relacionar zumbido com exposição ao ruído;

Relacionar zumbido com perda auditiva;

Identificar os fatores que pioram o zumbido;

Estimar a repercussão do zumbido na vida do trabalhador;

Verificar a ocorrência de modulação somática.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Definição e epidemiologia do zumbido

O zumbido é um sintoma auditivo, endógeno, definido como a experiência

consciente de um som, originado na cabeça ou nas orelhas, na ausência de estímu-

lo externo (Mc Fadden, 1982). O zumbido pode ser percebido em uma orelha - ge-

ralmente na esquerda -, em ambas as orelhas ou na cabeça (Dobie, 2004). É objeto

de curiosidade e de controvérsias desde o antigo Egito e da Mesopotâmia (Sanchez,

1998).

O zumbido é considerado um sintoma de pobre entendimento e de difícil tra-

tamento (Alster et al. 1993), que ocorre em 10 a 15% da população geral, aumen-

tando para 20 a 40% no idoso (Axelsson e Ringdahl, 1989).

Está relacionado a praticamente todas as patologias auditivas, uma vez que,

85% de pacientes com problemas auditivos, referem zumbido (Mc Fadden, 1982).

Zumbido espontâneo, com duração de poucos segundos ou minutos, é uma

sensação praticamente universal (Dobie, 2004). É clássica a referência à pesquisa

de Heller e Bergmann (1953) mostrando que, sob condições de silêncio e atenção,

94% de normo-ouvintes, adultos, experimentaram alguma sensação auditiva.

Entretanto, para aproximadamente 4% da população, o zumbido é clinicamen-

te significante, com importante repercussão na qualidade de vida (Mc Fadden,

1982). As queixas mais frequentes referem-se à interferência no sono; persistência

do zumbido; dificuldade para entender a fala; desânimo, frustração ou depressão;

incômodo, irritação e inabilidade para relaxar; dificuldade de concentração ou confu-

são (Tyler e Baker, 1983).

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Para Dobie (2004), é preciso diferenciar percepção auditiva do sofrimento que

o zumbido pode causar, abordando terapeuticamente cada um dos distintos aspec-

tos. Jastreboff et al. (1998), também diferenciam a categoria “experimentando” o

zumbido, aqueles que somente têm a sensação auditiva; da categoria “sofrendo”

com o zumbido. Nestes, haveria ativação do sistema límbico e do sistema nervoso

autônomo (Jastreboff et al. 1996).

3.2 Fatores etiológicos

Devido à diversidade etiológica e às particularidades em cada caso, estabele-

cer a causa do zumbido não é uma tarefa fácil. O indivíduo pode ser portador de al-

guma doença que causa zumbido e o seu zumbido não ser atribuído a esta doença

(Levine, 2004). Pode ocorrer uma causa específica que determina e gera o zumbido

e ainda, pode haver uma interação de vários fatores no mesmo indivíduo, gerando e

potencializando o zumbido (Sanchez e Ferrari, 2004; Levine, 2004).

Um aspecto importante a considerar é que o zumbido pode ser um fenômeno

limiar, ou seja, não se manifestar a partir de um fator etiológico, mas da atuação si-

nérgica de dois ou mais fatores (Levine, 2004).

O zumbido é um sintoma, não uma doença e, por ser definido como uma

percepção sonora (apito, chiado, motor, sirene, ondas do mar, panela de pressão,

grilo, etc) é frequentemente associado ao sistema auditivo. A maioria dos casos de

zumbido está relacionada à perda auditiva induzida por ruído, PAIR, (Dobie, 2004) e

a prevalência deverá aumentar na população, principalmente devido à idade (Daniell

et al. 1998) e à exposição ao ruído no trabalho e no lazer (Axelsson e Prasher, 2000;

Toh, 2002).

Mesmo tratando-se do tipo mais comum de zumbido – gerado pelo sistema

auditivo, o zumbido pode estar relacionado a outros órgãos e sistemas (Kileny,

2008). As causas podem ser assim classificadas (Sanchez e Bento 2000; Sanchez,

2008):

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1) Otológicas: afeccções da orelha externa (tampão de cerume, otite externa, etc.),

da orelha média (otite média, otosclerose, etc.), da orelha interna (doença de

Menière, trauma acústico, perda auditiva induzida pelo ruído), do VIII par craniano

(tumor do nervo auditivo).

2) Metabólicas: relacionadas ao metabolismo da glicose e ao metabolismo dos

lipídios; hormônios tireoidianos; deficiência de vitamina B; deficiência de minerais

como zinco e magnésio; abuso de cafeína (café, chá preto, chocolate e algumas be-

bidas).

3) Neurológicas: inclui traumatismo crânio-encefálico, acidente vascular cerebral,

esclerose múltipla, sequela de meningite, whiplash.

4) Odontológicas: relacionadas à disfunção da articulação têmporo-mandibular

(ATM) ou do aparelho mastigatório (perda de dentes; hábitos para-funcionais orais

como apertar ou ranger os dentes, mascar chiclete, roer unhas).

5) Cardiovasculares: relacionadas à anemia, hipertensão arterial sistêmica, insufi-

ciência cardíaca, com diminuição do fluxo sanguíneo da orelha interna.

6) Farmacológicas: relacionadas ao uso de antiinflamatórios, antibióticos, antimalá-

ricos, anticoncepcionais, diuréticos, metais pesados, solventes, antidepressivos tricí-

clicos. O zumbido é apontado como efeito colateral em mais de 70 medicações.

7) Psicológicas: ansiedade, depressão, síndrome do pânico, fobias (podem ser um

fator coadjuvante na percepção e reação ao zumbido).

O zumbido também pode ser gerado por estruturas para-auditivas, menos

comuns e relacionado a estruturas vasculares e musculares (Sanchez et al. 2000):

Vasculares: caracteriza-se por pulsações sincrônicas com o batimento cardíaco

ou percebido como clique. Está relacionado à malformação artério-vascular, neopla-

sia artério-vascular, hum venoso ou qualquer alteração vascular que modifique o

fluxo sanguíneo próximo às estruturas auditivas.

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Musculares: em geral, são cliques não sincrônicos, causados por mioclonias dos

músculos do palato ou da orelha média.

3.3 Fisiologia da audição

A audição é um sentido que nos conecta com o mundo e com os outros. É

fundamental para a comunicação, aprendizagem e socialização, funções corticais

que surgem com o desenvolvimento ontogenético (Stocking, 2008).

O sistema auditivo é dividido em sistema auditivo periférico (figura 1) e sistema

auditivo central. O sistema periférico é formado pela orelha externa, orelha média, ore-

lha interna e nervo auditivo. É responsável pela captação, condução, modificação,

amplificação, análise e transdução das ondas sonoras do ambiente (Aquino e Araújo,

2002). Sucintamente, as ondas sonoras “coletadas” pelo pavilhão auricular passam

pelo meato ou conduto acústico externo e são amplificadas, se estiverem na faixa de

frequência de 1.5 a 7 kHz. O conduto auditivo externo tem aproximadamente 2,5 cm

de comprimento e limita-se com a membrana timpânica. A membrana timpânica divide

a orelha externa da orelha média e está interligada à cadeia ossicular, formada pelos

menores ossos do corpo humano: martelo, bigorna e estribo (Oliveira, 1997).

Este sistema, chamado de tímpano-ossicular, transmite as vibrações sonoras

à janela oval, permitindo a transdução da energia mecânica em energia hidráulica,

do meio aéreo da orelha média, para o meio líquido da orelha interna. A transmissão

sonora é efetiva devido à diferença das superfícies da membrana timpânica e da

janela oval, ocorrendo uma multiplicação da pressão sonora em 17 vezes. O meca-

nismo de alavanca dos ossículos também aumenta a pressão sonora, de forma que

há um acréscimo aproximado de 30 dB na energia que chegou ao tímpano e foi

transmitida à cóclea, na orelha interna (Oliveira, 1997).

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Orelha externa média interna nervo auditivo

Figura 1: Representação do sistema auditivo periférico: orelha externa, média, interna e nervo auditivo. Fonte: www.neuroreille.com/promenade. Acesso em 05 mar. 2010.

A fisiologia da orelha média também está relacionada a condições ideais de

pressão aérea, ou seja, ambos os lados da membrana timpânica devem ter pressão

igual à pressão atmosférica. Esta regulação é feita pela tuba auditiva, que em geral,

encontra-se fechada e abre na deglutição, bocejo, manobra de Valsalva (Bear et al.

2008).

A cóclea (do grego kokl, que significa caracol) é responsável por uma sofisti-

cada fisiologia que envolve análise de frequências, amplificação não linear e trans-

dução de energia (Kurc, 1999). A vibração mecânica do estribo na janela oval pro-

duz ondas hidrodinâmicas no meio líquido da cóclea que se propagam da base ao

ápice e desencadeiam movimentos oscilatórios na membrana basilar (Kurc, 1999).

Os movimentos da membrana basilar são determinados pela frequência e intensida-

de do estímulo sonoro e também, pelas características físicas da membrana basilar,

de forma que, sons agudos provocam vibração na base e sons graves no ápice da

cóclea. As vibrações mecânicas da membrana basilar provocam deslocamentos dos

estereocílios das células ciliadas externas, que estão acoplados à membrana tecto-

rial. As células ciliadas externas constituem o mecanismo amplificador e responsável

pela estimulação das células ciliadas internas. As células ciliadas internas são con-

sideradas unidades receptoras e codificadoras, com importante função na seletivi-

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dade de frequências e na transdução do estímulo mecânico em estímulo elétrico (O-

liveira, 1997) (Figura 2).

Figura 2 - Representação das CCEs (2) e das CCIs (1). Fonte: www.neuroreille.com/promenade. Acesso em 05 mar. 2010.

Os estereocílios, estimulados com as vibrações, abrem os canais iônicos,

permitindo a entrada de potássio e a despolarização celular, que por sua vez, ativa

os canais de cálcio. A entrada de cálcio dispara a liberação do neurotransmissor,

principalmente o glutamato, que ativa o gânglio espiral e dispara potenciais de ação.

Os axônios do gânglio espiral formam o nervo auditivo e conduzem a informação

auditiva codificada em impulsos elétricos ou potenciais de ação ao sistema auditivo

central (Bear et al. 2008).

No sistema auditivo central (figura 3), os impulsos elétricos seguem por vias

ascendentes, aferentes, de forma ipsi-lateral (30% das fibras neurais) e de forma

contra-lateral (70% das fibras neurais cruzam para o lado oposto). Os sítios de si-

napse da via auditiva central localizam-se no tronco-cerebral, tálamo e córtex tempo-

ral, a saber: núcleo coclear (1. neurônio), o colículo inferior (2. neurônio), corpo geni-

culado medial (3. neurônio) e giro temporal transverso ou de Heschl, área 41 de

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Brodmann (4. neurônio) (Bear et al. 2008). Esta via é considerada clássica ou lem-

niscal, ou seja, recebe informação auditiva gerada no próprio sistema auditivo e pro-

jeta-se até o córtex auditivo primário (Moller e Rollins, 2002) (figura 4).

Figura 3 – Representação do sistema auditivo central. Fonte: www.sistemanervoso.com. Acesso em 05 mar. 2010.

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Figura 4 – Representação da via auditiva clássica ou lemniscal. Fonte: www.neuroreille.com/promenade. Acesso em 05 mar. 2010.

Em praticamente todos os níveis do sistema auditivo central existem proje-

ções descendentes, eferentes: cortico-talâmicas, tálamo-coliculares, colículo-

olivares, olivo-cocleares. Desta forma, centros inferiores trabalham sob controle efe-

rente de centros superiores. Especula-se que uma das funções do sistema eferente

esteja relacionada à proteção do sistema auditivo a estímulos intensos e à audição

em ambientes com ruído de fundo (Aquino e Araújo, 2002).

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3.4 Fisiopatologia do zumbido

A fisiopatologia subjacente ao zumbido não está completamente elucidada,

apesar dos avanços científicos nas últimas décadas (Jastreboff et al. 1998; Moller,

2003). A abordagem atual atribui aos caminhos auditivos um papel importante no

desenvolvimento do zumbido como uma percepção sonora, enquanto a interação de

vários subsistemas no sistema nervoso, principalmente com o sistema límbico, seria

responsável pelo desenvolvimento da perturbação e do sofrimento causados pelo

zumbido (Jastreboff et al. 1996).

O zumbido é considerado, por diversos autores, uma desordem fisiológica re-

sultante de atividade neuronal aberrante nos caminhos auditivos e erroneamente

interpretada como som, nos centros corticais (Jastreboff, 1990; Sanchez et al.,

2004).

A maioria dos casos está relacionada à disfunção da cóclea (Mc Fadden,

1982). Diversos mecanismos de geração e percepção do zumbido foram propostos,

dentre eles:

1) Emissões otoacústicas espontâneas (OEAs): aproximadamente 4% dos casos

de zumbido foram atribuídos ao mecanismo ativo da cóclea, ou seja, à energia gera-

da pelas contrações rápidas das células ciliadas externas e, espontaneamente libe-

rada. O pitch do zumbido era próximo à frequência das OEAs espontâneas grava-

das e, o zumbido desapareceu quando as emissões foram suprimidas, por estímulo

sonoro (Penner, 1990).

2) Desacoplamento entre as células ciliadas externas (CCEs) e a membrana tecto-

rial: a perda de contato entre as CCEs e a membrana tectorial poderia resultar em

um acréscimo no ruído produzido pelo sistema – thermal noise -gerando o zumbido

(quanto menor a massa, ou quanto menor o acoplamento das partículas, maior o

nível de ruído produzido). O pitch do zumbido seria relacionado à região lesada,

considerando o tonotopismo coclear (Tonndorf, 1980). Jastreboff (1990) sugeriu

mecanismo similar ao considerar a possibilidade de desacoplamento entre as CCEs

e a membrana basilar.

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3) Dano desproporcional entre células ciliadas externas (CCEs) e internas (CCIs):

exposição a ruído ou a drogas ototóxicas pode causar danos na membrana basilar,

atingindo primeiramente as células ciliadas externas e, secundariamente, as células

ciliadas internas. Pode haver regiões da membrana basilar com lesão total das

CCEs e CCIs , assim como, regiões com lesão parcial das CCEs e com as CCIs in-

tactas. Neste último caso, é possível o desacoplamento entre a membrana basilar e

a membrana tectória, devido à lesão das CCEs e à integridade das CCIs. O que di-

minuiria a distância entre as CCIs e a membrana tectorial, provocando despolariza-

ção tônica (bloqueio por despolarização) das CCIs e, consequentemente atividade

neuronal anormal nas fibras aferentes (Stypulkowski, 1990).

4) Disfunção coclear envolvendo cálcio: vários mecanismos da cóclea são influen-

ciados por este mineral, a posição da membrana tectorial, os canais iônicos, as pro-

priedades de transdução das células ciliadas, as contrações lentas das CCEs e a

liberação de neurotransmissores pelas células ciliadas. Segundo Jastreboff (1990),

mudanças na concentração de cálcio, tanto na perilinfa quanto nas células ciliadas,

podem ocasionar inúmeras disfunções cocleares, incluindo o zumbido. O autor pro-

pôs uma série de eventos a partir da diminuição dos níveis de cálcio, na cóclea: e-

dema da membrana tectória, aumento da distância entre a membrana tectória e as

CCEs, desacoplamento parcial dos estereocílios, aumento do ruído do sistema –

thermal noise -, diminuição das contrações lentas das CCEs, redução da efetividade

do sistema eferente, aumento da permeabilidade das CCEs aos íons, mudanças no

volume das CCEs, aumento da atividade espontânea das fibras do nervo auditivo

paralelo à diminuição da atividade evocada. Toda a sequência proposta culminaria

com o aumento de ruído no sistema e a deterioração da relação sinal-ruído, facili-

tando o aparecimento do zumbido e reduzindo o reconhecimento de sons, particu-

larmente no ruído e sons complexos como a fala (Jastreboff, 1990).

5) Sistema eferente: acredita-se que sua função, especialmente do trato eferente

olivo coclear medial, está relacionada à modulação dos movimentos das CCEs, re-

gulando as contrações lentas e atenuando as contrações rápidas e, ao ajuste da

membrana basilar para a transdução do estímulo auditivo. O estímulo auditivo pro-

voca a despolarização das CCEs (atividade excitatória) e o trato olivococlear medial,

através da liberação de acetilcolina na fenda sináptica, provoca a hiperpolarização

das CCEs (atividade inibitória), (Fávero et al. 2006). Uma disfunção do trato olivoco-

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clear medial produziria um desequilíbrio entre despolarização e hiperpolarização, ou

seja, entre atividade elétrica excitatória e atividade elétrica inibitória, provocando

uma atividade elétrica exacerbada, erroneamente interpretada como som pelo sis-

tema auditivo central, gerando o zumbido (Jastreboff, 1990).

6) Hiperatividade central: a ação do sistema auditivo central é orientada para a ho-

meostase, com atividade excitatória e inibitória interagindo em todos os níveis, o que

promove equilíbrio, adaptação e habituação. Diante da diminuição da aferência, ou

seja, de sinal de entrada, do sistema auditivo periférico, a sensibilidade do sistema

auditivo central é aumentada a fim de compensar este decréscimo. Especula-se que

a sensibilidade aumente para qualquer sinal de entrada, inclusive para a atividade

espontânea, o que poderia gerar o zumbido (Jastreboff, 1990).

Diante de inúmeras teorias, as hipóteses atuais de codificação do zumbido su-

gerem: aumento ou diminuição da atividade espontânea, aumento da sincronia neural

e mudança nos mapas tonotópicos (Eggermont e Roberts, 2004). Mesmo consideran-

do uma origem periférica, o sistema auditivo central teria um papel fundamental na

maioria dos casos de zumbido. Em modelos animais foram mapeados alguns sítios

relacionados ao zumbido, conforme ilustração a seguir: núcleo coclear dorsal (NCD),

colículo inferior (CI), córtex primário e secundário ou associativo (Figura 5).

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Figura 5 – Representação esquemática do sistema auditivo, excluindo vias binaurais e conexões interhemisféricas. Fonte: Modificado de Eggermont e Roberts, 2004.

A audição também tem a função de nos manter alerta em relação ao ambien-

te, particularmente para sons novos que possam representar perigo. É um proces-

samento da informação que ocorre ao nível subcortical, subconsciente. Trata-se de

uma herança filogenética que atribuiu à audição uma função essencial de sobrevi-

vência (Jastreboff e Jastreboff, 2001; Stocking, 2008).

O zumbido, ao ser detectado pela primeira vez, aciona a função de alerta e

atenção do sistema auditivo e dependendo das significações atribuídas a ele (por

exemplo: doença grave, possibilidade de piorar, preocupação, angústia, medo), po-

derá ocorrer habituação ou não. Entende-se por habituação o processo fisiológico de

diminuição progressiva das respostas a um estímulo neutro e repetitivo (Norré,

1979). Dito de outra forma, o estímulo torna-se familiar a ponto de não ser conscien-

temente percebido, devido à exposição repetida (Searchfield, 2008). Para ocorrer, é

necessário que o estímulo não desencadeie nenhuma reação emocional, não esteja

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associado à preocupação, medo e outras ideias negativas. Assim, a habituação o-

corre naturalmente para alguns indivíduos, enquanto que para outros é necessária

intervenção terapêutica específica (Jastreboff e Jastreboff, 2001).

A habituação independe das características psicoacústicas do zumbido, mas

está condicionada à significação atribuída a ele. Portanto, dois indivíduos com o

mesmo tipo de zumbido podem apresentar reações completamente distintas, um

estar muito incomodado, sofrendo com o zumbido e o outro habituado, percebendo o

zumbido somente em situações de silêncio e atenção (Jastreboff, 1990; Jastreboff e

Jastreboff, 2001).

Para McKenna e Andersson (2008), como e o que o indivíduo pensa a respei-

to de um evento pode ser mais importante do que o evento propriamente dito. Em

geral, os pacientes que sofrem com o zumbido pensam muito mais no zumbido e de

forma negativa do que aqueles que não sofrem. Por isto, apropriada orientação e

exaustivo aconselhamento é fundamental no tratamento do paciente que sofre com

zumbido. Deve-se considerar ainda que o estudo de pacientes que sofrem com

zumbido tem apontado para uma alta correlação com depressão (Gerber et al. 1985;

Dobie, 2003).

Segundo Jastreboff (1990), em certos estados emocionais, a percepção do

zumbido envolve o sistema límbico e o córtex pré-frontal integrando aspectos senso-

riais e emocionais. Para Kaltenbach (2006), devem ser considerados três compo-

nentes no zumbido: auditivo, atencional e emocional. O autor relata que o zumbido

inicia como uma percepção auditiva e a persistência desta percepção, frequente-

mente está associada a desordens de atenção e problemas emocionais. O indivíduo

passa a focar sua atenção no zumbido, desenvolvendo problemas de concentração.

A percepção continuada do zumbido leva ao incômodo, frustração, medo, ansiedade

e depressão. A associação de dificuldade de atenção e desordens emocionais cul-

minaria com distúrbios do sono e um impacto ainda maior na qualidade de vida do

indivíduo (Kaltenbach, 2006).

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3.5 Modulação somática do zumbido e zumbido somático

Estudos do zumbido têm evidenciado correlação entre o sistema auditivo e

outros sistemas como o visual e o sistema somatossensorial. As primeiras observa-

ções desta correlação ocorreram na década de 80. Foram descritos pacientes que

sofreram injúria da porção auditiva do VIII par craniano devido a tumor do ponto ce-

rebelar ou fossa posterior. Após a cirurgia, alguns pacientes desenvolveram zumbido

evocado pela movimentação dos olhos no eixo horizontal e ou vertical, com a cabe-

ça em posição neutra. Este fenômeno foi chamado de gaze-evoked tinnitus –GET

(Wall et al. 1987).

Cacace et al. (1999) relataram o aparecimento de zumbido com estimulação

cutânea da parte superior da mão e dedos, fenômeno denominado cutaneous-

evoked tinnitus – CET. Os pacientes haviam sofrido ablação total unilateral do nervo

vestíbulo coclear devido a tumor da base do crânio e fossa posterior. A ocorrência

de CET foi ipsilateral à desaferentação. Os autores sugeriram que após a desaferen-

tação unilateral, ocorreram mudanças plásticas em inúmeros centros neurais, permi-

tindo a estimulação da via auditiva pela atividade neural associada a movimentos e

sensibilidade.

Outros estudos (Moller et al. 1992; Rubinstein et al. 1993; Pinchoff et al. 1998;

Levine, 1999; Sanchez et al. 2002; Levine et al. 2003; Rocha et al. 2006; Lanting et

al. 2010), demonstraram a interferência do sistema somatossensorial (somestésico

ou somático) na percepção do zumbido. O sistema somatossensorial é um sistema

difuso, com receptores distribuídos por todo o corpo e responsável pelas sensações

de frio e calor, dor, tato, pressão, vibração e propriocepção (Bear et al. 2008).

Divide-se em subsistema epicrítico (preciso, rápido, discriminativo, com repre-

sentação espacial detalhada) e protopático (grosseiro, lento, com representação es-

pacial imprecisa). O subsistema epicrítico é responsável pela sensação de tato (re-

ceptores situados na pele e nas mucosas) e pela propriocepção consciente (recepto-

res situados nos músculos e nas articulações). O subsistema protopático é respon-

sável pela termossensibilidade (receptores situados na pele e nas mucosas), pela

dor (receptores nos tecidos de todo o corpo, com exceção do tecido nervoso), e ain-

da pelo tato mais grosseiro (Lent, 2005).

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Estimulações do sistema somatossensorial podem provocar modulação do

zumbido, ou seja, mudanças na percepção psicoacústica dos parâmetros de intensi-

dade (loudness) e tonalidade (pitch) assim como, induzir temporariamente a percep-

ção de zumbido ou originá-lo (zumbido somático) (Levine et al. 2007).

Nos estudos de Moller et al. (1992) a ocorrência de modulação somática do

zumbido, foi avaliada a partir da estimulação elétrica do nervo mediano, no pulso.

Ocorreu aumento ou diminuição da intensidade do zumbido em 40% dos sujeitos

avaliados.

Rubinstein et al. (1993) observaram que movimentos de mandíbula e pressão

na ATM modificaram o zumbido em aproximadamente 30% dos sujeitos avaliados.

Outras pesquisas estimularam o sistema somatossensorial a partir de mano-

bras da cabeça e do pescoço e/ ou dos membros. Os resultados coincidiram quanto

à presença surpreendentemente elevada de mudanças na percepção de loudness e

ou pitch do zumbido.

Pinchoff et al. (1998) investigaram a ocorrência de modulação do zumbido em

93 pacientes sintomáticos, a partir das observações registradas em um questioná-

rio. 85% dos pacientes referiram modulação do zumbido com movimentos de man-

díbula, 9% referiram modulação com movimentos dos olhos. No grupo que referiu

modulação do zumbido com movimentos de mandíbula, 90% relatou aumento de

loudness e 51% mudança de pitch.

Levine (1999a) examinou 70 pacientes com zumbido e realizou 16 manobras

curtas e forçadas de contração isométrica de músculos da cabeça, pescoço e mem-

bros. As manobras foram realizadas contra uma resistência aplicada pelo examina-

dor, durante alguns segundos. Independente da etiologia do zumbido ou da presen-

ça de perda auditiva, 68% modulou a intensidade do zumbido em pelo menos uma

manobra. As manobras também resultaram em mudança na tonalidade do zumbido

e em mudança na percepção de lateralidade.

Sanchez et al. (2002) submeteram 121 pacientes com zumbido e 100 voluntá-

rios sem zumbido às mesmas manobras descritas por Levine (1999), porém contra

uma resistência aplicada pelo próprio paciente. Relacionaram ainda, dados da audi-

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ometria, do diagnóstico etiológico e de disfunção do aparelho mastigador. Encontra-

ram modulação do zumbido em 65% dos pacientes e capacidade de induzi-lo em

14%, mas nenhum fator foi considerado de risco ou determinante na capacidade de

modulação. Concluíram também que as manobras envolvendo a musculatura da

cabeça e do pescoço foram significativamente mais efetivas em modular o zumbido

do que as manobras envolvendo os membros.

Levine et al. (2003) verificaram a ocorrência da modulação somática, a partir

de manobras de cabeça e pescoço, em sujeitos sem zumbido e em sujeitos com

surdez profunda. As manobras induziram uma percepção auditiva como zumbido em

56% dos pacientes assintomáticos e provocaram modulação do zumbido nos paci-

entes que já apresentavam zumbido. A modulação ocorreu inclusive nos indivíduos

com surdez profunda, reforçando a suspeita de tratar-se de uma percepção auditiva

de origem somática.

Rocha et al. (2006) pesquisaram a presença de pontos-gatilho miofasciais e a

capacidade de modulação do zumbido a partir da pressão digital de músculos da

região da cabeça, pescoço e cintura escapular em 94 pacientes com zumbido e 94

pacientes assintomáticos. Os pontos-gatilho foram comuns em 72,3% dos pacientes

com zumbido e a pressão digital destes pontos provocou modulação em 55,9%. Foi

encontrada ainda correlação de lateralidade entre a orelha com pior zumbido e o

lado do corpo com maior número de pontos-gatilho em 56,5% dos casos (p<0,001),

sugerindo que a presença de pontos-gatilho miofasciais pode ser um possível fator

etiológico ou coadjuvante do zumbido.

Levine (1999b) já havia sugerido a existência de um componente somático

em alguns casos de zumbido. Este deveria ser investigado sempre que houvesse

intermitência do zumbido, grandes flutuações no loudness, variabilidade na localiza-

ção do zumbido, ausência de perda auditiva ou perda auditiva simétrica com zumbi-

do unilateral, histórico de injúria de cabeça ou pescoço, problemas dentários, zumbi-

do ipsilateral ao trauma.

Por outro lado, a curiosa ocorrência de zumbido temporário em pacientes as-

sintomáticos, encontrada em diversas pesquisas (Sanchez et al. 2002; Levine et al.

2003; Rocha et al. 2006), reforça a ideia de Levine et al. (2003), que influências somá-

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ticas não estariam limitadas aos sujeitos com zumbido, mas que a relação com o sis-

tema somatossensorial pode ser uma propriedade fundamental do sistema auditivo.

É sabido que alguns núcleos do sistema auditivo recebem (e integram) infor-

mação de origem auditiva e somatossensorial. São considerados núcleos bimodais

ou multimodais e encontram-se no córtex auditivo secundário ou associativo, tálamo

(núcleo medial e dorsal do tálamo) e tronco cerebral (núcleo externo do colículo infe-

rior, núcleo coclear dorsal e núcleo coclear ventral). Estes núcleos fazem parte da

via auditiva não clássica ou extra-lemniscal (Moller e Rollins, 2002).

A via auditiva extralemniscal ou não clássica e a via auditiva lemniscal ou

clássica ascendem paralelas, do tronco cerebral à córtex auditiva. Entretanto, no

tálamo, a via auditiva clássica faz conexão com o núcleo ventral e deste com o cór-

tex auditivo primário. De maneira distinta, a via auditiva não clássica faz conexão

com o núcleo dorsal e medial e as projeções dirigem-se ao córtex auditivo associati-

vo. Os neurônios da via auditiva clássica respondem somente a estímulos de origem

auditiva e a frequências específicas, enquanto os neurônios da via auditiva não clás-

sica têm respostas menos específicas ao som, veiculam o estímulo ao córtex auditi-

vo associativo, respondem a aferências somatossensoriais e a resposta pode ser

modulada com estímulos somatossensoriais (Moller e Rollins, 2002).

A via auditiva extralemniscal ou não clássica, da qual o núcleo coclear dorsal

faz parte, também está conectada com estruturas do sistema límbico (Moller e Rol-

lins, 2002). Foi salientado por Kaltenbach (2006), que ansiedade e depressão, fre-

quentemente associadas com zumbido, podem resultar da interação do núcleo co-

clear dorsal com áreas não auditivas do tronco cerebral.

A modulação do zumbido ou a possibilidade de induzi-lo, temporariamente, é

uma evidência clínica da interação auditivo-somestésica, e conforme Levine et al.

(2003), esta habilidade não tornaria o zumbido um problema clínico.

Por outro lado, uma ativação anormal desta interação, a partir da desinibição

ou ativação de núcleos multimodais, como por exemplo, do núcleo coclear dorsal, po-

de determinar um zumbido somático e torná-lo clinicamente importante (Levine et al.

2007). Para Levine (2004) zumbido somático está associado à injúria da cabeça ou

região alta do pescoço (whiplash, problemas dentários, desordem da ATM) é unilateral

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e ipsilateral à lesão somática, podendo ocorrer na ausência de perda auditiva. É con-

siderado o segundo maior tipo de zumbido, depois do zumbido associado à PAIR.

A integração do sistema somatossensorial com o sistema auditivo é abundan-

te e encontrada em diferentes níveis da via auditiva, apesar de inicialmente ter sido

conhecida somente em níveis mais altos, do tálamo e do córtex. A primeira origem

de informações somatossensoriais é o gânglio da raiz dorsal, que recebe informa-

ções da cabeça, pescoço, membros e tronco, vindas dos nervos espinhais (C1 a

C8). A segunda origem de informações somatossensoriais é o gânglio trigeminal,

com informações da face e boca (trato vocal, língua, mandíbula e ATM), vindas dos

nervos cranianos: trigêmio (V par), nervo facial (VII par), glossofaríngeo (IX), vago (X

par); dos quais o trigêmio é o mais importante (Dehmel et al. 2008).

Do gânglio da raiz dorsal, as informações ascendem por duas vias: via espino-

talâmica do sistema anterolateral, veicula coceira, toque grosseiro, temperatura e

dor; e via coluna dorsal do sistema lemniscal medial, veicula propriocepção e toque

fino. Esta via projeta as informações ao núcleo grácil e ao núcleo cuneiforme, que

compõem o núcleo medular dorsal. O núcleo grácil recebe informações dos mem-

bros e da parte inferior do tronco, enquanto o núcleo cuneiforme recebe informações

da cabeça, membros e parte superior do tronco. Informações proprioceptivas do pa-

vilhão auricular e da parte posterior do pescoço são veiculadas ao núcleo coclear

dorsal e são relevantes para orientar na direção da fonte sonora (Dehmel et al. 2008).

Do gânglio trigeminal, as informações são projetadas ao complexo trigeminal

sensorial. Este complexo é formado por três núcleos que processam diferentes mo-

dalidades sensoriais: núcleo principal, informações sobre toque suave e sensação

de posição; núcleo mesencefálico, informação proprioceptiva da mandíbula; núcleo

espinhal trigeminal, informação sobre dor, temperatura, pressão suave, propriocep-

ção do trato vocal, da ATM e da língua (Dehmel et al. 2008).

Aferências somatossensoriais originadas no gânglio da raiz dorsal e no gân-

glio trigeminal são transmitidas direta e indiretamente ao núcleo coclear ventral e

dorsal e ao colículo inferior (Shore et al. 2008).(Figura 6)

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Figura 6 – Representação esquemática das vias conectando os sistemas somatossensorial e auditivo. Fonte: Modificado de Dehmel et al. 2008.

No núcleo coclear dorsal, a projeção das fibras somatossensoriais é ipsilate-

ral, o que justificaria, nos casos de zumbido somático, unilateral, a localização do

zumbido no mesmo lado de uma injúria somática (Levine, 2004; Levine et al. 2007).

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Segundo Dehmel et al. (2008), estimulações somatossensoriais ativam alguns

neurônios auditivos, influenciando a codificação dos estímulos acústicos. Dito de

outra forma, estímulos somatossensoriais epicríticos, relativos a sensações cutâneas

e proprioceptivas geram atividade elétrica na via auditiva (Shore et al. 2007).

Manobras que envolvam a musculatura da cabeça e porção alta da cervical

seriam mais efetivas para produzir modulação ou estimular a via auditiva (Sanchez

et al. 2002; Levine et al. 2007). A origem da atividade elétrica, provavelmente está

nos receptores periféricos dos músculos e tendões, ou seja, nos fusos musculares e

nos órgãos tendinosos de Golgi (Levine e Cheng, 2002).

Lanting et al. (2010), em trabalho inédito, usaram exame de imagem (resso-

nância magnética funcional) para investigar o efeito de uma manobra de modulação

na atividade do sistema auditivo central. Avaliaram indivíduos com zumbido que fos-

se modulado com protrusão da mandíbula e indivíduos-controle, sem zumbido e que

não apresentassem zumbido temporário com a manobra. Avaliaram as respostas

para três paradigmas: estímulos auditivos bilaterais e simultâneos, protrusão de

mandíbula e integração multimodal (estímulos sonoros e protrusão da mandíbula

simultaneamente). Encontraram respostas do sistema auditivo para sons e para pro-

trusão de mandíbula, em ambos os grupos. Nos indivíduos com zumbido, protrusão

de mandíbula provocou aumento da atividade no núcleo coclear e no colículo inferi-

or, possivelmente relacionada à modulação que é percebida pelos indivíduos. O sis-

tema somatossensorial respondeu à protrusão da mandíbula, mas não aos sons.

Outro aspecto importante a considerar, que foi ressaltado por Shore et al.

(2007; Shore et al. 2008), é a propensão de neurônios multimodais receber com-

pensações inter-modal após privação ou desaferentação sensorial. Considerando os

neurônios multimodais da via auditiva, a diminuição de estímulos aferentes, proveni-

entes tanto do sistema auditivo como do sistema somestésico pode provocar uma

reorganização funcional, relacionada ao zumbido (Shore et al. 2007; Shore et al.

2008).

Em experimento realizado com cobaias, Shore et al. (2008) compararam um

grupo com perda auditiva induzida pelo ruído com outro grupo sem perda e avalia-

ram as respostas do núcleo coclear dorsal para estímulos somente do sistema so-

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matossensorial e para estímulos de ambos os sistemas, somatossensorial e auditivo.

O número de células exibindo integração bimodal assim como o grau de integração

estava aumentado no grupo com perda auditiva. Constataram que após a perda au-

ditiva ocorreu aumento ou redistribuição das projeções do sistema trigeminal sobre o

núcleo coclear dorsal, provocando excitação ou inibição na via auditiva. Ou seja, a

aferência para estímulos somatossensorias aumentou no núcleo coclear, após perda

auditiva, modificando o equilíbrio aferente auditivo e somático. Concluíram que neu-

rônios somatossensoriais possivelmente apresentem um papel crucial na fisiopato-

logia do zumbido (Shore et al. 2008).

O estudo de Dehmel et al. (2008) também demonstrou que a ocorrência de

perda auditiva aumentou a atividade elétrica espontânea nos neurônios que rece-

bem aferência somatossensorial excitatória, resultando em grande aumento da sen-

sibilidade do núcleo coclear dorsal à estimulação trigeminal.

Interessante registrar que, integração de informações auditivas e somatossen-

soriais também ocorrem em outras espécies. A propriocepção do pavilhão auricular e

dos músculos do pescoço associada à sensação auditiva, permite movimento da ca-

beça em direção à fonte sonora, defesa e sobrevivência (Dehmet et al. 2008). A ativa-

ção anormal desta interação, favorecida ou não por privação sensorial de um dos sis-

temas, poderia estar intimamente relacionada ao zumbido.

Enfim, numa perspectiva contemporânea, o zumbido pode ser considerado ex-

pressão das mudanças do sistema nervoso e expressão das conexões entre o siste-

ma auditivo e outros sistemas, como o límbico e o somatossensorial (Sanchez et al.

2002; Shore et al. 2007). A busca do entendimento deste complexo sintoma, nesta

perspectiva, abre um vasto campo ao estudo e à pesquisa, com vistas à prevenção,

diagnóstico e tratamento.

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4 MATERIAL E MÉTODO

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universi-

tário - Univates (COEP- projeto número 119/09) e o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (anexo A) assinado por todos os participantes.

O estudo foi desenvolvido em uma empresa do ramo de alimentação, do mu-

nicípio de Lajeado – RS. A empresa conta com 585 funcionários expostos a ruído,

sendo 372 homens e 213 mulheres e desenvolve programas de controle do ruído e

de prevenção e monitoramento de perda auditiva.

Os funcionários foram recrutados mediante comunicado escrito (apêndice A),

divulgado em cada um dos 11 setores da empresa, a saber: bala diet, bala dura, ba-

la mastigável, calda, chiclé, empacotamento I, empacotamento II, extrusado, pirulito

pelota, pirulito plano e salgado. O chefe de cada setor foi encarregado de listar os

funcionários que apresentavam zumbido (som nos ouvidos ou na cabeça, como chi-

ado, apito, buzina, grilo, chuva, motor, etc) por mais de cinco minutos, há mais de

seis meses (Heller, 2003) e que se disponibilizavam a participar da pesquisa.

Os funcionários listados foram atendidos individualmente, pela pesquisadora,

na própria empresa, no respectivo turno de trabalho. A empresa informou o número

de funcionários e os níveis de pressão sonora de cada setor, de acordo com os re-

gistros do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA).

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4.1 Protocolo de investigação

Foi realizada inspeção visual do meato acústico externo com uso de otoscó-

pio, marca Heine, modelo Mini Heine, de fibra ótica. Os trabalhadores com presença

de cerume ou corpo estranho que obstruísse a passagem do som foram encaminha-

dos ao médico otorrinolaringologista (ORL) para conduta pertinente. Trabalhadores

com secreção no conduto auditivo externo, com perfuração da membrana timpânica

ou com otalgia, foram excluídos da pesquisa.

Os funcionários responderam à entrevista baseada no protocolo do Ambulató-

rio de Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo - FMUSP (Apêndice B).

Foi realizada audiometria tonal liminar em repouso auditivo de 14 horas, uso

do audiômetro da marca Interacoustics, modelo AD 229, fones TDH-39, marca Tele-

phonics, coxim modelo MX-41/AR, calibrado conforme as normas internacionais

(ISO 8253); em cabina acústica da marca São Luiz, modelo 1130. As frequências

avaliadas incluiram 0.25 a 8 kHz, por via aérea, e ao ser encontrado limiar superior a

25 dB, realizou-se também a pesquisa por via óssea, de 0.50 a 4 kHz. Como este

procedimento é realizado de rotina, na empresa, considerou-se a última audiometria

de cada funcionário, com data inferior a seis meses. Nos casos distintos, foi feita

nova audiometria.

As curvas audiométricas foram classificadas conforme critério da portaria 19

do Ministério do Trabalho que considera dentro dos limites aceitáveis, os casos cu-

jos audiogramas apresentem limiares auditivos menores ou iguais a 25 dB (NA), em

todas as frequências. Considera sugestivos de PAIR os casos cujos audiogramas,

nas frequências de 3 e/ou 4 e/ou 6 kHz demonstrarem limiares auditivos superiores

a 25 dB(NA) tanto no teste por via aérea quanto por via óssea, em um ou em ambos

os lados. São considerados não sugestivos de PAIR os casos cujos audiogramas

não se enquadram nas descrições acima (Brasil, 1998).

Foi utilizado o questionário Tinnitus Handicap Inventory (THI, Apêndice C), e-

laborado por Newmann et al. (1996), traduzido e adaptado para a língua portuguesa

(Ferreira et al. 2005). O questionário é constituído por 25 perguntas, avaliando com-

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ponente funcional: dificuldade de concentração ou leitura, dificuldade social, laboral

e interferência na audição; componente afetivo: frustração, ansiedade, depressão e

componente catastrófico: desespero e incapacidade do paciente acometido pelo

zumbido. Para cada pergunta deve ser escolhida uma das respostas: sim, não ou às

vezes. Estas respostas são tabuladas, considerando 4 pontos para a resposta sim, 2

pontos para a resposta às vezes e nenhum ponto à resposta não. Os pontos são

somados a fim de mensurar o grau de severidade do zumbido, considerando:

Grau 1, pontuação total de 0 a 16, zumbido ligeiro (percebido somente em ambi-

entes silenciosos)

Grau 2, pontuação de 18 a 36, leve (mascarado por ruídos ambientais, podendo

ser esquecido com as atividades diárias)

Grau 3, pontuação de 38 a 56, moderado (percebido na presença de ruído de

fundo, embora atividades diárias ainda possam ser realizadas)

Grau 4, pontuação de 58 a 76, severo (quase sempre percebido, leva a distúr-

bios nos padrões do sono e pode interferir com as atividades diárias)

Grau 5, pontuação de 78 a 100, catastrófico (sempre percebido, distúrbios nos

padrões do sono, dificuldade para realizar qualquer atividade)

Posteriormente foi realizada a pesquisa de Modulação do Zumbido (Apêndice

D). Consistiu na realização de 17 manobras, envolvendo movimentos, pressão e

contração de músculos da cabeça e pescoço. Inicialmente, cada funcionário atribuiu

uma nota de 0 a 10, à intensidade de seu zumbido, para orelha direita e para a ore-

lha esquerda. Para ausência de percepção do zumbido no momento da pesquisa, foi

atribuído o valor 0. Os participantes foram orientados pela examinadora sobre os

possíveis efeitos das manobras na percepção do zumbido (aumento ou diminuição

da sensação de intensidade, mudança na tonalidade do zumbido, dentre outros).

Realizaram cada manobra, sustentando-a por cinco segundos e atribuindo nova-

mente uma nota à percepção do zumbido, para cada orelha. Foi considerado modu-

lação qualquer mudança na percepção do zumbido, ou percepção de outro som. As

manobras foram desenvolvidas em ambiente silencioso.

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4.2 Análise estatística

A análise estatística foi realizada a partir da Correlação de Spearman, teste t,

Qui-quadrado, teste G, Mann-Whitney e teste exato de Fisher. Para todos os testes

foi considerado significativo p < 0,05.

Para verificar a correlação entre o percentual de indivíduos com zumbido, en-

contrados em cada setor e o nível de ruído, foi utilizada a Correlação de Spearman.

Também foi usada a Correlação de Spearman para verificar a severidade do zumbi-

do, medida pelo THI, e o tempo de percepção do zumbido, bem como a correlação

entre o tempo de exposição ao ruído e o tempo de percepção do zumbido nos indi-

víduos com perda auditiva e sem perda auditiva.

O teste t foi usado para verificar se existe relação entre a média do tempo de

exposição ao ruído nos indivíduos com perda auditiva e nos indivíduos sem perda

auditiva e, para verificar se existe diferença significativa entre a severidade do zum-

bido nos indivíduos com e sem perda auditiva

Foi usado o teste de Qui-quadrado para verificar a relação entre sensibilidade

auditiva, tontura e plenitude em relação aos indivíduos com e sem perda auditiva.

O teste G foi utilizado para verificar se o barulho, como fator de piora do zum-

bido, está relacionado com o nível de ruído do local de trabalho. E também, para

verificar se a queixa de sensibilidade ao som está relacionada ao nível de ruído do

local de trabalho.

Foi utilizado o teste de Mann-Whitney para verificar se existe diferença entre o

número de dores referidas em relação aos indivíduos com e sem perda auditiva e

para verificar se existe diferença entre o número de manobras que os indivíduos a-

presentaram modulação em relação aos indivíduos com e sem perda auditiva.

Para verificar se existe diferença significativa entre o número de indivíduos

que apresentaram ou não modulação em relação aos indivíduos com e sem perda

auditiva, foi utilizado o teste exato de Fischer.

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5 RESULTADOS

A coleta de dados ocorreu no período de agosto a dezembro de 2009. Dos

585 funcionários da empresa, inicialmente, 62 funcionários (10,6%) referiram per-

cepção de zumbido. Durante a avaliação fonoaudiológica foi constatado que dois

funcionários apresentavam excesso de cera no meato acústico externo, foram en-

caminhados ao ORL e ocorreu supressão do zumbido após remoção; um funcionário

apresentava surdez profunda, não reabilitada por linguagem oral; dois funcionários

apresentavam doença ativa de orelha; três percebiam o zumbido há menos de seis

meses e/ou menos de cinco minutos; quatro foram demitidos e oito não entenderam

a entrevista inicial, supondo tratar-se de um estudo que envolvia o barulho ao qual

estão expostos. Desta forma, foram excluídos 20 funcionários.

A amostra final foi composta por 42 indivíduos que apresentavam zumbido,

correspondendo a 7,2% da população total (n=585), sendo 25 do gênero masculino,

6,7% (n=372) e 17 do gênero feminino, 7,9% (n=213). A faixa etária variou de 20 a

60 anos, com predomínio entre 30 e 40 anos (33,3%) e idade média de 35 anos e

seis meses.

Foram encontrados 13 indivíduos (30,9%) no intervalo de 20 a 30 anos; 14 in-

divíduos (33,3%) no intervalo de 30 a 40 anos; 12 indivíduos (28,6%) no intervalo de

40 a 50 anos e 3 indivíduos (7,2%) no intervalo de 50 a 60 anos. No grupo das mu-

lheres a idade variou de 21 a 60 anos, com média de 35 anos e 5 meses e mediana

de 41 anos. No grupo de homens a idade variou de 20 a 49 anos, com média e me-

diana de 35 anos.

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s.br

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) 45

O nível de ruído nos diferentes setores da empresa variou de 81,2 dB (A) a

95,5 dB (A). O setor cujo nível de ruído é mais intenso não apresenta o maior per-

centual de indivíduos com zumbido (Figura 7). Pela correlação de Spearman, não

ocorreu diferença significativa entre o nível de ruído do setor e o percentual de indi-

víduos com zumbido (rs = 0,2187; p= 0,5183).

0

5

10

15

20

25

B. DIE

TB. D

URA

B. MASTIG

ÁVELCALD

ACHIC

LÉEMPACOT. IEMPACOT. IIEXTRUSADO

PELOTAPIR

ULITO

SALGADO

Local de Trabalho

Perc

entu

al d

e In

divi

duos

70

75

80

85

90

95

100

Nive

l de

Ruíd

o (d

B)

%Nível de ruído

Figura 7- Percentual de indivíduos que apresentam zumbido, distribuídos por local de trabalho e nível de ruído em cada local.

O tempo de exposição ao ruído variou de 1 a 30 anos. A maioria dos indiví-

duos (57,6%) tem até 10 anos de exposição ao ruído, com média de três anos e oito

meses. Considerando-se o intervalo de 1 a 5 anos, foram encontrados 10 indivíduos

(23,8%); no intervalo de 5 a 10 anos, da mesma forma foram encontrados 10 indiví-

duos (23,8%); no intervalo de 10 a 15 anos foram encontrados 5 indivíduos (11,9%);

no intervalo de 15 a 20 anos foram encontrados 7 indivíduos (16,6%); no intervalo de

20 a 25 anos foram encontrados 9 indivíduos (21,4%) e no intervalo de 25 a 30 anos

foi encontrado 1 indivíduo (2,4%).

Com relação aos resultados da audiometria tonal, 21 funcionários (50%) apre-

sentaram limiares audiométricos nos padrões de normalidade. Os demais indivíduos

(21) apresentaram limiares audiométricos acima de 25 dB (NA), com predomínio da

configuração audiométrica compatível com PAIR (14 funcionários, ou 33%) (Figura 8).

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50%

33%

17%

SEM PERDA AUDITIVA COMPATÍVEL PAIR NÃO COMPATÍVEL PAIR

Figura 8 – Porcentagem de indivíduos relacionada aos achados audiométricos

Foram calculadas as medianas dos limiares audiométricos para a orelha direi-

ta e para a orelha esquerda. Observa-se que na configuração audiométrica compatí-

vel com PAIR os limiares são simétricos, com alterações que não excedem 35 dB

(NA) e limitados às frequências de 3 e 4 KHz, conforme ilustrado nas Figuras 9 e 10.

0

10

20

30

40

50

0.50 1 2 3 4 6 8Frequência (KHz)

Med

iana

s (d

B)

Normal Pair Não Pair

Figura 9 – Medianas para os limiares audiométricos, para a orelha direita, dos grupos com limiares audiométricos normais, sugestivos de PAIR e não sugestivos de PAIR.

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10

20

30

40

50

0.50 1 2 3 4 6 8Frequência (KHz)

Med

iana

s (d

B)

Normal Pair Não Pair

Figura 10 - Medianas para os limiares audiométricos, para a orelha esquerda, dos grupos com limia-res audiométricos normais, sugestivos de PAIR e não sugestivos de PAIR.

O comprometimento audiométrico foi predominantemente bilateral

(53,4%) seguido da condição à esquerda (33,3%) (Figura 11).

14%

33%53%

OD OE AO

Figura 11– Porcentagem de indivíduos com perda auditiva em ambas as orelhas (AO), na orelha esquerda (OE) e na orelha direita (OD).

A aplicação do teste t não revelou diferença significativa entre a média de

tempo de exposição ao ruído nos indivíduos sem perda auditiva ( =133,19) e nos

indivíduos com perda auditiva ( =146,28); (t= -0,4290; gl=40; p=0,6702).

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) 48

A queixa de plenitude auricular foi encontrada em 28 indivíduos (66,6%), sen-

do que, 17 (40,5%) referiram em ambas as orelhas, 7 (16,6%) na orelha esquerda e

4 (9,5%) na orelha direita.

Quanto à sensibilidade aos sons, foram encontrados 20 indivíduos (47,7%) que

referiram incômodo com barulho, principalmente música alta.

Da mesma forma o sintoma de tontura foi investigado subjetivamente somen-

te indagando aos indivíduos. 23 indivíduos (54,7%) não apresentam tontura, 12

(28,5%) percebem uma instabilidade ou desequilíbrio e 7 (16,8%) apresentam tontu-

ra rotatória.

Foram relacionados os sintomas de plenitude auricular, sensibilidade aos

sons e tontura nos grupos com e sem perda auditiva. Pelo teste de Qui-quadrado,

não foi encontrado diferença significativa dos grupos com relação à sensação de

plenitude auricular (X²= 0,111; gl=1; p=0,7385); sensibilidade aos sons (X²= 0,0) e

tontura (X²=0,382; gl=1; p=0,5366).

Para avaliar se a queixa de sensibilidade ao som está relacionada com o nível

de ruído do local de trabalho, foi utilizado o teste G. Não houve diferença significati-

va entre nível de ruído e a queixa de sensibilidade para sons (p= 0,7544), indicando

não haver relação entre ambos.

A caracterização do zumbido foi realizada, analisando os seguintes itens da en-

trevista: tempo de percepção do zumbido, localização (cabeça, orelhas, predomínio

em uma das orelhas), percepção (intermitente ou constante), início (súbito ou progres-

sivo), tipo de zumbido (som único, múltiplo, pulsátil ou clique) e descrição do som.

O tempo de percepção do zumbido variou de 6 meses a 23 anos, a maioria

dos indivíduos (31 indivíduos ou 73,8 %) percebem o zumbido há menos de 5 anos,

com média de três anos e sete meses. 8 indivíduos (19%) têm percepção precoce

do sintoma, há menos de 1 ano. Foram encontrados 31 indivíduos com percepção

de zumbido no intervalo de 6 meses a 5 anos; 6 indivíduos no intervalo de 5 anos a

10 anos; 4 indivíduos de 10 a 15 anos; nenhum indivíduo no intervalo de 15 a 20

anos e 1 indivíduo no intervalo de 20 a 25 anos.

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Considerando o coeficiente de correlação de Spearman, não foi encontrada

diferença significativa entre tempo de exposição ao ruído e tempo de percepção do

zumbido nos indivíduos com perda auditiva (rs= 0,2685; p= 0,2392). Entretanto, nos

indivíduos que não apresentam perda auditiva, foi encontrada diferença significativa

(rs= 0,5522; p= 0,0094), indicando, neste grupo, haver relação entre o tempo de ex-

posição ao ruído e o tempo de percepção do zumbido.

A Figura 12 apresenta a localização do zumbido. Pode ser observada preva-

lência na orelha esquerda seguida da localização binaural, simétrica (direita = es-

querda). A menor percepção foi em relação à orelha direita.

0

5

10

15

20

25

D E D=E D>E E>D CABEÇA

Localização do Zumbido

% In

diví

duos

Figura 12 – Porcentagem de indivíduos de acordo com a localização do zumbido. D= direita. E= es-

querda.

Considerando a localização do zumbido e a localização da perda auditiva, nos

21 indivíduos com perda auditiva, foi encontrada uma reciprocidade em 17 indiví-

duos (80,9%), ou seja, o zumbido é percebido no mesmo lado em que há perda au-

ditiva, ou é mais intenso no lado em que a perda auditiva é mais acentuada.

A percepção do zumbido foi descrita como intermitente por 37 indivíduos

(88%). Foi considerado intermitente o zumbido percebido por cinco minutos ou mais

e que desaparece por minutos, horas, semanas ou meses. Somente cinco indivíduos

(12%) têm percepção constante do zumbido. O início do zumbido foi apontado como

progressivo para 28 indivíduos (66,7%) e súbito para 14 indivíduos (33,3%).

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) 50

Quanto ao tipo de zumbido, 36 indivíduos (85,7%) apontaram o zumbido co-

mo único; quatro indivíduos (9,5%) apontaram como múltiplo e dois indivíduos

(4,8%) apontaram como pulsátil. O som do zumbido foi descrito como som de apito e

de grilo para a maioria dos indivíduos.

Quanto aos fatores de piora, o estresse assim como o silêncio e o barulho são

os fatores que mais provocam a piora do zumbido (Figura 13).

FATORES DE PIORA

010203040506070

MANHÃ

NOITEÁLC

OOLCIG

ARROEXERCÍC

IOBARULH

OSILÊNCIO

ESTRESSESONECA D

O DIA

JEJU

M

F (%

)

Figura 13 – Fatores de piora do zumbido e frequência com que foram citados.

Para avaliar se o barulho como fator de piora do zumbido está relacionado

com o nível de ruído do local de trabalho, foi utilizado o teste G. Não houve diferença

significativa entre nível de ruído e piora com barulho (p= 0,8099), indicando não ha-

ver relação entre ambos.

Para 22 indivíduos (52,4%) o zumbido não interfere em nenhuma atividade

cotidiana e 23 indivíduos (54,7%) não têm nenhuma preocupação com ele. Os de-

mais indivíduos referem que o zumbido interfere principalmente na concentração,

sono, aspecto emocional e social (Figura 14).

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0102030405060

NÃO

SONO

CONCENTRAÇÃO

EMOCIONAL

SOCIAL

% d

e re

spos

tas

Quanto à preocupação com o zumbido, 12 indivíduos (28,6%) preocupam-se

com surdez, três (7,1%) temem que o sintoma possa piorar, dois (4,8%) pensam tra-

tar-se de uma doença grave, um indivíduo pensa que está ficando louco e um indiví-

duo preocupa-se por não saber o que é o zumbido.

A ausência de interferência apontada por 22 indivíduos (52,4%) não coincide

com os resultados do THI. A análise deste questionário mostrou que somente 17

indivíduos (40,5%) encontram-se no nível considerado ligeiro. Todos os demais já

apresentam algum grau de handicap. Apesar de nenhum indivíduo estar no nível

catastrófico, encontrou-se cinco (11,9%) no nível severo de incômodo do zumbido

(Figura 15).

Figura 14 – Fatores de interferência do zumbido e frequência com que foram citados

Fatores de Interferência

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

LIGEIRO LEVE MODERADO SEVERO CATASFRÓFICO

Níveis de THI

% In

diví

duos

Figura 15- Porcentagem de indivíduos encontrada para cada nível do THI.

O teste t não mostrou diferença significativa entre a severidade do zumbido

(THI) nos indivíduos com perda auditiva ( = 2,09) e nos indivíduos sem perda auditi-

va ( = 1,90) (t= -0,5911; gl= 40 e p= 0,5578).

Também foi testada a correlação entre a severidade do zumbido (THI) e o

tempo de percepção do zumbido. Não foi encontrada diferença significativa (rs= -

0,0519; p= 0,7442), indicando não haver relação entre as variáveis.

Quanto aos fatores que melhoram o zumbido, 18 indivíduos (42,9%) aponta-

ram som ambiental, um indivíduo (2,3%) observou melhora do zumbido com ativida-

de física (alongamento), um indivíduo referiu melhora apertando as orelhas e um

indivíduo referiu melhora permanecendo longe do ruído. 21 indivíduos (50%) não

observam que ocorra algum fator de melhora.

A referência à dor foi bastante elevada, dos 42 indivíduos, 35 (83,3%) referem

alguma dor perceptível mais de uma vez por semana, sendo cefaléia a mais citada

(63,4%), seguida por cervicalgia (46,3%), dor na ATM ou na musculatura mastigató-

ria, com ou sem bruxismo (43,9%) e otalgia (29,3%) (Figura 16).

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0

10

20

30

40

50

60

70

OTALGIA CEFALÉIA CERVICALGIA ATM

% d

e re

spos

tas

Figura 16 – Porcentagem de respostas à cefaléia, cervicalgia, dor na ATM (ou musculatura mastiga-

tória) e otalgia.

Comparando o número de dores entre os indivíduos com e sem perda auditi-

va, pelo teste de Mann Whitney, não foi observada diferença significativa (U=202,50;

p=0,6507).

Quanto aos antecedentes familiares a pergunta foi ampla, incluindo história de

perda auditiva, zumbido e diabetes, de forma que 23 indivíduos (54,7%) responde-

ram afirmativamente. 15 indivíduos (35,8%) referiram alguma doença atual, três

(7,2%) citaram problemas metabólicos (diabetes) e três (7,2%) citaram problemas do

sistema músculo-esquelético (hérnia de disco, reumatismo), seis (14,2%) citaram

problemas psicológicos (depressão), dois (4,7%) problemas cardiovasculares (hiper-

tensão), um indivíduo (2,4%) citou doença neurológica (hidrocefalia).

Muitos indivíduos (52,4%) referiram abuso de doce, com ingestão diária de

grande quantidade. Importante ressaltar que os indivíduos trabalham numa indústria

de balas e pirulitos, que estão à disposição, para consumo, sem restrição. Sete indi-

víduos (16,7%) referiram abuso de cafeína (mais de 250 mg/dia).

A percepção do zumbido foi descrita como intermitente para a maioria dos in-

divíduos (88%) de forma que no momento da pesquisa da modulação somática do

zumbido, para 26 indivíduos (62%) o zumbido era imperceptível (zumbido ausente),

enquanto para 16 (38%) estava presente (Figura 17).

Dores Referidas

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.

38%

62%

PRESENTE AUSENTE

Figura 17 – Porcentagem de indivíduos com presença e ausência de zumbido no momento da pes-quisa de modulação.

No grupo de 16 indivíduos cujo zumbido estava presente, 15 (94%) mo-

dularam e somente um não modulou (Figura 18).

94%

6%

MODULARAM NÃO MODULARAM

Figura 18 – Presença de modulação no grupo de indivíduos com zumbido presente.

No grupo de 26 indivíduos cujo zumbido estava ausente, a metade mo-

dulou e a outra metade não modulou (Figura 19).

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50%50%

MODULARAM NÃO MODULARAM

Figura 19 – Presença de modulação no grupo de indivíduos com zumbido ausente.

Dos 42 indivíduos avaliados, com percepção ou não do zumbido no momento

da pesquisa, 29 (69%), referiram modulação do zumbido, ocorrendo mudança na

intensidade, na tonalidade ou induzindo o zumbido, enquanto que para 13 indivíduos

(31%), as manobras não produziram nenhuma modificação (Figura 20).

69%

31%

MODULARAM NÃO MODULARAM

Figura 20 - Porcentagem de indivíduos que apresentaram e não apresentaram modulação.

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Utilizando o teste exato de Fischer, não foi encontrada diferença significativa

entre os indivíduos que modularam e os que não modularam em relação aos indiví-

duos com e sem perda auditiva (p=0,1120).

Dos 29 indivíduos que apresentaram modulação, 16 (55%) o fizeram em três

ou mais manobras, 9 (31%) em duas manobras e 4 (14%) em apenas uma manobra.

Dez indivíduos (34,5%) referiram que o zumbido foi induzido e que ocorreu mudança

na sua tonalidade, para seis indivíduos (20,7%) as manobras somente induziram o

zumbido, sem mudança na tonalidade; para cinco indivíduos (17,3%) ocorreu au-

mento do zumbido, três (10,3%) referiram diminuição do zumbido, outros três indiví-

duos referiram aumento e mudança de pitch e finalmente para dois (6,9%), as ma-

nobras acarretaram aumento e diminuição do zumbido.

A Figura 21 representa a porcentagem de modulação de cada manobra. Ob-

serva-se que as manobras IX (forçar para abrir a boca, mão contra o queixo), II (abrir

a boca com força) e III (protrusão do queixo) foram as que mais produziram modifi-

cações no zumbido.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII

MANOBRAS

% d

e re

spos

tas

Figura 21 - Porcentagem de modulação para cada uma das manobras realizadas.

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As manobras VI (lateralização do queixo para esquerda), XVI (deslocamento

do olhar para cima) e XVII (deslocamento do olhar para baixo) provocaram diminui-

ção e induziram o zumbido. Todas as demais aumentaram, diminuíram e induziram o

zumbido. Observa-se ainda que para todas as manobras, com exceção da manobra

VII (mão contra a testa), o efeito que mais ocorreu sobre o zumbido foi provocar o

seu aparecimento (Figura 22).

0123456789

I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII

MANOBRAS

indi

vídu

os (n

)

AUMENTOU DIMINUIU INDUZIU

i

Figura 22 – Número de indivíduos em relação à modalidade de resposta a cada manobra.

Considerando os indivíduos que apresentaram modulação, não foi observada

diferença significativa, pelo teste de Mann Whitney, entre os indivíduos com e sem

perda auditiva, em relação ao número de manobras (U=167,50; p=0,1824).

Utilizando o teste exato de Fischer, não foi encontrada diferença significativa

entre os indivíduos que modularam e os indivíduos que não modularam em relação

aos indivíduos com e sem perda auditiva (p=0120).

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6 DISCUSSÃO

O zumbido é um sintoma multifacetado e complexo que pode comprometer

dramaticamente a qualidade de vida do indivíduo. A incidência em nível mundial de-

verá crescer, considerando o aumento da idade da população, a crescente exposi-

ção ao ruído, o estilo de vida (hábitos alimentares, sobrecarga de trabalho, estresse)

a ansiedade e a depressão.

Estudos em países desenvolvidos indicam uma prevalência de 17% na popu-

lação geral. Considerando que a exposição ao ruído é uma das principais causas do

zumbido, estima-se que na população exposta ao ruído os índices sejam ainda mai-

ores. Porém, as pesquisas com estas populações mostram grande variabilidade, que

pode ser atribuída aos métodos de pesquisa, à subjetividade do sintoma e à defini-

ção de zumbido (Zimmermann, 1998; Axelsson e Prasher, 2000; Kim e Chung, 2002;

Hoffmann e Reed, 2004; Dias et al. 2006; Possani, 2006; Rubak et al. 2008;

Steinmetz et al. 2009).

O presente estudo encontrou inicialmente uma prevalência de 10,6%. Entre-

tanto, a consideração dos fatores: percepção do zumbido por cinco minutos e há

mais de seis meses (Heller, 2003); supressão do zumbido após remoção de cerume,

dentre outros, diminuiu a amostra, passando a representar 7,2% do total de funcio-

nários expostos a ruído. Axelsson e Prasher (2000) analisando trabalhos desenvol-

vidos de 1965 a 1988, com trabalhadores expostos ao ruído, descrevem valores que

variam de 4,6% a 51,3%. Rubak et al. (2008) encontraram 15,5% de trabalhadores

com zumbido, usando como critério, percepção do zumbido pelo menos uma vez por

mês. Kim e Chung (2002) estudando 246 trabalhadores coreanos, com longa expo-

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sição ao ruído, encontraram 19,1% com zumbido. No Brasil, Zimmermann (1998)

encontrou 15%; Dias et al. (2006) encontraram um percentual elevado, de 48%;

Possani (2006) encontrou 9,9%; Steinmetz et al. (2009), pesquisando os funcioná-

rios de uma empresa frigorífica, encontraram 22%.

A amostra constituiu-se de 42 indivíduos, com mais homens (25) do que mu-

lheres (17). Porém analisando o total de homens e mulheres na empresa, encontrou-

se maior percentual de mulheres (7,9%, n=213) do que de homens (6,7%, n=372).

Segundo Dobie (2004), a prevalência do zumbido é maior em homens e aumenta

com a idade. Considerando que a faixa etária (21 a 60 anos), média (35 anos e 5

meses) e mediana (41 anos) encontrada para as mulheres foi maior, esta poderia

ser a justificativa para o maior percentual de mulheres com zumbido, neste estudo.

A média de idade encontrada foi de 35 anos e seis meses, média de tempo

de exposição ao ruído, três anos e oito meses e média de tempo de percepção do

zumbido, três anos e sete meses. Segundo Axelsson e Prasher (2000), entre o início

da exposição ao ruído ocupacional e o início do zumbido de origem ocupacional, em

geral, há um intervalo longo, de muitos anos; diferente de um zumbido provocado

por trauma acústico ou por exposição à música excessivamente amplificada. Ou se-

ja, para os autores, citados acima, é incomum a relação direta de início de exposição

a ruído ocupacional e início de zumbido. Neste estudo, foi encontrada uma similari-

dade entre a média de tempo de exposição ao ruído (três anos e oito meses) e a

média de tempo de percepção do zumbido (três anos e sete meses), o que faz pen-

sar em outras etiologias, além da exposição ao ruído, na gênese do zumbido.

A literatura concorda com a estreita associação entre zumbido e perda auditi-

va, considerando que a maioria dos indivíduos com zumbido, em torno de 85%, tem

algum grau de perda auditiva (McFadden, 1982) e somente 8 a 10% dos indivíduos

apresentam audiometria normal (Barnea et al. 1990). Porém, este estudo mostrou

que 50% dos trabalhadores com zumbido não apresentaram perda auditiva. O estu-

do de Steinmetz (2009) mostrou percentual ainda mais elevado, 71% dos trabalha-

dores tinham audiometria com limiares nos padrões de normalidade, ou seja, res-

postas inferiores a 25 dB NA, nas frequências de 0,25 a 8 kHz.

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Segundo Bohne e Clark (1982), uma lesão difusa, de até 30%, nas células ci-

liadas externas, não tem impacto significativo nos limiares audiométricos, ou seja, é

uma lesão sem representação na audiometria convencional. E, considerando a hipó-

tese descrita por Jastreboff (1990) de dano desproporcional entre células ciliadas

externas e internas, uma lesão desta extensão seria suficiente para gerar zumbido.

Assim, a presença de limiares até 25 dB NA não descarta completamente a possibi-

lidade de injúria coclear. Dito de outra forma, os indivíduos que não apresentaram

perda auditiva poderiam ter lesão de CCEs, de até 30%, provocada por ruído ou por

outro agente etiológico, sem repercussão nos limiares audiométricos. A fim de pros-

seguir a investigação poderia se pensar em emissões otoacústicas ou audiometria

de altas frequências.

Sob esta perspectiva os estudos de Griest e Bishop (1998) são interessantes,

pois mostraram a ocorrência de zumbido muitos anos antes do aparecimento de

perda auditiva induzida pelo ruído.

Por outro lado, Rubak et al. (2008) investigaram o risco de trabalhadores, com

e sem perda auditiva desenvolverem zumbido após exposição a ruído ocupacional.

Encontraram uma associação consistente entre exposição a ruído e zumbido quan-

do havia perda auditiva. Na ausência de perda auditiva, a associação entre ruído e

zumbido não se confirmou. Concluíram que o risco ao zumbido aumenta com expo-

sição ao ruído, se houver perda auditiva e sugeriram cautela em associar zumbido

com exposição ao ruído nos indivíduos que têm audiometria normal. Para os autores

(Rubak et al. 2008), o zumbido ocorreria secundariamente à PAIR. Importante res-

saltar que a perda auditiva em si não pode ser usada como elemento de previsão do

zumbido, pois a mesma extensão de perda auditiva pode estar acompanhada ou

não de zumbido.

Segundo Eggermont (1990), a exposição ao ruído desencadeia uma sequência

de eventos: aumenta a concentração de cálcio citoplasmático nas CCEs, aumenta a

liberação de glutamato (neurotransmissor excitatório da via auditiva) e aumenta a ati-

vidade neural das fibras aferentes, podendo levar ao zumbido. Considerando que os

limiares audiométricos dependem fundamentalmente da integridade das CCIs (Jastre-

boff, 1990) e que as alterações iniciais ocorrem nas CCEs, parece razoável pensar no

zumbido como manifestação anterior à perda registrada na audiometria.

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Deve-se considerar também, os estudos com animais mostrando que a expo-

sição ao ruído resulta em modificações complexas no sistema auditivo central, no

colículo inferior (Basta e Ernest, 2004), no corpo geniculado medial e no córtex audi-

tivo primário (Basta et al. 2005). Os trabalhos de Kaltenbach et al. (2000) indicaram

que exposição a som intenso leva à hiperatividade do núcleo coclear dorsal (primeiro

núcleo da via auditiva) e que esta hiperatividade (que pode estar relacionada ao

zumbido) é contínua e gradual, desencadeando mudanças em toda a via tonotópica,

mesmo após cessada a exposição ao som.

A ocorrência de PAIR foi constatada em 33,3% dos indivíduos e as medianas

encontradas neste estudo, assim como no estudo de Steinmetz (2009) apresenta-

ram alterações mínimas, com limiares em torno de 30 dB NA, limitadas a 3, 4 e 6

kHz (Figuras 9 e 10). Para Axelsson e Prasher (2000), o handicap provocado pelo

zumbido pode ser muito maior do que uma pequena perda auditiva nas frequências

agudas, especialmente para indivíduos jovens. Lindberg et al. (1984) já haviam en-

contrado, numa população com perda auditiva e zumbido, 50% dos indivíduos atri-

buindo ao zumbido um problema maior do que à perda propriamente dita.

A mensuração da interferência do zumbido na vida do indivíduo é controver-

sa. Figueiredo et al. (2009), encontraram correlação entre os escores do THI e da

escala visual-análoga, em indivíduos com zumbido neurossensorial, indicando o uso

de ambos. Neste estudo, durante a entrevista, foram investigados fatores de interfe-

rência e posteriormente aplicado o THI, versão em português. As respostas diver-

gem, pois 22 indivíduos não apontaram nenhum fator de interferência do zumbido

(sono, concentração, emocional, social), enquanto os escores do THI mostraram que

somente 17 indivíduos (40,5%) encontram-se no nível 1 ou “ligeiro” (Figura 15). Re-

sultados semelhantes aos de Steinmetz et al. (2009), com o uso do THI encontraram

44% de indivíduos no nível 1. Parece que diferentes formas de questionar o mesmo

aspecto, tratando-se de um sintoma tão subjetivo como é o zumbido, produz diferen-

tes respostas. Então, seria interessante o uso concomitante de várias formas de

avaliação, incluindo a escala visual-análoga e outros questionários, amplamente u-

sados em outros países, mas que carecem de validação no Brasil (Ex.: Tinnitus

Handicap Questionnaire, Tinnitus Activities Questionnaire, Tinnitus Intake Question-

naire), (Tyler et al., 2008 b).

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A avaliação dos fatores de interferência do zumbido nas atividades diárias

apontou a capacidade de concentração como a mais referida (34,1%), seguida do

sono (19,5%), equilíbrio emocional (17%) e atividade social (9,7%) (Figura 14). San-

chez et al. (1997) avaliando pacientes do Ambulatório de Zumbido, encontraram in-

terferência no sono como a mais referida (52%), seguida da capacidade de concen-

tração (47%), equilíbrio emocional (56, 7%) e restrição da atividade social (17,3%).

Trata-se de populações distintas, trabalhadores que foram avaliados em seu local de

trabalho e pacientes de um centro de referência na avaliação e tratamento do zum-

bido. Os percentuais encontrados interrogam sobre a necessidade de alguma inter-

venção.

Mrena et al. (2007), analisando a severidade da PAIR e a ocorrência de zum-

bido, em estudo realizado na Finlândia, concluiu que trabalhadores que sofrem ou

podem vir a sofrer com o zumbido permanecem não identificados e tratados. Impor-

tante acrescentar que a severidade do zumbido tende a aumentar com o agrava-

mento da perda auditiva (Axelsson e Prasher, 2000).

Holgers et al. (2000) usaram o Tinnitus Severity Questionnaire, o Nottingham

Health Profile e dados da audiometria para estimar os fatores preditivos à gravidade

do zumbido. Concluíram que o estado de saúde geral, a qualidade do sono, a pre-

sença de dor e o agravamento da perda auditiva são fatores que influenciam a gra-

vidade do zumbido. Sugeriram que focar a atenção em outra atividade pode diminuir

a severidade do zumbido assim como, realizar atividade física regularmente.

Neste estudo, um indivíduo observou que atividade física regular (alongamen-

to) diminuiu a percepção do zumbido, considerando um fator de melhora. Os indiví-

duos não foram investigados se realizam atividade física regularmente, somente se

percebiam melhora do zumbido com exercício. Outro fator de melhora, apontado de

forma bem mais expressiva, por 18 indivíduos, foi a exposição a som ambiental. Di-

versos protocolos de reabilitação, como Tinnitus Retraining Therapy (Jastreboff e

Jastreboff, 2001), Tinnitus Activities Therapy (Tyler e Erlandsson, 2003) preconizam

o uso de estímulos sonoros, ajustados no mixing point ou para mascaramento parci-

al ou total do zumbido, de acordo com a abordagem terapêutica. O objetivo é pro-

porcionar enriquecimento sonoro, diminuindo a atenção e a percepção do zumbido,

reduzindo sua intensidade e oferecendo um som menos intrusivo. Podem ser usa-

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dos ruídos de banda larga, música, barulho de chuva, cachoeira, mar, dentre outros.

De uma forma geral, todos os pacientes são orientados a evitar o silêncio. Empiri-

camente, 42,9% dos indivíduos já percebem este benefício. Outros 50% não aponta-

ram nenhum fator de melhora.

O estresse e o barulho assim como o silêncio foram os fatores mais citados

para piora do zumbido (Figura 13). O silêncio, conforme já mencionado, favorece a

percepção do zumbido, portanto deve ser evitado. Para alguns pacientes o zumbido

piora com ruído e para outros, melhora. Esta diferença carece de entendimento e

deve ser considerada numa abordagem terapêutica (Tyler e Baker, 1983). A rigor, a

exposição ao ruído deveria ser evitada (Jastreboff e Jastreboff, 2001). Considerando

que a população estudada faz uso regular de protetor auricular e trabalha exposta

ao ruído, analisamos se os indivíduos que fizeram esta referência encontram-se nos

setores de ruído mais intenso. O teste G não mostrou diferença significativa

(p=0,8099). Mas é uma questão que necessita de estudos mais aprofundados, por

exemplo, avaliando as emissões otoacústicas antes e depois da exposição ao ruído,

nestes indivíduos.

Tyler et al. (2008 b) realizaram a identificação de indivíduos com zumbido em

subgrupos, a partir da análise de cluster. Encontraram inicialmente quatro subgrupos:

constante incômodo com o zumbido (1), piora do zumbido no ruído (2), zumbido não

influenciado pelo sistema somatossensorial (3), piora do zumbido no silêncio (4). Inclu-

ir o indivíduo com zumbido em uma destas quatro categorias pode ser uma importante

ferramenta para otimizar a abordagem terapêutica e planejar ações profiláticas.

Vários fatores cotidianos estão relacionados ao estresse. Para Mrena et al.

(2007), a própria exposição ao ruído e às suas características desagradáveis pode es-

tar relacionada ao estresse. Segundo Babisch (2002), o ruído é um agente de estresse

psicossocial, que ativa o sistema endócrino e o sistema nervoso autônomo (simpático).

Os efeitos da exposição não ocorrem somente diante de níveis de ruído intenso, mas

também em ambientes de ruído pouco intenso, quando há necessidade de concentra-

ção, por exemplo (Babisch, 2002). Conforme o modelo neurofisiológico do zumbido

(Jastreboff et al. 1996), o zumbido ativa outros sistemas, como o sistema límbico e o

sistema nervoso autônomo, levando ao incômodo e ao estresse. Uma vez ativado este

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mecanismo, o zumbido aumenta o estresse e de maneira análoga, o estresse aumenta

o zumbido.

Este estudo não pesquisou os limiares de desconforto (LD) para avaliar a hi-

peracusia. Segundo Jastreboff et al. (1998) em torno de 40% dos pacientes com

zumbido apresentam também decréscimo na tolerância para sons de intensidade

moderada, ou seja, os sons são percebidos mais fortes do que realmente são. Vinte

indivíduos (47,7%) referiram desconforto e não apreciar música alta, o que pode ser

uma misofonia, ou seja, intolerância a um tipo específico de som (Jastreboff et al,

1998). Também foi analisado se os indivíduos com esta queixa encontravam-se nos

setores de maior nível de ruído, na empresa. O teste G não mostrou diferença signi-

ficativa (p=0,7544).

O zumbido foi descrito como intermitente por 88% dos indivíduos e sem re-

percussão clínica para a maioria deles. Segundo Seidmann e Jacobson (1996), 80%

dos indivíduos apresentam zumbido leve e intermitente. Este estudo mostrou que

52,4% não referem interferência nas atividades diárias e 57,7% não tem nenhuma

preocupação com o zumbido, o que está de acordo com a literatura para estudo de

grandes populações, que não foram referenciadas a centros de diagnóstico e trata-

mento (Vernon, 1993).

O início do zumbido foi apontado como progressivo para a maioria dos indiví-

duos (66,7%), e 73,8% o percebem há menos de cinco anos. Destes, 19% têm per-

cepção precoce do zumbido, ou seja, há menos de um ano. Achados muito seme-

lhantes aos de Steimetz et al. (2009), que encontraram 19% dos indivíduos com per-

cepção do zumbido há menos de um ano e, 67% com percepção entre um e cinco

anos. O tipo de som é único para 85,7%, e foi descrito como apito ou grilo.

A localização do zumbido é predominantemente bilateral (50%), seguida de

orelha esquerda (21,4%), coincidindo com os achados de Coles (1984); Axelsson e

Prasher (2000); Possani (2006) e Steimetz et al. (2009). Nos indivíduos que apre-

sentaram perda auditiva, em 80,9% dos casos a percepção do zumbido coincide

com a localização da perda, ou é pior no lado de maior perda auditiva. Ratnavake et

al. (2009), a partir de audiometria tonal e o questionário THI, constataram que para

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58% dos indivíduos, o zumbido unilateral ou o lado de pior zumbido correspondia à

orelha com piores limiares tonais.

A referência à dor foi bastante elevada, 83,3% dos indivíduos referem: cefa-

léia (63,4%), cervicalgia (46,3%), dor na ATM ou na musculatura mastigatória

(43,9%) e otalgia (29,3%), mais de uma vez por semana (Figura 16). Conforme já

citado anteriormente, a presença de dor é um fator que influencia a severidade do

zumbido (Holgers et al. 2000). Rocha et al. (2006) estudando pontos gatilho miofas-

cial (PGM) da região da cabeça, pescoço e cintura escapular em pacientes com

zumbido e assintomáticos, encontrou uma forte associação entre zumbido e presen-

ça de PGM, constatando que a chance de um paciente com zumbido apresentar

PGM é quase cinco vezes maior do que um sujeito assintomático. Observou também

a ocorrência de modulação do zumbido com pressão digital dos PGM. Mesmo pon-

derando que PGM não foi objeto deste estudo, uma abordagem em zumbido que

contemple o aspecto dor na região da cabeça, pescoço e cintura escapular, seria

relevante.

A ocorrência de modulação somática, num percentual de 69% foi similar aos

estudos de Levine (1999a) que encontrou 68% e de Sanchez et al. (2002) que en-

controu 65%. A forma de estimular o sistema somatossensorial, nestes estudos, foi

semelhante, o que justifica a similaridade. Trabalhos envolvendo outras metodologi-

as, apesar de confirmarem a ocorrência de modulação, encontraram valores diferen-

tes (Moller et al. 1992; Rubinstein et al. 1993; Pinchoff et al. 1998). Este estudo, dife-

rente do estudo de Levine (1999a) e de Sanchez et al. (2002), não incluía somente

indivíduos com zumbido constante e não pesquisou indivíduos assintomáticos. A

maioria dos indivíduos deste estudo tem zumbido intermitente e para 62% o zumbido

estava ausente no momento da pesquisa. Apesar desta diferença, metade dos indi-

víduos apresentou zumbido com as manobras.

Justamente induzir o zumbido foi a forma de modulação mais observada, as-

sim como nos estudos de Levine (1999a) e Sanchez et al. (2002), aumentar a inten-

sidade do zumbido foi a forma de modulação mais referida. O que sugere forte inte-

ração do tipo excitatória do sistema somatossensorial no sistema auditivo. Wright e

Ryugo (1996), em estudo experimental com cobaias, constataram a presença de

glutamato, neurotransmissor excitatório nas fibras do núcleo cuneiforme projetadas

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ao núcleo coclear. O núcleo cuneiforme recebe informações da cabeça, membros e

parte superior do tronco (Dehmel et al. 2008).

Contudo, aferências somatossensoriais podem também inibir as células do

núcleo coclear ventral e dorsal, produzindo supressão ao som (Shore et al. 2008).

Não foi observada supressão do zumbido, mas diminuição da sua percepção. As

manobras IX (força para abrir a boca, mão contra o queixo), II (abrir a boca com for-

ça) e III (protrusão do queixo), envolvendo cabeça, foram as que mais produziram

modificações no zumbido. Todas as manobras provocaram modulação e nenhuma

foi específica a uma modalidade de modulação (Figuras 21 e 22), o que também foi

encontrado por Sanchez et al. (2002).

A ocorrência da modulação somática do zumbido confirma a interação do sis-

tema somatossensorial e auditivo, mas até o momento, é uma constatação que não

tem aplicabilidade clínica, profilática ou terapêutica. Conforme Sanchez et al. (2003) e

Levine et al. (2007), deveria ser investigada rotineiramente nos pacientes com o obje-

tivo de avaliar o papel do sistema somatossensorial no indivíduo e identificar subgru-

pos de pacientes com zumbido a fim de particularizar o tratamento.

Sanchez et al. (2003), em estudo da reprodutibilidade das manobras e dos re-

sultados após dois meses de treinamento com contrações musculares repetidas,

concluíram, que o zumbido diminuiu com mais frequência e aumentou com menos

frequência, mas a avaliação subjetiva do sintoma permaneceu inalterada.

Considerando que foi encontrada perda auditiva em 50% da amostra estudada

foram realizadas várias análises a fim de investigar diferenças entre os indivíduos com

perda auditiva e sem perda auditiva. Não foram encontradas diferenças significativas

para os seguintes aspectos: tempo de exposição ao ruído, tempo de zumbido, plenitu-

de auricular, sensibilidade aos sons, tontura, severidade do zumbido e modulação.

Shore et al. (2008) em estudo com cobaias, sugeriram que após perda auditi-

va, projeções do sistema trigeminal ao núcleo coclear estariam aumentadas ou re-

distribuídas, caracterizando a tendência dos neurônios multi-modais para realizar

compensação cross-modal após privação ou desaferentação sensorial. A partir disto,

poderíamos pensar que indivíduos com perda auditiva estariam mais propensos a

desenvolver um zumbido de origem somática e/ou apresentariam modulação somá-

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tica do zumbido de forma mais expressiva. Entretanto, a pesquisa da modulação do

zumbido, a partir das manobras usadas neste estudo, não mostrou diferença signifi-

cativa nos indivíduos com e sem perda auditiva. O que também foi encontrado por

Sanchez et al. (2002). Para Levine et al. (2007), em estudo anterior, o fenômeno

somático seria igualmente prevalente nos indivíduos com e sem disfunção coclear.

Os casos descritos por Wal et al. (1987) e Cacace (1999), respectivamente de

gaze-evoked tinnitus e cutaneous-evoked tinnitus, que exemplificariam uma com-

pensação cross-modal, referem-se à desaferentação do VIII par. Conforme as Figu-

ras 9 e 10, as perdas auditivas encontradas neste estudo não excederam 50 dB NA

e estudos adicionais devem ser realizados para correlacionar os achados experi-

mentais com evidências clínicas.

Observou-se homogeneidade entre os indivíduos com e sem perda auditiva

para todos os aspectos analisados, com exceção da questão tempo de exposição ao

ruído e tempo de percepção do zumbido.

Surpreendentemente, foi encontrada diferença significativa para tempo de ex-

posição ao ruído e tempo de percepção do zumbido nos indivíduos sem perda audi-

tiva (p=0,0094), indicando que nestes indivíduos o tempo de exposição ao ruído e o

tempo de zumbido podem estar relacionados. Importante salientar que a exposição

ao ruído tem efeitos no sistema auditivo central, como foi demonstrado pelos estu-

dos de Kaltenbach et al. (2000), Basta e Ernest (2004) e Basta et al. (2005) e o

zumbido poderia ser a expressão destes efeitos. De forma que, a exposição ao ruído

poderia ser causa ou fator coadjuvante do zumbido ou ainda, a exposição ao ruído

poderia produzir efeitos não limitados ao sistema auditivo.

Afinal, quanto um ruído produz efeitos na saúde é uma questão que perma-

nece incógnita (Babisch, 2002). Os efeitos somáticos da exposição prolongada ao

ruído são tópicos de pesquisa e discussão (WHO, 2004). E, examinando a força e o

número de projeções do sistema somatossensorial no sistema auditivo, as influên-

cias somáticas na percepção dos sons deveriam ser consideradas (Lewald et al.

1999).

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7 CONCLUSÕES

Para este estudo foi adaptado o protocolo de investigação inicial (entrevista,

questionário THI e pesquisa de modulação) do Ambulatório de Zumbido da Faculda-

de de Medicina da Universidade de São Paulo, referência na triagem, diagnóstico e

tratamento de casos mais severos. A abordagem dos inúmeros aspectos do zumbi-

do foi direcionada a uma população com zumbido e exposta ao ruído.

Foram encontrados 42 indivíduos com zumbido, prevalência de 7,2% (n=585),

distribuídos nos onze setores da empresa. Não foi encontrada relação de significân-

cia entre o número de indivíduos com zumbido e o nível de ruído do setor. O tempo

médio de exposição ao ruído foi de três anos e oito meses e o tempo médio de per-

cepção do zumbido foi de três anos e sete meses. Para a maioria dos indivíduos, o

zumbido foi descrito como som único (85,7%), com início progressivo (66,7%), per-

cepção bilateral (53,4%) e intermitente (88%).

O questionário THI mostrou que 40,5% dos indivíduos encontram-se no nível

ligeiro ou insignificante. Para a maioria (52,4%), não ocorre interferência em nenhu-

ma atividade cotidiana e 54,7% dos indivíduos não têm preocupação com o zumbi-

do. O fator de interferência mais apontado foi concentração. Estresse, silêncio e ruí-

do foram os fatores de piora mais citados.

Foi encontrada alta referência à dor (88,3%), sendo cefaléia a dor mais citada

(63,4%). A ocorrência de modulação foi verificada em 69% dos indivíduos.

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A audiometria tonal liminar mostrou perda auditiva em 50% dos indivíduos.

Foram realizadas análises estatísticas comparando indivíduos com e sem perda au-

ditiva, em relação às seguintes variáveis: plenitude auricular, tontura, sensibilidade

auditiva, média de tempo de exposição ao ruído, severidade do zumbido (THI), nú-

mero de dores referidas, indivíduos com modulação em relação ao número de ma-

nobras somáticas, indivíduos que apresentaram e não apresentaram modulação,

tempo de exposição ao ruído e tempo de percepção do zumbido.

Não foi encontrada relação de significância para as inúmeras variáveis anali-

sadas, com exceção de tempo de exposição ao ruído e tempo de percepção do

zumbido nos indivíduos sem perda auditiva; o que sugere efeitos do ruído não limi-

tados ao sistema auditivo periférico.

Diante dos resultados encontrados recomenda-se fortemente a inclusão do

zumbido nos programas de conservação auditiva, numa abordagem multidisciplinar.

Assim como, estudos adicionais que contemplem a interação do sistema auditivo e

do sistema somatossensorial, considerando a percepção dos sons de uma forma

geral e do ruído em particular.

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9 ANEXOS E APÊNDICES

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9.1 Lista de anexos e apêndices

Apêndice A – Comunicado escrito aos funcionários da empresa 76

Apêndice B – Entrevista (Protocolo do grupo de pesquisa em zumbido, FMUSP, modificado 77

Apêndice C – Questionário 79

Apêndice D – Pesquisa de modulação do zumbido (Protocolo do grupo de pesquisa em zumbido, FMUSP) 81

Anexo A – Termo de consentimento livre e esclarecido para os funcionários 83

Anexo B – Termo de consentimento livre e esclarecido para a empresa 85

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Apêndice A – Comunicado escrito aos funcionários da empresa Z U M B I DO O zumbido é um sintoma complexo altamente relacionado com perda audi-

tiva e também com muitos outros fatores. Pode causar grande incômodo e compro-

meter a qualidade de vida.

A fim de entender melhor este sintoma, a partir de agosto/ 2009, será de-

senvolvido um estudo na empresa Florestal Alimentos SA. Destina-se a todos aqueles que estão expostos ao ruído, fazem audi-ometria, usam protetor auditivo e percebam um barulho ou som em uma ore-

lha, em ambas ou na cabeça (como chiado, chuva, grilo, apito, motor, etc) por mais de 5 min, há mais de 6 meses.

Num primeiro momento queremos saber quantos apresentam zumbido e

quem gostaria de participar do estudo. Num segundo momento, estas pessoas serão

chamadas p/ entrevista e exames, realizados na própria empresa, no respectivo tur-

no de trabalho.

A participação será muito importante para auxiliar a ciência a avançar no

entendimento e no tratamento do zumbido.

Grata,

Sandra R. Weber

Fonoaudióloga

Mestranda do PPG AD - UNIVATES

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Apêndice B – Entrevista (Protocolo do grupo de pesquisa em zumbido, FMUSP, modificado)

IDENTIFICAÇÃO:

Nome: ___________________________________________________________________________

Idade:__________Sexo:_____Setor: _____________________ Função: ______________________

Nível de ruído do setor:____________________________________________

Data: ____________________________________________________________________________

HISTÓRIA:

1) Tempo de exposição ao ruído: ______________________________________________________

2) Tempo de zumbido: __________________Descrição do som:______________________________

3) Localização: a) D b) E c) D=E d) D>E/ E>D e) cabeça

4) Tipo: a) único/ múltiplo b) pulsátil/ clique. Piora com:_________________________

5) Início: a) progressivo b) súbito, logo após _________________________________

6) Percepção: a) constante b) intermitente. Dura _______ e some por ________(tempo).

7) Fatores de piora: a) manhã/ noite b) álcool / cigarro c) exercício d) barulho/ silêncio

e) estresse f) soneca do dia g) jejum

8) Fatores de melhora: a) som ambiental b) medicação c) exercício

9) Interferência: a) não b) sono c) concentração d) emocional e) social

10) Preocupação c/ o Z: a) não b) surdez c) doença grave d) piorar e) outros____________

11) Perda Auditiva: a) não b) sim, há _____anos c) D / E

12) Prótese Auditiva: a) não b) sim, no lado____________há ___________(tempo)

13) Plenitude Auricular: a) não b) D / E / bilateral

14) Hipersensibilidade: a) não b) sim, com sons de _____________________________________

15)Tonturas: a) não b) rotatória c) instabilidade d) duração________ e) frequência________

f) piora com:______________________ g) melhora com: _______________________

16) Dores frequentes:

Otalgia a) não b) sim, do lado___________________________________________

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Cefaléia a) não b) sim, na região__________________________________________

Cervicalgia a) não b) irradiada/ não irradiada ________

ATM a) não b) sim, com bruxismo diurno / noturno

Outras regiões a) não b) sim, no __________________________________________________

17) Horários de alimentação: _________________________________________________________

Abuso de cafeína a) não b) sim, quanto?_______________________________

Doces a) não b) sim, gosta / sente falta

ANTECEDENTES PESSOAIS E FAMILIARES:

Doenças atuais:_______________________________________________________________

Lista de medicações atuais:___________________________________________________________

Medicações já usadas p/ o Z e efeito obtido:______________________________________________

Familiar com zumbido, perda auditiva ou diabetes? Quem?__________________________________

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Apêndice C – Questionário

Tinnitus Handicap Inventory (THI), versão para o Português

01. Devido ao seu zumbido é difícil se concentrar? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

02. O volume do seu zumbido dificulta escutar as pessoas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

03. O seu zumbido deixa você nervoso? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

04. O seu zumbido deixa você confuso? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

05. Devido ao seu zumbido, você se sente desesperado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

06. Você se queixa muito do seu zumbido? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

07. Devido ao seu zumbido, é difícil pegar no sono à noite? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

08. Você sente como se não pudesse se livrar do seu Z? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

09. O seu Z interfere na sua capacidade de aproveitar

atividades sociais (tais como sair p/ jantar, ir ao cinema)? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

10. Devido ao seu zumbido, você se sente frustrado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

11. Devido ao seu zumbido, você pensa que tem uma

doença grave? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

12. O seu zumbido torna difícil aproveitar a vida? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

13. O seu zumbido interfere nas suas tarefas no

serviço e em casa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

14. Devido ao seu zumbido, você se sente frequentemente

irritado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

15. Devido ao seu zumbido, você acha difícil ler? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

16. O seu zumbido deixa você chateado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

17. Você sente que o seu Z atrapalha o seu relacionamento

com a sua família e com os amigos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

18. Você acha difícil tirar a sua atenção do seu zumbido e se

concentrar em outras coisas? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

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19. Você sente que não tem controle sobre o seu zumbido? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

20. Devido ao seu zumbido, você se sente frequentemente

cansado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

21. Devido ao seu zumbido, você se sente frequentemente

deprimido? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

22. O seu zumbido faz com que você se sinta ansioso? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

23. Você sente que não pode mais suportar o seu zumbido? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

24. O seu zumbido piora quando você está estressado? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

25. O seu zumbido faz com que você se sinta inseguro? ( ) Sim ( ) Não ( ) Ás vezes

Contagem de pontos: Sim= 4 pontos; Às vezes= 2 pontos; Não=0

Soma total = ____________ pontos

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Apêndice D – Pesquisa da modulação do zumbido (Protocolo do grupo de pesquisa em zumbido, FMUSP)

Nota de intensidade do zumbido agora à D=____________ e à E=____________

TIPO DE MOVIMENTO INTENSIDADE DO ZUMBIDO ALTERAÇÃO NA CARACTERÍSTICA 1 apertar os dentes com força D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

2 abrir a boca com força D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

3 protruir o queixo D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

4 retruir o queixo D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

5 lateralizar queixo p/ D D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

6 lateralizar queixo p/ E D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

7 forçar a mão D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

contra a testa E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

8 forçar a mão D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

no alto da cabeça E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

9 forçar p/ abrir a boca D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

mão contra o queixo E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

10 forçar a mão contra D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

lateral D da face E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não 11 forçar a mão contra D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

lateral E da face E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

12 cabeça virada p/ D D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

forçar a mão no zigoma D E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

13 cabeça virada p/ E D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

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forçar a mão no zigoma E E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

14 deslocar o olhar p/ D D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

15 deslocar o olhar p/ E D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

16 deslocar o olhar p/ cima D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

17 deslocar o olhar p/ baixo D 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

E 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ( ) Sim ( ) Não

Obs.:_____________________________________________________________________________

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Anexo A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os Funcionários

As informações contidas neste termo de consentimento serão fornecidas pela

Fonoaudióloga Sandra R. Weber, aluna do Programa de Pós-Graduação em Ambi-

ente e Desenvolvimento (PPGAD), Univates, com o objetivo de informar a natureza

das atividades a serem desenvolvidas e firmar, por escrito, acordo, mediante o qual

o funcionário autoriza a sua participação na pesquisa.

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O presente estudo tem como título “Conservação Auditiva: Zumbido e Modu-

lação Somática do Zumbido no Trabalhador exposto ao Ruído”. O objetivo é relacio-

nar zumbido, perda auditiva, fatores de piora e de melhora do zumbido, assim como

a mudança do zumbido com movimentos da cabeça e pescoço. A pesquisa justifica-

se pela possibilidade de propor ações nos programas de Conservação Auditiva que

diminuam a ocorrência e o incômodo do zumbido na vida do trabalhador.

Os participantes responderão a uma entrevista, preencherão um questionário,

escolhendo uma das respostas (sim, não, às vezes) e serão submetidos às seguin-

tes avaliações: Meatoscopia: observação visual do canal da orelha; Audiometria To-

nal: exame que realizam periodicamente para avaliar a menor resposta aos sons;

Modulação Somática do Zumbido: movimentos da cabeça e pescoço, orientados

pela fonoaudióloga, para verificar se o zumbido muda (fica mais forte, mais fraco,

desaparece e/ou muda as características).

Toda a avaliação será realizada no horário de trabalho, no local usado para

realizar as audiometrias periódicas, com a autorização da direção de empresa. Esti-

ma-se um tempo de 40 minutos para todos os exames. A participação no estudo não

implica em qualquer forma de risco aos participantes. Porém poderá ocorrer algum

constrangimento ou desconforto nos momentos de entrevista e questionário, ao a-

bordar atividades e hábitos da vida diária, bem como, ao abordar o incômodo gerado

pelo zumbido. Este desconforto ou constrangimento poderá ser minimizado garan-

tindo o sigilo quanto à identidade do sujeito avaliado e oferecendo informações e

orientações que possibilitem maior entendimento do zumbido. Assim, o participante

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da pesquisa terá a oportunidade de conhecer melhor o seu zumbido, avaliá-lo, rece-

ber orientações e aconselhamento.

Esta pesquisa será realizada sem fins lucrativos. Os resultados obtidos serão

usados para fins científicos, em publicações, trabalhos e eventos da área. As avalia-

ções não oferecem nenhum risco à saúde, o nome e demais informações serão

mantidos em sigilo. O participante poderá solicitar informações adicionais e terá ga-

rantida a resposta. A qualquer momento do andamento do estudo, o participante po-

derá desistir, sem necessidade de justificativa, bastando informar à pesquisadora,

pessoalmente, por celular (51- 9994-5401) ou por email

([email protected]).

Eu,

____________________________________________________________, declaro

que após ler este documento e receber todas as explicações da pesquisadora, sob a

orientação do Prof. Dr. Eduardo Périco e coorientação do Prof. Dr. Atos Prinz Fal-

kenbach, estou de acordo, ciente e autorizo minha participação no estudo.

Este documento foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa –

UNIVATES, conforme protocolo n.119/09 e será emitido em duas vias, uma para o

participante da pesquisa e outra para o pesquisador.

Lajeado, ____, ________________ de 2009.

__________________________________________________

Assinatura do participante

___________________________________________

Assinatura do pesquisador

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Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a Empresa

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Eu, _______________________________________________, fui esclareci-

do sobre o estudo “Conservação Auditiva: Zumbido e Modulação Somática do Zum-

bido no Trabalhador exposto ao Ruído”, que tem como objetivo verificar a existência

de zumbido, investigar suas características, a correlação com perda auditiva e com

movimentos da cabeça e pescoço, nos indivíduos que trabalham expostos a ruído

ocupacional. Para tanto, os funcionários serão entrevistados, deverão responder a

um questionário, serão submetidos a um teste de audição e à pesquisa da mudança

do zumbido a partir de movimentos da cabeça e pescoço. A pesquisa será realizada

pela aluna do Programa de Pós-Graduação Ambiente e Desenvolvimento, PPGAD,

da Univates, sob a orientação do Prof. Dr. Eduardo Périco e coorientação do Prof Dr.

Atos Prinz Falkenbach.

Os participantes receberão todas as informações, será mantido sigilo quanto

à sua identidade e poderão deixar de participar do estudo a qualquer tempo, comu-

nicando à pesquisadora. Os resultados obtidos serão utilizados para fins científicos,

em publicações e em eventos da área.

Os procedimentos não são invasivos, não oferecem nenhum tipo de risco à

saúde. Com a participação neste estudo, os funcionários terão informações sobre o

zumbido e receberão também as orientações pertinentes.

Ciente, autorizo a participação dos funcionários desta empresa no estudo

“Conservação Auditiva: Zumbido e Modulação Somática do Zumbido no Trabalhador

exposto ao Ruído”, por livre adesão.

Lajeado, ____ de ________________ de 2009.

Ass. do Responsável pela Empresa: -----------------------------------------------------------------

Ass. Pesquisadora: -------------------------------------------------------------------------------------------

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GLOSSÁRIO

Ablação: amputação, excisão de parte do corpo ou órgão

Acidente vascular cerebral: interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro, por

obstrução de um vaso sanguíneo (isquêmico) ou por ruptura (hemorrágico)

Anemia: diminuição dos níveis de hemoglobina na corrente sanguínea, acarretando

diminuição da quantidade de oxigênio nos tecidos

Atividade elétrica espontânea: descargas elétricas, no sistema nervoso, na ausên-

cia de estímulo

Atividade elétrica evocada: descargas elétricas, no sistema nervoso, na presença

de estímulo

Atividade excitatória: atividade mediada principalmente pelo neurotransmissor glu-

tamato ou ácido glutâmico (GLU), que intensifica a condução do impulso elétrico

Atividade inibitória: atividade mediada principalmente pelos neurotransmissores

ácido gama-aminobutirico (GABA) e glicina (GLI) que inibem a condução do impulso

elétrico

Articulação têmporo-mandibular: articulação do processo condilar da mandíbula

com o osso temporal

Canais iônicos: são proteínas que se estendem através da membrana celular for-

mando um poro (abertura) que permite o transporte ativo de íons. Os canais apre-

sentam, em geral, seletividade iônica de forma que canais de potássio são seletiva-

mente permeáveis ao K+; canais de sódio são permeáveis quase que exclusivamen-

te ao Na+, canais de cálcio ao Ca+.

Córtex auditivo primário: recebe informação sonora, situa-se no lobo temporal, na

parte média do giro temporal superior (giro de Heschl) e corresponde à área 41 de

Brodmann

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Córtex auditivo secundário ou de associação: responsável pela interpretação do

estímulo auditivo e pela integração da informação auditiva com informações de ou-

tras áreas corticais. Situado na porção posterior do giro temporal superior, corres-

ponde à área 42 de Brodmann

Córtex frontal: região anterior do cérebro, formado pelo lobo frontal que inclui o cór-

tex motor, córtex pré-motor e córtex pré-frontal. Relacionado ao planejamento motor

e da ação, psicomotricidade, linguagem, cognição, pensamento abstrato, concentra-

ção e expressão de estados afetivos. Última área que se desenvolveu na história

evolutiva do homem e, última área que se desenvolve na criança

Decibel (dB): unidade para medida de nível sonoro, amplamente usado em eletrôni-

ca. É uma unidade logarítmica usada para descrever uma relação, que pode ser for-

ça, pressão sonora, voltagem, intensidade, dentre outras

Despolarização celular: alteração no potencial da membrana do valor de repouso (-

65mV) para um valor menos negativo (-17mV) devido a um aumento na concentra-

ção extracelular de potássio. Inversão na polaridade da membrana celular devido às

trocas entre os íons de sódio e potássio. O sódio, que está em maior concentração

do lado de fora da célula, penetra pela membrana, permutando-se com o potássio,

que faz o caminho inverso.

Doença de Menière: distensão progressiva do espaço endolinfático (hidropsia) de-

vido ao aumento da produção, bloqueio na absorção ou bloqueio do fluxo de endo-

linfa. Em geral, caracterizada por perda auditiva sensórioneural ascendente, zumbi-

do de pitch grave (murmúrio, ronco, motor) e vertigem. Inicia-se entre 40 e 60 anos,

acometendo principalmente mulheres.

Endolinfa: líquido de composição semelhante aos líquidos intracelulares, rico em

potássio, encontrado na parte membranosa da cóclea (ducto coclear ou rampa mé-

dia)

Esclerose múltipla: doença neurológica crônica, mais comum em mulheres e pes-

soas brancas, caracterizada pela destruição da bainha de mielina (que recobre e

isola as fibras neuronais)

Fenda sináptica: espaço entre o axônio pré-sináptico e o neurônio pós-sináptico,

onde ocorre a liberação de neurotransmissores

Fuso muscular: receptor muscular periférico, capaz de detectar as variações de

comprimento do músculo no qual está situado

Gânglio: conjunto de neurônios localizados no sistema nervoso periférico

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Hipertensão arterial: aumento da pressão arterial, relacionado a fatores hereditá-

rios, sedentarismo, obesidade, alcoolismo, estresse, exposição ao ruído

Hipotireoidismo: quadro clínico decorrente da falta de hormônios da tireóide (T3 e

T4), mais comum em mulheres, idosos, com história familiar. Caracteriza-se por

cansaço excessivo, desânimo ou até depressão, raciocínio lento, sensação de frio

excessivo, aumento do colesterol, etc.

Homeostase: equilíbrio do meio interno, auto-regulação

Hum venoso: anormalidades no fluxo sanguíneo da veia jugular

Íons: partículas atômicas carregadas de eletricidade (ânions: carregados negativa-

mente, ganham elétrons e cátions: carregados positivamente, perdem elétrons)

Limiar audiométrico: menor intensidade sonora capaz de provocar uma sensação

auditiva

Loudness: sensação psicoacústica relacionada à intensidade do som

Manobra de Valsalva: manobra que consiste em assoprar, mantendo a boca e as

narinas fechadas, o que provoca a abertura da tuba auditiva

Meningite: processo inflamatório das meninges, causado por bactérias, vírus, fun-

gos, agentes químicos ou tumorais

Mioclonia: contração muscular repentina, brusca, incontrolável e involuntária. Pode

envolver todo o músculo ou somente algumas fibras musculares

Mixing Point: termo empregado na terapia de habituação ao zumbido (Tinnitus Re-

traing Therapy) para especificar “o ponto” cuja intensidade do estímulo sonoro e a

intensidade do zumbido se “misturam” Modulação: variação, no tempo, da característica de uma onda (amplitude, fase,

frequência) de acordo com um princípio imposto. / Música: passagem de um tom

para outro no decurso de um trecho. / Inflexão variada da voz. / Em pintura, variação

delicada das cores. Neoplasia: crescimento celular anormal e descontrolado, com diminuição ou perda

da capacidade de diferenciação. Pode ser benigna ou maligna

Nervo Auditivo ou Vestíbulo-coclear: VIII par craniano, é um nervo sensorial, inte-

gra o sistema auditivo periférico e conduz as informações sonoras e de equilíbrio ao

sistema auditivo central Nervo Facial: VII par craniano tem uma raiz motora e outra sensitiva, responsável

pelo controle dos músculos da expressão facial e sensação gustativa dos 2/3 anteri-

ores da língua

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Nervo Glossofaríngeo: IX par craniano, motor e sensitivo, responsável pela inerva-

ção motora dos músculos superiores da faringe e inervação sensitiva de 1/3 posteri-

or da língua, tonsilas palatinas, faringe, orelha média e corpos carotídeos

Nervo Trigêmio: V par craniano, motor e sensitivo, possui o ramo mandibular, of-

tálmico e maxilar. Controla músculos da mastigação (temporal, masseter, pterigóideo

lateral e medial) e a sensibilidade da face (2/3 anterirores da língua, dentes, conjun-

tiva ocular, pele da face, nariz e seios paranasais)

Nervo Vago: X par craniano,motor e sensitivo, responsável pela inervação paras-

simpática de praticamente todos os órgãos abaixo do pescoço: pulmão, coração,

estômago, intestino delgado, órgãos sexuais, estabelecendo a homeostase

Neuroplasticidade: mudanças fisiológicas, bioquímicas e ou anatômicas, no siste-

ma nervoso provocadas por estímulos, injúrias, drogas

Núcleo: conjunto de neurônios localizados no sistema nervoso central

Núcleo coclear: primeiro núcleo da via auditiva central, recebe informações da có-

clea através do nervo auditivo (VIII par) Núcleo cuneiforme e núcleo grácil: integram o sistema somatossensorial, rece-

bem informações dos receptores proprioceptivos, táteis e vibratórios da superfície

corpórea, formam o núcleo medular dorsal. Órgão de Corti: (denominado com o nome do anatomista italiano que o identificou)

localiza-se na rampa média ou ducto coclear da cóclea, sobre a membrana basilar,

banhado por endolinfa, composto pelas células ciliadas externas e internas, pilares

de Corti e células de sustentação

Órgão Tendinoso de Golgi: receptor periférico dos tendões, capaz de detectar a

tensão sobre os tendões

Otite: inflamação da orelha externa ou da orelha média, podendo provocar dor, fe-

bre, perda auditiva, zumbido

Otosclerose: doença hereditária, degenerativa, caracterizada por neoformação ós-

sea (em geral, acometendo a janela oval e a platina do estribo), mais frequente em

mulheres, entre 20 e 30 anos

Perilinfa: líquido céfalo-raquidiano (rico em sódio), que chega à parte óssea da có-

clea através do aqueduto coclear

Pitch: sensação psicoacústica relacionada à tonalidade (frequência) do som

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Pontos-gatilho miofasciais: ou trigger points, pequenas áreas hipersensíveis loca-

lizadas em bandas musculares tensas que espontaneamente ou com estímulo me-

cânico desencadeiam dor

Polarização celular: estado de repouso da membrana celular, carregada positiva-

mente do lado externo e, negativamente do lado interno

Potencial de ação ou impulso elétrico: fenômeno de natureza eletro-química cau-

sado pela despolarização celular, provocando mudança brusca e rápida no potencial

da membrana celular

Propriocepção: percepção da localização, posição e orientação espacial do corpo e

da força exercida pelos músculos, sem o uso da visão; também denominado cines-

tesia Reumatismo: grupo de doenças (artrites, mialgias, neurites) que afeta o sistema

músculo-esquelético (articulações, músculos, cartilagens, fáscias, tendões, ligamen-

tos e ossos), também podendo comprometer rins, coração, pulmões, intestino e pe-

le. Estão relacionadas a fatores genéticos, traumatismos, trabalho intenso, obesida-

de, sedentarismo, estresse, ansiedade, depressão e alterações climáticas, causando

dores e limitações de movimentos

Schwanoma do acústico: proliferação anômala das células de schwan (células de

suporte e isolamento dos nervos periféricos), tumor não maligno

Sistema auditivo periférico: formado pela orelha externa, orelha média, orelha in-

terna e nervo auditivo

Sistema auditivo central: núcleos, tratos e vias que processam e conduzem a in-

formação auditiva até o córtex auditivo no lobo temporal

Sistema endócrino: conjunto de glândulas que produzem hormônios; interage com

o sistema nervoso para coordenar e regular as funções corporais

Sistema límbico: apesar da denominação e do conhecimento controverso, presu-

me-se como responsável pelas emoções e memória. É composto por diversas estru-

turas: amígdala, hipocampo, hipotálamo, corpos mamilares, septo pelúcido, giro do

cíngulo, ínsula.

Sistema nervoso autônomo: parte do sistema nervoso que controla a respiração,

circulação do sangue, temperatura corporal, digestão. É o principal responsável pelo

controle automático do corpo diante das mudanças do ambiente, está interligado

com o hipotálamo (que coordena a resposta comportamental para garantir a

homeostasia)

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Sistema somatossensorial: responsável pelo processamento das experiências

sensoriais e cinestésicas, envolvendo tato, pressão, vibração, dor, sensação térmica

(frio e calor), propriocepção (a partir dos deslocamentos de músculos e articulações)

Tálamo: conjunto bem definido de vários núcleos neuronais que se situam na pro-

fundidade dos hemisférios cerebrais. Responsável pelo controle e organização de

estímulos vindos da periferia e do tronco cerebral e projetando-os ao córtex

Tampão de cerume: oclusão do conduto auditivo externo por excesso de cerume. A

produção exagerada está relacionada à individualidade, alterações metabólicas e

excesso de limpeza

Thermal noise: ruído gerado pela agitação térmica de elétrons em um condutor.

Também denominado Johnson noise ou ruído de Johnson.

Tonotopismo ou seletividade de frequência: distribuição organizada e tópica da

resposta a estímulos tonais (graves, médios e agudos). O tonotopismo está presente

na membrana basilar, nas fibras do nervo auditivo e nas estruturas auditivas centrais

Tuba auditiva patente: tuba auditiva permanentemente aberta

Trauma acústico: perda auditiva súbita após exposição a ruído intenso

Tronco cerebral: porção do sistema nervoso central situado na fossa craniana pos-

terior, entre a medula e o cérebro, formado pelo bulbo, ponte e mesencéfalo

Via auditiva central, clássica ou lemniscal: conduz estímulo auditivo (impulso elé-

trico) das fibras distais do nervo auditivo à córtex auditiva primária. As sinapses ocor-

rem em quatro sítios específicos: 1. neurônio, núcleo coclear; 2. neurônio, colículo

inferior; 3. neurônio, corpo geniculado e 4. neurônio córtex primária

Via auditiva central, não clássica ou extralemniscal: recebe estímulos do VIII par

craniano, bem como do V,VII,IX, X e nervos espinhais C1 a C8, projetando-os à cór-

tex auditiva associativa

Whiplash: movimento súbito de flexão e extensão da coluna cervical causado por

acidente de carro, “chicote” cervical.