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TIAGO GUEDES 2003-2013
10 ANOS DE MATERIAIS DIVERSOS
UM SOLO – MATERIAIS DIVERSOS – MATRIOSKA – HOJE (estreia)
12 Nov a 14 Dez | Lisboa, Torres Novas, Porto
Dez anos após a estreia do emblemático solo Materiais Diversos de Tiago
Guedes, a associação do mesmo nome desenhou um pequeno ciclo
comemorativo da obra coreográfica do seu director artístico.
A reposição dos dois solos que assinalam o início da sua carreira – Um Solo
(2002) e Materiais Diversos (2003) – e da entusiasmadamente recebida
peça para jovens públicos Matrioska (2007), bem como a estreia absoluta
de Hoje, nova criação de Tiago Guedes, colocam em perspectiva o percurso
de um criador que vem renovando o olhar sobre aquilo a que
convencionamos chamar “dança”.
Por ocasião deste ciclo, apresenta-se ao público português a monografia
Instantanés 01 – Tiago Guedes, uma publicação inteiramente dedicada ao
trabalho do coreógrafo pelo Centre Pompidou-Metz (2011), com textos do
jornalista e crítico de arte Tiago Bartolomeu Costa.
Para ver entre 12 de Novembro e 14 de Dezembro no espaço Alkantara
(Lisboa), Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), Teatro Nacional São João
(Porto), Teatro Virgínia (Torres Novas) e Culturgest (Lisboa).
ESTREIA
Festival Danças Na Cidade / Encontros Imediatos, Galeria ZDB, Lisboa
23 de Junho de 2002
PRÉMIOS
Prémio do Público no âmbito do programa
Encontros Imediatos do Festival Danças Na Cidade
Prémio Jovens Criadores da Bienal dos Jovens Criadores
da Europa e do Mediterrâneo
APRESENTAÇÕES
12 países / 3 continentes: Portugal, França, Bélgica, Áustria, Hungria, Alemanha,
Espanha, Itália, Grécia, Índia, Brasil, E.U.A. | nº: 170
SINOPSE
A minha casa muitas vezes é o meu único refúgio.
Quantas vezes não corri já para dentro dela com medo da rua, das pessoas, do
trânsito, das velhinhas e das crianças e acima de tudo do meu Eu social que muitas
vezes domina e aniquila o que realmente sou.
É dentro das quatro paredes que limitam o meu “terreno” que deixo de me sujeitar a
todas as adversidades diárias, à falsidade que não controlo e à hipocrisia da
dissimulação.
Dentro de minha casa consigo ser o que sou, sem qualquer tipo de conduta moral e
social especiais, só eu aqui.
Embora tudo possa acontecer e aconteça, a forma espontânea com que isso se passa é
reveladora de que nada e ninguém neste espaço interferem comigo.
De que forma o privado é revelador do que realmente sou?
Como é que explico que as coisas que realmente me surpreendem acontecem quando
estou sozinho e sem que as predestine?
Por que é que prezo tanto esta barreira de territórios que no fundo é uma barreira
entre duas personalidades?
Tiago Guedes, 2002
FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA
Concepção, espaço cénico e interpretação Tiago Guedes
Co-produção Bomba Suicida / Festival Danças na Cidade
Produção Materiais Diversos
Agradecimentos Martim Pedroso, Ricardo Matos Cabo, Galeria ZDB e Danças na
Cidade
Apoio RE.AL, Atelier RE.AL, Lisantigo, Alkantara
M/3 | 30min
TRAILER | FOTO HR
O QUE DISSE A IMPRENSA
Quando Lisboa Dança
O festival Danças na Cidade espalhou ontem por Lisboa 16 projectos artísticos. E apresentou
ao público criadores novo em espaços inusitados, alguns quase esquecidos. (…)
No Bairro Alto, as pessoas subiam e desciam a Travessa da Espera ou a Rua da Atalaia. “Hoje a
correria começou logo de manhã?”, perguntava uma moradora da Rua da Barroca, ao passar
pela porta da Galeria Zé dos Bois (ZDB), onde Tiago Guedes apresentou “Um Solo”, um
trabalho de descoberta centrado na capacidade de transformação dos objectos na
narratividade própria dos materiais.
Numa das salas da ZDB, Tiago Guedes entregou-se a uma pequena performance que resulta
de uma reflexão em torno da construção do espectáculo. “ Interessa-me aprofundar esta
questão do espaço em trânsito, do espaço cuja leitura pode mudar a qualquer momento pela
introdução de um objecto qualquer. Quero trabalhar o “intérprete não – expressivo” – ou o
menos expressivo possível - , procurando saber até que ponto a música pode ser uma muleta
decorativa, ate que ponto o movimento vale por si.”.
Partindo de simples sacos de papel pardo, Tiago Guedes criou um universo em que o público e
o privado se confundem, em que os objectos são os “protagonistas”, em que se aprende
muito sobre o olhar para o lugar que lhe serve de referência.”
Lucinda Canelas in PÚBLICO, 22 de Junho 2002
Lições de habitação
Não pede muito. Um espaço mais ou menos amplo, vazio de preferência, canetas, tesoura e
papel. São “materiais que fazem parte do meu imaginário” – justifica o autor do “solo” – “só que
lhes dou um significado diferente”. Corta, recorta, idealiza, pinta, cria e, sobretudo, transmite.
Mostra como uma pessoa pode caracrerizar um espaço vazio e sem qualquer identidade num
local que é a “nossa cara”. A chamada de atenção está na forma como o “olhar social” nos
condiciona ou. Por outro lado, a ausência dele deixar fluir o nosso ego.
“Um Solo”, um espectáculo de dança que transpira imaginação. Dança sem música. Como é que
com uma tesoura, algumas canetas e papel podemos materializar o nosso eu?
Tiago Guedes criou e conebeu o espaço cénico e é também o único intérprete deste espectáculo
estreado nos “Encontros Imediatos do Festival Danças na Cidade, que há um ano deambula pelo
país. (…)
Célia Marques Azevedo, PÚBLICO, 10 de Outubro de 2003
Um Solo
Uma cabeça dentro do saco.
Sob o néon, um ambiente branco, do chão às paredes. Foi esta espécie de página em branco que
Tiago Guedes escolheu como ponto de partida em Um Solo. Um espaço sem nome nem vocação
particular, um espaço vazio, livre, simplesmente dispondo, ao longo do espaço, de vários sacos
de papel kraft cuidadosamente alinhados. Nada de espectacular, portanto. Trata-se unicamente
de um solo, um só, como primeiro passo, um primeiro gesto acompanhado de uma questão:
“como é que a esfera privada pode revelar o que somos realmente?”. A porta que se abre no
início da peça deixa aparecer um jovem vulgar, vestido de jeans e ténis, com uma mochila às
costas. E, desde o primeiro minuto, através do percurso de uma simples caminhada, traço de
uma linha no espaço, o jovem performer instala um clima, uma hipótese, uma espera. Para ele
parece que pendurar o casaco e a mochila na parede – como quando entramos em casa, por
exemplo – implica a colocação do prego nessa superfície, para aí pendurar as suas roupas. Por
mais banais que sejam, curiosamente, estes gestos praticados na fronteira da intimidade, dão ao
espaço a sua dimensão privada, com um sentido de transformação em que a escrita minimal,
pouco a pouco, tece o discurso. A partir de elementos simples, em bruto, que descrevem ou
encenam o abandono do sujeito, a colecção de figuras ínfimas anteriores ao quotidiano, o
imaginário de um corpo em estado de solidão, Tiago Guedes desencadeia uma poética.
O processo utilizado em Um Solo cria espontaneamente um território interior. Mas este escapa-
se do seu limiar, paradoxalmente aberto, como uma confidência feita ao olhar do espectador. A
postura do artista e a sua presença em cena são neutralizadas, de certa maneira desarmadas.
Corpo e objectos partilham uma mesma realidade, medida da existência ou da ausência, ou até
mesmo do desaparecimento. Em silêncio, tendo como único suporte uma tesoura, um rádio,
uma caneta de feltro, uma maçã, um espelho e papel, o artista compõe mundos através de
recortes, de colagens, de equações e variações. Existe um cunho de auto-retrato nesta
performance, o que não impede que surjam, constantemente, pequenas ficções. É visível,
também, o gosto pela infância e os seus jogos inventivos. Nesta experiência, cruzam-se vários
tipos de escrita. Composição coreográfica, artes plásticas, literatura. Um Solo torna-se esse
objecto, uma espécie de bolha translúcida, recipiente do ser vivo, onde se desenrola um
processo, por vocação, incompleto ou infinito. Acompanhando o carácter sereno e
desemparado dos seus gestos, Tiago Guedes desenvolve uma série de discretas metamorfoses,
pontuadas pela retoma de um gesto, sempre o mesmo: dirigir-se a um saco, enfiar a cabeça lá
dentro, sentar-se (com a cabeça dentro do saco), ser aquele corpo sem cabeça, marcar um
tempo, como um apagamento, antes de se dedicar a uma nova acção. Desta forma, o performer
contribui para a invenção de um teatro diferente. Um acto que – à semelhança das obras de
Kurt Schwitters, nomeadamente – consegue integrar os dados da colagem e da abstracção à
performance viva.
Irène Filiberti, 02/05 Tiago Guedes, 2005, RE.AL
CIRCULAÇÃO UM SOLO 2002-2013
2011
Metz (França), L’Instantané Tiago Guedes - L’Ecole Supérieure d’Art de Lorraine – ESAL, Novembro
2009
Bangalore (Índia), Attakkalari Biennal 2009, 15 de Fevereiro
2008
Lisboa (Portugal), Negócio/ZDB, de 25 a 30 Março (6 apresentações)
Roubaix (França), Compagnie L’Oiseau-Mouche, 19 Maio
Portland (EUA), TBA Festival, 8, 9 e 10 de Setembro
São Paulo (Brasil), SESC PAULISTA, 30, 31 Outubro e 1 Novembro
Salvador da Baía (Brasil), UFBA Universidade Federal da Bahia, 12 Novembro
Évora (Portugal), Black Box, CDCE – Companhia de Dança Contemporânea de Évora, 13 de Dezembro
2007
Liège (Bélgica), Théâtre de la Place, 12 e 13 Setembro
Bruxelas (Bélgica), Théâtre de L’l, 15 e 20 Outubro
2006
Armentières (França), Festival Vivat la danse, 29 e 30 Março e 1 Abril
Budapeste (Hungria), Festival de Outono de Budapeste, 17 Outubro
Bruxelas (Bélgica), Kaaitheater, 15 e 16 Dezembro
2005
Armentières (França), Le Vivat, 22 Fevereiro
Viena (Áustria), Dietheater/Imagetanzperspektive, 18 e 19 Março
Marselha (França), Marseille Objectif Dans, de 26 a 30 Abril
Lisboa (Portugal), Galeria ZDB, Outubro e Novembro (28 apresentações para público infantil e juvenil)
Vitoria-Gazeits (Espanha), ARTIUM Centro-Museo Vasco de Arte Contemporâneo, 18 de Novembro
2004
Paris (França), Théâtre de la Bastille/Galerie Anatome, 12 Janeiro
Toulouse (França), Festival MIRA, 4 e 5 de Março
Roubaix (França), Le Gymnase/Danse-à-Lille, 25 Março
La Norville (França), Centre Culturel/Danse à Lille, 27 Março
Colónia (Alemanha), Festival Tanzperformance Köln, 29 e 30 Junho
Santarcangelo (Itália), Festival Internacional Santarcangelo dei Teatri, 6, 7 e 8 de Julho
Rio de Janeiro (Brasil), 13ºPANORAMA Rioarte de Dança, 30 e 31 Outubro
Tours (França), Le chore-graphique04, 2 e 3 Dezembro
2003
Santa Maria da Feira (Portugal), Mostra Jovens Criadores Portugueses 2003, 20 Março
Coimbra (Portugal), Hotel Residencial Avenida, 23 Março
Atenas (Grécia), Bienal dos Jovens Criadores do Mediterrâneo, 8 Junho
Lille (França), Festival Latitudes Contemporaines, 6 e 7 Julho
Sintra (Portugal), Chão de Oliva, 11 e 12 Julho
Porto (Portugal), Galeria Maus Hábitos, 19 Julho
Lisboa (Portugal), Galeria ZDB, 24, 25 e 26 Julho
Vila Nova de Famalicão (Portugal), Casa das Artes, 9, 10 e 11 Outubro
2002
Lisboa (Portugal), Escola de Arte ARCO, 7 Dezembro
Chaves (Portugal), Sala de Baile dos Bombeiros, 12 Setembro
Palmela (Portugal), Festival Internacional das Artes da Rua (FIAR), 13 Julho
Lisboa (Portugal), Galeria ZDB, Festival Danças Na Cidade, 23 Junho (13 apresentações)
ESTREIA
Teatro Nacional D. Maria II - Sala Estúdio Amélia Rey Colaço / Robles Monteiro, Lisboa
11, 12 e 13 de Setembro de 2003
PRÉMIO
Prémio Jovens Criadores do Clube Português de Artes e Ideias
APRESENTAÇÕES
13 países / 3 continentes: Portugal, França, Bélgica, Reino Unido, Rússia, Espanha,
Hungria, Holanda, Suíça, Eslovénia, Brasil, E.U.A., Índia | nº: 70
SINOPSE
“Ao tentar afastar-me cada vez mais de um espectáculo coreográfico, continuando o
meu trabalho à volta dos materiais plásticos e da relação intérprete/função, uma
inesperada aproximação à coreografia se revelou...
De que forma e de onde se pode ainda extrair coreografia?
Como é que, a partir de uma partitura à volta dos materiais, se pode reinventar essa
mesma partitura e transformá-la em algo tão abstracto quanto possível?
Como é que estes Materiais Diversos (plásticos e coreográficos) se influenciam, se
interligam e estabelecem relações entre si?”
Tiago Guedes, 2003
FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA
Concepção e coreografia Tiago Guedes
Interpretação David Marques (29 e 30 Nov), Tiago Guedes (1 Dez)
Desenho de luz Caty Olive
Música Raymond Scott
Assistente de direcção e consultor artístico Marcelo Costa
Assistente de ensaio Inês Jacques
Acompanhamento artístico João Fiadeiro (coreografia e concepção), Walter Lauterer
(espaço), Marta Wengorovius (no âmbito do LAB 10)
Direcção técnica Mafalda Oliveira
Produção Materiais Diversos
Co-produção Lille 2004, Capital Europeia da Cultura, Le VIVAT (Armentières) e Dança
para 4 Estações/Chão de Oliva
Projecto financiado pelo MC (Ministério da Cultura)/IA (Instituto das Artes)
Apoio Fundação Calouste Gulbenkian, no âmbito do Programa de apoio para Novos
Encenadores, RE.AL, Atelier RE.AL
M/3 | 50min
TRAILER | FOTO HR
O QUE DISSE A IMPRENSA
Materiais Diversos
“Será que Tiago Guedes acrescenta objectos aos gestos, ou suprime os objectos do gesto?
Em Materiais Diversos, ele começa com uma metódica medição e marcação do espaço,
pontuado com a execução de uma série de motivos gestuais sóbrios, em segmentações,
inclinações, articulações dos seus membros. Tudo parece absolutamente concreto, evidente.
Presente. Semáforo vivo que se move, o artista foca a nossa intensa atenção sobre os signos
em bruto de gestos incontestados, aparentemente vazios de sentido. Cada espectador é
convidado a elaborar livremente as suas próprias narrativas. Gestos modestos abrem o
cadeado do vasto imaginário.
O trabalho é metódico, escrupulosamente ritmado. Calmante e agradável. Expostos com
frontalidade, são aqueles os materiais da dança. Os fundamentais. Indicam-nos que um
simples passo esboça um projecto sobre o mundo. Que a mão que faz o seu percurso anima-se
numa mudança do olhar. Ou que o tempo está sujeito a torções no estreitamento do espaço,
por onde se enuncia a arte coreográfica. São diversos passeios da percepção habitada.
Ocupado com estas acções, que vão dando uma ordem às composições, inclinações,
combinações, articulações de figuras corporais, Tiago Guedes é o arquitecto desenhador que
se apodera de um plano de vida: enlouquecedora produção de um despojamento
impressionante, materialização vertiginosa de um espaço do nada, no desabrochar de uma
enigmática simpatia juvenil.
Depois surgem os objectos. Objectos simples. E com eles a retoma de gestos, estranhamente
similares, já vistos e subitamente despojados de sentido. Será que com os objectos tudo se
torna ainda mais concreto? Será que temos de falar indubitavelmente de acções, agora mais
do que antes? Entre o gesto e o objecto, qual surgiu primeiro? Qual deles foi retirado? Por que
ordem? Qual é a textura da imaginação? Quem é que produz? Que imaterialidade mental
enforma estes materiais diversos? E outras questões que se inscrevem entre a escrita e o
sonho.
Estamos perante um desdobramento dos materiais da dança, que voltam a ganhar vida, no
coração de um laboratório da presença. Presença: não esse fogo sagrado cénico, um pouco
kitsch, a que se afeiçoaram os artistas incendiários, mas antes faúlhas poéticas acesas para
romper com os artifícios das asserções de evidências. Para fazer o esquisso da clareira de uma
pequena floresta, Tiago Guedes queima um ecrã feito com folhas de jornais, escurecido pelos
milhões de linhas ditas informativas.
Fantasista e meticulosa, esta interpretação do mundo tem o teor dos jogos da transformação
do eu. E a novidade seria que a idade adulta se aceitasse também como uma infância mais
sofisticada.”
Gérard Mayen
in 02/05 Tiago Guedes, 2005, RE.AL
“(...) O meu trabalho não se desenvolve de forma a que possa terminar uma peça, esquecê-la e
dar início a outra. Existe sempre uma espécie de resíduo que passa de uma peça para as
outras, é algo que trabalho conscientemente. Que questões ficaram por concluir, a que
problemas é que gostava de voltar? Faço sempre uma repescagem das coisas que preciso
voltar a trabalhar. Que mais potencialidades é que este material pode ter? Este bloco teve esta
finalização – como é que poderia ser desenvolvido? Será que posso usar esta imagem noutra
peça e noutro contexto? Tenciono sempre trabalhar a partir desses resíduos que me parecem
ainda ter algo para dar. Em relação a Materiais Diversos, existia esta ideia subliminar que era o
meu desejo de fazer um trabalho só à volta dos materiais, uma espécie de viagem coreográfica
por uma paisagem de materiais que eu ia construindo e desconstruindo. A partir dos LAB isto
modificou-se: comecei a questionar-me sobre o que poderia ser isto da coreografia que nasce
dos materiais e foi assim que surgiu este díptico. Há uma coreografia que existe a partir
daquela que eu fazia com os materiais, só que desprovida desses materiais, numa espécie de
abstractização; uma coreografia abstracta mas a partir de uma coisa concreta. E depois a
repetição dessa coreografia mas já com a sua funcionalidade, que lhe fornece outra dimensão.
Mas isso foi mais tarde: numa primeira fase, a peça era para ser só a segunda parte, ou seja, só
esta viagem onde se constrói uma geografia dos materiais na qual o corpo do intérprete é um
corpo funcional que às vezes fornece alguns sentidos e alguns contextos. Essa parte é agora
acrescida de outra, na qual os materiais são reduzidos a uma abstracção, tanto que a peça se
torna suficientemente aberta para que cada pessoa possa ver lá o que quiser e construir a sua
própria história. Agrada-me não canalizar o público para uma determinada percepção, que
seja ele a ter um papel activo na construção do discurso sobre aquilo que está a ver. E
Materiais Diversos acaba por ser isso. Claro que uma das melhores críticas que me fazem – eu
próprio tenho pensado muito nisso agora – é: afinal as tuas peças são acerca de quê? É uma
espécie de tema que não existe. E as pessoas questionam-se, dizem que vêem uma peça
formal, muito bem construída, com uma análise dos elementos do espectáculo bem
arquitectados, mas querem saber qual é o tema. O tipo de questões que me assaltou na altura
tinha precisamente a ver com esta natureza formalista: que tipo de coreografia é esta com os
materiais? Que tipo de corpo é este? Que tipo de intérprete é este, funcional, mas também
construído? Porque a repetição dos gestos funcionais tornam-no completamente construído e
coreográfico. Foi depois de me ter posto todas estas questões que surgiu esta estrutura em
díptico: um esqueleto em cuja primeira parte as pessoas vêem o intérprete a fazer a sua
coreografia abstracta, de movimentos e percursos, e numa segunda parte concretiza-se a
contextualização desses movimentos, em que a abstractização dá lugar à materialização dos
objectos. Ou seja, revela-se a primeira parte em relação à segunda, porque se dão os materiais
de onde aquela coreografia saiu. Mas, de facto, não há nenhum tema a não ser um
questionamento da própria forma, um questionamento desta relação entre o que é material
coreográfico e o que é material plástico. E como é que derivam um do outro».
Tiago Guedes
in DUAS COLUNAS
jornal editado pelo Teatro Nacional São João no Porto – Fevereiro 2004
Topografias em suspenso
“Aos vinte e cinco anos, com três peças no activo, Tiago Guedes afirma já uma bela estratégia
da construção e da narrativa. Utilizando no entanto materiais simples e básicos, consegue
inscrever os corpos no espaço poético de ambientes incrivelmente abertos e mutantes:
topografias constantemente renovadas, no interior das quais andamentos e travessias,
manipulações e conjuntos de objectos, conseguem estruturar o tempo dado em
representação. Uma tesoura, instruções deixadas numa folha, o papel de jornal de um
semanário, um rolo de fita adesiva… As acções como as coisas – muitas vezes indefinidas, à
semelhança dos títulos das suas peças – parecem muitas vezes estar lá para permanecer em
suspenso, esperar que um terceiro acontecimento se lhes venha conjugar, e revelar enfim a
sua razão de ser. Lúdicas, as proposições do coreógrafo nunca são contudo casuais: captam
delicadamente a atenção e conseguem sempre produzir o seu enunciado, demonstrando
assim que bastava deixar o tempo agir para se deixar envolver no jogo. “A ideia é criar em cena
uma paisagem que respire e se modifique, para a reconfigurar a cada instante, mas também
poder modificá-la evitando deixar as coisas instalar-se.” Assim que o jovem lisboeta se apodera
dos materiais coreográficos e visuais que utiliza, não prevê necessariamente que as acções
levadas a cabo em cena participem na constituição de um quadro final: “Trata-se muito mais
de agir etapa por etapa, e de dar a ver o tempo que isso pode tomar. Não é pois tanto o
resultado, mas a construção desse resultado que me interessa.” Tiago Guedes faz também
prova de uma presença singular (...) Materiais Diversos – criado em Setembro passado –
Guedes compõe instantâneos panorâmicos cujas imagens vêm fixar-se no olhar do espectador,
um procedimento de construção que explorava já no seu primeiro solo. “Esse aspecto do
trabalho interessa-me muito particularmente e é o que pretendo continuar a explorar de
futuro: a forma como a percepção e a memória permitem ao espectador estar activo durante o
tempo de uma representação. É igualmente necessário que pessoas diferentes possam ver
coisas diferentes naquilo que lhes mostro, por isso é importante que elas estejam abertas à
interpretação.” Reflectir e experimentar, tomar diferentes caminhos não esquecendo que
improvisar, é também narrar…”
David Bernadas
in Mouvement nº26 (Janeiro-Fevereiro 2004)
Novas deambulações de um viandante
“Termina hoje a apresentação na Sala Estudio do Teatro D. Maria II, dos solos coreográficos
Materiais Diversos de Tiago Guedes e One Woman Show de Cláudia Dias. As propostas
resultam de um projecto de “criação assistida” desenvolvido pela RE.AL, no qual se propôs aos
dois criadores o confronto centre os seus matérias e estratégias criativas com um olhar crítico
exterior - neste caso João Fiadeiro (coreografia e concepção), Walter Lauterer (espaço) e
Marta Wengorovius (projecto LAB de reflexão artística) - que questionasse a sua viabilidade e
coerência.
Dentre ambos destaco o novo trabalho de Tiago Guedes (1978) - na folha de sala indica-se
“coreografia” - por de novo se posicionar como deambulação em torno dos modos de
manifestar e encadear visualmente sentidos, diluindo assim a indexação a uma pratica artística
definida. Esta reincidência performativa tornar-se-á mais clara se recordarmos que já em Um
Espectáculo com Estreia Marcada, o seu projecto anterior (ver DN, 28.10.2002), teatro e dança
se fundiam num corpo deambulante que, em palco. articulava o movimento de um vulgar
quotidiano urbano (reforçado pelo figurino casual wear) e as imagens que confrontam quem
se desloca (flashes de pessoas, espaços e objectos) com o movimento do criador em busca
duma linguagem artística singular.
Materiais Diversos vem reforçar, de modo diferente, esta permeável dimensão espectacular.
Mantendo-se o enquadramento d'Um Espectaculo... (cena estúdio, figurino, manipulação de
materiais menos nobres), constrói-se um díptico especular, onde a primeira parte é o reflexo
desmaterializado da segunda. Vê-se primeiro uma coreografia de gestos deambulatórios.
evidentemente sujeitos a uma ordem opaca ao espectador; depois a sucessão de quadros, que
os motivou (constante metamorfose de jornais, sacos de plástico, fita-cola, cadeiras através
dos quais se encadearão uma paisagem, um rio, um mar agitado, uma figura espectral que
sufoca num excesso de criação). A inteligência transparente e a suave ironia que afectam este
duplo movimento (e não esforço, subtileza que acentua a teatralidade), tornam imperdível
esta proposta, indiciando uma consolidada e assinalável maturidade performativa de Tiago
Guedes.”
Miguel-Pedro Quadrio
in DIÁRIO DE NOTICIAS, 13 .09.2003
“Materiais Diversos”, assim se intitula o mais recente trabalho do coreógrafo Tiago Guedes. O
solo, apresentado na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, teve a sua génese no seio dos
LAB/Projectos em Movimento, uma plataforma de confronto e debate de linguagens
performativas, que tem vindo a ser proposta pela RE.AL/João Fiadeiro, desde 1993. Após a
residência no Lugar Comum (em Abril último), e umas quantas mostras públicas pelo meio,
Fiadeiro decidiu desafiar o coreógrafo no sentido de dar continuidade aos seus projectos,
direccionando-o até à materialização num qualquer formato “espectáculo” (ideia, aliás, não
subjacente aos objectivos dos LAB). Ao propor o suporte da estrutura de produção da RE.AL, o
convite acabou por constituir uma oportunidade do criador inaugurar uma nova fase no seu
percurso artístico.
“Materiais Diversos” é fiel ao trabalho que Tiago Guedes tem vindo a desenvolver nos últimos
anos. A ausência de coreografia, a transformação/manipulação de materiais plásticos, a
anulação da emoção por parte do intérprete e a consecutiva criação/construção em palco de
um ser funcional, cujas tarefas existem apenas para dar sentido ao que fisicamente se espalha
à sua volta, são as linhas mestras que orientam as suas propostas. Desta vez, porém, o criador
foi apanhado de surpresa pela evidência da coreografia – que estaria inerente à frieza da
funcionalidade –, como se o artista, ao afastar-se obsessivamente de uma coisa, acabasse por
se aproximar dela de forma ainda mais implacável. O trabalho teve, então, que ser dividido em
dois blocos distintos: uma partitura feita a partir da manipulação dos materiais diversos
(jornais, plásticos, fita-cola, etc.), e uma coreografia abstracta criada a partir dessa partitura. A
intenção do criador prendeu-se, também, com a estimulação da memória activa do
espectador, que assim terá que detectar os pontos comuns, ou então reconhecer as
dissemelhanças. Duas faces de uma mesma moeda (uma essencialmente plástica, a outra
essencialmente coreográfica) que, apresentadas de forma não-cronológica, dão ao
espectáculo um carácter circular e infinito, como se fosse possível arrastá-lo em loop até à
exaustão.”
Rogério Nuno Costa
in DIF, Setembro 2003
Tiago Guedes – Materiais Diversos
“O que é o significado em dança? De certa forma a peça que Tiago Guedes criou como
resultado da sua participação nos «laboratórios» de experimentação da RE.AL aponta no
sentido dessa questão. A relação entre significante e significado ganha uma força reflexiva nos
dois momentos que compõem a peça, apanhando os espectadores de surpresa. Se o gesto
aponta para um referente que cabe ao espectador complementar e apreender na partitura de
movimentos, (como acontece na musica, que sendo uma linguagem, não possui um sentido
traduzível), num segundo momento, quando esse gesto se desvela numa interacção com
materiais, readquire então uma nova dimensão de sentido, desta vez poético, no acto de dar
forma e num referente. Torna-se em significado, portanto.
(...) Este trabalho surge em co-produção com a RE.AL que também agencia os anteriores
trabalhos de Tiago Guedes, abrindo-lhe as portas para futuras apresentações nos circuitos
internacionais, nomeadamente em Paris no Théâtre de la Bastille e em Lille, (Capital Europeia
da Cultura 2004), para o próximo ano.
No seguimento dos trabalhos anteriores, a exploração e integração de materiais plásticos volta
a estar presente neste sua nova peça. «É uma área que me interessa explorar cada vez mais.
Poder fazer esse deslizar do sentido dos materiais para o sentido da coreografia. No início
deste processo comecei pela exploração de alguns materiais, são sempre coisas do quotidiano,
coisas que nos rodeiam, jornais, plásticos, etc. A partir daí vou encontrando uma forma. Mas
desta vez percebi que sob a manipulação desses materiais escondia-se verdadeiramente uma
partitura coreográfica. Interessa-me explorar essa vertente: a passagem dos materiais
plásticos para os materiais coreográficos», revela Tiago Guedes. Essa transformação rompe
claramente com a noção tradicional de espectáculo de dança, colocando-o na fronteira com as
artes plásticas, com a instalação, com a performance. E por outro lado com a «poética» (de
«poésis»), no sentido do fazer, do agir, de dar forma e de dar significado. E poético também no
sentido de representar metaforicamente uma certa ideia de mundo e de paisagem. Estamos
perante um objecto tocante, sensível e mágico ao mesmo tempo.(...)”
Rui Cintra
in MAGAZINE DAS ARTES, Setembro 2003
CIRCULAÇÃO MATERIAIS DIVERSOS
2003-2013 2013
Lisboa (Portugal), Teatro Nacional Dona Maria II - Sala Estúdio Amélia Rey Colaço/Robles
Monteiro, 29 Novembro – 1 Dezembro
2011
Metz (França), Centre Pompidou-Metz, 19 Janeiro
Leiria (Portugal), Teatro José Lúcio da Silva, 26 Fevereiro
Minde (Portugal), CAORG, 5 Novembro
2010
Salvador, Baía (Brasil), Encontro Interação e Conectividade, Teatro Vila Velha, 8 Julho
2009
Bangalore (Índia), Festival Attackalari, 15 Fevereiro
Évora (Portugal), Festival Internacional de Dança Contemporânea, Black Box CDCE, 5
Novembro
2008
Vanves (França), Festival Artdanthé , 19 Fevereiro
Lisboa (Portugal), Negócio/ZDB, 25-30 Março
Alcanena (Portugal), Cine-Teatro São Pedro, 11 Maio
Roubaix (França), Compagnie L’Oiseau-Mouche, 19 Maio
Lisboa (Portugal), B-24, Junho, Museu Colecção Berardo, 3 Julho
Moscovo (Rússia), Festival The Personal Profile, Actovy Zal, 26 Julho
Portland (E.U.A.), TBA Festival, Winningstad, 8-10 Setembro
London (Reino Unido), Festival Dance Umbrella, The Place, 14-15 Outubro
Belo Horizonte, (Brasil), Teatro Izabella Hendrix, 24-25 Outubro
São Paulo, (Brasil), SESC Paulista, 29-30 Outubro
Salvador da Baía, (Brasil), UFBA - Universidade Federal da Bahia, 11-12 Novembro
2007
Bruxelas (Bélgica), Halles de Schaerbeek, 26-27 Outubro
Armentières (França), Festival Vivat la danse, 15 Fevereiro
Rennes (França), Centre Chorégraphique National de Rennes et de Bretagne, 7 Fevereiro
2006
Rio de Janeiro (Brasil), Panorama Rioarte de Dança, 18 Novembro
Bilbao (Espanha), La Fundicion, 4-5 Novembro
Budapeste (Hungria), Festival de Outono, 17 Outubro
2005
Vitoria-Gazeits (Espanha), ARTIUM Centro-Museo Vasco de Arte Contemporâneo, 18
Novembro
Bruxelas (Bélgica), Festival Danse en Vol, 28-29 Outubro
Utrecht (Holanda), Sprindance, 22-23 Abril
Vanves (França), Festival Artdanthé, 22 Janeiro
2004
Tours (França), Festival Le Choré-Graphique, 3 Dezembro
Genebra (Suíça), Festival de la Bâtie, 30 Agosto - 1 Setembro
Ljubljana (Eslovénia), Madli Levi Festival, 23 Agosto
Silves (Portugal), Centro Português de Artes e Ideias/ Mostra Jovens Criadores, June 13
Armentières (França), Le Vivat, 2-4 Abril
Sintra (Portugal), Chão de Oliva, 19-20 Março
Porto (Portugal), TECA_Teatro Nacional Carlos Alberto, 6-7 Fevereiro
Coimbra (Portugal), TAGV_Teatro Académico Gil Vicente, 22-23 Janeiro
2003
V.N. Famalicão (Portugal), Casa das Artes, 16 Outubro
Lisboa (Portugal), Teatro Nacional Dona Maria II - Sala Estúdio Amélia Rey Colaço/Robles
Monteiro, 11-13 Setembro
ESTREIA
Théâtre Le Vivat, Armentières (França), 30 de Janeiro de 2007
APRESENTAÇÕES
11 países / 2 continentes: Portugal, França, Bélgica, Reino Unido, Suíça, Alemanha,
Holanda, Itália, Indonésia, Singapura, Brasil | nº: 126
SINOPSE
Este dueto debruça-se sobre a descoberta - descoberta do ‘Outro’, mas também de
novos significados perante as coisas que nos rodeiam. Matrioska parte da ideia que
existem muitas camadas sobrepostas nas coisas que vemos. Muitas vezes o que vemos
à frente dos nossos olhos não é mais do que uma primeira imagem, a mais imediata de
muitas outras que estarão por trás dela.
A nossa matrioska, em vez de ser uma grande boneca com outras similares lá dentro
(tal como a famosa boneca russa), é uma espécie de lugar que, devido ao seu
dispositivo, permite trabalhar dentro, fora, atrás, à frente, escondido e à vista, fazendo
com que diferentes camadas da realidade se descubram umas às outras numa espécie
de caleidoscópio de imagens e situações.
É este descobrir constante e intrigante que queremos passar às crianças. O que estará
atrás daquilo? Dentro disto? O que é aquela sombra? Estará alguém dentro dela? Que
língua canta esta cantora? O que se esconde debaixo desta forma?
Queremos que Matrioska seja um enigma do princípio ao fim, com questões que são
levantadas, umas respondidas outras não, e que acima de tudo, no final sejam as
próprias crianças a construir a sua própria história.
Nós damos os elementos e os ingredientes, muitas vezes sem qualquer ordem
aparente, às crianças deixamos o desafio de os organizar como quiserem.
Tiago Guedes, 2007
FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA Direcção e coreografia Tiago Guedes
Interpretação Filipe Pereira e Isadora Ribeiro
Cenografia e figurinos Catarina Saraiva
Sonoplastia Sérgio Cruz
Música Sérgio Cruz a partir da Sinfonia n.º1 em Ré Menor opus 13 de Rachmaninov
Desenho de luzes Mafalda Oliveira e Tiago Guedes
Operação Alexandre Costa
Produção Materiais Diversos
Co-produção Le Vivat, Armentières (França), Centro de Pedagogia e Animação (CPA)
do Centro Cultural de Belém, Lisboa (Portugal), RE.AL, Lisboa (Portugal)
Apoio RE.AL, Atelier RE.AL
Agradecimentos Filipe Galante (mistura de som)
Projecto financiado pelo Ministério da Cultura/Instituto das Artes
M/6 | 40min TRAILER | FOTO HR
CONTEXTUALIZAÇÃO
O palco está escuro. Ao fundo, um pano branco esticado. Nele, iniciam-se ínfimos
movimentos. Primeiro ondulações, depois picadas que se lançam e procuram abrir buracos. As
formas ganham corpo e circulam como gráficos, animando-se no ecrã ao ritmo de formas
puras. Formas com aspecto de insectos (uma aranha gigante? um piolho ampliado por um
microscópio? duas mandíbulas vivas que se deslocam como um gigantesco caranguejo
manco?), formas que circulam e se afundam em manchas de tinta num jogo de sombras
chinesas (é um animal? um veado? um alce? com óculos?). O rosto duma estátua aparece,
fixo, subitamente aflorado por um meteorito. Ressoa um grito. É uma mão, uma luva branca
que afasta o pano como uma cortina, é uma rapariga, o braço levantado, quebrado acima da
cabeça, a boca aberta, dá um grito sem voz, canta. A rapariga estende-se, deita-se e adormece.
E depois há qualquer coisa prateada a luzir, a rodar e a rebolar-se, qual bola de neve cromada
vinda da noite, qual meteorito em fusão que atravessa o universo, lentamente. E que pára.
Pouco a pouco, tecem-se relações entre todos estes elementos díspares e a trama de uma
história vê a luz do dia. Ali. Entre aquela rapariga adormecida, a bola prateada e essa coisa
obscura que não tardará a revelar-se.
Ao optar por um trabalho sobre o mistério, Tiago Guedes propõe às crianças um universo
habitado de estranheza onde as razões (sobre a origem e as motivações, a maneira de agir de
formas abstractas ou de personagens entrevistas) ficam em suspenso. A segunda personagem
(essa “coisa” escondida que habita a bola cromada) é certamente o elemento mais intrigante
do espectáculo, ganhando aparências multiformes por vezes inquietantes, por vezes
fantásticas ou mesmo oníricas. A intensidade da música e a repetição de certas passagens
reforça o lado perturbador e emocionante dessa estranheza, sem no entanto dramatizar o
horror ou o medo. A personagem da rapariga, com os seus gritos mudos ou o seu canto numa
língua desconhecida, serve de contraponto à “coisa”, esboçando elementos absurdos ou
pontuando a acção dramática com entreactos cómicos. Com este espectáculo, Tiago Guedes
dá preferência a uma abordagem elíptica e intuitiva (e não tanto narrativa) da história,
deixando às crianças a liberdade de construírem a sua própria relação com o espectáculo,
oferecendo-lhes um jogo em aberto quanto às possíveis resoluções. Criada para um público
infantil, Matrioska chama à atenção, com os seus deslizes significativos entre figuração e
abstracção, para uma sensibilização da forma em si mesma do espectáculo vivo, e para a dança
contemporânea em particular.
O QUE DISSE A IMPRENSA
Desvendar o gesto
Pensar que as peças para crianças devem partir de uma didáctica é não só redutor mas
impeditivo de uma verdadeira formação intelectual. Coloca-se uma importante questão: que
crianças estaremos a formar? Almada Negreiros dizia que “uma criança é apenas um adulto de
olhos abertos”. Sugerir em vez de explicar pode ser a fórmula indicada, mesmo que obrigue à
existência de zonas cinzentas de compreensão. A criação em dança é ainda mais particular já
que nela se impõe a tomada de consciência, pela criança, de que tem um corpo. E a
coreografia trabalha a compreensão de um universo por vezes apenas sensorial e abstracto.
É neste campo da descoberta que se enquadra Matrioska, primeira peça infantil de Tiago
Guedes, cujo trabalho geral parte de questões e hipóteses sobre o tempo coreográfico e a
procura de um lugar para o corpo.
Na peça anterior, Trio (2005), explorava a noção e a presença do corpo no espaço, estendendo
o gesto numa vagarosidade sedutora e hipnotizante. A instalação de uma imagem (mas
também de um conceito) está presente em Matrioska, onde se ampliam dois dos eixos
fundamentais do seu percurso – a relação com o tempo e o diálogo com as artes plásticas.
No que respeita ao tempo faz demorar as sequências num jogo de ilusões que vem de Um Solo
(2002) e Materiais Diversos (2003), feitas para adultos mas entusiasmadamente recebidas por
crianças. Um gesto arriscado porque dirigido a uma faixa etária, 6 a 10 anos, cujo grau de
exigência começa a ser contaminado pela percepção que têm da velocidade que os rodeia.
No diálogo com as artes plásticas, substituindo o uso de objectos casuísticos (em Um Solo
biográficos, em Materiais Diversos recicláveis) por um tempo de revelações, sempre
sugestivas, mesmo se desenhando uma ténue narrativa. Nenhuma das imagens criadas pelos
dois intérpretes, Inês Jacques e Pietro Romani (nota de edição: versão original), é mais real ou
fixa que as utilizadas nas peças anteriores onde o gesto dependia de uma rede de projecções
activadas pelo espectador. Aqui essa paragem no tempo interage com as sugestões feitas pelo
coreógrafo que conduz a criança por diversas camadas, como a boneca russa que dá nome à
peça. A voz da menina transforma-se em uivo, o seu corpo gera uma sombra que a domina, há
estranhas mutações atrás de uma tela, há muitas zonas de sombra e um clima de suspense
especulativo.
Matrioska é um exercício de inspirada desenvoltura em torno da fantasia, não apenas porque
a menina não sabe que “coisa” é aquela que a persegue, mas também porque ela é muito
menos inocente do que se apresenta. Irónica fábula negra, para a qual contribui uma
imaginativa e multifacetada banda sonora de Sérgio Cruz, é absolutamente extraordinário
verificar que a coerência do discurso de um dos mais relevantes nomes da nova geração da
dança soube abrir o seu universo aos mais novos, cativando-os através de uma cumplicidade
que só as histórias simples proporcionam. Mas mais revelador ainda é o modo como não cede
nessa pesquisa, antes transformando o gesto num espaço de desafios e expectativas.
Tiago Bartolomeu Costa, Jornal Público, 5 de Março de 2007
CIRCULAÇÃO MATRIOSKA
2003-2013 2013
Lisboa (Portugal), Culturgest, 14 Dezembro
Angers (França), CNDC Angers, 6-7 Fevereiro
Le Havre (França), Le Volcan, 25-29 Março
Cartaxo (Portugal), Centro Cultural do Cartaxo, 29 Abril
2012
Évreux (França), Scène Nationale Évreux Louviers, 3-17 Janeiro
Mondeville (França), La Renaissance, 23-24 Janeiro
Chartres (França), Théâtre de Chartres, 31 Janeiro
Saint Médard en Jalles (França), Le Carré Les Colonnes, Maio
2011
Arles (França), Théâtre du Pays d’Arles, 11-12 Janeiro
Metz (França), Centre Pompidou Metz, 15-16 Janeiro
2010
Genebra (Suíça), ADC, 3-8 Fevereiro
Cartaxo (Portugal), Centro Cultural do Cartaxo, 25 Fevereiro
Montijo (Portugal), Cine Teatro Joaquim de Almeida, 6 Março
Alcanena (Portugal), Cine Teatro S. Pedro, 12 Março
Amiens (França), Maison de la Culture, 17-19 Março
Cognac (França), Avant-Scène, 30 Março
Salvador, Bahia (Brasil), Encontro Interacção e Conectividade, Teatro Vila Velha, 12 Junho
2009
St. Quentin en Yvelines (França), 15-16 Janeiro
Paris (França), Festival Artdanthé, 26-27 Janeiro
Dieppe (França), Scène National, 3-5 Fevereiro
Evry (França), Théâtre L’Agora, 7-9 Abril
Montemor-o-Novo (Portugal), PT.09, 16 Abril
Vandoeuvre (França), 28-29 Abril
Almada (Portugal), 14ª Mostra Sementes, 3 Maio
Lausanne (Suíça), Lausanne International Dance Festival 2009, 3-4 Outubro
Portimão (Portugal), TEMPO, 9-12 Dezembro
2008
Kortrijk (Bélgica), Cultuurcentrum Kortrijk, 3 Fevereiro
(Bélgica), Théâtre de la Place, Centre Culturel de Ans, 8 Fevereiro
Toulouse (França), C’est de la danse contemporaine, CDC Toulouse, 11-12 Fevereiro
Foix (França), C’est de la danse contemporaine, L’estive Sc ne Nationale, 14-15 Fevereiro
Vanves (França), Festivals Artdanthe et Hors Saison, 18 Fevereiro
Cahors (França), Théâtre de Cahors, 14 Março
Rennes (França), Le Triangle, 17-19 Março
V ll n uv d’Asq (França), Festival La rose des vents, 15-17 Maio
Singapura, Museu Nacional de Singapura, de 24-27 Maio
Paris (França), La Cartoucherie, Atelier de Paris/Carolyn Carlson, 17-18 Junho
Dusseldorf (Alemanha), Tanzahaus, 25 Setembro
Londres (Reino Unido), Festival Dance Umbrella 17-21 Outubro
Belo Horizonte (Brasil), Teatro Dom Silvério, 25-26 Outubro
São Paulo (Brasil), SESC Paulista, 1-2 Novembro
Bruxelas (Bélgica), La Montagne Magique, 4-8 de Novembro
Bordeaux (França), Festival MIRA – Théâtre National de Bordeaux en Aquitaine, 12-14 Novembro
Poitiers (França), Centre Beaulieu, 16-17 Novembro
Armentières (França), Les RésiDanses, Théâtre Le Vivat, 20-22 Novembro
Strasbourg (França), Théâtre Pôle Sud, 26-27 Novembro
2007
Bruxelas (Bélgica), Théâtre L´l, 11-15 Outubro
Santarcangelo (Itália), Festival Santarcangelo dei Teatri, 14-15 Julho
Viseu (Portugal), Teatro Viriato, 17-19 Maio
Lisboa (Portugal), Culturgest, 5-11 Maio
Utrecht (Holanda), Springdance Festival, 22 Abril
Woking (Reino Unido), Woking Dance Festival, 16-17 Março
Lisboa (Portugal), Centro Cultural de Belém, 3-11 Março
Tours (França), Centre Choregraphique de Tours, 5-6 Fevereiro
ESTREIA
Ante-estreia_Teatro Virgínia, Torres Novas | 30 de Novembro de 2013
Estreia_Culturgest, Lisboa | 6 de Dezembro de 2013
SINOPSE
Passaram-se cinco anos desde a minha última criação, Coisas Maravilhosas, que
estreou na Culturgest em 2008.
Tempo para me desligar do a priori que traçava o meu trabalho, do air du temps e para
me desprender da máquina de produção. Tempo tão necessário para não repetir
fórmulas.
Responder às pulsões de hoje, do que sou agora, de como estou neste momento e de
como estão aqueles que comigo trabalham é a motivação pessoal e artística que me
leva a mergulhar neste novo desafio.
Ir ao encontro de um estar que não revisito há bastante tempo - ser coreógrafo, atirar-
me ao movimento na sua totalidade (onde corpo e voz são matéria de trabalho),
encontrar um grupo de bailarinos e uma equipa artística que me ajudam a construir
este espetáculo - o entusiasmo da criação.
Hoje vivemos tempos conturbados. Não sabemos bem onde pomos os pés e que
textura tem esse terreno. Umas vezes é sólido, outras lamacento, outras de areias
movediças. Este é um dos pontos de partida: um grupo de jovens bailarinos pisa um
chão incerto, um chão que é transformado e os transforma pelo peso que exercem
sobre ele.
Neste palco falar-se-á de instabilidade, manifestação, contestação, reivindicação,
decisões conjuntas, mobilização e confrontação, mas também de como nos refugiamos
de tudo isto e nos reencontramos, em recato, connosco.
Interessa-me perceber como é que os jovens de hoje se posicionam em relação ao
estado social que atravessamos, nomeadamente em Portugal, às políticas e formas de
manifestação a que temos assistido nos últimos tempos. A ideia de decisão pessoal e
decisão coletiva, as questões de ajuntamento e dissipação, de coletivo atuante e de
indivíduo isolado, de massa informe e de particularidade corporal são alavancas para
um trabalho coreográfico que traduz a necessidade de ter uma palavra na sociedade.
Hoje é portanto um grupo que dança e canta, que contesta, que escuta o que está para
além do espaço de ação, que adormece. Um grupo coeso, que reivindica. Um grupo
que sai para a rua, que liberta a sua raiva, mas também terno e vulnerável. Um grupo
que procura um ponto de apoio num terreno inconstante, movediço - que hoje te
enterra mas que também te faz chegar mais alto.
FICHA ARTÍSTICA / TÉCNICA
Direcção Artística e Construção Coreográfica Tiago Guedes
Assistência de direcção artística Pietro Romani
Interpretação e Coreografia Anaísa Lopes, Ângelo Cid Neto, António Onio, Jonas
Lopes, Marcella Mancini, Marco da Silva Ferreira e Teresa Silva
Desenho de luz e Direcção técnica Carlos Ramos
Desenho de som João Bento
Cenografia Henrique Ralheta
Apoio vocal Margarida Mestre Produção Materiais Diversos Co-produção Culturgest
(Lisboa), Teatro Nacional São João (Porto), Teatro Virgínia (Torres Novas), Centro
Cultural Vila Flor (Guimarães)
FOTO HR | GALERIA DE FOTOS ENSAIOS
TEXTO DE NOTÍCIA | RESIDÊNCIA ARTÍSTICA
O minderico Tiago Guedes, director artístico do Festival Materiais Diversos e do Teatro
Virgínia em Torres Novas, habita desde 20 de Outubro a Fábrica de Cultura de Minde
com um grupo de 7 bailarinos para criar a sua nova peça, Hoje.
A residência de criação de Hoje é a primeira de muitas a organizar pela Materiais
Diversos ao longo do próximo ano na Fábrica de Cultura, antiga Fábrica de Têxteis
Emídio Silva Raposo, edifício cedido pela Câmara Municipal de Alcanena ao tecido
associativo de Minde para dinamização de actividades culturais.
O grupo começa o dia com uma aula diária de aquecimento dirigida por Pietro Romani
(assistente de direcção da peça) e preparação para o exigente trabalho físico que Tiago
Guedes transporta na sua direcção coreográfica.
Quem entrar inadvertidamente num destes ensaios pode encontrar um imenso mar de
colchões que os bailarinos manipulam, empilham, desmoronam, numa espécie de
metáfora visual da instabilidade vivida nos tempos actuais. Fala-se de caos, de
turbilhão, de como hoje exige contestação, mobilização e confrontação.
Trabalho árduo, suor e lágrimas, mas também um clima de intervenção, onde todos
participam e as ideias fervilham. Diz o coreógrafo: “Hoje vivemos tempos conturbados.
Não sabemos bem onde pomos os pés e que textura tem esse terreno.” É em busca
desta resposta que parte o grupo, pisando um chão incerto, que é transformado e os
transforma pelo peso que exercem sobre ele. Sabe-se que o HOJE de hoje é sempre
diferente do HOJE de amanhã.
HOJE | 2014
13 Fevereiro | Centro Cultural Vila Flor, Guimarães
22 Fevereiro | Teatro Viriato, Viseu
10 Maio | Centro Cultural do Cartaxo, Cartaxo (a confirmar)
Um Solo
12 Novembro, ter | 19h30*
Espaço Alkantara, Lisboa
7 Dezembro, sáb | 18h30 e 19h30
Culturgest, Lisboa
30min | M/3 | entrada livre
*Conversa com o coreógrafo e beberete após o espectáculo
Materiais Diversos
29 e 30 Novembro, sex | 21h15 (dançado por David Marques)
1 Dezembro, dom | 16h15 (dançado por Tiago Guedes)*
Teatro Nacional D. Maria II, Lisboa
50min | M/3 | 12€ (descontos aplicáveis)
*Conversa com o coreógrafo após o espectáculo
Matrioska
14 Dezembro, sáb | 14h30 e 16h30
Culturgest, Lisboa
40min | M/6 | 3,5€ (famílias) / 2,5€ (grupos organizados)
Hoje
30 Novembro, sáb | 21h30 (ante-estreia)
Teatro Virgínia, Torres Novas
7,5€ (descontos aplicáveis)
6 e 7 Dezembro, sex e sáb | 21h30 (estreia)*
Culturgest, Lisboa
12€ (descontos aplicáveis)
13 e 14 Dezembro, sex e sáb | 21h30
Teatro Nacional São João, Porto
75min | M/12 | 7,5€ a 16€ (descontos aplicáveis)
*Dia 7 de Dezembro, há conversa com os artistas após o espectáculo
BIOGRAFIA TIAGO GUEDES
Tiago Guedes (Leiria, 1978) desenvolve o seu trabalho coreográfico desde 2001, destacando
entre outros os seguintes trabalhos: Um Solo (Jun/2002, galeria ZDB, Festival Danças na
Cidade, Lisboa), Prémio do Público no âmbito do programa Encontros Imediatos do Festival
Danças Na Cidade, Lisboa, e prémio Jovens Criadores da Bienal dos Jovens Criadores da Europa
e do Mediterrâneo; Materiais Diversos (Set/2003, sala estúdio do TNDMII), prémio Jovens
Criadores do Clube Português de Artes e Ideias na área da Dança; Trio (Abr/2005, Théâtre le
Vivat, Armentières, França / Grande Auditório da Culturgest, Lisboa); Matrioska (Jan/2007,
Théâtre Le Vivat, Armentières, França); Ópera (Jul/2007, Negócio – ZDB, Lisboa, Portugal)
e Coisas Maravilhosas (Fev/2008, Festival Vivat la Danse! Théâtre Le Vivat, Armentières,
França).
O seu trabalho tem sido apresentado em diversos teatros e festivais um pouco por todo o
mundo, nomeadamente Espanha, França, Alemanha, Itália, Grécia, Eslovénia, Bélgica, Suíça,
Brasil, Áustria, Holanda, Reino Unido, Hungria, índia e Singapura.
Como coreógrafo associado colaborou com a RE.AL de 2003 a 2007. Foi coreógrafo residente
do Théâtre Le Vivat, em Armentières (França), no triénio 2006-2008, onde programou CARTE
BLANCHE – uma mostra de artes performativas de criadores portugueses.
Colaborou com o encenador Martim Pedroso assinando o desenho de luz das suas
encenações: Notas Para Um Crime e Seres Humanos.
Em 2007 assumiu a direcção artística da Associação Cultural Materiais Diversos, dirigindo
desde 2009 o Festival Materiais Diversos. Em 2011 assumiu a direcção do Cine-Teatro São
Pedro em Alcanena, cargo que mantém por dois anos. Neste mesmo ano, vê publicada a
monografia dedicada à sua obra Instantanés 01 – Tiago Guedes pelo Centre Pompidou-Metz,
com textos de Tiago Bartolomeu Costa. Paralelamente à sua actividade enquanto criador e
programador, tem leccionado em instituições como o Fórum Dança e a Escola Superior de
Dança e participado enquanto orador em diversos debates e encontros sobre o sector cultural.
É desde Março de 2012 o Director Artístico do Teatro Virgínia em Torres Novas.
ASSOCIAÇÃO CULTURAL MATERIAIS DIVERSOS
Com direcção artística do coreógrafo Tiago Guedes, a Materiais Diversos é uma
associação cultural sem fins lucrativos que tem como missão incentivar a investigação
e experimentação artísticas e sensibilizar o público em geral para as artes
performativas, com especial enfoque na dança. Faz parte da rede europeia Open
Latitudes, sendo o parceiro nacional na implementação deste projecto de apoio ao
desenvolvimento coreográfico europeu, bem como da Rede de Estruturas de Dança
nacional. Para o quadriénio 2013-2016 conta com o apoio do Governo de Portugal /
Secretário de Estado da Cultura - DGArtes e com os Municípios de Torres Novas,
Alcanena e Cartaxo para a implementação das suas actividades, divididas em 3 eixos:
1 | Artistas Associados
Nesta actividade regular da associação são geradas condições para que as criações dos
artistas associados Tiago Guedes, Filipa Francisco, Marcelo Evelin, Teresa Silva,
Elizabete Francisca e Sofia Dias & Vítor Roriz se desenvolvam, graças ao investimento
de uma equipa fixa profissionalizada que cobre a produção; difusão; prospecção;
comunicação; relações públicas e administração, beneficiando do protagonismo da MD
em redes e parcerias nacionais e internacionais.
2 | Programação
No próximo quadriénio, a Materiais Diversos terá uma presença regular, ao longo do
ano, nos Municípios de Torres Novas e do Cartaxo. A programação será implementada
em parceria com o Teatro Virgínia e o Centro Cultural do Cartaxo, constituída por
projectos de serviço educativo, espectáculos de dança e um programa de residências
artísticas e técnicas.
3 | Festival
Desde 2009, o FMD catapultou uma região com pouca actividade artística profissional
para o mapa cultural do país, contribuindo para a formação de públicos e o
desenvolvimento cultural, social e económico da região. Com apresentação de
propostas internacionais, nacionais e locais, articuladas em parceria com a
comunidade, o Festival é já uma referência no circuito de festivais de artes
performativas.
A Materiais Diversos é uma das 5 estruturas artísticas domiciliadas no Espaço Alkantara.
www.materiaisdiversos.com
facebook MD
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CONTACTOS Clara Antunes | assessoria de imprensa
(+351) 915227787
O coreógrafo Tiago Guedes está disponível para entrevista