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X1 TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO PME BELEZA FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS CRIATIVIDADE, TRABALHO E BOA DOSE DE OTIMISMO NO SETOR DE estadaopme.com.br 12ª edição do Encontro PME entrevistou dez empreendedores da área para você entender qual será o futuro do segmento diante da crise Celso Kamura Para cabeleireiro, cliente bem atendido volta e não há limites para quem é eficiente Alexandre Serodio Criador do site Beleza na Web afirma que é obrigação superar as dificuldades e ser criativo Leila Velez Presidente do Instituto Beleza Natural acha que o empresário agora precisa ser ousado Clélia Angelon Ela aposta no mercado externo, vende para quase 40 países, como antídoto ao momento ESTADÃO

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%HermesFileInfo:X-1:20150324:X1 TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO

PME

BELEZA

FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS

CRIATIVIDADE,TRABALHO E BOADOSE DE OTIMISMONO SETOR DE

estadaopme.com.br

12ª edição do Encontro PME entrevistou dezempreendedores da área para você entenderqual será o futuro do segmento diante da crise

Celso KamuraPara cabeleireiro, cliente bematendido volta e não há limitespara quem é eficiente

Alexandre SerodioCriador do site Beleza na Webafirma que é obrigação superaras dificuldades e ser criativo

Leila VelezPresidente do Instituto BelezaNatural acha que o empresárioagora precisa ser ousado

Clélia AngelonEla aposta no mercado externo,vende para quase 40 países,como antídoto ao momento

ESTADÃO

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X2 Pequenas e Médias Empresas TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO

A história do negócio

Saiba o queeles fizeramde diferente

Oimprovávelsucessodaempresade beleza

PME

● ComeçoO sucesso come-çou a se desenharcom a formulaçãoda sócia Zica Assis,que criou um produ-to para cabeloscrespos que valori-zasse os cachos.

Uma novela motivou o início do negócio

O empresário,se não for umotimista até oúltimo fio decabelo, nãoprospera

Leila Velez,presidente darede Beleza Natural

“Eu era dona decasa e sonharcom negócioera muito difícil.Fui chamadaaté de louca”

Edna Onodera,fundadora da rede deestética Onodera

“Continuamoscom as ideias daminha mãe comas ferramentaspara fazer aexpansão”

Lucy Onodera,diretora da rede deestética Onodera

● ProcessoO 'modelo doMcDonald's' de seg-mentação foi o pon-to de partida parao atendimento daempresa, o que fa-vorece a sua‘escalabilidade’.

● GestãoOs quatro fundado-res conseguiramresolver a questãoda contratação defamiliares antesque a prática preju-dicasse a expansãoda marca.

● MarketingA história da empre-sa, conhecida nomercado como‘story telling’, é re-produzida com fre-quência e maestriapelas fundadorasdo negócio.

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● VendaCientes de ondequerem chegar,eles souberamconduzir sem atro-pelos a escolhade um fundo ade-quado de capitalde risco.

Como o empreendimento nasceu e agora cresceu

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Um produto inovador surgiu emuma comunidade carioca; empouco tempo, mulheres de todoo País passaram a se interessarpelo ‘creme milagroso’

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO

WERTHER SANTANA/ESTADÃO

R$ 212 mifoi quanto a GP Investments pre-cificou o Instituto Beleza Naturalao comprar 33% de participaçãoda empresa por R$ 70 milhões.

O mercado adora ouvir a histó-ria do Instituto Beleza Natural,fruto da união de dois atenden-tes do McDonald’s, um taxistae uma ex-faxineira que, em2013, foi avaliado em R$ 212 mi-lhões. Leila Velez, uma das fun-dadoras e atual presidente daempresa, ajuda a manter viva amística. Articulada, ela gosta derelembrar a junção improvável,ao passo que sabe muito bemapresentar seus planos para ofuturo, turbinados após a vendade 33% da marca para o fundoGP Investments.

“O Beleza Natural nasceu deuma maneira muito inusitada.Eu e o Rogério éramos noivos,o Jair e a Zica casados; tinha tu-do para dar errado”, contou aempreendedora, que participoudo 12º Encontro PME. Ao ladode Edna e Lucy Onodera, res-pectivamente mãe e filha à fren-te da rede Onodera, Leila Velezintegrou o último módulo doevento, que tratou dos desafios

passados e futuros das marcasjá consolidadas no segmento debeleza e estética.

“Eu acho que o empreende-dor, se não for um pouco ousa-do e otimista até o último fio decabelo, ele não prospera. Nósquebramos alguns paradigmas,nascemos da criação de um ser-viço diferente, que é transfor-mar um cabelo crespo em ondu-lado, uma solução que na épocanão existia e que era necessáriapara a maioria das brasileiras”,observou a empresária. A mar-ca conta atualmente com 29pontos de atendimento em cin-co estados e, capitalizada pelosR$ 70 milhões injetados pelaGP Investments, até 2018 tem ameta de alcançar 120 unidadesem funcionamento e faturamen-to de R$ 1 bilhão.

Obstáculos. Mas para chegaronde chegaram, Leila conta queum dos desafios que os sóciosprecisaram enfrentar foi o rela-cionamento com os familiares,que no começo do empreendi-mento foram recrutados paraajudar no negócio. Isso, de cer-ta maneira, acabou tornando-seum empecilho para a profissio-nalização da marca. “Como umnegócio pequeno, a gente come-

çou chamando amigos, familia-res para ajudar. Quando come-çou a empresa, tinha umas 40pessoas da família, mas a em-

presa foi crescendo e a gente co-meçou a perceber que a melhormaneira de ajudar não era colo-cando a família para dentro do

negócio, e, sim, escolhendoaquelas pessoas que trouxes-sem um resultado real, mensu-rável, para o Beleza Natural”,destacou a empresária.

“Aos poucos esse filtro daqualidade, da meritocracia, foifazendo com que algumas pes-soas se afastassem e hoje nós te-mos 3,2 mil colabores, desses,pouquíssimos são da família, di-ria que não chega a 10 pessoas.Da área de gestão são dez den-tro da estrutura”, afirmou ela,que ficou 20 anos casada com osócio e, após o divórcio, conta

que precisou encontrar meiospara manter o relacionamentoprofissional. “Conseguimosmanter a empresa em primeirolugar. Isso é dificílimo”, pon-tuou. Sobre o momento da eco-nomia, ela que vem sofrendocom o achatamento do poderde compra dos consumidores,diz trabalhar com os fornecedo-res para minimizar o impactoda inflação e do câmbio. “Cercade 13% das nossas fórmulas sãode matérias-primas importa-das. É possível ter nacionaliza-ção com a mesma qualidade.”

R$ 1 bié a meta de faturamento da em-presa em 2018, quando Leila Ve-lez espera alcançar 120 unida-des em funcionamento.

NÚMEROS

Análise. Leila contou que parceria com fundo de investimentos deu certo porque as empresas estreitaram relações antes

Dupla. Mãee filha hojedividem acondução daempresa desucesso nosegmento

Quem poderia imaginarque dois atendentes doMcDonald’s, um taxista euma ex-faxineira criariamum negócio milionário

Edna inspirou-se emDancing’ Days para criara Onodera. Mas antesela precisou dobraro ‘pai da família’

ESTADÃO

A novela ‘Dancin’ Days’, exibidano fim da década de 1970, serviude inspiração para a empresáriaEdna Onodera sonhar com umnegócio na área de estética.“Aquelas mulheres lindas, boni-tas, se cuidando. Foi daí que sur-giu o sonho de ter um negócio”,conta Edna. Sonho que virourealidade em 1981 e hoje setransformou em uma rede defranquias com 57 unidades.

Mas convencer o marido, téc-nico da seleção brasileira de ju-dô, e as demais pessoas sobre aviabilidade da proposta não foitarefa fácil. “Eu era casada comum japonês idealista, conserva-dor. Eu era dona de casa. Fuichamada de louca. Fazer a cabe-ça do ‘baixinho’ não foi fácil”,lembra Edna Onodera.

Com o trabalho de convenci-mento feito, o negócio come-çou em um espaço na academiade judô do marido. A filha Lucypassou a acompanhar a mãe des-de pequena e até ajudou a distri-buir panfletos na rua. “Era umchiclete. Tinha a parceria tantopara ajudar quanto para dedar

para o pai que eu estava fazendotal coisa”, conta Edna.

Hoje Lucy é diretora da rede.“Desde criança eu sabia o quan-to minha mãe sofreu para con-quistar tudo o que conquistou.Eu e ela conseguimos separarbem as coisas. Eu ajudei com fer-ramentas e melhorias na gestãopara fazer a expansão do negó-cio. Continuamos com as ideiasdela, mas com as ferramentasde gestão. Cada uma tem seu pa-pel dentro do negócio”, diz.

Uma das formas para a redeganhar escala este ano é o mode-lo de negócios chamado ‘Storein Store’ - unidades nanicas ins-taladas dentro de lojas, comoacademias de ginásticas e sa-lões de beleza.

“A gente não consegue estarem todos os lugares e, ao mes-mo tempo, temos a necessida-de de estar mais perto do clien-te”, afirma Lucy, que espera mu-dar essa situação. O novo mode-lo tem atraído o interesse, prin-cipalmente, de cabeleireiros,que tentam montar um espaçode estética no salão, mas nãotêm conhecimento na área.

Para quem deseja empreen-der, Edna tem dicas simples: co-ragem e clareza no que faz.“Não existe milagre. É precisotrabalhar muito”, destaca. JáLucy conta que no começo al-guns interessados na franquiachegavam apenas com o intuitode ganhar dinheiro, situaçãoque melhorou com o tempo.

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X4 Pequenas e Médias Empresas TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO

M ercado continua firme na crise

PME

“Damos maisoportunidade(por causa domomento decrise) no quetemos de forte”Gustavo Albanesi,fundador do Buddha Spa

Visão delongo prazoéo principaldiferencial

“Aprendi(em Londres)que quandoas coisas estãoestáticas,você morre”Clélia Angelon,empreendedora da área

Gilles Maciel, proprietário da barbearia Barba Negra

“Faltava uma forma natural e espontânea para o homem cuidar da aparência”

FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Saber administrar a crisecomo algo ‘comum’ eter algo diferente daconcorrência tambémajudam o empreendedor

Para palestrantes doEncontro PME, clienteainda está consumindo,mesmo assim, não sepode nunca acomodar

FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Estratégia. Kamura aposta ultimamente no conceito de beleza expressa e acredita que este ano será marcado por momentos de reflexão e expansão

“Muitos cabelei-reiros passam a vi-da dedicados a dei-xar a mulher loirae a fazer progressi-va. A beleza vaimuito além disso,não é só o que te-mos a oferecer”

Celso Kamura,cabeleireiro eempreendedor

O bom humor que marcou aconversa entre o cabeleireiroCelso Kamura e o empresárioGilles Maciel, proprietário dabarbearia Barba Negra, duranteo 12º Encontro PME, pode serum retrato do cenário positivodo mercado dos salões de bele-za no Brasil, embora seja inocên-cia achar que a crise não afetaráo setor (leia mais na página 6).Para quem empreende na área,a recessão ainda não apareceu eos clientes ainda investem di-nheiro em beleza e bem-estar.

Nessa onda, aqueles estabele-cimentos que direcionam umolhar mais apurado para o públi-co masculino podem estar in-vestindo em um nicho promis-sor. Pelo menos é nisso queapostam Kamura e Maciel.

Conforme explicam os em-preendedores, os homens têmse sentido cada vez mais à vonta-de para procurar por tratamen-tos estéticos como depilação eserviços de manicure, antes ca-racterísticos da clientela femini-na. “Faltava uma forma naturale espontânea para o homem cui-dar da aparência, um lugar ondeele pudesse solicitar uma depila-ção completa ou íntima sem serolhado de forma diferente”, ex-plica Gilles, que começou umnegócio voltado para o públicomasculino há cerca de dois anos

em Ribeirão Preto, uma dasprincipais cidades do interior.

“O homem que antes critica-va a fatura do cartão de créditoda mulher hoje sai da loja comuma sacola ainda mais cheia decosméticos do que ela. Antes, ohomem colocava apenas xam-pu no cabelo e olhe lá”, relatouo empresário.

Celso Kamura concorda: “An-tes, o atendimento masculinoera padronizado. Hoje, o ho-mem é muito mais andrógino,sem ter sua sexualidade taxadae é assim que ele deseja ser trata-do. Quando comecei a traba-lhar com beleza, era impensá-vel um cara fazer luzes no cabe-lo, por exemplo”. O cabeleirei-ro aproveitou o momento pararelembrar o começo da sua car-reira, em meados dos anos

1980, quando abriu seu primei-ro salão com um amigo.

“Alugamos uma casa na Ave-nida Lins de Vasconcellos (zo-na sul de São Paulo), mas eraum lugar ‘bagaceiro’. As pes-

soas esperavam na calçada paraserem atendidas”, relata.

Atualmente, Celso Kamuraconta com três unidades con-vencionais do salão de belezaque leva seu nome, um espaçode beleza express, criado emparceria com a Toyota, além deassinar uma marca de maquia-gens e de ser responsável pelovisual de personalidades comoa presidente Dilma Rousseff.

Atendimento. Os profissionaisapontam o atendimento comodiferencial infalível para atraire fidelizar o cliente diante deuma oferta tão grande de servi-ços semelhantes no mercado.

Além de oferecer uma sériede ‘mimos’ para o cliente, queenvolvem dia do noivo e um barcom drinks e cervejas especiais,

os funcionários da barbeariaBarba Negra conhecem os fre-quentadores pelo nome. “Des-de o início, explico para osmeus colaboradores que é preci-so criar vínculo com o cliente.Não dá para ser impessoal”, ex-plica Gilles.

Kamura reforça a importân-cia de dedicar atenção para asdemandas do consumidor e des-taca, ainda, a necessidade deidentificar os anseios específi-cos de cada pessoa, evitando ge-neralizar o atendimento. “Mui-tos cabeleireiros comerciaisquerem ganhar dinheiro e pas-sam a vida dedicados a deixar amulher loira e a fazer progressi-va. A beleza vai muito além dis-so”, explica. “Sou artista e pro-curo isso no profissional quevai trabalhar comigo.”

O esforço desse profissionalparece ser mesmo o principalsegredo do sucesso na área. “Sevocê deixa a pessoa bonita, elavolta. Não tem crise para a gen-te. Mas tem que trabalhar direi-tinho”, aconselha Kamura. Porisso, o empresário ressalta a ne-cessidade de avaliar com caute-la o momento de abrir o pró-prio salão, o que inclui uma aná-lise de ganhos futuros. “A clas-se A exige muito, o profissionalgasta muito para trabalhar comesse público. Eu quero levar aqualidade para quem ainda nãoa encontrou, a mulher que pre-cisa de algo rápido e bom.”

3salões são mantidos por CelsoKamura. Há ainda uma quartaunidade chamada de ‘express’.

Visão. Para Gustavo Albanesi, foco não deve ser o imediato

Exterior. Clélia aposta nas vendas para quase 40 países

4barbeiros trabalham no negóciode Gilles. O empresário destacaa importância da mão de obra.

NÚMEROS

A visão de longo prazo foi deter-minante para Gustavo Albanesie Clélia Angelon, dois empresá-rios que alguns anos atrás inves-tiram em áreas distintas do ra-mo de beleza e, agora, posicio-nados a partir da inovação, co-lhem os resultados de suasideias, mesmo em um momen-to de adversidade econômica.

Gustavo Albanesi é sócio, aolado do pai, do Buddha Spa, ne-gócio criado há 14 anos e que

praticamente inaugurou o con-ceito de spas urbanos no Brasil(antes, o modelo era tido comosinônimo de espaço para perdade peso). Hoje, a marca se tor-nou uma franquia e conta aindacom loja online.

Já Clélia Angelon é proprietá-ria da Surya, marca de cosméti-cos veganos (que não faz testesem animais e nem usa insumosde origem animal) e também deum spa, o Espaço Surya Brasil,com o mesmo conceito vegano.

A empreendedora afirma queo seu segmento, por não contarainda com concorrentes dire-tos, sofre menos com as varia-ções da economia. “A crise nosafeta muito menos”, diz. “O spaestá indo muito bem, até por-

que somos o único com o con-ceito vegano no País. E a marca(de cosméticos) também seguesem dificuldades. Estamos emquase 40 países neste ano e for-temente representados nos Es-tados Unidos”, observa Clélia,revelando que a exportação foioutra estratégia adotada parafortalecer seu negócio.

Gustavo Albanesi, por suavez, não desfruta da vantagemcompetitiva de Clélia. O ramode spa urbano, nos últimosanos, tornou-se bastante com-petitivo. Mas ele diz que apro-veita sua experiência passadano mercado financeiro para dri-blar as dificuldades.

“Tudo aquilo que é mais arro-jado a gente coloca de lado, dan-do oportunidade para sedimen-tar o que temos de mais forte.Você precisa, nesses momen-tos, reforçar as raízes, as basesque se identificam com o seuDNA”, observa. Albanesi relati-viza os impactos da retraçãoeconômica nos negócios – nopróprio e, de maneira geral, node todos os empreendedores.

“Eu vejo as pessoas tratandocrise como um bicho de sete ca-beças. Ela faz parte da realidadedos empresários, deve ser trata-da como um item de gestão eadministração, como é o depar-tamento comercial e a comuni-cação”, afirma. “O empresárionão deve mudar o seu negócio ea filosofia por trás dele em fun-ção da crise, até porque o negó-cio é perene, tem de ter uma vi-

são muito menos imediatista,de curto prazo”, observa.

A perspectiva de oportunida-des diante de um momentomais difícil também é o ponto

de partida adotado por Clélia,que começou sua carreira comoempreendedora em Londres e,segundo ela, essa experiênciafoi determinante para sua for-

mação. “É um mercado maiscompetitivo. Aprendi que quan-do as coisas estão estáticas, vo-cê morre. Quando se tornam di-nâmicas, você cresce.”

ESTADÃO

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O ESTADO DE S. PAULO TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 Pequenas e Médias Empresas X5

Varejoconta comcriatividade eboadose de otimismo

PME

Empresaaposta nacultura da‘ajuda’e conta com 40donos

“Hoje todomundo sópensa emdinheiro e anossa filosofiaé ajudar”

Wilson Minami,diretor da rede Sumirê

FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

WERTHER SANTANA/ESTADÃO

R$ 100milhões foi o faturamento do siteBeleza na Web durante o ano pas-sado, trata-se de um crescimen-to de 60% em relação a 2013.

R$ 7milhões foi o desempenho comer-cial da marca Men’s Market. Pa-ra 2015, o negócio pretende atin-gir pelo menos R$ 15 milhões.

NÚMEROS

Instabilidade e dólarvalorizado prejudicam ovarejo, mas empresáriosnão podem paralisar onegócio por causa disso

A economia desacelerou, a infla-ção está em alta e o dólar atingiuum patamar que até motivoumuitas piadas ( por conta do es-pírito do brasileiro) nas redessociais. O cenário não é dos me-lhores, mas mesmo assim, osempresários do segmento de be-leza que atuam no varejo físicoe virtual seguem otimistas como futuro das suas empresas.

Com clientes das classes B eC e instalações em lojas de rua,a rede de perfumarias Sumirêsentiu uma diminuição do tráfe-go de pessoas, mas o diretor-executivo da marca, Wilson Mi-nami, não desanimou.

“A economia está ruim? Está.Mas tem que se preparar. A em-presa está sujeita ao mercadoexterno, mas 70% (do desempe-nho) depende da gente. Se vocêjá entra desanimado no negó-cio, acorda achando que seráum dia ruim, seu negócio estáfadado ao fracasso. Lá fora temcrise. Dentro da Sumirê, não”,diz Minami, diretor de uma mar-ca com 75 lojas.

O otimismo também está pre-sente no site Men’s Market, quevende produtos de beleza parahomens. Um dos fundadoresdo site, Pedro Prellwitz, contaque a empresa já nasceu em ummercado pequeno e está acostu-mada a trabalhar com dificulda-des e, consequentemente, usamuita criatividade para ofere-cer comodidade e para se comu-nicar com o cliente.

“Às vezes na crise surge o realcrescimento. A empresa deixade fazer coisas que achava queera essencial e que na verdadenão eram. Você foca no ‘core’,no filé mignon. Não acreditomuito na crise. A crise está aí

para todo mundo. E se fosse fá-cil, todo mundo fazia. É precisoser criativo todo dia. É a únicacoisa para driblar isso”, afirma.

“Os índices macroeconômi-cos são os que mais assustam,mas é uma grande oportunida-de para mostrar nosso valor”,completa o fundador do negó-cio. O site faturou R$ 7 milhõesno ano passado e quer atingirentre R$ 15 milhões e R$ 20 mi-lhões em 2015.

O fundador do site Beleza naWeb, Alexandre Serodio, seguena mesma linha positiva. “Souo eterno otimista. Agora é o mo-mento de fazer melhor o que agente já faz. Acho que temos aobrigação de conseguir superardificuldades e entregar uma coi-sa mais criativa”, afirma.

Sobre a alta do dólar, que im-pacta no preço dos produtos im-portados que são comercializa-dos por ele, o empresário afir-ma que as empresas que pen-sam no curto prazo e olham sópara a taxa perdem uma oportu-nidade enorme. “Essa é maisuma adversidade que temos depassar. O importante é o desejodo consumidor de consumirprodutos bons e ser bem atendi-do”, destaca Serodio. Só no anopassado, a empresa Beleza naWeb cresceu 60% e faturou cer-ca de R$ 100 milhões.

Além da retração da econo-mia, Prellwitz, do Men’s Mar-ket, tem o desafio adicional devender produtos de beleza parahomens. “A mulher é mais afei-ta a novidades. Ela sai para al-moçar e fala do esmalte da ami-ga. O homem não tem isso enosso papel é importante nesseprocesso”, diz. Para atrair esseconsumidor, o site explora ví-deos e trabalha com uma descri-ção personalizada dos produ-tos. “Tentamos traduzir parauma linguagem do universomasculino. O homem é focadoem resultados e busca informa-ção curta e precisa.” Adicional. Pedro ainda precisa atrair o público masculino

Desafio.Empresa seconcentraagora emtransmitir osvalores paraas novasgerações,diz Minami

Esforço.Alexandrenão teme omomento

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Imagina o que é juntar 40 donosem um mesmo negócio? A chan-ce de dar errado parece eviden-te. Mas não é o que ocorre narede de perfumarias Sumirê,composta por 75 unidades e umplano de chegar a 80 no primei-ro semestre do ano. O segredoparece estar na filosofia implan-tada pelo fundador do negócio,Akio Koga, que criou a empresacom o intuito de ajudar as pes-soas sem, necessariamente,preocupar-se com a evolução fi-nanceira da marca.

A empresa existe desde 1982e o atual diretor-executivo, Wil-son Minami, entrou no negócioem 1992, quando buscava um in-vestimento. Ele foi apresenta-do pelo tio ao fundador e foi au-torizado a abrir uma loja. OsUS$ 10 mil guardados não eramsuficientes para comprar o esto-que, mas a marca o ajudou. “Otio falou: lá funciona assim, umajuda o outro. Ninguém cobranada. Você vai entrar em ummundo diferente.”

E foi assim que Minani viusua primeira loja, muito peque-na, começar. “Tinha um montede japonesinho colocando xam-pu por xampu. Eu ouvi: agora écom você. Vamos ajudar um aooutro e vamos crescer. Cada lo-ja que abria, ia todo mundo aju-dar. Até hoje é assim e o pessoalnão acredita que são 40 donos.E a gente se dá bem. A gente bri-

ga, não falo que a gente não bri-ga, mas briga igual irmão. Nofundo somos uma família”, afir-ma o empreendedor sobreo mo-delo de gestão pouco habitual.

Existe toda essa filosofia namarca, mas Minami tambémdestaca que o negócio se susten-ta porque tem uma equipe com-petente, tem capilaridade e ain-da escolhe o produto certo e oponto ideal para o público dis-posto a comprar. “Quando abri-mos, o mercado era incipiente.Depois, as categorias foram au-mentando e fomos crescendocom o mercado”, afirma.

Segundo Minami, o negóciose prepara para a entrada deuma nova geração. “Passamostoda a parte de processos, mas oimportante é essa cultura, deagradecimento, de um ajudar ooutro. Isso que é muito difícil.Somos diferentes. Somos umafamília e não podemos esque-cer de falar para os nossos fi-lhos como tudo começou e valo-rizar as raízes.”

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X6 Pequenas e Médias Empresas TERÇA-FEIRA, 24 DE MARÇO DE 2015 O ESTADO DE S. PAULO

Busca porexperiência

Oportunidades

Desafios domomento

Novidades

PME

Elestambém procuram vencer no setor

Segmentoexperimenta ambiente hostil

FOTOS: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

bilhões de reais foi a projeçãodos gastos dos brasileiros comprodutos de higiene e belezapara 2014, segundo pesquisado Instituto Data Popular.

por cento foi quanto a comprade produtos de higiene e belezasubiu entre 1994 e 2013; a cestabásica avançou 124%, segundopesquisa Beauty Fair/Nielsen.

mil itens de higiene e belezaforam lançados no período dejulho de 2013 a julho de 2014contra média de 960 domercado como um todo.

dos lançamentos de produtosse enquadram na categoriapremium. Como comparação,a média dos outros segmentosfica em torno dos 50%.

é a representatividade daclasse média nos gastosdos brasileiros com itensda categoria em 2014, o querepresenta R$ 29,4 bilhões.

foi a nota dada para o negócio‘perfumaria’, eleito o melhorlocal para a compra de produtosde beleza, segundo pesquisaBeauty Fair/Nielsen.

Quem vai começar nãodeve se deixar levar pelamáxima, errada, de queempresas da área estãoimunes aos problemas

Lição.Para SilvanaAlmeida, acrise podeensinar

O discurso dos empresários e osnúmeros do mercado podemdeixar animados muitos interes-sados em abrir um negócio nosetor de beleza. Mas o caminhonão é simples e buscar um dife-rencial é fundamental para inte-grar a ala dos otimistas mesmodiante de um cenário macroeco-nômico preocupante.

O empreendedor não deve seprender, por exemplo, a místicado ‘índice batom’, que represen-taria uma certa blindagem domercado de beleza aos efeitosdegradantes da economia comoum todo. De acordo com a espe-cialista Sonia Corazza, do insti-tuto Beleza Inteligente, o seg-mento vive uma grande pressão

para minimizar custos dentrode um ambiente mais hostil ecompetitivono mercado de pro-dutos acabados, com reflexos

para a cadeia de vendas em gerale para o varejo.

Para continuar prosperandono setor, o fundador dositeBele-

za na Web, Alexandre Serodio,tem o desafio de se aproximarcada vez mais do cliente e con-quistarsua confiança.Para supe-

rar essas barreiras, ele prioriza oatendimento e aposta na ofertade conteúdo para explicar osprodutos aos clientes.

No caso do site Men’s Market,uma das estratégias é extrair omáximo do comportamento doconsumidor na hora da compra,como por exemplo saber emquantas páginas o cliente nave-gou, quais produtos consultou,ou seja, fazer uma análise minu-ciosadacesta de produtosdoho-mem e a correlação entre os pro-dutos visitados e comprados.

“Nosso consumo é de impul-so, não é racional. Se ele acha aembalagembonita, tem umafes-ta no dia, vai lá e compra. Tentarcaptar isso por meio de uma pes-quisa é muito enviesado. Faze-mos mais uma análise da cestadecompras, dopadrão de consu-mo e da navegação na internet”,explica o sócio da empresa, Pe-dro Prellwitz.

WilsonMinami, da rede Sumi-rê, destaca seu foco no mix deprodutos. Com menos gentecomprando, a estratégia é bus-car itens com valor agregado pa-ra expor na prateleira. Isso signi-fica investir em produtos queagregam nutrientes, com um ta-manho um pouco menor para is-so refletir no preço. “Quem ditao mix é o consumidor final.”

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A analista financeira Vera Lú-cia da Silva está em um mo-mento decisivo de sua carrei-ra: ela deixou o antigo traba-lho para empreender – a áreada beleza foi a escolhida parao pontapé inicial.

“Quero entender melhor omecanismo do mercado da esté-tica para me sentir mais segura.Antes de abrir um negócio, acre-dito que seja preciso analisar sea atmosfera é favorável”, discor-re a aspirante a empresária.

Conheça a história dos participantes que buscaram novidades e tendências durante a 12ª edição do Encontro PME, que abordou tudo sobre o mercado de beleza

Mudança.Vera Lúciadeixou oemprego paraempreender

Exemplo.Danilo queriaconhecer asestratégiasdos grandes

Especialista.Edneia prestaconsultoriana cidade deCampinas

Exigência.Silvio afirmaque o clientehoje estámais atento

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ESTADÃO

Há dois anos, o cabeleireiroSilvio Calero Júnior decidiuter encontrado o momentode assumir seu próprio negó-cio e investiu no salão HairGallery, em Guarulhos. Ho-je, o empresário sabe que não

pode ficar para trás quando oassunto é tendência. “O clienteestá cada vez mais atento e mui-tas vezes pede algo que aindanão conhecemos. É preciso cor-rer atrás, acompanhar tudo queestá acontecendo”, explica.

A empresária Silvana Almei-da, proprietária há três anosda distribuidora de cosméti-cos Chic, em São Paulo, pre-tende dedicar este ano a in-vestimentos com resultadosem curto prazo e buscou tro-car experiências profissio-nais com nomes já consolida-dos no mercado da beleza.

“Houve uma queda signifi-cativa nas vendas desde oano passado, mas as pessoasainda não abrem mão da bele-za”, explica. “Acredito que to-da situação pode nos ensinaralguma coisa e com a crisenão é diferente.”

Diante do panorama atual daeconomia, o desafio é a forçamotriz do empresário DaniloMartiniano, proprietário doShopping da Mulher, ponto devenda de produtos ligados à be-leza e ao bem-estar feminino.“Quero entender como as em-presas grandes têm se posicio-nado neste período turbulen-to”, declarou durante o evento.Para ele, o mais difícil é se rein-ventar para fidelizar clientesem um mercado com tantas op-ções. “Só na região onde traba-lho, há mais três lojas muito pa-recidas com o que ofereço.”

“Existe algo mais satisfató-rio do que poder cuidar daaparência de uma pessoa emmeio a uma crise econômi-ca?”, sorri a consultora de be-leza Edneia Hirata, que traba-lha orientando clientes, deforma direcionada e indivi-dual, sobre produtos da mar-ca Mary Kay em Campinas,interior de São Paulo.

Para ela, o momento domercado não poderia sermais positivo. “Cinco minu-tos de beleza podem fazeruma enorme diferença parauma pessoa e para o ambien-te em que ela vive.”

A força desatisfazer