| Director | Edição n.º | Gratuita | de Bulhão Pato UHF ...David Monge AICAL Livros tem como...

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ANTÓNIO MANUEL ANTÓNIO MANUEL ANTÓNIO MANUEL ANTÓNIO MANUEL ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO RIBEIRO RIBEIRO RIBEIRO RIBEIRO escreve escreve escreve escreve escreve 35 anos de car 35 anos de car 35 anos de car 35 anos de car 35 anos de carreira reira reira reira reira UHF UHF UHF UHF UHF A V A V A V A V A Vida ida ida ida ida dos livros dos livros dos livros dos livros dos livros Guilher Guilher Guilher Guilher Guilherme me me me me d’Oliveira d’Oliveira d’Oliveira d’Oliveira d’Oliveira Martins Martins Martins Martins Martins e e e e e As «Memórias» As «Memórias» As «Memórias» As «Memórias» As «Memórias» de Bulhão P de Bulhão P de Bulhão P de Bulhão P de Bulhão Pato ato ato ato ato | Director Adélio Amaro | Edição n.º 1 | Janeiro 2014 | Gratuita | Suíça . Suíça . Suíça . Suíça . Suíça . Brasil . rasil . rasil . rasil . rasil . França . rança . rança . rança . rança . M M M M Moçambique oçambique oçambique oçambique oçambique e e e e e Portugal ortugal ortugal ortugal ortugal | Escritores em destaque | Escritores em destaque | Escritores em destaque | Escritores em destaque | Escritores em destaque Casa dos Bicos Casa dos Bicos Casa dos Bicos Casa dos Bicos Casa dos Bicos Conheça a sede Conheça a sede Conheça a sede Conheça a sede Conheça a sede da da da da da Fundação José Fundação José Fundação José Fundação José Fundação José Saramago Saramago Saramago Saramago Saramago em Lisboa em Lisboa em Lisboa em Lisboa em Lisboa David Monge AICAL Livros AICAL Livros AICAL Livros AICAL Livros AICAL Livros tem como missão tem como missão tem como missão tem como missão tem como missão divulgar divulgar divulgar divulgar divulgar livros e autores livros e autores livros e autores livros e autores livros e autores

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  • ANTÓNIO MANUELANTÓNIO MANUELANTÓNIO MANUELANTÓNIO MANUELANTÓNIO MANUELRIBEIRORIBEIRORIBEIRORIBEIRORIBEIRO escreveescreveescreveescreveescreve35 anos de car35 anos de car35 anos de car35 anos de car35 anos de carreirareirareirareirareiraU

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    Casa dos BicosCasa dos BicosCasa dos BicosCasa dos BicosCasa dos BicosConheça a sedeConheça a sedeConheça a sedeConheça a sedeConheça a sede

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  • Janeiro 20142

    Índice de Autores e Editores na Edição 1 da AICALivros7 Caminhos – 6

    ACCIAIUOLI, Margarida – 32ALBANO, Luís – 40ALEGRE, Manuel – 21AMARO, Adélio – 7, 11, 34, 38AMORIM, Olga – 39ARAÚJO, Maria - 31ARRIMAR, Graça – 11ASCENSO, Mota – 30

    ASSVSJ – 23AURÉLIO, Marco – 31AZEVEDO, Ricardo Charters D’ – 27BAPTISTA, Victor - 30BETTENCOURT, Manuel Espínola – 30

    Bizâncio – 32Câmara Municipal de Vila do Porto – 24, 36Câmara Municipal Santa Cruz da Graciosa – 30Caminho – 18, 22Campo das Letras – 16

    CARDOSO, Pedro - 40CASTRO, Armando - 23CAVACO, Euclides – 39

    CEMD Edições – 17Centelha – 21CEPAE – 36Chiado Editora – 15, 26, 31, 40

    CHOURAQUI, André – 33CIID – 29

    CLÉRIGO, Bruno – 40COELHO, João Paulo Borges – 22COUTO, Cidália – 23CRUZ, A. Oliveira – 31

    Edições Afrontamento – 29Edições Colibri – 29Edições MIC – 17Edições Vieira da Silva – 24, 26, 30, 31Editorial Estampa – 22Editorial Minerva – 17

    FERNANDES, Alda Maria – 22FERNANDES, José Manuel – 36FERNANDES, Julieta – 25FERNANDES, Mário – 40FERRAZ, Luís – 37FERREIRA, Luís – 26

    Folheto Edições – 12, 13, 22, 23, 25, 30, 34, 35, 36Fonte da Palavra – 6Gailivro – 23

    GARCIA, José Manuel – 40Garrido Editores – 6

    GOMES, Soeiro Pereira – 21GONÇALVES, Delmar Maia – 17GONÇALVES, Maria Vitória – 31

    Gradiva – 37

    Inforletra – 24Instituto Açoriano de Cultura – 32, 36Instituto Piaget – 27, 28, 31, 33Instituto Politécnico de Leiria – 29, 37

    JACINTO, Graça – 12Junta de Freguesia de Algarvia - 38

    LEAL, Elzio Luz – 15, 39Lidel – 28Liga Amigos Museu Maria da Fontinha – 25

    MACHADO, Alice – 16MACIEL, Maria de Jesus – 32MADURO, António – 36MARTINS, Ana Sousa – 28MARTINS, Guilherme D’Oliveira – 8, 9MARTINS, Raquel Serejo – 22MATOS – Rui – 23NOUSCHI, Marc – 27

    Oficina do Livro – 33OLIVEIRA, Marta – 30OLIVEIRA, Miguel – 10PACHECO, Norberto da Cunha – 24

    Pactor – 40PATO, Bulhão – 8, 9PEREIRA, Josefina – 23PINHEIRO, Gonçalo Lobo – 21

    Profedições – 29Publicações Europa-América – 16, 21, 26Quidnovi – 40

    RAMALHO, Paulo – 36RASQUILHO, Rui – 36REDOL, António Alves – 18RIBEIRO, António Manuel – 4, 5, 6RIBEIRO, Júlia Guarda – 25RICHAU, João – 26RICOU, Ernesto – 14RODIS-LEWIS, Geneviève – 33RODRIGUES, Cidália – 30SANTOS, Costa – 13SANTOS, Joaquim – 24SARAIVA, José Hermano – 26SILVA, José Guedes da – 24SILVESTRE, Carlos Alberto S. – 28SOULIER, Gérard – 27SOUSA, Judite – 33

    Taba Cultural – 39Temas Originais – 21Textiverso – 27

    TOMÁS, Manuel – 30VASCONCELOS, Arménio – 25VAZ, José – 23VIEIRA, Ana Maria Sousa Neves – 29VIEIRA, Ricardo – 29ZÚQUETE, Afonso – 34, 35

    Ficha Técnica | Director: Adélio Amaro | Sede: Associação de Investigação e Cultura dos Açores / Leiria, Rua Casal daMourã, n.º 146, 2410-027 Leiria, Portugal | Telm. 969 076 618 | E-mail: [email protected] . | Colaboradores da edição 1: AdelinoSá; António Manuel Ribeiro; David Amaro; David Monge; Eduardo Zúquete; Frankelim Amaral; Graça Arrimar; Guilherme D'OliveiraMartins; Miguel Oliveira; Nélia Matos (Revisão); Nidal Alsaber; Paulo Pedro; Prates Miguel; Ricardo Vieira; Sérgio Machado Letria. |AICALivros é uma publicação gratuita em formato PDF sem fins lucrativos e sem publicidade. Os textos assinados são da responsabilidadedos autores e não reflectem, necessariamente, a opinião da revista. Nem todos os textos estão segundo o novo Acordo Ortográfico.

  • Editorial

    AICAL LIVROS

    Divulgar Livros, ADivulgar Livros, ADivulgar Livros, ADivulgar Livros, ADivulgar Livros, Autores e Editoresutores e Editoresutores e Editoresutores e Editoresutores e EditoresAICAL

    A Associação de Investigação e Cul-tura dos Açores / Leiria (AICAL) nasceuem 2008 com o objectivo de promover aCultura e a História de todas as fregue-sias e suas gentes do Arquipélago dosAçores e do Distrito de Leiria.

    Rapidamente se entendeu que a gran-deza desse universo se teria de ampliar.Muitos Açorianos e Leirienses marcampresença um pouco por todo o País as-sim como pelo Mundo, não ignorandoaqueles que Açores e Leiria acolheram.

    Desta forma, dando asas ao principalobjectivo da Associação - constituição deuma Biblioteca - entendeu-se que faziasentido promover a Língua Portuguesa eos escritores dos oito países lusófonosque vivem em todo o Mundo, dando voza Fernando Pessoa (1888-1935) quandoreferiu que o Padre António Vieira (1608-1697) era / é o «Imperador da LínguaPortuguesa».

    Em pouco mais de cinco anos a Bi-blioteca da AICAL reuniu seis mil e du-zentos volumes e milhares de outros ele-mentos. Tem feito diversas palestras edado a conhecer, publicando, cadernos ealguns livros essencialmente de índolehistórica e biográfica.

    AICAL LIVROS

    Foi por isso que nasceu a «AICAL Li-vros», com o anseio de promover os li-vros e os autores lusófonos. É uma re-vista sem fins lucrativos e que não apre-senta publicidade e será, apenas, em for-mato PDF sendo a mesma, numa primei-ra fase, enviada via correio electrónico,para uma base superior a quatro mil en-dereços electrónicos.

    Com esta revista a AICAL pretendeessencialmente promover aqueles queparecem esquecidos - LIVROS, ESCRITO-RES e EDITORES. Até porque, como es-creveu António Vieira, o livro «é um mudoque fala, um surdo que responde, um

    3Janeiro 2014

    ADÉLIO AMARODirector da AICAL Livros

    Com esta revista aAICAL pretende

    essencialmentepromover aqueles

    que parecemesquecidos -

    LIVROS,ESCRITORES eEDITORES. Até

    porque, comoescreveu AntónioVieira, o livro «é

    um mudo que fala,um surdo que

    responde, um cegoque guia, um

    morto que vive».A «AICAL Livros»

    começa de formasimples e está a

    promovercontactos junto deeditores e autores

    no sentido decrescer e divulgarda melhor forma o

    mundo daLiteratura.

    cego que guia, um morto que vive».A «AICAL Livros» começa de forma

    simples e está a promover contactos jun-to de editores e autores no sentido decrescer e divulgar da melhor forma omundo da Literatura.

    As páginas desta revista estão dis-poníveis para todos os que pretendemdifundir os livros e os autores de LínguaPortuguesa.

    EDIÇÃO 1

    Na vigente edição, com destaque para68 autores, damos a conhecer os projec-tos literários para 2014 de António Ma-nuel Ribeiro e os seus 35 anos de carrei-ra muito além da nobre função de voca-lista e fundador do UHF. A escrita, a cul-tura e a história fazem parte da sua for-ma de ser…

    São vários os nomes em destaque,com especial atenção para a nobre e ilus-tre colaboração de Guilherme d'OliveiraMartins, Presidente do Centro Nacional deCultura, assim como dos professores eescritores Miguel Oliveira, Graça Arrimare Prates Miguel.

    É dado realce a alguns nomes da lite-ratura Lusófona como Graça Jacinto,Costa Santos, Ernesto Ricou (Suíça), El-zio Luz Leal (Brasil), Alice Machado (Fran-ça), Delmar Gonçalves (Moçambique) en-tre muitos outros. Relembramos AlvesRedol e Afonso Zúquete…

    E, nesta passagem pelo mundo doslivros, destacamos o trabalho desenvol-vido pela Biblioteca Pública e ArquivoRegional de Ponta Delgada (Açores) as-sim como o vencedor da segunda ediçãodo Prémio «Villa Portela», Luís Ferraz.

    Nesta primeira edição realçamos de-zenas de livros e concernentes autores.Para o segundo número daremos a con-hecer muitos mais, até porque «Não hámelhor fragata do que um livro para noslevar a terras distantes» – Emily Dickin-son (1830-1886).

  • «O Momento a Seguir», segundo livro depoemas inéditos de AMR.

    E para 2014, que nos espera da penade AMR? Ele próprio nos conta na entre-vista que concedeu à «AICAL Livros», an-tecipando a apresentação dos novos tra-balhos literários em que está envolvido.

    Depois de quatro livros publi-cados, vai agora editar um que seráum marco nos 35 anos dos UHF -«UHF em 35 histórias». Que gé-nero de histórias se pode encon-trar neste livro?

    Muito provavelmente ainda antes daedição dessas «35 Histórias» que escrevipara a Antena 1, irei editar – finalmente –uma antologia poética, que vem sendosucessivamente adiada por falta de tem-po e sossego para a concluir.

    Sobre as «35 Histórias» há a dizer querevelam episódios e situações que o gru-po viveu e ficaram esquecidas.

    São curiosas, até caricatas, revelado-ras do pioneirismo que envolveu os pri-meiros anos do rock português. São atéuma fotografia sociológica do país, ondeum grupo de miúdos seguiu pelo sonhoe venceu.

    Quando e onde será o lançamen-to da obra?

    Quando estava a gravar as históriaspropuseram-me a sua edição quase ime-diata, que recusei. Há um tempo rádio,mais sintético e outro tempo para a pala-vra escrita, a literatura. Por isso, algu-mas histórias poderão ser revistas paracrescerem, não muito, apenas os com-plementos que achar adequados. Tambémé quase certo que entrarão mais algumashistórias que entretanto «vieram ter co-migo», e que me parecem importantespara entender melhor o grupo e a sua car-reira.

    As histórias deste livro são asmesmas que foram reveladas aosmicrofones da Antena 1, na inter-venção que acabou no passado dia29 de Novembro?

    Sem dúvida, inclusive poderemos adi-cionar um CD com o material gravado,que tem um excelente trabalho de sono-plastia do António Santos, o técnico daAntena 1 que comigo trabalhou durantedois meses e meio.

    E num parágrafo como resumi-ria a brilhante carreira dos UHF,num país onde não é fácil triunfar

    Janeiro 20144

    independente e humanista, mas não en-tendeu o funcionamento dos homens for-matados por partidos.

    Funda o grupo UHF em 1978 e arran-ca com «Cavalos de Corrida», numa épo-ca que se tentava semear o que veio a serchamado de Rock Português, para umacorrida que já leva 35 anos de carreira.

    Durante toda a sua carreira, preenchi-da pela música e escrita, manteve a suacolaboração em jornais e rádios, chegan-do a ajudar na fundação de duas rádiospiratas.

    Na literatura escreveu: 2002, «Todasas Faces de Um Rosto», livro de poesia,canções e notas de viagem; 2003, «Se oAmor Fosse Azul Que Faríamos Nós daNoite?», primeiro livro de poemas origi-nais; 2005, «Cavalos de Corrida – A Poé-tica dos UHF», uma antologia de todosos poemas que o grupo UHF e AMR asolo gravaram entre 1979 e 2005; 2006,

    Entrevista

    VOCALISTA E FUNDADOR DO GRUPO UHF

    António Manuel RibeiroAntónio Manuel RibeiroAntónio Manuel RibeiroAntónio Manuel RibeiroAntónio Manuel Ribeiro35 anos de car35 anos de car35 anos de car35 anos de car35 anos de carreirareirareirareirareira

    ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO(AMR) nasceu em Almada a 2 deAgosto de 1954. Vocalista e fundadordos UHF, é o compositor de quasetodas as músicas editadas tanto pelogrupo como a solo.

    Na sua época de estudante passoupelo Liceu em Almada e cursou Ar-quitetura no D. João de Castro. «Re-solveu chumbar» e voltou para o 6.ºano de Letras.

    Mais tarde entra na Faculdade deDireito e em 1976 inscreveu-se emFilosofia Românica. Urbano TavaresRodrigues foi um dos seus profes-sores.

    AMR estagia no jornal Record, tri--semanário na época, lá se manteveaté 1980 e foi trabalhar para a Câma-ra Municipal de Almada. Com o nas-cimento dos dois primeiros filhos,entende apenas trabalhar e abandonaros estudos.

    AMR conta que nessa fase da suavida «a música ajudava, tomando ocentro da sua vida. As guitarras, osprimeiros grupos, os equívocos de umpaís agreste, sempre adiado, alimen-tavam a tenacidade e um propósito quevencerá todas as adversidades.»

    A escrita esteve sempre patente navida de AMR, principalmente a Poe-sia. Contudo, naquela fase da sua vida,onde pairava muita incerteza, entendedeitar fora os primeiros dois roman-ces que escrevera no fim da sua ado-lescência, afirmando que eram «dema-siados premonitórios».

    Chegou a passar pela política, como

    Pa

    ulo

    P

    ed

    ro

  • 5

    durante tanto tempo?Sonhar, tentar, querer, teimar e nunca

    desistir. A qualidade fez o resto, porqueas canções chegaram às pessoas e hojecruzam gerações. Ser pop star em Portu-gal exige um grande rigor ou, como diriaum amigo meu, chegamos a 100 e saí-mos a 200.

    Referiu que antes do livro sobreo percurso dos UHF irá apresentaruma antologia poética intitulada«Sal Secreto da Vida». Quer revelaro que consiste esse livro?

    Essa antologia era para reunir apenaso somatório dos quatro livros editados,mas depois tomei outro rumo.

    Este novo livro reunirá aquilo que con-sidero o melhor já editado com os novospoemas escritos, uma espécie de livro vel-ho mais livro novo. Entretanto, tambémmudei de editor.

    Para quando nas bancas?Tudo farei para que esteja disponível

    em Fevereiro de 2014. Entretanto tenhoum encontro com o meu novo editor quevive em Bruxelas e espero determinarentão a data.

    Além destes dois trabalhos queretractam uma vida de trabalho emredor da música e da poesia, seique tinha agendada a edição de umoutro sobre o caso de perseguiçãopersistente que o afectou. Vai guar-dar esse livro na gaveta?

    Esse é um livro mais denso, quase té-cnico, que aborda um grave problema so-

    cial – o stalking, que se poderá traduzirpor «perseguição obsessiva» – e o esta-do da nossa justiça perante situações con-cretas que afectam os cidadãos. Esse casoque durou quase oito anos, terminou emduas condenações que fizeram jurispru-dência, promovendo um debate nacionalsobre uma matéria que afecta quase 20%da população portuguesa, segundo dadosde um estudo da Universidade do Minho.

    É uma coisa demasiado séria, que jáexigiu muito de mim (cerca de 350 pági-nas escritas). Mas houve condicionantestécnicas, porque a senhora sentenciadafez o corrupio dos recursos e houve queesperar que as decisões transitassem emjulgado.

    Quando será editado?Estará cá fora ao longo de 2014. Tam-

    bém tenho uma editora interessada no pro-jecto e há prazos a cumprir. É um livro queterá uma componente didáctica, apropria-da para os debates e fóruns sobre a viola-ção dos direitos e privacidade dos cidadãos.E para o esclarecimento da sociedade.

    E um livro de crónicas da suavida dentro e fora da sua carreiracomo músico, era possível?

    É curioso que toque neste assunto,porque esse é o quarto projecto que estásobre a minha mesa de trabalho. É umlivro que fala das minhas vivências em Por-tugal, o que observo, o que vivo, o quenos agrupa enquanto nação. Prenhe desituações concretas e peculiares.

    Adélio Amaro (Texto)

    Frankelim Amaral (Fotografias)

    Janeiro 2014

    Entrevista

  • 6

    Entrevista

    Janeiro 2014

    «UHF, Assombroe Descoberta»

    NUNO MARTINSFONTE DA PALAVRA

    «Este livro mais do que umaaproximação à obra dos

    UHF, constitui um conjuntode reflexões de alguém que,

    atraído pelo valor desteprojecto musical procurou

    desbravar a sua poética,aliando esse processo de

    «Se o Amor Fosse AzulQue Faríamos Nós

    da Noite?»ANTÓNIO MANUEL

    RIBEIRO (AMR)GARRIDO EDITORES

    2003 – «O primeiro livro depoemas originais de António

    Manuel Ribeiro; o fôlegoonde o reconhecido autor decanções se solta e perde nos

    terrenos que a escrita purapermite. É uma obra temática

    onde o autor coloca, comoao longo de um caminho,

    sinais que, no tempo certo,permitirão outras leituras.Por vezes esotérico, quase

    sempre enigmático, masprofundamente empenhado,

    vivo, a falar do hoje quepovoa os nossos dias. Vícios

    ou atributos que lhe escor-rem da canção, fecundada

    pelo dia a dia de todos nós.Lançado no auditório da

    FNAC do CC Colombo, emNovembro de 2003, a obra

    foi apresentada pela jornalis-ta Fernanda Freitas.»

    «Cavalos de Corrida– A Poética dos UHF»

    ANTÓNIO MANUELRIBEIRO (AMR)

    7 CAMINHOS, 300 pp.

    2005 – «O livro ondecomeça a história dos UHFlançado no auditório FNACdo CC Colombo em Lisboa,no dia 12 de Dezembro de

    2005, o novo livro de Antó-nio Manuel Ribeiro foi

    apresentado por DavidMourão Ferreira, administra-dor da EMI portuguesa, uma

    antologia de todos os poemasque os UHF e, o próprio

    autor a solo, gravaram entre1979 e 2005. Cada poema foisublinhado por uma anotação

    de AMR, desvendandosegredos, revelando

    memórias. Inclui ainda umlote de fotos inéditas, ofereci-das por amigos e fotógrafos

    profissionais, pertença da suacolecção privada. Esta é aprimeira obra literária que

    desvenda a verdadeira históriados UHF, os episódios de

    uma intensa carreira espelha-da nas quase duas centenasde poemas agora reunidos.»

    «Todas as Facesde Um Rosto»

    ANTÓNIO MANUELRIBEIRO (AMR)

    GARRIDO EDITORES, 244 pp.

    2002 – «Poesia, canções enotas de viagem. Editado noinício do verão de 2002, esta

    primeira aventura de AMRiniciaria o hábito de escolhero auditório da FNAC do CC

    Colombo para se apresentarao público: a apresentação

    ficou a cargo do amigoescritor José Jorge Letria. Éo início da aventura e, como

    na altura do lançamento oautor referiu, é o cumprir deuma promessa feita há muito

    aos fãs dos UHF e a mimpróprio. É também por isso

    uma obra multifacetada ondeas notas de viagem, a poesia

    e as canções escolhidas seinterligam para o matiz doretrato agora desvendado,

    polvilhado pelas fotografiasque completam os mil

    esgares de um rosto, as suasfaces em palco e na vida de

    todos os dias.»

    «O Momento a Seguir»ANTÓNIO MANUEL

    RIBEIRO (AMR)7 CAMINHOS, 92 pp.

    2006 – «É o segundo livrode poemas inéditos de AMR,outra densidade de palavras,

    três anos depois de “Se oAmor Fosse Azul Que

    Faríamos Nós da Noite?”.Linguagem do amor, outrasvezes críptica, até à raiva da

    palavra que a funda dopoema e da voz hão-desoltar. Dividida por três

    continentes, ou três capítulosde intenções, este “O Mo-mento a Seguir” projecta

    uma escrita de AMR hámuito reconhecida nas suas

    canções de combate – aolonge, aqui bem perto, a

    escola dos poetas maisinterventores da nossacontemporaneidade.»

    descoberta às suas própriasexperiências e vivências

    enquanto cidadão. Sei que oNuno Barroso Martins

    pouco mais velho é que os

    UHF, e nos descobriu há

    nove anos atrás num

    concerto no Casino do

    Estoril; que a sua primeira

    atenção passou pelos discos

    em vinil do pai. Espantou-

    me que, com tantas coisas

    divergentes para fazer, neste

    mundo de ofertas im-

    paráveis, guardasse algum

    tempo da sua vida jovem

    para se interrogar sobre os

    caminhos, as sementes e o

    horizonte de quem sobe a

    um palco e se julga capaz de

    soltar sobre uma melodia

    tempestuosa a intencionali-

    dade de algumas palavras

    rimadas.» António ManuelRibeiro, in Prefácio.

  • Ensaio

    A MINHA METÁFORA VAI NUA

    TTTTTentâmen sobre a Esperança Ientâmen sobre a Esperança Ientâmen sobre a Esperança Ientâmen sobre a Esperança Ientâmen sobre a Esperança ITenho Esperança de nunca a perder.

    Não por esta ser a última a morrer, maspor ser a primeira a despontar. Até por-que não logro ganhar vitórias para as ca-muflar em gavetas de sonhos escuros.Prefiro que as vitórias me ganhem paraque possa fazer parte dos seus pódios edescansar na estilóbata1 da base elevadados três degraus do estereóbata2. Até por-que a morte só será tragada pela vitória daEsperança quando o corpo corruptível serevestir de incorruptibilidade, e o que é

    mortal se revestir de imortalidade3.Não anseio a Esperança da normalida-

    de e do estéril desejo. Persisto na Espe-rança da liberdade e do viril destino. Nãoanelo a Esperança globalizante e social-mente viciada e corrompida. Persigo a Es-perança da avidez peculiar e a senda daexteriorização da convicção.

    A Esperança é suprema ao sonhoverde enfatizado e equilibrado do homemacordado4 de Aristóteles5 (384-322 a.C.),aluno de Platão6 (428-348? a.C.) e tutorde O Grande Alexandre7 (356-323 a.C.).

    Enquanto que Platão, a convite deDionísio I8 (430-364 a.C.), visitou Siracu-sa9 com a Esperança de ali introduzir osseus ideais políticos e teve de retornar aAtenas após desentendimento com a tira-nia local, Alexandre III nunca desprezou aEsperança de arquitectar o emancipado,superior e mais opulento império que atéentão havia existido, dos Balcãs à Índia,abarcando o Egipto e a Báctria10.

    Após doze anos de imutável campanhamilitar, embebida por vitórias e humedeci-da por conquistas, quase sempre com oseu cavalo Bucéfalo11, Alexandre III con-templou, com 33 anos, a sua existênciasucumbir diante o tumba da Esperança,padecente de doença ou envenenamento,exaurindo o império avassalado por se dis-sociar entre os seus generais e diluído notempo pelas imutáveis pelejas.

    Incessantemente içamos a bandeira davitória no soberano mastro da vida.Almejamos a alucinação das nuvens quetelham e tingem o céu com o aguerridoazul Prússia, para que estas nos sirvam osonho de bandeja, como se se tratasse dapintura La Liberté guidant le peuple12 deEugène Delacroix13 (1798-1863), onde osseios desnudos, a bandeira em punho e omosquete com baioneta devolveram aEsperança ao povo Francês nos três dias

    7Janeiro 2014

    ADÉLIO AMAROPresidente da Associação

    de Investigação e Cultura

    dos Açores / Leiria

    Incessantemente

    içamos a bandeira

    da vitória no

    soberano mastro da

    vida. Almejamos a

    alucinação das

    nuvens que telham

    e tingem o céu com

    o aguerrido azul

    Prússia, para que

    estas nos sirvam o

    sonho de bandeja,

    como se se tratasse

    da pintura La

    Liberté guidant le

    peuple de Eugène

    Delacroix (1798-

    1863), onde os

    seios desnudos, a

    bandeira em punho

    e o mosquete com

    baioneta

    devolveram a

    Esperança ao povo

    Francês nos três

    dias gloriosos de

    Julho de 1830, em

    que a população

    Parisiense postou

    termo ao

    Absolutismo...

    1 O último degrau da plataforma que serve debase aos templos gregos.2 Nos templos romanos a sua base designa-sepódio.3 1 Coríntios 15:54.4 A esperança é o sonho do homem acordado.5 Filósofo e Cientista da Grécia Antiga.6 Filósofo, Matemático do período da Grécia An-tiga e fundador da Academia em Atenas (pri-meira instituição de educação superior do mun-do ocidental).7 Alexandre III, Rei da Macedónia.8 Nasceu e governou em Siracusa por trinta eoito anos, até morrer. Fortificou a sua terra na-tal e derrotou seus inimigos e ocupou cidadesgregas vizinhas.9 Comuna italiana da região da Sicília. Foi cida-de-Estado até ser conquistada pelos romanosem 212 a.C..10 Região histórica cuja capital era a cidade deBactros, actual Balkh, que fazia parte do coraçãopersa medieval e hoje integra o Afeganistão.11 Nasceu no mesmo dia que Alexandre III. Mor-reu devido a ferimentos e idade avançada nacampanha que o seu majestoso cavaleiro fez àÍndia. No local da sua morte, o imperador pres-tou-lhe homenagem, fundando a cidade de Bu-céfala próxima a Taxila, no actual Paquistão. Estaúltima foi declarada Património Mundial em1980.12 A Liberdade guiando o povo. Óleo sobre tela,260 cm x 325 cm, 1830. Patente nodepartamento de Pintura do Museu do Louvre,Paris, França.13 Pintor Francês da Escola Romântica deixandoobras de grande simbolismo patentes dosmaiores museus do mundo. Está sepultado nocemitério Parisiense Père Lachaise, na rua como seu nome.14 Estudo das bandeiras, estandartes e insígniase das suas simbologias, usos e convenções.15 Dinastias, em França, entre os séculos XVI eXVIII.

    gloriosos de Julho de 1830, em que apopulação Parisiense postou termo aoAbsolutismo, ignorou a vexilologia14 dasremanescentes bandeiras e do direito divinodos reis – Ancien Régime de Valois eBourbon15.

    Idealizamos, esperançados, a conquistade ambições, derretendo o lacre do sonhonas muralhas do desespero e ateando ofacho da Esperança como réstia de luz.

    Aguardamos pela Esperança, comopassageiro em dia de Outono que ao ritmodo baile das folhas secas, esfaceladas pelacalçada ao toque do vento, vai esperando,ansiosamente, pelo comboio que o levaráao seu destino.

  • Centro Nacional de Cultura

    NOS MEIOS LITERATOS

    Raimundo António de Bulhão Patonasceu em Bilbau e morreu no Monteda Caparica (1829-1912), viveu a suainfância no país basco sob os efeitosdramáticos da guerra civil. Em 1837, afamília veio para Portugal, cansada dasagruras da instabilidade espanhola, eem 1845 o jovem inscreveu-se na Es-cola Politécnica, frequentando, desdemuito cedo os meios literários, ondeconheceu Herculano, Garrett, AndradeCorvo, Latino Coelho, Mendes Leal,Rebelo da Silva e Gomes de Amorim.Com Herculano estabeleceu uma rela-ção muito especial e intensa bem pa-tente nas suas recordações, através dasquais conhecemos muitos pormenoresbiográficos do historiador. Como poetacultivou a influência romântica. A suaprimeira obra é de 1850 («Poesias»), ten-do publicado em 1866 a muito celebra-da «Paquita» (depois de ter dado à es-tampa «Versos», em 1862). Apesar doselogios dos seus contemporâneos so-bre a sua poesia, em especial de Her-culano e Rebelo da Silva, o certo é queserá como memorialista de primeiraágua que Bulhão Pato se afirma. A suaprolífera criação chegou aos palcos doTeatro Nacional, em pelo menos umoriginal e em traduções de obras clás-sicas. Escritor dotado e de pena fácildedicou-se também ao jornalismo. Ami-go de Antero de Quental, sobre este dis-se: «bem no fundo, Antero foi sempreum romântico. Até no morrer comoWerther! No temperamento extrema-mente sensível, o influxo da educaçãodos primeiros anos e a natureza da Paísem que nasceu, desenvolveram-lhe asensibilidade, e a luta constante, e direicruel, da sua vida, foi querer dominar e

    AS «MEMÓRIAS» DE BULHÃO PATO

    A VIDA VIDA VIDA VIDA VIDA DOS LIVROSA DOS LIVROSA DOS LIVROSA DOS LIVROSA DOS LIVROSde 6 a 12 de janeiro de 2014de 6 a 12 de janeiro de 2014de 6 a 12 de janeiro de 2014de 6 a 12 de janeiro de 2014de 6 a 12 de janeiro de 2014

    AS «MEMÓRIAS» DE BULHÃO PATO (3 VOLUMES, TYP. DA ACADEMIA REAL DASSCIENCIAS, 1894-1907) são de apetecível leitura, para quem queira conhecer o ambientecultural e as principais figuras públicas da segunda metade do século XIX. É um reportório

    circunstanciado, escrito em bom português, de um memorialista que, muito mais do que poetaromântico, é hoje uma testemunha privilegiada que merece leitura atenta.

    abafar com a razão, robustecida poroutros estudos, o temperamento nati-vo; mas esse temperamento para olhosperspicazes que o tivessem de perto,ressumbrava e traía-se a cada passo! –O entusiasmo é bom; mas a crítica émelhor – exclamava ele repetidas ve-zes. E foi sempre muito mais entusias-ta do que um crítico; foi, acima de tudo,um poeta, e como poeta fez a sua obra-prima! Ainda bem!».

    A AMIZADECOM ANTERO DE QUENTAL

    Sobre a célebre viagem de Antero deQuental a Nova Iorque, o relato que Bul-hão Pato faz sobre o poeta dos «Sone-tos» e a suposta troca com João deDeus, já Ana Maria Almeida Martinsesclareceu plenamente que a carta deJoaquim Negrão, o proprietário do pa-tacho «Carolina», tinha forte dose deimaginação e de inverdade (cf. «Anterode Quental e a Viagem à América: Re-mando contra a Maré», Tinta da China,2011). Antero era amigo próximo deBulhão Pato, conviviam, nos anos se-tenta, às quintas-feiras jantavam («co-mia pouco mais que um pintassilgo nasua gaiola; não o atormentava a diges-tão, que lhe fora tantas vezes cruel! Oexercício da palavra, depois do brevejantar, fazia-lhe bem»). Pato admirava-o. Sobre a perfeição da verve disse dopoeta micaelense: «a língua, que prin-cipiava a ser desfeiteada, respeitou-asele sempre. Percebeu que quanto hou-vesse moderno, seguindo todas as cor-rentes, numa evolução progressiva, sepodia dar dentro dela. Logo na infânciaa tinha bebido na fonte mais cristalina eabundante, porque fora discípulo de

    GUILHERME D'OLIVEIRA MARTINSPresidente do Centro Nacional de Cultura

    8 Janeiro 2014

    Sobre a célebreviagem de Anterode Quental a NovaIorque, o relatoque Bulhão Patofaz sobre o poetados «Sonetos» e asuposta troca comJoão de Deus, jáAna MariaAlmeida Martinsesclareceuplenamente que acarta de JoaquimNegrão, oproprietário dopatacho«Carolina», tinhaforte dose deimaginação e deinverdade...

  • Castilho, quando o luminoso cego abri-ra o colégio do Pórtico. Na sua obracapital – os “Sonetos” - se pode vercomo ele a maneja. Se não conhecessea língua, não tinha feito aquela obra-prima». Também Antero estimava Bul-hão Pato, de quem disse, em 1873: «li-terariamente as tuas sátiras são um ver-dadeiro triunfo; rigor, concisão, simpli-cidade, - naturalidade. Tens ali versosque hão de ficar na língua». Era um si-nal de amiga bondade. O último en-contro que houve entre os amigos foiem setembro de 1885, estava Anteroem casa de Oliveira Martins no Porto.«Tinha eu acabado de almoçar no Gran-de Hotel, quando recebi a visita do meuvelho amigo O.M.. O eminente vinhaconvidar-me para ser seu hóspede. Nãopodia aceitar a afetuosa oferta, porquenão me demorava mais de que algumashoras naquela cidade (…). – Antero vaiter uma surpresa e um alegrão, vendo-te – disse-me O.M.. Saímos juntos. En-trámos naquela casa luminosa e sere-na! Ninguém diria que, na arena políti-ca, o dono dessa casa andava, em talmomento, numa pugna cruel com umvigoroso e terrível adversário: as espa-das feriam lume, como os gládios doslutadores do circo! Antero de Quentalquando ouviu pronunciar o meu nome,levantou-se da sua mesa de almoço, parame abraçar numa expansão de alegria,rara nele! Estava animado; aquela casaera grandemente propícia à sua inteli-gência e ao seu honrado e amantíssimocoração. Tinha ao pé de si um amigoleal e de grande talento, o trato carin-hoso de uma senhora, onde a educaçãoprimorosa, reunida à candura da almaproduziam a flor mais suave para dararoma e encanto ao lar doméstico». Jánão era o Antero de tempos idos. Ha-via mais desdém que ironia, mas era amesma humanidade e o mesmo génio.Despediram-se à porta do cemitério deAgramonte («sorrindo-se benévolo etriste»). Hoje, sentimos essa força evo-cativa da memória viva…

    A MEMÓRIA DE HERCULANO

    Lembremos sobre Herculano a in-vocação do Vale de Santarém: «Era ple-na primavera. Num ramalhete ondeantede loireiros, que sombreavam a azenha,os rouxinóis cantavam e eu julgava veros olhos verdes de Joaninha, faiscandocomo esmeraldas, ao escutar os hinos

    Centro Nacional de Cultura

    daqueles inovadores alados que, do ca-rinho da noite até à madrugada, impro-visam, há milhares de anos, o poemavivo que faz palpitar todos os coraçõesjuvenis». A proximidade permite-nosconhecer muitos dos pormenores davida do mestre: «viajar com A.H. era,às vezes, ouvir lições de história, namais elevada, elegante e ao mesmo tem-po despretensiosa linguagem. Ao visi-tarmos as ruínas de Santarém, de umapedra de mármore, onde o punção abri-ra algumas letras, de um troço de colu-na gótica, de uma volta pontiaguda deabóboda reconstruía aquele espírito deartista, com a sua grande penetraçãohistórica, como que a primitiva fábri-ca». Ficamos a conhecer o erudito:«Herculano era generoso, mas econó-mico. Comprado Vale de Lobos, apli-cou todos os rendimentos ao custeio dapropriedade rural e à edificação da casa»(…) «Azeite de prato, como é notório,era coisa que não se conhecia em Por-tugal. Foi Herculano quem deu a inicia-tiva fabricando o precioso azeite de Valede Lobos». Bulhão Pato ensina-nos ocontributo decisivo do cidadão comofigura moralizadora da pátria e institui-dor da liberdade. «Os invejosos morda-zes até inventaram que A.H. era homemáspero e brutal no trato. Não conhecininguém mais sincero, mais simples eao mesmo tempo mais amorável e semafetação, delicado». E lembramo-nos doepisódio de Tomás d’Alencar de «OsMaias», considerado por alguns a cari-catura de B. Pato. Eça encarregar-se-ia, de desfazer o equívoco. «E visto quenada agora pode justificar a permanên-cia do sr. Bulhão Pato no interior do sr.Tomás d’Alencar, causando-lhe mani-festo desconforto e empaturramento –o meu intuito final com esta carta é ape-lar para a conhecida cortesia do autorda Sátira, a rogar-lhe o obséquio extre-mo de se retirar de dentro do meu per-sonagem». E cabe uma derradeira nota,gastronómica. Bulhão Pato aparece as-sociado às amêijoas que não são suas,mas uma homenagem do grande Joãoda Matta. As suas receitas são de caça,que servia principescamente na casa doMonte da Caparica. Paulo Plantier («OCozinheiro dos Cozinheiros») dá-nos omenu coevo: Açorda à Andaluza (comazeite Herculano), Perdizes à Castelha-na, Arroz opulento e Lebre (essa sim) àBulhão Pato.

    Artigo publicado

    no Centro Nacional de Cultura.

    Janeiro 2014 9

    Bulhão Patoensina-nos o

    contributodecisivo do

    cidadão comofigura

    moralizadora dapátria e

    instituidor daliberdade. «Os

    invejososmordazes até

    inventaram queA.H. era homem

    áspero e brutal notrato. Não conheci

    ninguém maissincero, maissimples e ao

    mesmo tempo maisamorável e sem

    afetação,delicado».

  • 10 Janeiro 2014

    Ensino

    A educação em Portugal está a passarpor uma fase conturbada e com sucessivasmudanças no sistema educativo. Sucedem-se as reformas sem que se dê maturidadeàs muitas alterações que se vãopromovendo na escola pública. Muda-seo Ministro da Educação, mudam-se aspolíticas educativas.

    É neste contexto que, em Óbidos,surge uma nova proposta educativa quepoderá trazer estabilidade à educação, seruma aposta na continuidade educativa econstituir um grande desafio para osestudantes, suas famílias, professores eeducadores: a criação de uma escolamunicipal com um projeto contextualizadoe devidamente adequado àquele território.

    Desde o ano de 2001 o Município deÓbidos tem estudado sistemas educativoseuropeus, procurado novos parceiros epromovido (e participado em) eventoscientíficos nacionais e internacionais paraperceber como poderia encontrar o projetoeducativo ideal para o concelho. O grandeobjetivo passava por criar os alicerces parauma escola de qualidade, autónoma, criativae inovadora.

    Foram criadas, ao longo dos anos,várias equipas de trabalho, fizeram-seinúmeras reuniões com ministros daeducação, secretários de estado, diretoresregionais de educação, com docentes einvestigadores de Universidades e InstitutosPolitécnicos para chegar a um modelo quepudesse, de uma vez por todas, serimplementado no Agrupamento de EscolasJosefa de Óbidos.

    No final de 2013 é anunciada a tãoesperada aprovação do projeto peloMinistério da Educação. Óbidos finalmentepoderá testar o modelo de EducaçãoMunicipal num projeto construído com/pelacomunidade educativa. No processo jáestão a participar professores, educadores,famílias, alunos, autarcas e empresas daregião. Foi criada uma comissão científicapara liderar e acompanhar os trabalhos paraque no início do ano letivo 2014/15 se possaimplementar aquela que será a primeiraEscola Municipal do país.

    Esta Escola Municipal terá um enfoquemuito particular nas questões da

    A ESCOLA MUNICIPAL DE ÓBIDOS

    Enfoque na continuidadeEnfoque na continuidadeEnfoque na continuidadeEnfoque na continuidadeEnfoque na continuidadeentre etapas educativasentre etapas educativasentre etapas educativasentre etapas educativasentre etapas educativas

    MIGUEL OLIVEIRAEscola Superior de Educação

    e Ciências Sociais – Instituto

    Politécnico de Leiria

    ... é fundamentalimplementarmetodologias

    socio -construtivistas

    assim como umapedagogia mais

    centrada nosestudantes,

    tornando todo oprocesso

    educativo maisparticipado e

    motivador.

    continuidade educativa com olevantamento e resolução de problemasrelacionados com a transição entre ciclos.Uma das lacunas que se tem verificado noprocesso educativo é a falta de articulaçãoentre as diferentes etapas do percursoacadémico dos estudantes. Pelos estudosrealizados são percetíveis os problemas dearticulação entre, por exemplo, a EducaçãoPré-escolar e o 1.º Ciclo do Ensino Básicoou entre o 1.º e o 2.º Ciclos do EnsinoBásico: os docentes não conhecem osdiferentes ciclos com os quais devemarticular; as metodologias utilizadas nasvárias etapas são normalmente muitodistintas; embora haja, por vezes,articulação de conteúdos, na maior partedos casos, não há articulaçãometodológica; a avaliação dos alunosraramente serve como instrumento decontinuidade; há um afastamento entre afamília e a escola, entre muitos outrosproblemas.

    Neste sentido é fundamentalimplementar metodologias socio-construtivistas assim como uma pedagogiamais centrada nos estudantes, tornandotodo o processo educativo mais participadoe motivador. Pretende-se que a pedagogiade Óbidos possa ser inspirada em modelose perspetivas socio-construtivistas comoacontece nas abordagens Reggio Emilia,Movimento da Escola Moderna ouPedagogia-em-participação.

    Pretende-se, no fundo, romper com apedagogia de transmissão e promover umapedagogia de participação e criatividade emque a atividade do aluno possa ser:«questionar, participar na planificação das

    actividades e projectos, investigar e

    cooperar» e o papel do professor seja o de«organizar o ambiente, escutar e observar

    para planificar, documentar, avaliar,

    formular perguntas, estender os interesses

    e conhecimentos [dos alunos] e do grupoem direcção à cultura» (Oliveira-Formosinho, 2009).

    Na Abordagem Óbidos Criativapretende-se que todos sejam chamados aparticipar e todos possam ter um papelfundamental no sucesso desta EscolaMunicipal.

  • Logo lhes chega, também, à ideia, oque acontecia nas livrarias, onde deze-nas de revistas iam ficando amontoa-das na esperança de algum leitor maisintelectual por lá passar...

    Os livreiros, esses, já sem ânimo,aceitavam, com alguma relutância, ficarcom revistas literárias, na certeza de quenada se venderia. - Já não há gente comoantigamente, que vinha aqui à procuradesta literatura, sussurrava o dono dalivraria «livros e revistas com jeito».Acontecia, muitas vezes, os mais jovenspedirem para lhes ser facilitada a vendade livros e revistas, através de pagamen-tos fracionados. Havia ânsia por um de-terminado tipo de leitura e isso resulta-va na procura de literatura de qualidade.Eram pessoas cultas, professores, médi-cos, agentes da administração pública,alguns cidadãos anónimos e tambémestudantes ciosos do conhecimento. Al-gumas dessas revistas eram financiadase tinham uma vida efémera, acrescenta-va o livreiro desalentado com o maras-mo em que se encontrava o negócio.

    Era grande a vontade de desabafar,reclamando a falta de apoios do setor eo alargamento da venda de livros àsgrandes superfícies comerciais, compe-tindo estas, também, ao nível do preço,o que contribuiu para o encerramentode muitas livrarias, por todo o país.Outros… apesar das vozes contradi-tórias, entendem que nesta época de cri-se generalizada e de mudança de para-digma, é muito importante acreditar queé possível a evolução e o bem-estar dassociedades através do domínio e apro-priação do conhecimento.

    No entanto, os caminhos a percor-rer poderão ser diferentes com os mes-mos critérios de qualidade, mas for-mas de abordagem inovadoras, tanto

    Uma revista de escritores e de livros?Uma revista de escritores e de livros?Uma revista de escritores e de livros?Uma revista de escritores e de livros?Uma revista de escritores e de livros?

    Opinião

    Janeiro 2014 11

    ao nível dos conteúdos como da apre-sentação e divulgação do produto fi-nal, de forma a chegar num curto es-paço de tempo ao mundo global, cha-mar a atenção de públicos variados paraesta vertente da cultura de forma fácile atrativa, fazendo uso das ferramen-tas que a Web disponibiliza.

    ADÉLIO AMARO, editor e tambémescritor, com a sua capacidade empreen-dedora e criadora afirma-se, corajosamen-te no mundo cultural, desta feita, fazen-do uso da sua criatividade mas, apro-veitando os seus conhecimentos no mun-do das tecnologias da informação e co-municação para levar, junto de um certopúblico, os escritores e obras, assimcomo acontecimentos e comentários so-bre o mundo literário.

    Temeridade, sonho ou desafio?... Umpouco de tudo isso antevejo neste proje-to, pois só assim, o desbravar de novoscaminhos numa época de tantas solicita-ções, como a que vivemos.

    Porém, sublinho as palavras do poe-ta: o mundo é dos que sonham.

    BEM… UMA TEMERIDADE, DIZEM AQUELES QUE HÁ MUITO VEEM COM OLHOSCÉTICOS QUALQUER INICIATIVA MUITO ESPECIALIZADA NESTA ÁREA. Com um

    franzir de sobrolho, começam num exercício de memória, a contar as revistas literárias queexistiram há uns bons anos atrás e que, aos poucos, foram perdendo a força, não a qualidade é claro,

    acabando por morrer nos escaparates das bibliotecas, pois aí chegavam sem qualquer custofinanceiro e eram muitas vezes, a par do JL, os únicos documentos que abordavam temas à volta dos

    escritores e dos livros, trazendo ao conhecimento do público, não só novidades literárias, comorecensões críticas de algumas obras e entrevistas aos escritores.

    GRAÇA ARRIMARProfessora, Escritora

    Temeridade,sonho ou

    desafio?... Umpouco de tudo isso

    antevejo nesteprojeto, pois só

    assim, o desbravarde novos caminhos

    numa época detantas

    solicitações, comoa que vivemos.

    Porém, sublinhoas palavras do

    poeta: o mundo édos que sonham.

  • 12 Janeiro 2014

    Estreia

    A aventura de vários personagenspercorre lugares como Leiria, Caldas daRainha e São Martinho do Porto, comoas ilhas do Faial e em destaque o Pico,Paris e Nova Iorque. Uma troca deemoções entre figuras que tocam as es-tórias reais que se abraçam ao ima-ginário que a autora fez transbordar parao elenco da fantasia.

    Este romance, embora de forma ligei-ra, aflora o tema das crianças autistas quenecessitam de um ensino e especialmen-te de um carinho especial.

    Embora seja uma narrativa ficcionadacom base nos conhecimentos reais, umdos personagens deste romance é mes-mo uma professora de Educação Espe-cial, que parte em busca de seus pais...

    No enredo deste romance são desta-cados os valores da família, dos amigose as relações pessoais…

    «LAÇOS FORTES E DECISÕES DIFÍCEIS», é o primeiro livrode GRAÇA JACINTO, tendo sido apresentado em várias

    localidades do país, este romance está a angariar enorme sucessoentre os leitores.

    «Laços fortes e decisões difíceis»

    GRAÇA JACINTO

    FOLHETO EDIÇÕES, 416 pp.

    AVENTURAS ENTRE AÇORES, PARIS E ESTADOS UNIDOS

    Graça Jacinto com «Graça Jacinto com «Graça Jacinto com «Graça Jacinto com «Graça Jacinto com «Laços fortesLaços fortesLaços fortesLaços fortesLaços fortese decisões difíceise decisões difíceise decisões difíceise decisões difíceise decisões difíceis» no primeiro livro» no primeiro livro» no primeiro livro» no primeiro livro» no primeiro livro

    Adélio Amaro, autor do prefácio de«Laços fortes e decisões difíceis» de GRA-ÇA JACINTO, num dos parágrafos des-creve o referido livro como "Numa per-muta de ideias e ideais, de aventuras, desentimentos, de desejo e essencialmentede saudade, desponta a união entre o con-tinente e ilhas. União quebrada pela pon-te ausente que tem seus pilares lacradosna força do mar e pela lágrima que tei-mosamente concebeu seu atalho no rostode quem tem o sonho na mão e a sauda-de no coração.

    GRAÇA JACINTO nasceu em 1965na aldeia de Chão da Parada, situada nafreguesia de Tornada, no concelho de Cal-das da Rainha, a poucos quilómetros doinspirador mar.

    Tirou o curso do Magistério Primário,licenciou-se depois em Estudos Portugue-

    ses e Ingleses e, mais tarde, especiali-zou-se em Educação Especial nos domí-nios cognitivo e motor.

    Está integrada no ensino há cerca deum quarto de século, profissão que a le-vou, ao longo dos anos, a fazer as malase a percorrer vários pontos de norte a suldo país.

    Desenvolve actualmente a sua activi-dade profissional como docente de Edu-cação Especial com um grupo de crian-ças autistas, numa escola de Leiria.

    A dança, a leitura, a escrita e as via-gens estão entre as actividades de eleiçãopara ocupar os seus tempos livres.

    Excerto da obra

    «Saiu disparada, batendo com a por-ta, pôs os óculos de sol e entrou na ruadebaixo de um abrasador calor de agosto.Agosto no centro de Manhattan! NovaIorque! Mas Nova Iorque é Nova Iorque,naquele calor ou noutro, é sempre NewYork City.

    Só que ela nem o calor conseguia sen-tir. Sentia-se como que anestesiada peladiscussão que acabara de ter. Parecia-lheagora que a sua vinda a Nova Iorque foraum profundo erro.

    Mas afinal do que é que estava à espe-ra? Questionou-se. Saíra da sua terra na-tal, atravessara o oceano Atlântico na es-perança de encontrar a sua mãe biológi-ca, aquela que a trouxera ao mundo, san-gue do seu sangue. Mas aquela discus-são acabava agora com todas as expecta-tivas. Todas!»

  • ram. Os valores perderam-se. Talvez porisso estas estórias tenham sentido…

    Com a caricatura desenhada por Car-los Laranjeira, neste «Estórias de uma vida»encontramos grandes figuras, na sua maio-ria ligadas ao mundo do desporto, e mui-tas outras que já partiram do mundo dosvivos. É possível ler estórias na primeirapessoa em que COSTA SANTOS conviveucom nomes como Maradona, Santiago Bar-nabéu, Pauleta, Luís Figo, José Mourinho,Jorge Sampaio, Fernando Martins, Pintoda Costa, João Rocha, Miguel Indurain, Fer-nando Santos, Artur Jorge, Toni, Jardel,Gil e Gil, Ronaldo, Mário Wilson, João VieiraPinto, Jimmy Hagan, Dani, José Torres,Manuel Fernandes, Marco Chagas, RuiNabeiro, João Nabeiro, José Manuel Ca-pristano, José Guilherme Aguiar, ManuelJosé, João Alves, José Maria Pedroto, Oc-távio Machado, Augusto Inácio, JorgeGonçalves, Humberto Coelho, José Re-dondo, Carranca Redondo, João Moreno,Valentim Loureiro, Jorge de Brito, Shéu,Erikson, Joaquim Agostinho, Dias Ferrei-ra, Jorge Cadete, Vale e Azevedo, MárioMoreno (Cantiflas), entre muitos outros.

    DO JORNALISMO PARA A LITERATURA

    Costa Santos:Costa Santos:Costa Santos:Costa Santos:Costa Santos:«Estórias«Estórias«Estórias«Estórias«Estóriasde umade umade umade umade umavida»vida»vida»vida»vida»e «e «e «e «e «AquelasAquelasAquelasAquelasAquelasMãos»Mãos»Mãos»Mãos»Mãos»

    Autor

    «Estórias de uma vida»

    COSTA SANTOS

    FOLHETO EDIÇÕES, 240 pp.

    Janeiro 2014 13

    Do jornal do Liceu D. João III «O Pá-tio» até chegar ao Desportivo Record (emJaneiro de 1973), passou pelas redacçõesda Capital, Tempo, Globo e A Bola. Qua-renta anos de jornalismo que lhe permiti-ram viajar pelos cinco Continentes.

    A pintura era uma paixão «adormeci-da», era sonho, desejo, quase obsessão…

    Porém, só em 2003 depois de 20 anosao serviço do Record se entregou de almae coração à pintura.

    Frequentou o curso de Desenho e Pin-tura da Universidade Vasco da Gama, emCoimbra.

    As paisagens tinham de ser… consti-tuem o tema dominante dos seus trabal-hos. A Natureza com toda a sua força; omar com todo o seu esplendor, o xisto eas aldeias que lhe são fiéis, enfim, temá-ticas que não se cansa de transpor paraas telas, com amor.

    Nestes anos de entrega fez inúmerasexposições individuais: Coimbra, Arga-nil, Leiria, Figueiró dos Vinhos, PedrógãoGrande, Castanheira de Pêra, Lousã, Sin-tra, Santarém, Piódão e mais recentementeno Luxemburgo onde a sua obra foi mui-to bem recebida.

    Marcou presença na IV Bienal de Arte

    Figurativa de Alenquer (2006) e na Expo-sição Internacional de Vigo (Espanha,2007).

    «Aquelas Mãos» (2011) foi o seu pri-meiro livro e, tal como a pintura, o realis-mo é a sua temática predilecta. Uma his-tória real vivida entre 1948/50.

    Com prefácio de Fernando Seara,"Aquelas Mãos" é um testemunho vividoe sofrido que pode ser interpretado demuitas e variadas maneiras, visto que éuma homenagem a todos os personagensda história de vida que COSTA SANTOSrelata no referido livro.

    Em 2012, com prefácio de RibeiroCristóvão, COSTA SANTOS deu a conhe-cer o seu mais recente livro, intitulado«Estórias de uma vida» onde dá a conhe-cer anos e anos a calcorrear o mundo.Descolar aqui, aterrar além. Nos cincoContinentes. Atrás da notícia ou à procu-ra dela. Amizades que não se confundiamcom profissionalismo; profissionalismoque respeitava todos os valores que, naaltura, eram «regras de vida» que ninguémtrocava fosse pelo que fosse.

    Neste «olhar para trás» ressalta o de-sejo de que tudo deveria continuar a sercomo… era! Mas não. Os tempos muda-

    «Aquelas Mãos»

    COSTA SANTOS

    FOLHETO EDIÇÕES, 144 pp.

    JOSÉ ANTÓNIO DA COSTA SANTOS, nasceu em Lisboa,a 26 de Novembro de 1943, mas foi em Coimbra que fez os seus

    estudos e iniciou a profissão com que sonhara: jornalista.

  • 14 Janeiro 2014

    Suíça

    A sua generosidade verifica-se atravésda sua arte e da boa vontade, e ainda napartilha da sabedoria das diferentes cultu-ras que enriquecem os povos.

    O professor Ricou é um abnegado ho-mem das Artes e das Letras. Assim, maisuma vez, a Casa Mundo organizou umevento de grande valor que contou com apresença de diversas personalidades, en-tre as quais o embaixador João RamosPinto e o cônsul-geral Miguel CalheirosVeloso. A escola portuguesa de La Sarraztambém esteve presente. O evento decor-reu no dia 16 de novembro, em Lausanne,na Casa Mundo, na Avenida Tivoli.

    Qual o motivo de todo este mo-

    mento?

    Hoje tivemos a inauguração do centrode estudos de Eça de Queirós. Vamos apre-sentar uma pequena coleção de documen-tos históricos e literários. Na primeira parte,tivemos a visita do nosso querido embaixa-dor João Ramos Pinto e do nosso queridocônsul-geral em Genebra, Miguel Calhei-ros Veloso. Na segunda parte, tivemos umaconferência proferida por Lauren Gigonsobre a manifestação dos direitos da crian-ça. Lauren Gigon é uma verdadeira espe-cialista em questões da infância, e em di-reitos da mãe e da família. A sua confer-ência foi muito interessante, muito rica,de debate e de interação entre a audiênciae os diversos intervenientes. Foi uma gran-de manifestação, foi um grande dia dosdireitos da criança.

    Que ilações se podem tirar com

    esta iniciativa?

    Primeiramente, esta iniciativa é umaajuda, um instrumento para as crianças edocentes da Escola de Língua e CulturaPortuguesa. É um instrumento novo queestá a partir de agora à disposição de to-dos. Depois, é um apelo à solidariedadehumana, no que toca à parte feminina, àsmães e às crianças que se afogaram natragédia de Lampedusa, onde perderam avida centenas de pessoas. A oradora da

    O PROFESSOR ERNESTO RICOU É O GRANDE OBREIRO DESTA INICIATIVA

    Eça de Queirós na Casa MundoEça de Queirós na Casa MundoEça de Queirós na Casa MundoEça de Queirós na Casa MundoEça de Queirós na Casa Mundoem Lausanne na Suíçaem Lausanne na Suíçaem Lausanne na Suíçaem Lausanne na Suíçaem Lausanne na Suíça

    O PROFESSOR RICOU É UM HOMEM ALTRUÍSTA E GENEROSOque se preocupa não só com os valores, mas também com as origens da humanidade.

    conferência disse-nos que podíamos falarsobre o que aconteceu, para que a tragé-dia não se volte a repetir. Deste modo,podemos sensibilizar e podemos abrirmais o nosso coração, nem que seja nanossa cidade à nossa volta, quando umpedinte nos pedir uma esmola. Devemos,pelo menos, dizer-lhe «bom dia», mesmoque não tenhamos vontade de contribuirseja com o que for. É importante reconhe-cer o próximo.

    Este centro de estudos também

    é uma forma de as crianças serem

    mais solidárias no futuro? Há valo-

    res que estão esquecidos?

    Exatamente, com toda a certeza. O in-dividualismo, o conforto enorme que te-mos aqui, na Suíça, faz-nos desviar o ol-har para aquilo que é essencial.

    Este estudo é permanente?

    Sim, fica à disposição de todos e é per-manente. Este centro de estudos vai-sedesenvolver ainda mais com dádivas, e éclaro que não estão ainda reunidas todasas obras de Eça de Queirós, porque a suaobra é muito vasta, mas podemos dizerque temos um bom resumo de apoio aum estudo. Não podemos esquecer queEça de Queirós também foi um emigrante,e o embaixador bem o sublinhou. Rece-bemos uma carta da Dona Salema, a ad-ministradora da Casa Museu de Eça deQueirós, em Tornes, que nos encoraja enos agradece por termos aberto este pe-queno centro aqui na Suíça.

    Adelino Sá (Texto)Nidal Alsaber (Fotografia)

  • «Tentação»

    ELZIO LUZ LEAL

    CHIADO EDITORA

    O romance «TENTAÇÃO»conta uma relação de amorde um branco e uma mula-

    ta, de um senhor e umaescrava, mostrando que

    amor não tem cor, não temraça, não tem preconceitos,

    só tem doação! Ondemostra também a luta pelaabolição da escravidão e da

    farsa que foi armada pelaelite para se abolir a escravi-

    dão, mas continuar aexploração!

    Janeiro 2014 15

    ELZIO LUZ LEAL é um escritor bra-sileiro, residente na cidade do Rio de Ja-neiro.

    Tem participado em vários movimen-tos culturais naquela cidade e um poucopor todo o Brasil, frequentando o Centrode Literatura do Forte Copacabana, doExército, do Clube Naval, do Museu Con-de de Linhares.

    Diversas vezes agraciado com medal-has e diplomas pelas suas iniciativas cul-turais tendo sido a Revelação Literária doAno de 2013 pela Rádio Band, AM 1630.

    Autor de dois livros de poesias: «Eupoeta 2008» e «Intimidades». O primeirocom a edição esgotada.

    É ainda autor de dois romances e estátrabalhando em um terceiro.

    Elzio Luz Leal é Diretor de Divulgaçãoda Academia Pan Americana de Artes eLetras (APALA), Diretor da AcademiaBrasileira de Letras e Artes Pela Paz, aca-démico da Divine Academie des Arts,Lettres et Culture, de Paris, que divulgaas artes brasileiras na Europa e partici-pante da Confraria de Artes pela Paz (CAP-PAZ).

    No primeiro trimestre do presente anoElzio Luz Leal dará a conhecer em Portu-gal o seu novo romance, «Tentação», queestá sendo editado pela Chiado Editora.

    A AICAL Livros teve acesso ao pre-fácio do novo romance de Elzio Luz Leal,assinado por Luiz Gilberto de Barros (LuizPoeta), Professor de Línguas e Literatu-ras Brasileira e Portuguesa e Presidenteda Academia Pan-Americana de Letras eArtes, que descreve «Tentação» como um«expressivo romance, cujo conteúdo res-gata importantes momentos históricos, eao mesmo tempo revive e recria perso-nagens necessários a uma trama marca-da pela sedução do começo ao fim... en-volver-me em cada uma das ações, ima-gens e no próprio desenvolvimento de umbelíssimo romance que, embora nos tra-ga um conteúdo basicamente histórico,

    indubitavelmente resgata o prazer de ler,embevecer-se, viver e até de nos tornar-mos parte virtual de um enredo que pri-ma pelo embevecimento a cada capítulopercorrido.

    ...Desde importantes e sérias reuniõesabolicionistas, a agradáveis saraus bemtípicos da época ainda colonial, ou a bu-cólicas passionalidades desenhadas porfurtivos e envolventes encontros amoro-sos na casa grande, nos casarões da ci-dade e nas beiras de rio, bosques e ma-tas, o enredo delineia-se no balanço dasideias, da pena e da sensibilidade «elzia-na», ganhando consistente humanidade,verdade e lirismo em cada uma das en-volventes ações que o conduzemClaro queesses encontros às escondidas – e quetanto seduzirão o leitor... Era um tempoem que o preconceito grassava no seusentido mais sórdido e os que entendes-sem o negro como à sua semelhança,eram severamente criticados e mesmoatacados pelas classes sociais privilegia-das social e economicamente.

    Ler esta obra é tornar-se parte dela, éser um anónimo porém imprescindívelviajante nas repetidas idas e vindas deMinas Gerais rumo ao Rio de Janeiro,num complicado itinerário percorrido pe-las carroças, mulas, cavalos e burros, atra-vés de uma vagarosa, difícil e árdua ca-minhada por trechos de mata».

    «TENTAÇÃO» – NOVO ROMANCE

    Elzio Luz LealElzio Luz LealElzio Luz LealElzio Luz LealElzio Luz Lealda Academiada Academiada Academiada Academiada AcademiaPPPPPan Americanaan Americanaan Americanaan Americanaan Americanade Artes e Letrasde Artes e Letrasde Artes e Letrasde Artes e Letrasde Artes e Letras

    Brasil

  • 16 Janeiro 2014

    Tem Mestrado em Arte e CivilizaçãoLatino-Americana e Doutoramento emLiteraturas Modernas da Universidade deParis VIII.

    Embora escreva em Francês, considerao Português a sua Língua mãe, tendo várioslivros traduzidos na Língua Portuguesa.

    Foi convidada a participar na segundaedição das Pontes Lusófonas, organiza-

    FRANÇA

    Alice Machado na palma da mãoAlice Machado na palma da mãoAlice Machado na palma da mãoAlice Machado na palma da mãoAlice Machado na palma da mãoescreve Francês e no sonho Pescreve Francês e no sonho Pescreve Francês e no sonho Pescreve Francês e no sonho Pescreve Francês e no sonho Portuguêsortuguêsortuguêsortuguêsortuguês

    NASCIDA EM TRÁS-OS-MONTES, ALICE MACHADOvive em França há mais de 25 anos onde se tem dedicado ao

    mundo da Literatura, tanto com a publicação dos seus livros comona colaboração em vários eventos literários.

    França

    das pelo Instituto Camões, na presençado Prémio Nobel da Literatura José Sara-mago, como escritora representante daDiáspora portuguesa da Europa.

    Fez parte da delegação dos escritoresportugueses convidados de honra na edi-ção 2000, do Salão do Livro de Paris. Re-centemente, recebeu a Medalha de Honrado Parlamento Português, em reconheci-

    mento do seu trabalho de criação literária.Entre outros reconhecimentos, recebeu,ainda os prémios "Label" da revista Elle eda Assembleia Nacional Francesa.

    Tem participado nos principais Festi-vais, Salões e Encontros literários, emFrança e Portugal.

    Estão disponíveis, em Portugal, váriasobras da sua autoria: "O Vale dos Heróis"(Europa-América, 2000); "A Cor daAusência" (Europa-América, 2001); "Ho-ras Azuis" (Campo das Letras, 2002); "AAgitação dos Sonhos" (Campo das Letras,2004) e "À sombra das montanhas es-quecidas" (Campo das Letras, 2007).

    «À sombra das mon-tanhas esquecidas»ALICE MACHADO

    CAMPO DAS LETRAS

    «A Agitaçãodos Sonhos»

    ALICE MACHADOCAMPO DAS LETRAS

    «Horas Azuis»ALICE MACHADO

    CAMPO DAS LETRAS

    «A cor da Ausência»ALICE MACHADO

    EUROPA-AMÉRICA

    «O Valedos Heróis»

    ALICE MACHADOEUROPA-AMÉRICA

  • 17Janeiro 2014

    Moçambique

    PRESIDENTE DO CÍRCULO DE ESCRITORESMOÇAMBICANOS NA DIÁSPORA (CEMD)

    Delmar Maia GonçalvesDelmar Maia GonçalvesDelmar Maia GonçalvesDelmar Maia GonçalvesDelmar Maia Gonçalvesdefensor das raízesdefensor das raízesdefensor das raízesdefensor das raízesdefensor das raízesMoçambicanasMoçambicanasMoçambicanasMoçambicanasMoçambicanas

    O Poeta e Escritor DELMAR MAIAGONÇALVES nasceu em Quelimane,Província da Zambézia, na República deMoçambique, em 1969. É o Presidente daDirecção do Círculo de Escritores Moçam-bicanos na Diáspora (CEMD), da Asso-ciação Lusófona para o Desenvolvimen-to, Cultura e Integração (ALDCI-ONGD),Vice-Presidente do Espaço Rui de Noronha- Associação, Presidente da AssembleiaGeral da AIDGLOBAL-ONGD e Membroda Direcção do Movimento InternacionalLusófono (MIL).

    Fez o Ensino Primário em Quelimanena Escola Especial da Quarta Classe deSinacura, tendo frequentado antes a Es-cola Primária Vasco da Gama.

    Frequentou e concluiu o Ensino Pre-paratório na Escola Preparatória de Que-limane.

    Iniciou o Ensino Pré-Universitário naEscola Secundária 25 de Setembro deQuelimane, tendo finalizado o Ensino Se-cundário já em Portugal na Escola Secun-

    dária de Parede, actualmente denomina-da Escola Secundária Fernando LopesGraça.

    Foi bolseiro do Instituto Superior deEducação e Ciências (ISEC). Estudou tam-bém e fez formação complementar noInstituto Piaget de Almada, na Universi-dade de Lisboa (Faculdade de Letras eFaculdade de Psicologia e Ciências daEducação), na Universidade Autónoma deLisboa (UAL), no Instituto de Línguas eInformática da Parede, na Sociedade Na-cional de Belas-Artes de Lisboa e em Cen-tros de Formação de Professores de Cas-cais, Oeiras e Lisboa.

    Foi Bibliotecário, em 1993, na Biblio-teca Professor Doutor João Morais Bar-bosa do ISEC, em Lisboa. Actualmente étambém Professor Bibliotecário.

    Delmar Maia Gonçalves participa re-gularmente em vários festivais internacio-nais de Literatura e toda a sua actividadeliterária já o honrou com várias distinçõesdesde muito novo, onde se destacam:Primeiro Prémio de Jogos Florais da Es-cola Secundária da Parede (1985/86); Pré-mio Português de Literatura Juvenil Fer-reira de Castro em Poesia (1987); Selec-cionado para o 4.º Cancioneiro PoéticoInfanto-Juvenil da Língua Portuguesa(1999); Galardão de Literatura África To-day (2006); Distinguido na Primeira Gala

    da Casa de Moçambique com o prémioKanimambo (2008); Finalista do 12.º Cer-tame Internacional de Poesia e Conto breveMIS ESCRITOS da Argentina (2013) e fi-nalista do Primeiro Concurso de PoesiaContra o Racismo do ACIDI (2013).

    O poeta Moçambicano foi, ainda,membro do Júri do 1.º e do 2.º Concur-so Internacional de Escritores Infanto-Juvenis "La Atrevida", em 2012 e 2013respectivamente.

    Delmar Maia Gonçalves é autor de cin-co livros, todos eles relacionados comMoçambique e África: «MoçambiqueNovo, o Enigma» (2005); «Moçambiqui-zando» (2006); «Afrozambeziando Ninfase Deusas» (2006); «Mestiço de Corpo In-teiro» (2006) e «Entre dois rios com mar-gens (2013).

    Ainda no âmbito literário participou emAntologias Internacionais em Moçambi-que, Espanha, Brasil, Portugal e Lituânia.

    Colaborou na Revista Tempo, no Jor-nal Semanário Savana de Maputo e naRevista ÁfricaToday (Portugal e Angola)e Revista Lusofonia (Brasil, Portugal eAngola).

    Colabora no Jornal "As Artes Entre asLetras" e na Revista Nova Águia.

    Coordena a Revista Cultural Milandosda Diáspora e a Revista Cultural Licungo,ambas do CEMD.

    «Entre dois rioscom margens»

    DELMAR GONÇALVESCEMD EDIÇÕES

    «Mestiçode Corpo Inteiro»

    DELMAR GONÇALVESEDITORIAL MINERVA

    «AfrozambeziandoNinfas e Deusas»

    DELMAR GONÇALVESEDIÇÕES MIC

    «Moçambiquizando»DELMAR GONÇALVES

    EDITORIAL MINERVA

    «MoçambiqueNovo, o Enigma»

    DELMAR GONÇALVESEDITORIAL MINERVA

  • Marés (1941), Avieiros (1942), Fanga(1943), até aos romances da sua fase dematuridade a partir de Olhos de Água(1954) e A Barca dos Sete Lemes (1958)até Barranco de Cegos (1961 ), sem es-quecer o Teatro e a Literatura Juvenil eInfantil.

    Convive com escritores e artistas na-cionais e estrangeiros, tendo assumido ocargo de secretário-geral da Secção Por-tuguesa do Pen Club, em 1947 e integra-do, em 1948, a delegação portuguesa queparticipou no Congresso dos Intelectuaispara a Paz, realizado na Polónia.

    Com o romance Horizonte Cerrado(escrito em 1949), o primeiro do Ciclodo Port-Wine, é-lhe atribuído, o PrémioRicardo Malheiros, em 1950.

    A sua vasta produção literária integraainda peças teatrais, literatura infantil,contos, traduções e estudos diversos.Alguns dos seus romances estão tradu-zidos em várias línguas.

    Alves Redol morreu em 1969; o seuromance Reinegros é postumamente pu-blicado (1972).»

    Caminho

    18 Janeiro 2014

    FALAR DE NEORREALISMO É FALAR DE...

    António Alves RedolAntónio Alves RedolAntónio Alves RedolAntónio Alves RedolAntónio Alves Redol

    «A qualidade literária dos seus textoscedo se impõe, mas também a sua atitu-de crítica face às desigualdades e proble-mas sociais que observa (na sua região,ou em Luanda, onde viveu alguns anos,ao longo dos quais enviou várias cróni-cas à Vida Ribatejana, refletindo as suaspreocupações sociais, em torno da pro-blemática da colonização portuguesa emÁfrica).

    Atento à realidade social e à vida co-munitária da sua região, em particular dacidade de Vila Franca de Xira, em 1934,profere a sua primeira palestra no Gré-mio Artístico Vilafranquense, intituladaTerra de Pretos – Ambição de Brancos,sobre a colonização portuguesa em An-gola, a que se seguirá, em 1936, umaconferência sobre Arte, onde defende osprincípios fundadores do realismo socia-lista. No final deste mesmo ano publica oseu primeiro conto Kangondo, n’O Diaboe em 1938 o seu primeiro livro, Glória –Uma Aldeia no Ribatejo.

    Publica Gaibéus em 1939 – obraconsiderada marco fundador domovimento neorrealista português–, numa época em que é intensa a suaação político-cultural. Fixa-se, entretan-to, em Lisboa e, os anos que se seguem,assistem a uma produção (e publicação)literária de extrema relevância no quadrodo movimento neorrealista português:Nasci com Passaporte de Turista (1940),

    Recordando...

    «António Alves Redol nas-

    ceu em Vila Franca de Xira,

    em 1911. Com apenas 15

    anos publica o seu primeiro

    artigo no jornal semanário

    local Vida Ribatejana, dan-

    do assim início a uma

    longa colaboração em jor-

    nais da região (para além

    da Vida Ribatejana, salien-

    te-se o Mensageiro do

    Ribatejo) e de Lisboa (Notí-

    cias Ilustrado), onde publi-

    ca artigos, crónicas e a sua

    primeira novela.»

    «Gaibéus»ALVES REDOL

    CAMINHO, 464 pp.

    O romance «Gaibéus» foi publicado pelaprimeira vez em 1939. É o ponto departida da obra romanesca de Alves

    Redol. Mas é também o ponto dechegada de uma longa reflexão do autorsobre o significado e o papel da arte, oprimeiro edifício do programa de uma

    literatura nova. Dessa reflexão de Redolficou uma série de artigos publicados

    em jornais de Vila Franca de Xira, ondevivia — «Vida Ribatejana» (entre 1927 e

    1934) e «Mensageiro do Ribatejo» (entre

    1934 e 1940). De destacar ainda aconferência sobre arte, proferida em

    Vila Franca em 1936. Fiel ao seuideário, Redol, antes de escrever

    «Gaibéus», realizou um amplo «trabalhode campo» — deslocou-se repetidas

    vezes à lezíria, chegou mesmo a insta-lar-se no campo para recolher dados

    sobre o trabalho nos arrozais. Os seusblocos de apontamentos contêm

    numerosas indicações técnicas sobre ocultivo do arroz. As próprias relaçõesfamiliares lhe serviram de documento

    — o pai de Redol era oriundo da regiãode origem dos gaibéus. Hoje «Gaibéus»é comummente aceite como o romance

    que marca o aparecimento do neo-realismo em Portugal.

    Eis o mundo que Alves Redol nosapresenta no seu primeiro romance.

    História da alienação de uma comunida-de de trabalhadores, ficamos a saber

    até que ponto são explorados, e até queponto essa exploração se deve à falta de

    união com outras comunidades dejornaleiros. «Gaibéus» é, assim, o

    romance do divórcio entre ganhões, unsprocurando resgatar algumas bouças ousulcos que ainda lhes pertencem, outros

    alheios ao que seja possuir qualquerchalorda ou mesmo canteiro. História

    simbólica do embate de duas diferentesmentalidades, a desunião entre gaibéus

    e rabezanos é triste e profético paradig-ma das oposições, ainda hoje bem

    marcadas, entre os camponeses dosminifúndios e os dos latifúndios. Redol

    acreditava que seria possível o «casa-mento» entre uns e outros quando

    descobrissem que a mesma fome osune. É disso exemplo simbólico a

    parábola dos quatro jovens rabezanos edos três jovens gaibéus.

    Alexandre Pinheiro Torres

  • 19Janeiro 2014

    Biblioteca

    SÃO MIGUEL, AÇORES

    Biblioteca Pública e ArquivoBiblioteca Pública e ArquivoBiblioteca Pública e ArquivoBiblioteca Pública e ArquivoBiblioteca Pública e ArquivoRegional de PRegional de PRegional de PRegional de PRegional de Ponta Delgadaonta Delgadaonta Delgadaonta Delgadaonta Delgada

    A BIBLIOTECA PÚBLICA E AR-QUIVO REGIONAL DE PONTA DEL-GADA (BPARPD) foi criada em 1841, abreao público pela primeira vez a 11 de ja-neiro de 1846. Em 1931, pelo Decreto-Lei 20484, de 6 de novembro, são trans-feridas as competências que a CâmaraMunicipal de Ponta Delgada detinha so-bre a biblioteca pública desde a sua fun-dação para a Junta geral do Distrito dePonta Delgada, ao mesmo tempo que secria em anexo o arquivo distrital desta ci-dade.

    Atualmente a BPARPD depende da Se-cretaria Regional da Educação, Ciência eCultura, através da Direção Regional daCultura.

    A BPARPD está instalada no antigocolégio dos Jesuítas de Ponta Delgada, edi-fício do século XVII/XVIII que foi objetode restauro e adaptação, cuja inaugura-ção ocorreu a 21 de setembro de 2001.

    VISÃOA Biblioteca Pública e Arquivo Regio-

    nal de Ponta Delgada pretende ser umareferência de boas práticas ao nível dapromoção da leitura e do acesso à infor-mação e ao conhecimento, tendo por baseos princípios da valorização humana, daigualdade e da participação ativa na so-ciedade.

    MISSÃOA Biblioteca Pública e Arquivo Regio-

    nal de Ponta Delgada tem como missãoreunir, preservar e promover o acesso àinformação e ao conhecimento, em múl-tiplas áreas do saber e em diversos for-matos e suportes, com enfoque na temá-tica açoriana.

    OBJETIVOS E ORGANIZAÇÃOA Biblioteca Pública e Arquivo Regio-

    nal de Ponta Delgada deve constituir-secomo uma porta de acesso ao conheci-mento, fornecendo as condições básicaspara a aprendizagem ao longo da vida,para uma tomada de decisão independentee para o desenvolvimento cultural do in-divíduo e dos grupos sociais. Visandoimplementar e prosseguir uma política dedemocratização da cultura e de aberturaà sociedade, oferece serviços com basena igualdade de acesso para todos e cul-tiva uma atitude pró-ativa, de correspon-sabilidade e eficiência. Pretende, nesteenquadramento, prestar um serviço per-sonalizado, dinâmico e criativo, em per-manente adaptação às necessidades dosutilizadores/clientes.

    A BPARPD é dependente da Secre-taria Regional da Educação, Ciência e

    Cultura / Direção Regional da Cultura eenquadra-se numa tipologia de organis-mo multifacetado por ser, em simultâ-neo, uma biblioteca pública e um ar-quivo regional.

    Na sua área funcional de bibliotecapretende dar cumprimento aos objeti-vos do Manifesto da Unesco para as bi-bliotecas públicas, nomeadamente: oempréstimo domiciliário, a disponibili-zação de novos suportes e o acesso anovas tecnologias de informação. Dis-põe de um acervo documental único noque diz respeito às livrarias particula-res que deram entrada por aquisição,oferta ou depósito, dispondo igualmentede um vasto fundo local em periódicose monografias. A sua coleção camonia-na é das mais ricas do mundo.

    Na sua área funcional de arquivo or-ganiza e disponibiliza um repositório damemória histórica dos Açores, em parti-cular das ilhas de São Miguel e de SantaMaria. Tem à sua guarda documentaçãoque remonta ao século XVI e que vai sen-do integrada por via das incorporaçõeslegais, mas também por aquisição, depó-sito ou oferta de arquivos e conjuntosdocumentais. Como detentora de docu-mentação de notários e conservatóriascom mais de 30 anos, presta ainda umafunção pública certificativa e de registode averbamentos.

  • 20Janeiro 2014

    Fundação

    CASA DOS BICOS

    Sede da FSede da FSede da FSede da FSede da Fundação José Saramagoundação José Saramagoundação José Saramagoundação José Saramagoundação José Saramago«A Casa dos Bicos, edifício que Brás

    de Albuquerque, filho do vice-rei da Ín-dia, Afonso de Albuquerque, mandouconstruir em 1523, após uma viagem aItália, e que teve como modelo o Paláciodos Diamantes, em Ferrara, é desde jun-ho de 2012 a sede da Fundação José Sa-ramago. Embora seja legítimo supor queo seu primeiro proprietário gostaria quea sua casa tivesse o mesmo nome, a opi-nião dos lisboetas de então foi diferente.Onde alguns quereriam ver diamantes,eles não viam mais que bicos de pedra,e, como o uso faz lei, de tanto lhe cha-marem Casa dos Bicos, dos Bicos ficou ecom esse nome entrou na História.

    Ao longo dos tempos a casa serviu adistintas funções, tanto privadas comopúblicas, sendo mesmo utilizada, duran-te algum tempo, como armazém de ba-calhau. Até 2002 albergou a Comissãodos Descobrimentos, entidade que coor-denou as actividades com que se come-moraram as viagens portuguesas, marcofundamental no conhecimento do mundotal como hoje o vemos.

    A Fundação José Saramago pretendeque este emblemático edifício seja umespaço público em que se celebrem ex-posições, recitais, conferências, cursos,seminários, de modo que as suas depen-dências sejam colocadas ao serviço dacultura. A Casa está aberta ao público,pondo assim termo a um largo períodoem que nem os lisboetas nem os turistaspodiam apreciar os vestígios de épocaspassadas que se albergam no piso tér-reo: um conjunto de estruturas que re-monta às primeiras ocupações do espa-ço, um troço importante da muralha fer-nandina, tanques romanos (cetárias) debase quadrangular, destinados à salga econserva de peixes (o famoso garum), epor restos de cerca moura...

    O edifício é de propriedade municipal,cedido, mediante protocolo assinado emJulho de 2008, à Fundação por um perío-do de 10 anos.»

    A FUNDAÇÃO«A Fundação José Saramago nasceu

    porque uns quantos homens e mulheresde diferentes países decidiram um dia quenão podiam deixar sobre os ombros deum só homem, o escritor José Sarama-

    Horário de funcionamento:

    De segunda a sábado, das 10 às18 horas (Novo horário)

    (Última entrada - 17.30 horas)

    Entradas - PreçárioEntrada normal – 3,00 Euros

    Entrada para estudantes – 2,00Euros

    Entrada para grupos – 15,00Euros (por marcação)

    Entrada gratuita para crianças atéaos 12 anos,

    maiores de 65 anos einvestigadores (por marcação)

    go, a bagagem que ele havia acumuladoao longo de tantos anos, os pensamen-tos pensados e vividos, as palavras quecada dia se empenham em sair das pági-nas dos livros para se instalarem em uni-versos pessoais e serem bússolas paratantos, a acção cívica e política de alguémque, sendo de letras e sem deixar de oser, transcendeu o âmbito literário parase converter numa referência moral emtodo o mundo. Por isso, para que JoséSaramago pudesse continuar a ser o mes-mo, soubemos que tínhamos a obriga-ção ética de criar a Fundação José Sara-mago e assim, dando abrigo ao homem,aumentarmos o tempo do escritor, ser-mos também a sua casa, o lugar onde asideias se mantêm, o pensamento críticose aperfeiçoa, a beleza se expande, o ri-gor e a harmonia convivem.

    Sim, decidimos criar a Fundação JoséSaramago, homens e mulheres que en-tendemos o valor da obra do escritor eda sua atitude perante a vida. Estamosconscientes da complexidade do trabalhoe também do que trará às pessoas queprecisam de saber que não estão sós.Somos uma Fundação que respeita o obrae a vida de José Saramago, o que signifi-ca que estamos atentos às vozes do mun-do, à beleza que os homens podem pro-duzir e à dor e ao isolamento que sofrem,e por isso cada dia tratamos de fazer comque o conceito de esperança seja algo

    mais que um vocábulo vazio e retórico.Não necessitamos, para intervir e ser, deautorizações nem de permissões de nin-guém, basta-nos saber que somos hu-manos e que queremos contribuir para oprocesso de humanização de que ummundo em permanente processo de de-sumanização necessita. Perante a nossainsistência, José Saramago indicou o ca-minho. Temos a nossa Declaração dePrincípios. Somos o que diz o papel queJosé Saramago assinou em Lisboa em 29de Junho de 2007. Somos a FundaçãoJosé Saramago.»

    in http://www.josesaramago.org

  • 21Janeiro 2014

    Joaquim SOEIRO PEREIRA GO-MES, nasceu em 1910 em Gestaçô, dis-trito do Porto. Depois de passar por Coim-bra e África, regressou à metrópole em1931. Com 22 anos fixou-se em Alhan-dra, empregado de escritório na fábricade cimento Tejo, onde liderou inéditomovimento cultural entre a populaçãooperária. Faleceu em 1949, em condiçõesdramáticas, vítima de doença incurável.«Esteiros» foi o seu primeiro romance,editado em 1941, seguindo-se-lhe «En-grenagem», escrito em 1944, mas só edi-tado após a sua morte.

    «ESTEIROS», esses canais abertos namargem do Tejo já perto da foz, onde olodo e a lama são matéria prima para telhae tijolo.

    Nos telhais, os moços vergam a molapor salários de miséria. São adolescentesque parecem homens mas nunca forammeninos.

    Pelas páginas do livro desfilam o Gi-neto, o Gaitinhas, o Sagui, o Malesso, oCoca.. , pés descalços e ventres ao sol,

    SOEIRO PEREIRA GOMES

    «Esteiros»

    Livros e Autores

    GONÇALO LOBOPINHEIRO

    «Etéreo»

    MANUEL ALEGRE

    «O Canto e as Armas»

    GONÇALO LOBO PINHEIROnasceu em Lisboa no ano de 1979 ereside em Belas, concelho de Sintra. Li-cenciado em Ciências da Comunicação,é fotojornalista desde 2002, tendo nes-sa área conquistado prémios de desta-que. Em 2009 foi dado à estampa o seuprimeiro livro de poesia intitulado: NãoExistes ou o breve manual prático decomo esquecer um amor antigo.

    «ETÉREO» é o segundo livro deGonçalo L. Pinheiro. Nele o autor, àsvezes de forma explícita e outras en-criptada, interpela a vida em zigueza-gues transversais onde a realidade sedilui na ficção, onde as asas ensaiamvoos rasantes, onde as mãos se abremem gestos de doação e procura.

    Registamos um fragmento do poe-ma «Por enquanto»: Sê um poucomais introspectiva./ A minha moradaé a mesma./ Quando quiseres vem./Estou aqui! Por enquanto…

    MANUEL ALEGRE de Melo Duartenasceu em Águeda a 12/5/1936. Em 1956foi caloiro na Faculdade de Direito daUniversidade de Coimbra. Em 1961 foichamado a cumprir serviço militar e noano seguinte mobilizado para Angola ondeesteve no epicentro da guerra colonial efoi preso pela PIDE em 1963. Regressa-do a Portugal, foi-lhe fixada residência emCoimbra. Em 1964 exilou-se em Paris, daídemandando Argel onde foi locutor daemissora de rádio «A Voz da Liberdade».

    Entretanto os seus livros «Praça daCanção» (1965) e «O Canto e as Armas»(1967) são apreendidos pela Censura,mas cópias manuscritas ou dactilografa-das circulam clandestinamente. Poemasseus cantados por Zeca Afonso, AdrianoCorreia de Oliveira, Manuel Freire e LuísCília, tornam-se bandeiras da contesta-ção ao regime.

    Reconhecido além fronteiras, é o únicoportuguês incluído na antologia «centpoemes sur l exil», editada pela Liga dosDireitos do Homem, em França (1993).Em Abril de 2010, a universidade de

    verdes anos, idade tenra a pegar peloscornos uma vida dura e feroz.

    Rapazes talhados para escravos ouvadios. Porém, antes escravos, porque osvadios perdem-se enquanto os escravoslibertam-se.

    Um livro onde o amor, a ternura e amarginalidade incontornável envolvem oleitor desde a compaixão à revolta, à lá-grima incontida. Qual choro eco de ho-ras amargas; nó atado na garganta semvoz; alma sentada num barco roto – quesomos nós.

    «Esteiros»SOEIRO PEREIRA GOMES

    EUROPA AMÉRICA, 176 pp.

    «O Canto e as Armas»MANUEL ALEGRECENTELHA, 144 pp.

    «Etéreo»GONÇALO LOBO PINHEIRO

    TEMAS ORIGINAIS, 60 pp.

    Pádua (Itália) inaugurou a cátedra ManuelAlegre destinada ao estudo da língua, li-teratura e cultura portuguesas. Pelo con-junto das suas obras recebeu, entreoutros, o Prémio Pessoa (1999) e o Gran-de Prémio de Poesia da Associação Por-tuguesa de Escritores (1998). O executi-vo municipal de Coimbra atribuiu ao par-que da margem esquerda do rio Monde-go, junto à ponte de Santa Clara, o nomedo seu primeiro livro: Praça da Canção.

    «O CANTO E AS ARMAS» é o se-gundo livro de poemas de Manuel Alegreno exílio e publicado em primeira edição

    no ano de 1967. Nele, o autor acentuou apoesia de combate, cantada pelos intérpre-tes da música de resistência à ferocidadedo regime autocrático que vetava a suadifusão: Que o poema seja microfone e fale/ Uma noite destas de repente às três e tal/ Para que a lua estoire e o sono estale / E agente acorde finalmente em Portugal.

    Contudo, um perfume lírico e român-tico perpassa pelos versos rebeldes: ...OManel gosta da Maria do Brás /Onde éque estão os republicanos / E a Maria doBrás que ficou sempre menina / Dentrode mim em Águeda há vinte anos?.

    PRATES MIGUELAdvogado, Escritor

  • 22 Janeiro 2014

    Romance

    RAQUEL SEREJO MARTINS

    «Pretérito Perfeito»

    «Pretérito Perfeito»RAQUEL SEREJO

    MARTINSEDITORIAL ESTAMPA

    248 pp.

    «Pudesse toda uma vidacaber num livro? Nestas pági-nas, assombradas pela inevi-tabilidade da morte, asmemórias são o pretérito per-feito do verbo viver. Eu vivi,diz-nos a personagem princi-pal desta autora, hábil na cons-trução da narrativa, na formacomo nos leva pela mão atéao fim, a um fim anunciadoque reforça apenas essa capa-cidade ímpar de agarrar o lei-tor. É o que RAQUEL SERE-JO MARTINS faz neste livroque deve ser lido, como todosos livros que sabem a gente, avísceras, a medos e alegrias,a histórias contadas e passa-das. Um livro com alma, por-tanto.» Patrícia Reis

    RAQUEL SEREJO MAR-TINS é Transmontana. Eco-nomista, pós-graduada emDireito Administrativo.

    «Comove-se com as pala-

    ALDA MARIA FERNANDES

    «A força da lutapela Liberdade»

    «A força da lutapela Liberdade»

    ALDA MARIAFERNANDES

    FOLHETO EDIÇÕES336 pp.

    «Sentimentos magnânimos:de amor, de solidariedade, deesperança e porque não aludir aalguma irresponsabilidade pró-pria dos generosos e sonhado-ras seja quando o Mário pondomais alto o serviço ao PartidoComunista Português cujosideais comunga insiste em de-safiar a PIDE/DGS numa vindaclandestina a Portugal para pre-parar e assistir ao 3.º Congres-so da Oposição Democrática sejana visita da Sara ao seu maridoo Mário preso em Caxias, e, ain-da, sentimentos nefastos de des-confiança, de traição e de fraque-za seja entre os seguidores ouvassalos do regime seja mesmoentre companheiros de luta. Ape-sar de se tratar de um romanceele pretende pedagogicamenteter um enquadramento históri-co.» José Manuel Chaves

    vras do Joaquín Sabina e doChico Buarque, com as pince-ladas da Paula Rego e com ocheiro a terra molhada em en-tardeceres de Verão.

    Depois de A Solidão dosInconstantes, Pretérito Perfei-to é o seu segundo livro.

    JOÃO PAULO BORGES COELHO – PRÉMIO LEYA 2009

    «Rainhas da Noite»

    «Rainhas da Noite»JOÃO PAULO

    BORGES COELHOCAMINHO376 PP.

    «Um caderno achado nummercado de rua em Maputotransporta-nos para a peque-na vila de Moatize, no centrode Moçambique, e para o tem-po recuado em que uma em-presa belga ali explorava umamina de carvão.

    Sob o olhar atento de umpolícia, Annemarie estende asua rede de espiões, Agnèsnecessita desesperadamentede um piano, Suzanne dei-xa-se enlouquecer aos pou-cos e Maria Eugénia não sabeo que fazer.

    Tudo isso num tempo emque, embora brilhando no alto,o sol não ilumina.

    Entretanto, nos dias ene-voados de Maputo, num futurodistante, um velho faz o quepode para se libertar da cargaque esse passado lhe deposi-

    panha e Canadá. Iniciou-se naficção com As Duas Sombrasdo Rio.»

    Em 2004 recebeu, com oromance «As Visitas do Dr.Valdez», o Prémio José Cravei-rinha da Literatura, a maiordistinção literária em Moçam-bique. Com o romance «OOlho de Hertzog» recebeu oPrémio Leya 2009.

    A sua obra literária incluitambém outros três romances:«As Duas Sombras do Rio»(2003); «Crónica da Rua513.2» (2006) e «Campo deTrânsito» (2007).

    Publicou, ainda, dois volu-mes de estórias da série «Índi-cos Indícios» (Setentrião eMeridião), ambos em 2005, eduas novelas: «Hinyambaan»(2008) e «Cidade dos Espel-hos» (2011).

    tou nos ombros magros. Con-ta para tal com uma inespera-da ajuda.»

    JOÃO PAULOBORGES COELHO«Nasceu no Porto, em

    1955, mas adquiriu nacionali-dade Moçambicana.

    É historiador. Ensina His-tória Contemporânea deMoçambique e África Australna Universidade Eduardo Mon-dlane, em Maputo, e, comoprofessor convidado, no Mes-trado em História de África daFaculdade de Letras da Univer-sidade de Lisboa.

    Tem-se dedicado à inves-tigação das guerras colonial ecivil em Moçambique, tendopublicado vários textos aca-démicos em Moçambique,Portugal, Reino Unido, Es-

  • Janeiro 2014 23

    Juvenil

    Rafa é um rapaz de 12anos. Com a sua irmã Joana,dois anos mais nova, e comDani, colega de turma e com-panheiro inseparável, vive asmais divertidas e intrigantesaventuras.

    Amuleto egípcio, maleta deexperiências, viagem à Euro-Disney, ida ao Circo, televisãomisteriosas, exposição de ani-mais, parque de campismo,seringa abandonada e visita aoCastelo de Leiria constituem ocartão-de-visita das magníficasaventuras de Rafa e amigos.

    Agora, a mais recente aven-tura, é uma visita de estudoàs grutas, tornando-se «Rafanas Grutas» no décimo volu-me da colecção «As Aventu-ras de Rafa» da autoria d