Ç DQR Volume 1 - Guia€¦ · Volume 1 Ç DQR capítulo Para alguns, ... de aventura, com...

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Capítulo 1 O que é História? 2 Capítulo 2 Grupos humanos da Pré-História 18 Capítulo 3 Primeiras civilizações 32 Capítulo 4 Grécia Antiga 50 Volume 1

Transcript of Ç DQR Volume 1 - Guia€¦ · Volume 1 Ç DQR capítulo Para alguns, ... de aventura, com...

  • Capítulo 1

    O que é História? 2Capítulo 2

    Grupos humanos da Pré-História 18

    Capítulo 3

    Primeiras civilizações 32

    Capítulo 4

    Grécia Antiga 50

    Volume 1

  • capí

    tulo

    Para alguns, a História pode ser definida tal como o que

    está representado nessa obra de Rafael Sanzio: um retrato do

    passado e de um modo de vida que não se parece com o nosso.

    Mas será que essa é uma visão correta da História? Será

    que a História só se refere a “coisas do passado”? E, se é assim,

    por que temos de estudá-la? Talvez a melhor pergunta a fazer

    seja esta: O que podemos aprender com a História?

    1

    Muitas histórias

    Fontes históricas

    História e tempo

    Períodos da História

    o que vocêvai conhecer

    SANZIO, Rafael. Escola de Atenas. [entre 1509 e 1511]. 1 afresco, 5 m × 7,7 m. Palácio Apostólico, Vaticano. Detalhe.

    A obra Escola de Atenas, do século XVI, retrata filósofos gregos da Antiguidade.

    O que é História?

    ©Shutterstock/Viacheslav Lopatin

    2

  • Muitas histórias

    Provavelmente, você já ouviu várias vezes a palavra “história”. Mas você percebeu que

    essa palavra assume um significado diferente de acordo com o contexto em que é utilizada?

    Algum amigo ou familiar pode nos contar

    uma história engraçada da vida deles, por

    exemplo. Nesse caso, a palavra “história”

    indica um evento que ocorreu na vida de

    alguém. Quando dizemos que gostamos

    de livros ou filmes que contam histórias

    de aventura, com personagens mágicos,

    estamos nos referindo a outro conceito

    de história, pois se trata de uma história

    criada, inventada.

    Então, qual é o significado da história

    que estudamos na escola?

    Compreender o conceito de História.

    Definir fontes históricas.

    Perceber que todas as pessoas “fazem” história.

    Entender a diferença entre tempo crono-lógico e tempo histórico.

    Compreender por que as sociedades começaram a marcar a passagem do tempo.

    Entender que as marcações temporais são criações humanas.

    Conhecer a divisão temporal adotada para o estudo da História.

    objetivos do capítulo

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    Muitos acontecimentos da nossa vida ficam marcados em nossa memória: aniversários, viagens ou mesmo eventos como a primeira vez que andamos de bicicleta. Esses acontecimentos tornam-se histórias que contamos para outras pessoas.

    As histórias de super-heróis são

    exemplos de histórias inventadas que vemos em revistas e filmes, com as quais

    nos divertimos bastante. Nós mesmos

    criamos nossas próprias histórias e nossos próprios super-heróis.

    3

  • Registre o que se pede nas linhas a seguir.

    1 Uma lembrança ou memória de que você goste envolvendo sua família ou seus amigos.

    2 O resumo de um livro ou de uma história de que você gosta muito.

    3 Algum fato que você aprendeu nas aulas de História na escola.

    4 Afinal, qual é a diferença entre todas essas “histórias”?

    A palavra “história” tem origem grega e está relacionada a relato, busca, pesquisa e in-

    vestigação. Alguns povos utilizaram esse vocábulo para denominar a narração de aconteci-

    mentos reais. Por influência do historiador e geógrafo grego Heródoto, “história” passou a

    designar “o saber histórico”, ou seja, a busca do conhecimento sobre as atividades e relações

    humanas ao longo do tempo.

    Heródoto escreveu uma série de textos contando a história das guerras que acontece-

    ram entre os gregos e os persas, além de registrar os costumes desses povos. Ele fez muitas

    viagens e em cada uma coletava informações sobre os povos e lugares que visitava. Seus es-

    critos foram organizados em vários volumes e, posteriormente, denominados de Histórias.

    Por causa de seu trabalho, desde a Antiguidade, é considerado o “pai da História”.

    Para outros povos, “história” significava o relato de fatos verdadeiros mesclados a len-

    das, como no caso dos romanos.

    organizando a história

    4

  • História

    No entanto, o significado da palavra “história”, assim como as

    sociedades humanas, foi se transformando. Ao longo do tempo,

    diversos estudiosos elaboraram definições sobre os significados

    desse termo. Um desses pensadores foi Marc Bloch, um importante

    historiador que apresentou a seguinte definição: “A História é a

    ciência dos homens no tempo”.

    Ou seja, a História (que passaremos a estudar) pode ser defini-

    da como a ciência que estuda o homem e suas realizações ao lon-

    go do tempo. Nesse sentido, podemos entendê-la como o conjunto

    de experiências construídas coletivamente, sendo o ser humano o

    principal elemento de seu estudo. Essa definição é importante por-

    que deixa claro que a sociedade em que vivemos e a forma como

    estabelecemos algumas relações, entre outros aspectos, são construções humanas e, por

    isso, não são estáticas nem imutáveis. Ao contrário, essas construções mudam com o tempo,

    pela própria ação humana.

    Desse modo, a História não é apenas um fato ou um acontecimento. É também a maneira

    que desenvolvemos para investigar e registrar o que a humanidade produziu ao longo do tempo.

    As pessoas que se dedicam ao estudo da História são chamadas de historiadores. Esses

    profissionais fazem pesquisas para interpretar o passado. Quando dizemos que a Histó-

    ria é uma ciência, queremos dizer que há um conjunto de práticas que são realizadas pelos

    historiadores para que aspectos do passado possam ser observados. Para interpretarem o

    passado, os historiadores necessitam de informações que são obtidas por meio de fontes

    históricas.

    Fontes históricas

    Marc Bloch (1886-1944), historiador francês

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    Os historiadores agem como detetives à pro-cura de pistas. Essas pistas são variadas e po-dem ser:

    visuais – fotografias, painéis, pinturas rupes-tres, mosaicos, obras arquitetônicas, escultu-ras, entre outras;

    escritas – revistas, correspondências, livros, diários, documentos pessoais e públicos, etc.;

    sonoras – músicas, discursos, entrevistas, etc.;

    virtuais – diversas fontes existentes em arqui-vos eletrônicos, acessadas por meio de compu-tadores ou outras tecnologias de informação.

    saiba maisPara escrever a história das socieda-

    des, é necessário fazer uso de diferentes

    registros, que são denominados fontes

    históricas. As fontes são os vestígios

    deixados pelos seres humanos, ou seja,

    as marcas de todo o seu esforço para

    dominar a natureza. Esses vestígios são

    pesquisados com o objetivo de conhecer

    certos acontecimentos, pois carregam in-

    formações sobre a época na qual foram

    produzidos. Por meio dessas pesquisas,

    os historiadores procuram interpretar

    e analisar a vida dos seres humanos em

    sociedade em diferentes momentos da

    História.

    5

  • Ao serem utilizados, esses vestígios tornam-se fontes históricas, ou seja, fontes que per-

    mitem ao historiador escrever a História. Toda vez que um novo vestígio da atuação humana

    é descoberto, são obtidas informações que podem levar os pesquisadores a rever suas inter-

    pretações sobre a humanidade. Dessa maneira, os historiadores não revelam o passado tal

    como ele aconteceu, mas o interpretam.

    Observe as imagens a seguir. Elas representam exemplos de fontes históricas.

    Durante muito tempo, os historiadores consideraram apenas as fontes escritas como

    fontes históricas de fato. Atualmente, no entanto, muitas outras fontes, como os relatos

    orais, também são consideradas importantes, pois são capazes de revelar características so-

    bre o modo de vida das pessoas que viveram em outras épocas. Porém, para conhecer e com-

    preender a história de uma sociedade ou de uma pessoa, não basta ter esses documentos

    em mãos. É preciso analisá-los.

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    Os jornais são importantes fontes históricas, pois buscam registrar os principais acontecimentos de uma época. A imagem mostra a capa do jornal Correio do Povo, de 1889, com a notícia sobre a instauração da República no Brasil.

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    As pinturas rupestres são vestígios deixados pelos povos em seus locais de moradia e convivência, principalmente no período da Pré-História. A análise desses registros permite aos historiadores conhecer os hábitos e o cotidiano dos indivíduos naquela época.

    AMÉRICO, Pedro. Independência ou morte. 1888. 1 óleo sobre tela, color., 415 cm × 760 cm. Museu Paulista, São Paulo.

    As obras de arte podem ser excelentes fontes históricas, pois, ao retratarem determinado momento histórico, os

    artistas demonstram as próprias interpretações sobre o tema. Além disso, o estudo das técnicas de pintura também pode auxiliar no entendimento da História da Arte.

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  • saiba mais

    História

    interpretando documentos

    ©Shutterstock/Fcg

    Em muitas de suas pesquisas, principalmente so-bre a Pré-História, os historiadores contam com o auxílio da Arqueologia, uma área do conhecimento dedicada a descobrir vestígios e aspectos da presença e da cultura do ser humano em diferentes tempos.

    Arqueólogos trabalhando

    Para entender como é feito o estudo das fontes históricas, observe estes documentos.

    Agora, responda às questões propostas.

    1 Que tipo de fontes históricas esses documentos são?

    2 As duas fontes históricas mostram D. Pedro II, cada uma delas a seu modo. Quais são as diferenças entre as duas fontes com relação à forma como apresentam D. Pedro II?

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    AMÉRICO, Pedro. Falas do Trono (Dom Pedro II na Abertura

    da Assembleia Geral). 1872. 1 óleo sobre

    tela. 288 cm × 205 cm. Museu Imperial, Rio

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    FERREZ, Marc. Retrato de D. Pedro II. [ca. 1885]. Coleção Gilberto Ferrez/ Acervo IMS, São Paulo.

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  • saiba mais

    Você já visitou um museu? Sabe para que ele serve?

    Museus são locais criados para preservar, guardar e expor objetos e itens que ajudam a contar a história de uma localidade ou de um grupo social. O Museu da Gente Sergipana, em Aracaju, abriga a cultura material e imaterial do estado de Sergipe. Há também museus que expõem elementos da história mundial, como o Louvre, na França. Existem ainda museus que contam histórias únicas, como o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, que tinha como objetivo valorizar a cultura e a língua nacionais.

    Na internet você encontra ainda outro tipo de museu, como o Museu da Pessoa, que é virtual e colaborativo. Ele recolhe relatos e testemunhos de pessoas sobre diferentes temas e os disponibiliza para consulta em um grande acervo virtual.

    Escrita da História

    Muitas vezes, quanto maior o número de fontes utilizadas pelos historiadores e quanto

    mais diversificadas elas forem, melhor será a compreensão do assunto estudado. Isso

    acontece porque, por meio da análise dessas fontes, os historiadores podem reescrever

    textos que tratam do passado, fazendo novas interpretações dos fatos.

    A escrita da História não é uma tarefa fácil. Quando o historiador se dedica a esse trabalho,

    ele precisa pesquisar e analisar cuidadosamente as fontes históricas para tentar compreender

    as sociedades e o que se passou. Além disso, a interpretação dessas fontes possibilita identificar

    semelhanças e diferenças entre os grupos humanos ao longo do tempo.

    Ainda que a História seja uma ciência e seu desenvolvimento obedeça a certas regras,

    cada historiador pode estudar os eventos do passado a partir de temas de seu interesse:

    alguns enfatizam eventos políticos, outros analisam os grupos sociais ou, ainda, aspectos da

    cultura, entre outras possibilidades.

    Por muito tempo, contudo, a História foi construída com base na ideia de que ela era

    feita e vivida por determinados indivíduos – e apenas por eles. Esse entendimento pode nos

    fazer pensar que a História se movimenta apenas por meio dos reis, príncipes, generais e

    presidentes, por exemplo. Isso não é verdade, pois todas as pessoas transformam a sociedade

    e são transformadas por ela. Portanto, participam da História não como meras espectadoras,

    mas como agentes históricos.

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    Em 2015, um incêndio destruiu boa parte do Museu da Língua Portuguesa, e atualmente ele está sendo reconstruído, com previsão de reinauguração para o segundo semestre de 2019. Durante os quase dez anos de funcionamento, o museu recebeu um número expressivo de visitantes, que puderam refletir sobre nosso idioma, suas origens, sua história, suas influências e seus usos.

    8

  • História

    Ao estudarmos História com textos produzidos por

    diferentes historiadores, conhecemos as descobertas e

    as transformações realizadas pela humanidade com o

    passar do tempo. É necessário saber que há, quase sem-

    pre, mais de uma explicação para um fato ocorrido.

    Por meio do estudo do passado, temos a possibili-

    dade de tentar analisar e compreender o mundo em que

    vivemos e o grupo social do qual fazemos parte. Como

    somos agentes históricos, temos a capacidade de trans-

    formar a sociedade na qual estamos inseridos.

    História e tempo

    Você se lembra da definição de Marc Bloch para o

    conceito de História? História é a ciência dos homens

    no tempo. A ideia de tempo é muito importante para o

    conhecimento histórico. Isso porque a História estuda

    acontecimentos e grupos sociais considerando o mo-

    mento em que se desenvolveram. Nós podemos obser-

    var em nós mesmos e em nossa vida as diferenças que

    ocorrem com o passar dos anos. Nosso corpo se modifi-

    ca, nossa voz se altera, assim como nossos pensamentos.

    Podemos, portanto, associar a ideia de tempo à noção

    de transformação.

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    Annelies Marie Frank (1929-1945), mais conhecida como Anne Frank, foi uma adolescente alemã de origem judaica. A perseguição aos judeus promovida pelos nazistas na década de 1940 fez com que a família dela precisasse se esconder. Os dias no esconderijo foram narrados por Anne em seu diário, que se tornou uma importante fonte histórica. Anne Frank é uma prova de que crianças e adolescentes também transformam a História e são, portanto, agentes históricos.

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    A Princesa Isabel em dois momentos de sua vida: com 12 anos sentada em uma poltrona e adulta. Nascida em 1846, ela foi a

    última princesa do Império Brasileiro. Assumiu a regência por três vezes, quando o imperador D. Pedro II se ausentou do país. As

    duas fotos foram tiradas com uma diferença de tempo entre elas e demonstram as transformações que o tempo traz.

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    FROND, Victor. Princesa Isabel, aos 12 anos. 1858. 1 fotografia. Coleção Princesa Isabel, Rio de Janeiro.

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  • Assim como o termo “história”, a palavra “tempo” tem dife-

    rentes significados. Pense em seu aniversário. Quanto tempo fal-

    ta para que ele chegue? Provavelmente sua resposta tenha sido

    meses, semanas ou dias. Considere agora o tempo de duração do

    recreio em sua escola. Ele deve durar alguns minutos. O tempo

    para o qual desenvolvemos uma contagem, como segundos, mi-

    nutos, horas, dias e anos, é chamado de tempo cronológico.

    Com base na observação da natureza, diversos povos criaram

    instrumentos para marcar e registrar a passagem do tempo, como

    os relógios e os calendários.

    Calendários e relógios na História

    Calendários e relógios são muito mais antigos do que em geral

    se pensa. Diversas sociedades, ao longo da História, construíram

    suas versões desses objetos ou desenvolveram formas próprias

    de marcar a passagem do tempo.

    Os relógios foram importantes instrumentos de controle e

    de organização do tempo. Pode-se dizer que a sombra do próprio

    corpo projetada pelo Sol ao longo de um dia foi o primeiro relógio

    usado pela humanidade. Progressivamente, as pessoas foram de-

    senvolvendo instrumentos, a princípio sempre baseados no Sol,

    para calcular a passagem do tempo durante o dia. No entanto,

    essa necessidade de contagem incluía também a noite e, por isso,

    outras formas de medição passaram a ser criadas, com o uso de

    água ou de areia, como a ampulheta, até a invenção dos pêndulos

    e, mais tarde, dos relógios mecânicos.

    cronológico: termo que se origina do vocábulo grego chronos, que significa “tempo”. Assim, o tempo cronológico diz respeito a um tempo ordenado.

    calendário: termo que deriva da palavra latina calendarium, que significa “livro de contas”, fazendo referência à ideia de organização do pagamento dos impostos anuais.

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    A ampulheta (ou relógio de areia)

    foi criada por volta do século VIII. Ela marca o tempo pela passagem

    da areia de um vaso cônico para o outro. A areia utilizada nas ampulhetas pode ser branca ou

    colorida, desde que seja bem fina, seca e homogênea. Além da areia, no passado também se usavam cascas de ovos bem moídas.

    e, mais tarde, dos relógios mecânicos.

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    O relógio de sol foi criado por volta de

    1500 a.C. Ele tem esse nome porque depende da luz do Sol e da sombra

    formada por ela para indicar a hora. Era usado por egípcios e

    babilônios.

    10

  • História

    Já o tempo registrado no calendário é o tempo social, pois os primeiros calendários fo-

    ram produzidos com a função de organizar as atividades sociais. Algumas sociedades cria-

    ram calendários com base nas fases da Lua, como no caso dos calendários religiosos dos

    muçulmanos e dos hebreus. Outras organizaram calendários com base no Sol, como o calen-

    dário cristão. Eles também podiam estar relacionados à hierarquia social, pois aqueles que

    detinham o conhecimento do calendário, muitas vezes, eram valorizados em determinados

    grupos.

    Em nossa sociedade, utilizamos um tipo de calendário que divide o ano em meses, estes

    em semanas e estas em dias. Tais divisões, porém, não são seguidas por todos os grupos

    humanos.

    O calendário que utilizamos atualmente

    foi instituído no Ocidente em 1582 pelo papa

    Gregório XIII. Ele determinou a data de 1.º de

    janeiro para marcar o início do Ano Novo. Seu

    ponto de partida para a contagem do tempo

    havia sido proposto mais de mil anos antes,

    pelo monge Dionísio, o Pequeno. O ano 1 cor-

    responde ao nascimento de Jesus Cristo. Por

    esse motivo, Dionísio dividiu o calendário em

    dois momentos: antes de Cristo (a.C.) e depois

    de Cristo (d.C.).

    Esse marco histórico de passagem do

    tempo, entretanto, não é seguido por todos

    os povos da atualidade. Os muçulmanos, os

    chineses e os judeus, por exemplo, definiram

    outros marcos históricos e religiosos impor-

    tantes para eles, os quais indicam o início do

    período em que vivem. Observe o esquema a

    seguir.

    No decorrer da História, muitos sábios,

    governantes e religiosos de diferentes

    sociedades sentiram a necessidade de

    determinar o início do período histórico

    no qual viviam. Os calendários de cada

    um desses povos passaram a registrar o

    tempo a partir de uma data escolhida.

    Essas datas diferenciavam-se confor-

    me a cultura e o modo de pensar de cada

    povo, podendo representar, por exemplo,

    o nascimento de um rei ou uma conquista

    militar, entre outros acontecimentos. De

    modo geral, eram datas escolhidas com

    base nos acontecimentos históricos con-

    siderados importantes.

    O ano de 2637 a.C. marca o início do calendário

    chinês, baseado nos movimentos do Sol e da Lua.

    Ano 1/2637 a.C.

    O ano do nascimento de Cristo dá início ao calendário cristão. É a referência para a

    maioria das sociedades ocidentais.

    Ano 1

    Em 622, Maomé fugiu da cidade de Meca

    para Medina, no episódio conhecido como Hégira. Esse

    evento marca o início do calendário islâmico.

    Ano 1/622

    11

  • Assim, a marcação do tempo não apresenta uma forma ou

    uma data única e correta. Cada povo adota as referências que

    quer (religiosas, políticas, ligadas à natureza) e que lhe são impor-

    tantes para delimitar e marcar a passagem do tempo.

    É importante notar também que nem sempre os calendários

    apresentam a divisão em 12 meses. Vejamos o caso dos maias,

    que habitaram parte da América do Sul antes da chegada dos

    portugueses e espanhóis ao território americano. No calendário

    maia, o ano tinha 260 dias, divididos em 13 meses de 20 dias cada

    um. Um segundo calendário, por sua vez, tinha 365 dias, com 18

    meses de 20 dias cada um e mais um mês de cinco dias destinado

    às atividades religiosas.

    Os astecas foram outro povo nativo do continente americano.

    Eles habitavam o atual México e tinham um calendário semelhan-

    te ao dos maias. O ano asteca tinha 18 meses de 20 dias cada um.

    Dessa forma, totalizava 360 dias, aos quais eles somavam cinco dias

    para reverenciar os deuses. Esse calendário foi gravado em uma pe-

    dra circular de 24 toneladas e 3,6 metros de diâmetro. Os dias são

    representados por 20 símbolos gravados no círculo de pedra.

    É interessante perceber que o calendário também é uma fon-

    te histórica, pois por meio dele obtemos informações sobre como

    as sociedades se relacionavam com a ideia de tempo. A pedra do

    sol asteca, por exemplo, construída a pedido dos sacerdotes, de-

    monstrava a importância da passagem do tempo e o desapareci-

    mento do mundo, pois na crença desse povo outros quatro mun-

    dos já haviam surgido e desaparecido. Era uma espécie de alerta

    ou uma reverência ao tempo e aos deuses.

    Os indígenas do Brasil baseavam-se na observação de dias e

    noites, nas fases da Lua e nos períodos de sol, chuva e cheias nos

    rios. Tinham noção de presente e passado,

    mas entre eles não havia uma tradição

    escrita pra registrar os acontecimen-

    tos. Assim, esses povos transmitiam

    seus conhecimentos de geração

    para geração por meio da ora-

    lidade, ou seja, os mais velhos

    repassavam o que sabiam aos

    mais novos.

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    A pedra do sol asteca foi descoberta na Cidade do México no século XVIII. No centro do calendário, dentro do círculo,

    encontra-se a face do deus sol dos astecas.

    Pedra do sol asteca, Museu Nacional de Antropologia, México.

    12

  • História

    1 Quais são os instrumentos criados pelos seres humanos para marcar o tempo?

    2 Albert Einstein afirmava que o tempo é um modo pelo qual o homem pensa o mundo e não uma condição sob a qual ele vive, ou seja, o tempo é uma invenção do homem. O calendário, uma forma de contar o tempo e agrupar os dias, também é uma invenção humana, que varia de região para região e de época para época. Civilizações distantes no tempo e no espaço, como os maias e os egípcios, tinham calendários diferentes, apesar de se basearem no movimento da Lua e do Sol.

    Converse com seus colegas sobre os calendários e responda às questões a seguir.

    a) Para que os calendários foram criados?

    b) Por que existem vários tipos de calendário?

    3 Se você criasse seu próprio calendário, qual seria o evento escolhido para marcar o ano inicial? Por quê? O ano seria dividido em meses, semanas e dias como fazemos hoje? Produza seu próprio ca-lendário em seu caderno, justificando suas escolhas. Compartilhe o resultado de sua produção com a turma.

    organizando a história

    Marcação do tempo

    Além do período anual registrado nos calendários, outras formas de divi-

    são e contagem do tempo foram criadas e/ou aperfeiçoadas: década (período

    de dez anos), século (período de cem anos) e milênio (período de mil anos).

    Para saber a que século pertence determinado ano, basta seguir estas etapas:

    1.º) Verifique se o ano é formado por quatro algarismos. Caso não seja, acrescente zeros

    na frente até que fique com quatro.

    2.º) Exclua os dois últimos algarismos.

    3.º) Aos algarismos que sobraram some 1.

    Exceção: quando o ano terminar em 00, deve-se apenas cortar os dois zeros, sem so-

    mar 1. Os algarismos que sobrarem indicam o século. Quando o ano é antes de Cristo (a.C.),

    aplica-se a regra da mesma forma, acrescentando apenas a abreviatura “a.C.” após o número

    do século.

    13

  • Períodos da História

    Além do tempo cronológico, há o tempo histórico, o qual não é constituído por espaços

    de tempo precisos ou rigorosamente delimitados, mas pela observação dos eventos histó-

    ricos e da organização das sociedades. O tempo cronológico é definido pela duração dos

    eventos estudados.

    Alguns autores dividem a história da humanidade em períodos. A divisão mais adotada e

    conhecida é a “tradicional” ou “clássica”, organizada com base em acontecimentos ocorridos

    na Europa. Por ser bastante centrada em acontecimentos europeus, essa divisão pode não

    ser válida para o estudo de todas as sociedades. Vamos conhecer essa divisão.

    Pré-História

    Até o século XIX, muitos historiadores

    consideravam apenas os documentos escritos

    como fontes históricas de fato. Segundo essa

    interpretação, não seria possível conhecer a

    história das sociedades que não desenvolve-

    ram a escrita. Por essa razão, esses historiado-

    res chamaram o período que antecedeu o sur-

    gimento da escrita de Pré-História.

    Essa visão não é mais considerada ade-

    quada, pois os povos que não fizeram uso da

    escrita legaram experiências e conhecimentos

    às gerações posteriores de outros modos, por

    meio dos objetos deixados, das construções

    edificadas e dos conhecimentos transmitidos oralmente, por exemplo. Desse modo, esses

    povos também tinham sua história. Para o estudo desse período, os instrumentos de traba-

    lho e de guerra, as ossadas e as pinturas rupestres são de grande importância.

    1 Identifique a que séculos correspondem os anos relacionados.

    a) 1493

    b) 1888

    c) 525 a.C.

    d) 1945

    e) 2000

    f) 1793

    2 Agora, indique os anos que correspondem aos séculos a seguir.

    a) Século III

    b) Século VII

    c) Século XVIII

    d) Século IV a.C.

    e) Século XX

    f) Século V a.C.

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    Pintura rupestre em Lascaux, França, datada, possivelmente,

    entre 15 e 17 mil anos atrás

    atividades

    14

  • História

    História

    A História compreende o intervalo iniciado com a invenção da escrita, por volta do ano

    4000 a.C., e estendido até os dias atuais, sendo subdividida em quatro períodos: História

    Antiga, História Medieval, História Moderna e História Contemporânea.

    História Antiga (de 4000 a.C. a 476 d.C.)

    Segundo diversos historiadores, a História Antiga teve início com

    o aparecimento da escrita e o surgimento dos centros urbanos

    no Oriente Próximo, estendendo-se até a crise do Im-

    pério Romano. É o período em que surgiram as

    civilizações egípcia, grega, entre outras.

    Nesse período, também ocorreu um intenso

    contato entre a cultura greco-romana e as cultu-

    ras orientais. Muito de nossa maneira de ser, pen-

    sar e agir surgiu dessa integração de culturas.

    ©Glowimages/TPGimages/TPG

    O Partenon, em Atenas (Grécia), evidencia o grau de desenvolvimento técnico alcançado por algumas civilizações na Antiguidade.

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    História Medieval (de 476 a 1453)

    A queda do Império Romano do Ocidente marcou o início do

    período medieval. Nessa época, os grupos humanos do continen-

    te europeu viviam em um sistema conhecido como feudalismo,

    cuja economia era de subsistência, e a sociedade dividia-se basica-

    mente em três camadas: os senhores (donos das terras), os servos

    (aqueles que trabalhavam) e o clero (representantes da religiosi-

    dade medieval).

    Esse período foi marcado pelo surgimento do islamismo e de

    seu avanço sobre a Península Ibérica, pelas disputas entre papas e

    reis europeus pelo controle da cristandade ocidental e por revol-

    tas de servos camponeses contra seus senhores.

    Muitos traços medievais estão presentes até hoje. A imagem mostra uma parte histórica da cidade de Rotemburgo, na região da Baviera, Alemanha. As construções dessa parte da cidade foram preservadas e pouco alteradas desde o

    período medieval.

    Segundo diversos h

    o aparecimento

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    15

  • 1 Por que os significados atribuídos aos eventos podem mudar com o passar do tempo?

    História Moderna (de 1453 a 1789)

    A História Moderna se inicia com a crise na sociedade medieval, no feudalismo, e se

    estende até a Revolução Francesa. Esse período é marcado pelo surgimento dos Estados

    europeus e pela centralização do poder nas mãos do rei. Além disso, foi nesse período que os

    europeus iniciaram o processo de colonização do continente americano. No campo religioso,

    destaca-se o surgimento das Igrejas protestantes. ddede tststacaca-a sese oo ssurur igigimeme tntntoo ddadass IIgIgrerejjajass prpr tototesesttata tntnteses.

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    História Contemporânea

    A Revolução Francesa, que marca o fim da

    História Moderna, indica também o início da História

    Contemporânea. Nesse período histórico, entre outros

    fatos, destacam-se a independência das colônias

    na América, o imperialismo das grandes potências

    europeias, as duas grandes guerras mundiais, o uso

    da energia atômica, as viagens espaciais, etc.

    Castelo de Chambord, França.

    O castelo de Chambord é uma das expressões do poder dos monarcas europeus durante o período da História Moderna.

    A pintura retrata a tomada da Bastilha, antiga prisão francesa. É possível observar na obra a prisão do

    marquês de Launay, governador da Bastilha.

    TOMADA da Bastilha. [entre 1789 e 1791]. 1 óleo sobre tela, 57,5 cm × 72,5 cm. Museu do Palácio de Versalhes, França.

    o que já conquistei

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    16

  • História

    2 Observe as imagens a seguir, que representam grupos humanos em diferentes épocas e lugares.

    Detalhe de parede do túmulo do faraó Tutancâmon, XVIII dinastia. Vale dos Reis, Egito.

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    sEstela de pedra na cidade maia de Copán, atual Honduras. Século V a.C.

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    Representação do século XIX de família indígena brasileira.

    Com base nos estudos que você realizou, explique como podemos conhecer cada um desses grupos e descobrir mais sobre suas formas de viver.

    3 Os historiadores recorrem às chamadas fontes históricas para elaborar suas interpretações sobre o passado.

    a) O que são fontes históricas? Cite três exemplos.

    b) Que tipos de fontes históricas você poderia utilizar para conhecer e interpretar a história de sua família?

    4 Releia as informações das páginas 15 e 16 e responda às perguntas a seguir.

    a) Em qual período histórico ocorreu a ocupação do continente americano pelos europeus?

    b) Em qual período histórico ocorreu o surgimento dos primeiros centros urbanos no Oriente Médio?

    c) Em qual período histórico estamos vivendo? Qual é a data utilizada para marcar o início desse período?

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    17

  • capí

    tulo

    ©Shutterstock/Dflc Prints

    A arte rupestre é uma forma de expressão e regis-

    tro criada por indivíduos pré-históricos, encontrada em

    cavernas e em outros locais. Os registros acima foram

    produzidos entre 9500 e 13000 anos atrás. Essa arte in-

    dica que os primeiros grupos humanos não agiam mo-

    tivados somente pela busca da própria sobrevivência.

    Também produziam imagens, símbolos e lhes davam

    significado. Você consegue imaginar por que foi feito

    esse registro de mãos e o que eles significavam?

    2

    O que é Pré-História?

    O ancestral do homem moderno

    Presença humana na América

    Primeiros grupos humanos

    o que vocêvai conhecer

    Caverna de Mãos em Santa Cruz, Argentina, uma referência em arte rupestre na América

    Grupos humanos da Pré-História

    18

  • História

    O que é a Pré-História?

    Todos as pessoas têm uma história, mesmo que não se pro-

    duza nenhum registro escrito sobre sua vida. No período conhe-

    cido como Pré-História, os indivíduos, muitas vezes, não produ-

    ziam registros escritos. Não existem cartas, diários ou jornais da

    Pré-História. Ainda assim, sabemos que essas pessoas existiram

    porque elas deixaram diferentes vestígios de sua existência.

    São pequenos objetos, fragmentos e desenhos, as chama-

    das pinturas rupestres, que nos contam um pouco sobre a vida

    dessas pessoas. Os diferentes grupos humanos já se comunica-

    vam, trabalhavam, conviviam socialmente e realizavam diversos

    rituais, vivendo sua própria história.

    Além das pinturas rupestres, os pesquisadores trabalham

    com outras fontes, muitas delas são encontradas em pedaços

    por causa da ação do tempo ou porque foram soterradas. Para

    estes artefatos serem estudados após sua descoberta, é neces-

    sário catalogar, numerar e remontá-los. No entanto, é comum

    que vários deles fiquem incompletos por faltarem partes não

    encontradas.

    O período que vamos estudar a seguir é denominado de Pré-

    -História pois, por muito tempo, a História foi entendida como

    algo que passou a existir com o surgimento da escrita. Como

    vimos, essa definição é questionável. Desse modo, utilizamos o

    termo “Pré-História” como uma forma de organizar os estudos

    sobre o passado.

    Compreender o conceito de Pré-História.

    Entender como é realizado o estudo da Pré-História.

    Indicar a importância dos mitos de criação para as diferentes sociedades.

    Explicar como ocorreu o desenvolvimento dos hominídeos até o estágio atual do ser humano.

    Conhecer as teorias que explicam a chegada humana ao continente americano.

    Compreender a importância do domínio do fogo e da revolução agrícola para o desenvolvimento das sociedades.

    objetivos do capítulo

    vestígios: pistas.

    19

  • O estudo da Pré-História

    Há muitos anos, pesquisadores tentam desvendar uma das questões mais difíceis de

    serem respondidas pela ciência: Qual é a origem do ser humano em nosso planeta? Para isso,

    eles fazem escavações com o objetivo de encontrar fósseis e outros vestígios que revelem a

    existência e a forma de vida de seres humanos que podem ter vivido há centenas de milhares

    de anos.

    Os vestígios mais antigos mostram que o ser humano pode ter se originado no continen-

    te africano e, desse local, ele teria se espalhado pelo resto do mundo.

    Entretanto, essas teorias, ou seja, essas ideias defendidas pelos pesquisadores, podem

    sofrer alterações, pois novos vestígios ao serem encontrados possibilitam novas interpre-

    tações. Dificultando, assim, o consenso entre os estudiosos.

    As fontes de pesquisa desse período são

    difíceis de serem obtidas e analisadas. Os pes-

    quisadores desse campo buscam obter infor-

    mações de diferentes formas, como no caso

    das pesquisas feitas por meio da análise do

    carbono-14. Essa técnica determina a idade de

    um fóssil com base na quantidade de resíduo

    de carbono radioativo encontrado nos restos

    de animais e plantas.

    Os vestígios pesquisados, como menciona-

    mos, podem ser ossadas, utensílios fabricados

    pelos nossos ancestrais, como ferramentas e

    cerâmicas, além das pinturas rupestres produ-

    zidas nas paredes das cavernas.

    Se o nome “Pré-História” não é tão preciso para descrever esse período da vida hu-

    mana, como ele deveria ser chamado? Em duplas, pensem em um novo nome para esse

    período da História, justificando sua escolha.

    troca de ideias

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    20

  • História

    FUNARI, Pedro P.; NOELLI, Francisco S. Pré-História do Brasil. São Paulo: Contexto. 2016, p.19.

    Leia o texto a seguir, que trata da arte rupestre.

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    Parque Nacional da Serra da Capivara, Piauí.

    interpretando documentos

    As pinturas e gravuras, feitas nas paredes das cavernas ou em outras pedras, conhecidas como rupestres, são também evidências materiais que muito podem nos dizer sobre o passa-do pré-histórico. Algumas delas [...] representam humanos e animais e nos mostram como se pescava e caçava, assim como retratam rituais e festas, constituindo uma fonte de informação inigualável. Outras representam uma imensa diversidade de signos abstratos, a maioria ainda com significado desconhecido para os pesquisadores e apreciadores.

    inigualável: que não tem igual, incomparável.

    abstratos: que não são concretos.

    Considerando as duas fontes (o texto e a pintura rupestre), responda ao que se pede.

    1 De acordo com o texto, o que as pinturas rupestres representavam?

    2 Ao observar os elementos que aparecem nessa pintura rupestre, é possível definir o que foi repre-

    sentado? Por quê?

    3 Que materiais os primeiros grupos humanos usavam para realizar as pinturas rupestres, como as observadas na imagem?

    4 Por que os pesquisadores ainda não conhecem o significado de todas as pinturas rupestres?

    Agora, observe a imagem de uma pintura rupestre encontrada no Brasil.

    21

  • saiba mais

    Na história da humanidade, vários povos criaram sua própria explicação para a origem do mundo e dos seres humanos. Para os Guarani, povos indígenas que habitavam o litoral do Brasil, o fato está relacionado ao grande deus Namandu, criador de todas as coisas, pai dos outros deuses e dos seres humanos.

    Há explicações sobre a origem dos seres humanos que se apoiam em fontes religiosas, como a Bíblia Sagrada. Essa corrente é conhecida como criacionismo.

    A ciência também buscou desvendar a origem da hu-manidade. Em 1859, Charles Darwin publicou a obra A origem das espécies. Nesse trabalho, ele tentou esclare-cer como os diferentes seres vivos adquiriram caracterís-ticas próprias. Pesquisando plantas e animais, ele tam-bém afirmou que teria ocorrido um processo de seleção natural. De acordo com suas pesquisas, entre os seres vi-vos, havia alguns que seriam mais aptos e mais resisten-tes aos desafios apresentados na natureza. Tais estudos são parte da chamada teoria evolucionista.

    Charles Darwin, criador da teoria da evolução

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    As explicações para o surgimento do mundo e dos

    seres humanos criadas pelas diversas sociedades ti-

    nham um caráter mítico, relacionado com as crenças

    daqueles povos. A essas explicações damos o nome

    de mitos. Mitos são narrativas, em geral transmitidas

    oralmente, que contam com elementos fantásticos ou

    sobrenaturais. Eles retratam a visão de mundo de um

    povo e, comumente, também explicam a ocorrência

    de fenômenos naturais.

    Pesquise um mito de outros povos que explique a sua origem, por exemplo: africanos ou indígenas do Brasil. Em seguida, registre o mito em seu caderno e relacione-o com as crenças do povo que você escolheu.

    Conte para sua turma o mito pesquisado. Depois de ouvir seus colegas, reflitam: qual a importância dos mitos para os povos pesquisados?

    pesquisa

    22

  • História

    O ancestral do homem moderno

    O estudo acerca dos indivíduos pré-históricos é marcado por dúvidas e hipóteses.

    Por muito tempo, pesquisadores acreditaram que os seres humanos modernos teriam

    evoluído em diferentes pontos do planeta ao mesmo tempo. Hoje, sabe-se que todos nós

    temos a mesma origem ancestral, o continente africano, e uma mesma espécie de origem, o

    Homo sapiens sapiens.

    PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2016. p.22.

    Algumas convicções, pelo menos, existem. E uma delas, já bem cristalizada, é de que África foi o berço da humanidade.

    glaciação: processo em que as temperaturas da Terra baixaram muito, formando geleiras que afetavam a vida de seres humanos e animais.

    Em 1974, na Etiópia, pesquisadores encontraram restos do esqueleto de um Austrolopithecus afarensis fêmea. Foram desenterrados mais de 200 ossos e frag-mentos de ossos, o que caracteriza 40% do esqueleto. Com os estudos realizados na estrutura dos ossos das costas e parte inferior, os pesquisadores constataram que se tratava de um bípede. O esqueleto foi chamado de Lucy, uma homenagem à música Lucy in the sky with diamonds dos Beatles que a equipe estava ouvin-do durante a comemoração da descoberta no acam-pamento de escavação. A descoberta desse fóssil de cerca de 3,5 milhões de anos contribuiu para os estu-dos sobre a evolução humana.

    saiba mais

    O fóssil humano (Homo sapiens) mais antigo encontrado no continente americano tem

    cerca de 12 mil a 13 mil anos. Foi batizado de Luzia e estava no Museu Nacional, no Rio de

    Janeiro.

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    De fato, o desenvolvimento dos primeiros hominídeos até o

    estágio atual do ser humano levou milhares de anos. Inicialmente,

    a família dos hominídeos era composta pelos Australopithecus,

    mais antigos, e pelo gênero Homo, mais recente. Com a última

    glaciação da Terra, foi o fim do Australopithecus e o início do

    Homo. A partir daí, diversas espécies do gênero Homo surgiram,

    inclusive o Homo sapiens, de quem nos originamos.

    23

  • Observe no esquema a seguir teorias a respeito do desenvolvimento do Homo sapiens sapiens.

    Possíveis correntes de migração dos primeiros Homo sapiens

    Fonte: ATLAS básico de Historia Universal. Barcelona: Parramón, 2006. Adaptação.

    Segundo uma dessas teorias, por volta de 13000 a.C., os povos teriam migrado da Ásia

    para a América fazendo a travessia do Estreito de Bering, em busca de novos recursos. Esses

    povos permaneceram por algum tempo no norte do continente americano e depois foram

    avançando até atingir, por volta de 10000 a.C., o atual território do Chile, ocupando, defini-

    tivamente, a América.

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    Surgimento do

    Homo sapiens sapiens na África

    130000 a.C. A partir de 80000 a.C. 60-40000 a.C.

    Migração do Homo sapiens sapiens para outras partes do globo

    Surgimento das manifestações humanas: arte e adornos, sepultamentos, linguagem falada

    Presença humana na América

    Como vimos, a partir de 80000 a.C., o Homo sapiens sapiens migrou da África. Uma das

    muitas questões que arqueólogos, historiadores e pesquisadores tentam responder é: Como

    ele chegou até o continente americano?

    Como você pode imaginar, há diferentes teorias que tentam explicar a presença de gru-

    pos humanos no continente americano.

    24

  • História

    Essa teoria, contudo, já é questionada, como mostra o texto a seguir:

    Não faz muito tempo, a história da ocupação humana das Américas era considerada bem simples: em algum momento no fim da última Idade do Gelo, por volta de 15 mil a 14 mil anos atrás, uma passagem se abriu entre as gigantescas geleiras que tomavam o Norte do conti-nente, permitindo que tribos que viviam já há alguns milhares de anos na chamada Beríngia, as terras então secas em torno do atual Estreito de Bering, finalmente migrassem para o Sul e se espalhassem pelo resto do continente [...].

    [...] agora um novo estudo publicado na última edição da revista “Nature” conclui que a travessia do corredor de 1,5 mil quilômetros entre as geleiras que ocupavam o que é hoje o Oeste do Canadá era “biologicamente inviável” há até pelo menos 12,6 mil anos, embora ele já estivesse fisicamente aberto há alguns séculos então.

    [...] Isto significa que as primeiras pessoas a entrarem no que é hoje dos EUA, a América Central e a América do Sul tiveram que pegar uma rota diferente. [...] elas simplesmente não puderam ter vindo por este corredor, como há muito tempo se alega.

    [...] o mais provável é que os primeiros habitantes das áreas mais ao Sul da América do Norte tenham viajado ao longo da costa do Oceano Pacífico, efetivamente evitando as então inatravessáveis geleiras para escapar de sua longa permanência na gelada Beríngia.

    BAIMA, César. Estudo reescreve teoria da ocupação humana das Américas. Disponível em: . Acesso em: 9 set. 2018.

    Outra teoria explica que grupos hu-

    manos se deslocaram para o continente

    americano em épocas diversas por meio

    de barcos pelo Oceano Pacífico. Os pes-

    quisadores que defendem essa teoria

    afirmam que foram encontrados ves-

    tígios humanos de, pelo menos, 48 mil

    anos na América.

    Nesse sentido, é importante citar o

    trabalho da arqueóloga Niède Guidon,

    em São Raimundo Nonato, no Piauí. O

    Parque Nacional Serra da Capivara, um

    dos mais importantes sítios arqueológi-

    cos do mundo. Ela mostrou, por meio de

    achados arqueológicos, que a presença

    humana no continente americano é muito mais antiga do que se imaginava. Os acha-

    dos têm mais de 30 mil anos.

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    A arqueóloga Niède Guidon no Parque Nacional Serra da Capivara

    outras histórias

    25

  • Esta fase inicial da história da humanidade é chamada pelos arqueólogos e

    historiadores de Período Paleolítico, também conhecida como Primeira Idade da Pedra

    ou Idade da Pedra Lascada. Ela vai de 265000 a.C. a 12000 a.C.

    É importante notar que as descrições feitas aqui não se aplicam a todos os grupos

    humanos da mesma maneira e ao mesmo tempo. Porém, é possível apontar alguns

    aspectos comuns a determinados períodos.

    Essas primeiras comunidades enfrentavam dificuldades diversas: percorriam

    longos trajetos, dormiam ao relento ou habitavam cavernas ou tendas provisórias.

    Começaram, então, a aprimorar técnicas e a produzir novos instrumentos para superar

    as dificuldades que surgiam em seu cotidiano. Assim, aperfeiçoaram machados, facas,

    lanças, foices e anzóis.

    Além disso, aprenderam a aproveitar as condições que a natureza lhes oferecia,

    passando a se abrigar em cavernas ou em buracos cavados no solo, cobertos com peles

    de animais ou palha, para se protegerem do frio e do ataque de animais. Suas roupas

    eram confeccionadas com peles das espécies que caçavam, e seus colares e braceletes

    eram feitos de conchas, sementes e dentes de animais.

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    Primeiros grupos humanos

    Mas, afinal, como os primeiros grupos humanos viviam? Para refletirmos sobre essa

    questão, temos de imaginar um mundo bem diferente do que conhecemos na atualidade. Não

    havia fácil acesso à comida nem a moradias. Os indivíduos precisavam caçar animais e coletar

    frutos. Também era necessário buscar ou criar algum tipo de abrigo para se protegerem de

    animais e do clima. Por isso, viviam em grupos que se deslocavam pelo território, chamados

    de nômades.

    Nômades são pessoas que não têm habitação fixa, que se deslocam por vários lugares. Na atualidade existem cada vez mais pessoas conhecidas como nômades digitais. Você já ouviu essa expressão? Nômades digitais são indivíduos que viajam com poucos pertences e que desenvolvem trabalhos que permitem esse tipo de deslocamento, como no caso dos fotógrafos.

    saiba mais

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    Os nômades digitais podem trabalhar de qualquer lugar.

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    LOs instrumentos de uso cotidiano e as ferramentas utilizadas eram

    confeccionados com pedra lascada, o que deu origem ao nome do período.

    26

  • Os mamutes pesavam quase 5 toneladas, tinham pelagem espessa e eram muito cobiçados pelo homem pré-histórico. A caçada de mamutes envolvia grandes esforços coletivos, por isso os pesquisadores acreditam que os caçadores preferiam consumir mamutes que já estivessem mortos em decorrência de causas naturais. A grande quantidade de carne presente em cada mamute servia para alimentar o grupo durante várias semanas.

    História

    As tarefas de sobrevivência eram divididas entre to-

    dos, conforme o sexo e a idade. As mulheres e as crian-

    ças coletavam frutas, raízes e sementes, enquanto os

    homens confeccionavam armas e armadilhas e caça-

    vam. Nessas primeiras comunidades humanas, as ativi-

    dades eram realizadas para abastecimento e proteção

    de todos que pertenciam ao grupo.

    Algumas inovações foram fundamentais para o de-

    senvolvimento do ser humano, mas nenhuma delas tão

    importante quanto o domínio do fogo.

    A princípio, o fogo era obtido de vulcões e de in-

    cêndios causados por raios que atingiam as florestas.

    Após muita observação, tentativas e erros, os grupos

    humanos aprenderam que poderiam produzir fogo

    atritando uma pedra contra a outra ou girando de-

    pressa um graveto de madeira em uma cavidade de

    madeira mais mole. A domesticação do fogo transfor-

    mou o modo de viver da humanidade.

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    Com a domesticação do fogo, mudanças ocorreram na vida dos seres humanos. Com o controle do fogo, podiam cozinhar (alterando os alimentos e aumentando seu tempo de preservação), manter--se aquecidos e até mesmo

    ter certa iluminação à noite, se necessário. Eles também

    podiam usar o fogo para se protegerem de animais.

    O Museu da Pré-História em Quinson, na França, recria uma cena supostamente vivida pelos homens pré-históricos.

    Angela Giseli. 2006. Técnica mista.

    27

  • Durante esse período, todas as experiências e conhecimentos eram adquiridos por meio

    do trabalho. Com a realização de diversas atividades, esses grupos acumularam experiências

    que foram transmitidas às gerações posteriores.

    O período seguinte, que vai de 11000 a.C. a 6000 a.C., é chamado de Neolítico, também

    conhecido como Segunda Idade da Pedra ou Idade da Pedra Polida. O termo “neolítico”

    significa pedra nova, e esse período corresponde à época em que os seres humanos já fabri-

    cavam instrumentos de pedra polida e praticavam a pecuária e a agricultura.

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    Ponta de lança feita de sílex, uma rocha bastante dura

    Assim como o fogo no Paleolítico, a agricultura mudou a maneira como os seres humanos

    se relacionavam com o meio ao redor. Não à toa, chama-se essa fase de Revolução Agrícola.

    Muitos pesquisadores acreditam que, por volta de 9000 a.C., uma grande mudança cli-

    mática atingiu o planeta Terra. Locais cobertos por geleiras transformaram-se em áreas co-

    bertas por florestas, enquanto os locais com florestas, aos poucos, tornaram-se grandes de-

    sertos. Essas mudanças alteraram o modo de vida dos grupos humanos.

    Os animais de grande porte que viviam nas regiões frias, como os mamutes, migraram

    à procura de outras pastagens ou desapareceram. Os seres humanos, que antes dependiam

    da caça para sobreviver, tiveram de transformar a coleta de frutos e raízes, o cultivo de ce-

    reais e a pesca em suas principais fontes de alimentação.

    A observação constante de animais de menor porte, que se concentravam nas margens

    de rios e lagos, propiciou o início de sua domesticação. A criação de ovelhas, cabras, vacas,

    porcos, cavalos, burros e outros animais foi um passo muito importante, pois garantiu a ob-

    tenção de carne e alimentos durante o ano todo sem a necessidade de grandes deslocamen-

    tos. Da mesma forma, acredita-se que, por meio da observação da natureza (das estações

    do ano, das chuvas e das secas), os seres humanos aprenderam a cultivar plantas, sementes

    e frutas. Com isso, deram início à agricultura, cultivando trigo, cevada, linho, lentilhas, ervi-

    lhas, tâmaras, entre outros alimentos.

    28

  • História

    A agricultura trazia muitas vantagens. Observe a imagem a seguir.

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    Os rios cresceram ainda mais em importância para os humanos,

    pois eram fundamentais para a irrigação. As primeiras civilizações

    têm em comum o fato de terem surgido junto a grandes rios.

    A necessidade de cultivo fixou as pessoas em determinadas áreas por mais tempo.

    No Neolítico, as crianças

    ajudavam nos afazeres.

    Como vimos, a domesticação do fogo e o desenvolvimento da agricultura foram impor-

    tantes para os grupos pré-históricos. Agora, responda às perguntas a seguir.

    1 Por que a domesticação do fogo foi um fator determinante para a sobrevivência dos indivíduos do Paleolítico?

    2 Explique como a agricultura e a domesticação de animais mudaram a história da humanidade.

    organizando a história

    A produção de excedentes na agricultura contribuiu com o crescimento populacional.

    Assim, na última fase da Pré-História, a Idade dos Metais, que teve início em 5000 a.C. apro-

    ximadamente, essa situação, somada ao trabalho com metais, levou os grupos humanos a se

    organizarem em aldeias.

    Com mais alimento, os grupos humanos cresceram em número.

    29

  • 1 Explique o que é pintura rupestre e qual era seu significado para os indivíduos do Paleolítico.

    2 Assim como os homens pré-históricos, nós também podemos deixar nossas marcas e símbolos. Nos quadros abaixo, desenhe cenas que costumam acontecer em seu cotidiano, hábitos que você tem e lembranças de momentos marcantes que você viveu.

    Isso fez com que as pessoas começassem a se especializar

    em atividades, ou seja, cada pessoa passou a realizar um de-

    terminado trabalho. Afinal, apareceram outras necessidades

    além da obtenção de alimentos. Dessa forma, surgiram espe-

    cialistas na fabricação de instrumentos de metal, na confec-

    ção de objetos artesanais, na agricultura, na domesticação de

    animais, na construção de moradias, na mineração, no trans-

    porte de cargas, entre outras atividades.

    Com o passar do tempo, algumas comunidades iniciaram

    a produção de armas e ferramentas de cobre, de bronze e,

    mais tarde, de ferro. O uso dos metais possibilitou a elabora-

    ção de armas mais eficientes, o que favoreceu a instauração

    de guerras e relações de dominação entre os povos. Para a

    fabricação dessas armas e de utensílios de metal, era essen-

    cial que o grupo já fizesse uso do fogo, pois era necessário

    aquecer o metal para que ele pudesse ser moldado.

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    Uma das sepulturas da Necrópole de Varna, na Bulgária. A tumba data de 4600 a.C. e é o registro mais antigo de ouro trabalhado e usado como ornamento. A manipulação do cobre, do bronze e do ferro era mais fácil e mais utilizada na Pré-História.

    o que já conquistei

    30

  • História

    3 Muitos historiadores da atualidade criticam o uso da expressão “Pré-História” para definir o período anterior à invenção da escrita. Por que eles fazem essa crítica?

    4 As marcas deixadas pelo ser humano pré-histórico e os artefatos por ele produzidos têm a mesma validade para o entendimento de seu modo de vida e de sua história que os documentos escritos produzidos pelo homem atual? Justifique sua resposta.

    5 Nas frases a seguir, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas. Depois, reescreva as falsas de modo que se tornem verdadeiras.

    a) ( ) O processo de sedentarização do ser humano está relacionado à criação de técnicas agrícolas e à domesticação de animais.

    b) ( ) A agricultura e a organização das pessoas nas aldeias impediram o crescimento populacional e a produção de maiores quantidades de alimento.

    c) ( ) O desenvolvimento da metalurgia dificultou a realização do comércio entre diferentes aldeias.

    d) ( ) A especialização das atividades está relacionada ao crescimento populacional, à produção de excedentes na agricultura e à organização das pessoas em aldeias.

    6 Indique semelhanças e diferenças entre as comunidades do Paleolítico e do Neolítico quanto ao desenvolvimento tecnológico e às descobertas fundamentais para a sobrevivência humana.

    a) Semelhanças:

    b) Diferenças:

    7 Quais são as teorias que explicam a chegada humana ao continente americano?

    8 Por que algumas teorias não são mais válidas de acordo com os pesquisadores?

    31

  • capí

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    ©Album/Fotoarena

    As civilizações da Antiguidade desenvol-

    veram inúmeras técnicas artísticas, como as

    inscrições em muros e paredes, a cerâmica e

    as pinturas em vasos. A imagem de abertura é

    a representação de uma parte de um templo

    muito importante para uma civilização da Anti-

    guidade. A qual civilização você acha que per-

    tenceu esse templo?

    3

    Primeiras aldeias, primeiras cidades

    Primeiras civilizações

    Mesopotâmia

    Povos da Mesopotâmia

    Egito Antigo

    o que vocêvai conhecer

    Templo do Leão, Sudão

    Rá, o deus Sol, e Apedemak, o deus leão da guerra, são saudados pelo casal real.

    Primeiras civilizações

    32

  • História

    Primeiras aldeias, primeiras cidades

    As descobertas feitas na Pré-História foram fundamentais para a sedentarização dos

    grupos humanos, ou seja, para a fixação deles por mais tempo em certos locais, e para o de-

    senvolvimento das primeiras aldeias.

    A organização social das comunidades transformou-se lentamente, originando as pri-

    meiras cidades. A maioria da população continuava se dedicando ao cultivo de plantas e à

    criação de animais. Em algumas aldeias, grupos de pessoas foram assumindo o comando

    político: atribuíam determinadas funções a moradores; decidiam momentos de ataque ou

    de aliança com aldeias vizinhas; estreitavam relações comerciais com aldeias mais distantes;

    organizavam a defesa da comunidade, etc. Desse modo, alguns indivíduos passavam a ter

    poder em relação aos demais.

    Quando um povoado se juntava a outros, por meio de alianças ou de guerras, originava-

    -se uma cidade maior. Em vários casos, o líder do grupo passava a cobrar tributos dos demais.

    Essas transformações demoraram milhares de anos para se consolidar.

    Primeiras civilizações

    O desenvolvimento das cidades e o excedente de produção agrícola permitiram que os

    seres humanos se organizassem de maneira cada vez mais complexa, a ponto de formarem

    civilizações.

    As civilizações apresentavam grupos sociais distintos, ou seja, ainda que a maioria da

    população fosse constituída de agricultores e camponeses, havia também sacerdotes, uma

    elite política, uma elite letrada, artistas e guerreiros. Geralmente, não era possível mudar

    de atividade, função ou grupo social. Dizemos, assim, que essas civilizações praticamente

    não apresentavam mobilidade social. Com isso, as desigualdades sociais já eram presentes

    nesses grupos.

    Entender o desenvolvimento dos agru-pamentos humanos até a formação das civilizações.

    Indicar a importância dos rios para a orga-nização das primeiras civilizações.

    Compreender aspectos gerais das socieda-des mesopotâmicas referentes à política, à economia, à sociedade e à religião.

    Explicar a importância de textos como

    o Código de Hamurabi e a Epopeia de Gilgámesh.

    Compreender aspectos gerais da sociedade egípcia referentes à política, à economia, à sociedade e à religião.

    Explicar a importância e a influência da religião no modo de vida egípcio.

    Apontar similaridades e diferenças entre mesopotâmicos e egípcios.

    objetivos do capítulo

    mobilidade: característica do que é móvel; capacidade de se mover.

    33

  • As primeiras civilizações surgiram em diferentes pontos do mundo: na Mesopotâmia

    (atual Oriente Médio), no Egito (no continente africano), na Índia e na China. O fato em co-

    mum é que todas elas se organizaram ao redor de importantes rios. A seguir, vamos conhe-

    cer mais sobre as civilizações mesopotâmica e egípcia, que ocupavam a região conhecida

    como Crescente Fértil.

    O Crescente Fértil

    A região que abriga o Egito e a Mesopotâmia é conhecida como Crescente Fértil. Ela

    se situa entre o nordeste da África e parte da Ásia, como você pode observar no mapa a

    seguir.

    Nessa região, as margens banhadas pelos rios Tigre, Eufrates e Nilo eram férteis, fa-

    vorecendo a agricultura. No caso do Nilo, que corre em uma região desértica no meio do

    Egito, era necessário garantir o controle das águas o ano todo para possibilitar a prática

    agrícola. No caso dos rios Tigre e Eufrates, suas cheias eram imprevisíveis e, muitas vezes,

    violentas, destruindo tudo ao seu redor.

    Dessa forma, os povos que se estabeleceram perto desses rios tiveram de aprender a

    lidar com os problemas que a natureza impunha e organizaram trabalhos como a construção

    de canais, reservatórios e diques. Esses esforços resultaram em fartas colheitas, favorecidas

    pelo solo fértil, e na expansão da criação de animais.

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    raFonte: ATLAS histórico escolar. Rio de Janeiro: MEC/Fename, 1988. Adaptação.

    O local recebeu esse nome porque sua extensão – uma área que vai do Rio Nilo, no Egito, até o Golfo Pérsico, passando pelos rios Tigre e Eufrates – tem a forma de uma lua em sua fase crescente.

    As primeiras civilizações do Crescente Fértil

    34

  • História

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    Detalhe de baixo- -relevo de um templo mesopotâmico,

    representando o trabalho camponês na produção do leite

    O historiador grego Heródoto, conhecido como o “pai da História”, visitou o Egito e, em

    seu livro História, assim descreveu o lugar:

    interpretando documentos

    Mesopotâmia

    Historicamente, as antigas áreas situadas entre os rios Tigre e Eufrates ficaram conhe-

    cidas como Mesopotâmia, que significa “terra entre rios”. A seguir, vamos conhecer alguns

    aspectos gerais das sociedades mesopotâmicas.

    Organização econômica

    A organização econômica de uma civilização diz respeito às formas que ela adota para su-

    prir suas necessidades básicas, como a alimentação. No caso dos povos mesopotâmicos, essa

    organização baseava-se principalmente na agricultura realizada nas proximidades dos rios.

    Com base na leitura dos textos, responda às questões a seguir em seu caderno.

    1 O que Heródoto quer dizer ao afirmar que o Egito é “uma dádiva do Nilo”?

    2 Formule uma hipótese que explique por que o segundo texto contradiz a visão de Heródoto.

    HERÓDOTO. História. Disponível em: . Acesso em: 14 set. 2018.

    Outros autores, no entanto, têm uma visão diferente sobre a relação do Nilo com o Egito:

    [...] o Egito fascina quem dele se aproxima, envolvendo a todos num clima de mistério e grandiosidade. Maravilhados com aquela civilização encantadora, cercada de deserto por quase todos os lados, tanto seus próprios habitantes como estrangeiros e visitantes, de He-ródoto a Napoleão, costumavam creditar o que viam a determinações geográficas e fatores místicos [...].

    Entretanto, o segredo da civilização egípcia não é [...] um presente da natureza.

    PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São Paulo: Contexto, 2016. p. 87.

    dádiva: presente; algo dado de boa vontade.

    grandiosidade: qualidade do que é grandioso, tem grandeza.

    creditar: considerar como causa.

    A maior parte do país é uma dádiva do Nilo, como dizem os sacerdotes, e foi essa a minha impressão.

    35

  • Para isso, eles desenvolveram técnicas de agricultura e métodos de irrigação dos solos,

    de modo a aproveitar ainda mais a fertilidade das terras nas encostas dos rios. Assim, houve

    um excedente na produção agrícola, que se destinou ao comércio com as comunidades

    vizinhas. Além do cultivo de cereais, principalmente trigo, cevada e centeio, havia a criação

    de animais, como bois, carneiros, burros, gansos e patos. O gado bovino fornecia carne e

    leite, bem como servia como meio de transporte e de tração do arado.

    Organização político-social

    As sociedades mesopotâmicas eram hierárquicas, o que significa que a cada camada

    social cabiam determinadas funções e o poder estava concentrado nas elites.

    Acima de todos estava o rei, considerado o chefe político, militar e religioso. Subordinados ao

    rei estavam os sacerdotes, responsáveis pelas funções religiosas. Os aristocratas comandavam

    os guerreiros e zelavam pelos interesses do Estado e do rei.

    Mais abaixo na estrutura social, encontravam-se os artesãos, os comerciantes e os pequenos

    proprietários de terras. Eram trabalhadores livres, mas que não pertenciam à aristocracia e aos

    círculos próximos ao rei. Na base da estrutura social estavam os agricultores, os caçadores e os

    criadores, além dos escravizados, que, nesse contexto, eram minoria.

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    Painel da Paz, compõe o estandarte de Ur. Mosaico feito em madeira decorada com conchas, calcário vermelho e lápis-lazúli. Mede aproximadamente 21 cm de altura por 50 cm de comprimento. Ano 2600 a.C. Museu Britânico, Londres.

    Quase todas as terras pertenciam ao Estado e não aos indivíduos. A distribuição das terras

    e a produção agrícola eram controladas pelos líderes políticos e religiosos das sociedades,

    que buscavam distribuir a produção de acordo com as necessidades da população.

    O plantio era um dever dos camponeses livres e dos escravizados. Cada família recebia

    um lote de terra e, pelo seu uso, deveria entregar parte da colheita ao Estado.

    Organização religiosa

    Nas sociedades mesopotâmicas, a religião era muito importante. Os povos eram

    politeístas, isto é, cultuavam um grande número de deuses, que representavam as forças da

    natureza e os astros.

    No estandarte mesopotâmico, pode-se observar três cenas. Na cena 1, um rei e seus convidados (sentados) são atendidos pelos escravizados. Nas cenas 2 e 3, trabalhadores conduzem animais e transportam mercadorias. Este é um exemplo de uma valiosa fonte histórica, por meio da qual os pesquisadores podem observar alguns hábitos dos povos mesopotâmicos.

    36

  • História

    Os deuses mais populares eram: Anu, o deus-céu; Sin, o deus-lua; Shamash, o deus-sol;

    Ishtar, a deusa do amor e da guerra; e Marduk, deus que foi muito popular nas regiões da

    Mesopotâmia e da Síria.

    As divindades tinham características humanas,

    como sentimentos, defeitos e qualidades. Cada ci-

    dade tinha um deus para protegê-la. Os contatos

    culturais faziam com que um deus pudesse ser re-

    verenciado em mais de um lugar. Os templos eram

    considerados a casa dos deuses, por isso, os sacer-

    dotes, os reis e a população faziam rituais nesses

    locais, com oferendas e sacrifícios.

    Muitas atividades nas sociedades mesopotâmi-

    cas eram pautadas pela religiosidade. A medicina,

    por exemplo, estava muito relacionada à religião,

    pois era entendida como uma luta contra os espíritos

    malignos, que eram representados pelas doenças.

    Mesmo com tamanha importância dada à religiosidade, os

    mesopotâmicos não acreditavam em vida após a morte, diferen-

    temente dos egípcios, que estudaremos mais adiante.

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    Os sumérios são conhecidos também pelas grandes construções chamadas de zigurates, com andares em forma de torres feitos de

    diferentes tipos de tijolos. Os zigurates serviam como santuário, observatório

    astronômico, armazém, celeiro, oficina e local de encontro da

    população.

    A arquitetura foi um dos muitos campos desenvolvidos pelos mesopotâmicos. A imagem mostra a reconstrução da Porta de Ishtar no Museu de Pérgamo, em Berlim. A porta era a entrada principal da Babilônia e foi feita em homenagem a Ishtar, deusa da guerra e do amor. A construção era adornada com imagens de touros (Adad, deus do clima), leões (Ishtar) e dragões (Marduk, deus protetor da Babilônia). A Porta de Ishtar foi construída por volta de 575 a.C. na Babilônia e tinha 14 metros de altura e 30 metros de extensão.

    Os sumérios são conhecidos

    também pelas grandes construções chamadas de

    zigurates, com andares em forma de torres feitos de diferentes tipos de tijolos. Os zigurates serviam comosantuário, observatório

    asa tronômico, armazém, celeiro, oficina e local de encontro da

    pop pulação.

    ©Shutterstock/Michael Rosskothen

    Sumérios e acadianos

    Os sumérios formaram as primeiras cidades- -estados na Mesopotâmia, cada uma governada

    por um patesi (governante) independente. As primeiras cidades autônomas foram: Kish, Ur, Uruk,

    Nipur e Lagash. Mais tarde, outras se tornaram famosas, como Babilônia e Nínive. Essas cidades

    passaram a disputar o poder político-administrativo da região. Isso as fragilizou e permitiu que

    os acadianos dominassem e controlassem o território. Por volta de 2100 a.C., o domínio acadiano chegou ao fim. Os

    sumérios se reestruturaram e restabeleceram o poder

    em algumas de suas cidades-

    -estados.

    Povos da Mesopotâmia

    37

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    BabilôniosOs amoritas, povo semita originário

    do Deserto da Arábia, estavam entre os invasores que puseram fim ao domínio

    acadiano. Vindos da Babilônia, conseguiram dominar a Mesopotâmia. O Primeiro Império Babilônico foi marcado pela liderança do rei

    Hamurabi, por volta de 1800 a.C. Ele unificou a Mesopotâmia desde a região da Assíria até a Caldeia,

    atual região do Golfo Pérsico. A cidade da Babilônia foi a nova sede do poder. Hamurabi foi responsável

    pela organização de um código de leis, conhecido como Código de Hamurabi. Também fez

    uma ampla reforma religiosa.

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    O Código de Hamurabi reunia vários preceitos e costumes dos sumérios, transformados

    em leis. Tais princípios diziam respeito à família, à propriedade, ao comércio, à herança, aos

    direitos da mulher, ao adultério, à escravidão, entre outros aspectos. O Código de Hamurabi

    estabeleceu punições bastante severas. Todavia, as penas variavam de acordo com a posição

    social da vítima e do infrator. Veja, a seguir, algumas das punições prescritas.

    O Código de Hamurabi foi inscrito em uma estela, como é possível ver na imagem. No topo da inscrição, o rei Hamurabi recebe as leis do deus Marduk. O código reúne quase 300 leis

    Se um homem roubou o tesouro do Deus ou do palácio,

    Este homem será morto, e aquele que recebeu o objeto roubado pela sua mão (o recepta-dor) será morto.

    [...]

    Se um homem deixou escapar um boi ou um asno que lhe haviam confiado,

    Ele devolverá a seu proprietário boi por boi, asno por asno.

    CÓDIGO de Hamurabi. § 6, 8, 263/5. In: PISNKY, Jaime. 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2009. p. 141-142.

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    Os assírios eram grandes guerreiros. As imagens produzidas por eles geralmente retratam leões sendo dominados, em uma tentativa de demonstrar o poder dos assírios sobre o meio em que viviam. Também são comuns estátuas que mostram

    criaturas com corpo de leão e cabeça de ser humano, que significavam proteção aos reis e seus palácios de inimigos e de qualquer mal.

    AssíriosO Império Assírio compreende

    o período de 1200 a.C. a 612 a.C. A partir do século VII a.C., sob o reinado

    de Assurbanipal, os assírios viveram seu apogeu. O império teve duas capitais: primeiro Assur, depois Nínive, às margens do Rio Tigre.

    O poder militar, o desenvolvimento de técnicas de guerra, as armas de ferro, os carros de

    combate, o uso do cavalo, entre outros, são fatores que ajudam a entender como os

    assírios conseguiram conquistar diversos territórios.

    CÓDIGO de Hamurabi. Primeira metade do século XVIII a.C. 1 estela de basalto. Altura: 2,25 cm. Museu do Louvre, Paris.

    38

  • História

    Cultura mesopotâmica

    Os sumérios foram o primeiro povo a inventar um sis-

    tema de escrita. Inicialmente, a escrita era pictórica e busca-

    va representar objetos, animais, pessoas e situações cotidianas.

    Posteriormente, os desenhos foram simplificados e começaram a representar ideias e sen-

    timentos. A escrita tornou-se, então, ideográfica, ou seja, ela passou a representar o pensa-

    mento e a linguagem humana por meio de símbolos.

    A escrita suméria é conhecida como cuneiforme, pois era feita

    com um objeto em forma de cunha. Ela era registrada em tábuas

    de argila. Nesse momento da História, a escrita era uma atividade

    restrita a um pequeno grupo de pessoas, os escribas. Eles tinham

    o privilégio de ter acesso a esse conhecimento por meio de uma

    escola de escribas conhecida como edubba.

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    Segundo Império Babilônico

    Sob o comando do rei Nabopolassar, em 612 a.C. os caldeus destruíram

    Nínive, a capital dos assírios, e todo o seu império. A cidade da Babilônia voltou

    a ser o centro político e administrativo da Mesopotâmia. Foram construídos vários palácios, templos, grandes muralhas e os Jardins Suspensos da Babilônia. Em

    539 a.C., Ciro, rei dos persas, conquistou a Babilônia e deu

    início ao Império Persa no Oriente.

    Ilustração colorida feita por Hammerton, J. A. (Ed.), 1920. Representa os Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo.

    Tablete de argila, ca. 2270 a.C. A escrita cuneiforme era feita com sinais entalhados em placas de argila

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  • saiba mais

    A Epopeia de Gilgámesh

    Os sumérios foram o primeiro povo da História a inventar a escrita e, também, os primeiros a escrever textos literários. O texto mais antigo de que se tem notícia é a Epopeia de Gilgámesh (originalmente chamada de Ele que o abismo viu). Você sabe o que é uma epopeia? Trata-se de um poema extenso que narra e celebra fatos e personagens heroicos.

    O personagem celebrado nesse texto é Gilgámesh, um dos reis da cidade suméria de Uruk. No poema, ele nos é apresentado da seguinte forma:

    Alto é Gilgámesh, perfeito, terrível;

    Abriu passagens nas montanhas,

    Cavou cisternas nas encostas do monte,

    Atravessou o mar, o vasto oceano [...]

    SIN-LÉQI-UNNÍNNI. Ele que o abismo viu: epopeia de Gilgámesh. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. p. 46.

    cisternas: poços.

    Para os povos mesopotâmicos, a Lua, o Sol e as estrelas eram considerados meios de co-

    municação com os deuses. Observando o céu, eles também perceberam uma relação entre

    os astros e a passagem do tempo.

    Assim, buscando a comunicação com os deuses, esses povos se destacaram no estudo

    dos movimentos dos astros, elaborando mapas celestes. Esse conhecimento possibilitou a

    criação de um calendário. Nele, o ano foi dividido em 12 meses lunares. As observações das

    fases da Lua levaram à divisão da semana em 7 dias.

    A necessidade de medir e demarcar as terras após as enchentes levou os mesopotâmicos

    a produzir avançados conhecimentos matemáticos: processos de multiplicação e divisão, cál-

    culos de raiz quadrada e raiz cúbica, divisão do círculo em 360 graus e criação dos princípios

    da Álgebra. Também desenvolveram um sistema de pesos e medidas, organizaram tabelas

    para facilitar os cálculos e construíram relógios de sol e água.

    1 Considerando o Código de Hamurabi, responda:

    a) Hamurabi reuniu antigos costumes e preceitos dos povos da Mesopotâmia e os transformou em um código de leis. De que questões esse código tratava? Suas leis eram aplicadas da mesma

    forma para todos os membros da comunidade? Justifique sua resposta.

    organizando a história

    40

  • História

    Egito Antigo

    A civilização egípcia foi uma das mais importantes do Crescente Fértil. Seu território

    ocupava o norte-nordeste do continente africano. Assim como a mesopotâmica, a civilização

    egípcia se desenvolveu nas proximidades de um rio, Nilo, o qual, em decorrência das cheias

    anuais, tinha margens muito férteis.

    Organização política

    A sociedade egípcia surgiu entre 7000 a.C. e 3000 a.C., quan-

    do diversas aldeias de agricultores e criadores de gado cresce-

    ram e deram origem a clãs conhecidos como nomos, que viviam

    sob a autoridade de um governante, chamado de nomarca.

    No início, esses clãs eram independentes, mas cooperavam

    entre si para resolver problemas em comum. Por volta de 3000

    a.C., todos os nomos se unificaram sob a liderança de um único go-

    vernante, Menés, que passou a ser conhecido como faraó.

    b) O Código de Hamurabi é também descrito como a Lei de Talião, pautada na ideia de “olho por olho, dente por dente”, ou seja, a pena por um crime deve ser equivalente ao crime cometido. Atualmente, as leis são aplicadas dessa forma? Explique.

    c) Qual é a importância das leis para uma sociedade?

    d) Em sua opinião, qual foi a mais importante contribuição dos mesopotâmicos para a humanida-de? Por quê?

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    Representação da face posterior da Paleta de Narmer. Essa fonte histórica é uma placa cerimonial egípcia. As inscrições em relevo representam a unificação do Egito, liderada por Narmer. Alguns historiadores acreditam que Narmer é apenas um outro nome para Menés, ao passo que outros pesquisadores sugerem que Narmer tenha sido um

    antecessor de Menés. Atualmente, a peça se encontra no Museu do Cairo, no Egito.

    41

  • ©Christophel Fine Art/UIG via Getty Images

    Estátua de um escriba egípcio. Repare que ele é retratado com

    um aspecto mais robusto, o que era símbolo de status, já que tinha um trabalho menos exaustivo fisicamente do que outras

    pessoas da mesma sociedade.

    O ESCRIBA sentado. [ca. 2600-2350 a.C.]. 1 estátua de calcário, alabastro e pedra, 53,7 cm × 44 cm. Museu do Louvre, França.

    O faraó era considerado um deus vivo. Ele era o chefe religioso e o líder político da socie-

    dade egípcia. Por esse motivo, o sistema de governo que prevaleceu no Egito foi chamado de

    teocracia – palavra que significa “governo de Deus”. Nesse sistema político, os governantes

    são considerados representantes dos deuses ou a própria encarnação de alguma divindade.

    O faraó também era o chefe maior do exército e da justiça. A maior parte das atividades

    era controlada pelo Estado, como a construção de obras públicas, o comércio com outras

    regiões, a agricultura e o artesanato. O faraó contava com o auxílio de diversos funcionários,

    como inspetores do tesouro, dos celeiros, do gado, etc.

    Na maior parte da história do Egito Antigo, os nomos estiveram unidos sob o governo

    dos faraós. Em certas ocasiões, porém, alguns deles se revoltaram e mantiveram governos

    locais. Além disso, o Egito também sofreu com diversas invasões que desestabilizavam o

    governo dos faraós.

    Organização social

    A sociedade egípcia, governada pelo faraó, era organizada da seguinte forma:

    Chefes militares e sacerdotes: Os chefes militares eram os responsáveis pela segu-rança do território egípcio. Os sacerdotes eram responsáveis pelos cultos religiosos

    e pela administração dos templos. Eles também exerciam grande influência sobre a

    população e tinham certo domínio sobre o faraó.

    Administradores e escribas: Os administradores eram os funcionários responsáveis pela administração do Estado, enquanto os escribas cuidavam do registro das contas,

    dos impostos recebidos e a receber, etc. Quem desempenhava essas

    funções não realizava trabalhos pesados.

    Camponeses: Chamados de felás, eram obrigados a entregar uma parte de sua produção ao Estado e a fazer trabalhos soli-

    citados pelo faraó nas épocas de cheia do Rio Nilo, construin-

    do diques e obras de irrigação.

    Escravizados: no Egito viviam muitos estrangeiros, como africanos de outras regiões, asiáticos, hebreus, entre

    outros grupos. Muitos deles eram aprisionados nas

    guerras, ou obtidos como forma de pagamento aos

    governantes egípcios, e escravizados. A eles eram

    destinados os trabalhos mais pesados, como a mi-

    neração e o carregamento de pedras.